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Processo nº 1076824-86.2021.8.26.0053 Sinteps - Sindicato dos Trabalhadores do Centro Estadual de Educação Tecnologica Paula Souza Fazenda Pública do Estado de São Paulo
Vistos.
1. O SINTEPS propôs a presente ação coletiva que
tem como pedido de tutela de urgência a suspensão do pagamento de qualquer valor referente ao Abono-FUNDEB, previsto na Lei Complementar nº 1.363/2021, sob o argumento de que a Lei criou critério critério discriminatório e ilegal para o pagamento do referido abono, limitando-o apenas aos profissionais da educação ligados à Secretaria Estadual de Educação, o que não abrangeria os servidores vinculados ao sindicato. A parte autora alega que o ensino profissional técnico de nível médio estaria abrangido pela educação básica e que, portanto, os servidores do CEETPS teriam sido excluídos do recebimento do abono de forma indevida. A Lei Complementar que determinou o pagamento do Abono-FUNDEB teve como fundamento promover o cumprimento do disposto no artigo 212-A, inciso XI, da Constituição Federal que dispõe o seguinte:
Art. 212-A. Os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 desta Constituição à manutenção e ao desenvolvimento do ensino na educação básica e à remuneração condigna de seus profissionais, respeitadas as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) Regulamento
XI - proporção não inferior a 70% (setenta por cento)
de cada fundo referido no inciso I do caput deste artigo, excluídos os recursos de que trata a alínea "c" do inciso V do caput deste artigo, será destinada ao pagamento dos profissionais da educação básica em efetivo exercício, observado, em relação aos recursos previstos na alínea "b" do inciso V Poder Judiciário 2ª Vara da Fazenda Pública Viaduto Dona Paulina, nº 80, 5º andar, Centro, São Paulo, Capital e-mail: sp2faz@tjsp.jus.br
do caput deste artigo, o percentual mínimo de 15%
(quinze por cento) para despesas de capital;
Dessa forma, o pagamento em questão deve
beneficiar os profissionais da educação básica, que são aqueles previstos no artigo 61 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, vejamos:
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação
escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
I – professores habilitados em nível médio ou
superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
II – trabalhadores em educação portadores de
diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
III – trabalhadores em educação, portadores de
diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
III – trabalhadores em educação, portadores de
diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) Poder Judiciário 2ª Vara da Fazenda Pública Viaduto Dona Paulina, nº 80, 5º andar, Centro, São Paulo, Capital e-mail: sp2faz@tjsp.jus.br
IV - profissionais com notório saber reconhecido
pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados por titulação específica ou prática de ensino em unidades educacionais da rede pública ou privada ou das corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
V - profissionais graduados que tenham feito
complementação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
Os servidores do CEETPS estão incluídos no inciso
III. Ademais, o ensino técnico profissionalizante está englobado no nível de ensino médio, de modo que é certa a inserção dos profissionais do CEETPS na educação básica. Com isso, a parte autora tem razão ao questionar a discriminação feita pela Lei Complementar, que previu a limitação do pagamento do abono aos servidores vinculados à Secretaria Estadual de Educação, o que viola a determinação constitucional do art. 212-A, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, além do princípio da igualdade. Presente, dessa forma, a probabilidade do direito. No mais, há evidente risco de dano se o Estado der prosseguimento ao pagamento, sem considerar a parcela que, sendo procedente a demanda, seria destinada aos professores do CEETPS. Isso porque os valores recebidos de boa-fé pelos servidores vinculados à Secretaria seriam de difícil recuperação para redistribuição futura. Verificados os requisitos legais do artigo 300 do CPC, concedo em parte a tutela de urgência para determinar que o Estado de São Paulo efetue a reserva de valores que seriam destinados aos profissionais da educação básica estadual não vinculados à Secretaria Estadual de Educação, sem prejuízo do pagamento parcial àqueles já beneficiados pela Lei Complementar. Poder Judiciário 2ª Vara da Fazenda Pública Viaduto Dona Paulina, nº 80, 5º andar, Centro, São Paulo, Capital e-mail: sp2faz@tjsp.jus.br
Cópia desta decisão servirá como ofício a ser
encaminhado pela parte interessada. Sem prejuízo, intime-se por oficial de justiça, com urgência, o Estado de São Paulo.
2. Expeça-se mandado de citação, pelo Portal de
Intimação, para apresentar contestação, dispensada por ora a audiência de conciliação, salvo solicitação em contestação, a considerar a persistência do entendimento da Procuradoria da parte Ré sobre não poder transigir. Assim, a designação de audiência de conciliação, além de ser ato infrutífero, acarretaria maior ônus para o Cartório, já com acúmulo insuperável de trabalho, implicando desrespeito ao princípio constitucional da duração razoável do processo. Intime(m)-se. São Paulo, 16 de dezembro de 2021. FERNANDA HENRIQUES GONCALVES ZOBOLI Juiz(a) de Direito (assinado digitalmente)