O Estatuto da Criança e do adolescente – ECA estabelece a responsabilização dos adolescentes
autores de ato infracional através da aplicação das Medidas Sócio – Educativas, cujo princípio fundamental é , o caráter pedagógico, como define o próprio nome das medidas, objetivando a reeducação e a ressocialização daqueles na sociedade como cidadão de fato e de direito. A medida sócio-educativa de privação de liberdade se constitui numa prática, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento com duração prevista por lei nas sentenças judiciais, sem prazo determinado, não podendo exceder os três anos. Para o desenvolvimento dessa pesquisa, foram utilizados os aportes teóricos Moscoviciano a partindo do pressuposto de que esses adolescentes têm um conhecimento socialmente construído que os permite elaborar um conhecimento prático em seu próprio meio, sobre a prática sócio-educativa de privação de liberdade. Na tentativa de entender como se organiza essa prática para os adolescentes, o presente estudo possui os objetivos de identificar as representações sociais da prática sócio-educativa de privação de liberdade; investigar as representações sociais destes adolescentes face a esta prática; aprender os campos semânticos da prática sócio-educativa de privação de liberdade a partir das expressões indutoras (privação de liberdade) e instituição ressocializadora) e averiguar manifestações biopsicocognitivas desses adolescentes. Neste sentido, trata-se de um estudo multimétodo, de cunho quantitativo e qualitativo, desenvolvido nas Centros Educacionais das cidades de João Pessoa e Campina Grande – PB. Fizeram parte da amostra 115 adolescentes (institucionalizados em conflito com a lei que se encontram privados de liberdade), que responderam ao Teste de Associação de Palavras e a uma Entrevista em Profundidade. Os dados coletados foram submetidos a Técnica de Análise de Conteúdo Temática de Bardin e os softwares Tri-Deux-Mots (versão 2.2) e SPSS. Os dados analisados apontaram sete grandes categorias: concepção da prática sócio-educativa de privação de liberdade, descrição da instituição sócio-educativa, imagem dos profissionais, percepção da imagem, experiência de vida, manifestações biopsicocognitivas e projeto de vida. As RS identificadas apontam que essa prática social aplicada adequadamente, conforme preconiza o ECA, será sempre na sua essência ressocializadora, mas contrariamente, se a prática aplicada for permeada por arbitrariedades, crueldades e ilegalidades, será sempre na sua essência geradora de exclusão social.
Descritores: Representação Social; Adolescente; Privação de liberdade.