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SUMÁRIO
É fato que no Brasil existe um débito social para com os negros, desde que os mesmos
foram libertos, surgiu então no país vários aparatos, inclusive legislativos, que os excluíam
não só do sistema educacional, mas também do mercado de trabalho. Além disso, houve
também uma política de “branqueamento” da população brasileira, por meio da promoção da
imigração europeia, ou seja, logo após a abolição da escravatura foi absolvida a mão-de-obra
europeia, impedindo assim, a criação de uma classe média negra no Brasil.
Em nossa primeira Constituição de 1924, o legislador constituinte encontrou uma
forma de referenciar implicitamente, aos cidadãos brasileiros libertos, que teve redução do
direito civil, passando a gozar de sua liberdade, mas sem alcançar a mesma capacidade civil
dos cidadãos brasileiros ingênuos. Pois, uma Carta Magna, não poderia prever expressamente
sobre a escravidão, seria uma contradição em termos.
Denomina-se ingênuos aqueles que nasceram livres, e libertos aqueles que tinham
nascidos escravos e conseguiu a liberdade.
A Carta Imperial, em seu artigo 94, §2º, coloca os libertos em condição de cidadãos de
segunda classe:
Art. 94. Podem ser eleitores e votar na eleição dos deputados, senadores e membros
dos conselhos de província todos os que podem votar na assembléia paroquial.
Excetuam-se: 1º) Os que não tiverem de renda líquida anual duzentos mil réis por
bens de raiz, indústria, comércio ou emprego. 2º) Os libertos. 3º) Os criminosos
pronunciados em querela ou devassa.
Conclui-se que, há sim um débito social para com os negros em nosso país, ele surge
quando há o reconhecimento pelo Estado a necessidade de correção desigualdade raciais
presentes na sociedade. Cumpre lembrar que o próprio Estado promoveu a desigualdade racial
por meio de sua legislação, através da primeira Constituição, em 1924, como supracitado.
Segundo Contins (2002, pág. 210), as ações afirmativas possuem por função
específica:
As ações afirmativas são medidas de equiparação que tem por objetivo assegurar a
igualdade de oportunidade aos que tiveram restrições a alguns direitos, por um período
histórico significativo, tentando fazer com que atinjam esses direitos outrora restringidos em
relação aqueles que não sofreram restrições.
Essa politica de discriminação positiva não é algo recente em nosso ordenamento
jurídico, pode-se fazer um breve relato histórico de alguns instrumentos relacionado.
Em 1930, foi assinado pelo então Presidente Getúlio Vargas o Decreto 19.482 que em
seu artigo 3º, garantia a contratação de mão-de-obra nacional, prevendo reserva de 2/3 das
vagas das empresas multinacionais que estavam sendo instaladas no Brasil.
Em 1968, foi aprovada a Lei nº 5.465 conhecida como a Lei do Boi, que assegurava
vagas nos cursos de Veterinária e Agronomia para candidatos agricultores ou filhos destes.
Esta teve vigência até em 1986, foi revogada pela Lei nº 7423/85.
Quanto ao Afrodescendentes, podemos citar alguns Projeto de Lei com o mesmo
intuito das ações afirmativas.
- Projeto de Lei n º 650/99, de autoria do Senador José Sarney (PMDB), que “Institui
quotas de ação afirmativa para a população negra no acesso aos cargos e empregos públicos, à
educação superior e aos contratos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino
Superior (FIES).”
- Projeto de Lei n º 3.198/2000, de autoria do então Deputado Federal, Paulo
Paim (PT), que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial.
“Art. 1°. Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, em defesa dos que
sofrem preconceito ou discriminação racial e destina-se a regular os direitos
especiais daqueles que são discriminados pela sua etnia. raça e/ou cor.”
https://victorrigueti.jusbrasil.com.br/artigos/195261248/politica-de-cotas-raciais
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19482-12-dezembro-
1930-503018-republicacao-82423-pe.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L5465impressao.htm
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=55519