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Da constitucionalidade do sistemas de cotas no Brasil: o negro a luz das ações

afirmativas educacionais e laborativas

Lorrane Pereira do Nascimento, Cristiano de Freitas Souza

SUMÁRIO

1. Introdução ....................................................................................................... (...)


2. Da existência de débito social para com o negro no Brasil............................. (...)
2.1 Fundamentos históricos que norteiam as ações afirmativas relativas a política de
cotas (...)
3. Normas brasileiras redutoras de desigualdade racial: o negro no cenário
educacional e laborativo(...)
4. O papel da CF/88: garantia de isonomia ou quebra da igualdade?.................(...)
4.1. Discriminação positiva: realidade ou mito?.................................................(...)
5. Resultados e perspectivas
Da existência de débito social para com o negro no Brasil (Fatores históricos, conceitos,
princípios bases, há débito social?)

É fato que no Brasil existe um débito social para com os negros, desde que os mesmos
foram libertos, surgiu então no país vários aparatos, inclusive legislativos, que os excluíam
não só do sistema educacional, mas também do mercado de trabalho. Além disso, houve
também uma política de “branqueamento” da população brasileira, por meio da promoção da
imigração europeia, ou seja, logo após a abolição da escravatura foi absolvida a mão-de-obra
europeia, impedindo assim, a criação de uma classe média negra no Brasil.
Em nossa primeira Constituição de 1924, o legislador constituinte encontrou uma
forma de referenciar implicitamente, aos cidadãos brasileiros libertos, que teve redução do
direito civil, passando a gozar de sua liberdade, mas sem alcançar a mesma capacidade civil
dos cidadãos brasileiros ingênuos. Pois, uma Carta Magna, não poderia prever expressamente
sobre a escravidão, seria uma contradição em termos.

A Constituição supracitada, em seu artigo 6°, §1º, classificava os cidadãos brasileiros


em duas categorias, os ingênuos e os libertos: “1º Os que no Brasil tiverem nascido, quer
sejam ingênuos ou libertos, ainda que o pai seja estrangeiro, uma vez que este não resida por
serviço de sua nação.”

Denomina-se ingênuos aqueles que nasceram livres, e libertos aqueles que tinham
nascidos escravos e conseguiu a liberdade.

Podemos concluir que se o legislador refere a condição de cidadão aqueles que se


apresentavam como ingênuos e libertos, subtende que, existia no território imperial a
possibilidade de haver outros indivíduos que não poderiam ser considerados cidadãos, por não
possuir a liberdade, ou seja, os escravos.

A Carta Imperial, em seu artigo 94, §2º, coloca os libertos em condição de cidadãos de
segunda classe:

Art. 94. Podem ser eleitores e votar na eleição dos deputados, senadores e membros
dos conselhos de província todos os que podem votar na assembléia paroquial.
Excetuam-se: 1º) Os que não tiverem de renda líquida anual duzentos mil réis por
bens de raiz, indústria, comércio ou emprego. 2º) Os libertos. 3º) Os criminosos
pronunciados em querela ou devassa.
Conclui-se que, há sim um débito social para com os negros em nosso país, ele surge
quando há o reconhecimento pelo Estado a necessidade de correção desigualdade raciais
presentes na sociedade. Cumpre lembrar que o próprio Estado promoveu a desigualdade racial
por meio de sua legislação, através da primeira Constituição, em 1924, como supracitado.

Fundamentos históricos que norteiam as ações afirmativas relativas a política de cotas


(Descrever sobre ações afirmativas e políticas de cotas e os fundamentos/razões históricas de
sua existência)

Segundo Contins (2002, pág. 210), as ações afirmativas possuem por função
específica:

“[...] a promoção de oportunidades iguais para pessoas vitimadas por


discriminação. Seu objetivo é, portanto, o de fazer com que beneficiados possam
vir a competir efetivamente por serviços educacionais e por posições no mercado
de trabalho”

As ações afirmativas são medidas de equiparação que tem por objetivo assegurar a
igualdade de oportunidade aos que tiveram restrições a alguns direitos, por um período
histórico significativo, tentando fazer com que atinjam esses direitos outrora restringidos em
relação aqueles que não sofreram restrições.
Essa politica de discriminação positiva não é algo recente em nosso ordenamento
jurídico, pode-se fazer um breve relato histórico de alguns instrumentos relacionado.
Em 1930, foi assinado pelo então Presidente Getúlio Vargas o Decreto 19.482 que em
seu artigo 3º, garantia a contratação de mão-de-obra nacional, prevendo reserva de 2/3 das
vagas das empresas multinacionais que estavam sendo instaladas no Brasil.

“Art. 3º Todos os indivíduos, empresas, associações, companhias e


firmas comerciais, que explorem, ou não, concessões do Governo
federal ou dos Governos estaduais e municipais, ou que, com esses
Governos contratem quaisquer fornecimentos, serviços ou obras,
ficam obrigadas a demonstrar perante o Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio, dentro do prazo de noventa dias, contados da
data da publicação do presente decreto, que ocupam, entre os seus
empregados, de todas as categorias, dois terços, pelo menos, de
brasileiros natos.” 

Em 1968, foi aprovada a Lei nº 5.465 conhecida como a Lei do Boi, que assegurava
vagas nos cursos de Veterinária e Agronomia para candidatos agricultores ou filhos destes.

Art. 1º Os estabelecimentos de ensino médio agrícola e as escolas


superiores de Agricultura e Veterinária, mantidos pela União, reservarão,
anualmente, de preferência, de 50% (cinqüenta por cento) de suas vagas a
candidatos agricultores ou filhos dêstes, proprietários ou não de terras, que
residam com suas famílias na zona rural e 30% (trinta por cento) a
agricultores ou filhos dêstes, proprietários ou não de terras, que residam em
cidades ou vilas que não possuam estabelecimentos de ensino médio.

Esta teve vigência até em 1986, foi revogada pela Lei nº 7423/85.
Quanto ao Afrodescendentes, podemos citar alguns Projeto de Lei com o mesmo
intuito das ações afirmativas.
- Projeto de Lei n º 650/99, de autoria do Senador José Sarney (PMDB), que “Institui
quotas de ação afirmativa para a população negra no acesso aos cargos e empregos públicos, à
educação superior e aos contratos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino
Superior (FIES).”
- Projeto de Lei n º 3.198/2000, de autoria do então Deputado Federal, Paulo
Paim (PT), que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial.

“Art. 1°. Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, em defesa dos que
sofrem preconceito ou discriminação racial e destina-se a regular os direitos
especiais daqueles que são discriminados pela sua etnia. raça e/ou cor.”

- Projeto de Lei n º 6.912/2002, do Senador José Sarney, que institui ações


afirmativas em prol da população brasileira afrodescendente. O Projeto está sendo analisado
por uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados, estando apenso ao Projeto de Lei n º
3.198/2000 (texto originário do Estatuto da Igualdade Racial), e ainda aos Projetos de Lei n º
3.435/2000 e n º 6.214/20

Normas brasileiras redutoras de desigualdade racial: o negro no cenário educacional e


laborativo (Quais são as normas? Como o negro se situa em face destas normas)
O papel da CF/88: garantia de isonomia ou quebra da igualdade? (Igualdade formal e
substancial - há ofensa a CF/88? Inserir julgado do STF)

Discriminação positiva: realidade ou mito? (O que é discriminação positiva? É uma


realidade ou se trata de um mito/discurso demagogo?)

Resultados e perspectivas (O que se tem, onde se pretende chegar e como chegar)


https://jus.com.br/artigos/64044/o-principio-da-igualdade-a-discriminacao-positiva-e-as-
acoes-afirmativas-em-face-do-sistema-de-cotas-raciais

https://victorrigueti.jusbrasil.com.br/artigos/195261248/politica-de-cotas-raciais

(CONTINS, M.; SANT'ANA, L. C.  O Movimento negro e a questão da ação


afirmativa.  Estudos Feministas. IFCS/UFRJ-PPCIS/Uerj, v. 4, n. 1, p. 210.)

http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19482-12-dezembro-
1930-503018-republicacao-82423-pe.html

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L5465impressao.htm
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=55519

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