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Prólogo

Um mensageiro chegava ofegante no pico da neblina, encontrou o mago do castelo e então


disse:

— Senhor, algo terrível aconteceu, o mago do oeste desapareceu. Recebi ordens para lhe
entregar e...

Antes que pudesse terminar, outro mensageiro abre as portas as pressas e ofegante fez uma
exagerada reverência. E explicou uma situação semelhante ao do primeiro mensageiro, com a
diferença de ter vindo do leste. O mago pegou as cartas, enquanto criticava a ação de não
terem lhe mandado uma coruja. Porém, recebeu a desculpa das aves terem sumido, assim
como os magos. Com as cartas em mãos, leu-as atentamente, quando aparentemente as
terminou e ambas foram incendiadas em suas mãos.

— Vão até seus respectivos reis e lhes entregam estas cartas — disse o mago. Transformando
as cinzas das duas, em novas cartas seladas e as entregando para ambos os mensageiros. —,
vão o mais rápido que puderem. Mesmo que seus corpos definham e morram cumpram seu
dever.

Dito isso ambos mensageiros saíram, uma palavra dominou a mente do mago, Noir. O mago
ficou atônito e alerto, seus olhos observavam algo além.

Capítulo 1

Era um dia chuvoso quando Marie encontrou o castelo do mago, fazia uma semana que ela
procurava. Nos limites do Hiperbórea, rodeado por uma cadeia de gigantes montanhas, como
se crescessem com o propósito de proteger o castelo. Passou dias vagando pela a neve, não
muito densa, porém ainda assim foi uma difícil jornada. Ao finalmente chegar no lugar, guiada
pelo simples ímpeto de continuar. Marie se viu maravilhada pelo lugar que encontrara, lá a
flora vivia. No centro se projetava enormes torres, de telhados vermelhos, com quarenta
janelas, todas estavam abertas o que dava uma aparência bastante convidativa ao castelo
branco. A garota inicialmente não achava uma maneira correta de descer, era uma montanha
bastante escorregadia. De um lado um grande escorregador de neve e do outro um de grama e
flores. Sua melhor opção era sair escorregando pela a grama, fez um trenó improvisado com
seu casaco e desceu montanha adentro. Quando finalmente terminou sua descida, já estava
bem próxima do portão do castelo, mas mais próxima ainda do jardim. O mago cultivava
bastantes legumes e vegetais, sua horta tinha dois lagos que se cruzavam e tinham peixes
neles, dourados, preto, branco e preto-branco além de outras cores e espécies. Haviam vários
pássaros cantando, em sua maioria pombos, mas haviam algumas corujas também. Plantas
carnívoras e abóboras vieram a recepcionar, não tão amistosas pois sua chegada não era
esperada. Enquanto outros objetos e alguns animais, apenas esperavam. Logo o som de
trombetas puderam ser ouvidas, os pássaros cantavam junto e os peixes pareciam dançar na
harmoniosa melodia. Os espantalhos pareciam se curvar em sua homenagem, pois o mago se
apresentava. Um homem esguio e de aparência nobre, não parecia ter mais que dezessete
anos. Por onde passava seus passos ficavam marcados por chamas, mas a grama logo
retornava para seu estado original. Os lagos se transformaram em uma ponte, que o mago
atravessou para chegar até a garota e a cortejar. Pediu sua mão e ela cedeu, assim sendo
guiada em uma perfeita dança. Mesmo que ela não soubesse dançar, estava o fazendo com
maestria e depois de muitos giros e piruetas. Seu corpo foi inclinada em direção ao chão e
suspensa nos braços do mago ouviu as seguintes palavras:

— Não estou precisando de nada no momento, porém seria falta de educação manda-la para
casa depois de ter andado tanto.

O mago a puxou e soltou sua mão, a garota nada disse. Adentrando o castelo o mago estendia
suas mãos e recitava a história daquelas paredes.

— As paredes desse salão são feitas com a mais pura das madeiras, vinda do sul a mais de
trezentos anos. Nelas estão gravadas três gerações da minha família, e ficarão até o fim dos
tempos — finalizou depois de um longo. Com um sorriso continuo a caminhar, dessa vez
calado.

Chegamos a uma pequena mesa de chá, ela era negra e ostentava cadeiras estufadas. O mago
puxou uma cadeira para a jovem, que agradeceu e logo se sentou. O mago ao se aproximar da
sua a transformou em um trono, para a surpresa de Marie.

— Então o você vende? — perguntou o mago, enquanto enchia duas xícaras de chá.

— Desculpe-me eu não entendi a pergunta, poderia repetir — disse a garota que havia se
distraído com a decoração. Ficou admirada com as paredes vermelhas, na qual haviam artes
históricas e retratos da mais bela perfeição.

— Bem, o você vende? — repetiu o mago, tomando seu chá em seguida.

— Eu não vendo não.

— Não? Então como encontrou esse lugar, e o mais importante por que está aqui? —
perguntou o mago perplexo.

— Eu só procurei, falaram-me para ir ao norte, e então encontraria o mago que iria me treinar
— respondeu inocentemente a garota. O mago espantado com a resposta que havia obtido,
acabou por cuspir todo o chá. Um pouco respingo na blusa de Marie, e rapidamente o mago
tirou um lenço de seu bolso e a entregou.

— Como assim treinar? Quem a mandou aqui? — perguntou o mago. E Com um movimento da
mão, todo o chá que havia derramado evaporava.
— O mago do sul, pois recentemente o do oeste e do leste desapareceram. Missões de buscas
foram feitas, mas nenhum foi encontrado. Então fui mandada aqui, para que me treine e eu
assuma o oeste — explicou a garota.

O mago calou-se por um tempo, ficou olhando para a xícara vazia. Como se houvesse algo nela
que lhe fizesse formar uma opinião, depois de um tempo soltou um longo suspiro. Chegou a
sair chamas de seu nariz, levantou-se chamando a garota e começou a caminhar com ela
escada acima. Desviando seus olhos do mago, a jovem Marie ficou espantada ao olhar para
cima e ver que as escadas não tinham um fim. O castelo não era tão grande por fora. Mas
ambos não subiram muito, o mago parou e a ordenou ir para a esquerda. Caminharam por um
corredor qua a primeira vista parecia pequeno, logo se mostrou interminável. A garota tinha
certeza de ser a vigésima vez que via aquele quadro de um cavalo voador, cujo o cavaleiro era
o próprio mago. Finalmente, chegaram a uma porta, o mago abriu-a e pediu educadamente
para que Marie fosse primeiro. A garota assim o fez, porém parou subitamente ao olhar para a
sua frente. Há centenas de léguas de distância, haviam árvores e montanhas. O vento soprava
em sua face, e nuvens passavam por ali, a garota não pode deixar de ficar maravilhada com a
vista. Porém logo esse sentimento se transformou em raiva, ela virou-se para o mago, pronta
para iniciar uma discussão. Entretanto o mago passou por ela antes mesmo que ela
percebesse, virou-se novamente e o viu caminhando sobre o céu. Segurando no batente da
porta, pós um pé a frente e sentiu o céu sólido sobre sí. O mago gritou para que viesse rápido,
e a ameaçou que iria lhe atirar aos lobos. Apertou o passo e logo já estava atrás do mago, que
procurava uma chave em um gigantesco molho de chaves. Enquanto isso, a garota admirava a
vista de tão longe, ao mesmo tempo que estava maravilhada, sentia medo de cair. Assim como
seu tio que morreu depois de cair da torre do relógio, e sua mãe que caiu de uma montanha.
Considerando isso, a garota se sentia amedrontada e feliz com a vista que lhe era oferecida.
Podia ver o verde nas árvores brancas pela neve, lobos em sua busca por comida e grandes
lagos congelados. O mago resmungava a todo momento sobre as chaves, mas logo a
encontrou e em sua mão a transformou em ouro. O que a distinguia das demais prateadas,
pois eram muitas, muito mais que cem. Pois o molho de chaves em seu bolso e abriu a porta.
Tão magnífico quanto o quarto de um rei, era o quarto do mago, com uma grande cama
vermelha e bordados em ouro. De fato magnífico, porém haviam livros para todos os lados,
assim como roupas e espadas. O mago retirou seus sapatos e pediu que Marie fizesse o
mesmo, ele não queria sujar seu grande tapete vermelho. Havia uma porta ao lado da cama,
Marie ficou surpresa ao vê-la, pois não se lembrara da mesma ali. Apontou-lhe a porte e disse
ser seu quarto. Marie caminhou em direção a porta, mas parou antes de abri-la.

— Esse quarto já estava aqui? — perguntou a garota.

— Não, eu acabei de pôr aí — respondeu o mago. Pegando alguns livros de sua cama e criado-
mudo.

— Você ainda não me disse seu nome — disse a garota. Depois de um longo silêncio e livros
sendo jogados para muitos lados, mas que flutuavam adentrando as paredes como se fosse
uma estante de livros.

— É Mignard. Salazar Mignard a seu dispor — respondeu o mago. Carregando vários livros nas
mãos e entregando para Marie, que quase não suportou o peso dos livros.

O mago abriu a porta para a garota que estava impossibilitada e a empurrou as pressas para
dentro.
— Termine esses livros o mais rápido possível, dentro de uma semana venha falar comigo —
disse o mago com um sorriso no rosto. Trancando-a dentro do quarto e cantarolando alguma
música sulista. Porém logo retornou e lhe entregou uma espada, então novamente se retirou.

Marie passou o resto da semana sem ver o mago, toda vez que acordava seu café da manhã já
estava servido em uma gigantesca mesa de madeira acácia. Assim como seu almoço e jantar,
logo não havia muito para se fazer e em pouco mais de três dias a garota havia terminado os
sete livros que o mago lhe mandou ler. Eram livros sobre teoria da construção da magia e
sobre a biologia das plantas e animais. Passou-se alguns dias, de solidão e clinomania, pois
havia nada e ninguém para conversar. Também era impossível achar a saída do castelo, e as
janelas davam para grandes quedas. Marie passou o resto de prazo caminhando por extensos
corredores vazios, revisando seu conteúdo, e dormindo muito. No tão aguardado sétimo dia,
Marie teve como primeira visão do dia o rosto de Salazar bem próximo do seu. O mago teve a
surpresa de receber um impiedoso tapa em seu rosto, que o fez recuar e gritar muito.

— Você está louca? — gritou ele.

— Eu poderia está, me deixou trancada aqui por sete dias e estava me espiando enquanto
dormia — respondeu ela. Cobrindo-se com seu cobertor vermelho.

Salazar calou-se e repentinamente começou a rir, alto e estridente. A garota olhava incrédula
para ele. Que tipo de louco ele é? Questionava-se.

— O que é tão engraçado? perguntou ela.

— Acho que você aprendeu alguma coisa com aqueles livros — disse o mago. Se sentando de
costas para a parede.

— Os livros não falam sobre isso.

— Não, eles falam sobre como o homem domou a natureza, para sobreviver ao universo —
respondeu Salazar. Com um tom mais sério. — Na essência de cada ser, está o único propósito
de sobreviver. É por isso que você está aqui, o mundo precisa de nós, os magos. Não demorará
muito para Eles notarem...

O mago se ergue e pediu para que Marie se trocasse, pois eles teriam a primeira aula prática
de magia.

— Ponha um cachecol e vista suas galochas, vai fazer frio lá fora — continuo o mago. — Vou
estar lhe esperando no salão de jantar.

Marie depois de se trocar, foi em direção ao salão de jantar. Salazar estava a esperando,
sentado na janela e comendo uma maçã. A garota estava muito bem agasalhada para o frio
que estava por vir.

— Bem, devo dizer que se você não for superior as minhas espectativas, nos não teremos mais
dias de treinamento — disse o mago. Encarando a maçã e depois a jogando de lado, a mesma
desapareceu. — Então surpreenda-me.

Salazar abriu a porta e pediu para que a garota passasse primeiro. Atravessando a porta, a
garota se viu sem palavras ao mundo que lhe foi revelado. Era uma praia.

— Que pena, eu acho que errei o local, talvez a porta esteja quebrada. Eu não trouxe roupas
de banho. Se bem que, naturalismo é a melhor maneira de se conectar, com a natureza e
outras coisas — ironizou o mago. Com um sorriso estranho em seu rosto, parecia pronto para
muitas coisas.

A garota não resistiu a tentação de o bater até chegarem onde deveriam, algo que o mago fez
as pressas antes que ela o matasse.

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