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ASPECTOS BIOLÓGICOS DO

ENVELHECIMENTO

Aparecida Yoshie Yoshitome


Escola Paulista de Enfermagem
UNIFESP
ayoshitome29@unifesp.br
2011
Processo de Envelhecimento Humano
 Envelhecimento é a progressiva incapacidade de
manutenção do equilíbrio homeostático em
condições de sobrecarga funcional (Confort,
1974).

 Processo dinâmico e progressivo, no qual há


modificações morfológicas, fisiológicas,
bioquímicas e psicológicas, que determinam
perda progressiva da capacidade de adaptação
do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando
maior vulnerabilidade e maior incidência de
processos patológicos que terminam por levá-lo
a morte (Carvalho Fº,1996)
 Processo seqüencial, individual, acumulativo, irreversível,
universal, não patológico, de deterioração de um organismo
maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de
maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente
ao estresse do meio ambiente e portanto, aumento sua
possibilidade de morte (OPAS)

 Envelhecer é a perda da capacidade de adaptação


frente à diminuição da reserva funcional
(Joluul,2005)
Senescência Senilidade
Eugeria Patogeria
Envelhecimento Primário Envelhecimento Secundário
Efeitos anatômicos e funcionais do Alterações produzidas pelas inúmeras
Processo de Envelhecimento afecções que podem acometer o idoso

Importante:

 Não errar ao atribuir ao envelhecimento todo tipo de


alteração encontrada no idoso, impedindo o diagnóstico
de patologias passíveis de cura.

 Não confundir alterações normais do envelhecimento


como patológicas, levando a exames e tratamentos
desnecessários
Rowe e Khan(1987) classificaram os idosos
sem doença clínica em dois grupos:

 Envelhecimento normal – apresentavam


comprometimentos das funções fisiológicas

 Envelhecimento saudável – sinais mínimos


de declínio, mantendo seu estado funcional
 Envelhecimento bem sucedido: 3
componentes: menor probabilidade de
doença, alta capacidade funcional física e
mental e engajamento social ativo com a vida
(Kalache, Kickbush, 1997)

 Envelhecimento ativo: (política) é o processo


de otimização das oportunidades de saúde,
participação e segurança, com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida à medida que as
pessoas ficam mais velhas (OMS, 2005).
(Educação continuada)
Causas da deterioração dos sistemas:

Fatores intrínsecos – fosforilação oxidativa que


leva a formação de radicais livres; glicação de
proteínas (reação da glicose com proteínas).

Fatores extrínsecos – dieta, estilo de vida,


hábitos pessoais (sedentarismo, tabagismo,
exposição ao sol), fatores psicossociais.

Doenças associadas à idade


MODIFICAÇÕES GERAIS

 Redução gradual do nº de células dos órgãos


 Redução da massa corporal
 Redução da massa óssea
 Aumento do tecido adiposo até os 75 anos
 Redução do líquido intracelular (extracelular
permanece constante)
PELE
Epiderme
 Membrana basal com menor adesão e
regeneração -
mais susceptível a lesões.
 Diminuição do nº de melanócitos em 10 a
20% por década - menor fotoproteção.
Derme
 Menor nº fibroblastos - menor elasticidade e
força.
 Menor espessura e menor vascularização -
menor habilidade em adaptação às mudanças
de temperatura.
 Menor resposta inflamatória - cicatrização
mais demorada.
Subcutâneo diminuído - menor proteção
 Gls sudoríparas, folículos pilosos e produção
das gls sebáceas diminuem – pele seca.
 Pêlos diminuem, com exceção das narinas,
sobrancelhas e orelhas, cabelos e unhas com
crescimento mais lento, tendência à calvice.
SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO
 Estatura: diminui 1 cm por década a partir dos 40
anos por diminuição dos arcos dos pés e discos
intervertebrais e acentuação das curvaturas da
coluna
 Perda de massa óssea, a partir da 3ª década de
vida e acentuação na mulher após a menopausa.
 Osteoblastos tem menor resposta ao estresse
mecânico menor formação óssea.
 Osteoclastos: mais locais de reabsorção e
maiores cavidades reabsortivas
 Diminuição na massa magra e aumento na
gordura corporal
 CARTILAGEM
Tendões e ligamentos – tornam-se mais rígidos
e espessos.
Espessamento do colágeno e alteração na
estrutura dos proteoglicans levam a menor
hidratação e redução da força tensil.

 MÚSCULOS
Fibras musculares diminuem com a idade –
50% de redução quando comparado
indivíduos de 80 anos em comparação ao
jovem
Fibras elásticas – perdem elasticidade, sofrem
fragmentação, desgaste e calcificações.
Sarcopenia – redução da massa e força
contrátil.
CÉREBRO
 Diminuição do peso e volume do cérebro.
Tomografia mostra certo grau de atrofia cerebral
com o progredir da idade e um aumento
volumétrico dos ventrículos encefálicos.
 Perda contínua dos neurônios , especialmente
no córtex cerebral.
 Diminuição da liberação de neurotransmissores
– diminuição nas sinapses nervosas –
diminuição da condução nervosa
 Menor sensibilidade de receptores cutâneos,
térmicos e tácteis.
VISÃO
 Maior pressão intraocular, redução de
lágrimas
 Diminuição da acuidade visual - devido
inativação do sistema enzimático nos
fotorreceptores retinianos
 Diminuição da sensação luminosa e
cromática
 Diminuição do poder de acomodação, devido
a perda da elasticidade do córtex lenticular e
endurecimento do núcleo que vão alterar as
refrações estáticas e dinâmicas
AUDIÇÃO

 Presbiacusia - perda para


tons de alta freqüência
 Aumento dos zumbidos
 Dificuldade de localização
do som - avaliação de sons
de um ambiente ruidoso
 Orelha externa – maior
impactação de cerumen,
mais prurido e lesões
 Orelha interna – perda de
células auditivas após 40
anos.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
 Débito cardíaco reduzido
 Freqüência cardíaca diminui em
repouso e reduz resposta ao
aumento da demanda.
 Complacência ventricular diminui
em conseqüência do aumento da
espessura da parede ventricular –
até 30%.
 Vasos aumento do componente
colágeno e perda do componente
elástico – maior rigidez de parede.
 Valvas – espessadas e calcificadas.
APARELHO RESPIRATÓRIO
 Aumenta o diâmetro da caixa torácica.
 Diminuição da expansibilidade pulmonar –
diminuição da elasticidade pulmonar
 Diminuição do peso do pulmão pela perda de
massa alveolar, redução do número de capilares,
aumento do calibre das vias aéreas pela redução do
número de fibras elásticas que envolvem os
alvéolos
 Redução do reflexo da tosse. Maior retenção de
secreção - maior probabilidade de infecção.
APARELHO DIGESTÓRIO
BOCA
 Atrofia e perda da elasticidade dos tecidos da
cavidade oral
 Diminuição da produção da saliva
 Diminuição das papilas gustativas.
DENTES
 Diminuição dos mecanismos de defesa - propicia
proliferação bacteriana
 Atrofia dos dentes deixam pouco firmes e
mastigação difícil
 Desgaste do esmalte - pequenas fraturas das bordas
cortantes
 Gengivas - retração devido à atrofia
APARELHO DIGESTÓRIO

 Atrofia e degeneração celular


 Diminuição dos sucos digestivos (salivares,
gástricos, pancreátricos, intestinais)
 Diminuição da capacidade de absorção
ESÔFAGO
 Adelgaçamento e atrofia da mucosa

 Hipotonia e hipotrofia das fibras


musculares
Menor inervação – coordenação
prejudicada
ESTÔMAGO
 Atrofia e hipotonia da parede gástrica

 Diminuição da motilidade gástrica


INTESTINO
 Adelgaçamento da parede intestinal devido à atrofia
 Redução do lúmen e das válvulas intestinais
 Diminuição com encurtamento das vilosidades intestinais
 Delgado: atrofia duodeno-jejunal – menor atividade
enzimática.
 Menor absorção de vit D, B12, Ác. fólico,Ca, cobre, zinco, ac.
graxos e colesterol.
 Maior absorção de vit A e glicose.
 Cólon - Atrofia da mucosa, aumento do número de
divertículos, diminuição da motilidade – obstipação.
 Redução da pressão do esfincter anal – maior risco de
incontinência.
FÍGADO
 Diminuição progressiva do peso.
 Diminuição do tamanho e perfusão de 30 a
40% entre a 3 ª e 10ª décadas.
 Diminuição da atividade proliferativa e da
capacidade global de metabolização das
drogas (devido a diminuição do fluxo sangüíneo
hepático)
SISTEMA RENAL

 Diminuição da massa renal


 Redução do número de glomérulos
 Diminuição da superfície filtrante glomerular.
 Queda da filtração glomerular - diminui de 35 a
50% entre 20 e 80 anos.
 Redução do fluxo plasmático renal – 10% por
década após 50 anos.
 Diminuição da capacidade de concentração e
diluição urinária.
SISTEMA REPRODUTOR
 Os órgãos diminuem em peso e se
atrofiam
 Atrofia vaginal, favorecendo ocorrência de
infecções
 Útero perde elasticidade à medida que o
tecido elástico é substituído por feixes de
tecido colágeno fibroso
 Os ligamentos que mantém o útero, a
bexiga e o reto em posição podem tornar-
se fracos, favorecendo a ptose
 As glândulas mamárias são substituídas
por tecido fibroso, enquanto ocorre perda
de tecido gorduroso, os ligamentos que
suportam as mamas tornam-se fracos.
 Diminuição do número de
espermatozóides .
TEORIAS BIOLÓGICAS DO
ENVELHECIMENTO

 Existem várias teorias

 Hayflick – envelhecimento celular e


molecular – fibroblastos humanos em
cultura tem a capacidade de realizar 50
divisões celulares. A partir daí, a cel
continua metabolicamente ativa mas não
sintetiza DNA (não se divide) –
aumentam de tamanho e morrem.

 Radicais livres – são espécies reativas


de Oxigênio e nitrogênio – lesam
macromoléculas pela oxidação.
 Erro Catastrófico – erros na transcrição do DNA ou
na tradução do RNA acarretaria síntese de
proteínas anormais com conseqüente morte celular.

 Relógio Biológico – haveria um relógio biológico


que determinaria o tempo de vida – o
envelhecimento estaria diretamente sob o controle
genético.

 Teoria Neuro-endócrina e do sistema imune –


esses sistemas seriam vulneráveis a danos durante
o processo de envelhecimento e sua falência ou
comprometimento levaria a alterações em todo
organismo por alteração da homeostase.

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