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Você tem certeza de que já fez tudo o que podia no seu atendimento e solicitou todas as provas
possíveis aos seus clientes?
A Instrução Normativa 77/2015 pode ser a saída para reconhecer o direito adquirido do seu cliente
depois da Reforma.
O processo administrativo hoje está cada vez mais valorizado, devido à modernização do INSS e ao
grande número de pedidos de benefícios aumentando todo dia!
Nesse post vou te mostrar como você pode usar a IN 77/2015 a seu favor com caminhos e dicas de
provas pra levar pra casa o benefício já no processo administrativo!
Se você ainda não conhece essa norma, veja este breve contexto pra gente ficar na mesma página.
Ou mesmo se você a conhece e já tenha essa visão estratégica: confira se você já descobriu todas as
dicas deste post e me conta nos comentários!
A instrução normativa é uma norma infralegal editada pela Presidência do INSS com o objetivo de
estabelecer rotinas e uniformizar o reconhecimento de direitos dos beneficiários.
Em poucas palavras, a IN 77/2015 repete diversas coisas que já estão em diferentes leis federais e
decretos do executivo, mas faz a conexão entre as normas previdenciárias, reunindo as
interpretações delas pros servidores.
Alguns até a apelidam de Bíblia do INSS, porque todos os servidores da autarquia devem seguir
religiosamente as orientações.
Talvez ela sofra mais alterações devido às mudanças da Lei 13.846/2019 (conversão da MP 871),
por isso você deve estudar bastante a IN e ficar de olho nas mudanças!
As instruções normativas não geram novos direitos, nem podem impor novas obrigações aos
segurados.
Derrubar a IN com um argumento bem simples - A norma infralegal não pode criar
mais restrições do que a lei federal! Esse fundamento é bem pacífico, então você pode usar nos
tribunais sem medo
Nem todo mundo sabe, mas muitas vezes algumas das normas acolhem interpretações que até
alguns juízes negam na justiça, como você vai ver em alguns casos por aqui.
Claro, algumas situações podem variar na sua região, mas em regra as agências do INSS devem
seguir esses caminhos!
Por isso, dê uma olhada nos tópicos a seguir e descubra nesse post vários caminhos pra colocar
isso em prática:
É comum conseguir encerrar alguns casos direto no INSS sem precisar judicializar, o que é muito
bom, porque essa agilidade vai te trazer bem mais clientes.
Eles vão sair espalhando a notícia de que o processo saiu mais cedo e isso vale ouro!
Então, esse primeiro requerimento merece o mesmo tratamento de uma petição inicial, com tudo
bem instruído com provas e com fatos bem explicadinhos.
Se você levar provas fortes desde o início e as destacar bem na sua petição, isso vai fazer a
diferença pra levar os benefícios pra casa mais cedo e deixar seus clientes bem felizes.
E até evitar levar bombas nos processos judiciais com extinções sem resolução de mérito por falta
de interesse de agir, hehe.
Como já comentamos aqui no blog, em 2014, no RE 631240, o STF bateu o martelo sobre a
necessidade de existir um prévio requerimento administrativo pra ajuizar uma ação de
aposentadoria.
E não basta só pedir, você deve instruir bem o seu processo administrativo!
Bom, agora confira cada uma dessas dicas e me conte nos comentários se você já usa alguma delas
ou se conhece outras!
Hoje você também já consegue na via administrativa a oitiva de testemunhas com o agendamento
da Justificação Administrativa (ou apenas JA como costumam dizer os previdenciaristas).
É como se fosse a audiência no processo administrativo! Basta ter um início de prova material, que
são indícios fortes da atividade, embora não a comprovem diretamente.
No art. 56 da IN 77/2015 há uma lista gigante com exemplos desses documentos, que é um
excelente checklist pra conferir com seu cliente!
Bom, a grande sacada é que a Lei 8.213/1991 não exige expressamente a prova
testemunhal em toda e qualquer situação de atividade rural.
E a própria IN 77/2015 segue essa interpretação, deixando isso ainda mais explícito ao dizer que
apenas se restar dúvidas em relação à documentação, devem ser tomados depoimentos de
testemunhas.
Então você pode conseguir averbar o período rural direto no processo administrativo e até sem
testemunhas!
Alguns paradigmas podem mudar a partir de 2023 com as alterações da Lei 13.846/2019, mas até
lá este continua sendo um caminho válido. Mais pra frente faço outro comentário sobre esse ponto.
Já vi vários casos em que o INSS averbou pelo menos uma parte do período rural apenas com os
documentos considerados prova material pela própria IN (art. 47), como:
Eu sei que são documentos mais difíceis de obter pra muitos segurados rurais, porque nem todos
guardam com cuidado toda essa documentação.
A questão principal é que com os documentos em mãos, seu cliente já tem uma prova material que
o INSS pode averbar os intervalos sem necessidade de testemunhas.
Assim, você pode dispensar a JA!
É comum os clientes acharem que esses documentos não existiam, mas depois acabam
descobrindo que algum irmão ou outro parente tinha tudo guardado.
Por isso, pergunte sempre sobre os demais familiares na sua entrevista e dê atenção especial aos
que já tiverem conseguido averbar o período rural!
Mesmo com a novidade sobre o cadastro no CNIS a partir de 2023 e, você ainda pode usar essas
dicas no seu dia a dia, até se consolidarem os novos formatos de prova da atividade rural trazidos
pela Lei 13.846/2019 (conversão da MP 871).
Talvez até venha uma nova IN ou novas alterações na IN 77/2015 pra deixar isso mais claro!
Dica bônus: Liste e detalhe bem ano e conteúdo de cada documento que você apresentar no
seu requerimento ao INSS. Assim você vai ter certeza de que não deixou passar nenhum
documento e não vai precisar consultar toda vez.
Todos ganham e você também! O servidor do INSS vai te agradecer. E depois o assessor do juiz
também. Afinal, se o processo for pra Justiça, a lista está pronta pra usar na petição inicial.
Prepare bem seu requerimento e fique de olho nessa exceção! Você pode acertar em cheio com a
averbação de mais períodos rurais direto no INSS.
Na atividade rural do segurado especial, podem ser usados documentos de familiares como prova
material ou mesmo como início de prova, essa regra já é bem conhecida e isso é muito comum de
acontecer.
Nos períodos rurais mais remotos e até hoje às vezes você ainda encontra toda a documentação em
nome do homem. Esposa e filhos normalmente dependem muito desses documentos, que
raramente ficavam em seu nome, e sim de quem era o provedor da família.
Com a migração da população da cidade ao campo ou mesmo devido aos períodos entressafras,
alguns membros do grupo familiar rural iam se arriscar em trabalhos urbanos, enquanto o
restante da família continuava “tocando” o sítio.
Mas essa decisão individual não afeta os demais membros do grupo familiar. Essa interpretação foi
construído com a jurisprudência e o próprio INSS passou a reconhecer administrativamente no
art. 47, §2º, da IN 77/2015.
Mas houve uma reviravolta pelo STJ e hoje na Justiça há dificuldade ainda maior de os demais
familiares conseguirem provar que são segurados especiais!
O STJ no julgamento do REsp 1304479/SP (DJe 19/12/2012), como recurso repetitivo, firmou um
entendimento restritivo em relação às provas em nome de familiares.
Caso o titular do documento tenha exercido atividade urbana, o Tribunal entende que isso
‘contamina’ a documentação rural pros familiares.
Exemplo - Família do Sebastião
Você atendeu esse trabalhador rural, Sebastião, que passou a ser empregado na construção civil
em cidade bem próxima da zona rural.
Sua esposa, Maria, continuou com os filhos exercendo atividades rurais pra subsistência da
família, vendendo produção de lavoura branca (arroz, feijão, milho, mandioca).
Se Maria não possuir poucos ou nenhum documento em nome próprio (apenas os do marido ou
até de outros familiares), você pode usar a saída do artigo 47, §2º, da IN 77/2015 antes de se
apressar com o processo judicial.
Essa norma deve ser seguida administrativamente e não tem a restrição interpretada pelo STJ. Os
documentos do cônjuge continuam valendo, mas redobre a atenção!
Além do documento em nome do familiar que se tornou segurado urbano, o requerente teria que
apresentar também uma declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador
rural!
No exemplo, Maria deveria apresentar a declaração junto com a escritura de Sebastião pra tentar a
sorte.
Alguns advogados relatam que conseguiram averbação de períodos de trabalhadoras rurais por
este caminho, mesmo exigindo um pouco mais de trabalho.
Mas agora essa norma pode ter um furo e você deve ficar de olho nisso!
Vamos aguardar pra ver na prática como essa norma vai ser interpretada nas agências do INSS. Já
teve algum caso assim? Me diga nos comentários como foi!
Essa pode ser a única opção disponível pra essa segurada, então guarde essa dica como uma carta
na manga, especialmente se não existir mais nenhum documento em nome próprio!
Dica bônus: Averbe o tempo rural remoto na Aposentadoria Híbrida ou Mista na via
administrativa! Essa dica não é da IN, também ajuda no Processo Administrativo de períodos
rurais! Já falei dela aqui no blog, mas acho importante relembrar!
Se você quiser entender melhor como funciona o tempo rural remoto, é só dar uma olhada aqui
nesse outro post sobre as espécies de benefício num tópico bem completo sobre a Aposentadoria
Rural, inclusive a mista!
Quem é casado ou já possuía união estável no papel normalmente não enfrenta dificuldades nas
agências do INSS, pois têm dependência econômica presumida.
Já nos casos de união estável de fato e até pros demais dependentes de segunda e terceira classe,
tudo fica bem mais complicado! Afinal, devem comprovar a dependência econômica.
Se apenas possuir um ou dois, o INSS ainda pode determinar também uma Justificação
Administrativa (JA)pra comprovar a dependência econômica.
Você deve seguir a lista prevista no art. 22, §3º, do Decreto 3.048/1999, que foi repetida no art.
135 da IN 77/2015. Confira alguns exemplos clássicos:
A lista não é taxativa, mas é mais difícil o INSS aceitar outros tipos de documentos além desses.
O pulo do gato está no §1º do mesmo artigo 135: os três documentos podem ser do mesmo
tipo ou diferentes.
Ou seja, com apenas 1 tipo desses documentos você já consegue provar a dependência econômica.
Muitos advogados comentam com frequência sobre essa saída resolve rapidinho processos
administrativos de pensão por morte e auxílio-reclusão!
Então, se você conseguir três documentos, a JA pode ser dispensada e poupar o seu tempo!
As atividades especiais podem ser enquadradas apenas pela categoria profissional do segurado até
28/04/1995, se incluídas nos Decretos 53.831/1964 e 83.080/1979, sem necessidade de
demonstrar a efetiva exposição aos agentes nocivos.
Na prática é comum você passar grandes apertos em períodos muito antigos, porque geralmente as
empresas já não existem mais.
Se o cargo está descrito certinho na CTPS, tudo bem. Até o próprio INSS, às vezes, reconhece na
via administrativa.
Mas caso alguma coisa não esteja muito clara no cargo anotado, o indeferimento é certo.
Já vi casos de motoristas de caminhão que apenas tinham o cargo anotado como motorista na
carteira, enfermeiros apenas com a anotação de auxiliar ou mesmo gerente, e por aí vai.
Até em casos com o PPP ou formulário contemporâneo (DSS-8030 ou SB-40) você pode encontrar
alguma divergência na descrição do cargo e das atividades exercidas.
Mas com a empresa extinta ou esteja inativa, fica bem difícil conseguir mais documentos pra
complementar essa informação.
Nesses casos, há uma saída na própria IN! Os artigos 270, §2º e 582, inciso I, autorizam a
Justificação Administrativa pra complementar as provas documentais com até três
testemunhas.
Agora olha só essa dica que eu vou te contar e que me serviu mais no processo judicial, mas que
vale usar desde o processo administrativo.
Esse detalhe pode ajudar a demonstrar que a atividade e econômica era relacionada à atividade
especial que seu cliente deve demonstrar.
Gostou da dica? Você já tentou algo diferente? Conta pra mim nos comentários. É muito bom
compartilhar experiências ;)
Preparar bem a instrução do pedido inicial no INSS é uma mentalidade que todo previdenciarista
deve ter!
A partir de agora, continue de olho nas alterações desta norma pra poder sempre estar por dentro
dos procedimentos adotados pelo INSS.
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Gabriel de Paula
Advogado (OAB/PR 75.982) especialista em Previdenciário. Atua na área técnica do CJ, e já usava o
programa desde 2017, sem deixar passar nenhum benefício! Ele gosta muito de café e adora se aventurar em
trilhas nos finais de semana.
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