Você está na página 1de 25

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO

TRABALHO DA COMARCA DE ITAITUBA ESTADO DO PARÁ.

“Para saber se uma sociedade é justa, basta


perguntar como ela distribui as coisas que
valoriza – renda e riqueza, deveres e direitos,
poderes e oportunidades, cargos e honrarias.
Uma sociedade justa distribui esses bens da
maneira correta; ela dá a cada indivíduo o
que lhe é devido. As perguntas difíceis
começam quando indagamos o que é devido
às pessoas e por quê”. (SANDEL, Michael J.
Justiça. 11. ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2013, p. 28).

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileiro, solteiro, autônomo,


portador da carteira de identidade nº xxxxxxxxxxxxx., e do CPF nº xxxxxxxxxxxxx,
domiciliado e residente xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, por seu
advogado que esta subscreve, poderes anexos, vem mui respeitosamente perante Vossa
Excelência, com fundamento na Consolidação das Leis do Trabalho, propor
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA C/C PEDIDO DE DANO MORAL ORIUNDO
DE ACIDENTE DE TRABALHO, DANO ESTETICO E DANO MATERIAL,
contra a empresa xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ nº xxxxxxxxxxxxxxxxxx, com endereço na
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx em razão dos fatos e fundamentos jurídicos a seguir
expostos:

DA BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS DE QUE RESULTOU


O DISSÍDIO – ART. 840, § 1º DA CLT.

I) DA CONCESSÃO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.


Tendo em vista O reclamante ser uma pessoa pobre na acepção jurídica do termo,
conforme declaração que ora juntamos aos autos e a teor do disposto nas Leis 7.115/83,
7.510/86 e Lei 10.537 de 27/08/2002, vem requerer – sob as penas da lei - seja deferida
a concessão das benesses da justiça gratuita, nos termos do § 3º do artigo 790 da CLT,

_____________________________________________________________________________

1
isentando-o do recolhimento de todas e quaisquer custas e emolumentos dispostos em
qualquer legislação aplicável nesta Justiça Especializada.

II) DO CONTRATO DE TRABALHO/DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO


EMPREGATÍCIO.

O reclamante foi contratado para laborar para a reclamada em 02 de dezembro de 2018,


tendo sido contratado verbalmente pela “Dona Lôra”, proprietária da reclamada, para
trabalhar na função de “pedreiro” realizando todo tipo de serviço inerente a função,
fazia reboco, levante, puxava piso, fazia telhados, fazia massa de cimento (quando o
ajudante não comparecia) e etc. ou seja, executava os serviços solicitados pelos
proprietários da reclamada.
Vale ressaltar que, o obreiro nunca recebeu qualquer tipo de EPIS.
Que ao ser contratado lhe foi informado que receberia a titulo de salário o importe de
R$ 1.210,00 (Um mil duzentos e dez reais reais) por semana, durante todo o período
que prestou serviços ao requerido não teve o devido registro em sua CTPS.
Durante esse período, o trabalhador laborava de segunda a sexta das 08:00 as 12:00,
voltava as 14:00 e parava as 18:00 e aos sábados das 08:00 as 12:00.
Ocorre, que durante todo o período laborado o empregador jamais cumpriu com suas
obrigações legais, não efetuando a assinatura de sua CTPS, bem como não recolheu
qualquer contribuição previdenciária, nem mesmo efetuou os depósitos do FGTS.
No dia 29/08/2020, durante o expediente de trabalho o obreiro veio a se acidentar, no
exercício de sua função montando um telhado, quando as vigas se soltaram e o
reclamante veio a escorregar e cair de uma altura de 5 metros, vindo a fraturar todo o
tornozelo direito, sendo que não usava, pois nunca recebeu qualquer tipo de EPIS.
No momento do acidente foi socorrido por um funcionário da Reclamada, o gerente da
obra, a saber Sr Amauri, e foi levado ao hospital.
Mesmo estando em situação difícil o reclamante aguardou, mais até a presente data nada
foi resolvido. Assim, diante da incerteza, o reclamante resolve reclamar junto a esta
especializada, suplicando pelo reconhecimento do vínculo empregatício, a devida
anotação em sua CTPS, e a rescisão de seu contrato de trabalho pela via indireta, com
fulcro no artigo 483, d, da CLT, devendo ser considerada como data da rescisão o do dia
29/08/2020.
Destaca-se que o reclamante jamais recebeu quaisquer verbas rescisórias.
Logo, resta caracterizado aqui o art.3º da CLT que considera empregado toda pessoa
física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência
deste e mediante salário. Requisitos cumpridos pelo empregador, no ato de contratação
do reclamante.
Diante do exposto, requer o conhecimento do vínculo de emprego ante as situações
fáticas aqui aduzidas e devidamente comprovadas pelo recibo de salario em anexo
(doc.07), e consequentemente que a reclamada seja condenado a anotar a CTPS do
reclamante com a devida função, data de entrada e data de saída do labor, bem como
comprovar o pagamento de todas as verbas rescisórias do reclamante, Aviso prévio,

_____________________________________________________________________________

2
férias proporcionais +1/3, décimo terceiro salário proporcional, depósitos de FGTS,
multa de 40% sobre o FGTS.
Caso o empregador não comprove o pagamento, deverá então ser condenado nas verbas
acima indicadas, sem prejuízo de aplicação da multa do artigo 477 e 467 da CLT, o que
desde já se requer.           

III - DA RESCISÃO INDIRETA

A RECLAMADA, reiteradas vezes, descumpriu seu contrato de trabalho com O


reclamante. Pela relação de dependência e hipossuficiência, O reclamante aguentou
durante muito tempo trabalhar de forma irregular, exercer suas atividades sem o uso
adequado de EPI e ausência de depósitos de FGTS.
Outra falta grave da Reclamada é a ausência de depósitos fundiários, pois não houve
nenhum depósito de FGTS durante todo o contrato de trabalho, vez que não houve
assinatura da CTPS.
É sabido que o FGTS, regulamentado por intermédio da lei 8.036, foi criado para
proteger a trabalhadora ante eventual afastamento do emprego, inclusive no caso de
aposentadoria e doença grave (art. 20, inciso III, da lei 8.036).
Este depósito em conta vinculada de responsabilidade da empregadora o qual servirá
para que, futuramente, o empregado possa usufruí-lo. Diante desta responsabilidade, o
Tribunal Regional do Trabalho, esclarece:
"FGTS. Regularidade. Responsabilidade do empregador. A
responsabilidade pela efetividade dos depósitos do FGTS
incumbe ao empregador, não se podendo transferir ao
empregado a incumbência de perseguir diferenças notadas,
quando da liberação. Caracterizando-se culpa in vigilando,
deve a reclamada pagar aO reclamante as diferenças apuradas,
buscando, posteriormente, ressarcimento, junto aos órgãos
competentes. Recurso Ordinário parcialmente provido. Recurso
adesivo provido. Ac. TRT 10º Reg. 3º T.(RO 9735/94), Rel. Juiz
Alberto Luiz Brescian de Fontan Pereira, DJ DF 6.10.95 pág.
14.581."

A Lei nº 8.036/90 dispõe sobre a regulamentação básica do FGTS, definindo que o


empregador deverá efetuar na rede bancária um depósito correspondente a 8% (oito por
cento) da remuneração paga aa trabalhadora no mês anterior, conforme define o art. 15
da lei acima citada.
Tratando-se da não realização dos depósitos do FGTS, conforme determina o artigo
supracitado, os valores deverão ser atualizados com juros e multas previstos no art. 22
da Lei 8.036/90, que define:
Art. 22. O empregador que não realizar os depósitos previstos nesta Lei, no prazo fixado
no art. 15, responderá pela incidência da Taxa Referencial - TR sobre a importância
correspondente.

_____________________________________________________________________________

3
Sobre o valor dos depósitos, acrescido da TR, incidirão, ainda, juros de mora de 0,5%
a.m. ou fração e multa, sujeitando-se, também, às obrigações e sanções previstas no
Decreto-Lei nº 368, de 19 de dezembro de 1968.
A incidência da TR de que trata o "caput" deste artigo será cobrada por dia de atraso,
tomando-se por base o índice de atualização das contas vinculadas do FGTS.
A multa referida no §1º deste artigo será cobrada nas condições que se seguem:
I - 5% (cinco por cento) no mês de vencimento da obrigação;
II - 10% (dez por cento) a partir do mês seguinte ao do vencimento da obrigação.
Para efeito de levantamento de débito para com o FGTS, o percentual de 8% (oito por
cento) incidirá sobre o valor acrescido da TR até a data da respectiva operação.
O valor a ser depositado não é referente apenas ao salário e sim a todos os adicionais
que incidem sobre ele. Estes direitos estão fulcrados no Enunciado 593 do STF, que
dispõe:
"Incide o percentual do fundo de garantia do tempo de
serviço (FGTS) sobre a parcela da remuneração
correspondente a horas extraordinárias de trabalho."

O respeitável Enunciado 63 do Tribunal Superior do Trabalho vem acrescer os direitos


dos trabalhadores, dispondo:
"A contribuição para o FGTS incide sobre a remuneração
mensal devida ao empregado, inclusive horas extras e
adicionais eventuais."

É da mesma posição, este excelso pretório, quanto à incidência do aviso prévio no


cálculo do FGTS, sumulado com a seguinte redação:
"Enunciado 305 - FGTS. Aviso prévio- O pagamento relativo
ao período de aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito à
contribuição para o FGTS."

Portanto, O reclamante vem sendo prejudicada pela ausência do deposito fundiário.


Esse fato, por si só, enseja motivo para O reclamante requerer a rescisão indireta,
entendimento já pacificado pelos Tribunais, conforme exposto alhures.
Frisa-se que este fato vem causando enormes prejuízos O reclamante. Assim, quando o
próprio empregador pratica uma falta grave que torne insuportável a continuação do
contrato de trabalho, o empregado pode tomar a iniciativa de romper o vínculo, sem
prejuízo no recebimento das verbas rescisórias. Assim, ocorre a rescisão indireta do
contrato de trabalho (artigo 483 da CLT). No caso exposto, Nobre Julgador, a reclamada
cometeu a falha grave é o não recolhimento do FGTS. Pois, assim, como a obrigação da
obreira é comparecer ao seu labor todo dia, a contraprestação da empresa deve ser no
dia correto. A hipossuficiência do empregado na relação não permite atrasos reiterados
sem justificativas, senão vejamos:

_____________________________________________________________________________

4
O TST entende situações análogas a situação em análise sempre com entendimento de
que é cabível a rescisão indireta:

“RECURSO DE REVISTA. CELSP. RESCISÃO


INDIRETA. ATRASO NO PAGAMENTO DOS
SALÁRIOS E RECOLHIMENTO DO FGTS. APLICAÇÃO
DO ART. 483, D, DA CLT. O atraso no pagamento do
salário (em um período de cinco a vinte e sete dias), bem
como o não recolhimento do FGTS, denota o não
cumprimento das obrigações por parte do empregador e
enseja a rescisão contratual pelo empregado, nos termos da
letra d do art. 483 da CLT. O binômio prestação de
atividade/pagamento constitui o objeto do contrato de
trabalho, sendo certo que a ausência no cumprimento de um
deles configura grave quebra de contrato. A letra d e o § 3º do
art. 483 contêm previsão expressa de que o descumprimento
das obrigações do contrato por parte do empregador autoriza
o empregado a considerar rescindido o pacto laboral e
pleitear a devida indenização. A gravidade da situação
decorre do fato de o empregado estar privado, mesmo
temporariamente, dos recursos necessários à sua subsistência,
e, ressalte-se, o salário apresenta natureza alimentar e recebe
especial proteção constitucional, alçado à categoria de direito
fundamental. A situação revela caracterizada a conduta ilícita
patronal, causando repercussão nociva, consubstanciada na
privação de crédito de natureza alimentar. Há precedentes.
Recurso de revista não conhecido. (TST – RR:
6245520105040004, Relator: Augusto César Leite de
Carvalho, Data de Julgamento: 26/11/2014, 6ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 12/12/2014).”

"RECURSO DE REVISTA - RESCISÃO INDIRETA -


MORA SALARIAL - AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO
DOS DEPÓSITOS DO FGTS, DE PAGAMENTO DE
HORAS EXTRAORDINÁRIAS E DE CONCESSÃO DO
INTERVALO PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO
Nos termos do art. 483, ‘d’, da CLT, o empregado poderá
considerar rescindido o contrato e pleitear a devida
indenização quando o empregador não cumprir suas
obrigações contratuais. A conduta da reclamada, de não
efetuar o devido recolhimento dos depósitos do FGTS,
revela-se suficientemente grave, ensejando, pois, a rescisão
indireta do contrato de trabalho. Ademais, consta nos autos
que O reclamante não usufruiu do intervalo para repouso e
alimentação e que prestou labor extraordinário sem a devida
contraprestação, o que corrobora a ausência de cumprimento
das obrigações a cargo daquele que assume os riscos da
atividade econômica. Recurso de revista conhecido e

_____________________________________________________________________________

5
provido. (Processo: RR - 33800- 73.2006.5.04.0001
Data de Julgamento: 24/11/2009, Relator Ministro: Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, 1ª Turma, Data de
Divulgação: DEJT 04/12/2009)

E nem se alegue que o fato de o autor não ter se insurgido quanto à falta de depósitos do
FGTS durante o período em que durou o contrato de trabalho impediria a configuração
da falta grave a justificar o pedido de rescisão indireta. O fato de o empregado se
sujeitar a determinadas condições na empresa, ainda que por vários anos, decorre não
só de sua hipossuficiência, mas de sua preocupação em manter o seu trabalho e, por
conseguinte, o seu meio de subsistência, conforme precedentes deste c. TST:
"RECURSO DE REVISTA. RESCISÃO INDIRETA.
DESCUMPRIMENTO DE DIVERSAS CLÁUSULAS
DO CONTRATO DE TRABALHO. O descumprimento de
diversas obrigações pela reclamada, tais como o
recolhimento dos depósitos dos valores do FGTS, constitui
justo motivo para a rescisão indireta do contrato de
trabalho, nos termos do art. 483, d, da CLT. O fato de o
empregado continuar na empresa, por diversos anos,
permitindo essas irregularidades, não descaracteriza a
aplicação do instituto, visto que evidencia apenas a condição
de hipossuficiente do empregado e a preocupação em
manter o seu meio de subsistência. Precedentes da Corte.
Recurso de revista conhecido e provido. (RR-AIRR - 1274-
20.2011.5.06.0002, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da
Veiga, 6ª Turma, DEJT 08/03/2013.)"
Fonte: TRT/MG - 17/09/2013 - Adaptado pelo Guia
Trabalhista.

O não recolhimento dos depósitos fundiários no curso do contrato de trabalho revela o


descumprimento de obrigação contratual, o que autoriza a decretação da rescisão
indireta, nos moldes do art. 483, alínea "d", da Consolidação das Leis do Trabalho.
Por essas razões, conforme explicou o desembargador, o não recolhimento ou o
recolhimento incorreto do FGTS constitui motivo relevante para justificar a rescisão
indireta, sobretudo ante a existência de outras hipóteses previstas em lei para o seu
saque, que não seja unicamente a rescisão do contrato de trabalho. Diante disso,
entendeu presentes as condições para o reconhecimento da rescisão indireta, com a
condenação da empregadora ao pagamento das verbas devidas na dispensa sem justa
causa, já que configurada a chamada "justa causa do empregador", nos termos do art.
483, "d", da CLT. O relator ainda destacou que o parcelamento da dívida da ré perante a
CEF, conforme Termo de Confissão de Dívida e Compromisso de Pagamento para com
o FGTS juntado aos autos, caracteriza apenas o cumprimento do dever legal, não
servindo para justificar a continuidade da relação empregatícia, em face do manifesto
prejuízo causado aa trabalhadora. E, por fim, citou jurisprudência reiterada da corte
superior, respaldando o entendimento adotado de forma unânime pela Turma.
(0001791- 43.2012.5.03.0044 ED).

_____________________________________________________________________________

6
Isso é considerado falta grave do empregador e, por essa razão, a Justiça do Trabalho
tem deferido, nesses casos, a rescisão indireta do contrato, isto é, o rompimento do
contrato por iniciativa do empregado, mantendo-se o direito a todas as verbas
rescisórias típicas de uma dispensa sem justa causa.
A ausência de recolhimento de FGTS é legalmente prevista como fundamento da
rescisão indireta do contrato. Como se pode perceber, Nobre Julgador, segundo os
documentos comprobatórios a empresa nuca efetuou tal recolhimento aja vista se quer
procedeu a assinatura da CTPS do obreiro, configurando- se atitude unilateral defeso
em lei alheio ao contrato de trabalho, incompatível com a continuidade da relação de
emprego, tipificadas no artigo 483 da CLT, há a necessidade de que seja declarado
RESCINDIDO O CONTRATO DE TRABALHO POR CULPA EXCLUSIVA DO
EMPREGADOR, através de sentença declaratória, ordenando-se, ainda, até o trânsito
em julgado da sentença, o pagamento das verbas rescisórias e do aviso prévio e
quaisquer benefícios de natureza salarial que se entendam à categoria.
Em razão da natureza da rescisão indireta, pelos fatos já expostos, entre eles não
assinatura da CTPS; ausência de depósitos do FGTS; desvirtuamento do contrato de
trabalho; não pagamento das horas extraordinárias, ferindo frontalmente o artigo 483, da
CLT, requer seja determinado POR DECISÃO DESTE JUÍZO RESCINDIDO DE
FORMA INDIRETA O CONTRATO DE TRABALHO.

IV - DO ACIDENTE DE TRABALHO – CONFIGURAÇÃO DE CULPA DA


RECLAMADA
O reclamante, um jovem trabalhador e pai de família, na época do acidente que sofreu
por culpa da reclamada, estava desenvolvendo suas atividades, quando no trágico dia
29/08/2020, quando, durante o expediente de trabalho o obreiro veio a se acidentar, no
exercício de sua função montando um telhado, quando as vigas se soltaram e o
reclamante veio a escorregar e cair de uma altura de 5 metros, vindo a fraturar todo o
tornozelo direito (fotos anexas doc. 08), sendo que não usava, pois nunca recebeu
qualquer tipo de EPIS.
Devido ao grave acidente que sofreu, o reclamante teve a perda da mobilidade e da
capacidade laboral, posto que devido a demora no tratamento recebido pelo SUS, não
foi feita cirurgia no pé do reclamante até hoje, razão pela qual o pé direito do mesmo
ficou inutilizado, conforme laudo médico e fotografias anexas aos autos.
Logo após o acidente, o reclamante foi socorrido e levado em um primeiro momento
até o Hospital da cidade, por um colega de trabalho.
Não restam dúvidas de que o reclamante estava trabalhando para a reclamada, era seu
empregado, e que a reclamada é responsável pelo acidente que vitimou o reclamante.
Imperioso salientar-se, que o reclamante, bem como os demais funcionários da
reclamada, que prestam seus serviços para a reclamada, jamais receberam qualquer tipo
de curso ou instrução específica, no que tange a utilização, bem como na prevenção de
acidentes no ambiente de trabalho.

_____________________________________________________________________________

7
Com esse entendimento, o Tribunal Regional do Trabalho da 1 região publicou:

ACIDENTE DE TRABALHO. ALTURA. RISCO


INERENTE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA
EMPREGADORA. Assim, se atividade realizada pelo
empregado traz o risco como inerente, responderá de forma
objetiva, ante a adoção da teoria do risco criado, em relação a
todos os lesados, inclusive àqueles que sejam seus empregados.
Assim, uma vez comprovado o nexo causal entre o acidente e o
trabalho de risco desempenhado pelo obreiro, impõe-se a
condenação da Ré ao pagamento de indenização por danos
morais e pensionamento mensal.

(TRT-1 - RO: 00114474620155010053 RJ, Relator: ANA


MARIA SOARES DE MORAES, Data de Julgamento:
17/10/2017, Primeira Turma, Data de Publicação:
24/10/2017)

Segundo Ronaldo Alves de Andrade, em sua obra Dano Moral e sua Valoração, Ed.
Atlas- 2ª edição, página, 209 § 5º.
“ Como já afirmado, o empregador responde por ato comissivo ou omissivo de maneira
que tem o dever de prever a ocorrência de acidentes de trabalho, fornecendo
treinamento, informação, equipamentos coletivos e individuais de proteção, bem como
fiscalizando se os serviços estão sendo executados dentro dos padrões de segurança
estabelecidos em normas legais e administrativas.”
O reclamante estava trabalhando totalmente desamparado perante a legislação, pois não
teve sua CTPS assinada pela reclamada, um jovem pai de família na época do acidente,
cheio de sonhos, com um futuro pela frente, que teve seu futuro profissional
comprometido, por culpa e negligência da reclamada.
O reclamante após o acidente, pois como já mencionado, não possuía CTPS na época do
acidente, menos ainda recebia corretamente os valores a título de gratificação natalina,
férias acrescidas do terço constitucional, EPI’S, bem como não ocorreu qualquer
depósito a título de FGTS dentre outras verbas que lhes são devidas por direito.
Em flagrante desrespeito a legislação, não foi confeccionado a respectiva Comunicação
de Acidente de Trabalho (CAT) pela reclamada.
Cumpri-nos informar Excelência, que reclamante após o acidente foi assistido pela
reclamada, que durante 2 meses continuou repassando valores a títulos de salário ao
reclamante, no primeiro mês repassou o importe de R$ 1.200,00, e no segundo mês
repassou 700,00, e depois 600,00. Após esse período o obreiro teve que se virar
sozinho, além de arcar com os custos dos vários deslocamentos para tratamento e

_____________________________________________________________________________

8
realização de exames e etc, somente recebendo o auxílio financeiro de familiares para
que pudesse manter-se dignamente.
O reclamante, sem qualquer experiência técnica, ou um mínimo conhecimento a cerca
de seus direitos, não conhece a legislação obreira, bem como a legislação
previdenciária, não sabia nada e nem foi orientado sobre seus os direitos advindos do
acidente que teve quando laborava para a reclamada, ainda mais sem seu vínculo
registro em CTPS.
O reclamante até o momento não conseguiu receber nenhum auxilio, devido não ter
sua CTPS assinada.
Inobstante, as consequências do acidente, que foram gravíssimas, de cunho físico em
razão das dores que suportou diante do trágico acidente que o fez perder parte de sua
capacidade laboral, pela grave fratura que sofreu na queda, uma vez que no dia do
acidente o reclamante foi levado ao Hospital Municipal de Itaituba, local onde foi feito
a imobilização do pé do reclamante, e posteriormente ficou 1 mês aguardando TFD para
ia a Santarém, ao chegar em Santarém, o médico que o atendeu informou que após todo
esse período de um mês não seria mais possível fazer a cirurgia,
Então hoje o obreiro tendo que se adaptar a nova rotina de vida, pois até mesmo as
mínimas tarefas cotidianas são difíceis ou impossíveis de realizar, como um por
exemplo, qualquer situação que tenha que ficar de pé ou fazer alguma locomoção de um
local para outro, pois sente muitas dores, e terá que se adaptar a nova realidade,
somando-se ao fato de que sofreu e vem sofrendo um abalo emocional muito grande,
representado pela frustração de ainda jovem, com família para sustentar, estar com sua
liberdade parcialmente cerceada, estando inclusive começando a apresentar sinais de
depressão, prestes a iniciar um tratamento psicológico, da mesma forma que sofreu um
enorme prejuízo de cunho material, configurado pela perda de oportunidades que a vida
poderia lhe proporcionar com seus estudos e trabalho no futuro.
Da mesma forma que sofreu um enorme prejuízo de cunho social, por ter sido excluído
da sociedade e do mercado de trabalho, pois está impedido de exercer atividades que
necessite se movimentar.
Ademais, pela simples análise do caso em exame, identifica-se a presença de todos os
requisitos indispensáveis à obrigatoriedade de indenizar de parte da reclamada, onde o
fato lesivo está consubstanciado na negligência da reclamada ao desrespeitar as normas
protetivas a saúde e a segurança no ambiente de trabalho, consumando-se com a grave
lesão sofrida pelo reclamante.
Lembra-se ainda que do acidente sofrido pelo reclamante, restaram sequelas
permanentes que levará consigo pela vida toda, pois este perdeu totalmente a
mobilidade do pé direito, restando reduzida sua capacidade laboral, bem como restou
imensamente prejudicado seu convívio em sociedade, passa o tempo em casa sentado ou
deitado, e por onde passa, com o pé descoberto todos ficam observando com
curiosidade, alguns até com repugnância ao ver o estado atual do pé do reclamante
(fotografia anexa), inclusive o reclamante foi orientado a procurar um psicólogo, pois
ainda encontra-se muito abalado com sua atual situação, tem pesadelos com o acidente,

_____________________________________________________________________________

9
mesmo após decorrido vários meses do acidente, ainda sente muitas dores e sempre que
tenta fazer algum esforço físico seu pé dói.
Resta inequívoco, o dano sofrido pelo reclamante, pois está devidamente comprovado
pelos atendimentos médicos a que foi submetido, fotografias anexas aos autos, pela
perda e redução, não apenas da capacidade laborativa, mas pela perda de sua
DIGNIDADE, bem jurídico maior tutelado constitucionalmente no Art. 1º, III, CF, além
da ofensa a cidadania e os valores do trabalho, em ofensa ainda ao art. 170, CF, que diz
que a ordem econômica funda-se na livre iniciativa e na valorização do trabalho
humano.
Vejamos os artigos mencionados!
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
Está plenamente demonstrado pela gravidade do dano e nexo da causalidade e culpa,
entre a conduta da reclamada e a conduta do reclamante, somando-se a negligência e
omissão demonstrada pela reclamada ao não adotar medidas de prevenção e segurança
nos termos do art. 7º, inciso XXVIII da Constituição Federal, o que sem sombra de
dúvida, caso a máquina utilizada pelo reclamante, fosse dotada de um item mínimo de
segurança, uma grade de proteção, mesmo que adaptada, até mesmo fabricada de forma
artesanal, certamente o acidente grave que o reclamante sofreu, poderia ter sido evitado,
por si só, já demonstram que os fatos são incontroversos no sentido dos prejuízos
gravíssimos suportados pelo reclamante.
Vejamos!
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
Isto posto, e tendo em vista o amplo respaldo fático e jurídico, requer que seja
reconhecida a culpa da reclamada pelo acidente de trabalho que o reclamante sofreu, e,
de conseqüência o dever de indenizar, eis que demonstrado que o acidente ocorreu
quando o reclamante estava a serviço da reclamada, e, em razão do descumprimento das
normas apontadas, decorrendo daí a limitação da capacidade laborativa do reclamante,
ou, se Vossa excelência entender pela insuficiência de prova de culpa, o que não se
acredita, seja o reclamante indenizado com fundamento na teoria do risco,
responsabilidade objetiva conforme fundamentos retro expostos.

_____________________________________________________________________________

10
V. DA ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA
O reclamante sofreu o acidente quando prestava seus serviços para a reclamada em
29/08/2020, ficou vários meses afastados, depois procurou a reclamada e nada
adiantou, sendo despedido, em plena estabilidade acidentária. Dessa forma, o
reclamante tem direito à estabilidade acidentária prevista no artigo 118 da Lei nº
8.213/91, portanto não poderia ter sido demitido dentro do prazo de estabilidade legal.
Art. 118/lei 8213/91, in verbis:
" O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze
meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente. "
Logo, aplicável o entendimento expresso na Súmula nº 378, item II, do TST, abaixo
transcrita:
“Estabilidade provisória. Acidente do trabalho. art. 118 da Lei nº 8213/1991.
Constitucionalidade. Pressupostos. (Conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 105
e 230 da SDI-1 - Res. 129/2005, DJ 20.04.2005)
I - E constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à
estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao
empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 - Inserida em 01.10.1997) “
II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e
a conseqüente percepção do auxílio doença acidentário, salvo se constatada, após a
despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do
contrato de emprego. (Primeira parte - ex-OJ nº 230 - Inserida em 20.06.2001)
( sublinhamos)

VI. DANOS MORAIS RELATIVOS AO ACIDENTE SOFRIDO PELO


RECLAMANTE
1. Quanto aos danos morais, verifica-se no presente caso que, em razão do acidente
sofrido pelo reclamante enquanto exercia suas atividades laborais, restou configurado o
dano moral de difícil mensuração.
2. É inegável que a situação pela qual passa o reclamante é degradante, ofendendo
diretamente sua dignidade, pois perdeu a sua capacidade de se colocar de pé, e de andar
sozinho.
3. Ademais, os traumas sofridos em seu tornozelo direito, devidamente comprovados
pela documentação anexa, aclara ainda mais o fato de que foi prejudicado pelo resto de
sua vida, pois essa debilidade reduziu consideravelmente sua capacidade laborativa para
qualquer outra atividade e inclusive quanto á disputa para o mercado de trabalho,
prejudicando-o patrimonialmente e privando-lhe da busca de melhores condições de
vida ou mesmo de manter suas atuais.

_____________________________________________________________________________

11
4. Ainda nesse sentido, o pedido de dano moral resta caracterizado na presença dos três
requisitos da responsabilidade civil: culpa, dano e nexo causal, sendo que os
fundamentos jurídicos do dano moral estão positivados no art. 5º, X, CF e nos arts. 186
e 927 do CC.
5. Segundo o art. 5º da CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação; [...]
Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927, CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Art. 950, CC. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das
despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que
ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja
arbitrada e paga de uma só vez.
6. O que também deve ser considerado no caso em tela é que o acidente que o
reclamante foi vítima, na época com “apenas” 27 anos, causou-lhe além da dor,
sofrimento e angústias próprios de um acidente de grande porte, também deixou uma
seqüela definitiva, um enorme defeito físico que o acompanhará por toda a sua
existência.
7. Quanto ao valor da indenização por danos morais decorrentes de acidente do trabalho
deve ser orientada tanto pela gravidade da lesão como pela condição das partes
envolvidas, pois a reclamada é um grande empresaria do ramo da construção civil,
possuí um alto poder aquisitivo, e tem plenas condições de suportar o pagamento de
uma justa indenização em benefício do reclamante, para que possa ao mínimo ressarcir
condignamente os danos que o reclamante sofreu em decorrência do acidente, pautando-
se o julgador pelo princípio da razoabilidade, porém há que ser lembrado a todo
momento que o acidente ocasionou e vem ocasionando prejuízos imensuráveis à vida do
reclamante.
O professor Fernando de Noronha ressalta nesse sentido:
“a reparação de todos os danos que não sejam suscetíveis de avaliação pecuniária
obedece em regra ao princípio da satisfação compensatória: o quantitativo pecuniário a
ser atribuído ao lesado nunca poderá ser equivalente a um ‘preço’, será o valor

_____________________________________________________________________________

12
necessário para lhe proporcionar um lenitivo para o sofrimento infligido, ou uma
compensação pela ofensa à vida ou à integridade física”. (NORONHA, Fernando.
Direito das obrigações, v. 1, 2003, p. 569). (grifo nosso).
Segundo as palavras do Desembargador Milton dos Santos Martins, do Tribunal de
Justiça do RS, que com maestria consagra a indenização do dano moral:
"Sempre atribuímos mais valores às coisas materiais do que às coisas pessoais e de
espírito. Não se indenizam as ofensas pessoais, espirituais, e se indenizam os danos
materiais. Quer dizer, uma bicicleta, um automóvel, tem mais valor do que a honra e a
boa fama do cidadão. Não se mediria a dor, esta não tem preço, indigno cobrar (...).
tem-se de começar a colocar no ápice de tudo não o patrimônio, mas os direitos
fundamentais à vida, à integridade física, à honra, à boa fama, à privacidade, direitos
impostergáveis da pessoa. O direito é feito para a pessoa. Não se concebe que se queira
discutir ainda hoje se indenizável ou não o chamado 'dano moral'. (Ap. Civil n. 38.677 -
2ª Câmara Cível - Porto Alegre - j. 29/10/81)."
Destarte, o empregado não pode sofrer qualquer dano pelo simples fato de executar o
contrato de trabalho. O risco para viabilizar a atividade econômica é do empregador nos
termos do art. 2º, da CLT. Contudo, é comum o trabalhador sofrer danos quando do
cumprimento de sua função contratual, independente de culpa patronal, mas como mera
decorrência do exercício de suas atividades, fazendo jus à conseqüente reparação.".
(DALLEGRAVE NETO, J. A. Responsabilidade Civil no Direito do Trabalho. Capítulo
III - Teoria Geral da Responsabilidade Civil, LTr, 3ª Edição, págs. 78 a 105).
É pacífico o entendimento do Egrégio Tribunal da 4ª Região:
ACIDENTE DE TRABALHO. DANOS MATERIAIS E MORAIS. Configurado o nexo
de causalidade entre a lesão no dedo e a perda auditiva da reclamante e o acidente
sofrido, bem como a culpa da reclamada, que não adotou medidas eficientes para a
proteção da saúde e integridade física da trabalhadora, a empregadora é responsável
pela reparação dos danos materiais e morais sofridos pela empregada. (PROCESSO nº
0020218-03.2016.5.04.0406 (RO)
ACIDENTE DO TRABALHO. NEXO CAUSAL. RESPONSABILIDADE.
Comprovada a existência de nexo entre o acidente sofrido pelo empregado e as
atividades laborais desenvolvidas, a empregadora é responsável pela indenização
integral dos danos suportados pelo trabalhador, a teor do art. 5º, inc. X, da CF
combinado com o art. 927 do Código Civil.
Vejamos a Jurisprudência do TRT9ª Região em um caso semelhante ao ocorrido com o
reclamante:
Ementa: TRT-PR-02-03-2007 ACIDENTE DE TRABALHO. ABALO MORAL
ADVINDO DA PERDA DA MÃO E DO ANTEBRAÇO. DANO PRESUMÍVEL. É
totalmente presumível o abalo moral gerado pela perda de um membro (dano in re ipsa)-
o qual, aliado ao dano estético, gera perturbação de ordem puramente moral e
psicológica, culminando, ainda, na redução da capacidade laborativa. Como se não
bastasse, saliento que o Autor, na época do acidente, contava com 20 anos de idade. A
perda de um membro por um jovem, que está em fase de construir sua vida, tanto sob o

_____________________________________________________________________________

13
ponto de vista emocional, quanto financeiro, acarreta também a perda de expectativas e
esperanças, rendendo ensejo, indubitavelmente, a um forte dano de origem moral.(
TRT-9 - 780062005668900 PR 78006-2005-668-9-0-0 (TRT-9)) (sublinhamos e
negritamos)

VIII. DA POSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


1. Culta Excelência, no caso presente, necessário se faz a mitigação do art. 818 da CLT
e a regra disposta no art. 333 do CPC/2015, a fim de ser invertido o ônus da prova em
favor do reclamante, em razão das dificuldades deste em produzir provas de culpa da
parte reclamada pelo acidente diante de sua evidente hipossuficiência, e, em
homenagem ao princípio da aptidão para a prova, que norteia o Direito do Trabalho.
2. A inversão do ônus da prova quanto ao requisito de culpa, tem fundamento no art. 7º,
XXII, CF, art. 157 da CLT e art. 19, § 1º, Lei 8.213/91, Convenção n 155 da OIT,
Portaria 3.214 do MTE, e Artigos, 6º, VIII e 38 do CDC, tendo este como objetivo a
busca da VERDADE REAL que se norteia em principio de justiça, e, no Direito do
Trabalho acresce-se o princípio da hipossuficiência do trabalhador.
3. Nesse sentido, em casos de acidente de trabalho, os tribunais têm admitido a inversão
do ônus da prova, cabendo esta premissa perfeitamente no caso em tela.
4. Requer-se com base em ampla legislação supracitada a inversão do ônus da prova em
favor do reclamante.

IX) DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO


Rescindindo o contrato de trabalho faz jus o reclamante a percepção do aviso prévio a
ser atribuído no valor de sua remuneração, mesmo na rescisão indireta.
Segundo dispõe o art. 7º, XXI, da CF/88, art. Da Lei nº 12.506/2011, c/c o art. 487, § 4º,
da CLT é patente ao estabelecer ser devido o aviso prévio na despedida indireta, o qual
deverá ser pago de forma indenizada e proporcional ao período de duração do contrato
de trabalho.
Assim, a RECLAMADA deve ser coagida a pagar o aviso-prévio devido.

X) DAS FÉRIAS + 1/3 CF


O reclamante faz jus ao recebimento das referidas férias proporcionais, acrescidas de
1/3, relativos ao período trabalhado(com projeção do aviso prévio), conforme nosso
ordenamento jurídico, senão vejamos:
Um dos direitos básicos do trabalhador é o direito a férias remuneradas, tem-se aqui que
como um período indispensável ao trabalhador a fim de que este exerça seu direito ao
lazer e à qualidade de vida, e funda-se, sobretudo no art. 7º, inciso XVII da Constituição
Federal.
Assim, temos que:

_____________________________________________________________________________

14
“O descanso anual remunerado é consagrado em todas as legislações por razões
médicas, familiares e sociais. No Brasil o princípio constitucional está previsto em
Convenção Internacional da OIT [...] seu ordenamento básico corresponde na extensão
de 30 dias corridos, pagamento em dobro quando gozadas a destempo, [...].” [1]
Sabemos ainda que tal direito encontra-se amparo, sobretudo no art. 129 da CLT, in
verbis:
Art. 129 - Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias,
sem prejuízo da remuneração.
Pelo que desde já o requer.

XI ) DO 13º SALÁRIO:
Outra garantia da trabalhadora é o pagamento do 13º salário, também conhecido como
gratificação natalina.
Tal garantia está prevista na lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962,
Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo
empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer
jus.
§ 1º - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro,
por mês de serviço, do ano correspondente.
Ora, Excelência, a reclamada jamais pagou a trabalhadora qualquer gratificação, sempre
dizendo que 13º só possui quem tem carteira assinada, e assim procedeu sem que
houvesse qualquer pagamento. Pelo que desde já o requer.

XII) DO DANO MORAL PELA AUSÊNCIA DE REGISTRO NA CTPS


Como se depreende da documentação acostada, mais precisamente da sua CTPS, bem
como da narrativa fática, O reclamante permaneceu durante todo período trabalhado
sem a devida anotação da CTPS, não tendo acesso aos direitos trabalhistas inerentes ao
contrato de trabalho.
A ausência da anotação na carteira de trabalho do empregado gera dano moral.
Assim decidiu nosso Tribunal: FALTA DE REGISTRO NA CTPS. DANO MORAL.
“Em razão do reconhecimento da fraude á legislação trabalhista na utilização do sistema
de cooperativas e consequente reconhecimento do vínculo empregatício e devidas
anotações na CPPS, por força judicial, procede o pedido.
A mera ausência de anotação de contrato de emprego, por si só, já é suficiente para
abalar a esfera personalíssima do titular, porque retira a sua condição de “cidadão-
trabalhador” e, portanto, joga a trabalhadora na fileira dos excluídos sociais, sem
qualquer aparato da rede de proteção social engendrada pelo Estado Democrático de
Direito, tendo em conta o modo capitalista produtivo eleito pela Sociedade, fundado no
valor social do trabalho e na dignidade da pessoa humana (art. 1º, III e IV, CF). Por
conta da falta de registro a trabalhadora deixou de ostentar a condição de empregada, de
consumidora à crédito, bem como o acesso a rede de proteção social e previdenciárias
de caráter contributivo.

_____________________________________________________________________________

15
A conduta patronal causou gravame ao cabedal de direitos sociais e econômicos da
trabalhadora, desafiando a respectiva compensação pelo ofensor mediante a imposição
de indenização por dano moral.
A ausência da anotação na carteira de trabalho do empregado gera dano moral ao
empregado. (TRT/SP 2ª Região. Processo nº 20110633911. Acórdão nº 20120191177.
4ª Turma. Rel. Des. Ivani Contini Bramante. Publicação 09/03/2012) (grifamos) A
indenização por dano moral é de natureza in re ipsa, ou seja, desnecessária a prova da
dor, bastando provar os fatos, os quais, desde logo seguem evidenciados, eis que o
empregador deixou de anotar a CTPS quando do início do contrato de trabalho, tal
conduta feriu a lei, vejamos:
Art. 29 da CLT - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente
apresentada, contra recibo, pela trabalhadora ao empregador que o admitir, o qual terá o
prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a
remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema
manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério
do Trabalho.
(...) § 3o - A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo acarretará a
lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que deverá, de ofício, comunicar
a falta de anotação ao órgão competente, para o fim de instaurar o processo de anotação.
§ 4o É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado
em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social. submeterá o empregador ao
pagamento de multa prevista no art. 52 deste Capítulo'.
Assim, como dano moral havido pela falta de anotação na CPTS do reclamante, por tal
ato ilícito cometido pela reclamada, requer seja condenado o empregador em 05 (cinco)
salários do autor, bem como condenada a anotar na CTPS a data de entrada, a função, o
salário e a data de saída do reclamante.
Pede-se que a condenação guarde lógica com o potencial econômico da reclamada que
poderá ser comprovado pela juntada das demonstrações financeiras e contábeis, do
IRPF dos últimos 05 (cinco) anos, referido pedido é para que este d. Juízo determine
que a reclamada junte as referidas demonstrações, sob pena de não o fazendo serem
aplicados os artigos 400 até 403 do nCPC, requerendo seja apontado tal condição na
notificação que se expedir ao empregador.

XIII) DA AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS


Outro direito de extremada importância para o trabalhador é o recolhimento do FGTS,
direito esse, de índole tanto alimentar, quanto de caráter social, assim, sua omissão em
recolhê-lo, praticada por parte do empregado fere não só o direito do empregado, como
também de toda a sociedade que se beneficia de forma direta e indireta dos valores
recolhidos.
Vejamos a Jurisprudência a respeito do tema:
01631-2004-015-03-00-0
Relator: Manuel Cândido Rodrigues
Revisor: Marcus Moura Ferreira

_____________________________________________________________________________

16
EMENTA: FGTS NÃO RECOLHIDO AO LONGO DO CONTRATO DE
TRABALHO - LICITUDE DO PAGAMENTO, DIRETAMENTE, AO EMPREGADO,
EM ACORDO JUDICIAL. O FGTS é, sem dúvida, uma contribuição social, sendo seus
recursos aplicados, em vários programas sociais, destinados aos trabalhadores
brasileiros. Entretanto, possui natureza dúplice, sendo, ao mesmo tempo, também,
direito dos empregados urbanos e rurais, conforme assegurado pelo artigo 7o., inciso
III, da Constituição da República. Trata-se, portanto, de direito trabalhista,
constitucionalmente garantido aos empregados urbanos e rurais, a quem resta,
igualmente, assegurado o direito de Ação, junto ao Poder Judiciário. E, por tratar-se de
créditos trabalhistas, os valores do FGTS têm natureza alimentícia, gozando de
prerrogativas, exatamente, porque deles depende a subsistência da trabalhadora e de sua
família. Por tais razões, não tendo havido o recolhimento de tais valores, ao longo do
contrato de trabalho, o pagamento pode ser efetuado, diretamente, ao empregado - caso
presente qualquer das hipóteses de levantamento, previstas na legislação pertinente 
É importante ainda mencionarmos ser direito fundamental do reclamante, que o poderá
usar para diversos fins, os quais certamente contribuíram para a construção de sua
dignidade humana.
Caso procedam os pedidos aqui requeridos, deverá a reclamada suportar o pagamento
do FGTS sobre todos os pedidos com reflexos em todo o período contratual, bem como
por não ter recolhido o FGTS corretamente. Portanto, deverá a reclamada juntar
comprovadamente os recolhimentos de todo o período trabalhado, sob pena de
responderem pelo equivalente.
Tal pedido conta com fundamento na súmula 461 do TST: É do empregador o ônus da
prova em relação à regularidade dos depósitos do FGTS, pois o pagamento é fato
extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC de 2015).
Ex positis, as Reclamadas deverão ser condenadas a indenizar diretamente pelo
percentual de 8% sobre o que deixou de recolher e sobre cada parcela que restar
deferida nesta inicial.

XIV) DA MULTA DO ART. 467 DA CLT


Versa o artigo 467 da CLT que: "em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo
controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar
aa trabalhadora, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa
dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento"
Assim é que, caso a Reclamada não quite as parcelas incontroversas acima mencionadas
à data da audiência inaugural, é que se requer a aplicação da multa do art. 467da CLT.

XV) DA MULTA DO ART. 477 DA CLT


Informa O reclamante que não foram adimplidas as verbas rescisórias, assim a
Reclamada extrapolou o prazo que trata o parágrafo 6° do art.477 da CLT.
Com isso, faz jus O reclamante ao pagamento da multa prevista no parágrafo 8° art. 477
da CLT.

XVI) DOS RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS

_____________________________________________________________________________

17
Em atendimento aos princípios da economia e celeridade processual, vem O reclamante
requerer a esse Juízo que fixe desde logo em sentença, a responsabilidade pelo
recolhimento dos valores devidos a título de imposto de renda e de recolhimentos
previdenciários.
Observa-se que a Lei 8620/93, determina o recolhimento da verba devida ao INSS,
todavia a mesma não obriga que tal recolhimento deva ser descontado do empregado,
mesmo porque tal previsão estaria contrariando o entendimento a teor do artigo 33, § 5º
da Lei nº 8.212/91, o qual impõe ao empregador de forma expressa o ônus do
recolhimento intempestivo das referidas contribuições previdenciárias.

Lei 8212/91 § 5º - O desconto de contribuição e de


consignação legalmente autorizadas sempre se presume
feito oportuna e regularmente pela empresa a isso
obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se
eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável
pela importância que deixou de receber ou arrecadou em
desacordo com o disposto nesta Lei.
§ 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer
outro documento da empresa, a fiscalização constatar que
a contabilidade não registra o movimento real de
remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento
e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as
contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o
ônus da prova em contrário. (o original não sustenta os
grifos)
Pelo exposto deverá a reclamada arcar com a totalidade correspondente à contribuição
do INSS, uma vez que deu causa ao inadimplemento face aos recolhimentos em testilha.

XVII) DA CORREÇÃO MONETÁRIA


A correção monetária deverá ser aplicada a partir do mês em que se constitui a
obrigação, ou seja, do próprio mês da prestação. Portanto, requer seja aplicada a
correção monetária, desde o início do vínculo laboral, considerando que a obrigação de
fazer (pagamento) deve ser corrigido mês a mês, tudo devidamente apurado na fase de
liquidação de sentença.

XVIII) DOS RECOLHIMENTOS DO IMPOSTO SOBRE A RENDA.


A conduta lesiva da reclamada quando da sonegação aos direitos dO reclamante, os
quais deveriam ter sido satisfeitos em época própria é por si só um comportamento
irresponsável. Ocorre que O reclamante vem provocar o juízo no intento de resgatar
direitos então negados pelo empregador e, este procedimento não pode ser prejudicado
quando da incidência do imposto de renda, posto que se a reclamada tivesse cumprido
com suas obrigações O reclamante estaria legalmente abrigado na tabela progressiva
aplicável aos rendimentos da trabalhadora assalariado.

_____________________________________________________________________________

18
Dessa forma, não se admite que a correção por força judicial dos direitos advindos do
trabalho se transforme em um ônus aa trabalhadora compelindo-o a arcar com um
sistema fiscal oneroso.
Assim sendo, com fundamento no artigo 8º da CLT, combinado com os artigos 186 e
927 do Código Civil, entendemos que deve a reclamada ser responsabilizado e
condenado pelo recolhimento do imposto de renda, não admitindo deduções a esse título
dos créditos resultantes da presente ação, o que então desde já fica requerido.
Todavia, caso Vossa Excelência, assim não entenda, requer desde logo, seja aplicada a
tabela progressiva para cálculo do imposto devido, sobre as parcelas tributáveis
separadamente, ou seja, mês a mês, até o limite de isenção permitido, da mesma forma
que ocorreria caso o pagamento fosse efetuado no momento oportuno e, NUNCA
SOBRE O TOTAL DO CRÉDITO A SER APURADO. Requer então seja atribuída esta
interpretação quando da determinação da forma do recolhimento do referido tributo.

XIX) DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO MINISTÉRIO DO TRABALHO E AO


MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO.
Como a reclamada cometeu irregularidades passíveis de penalidades administrativas,
como por exemplo, DEIXAR DE anotar a CTPS, dentre outros, acabou por cometer
crime contra a organização do trabalho, posto que frustrou direito assegurado pela
legislação trabalhista e, esta fraude praticada pelo empregador prejudicou O reclamante
tanto na esfera trabalhista quanto na esfera previdenciária.
É a presente para requerer expedição de ofícios ao Ministério do Trabalho e Ministério
Público do Trabalho para a instauração de processo administrativo e processo criminal
em face da reclamada, nos termos da lei criminal: CÓDIGO PENAL “Art. 203. Frustrar,
mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: Pena –
detenção, de 1 (um) ano a 2 (dois) anos, e multa, além da pena correspondente à
violência...

XX) DO CUMPRIMENTO ESPONTÂNEO DA OBRIGAÇÃO – ARTIGO 523


DO CPC.
Por oportuno, requer desde já seja determinada, em sede de sentença, a aplicação do
artigo 523 do Código de Processo Civil, aplicável ao processo do trabalho por força do
artigo 769 da CLT.
Acerca da aplicabilidade do artigo supramencionado, se faz necessário esclarecer que
este não se mostra incompatível com os ditames da execução trabalhista, veja: A multa
de 10% (dez por cento) prevista no artigo 523 situa-se no livro I do Título VIII,
Capítulo X do Código de Processo Civil, o qual disciplina o procedimento ordinário,
não adentrando o processo de execução, que se inicia no Livro II, Título I Capítulo I do
referido diploma legal.
Ressalta-se que o referido dispositivo trata de cumprimento espontâneo da sentença,
tratando-se de inovação jurídica, trazida pela lei 11.232/05, sob a denominação de
processo sincrético, sendo a norma consolidada omissa a este respeito.
Dessa forma, considerando que a multa ali prevista é aplicada na fase de conhecimento,
que a CLT apresenta lacuna normativa, bem como que não há afronta aos princípios da

_____________________________________________________________________________

19
execução trabalhista, que prisma pela celeridade na satisfação, a exemplo da Súmula 01
editada pelo TRT da 2ª Região, segunda a qual o cumprimento da decisão se dará com o
pagamento do valor incontroverso em 48 horas, restando assim pendente apenas o
controvertido saldo remanescente, que deverá ser garantido com a penhora, não há que
se falar em incompatibilidade com o processo do trabalho. Nestes termos, requer seja
determinado, após o trânsito em julgado, o cumprimento espontâneo da obrigação, nos
termos do artigo 523 do CPC, por ser esta a medida de direito que se impõe.

XXI) DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

 A reforma trabalhista reconheceu aos advogados particulares, o direito à percepção de


honorários advocatícios na Justiça do Trabalho. Neste sentido, é o que determina o
artigo 791-A da CLT incluído pela reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017) nos
seguintes termos:
“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários
de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15%
(quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
(Artigo incluído pela Lei nº 13.467/2017 - DOU 14/07/2017)
Portanto, requer ba condenação da reclamada ao pagamento dos honorários
Advocatícios contratados, calculados à base de 15% sobre o valor líquido da
condenação, nos termos da fundamentação exposta.

XXII) DA DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS ACOSTADOS


À INICIAL
Nos termos do artigo 830 da CLT e artigo 365, IV, do CPC, a patrona ao final assinada
declara que todos os documentos em cópias reprográficas juntados com a presente
inicial conferem com os originais, dando-lhes autenticidade para todos os fins.

DEMONSTRATIVO

_____________________________________________________________________________

20
DOS PEDIDOS PROPRIAMENTE DITOS

Por oportuno, caso Vossa Excelência, entenda ausente alguma formalidade nesta peça
de entrada, requer seja aplicada a Súmula 263 do C. TST e, diante de toda argumentação
exposta é que passamos então a relacionar os pedidos MEDIATOS, respectivamente a
cada causa de pedir, evitando assim eventual preliminar de inépcia por ausência de
pedido ou mesmo causa de pedir, tudo para que este D. Juízo CONDENE a reclamada, e
assim o fazemos:

a) Requer a causa de pedir I, concessão da gratuidade de justiça, por seus próprios


fundamentos exarados na parte preambular desta reclamação, bem como, no pedido de
gratuidade de justiça de próprio punho redigido pelo reclamante;

b) Requer a causa de pedir II, o reconhecimento do vínculo de emprego entre a


reclamada e o reclamante em razão da presença dos requisitos legais essenciais como
Não eventualidade, Subordinação, Onerosidade, Pessoalidade e Alteridade , e a
consequentemente anotar a CTPS do reclamante com a devida função, data de entrada e
data de saída do labor, bem como comprovar o pagamento de todas as verbas rescisórias
do reclamante, como saldo de salário, aviso prévio, férias vencidas acrescidas do terço
constitucional, décimo terceiro, aviso prévio, FGTS mais multa de 40%, entrega das
guias para prosseguimento do FGTS; entrega da guia CD para prosseguimento do
Seguro Desemprego, caso empregador não comprove o pagamento, deverá então ser
condenado nas verbas acima indicadas, sem prejuízo de aplicação da multa do artigo
477 e 467 da CLT, o que desde já se requer;

c) Requer a causa de pedir III, seja reconhecido o direito do reclamante de RESCISÃO


INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO, por não cumprir a Reclamada o que
dispõe o contrato de trabalho e ainda, sendo culpa exclusiva da mesma, nos termos do
artigo 483, alínea “d” da CLT.

d) o reconhecimento da estabilidade acidentária, com o respectivo pagamento de todos


os salários vencidos e vincendos a contar de agosto de 2020, bem como o pagamento
de férias com acréscimo de 1/3, décimo terceiro salário, recolhimento de FGTS e
demais encargos sociais, vide fundamentação constante da presente.

_____________________________________________________________________________

21
e) o pagamento de Danos Morais, em valor não inferior a cinco (05) salários
(remuneração) do autor, pela falta de assinatura em sua CTPS.

f) que seja reconhecida a culpa da reclamada pelo acidente de trabalho, e, de


conseqüência o dever de indenizar, eis que demonstrado que o acidente ocorreu quando
o reclamante estava a serviço, e, em razão do descumprimento das normas apontadas,
decorrendo daí a limitação da capacidade laborativa do reclamante, ou, se Vossa
excelência entender pela insuficiência de prova de culpa, o que não se acredita, seja o
reclamante indenizado com fundamento na teoria do risco, responsabilidade objetiva
conforme fundamentos retro expostos.

g) Requer-se ainda, a condenação da reclamada ao pagamento dos seguintes danos ao


reclamante em função do acidente

1) DANO MORAL – nos termos expostos, requerendo indenização em montante à ser


fixado por Vossa Excelência, sugerindo-se o valor não inferior à cinco vezes o salário
mínimo vigente devidamente atualizado.

h) Requer a causa de pedir V, a reclamada seja condenado ao pagamento do aviso


prévio de acordo com o art. 487 da CLT;

i) Requer a causa de pedir VIII, a condenação da reclamada no pagamento das férias de


todo o pacto laboral devidas, incluído o prazo do aviso prévio;

l) Requer a causa de pedir IX, a condenação da reclamada ao pagamento do 13º salário


de todo o pacto laboral devidos, também conhecido como gratificação natalina. Posto
que tal garantia está prevista na lei nº 4.090/62.

n) Requer a causa de pedir XI, a condenação da reclamada em no mínimo 05 (cinco)


salários da autora a titulo de Dano Moral , em razão de prática de ato ilícito em face do
reclamante, qual seja, contratação sem assinatura de CTPS, bem como seja a reclamada
condenado a anotar na CTPS a data de entrada, a função, o salário e a data de saída do
reclamante.
Pede-se que a condenação guarde lógica com o potencial econômico da reclamada que
poderá ser comprovado pela juntada das demonstrações financeiras e contábeis, do IRF
dos últimos 05 (cinco) anos, referido pedido é para que este d. Juízo determine que a
reclamada junte as referidas demonstrações, sob pena de não o fazendo serem aplicados
os artigos 400 até 403 do nCPC, requerendo seja apontado tal condição na notificação
que se expedir ao empregador;

_____________________________________________________________________________

22
o) Requer a causa de pedir XIII, caso deferidos quaisquer dos pedidos aqui pleiteados,
deverá a reclamada arcar com os pagamentos referentes ao FGTS, acrescido da multa
de 40%, inclusive sobre os reflexos concernentes ao período contratual, acrescidos de
juros e correção monetária, pois deixou de efetuar corretamente os devidos depósitos;

p) Requer a causa de pedir XIV, aplicação da multa do artigo 477 da CLT.

q) Requer a causa de pedir XV, aplicação da multa do artigo 467 da CLT.

r) Requer a causa de pedir XVI, a condenação das Reclamadas em suportarem a


regularização fiscal e previdenciário, já que as condutas omissas e altamente lesivas da
empresas fizeram culminar a provocação da jurisdição, não podendo, de forma alguma
traduzir-se em prejuízo ao reclamante, posto que é de responsabilidade do empregador o
recolhimento fiscal e previdenciário, todavia, caso Vossa Excelência afaste esse
entendimento, requer-se então a seja aplicada a tabela progressiva para cálculo do
imposto devido, sobre as parcelas tributáveis separadamente, ou seja, mês a mês, até o
limite de isenção permitido, da mesma forma que ocorreria caso o pagamento fosse
efetuado no momento oportuno e, nunca sobre o total do crédito a ser apurado em
liquidação de sentença.

s) Requer a causa de pedir XVII, correção monetária, a qual deverá ser aplicada a
partir do mês em que se constitui a obrigação, ou seja, do próprio mês da prestação.
Portanto, requer seja aplicada a correção monetária, desde o início do vínculo laboral,
considerando que a obrigação de fazer (pagamento) deve ser corrigido mês a mês, tudo
devidamente apurado na fase de liquidação de sentença.
t) Requer a causa de pedir XVIII, a condenação da reclamada pelo recolhimento dos
valores devidos a título de imposto de renda e de recolhimentos previdenciários.

u) Requer a causa de pedir XIX, ante as irregularidades praticadas pelas Reclamadas


passíveis de penalidades administrativas, e tamb ém pelo crime contra a organização do
trabalho, posto que frustrou direito assegurado pela legislação trabalhista, requer seja
expedido ofícios ao Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho para a
instauração de processo administrativo e processo criminal em face da reclamada, nos
termos da causa de pedir supra;

v) Requer a causa de pedir XX, a condenação em sentença do artigo 523 do CPC,


conforme requerido na causa de pedir;

x) a realização de perícia médica a cargo de perito médico do Trabalho nomeado por


Vossa Excelência, para confirmação e constatação do real estado de saúde do
reclamante, de forma a comprovar o acidente e suas seqüelas, indicando a sua
incapacidade ou redução de sua capacidade para o trabalho.

_____________________________________________________________________________

23
y) Requer a condenação da causa de pedir IX, a condenação da Reclamada ao
pagamento de custas e demais despesas processuais, inclusive em honorários
advocatícios, importe de 15% ou a critério do M.M JUÍZO, uma vez que preenchidos
os requisitos legais para sua concessão.

z) Pagar indenização de 12 meses de salário, referente ao período estabilitário, com


salários, FGTS e multa de 40%, aviso prévio, férias com 1/3, décimo terceiro e todas as
demais verbas trabalhistas, rescisórias e previdenciárias, consectárias do contrato de
trabalho;

Nesses termos vem requerer o pedido imediato, qual seja que a Jurisdição Especializada
determine à Reclamada, por meio de notificação, para que compareça à audiência
designada, sob pena de revelia e confissão quanto a matéria de fato, prosseguindo-se
nos ulteriores atos e termos do processo até a sentença que, data vênia, deverá ser
julgada TOTALMENTE PROCEDENTE A PRESENTE RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA, para o fim de condenar as Reclamadas ao pagamento do principal,
além dos juros de mora, da correção monetária e custas judiciais.
Outrossim, requer seja a reclamada compelido a juntar toda a documentação pertinente
à Reclamante, como holerites, controles de jornada e todo e qualquer documento
relacionado ao Autor, conforme amplamente requerido nas respectivas causas de pedir,
sob pena dos artigos 396 e 400 do CPC, sem prejuízo da prova testemunhal e demais
que forem necessárias ao deslinde desta reclamação.
Protestando ainda, por todos os meios de provas em direito admitidas, especialmente
pelo depoimento pessoal da reclamada sob pena de confissão e sem prejuízo de
aplicação da Súmula 74, I do Colendo TST, e ainda inquirição de testemunhas, perícia
técnica, juntada de documentos e outras que se fizerem necessárias no decorrer do
processo.
Requer ainda a compensação de eventual valor já quitado, desde que devidamente
comprovado nos autos, evitando assim entendimento de pedido de verba já quitada.
Atribuindo a presente Reclamação o valor de R$ 84.169,55 (Oitenta e quatro mil
Cento e sessenta e nove reais e cinquenta e cinco centavos), para efeito de alçada,
sem prejuízo de atualização monetária e juros a serem calculados em regular liquidação
de sentença.
Termos em que,
Pede deferimento.
Itaituba, 04 de julho de 2021.

_____________________________________________________________________________

24
(Assinado digitalmente)

Rol de documentos:

_____________________________________________________________________________

25

Você também pode gostar