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A PRODUÇÃO CULTURAL

A distinção social e mecenato:


Durante o Renascimento acompanharam-se várias atitudes socioculturais que
testemunham a crença na superioridade do Homem e no poder do individuo.

A ostentação das elites cortesãs e burguesas:


O tempo do Renascimento viu nascer uma atitude otimista dias alteração da
vida, pouco habitual na idade média. Alegria pela existência foi mais notada pelas
elites sociais (ou cortesãs), onde se misturavam nobres e burgueses em busca de
ascensão. Rodeadas de luxo, conforto, beleza e sabedoria, as elites ostentavam vestes
sumptuosas, ricos palácios e solares, investiu na aquisição de obras de arte e no
reforço das suas bibliotecas.
As elites se deveram a criação famosas cortes, como a dos Médicis em Florença ou dos
duques de Urbino, que rivalizaram com as cortes de reis e papas.
As cortes eram um círculo privilegiado da cultura e da sociabilidade renascentistas.
Desenvolveram a sabedoria humanista e os talentos artísticos, pelo que se
converteram em focos de poderoso mecenato. Palco de animadas festas e tertúlias
onde se destacou a figura do Cortesão, considerado a imagem perfeita ideal do
homem do Renascimento.
O cortesão apresentava-se como modelo de talentos físicos e intelectuais, de
qualidades morais e boas maneiras. Reconhecido facilmente pelo seu porte e pela
linguagem no seu corpo. A sua figura aproximar-se ia de uma autêntica obra de arte.
A vida quotidiana das elites cortesãs estava condicionada por exigentes regras
de comportamento social, conhecidas como civilidades. Instruíam sobre o modo como
se deveria comer, vestir, cumprimentar, falar, estar e sobre preceitos higiene pessoal.
A sociabilidade renascentista tornou-se bem mais polida e contida que nos tempos
medievais.

O estatuto de prestígios dos intelectuais e artistas:


Com o Renascimento, a “força criadora “do homem passa a ser alvo de uma
admiração atenta e instala-se a convicção de que só pelas obras do espírito, o Homem
se conseguia elevar á perfeição divina.
Conscientes dos benefícios pessoais que poderiam obter de convivência com estes
intelectuais e artistas, os grandes nós não somos região e eles encomendavam vários
trabalhos, confidencial generosamente o seu génio criativo acolhendo os nas suas
Cortes que desta forma rapidamente transformaram importantes focos culturais.

Portugal: o ambiente cultural da corte régia:


O ambiente cultural português foi influenciado pelo processo de centralização
do poder do rei, onde a prática do mecenato (proteção da arte e da cultura) serviu
para atrair intelectuais e artistas á corte portuguesa;
Reformas de ensino: Em 1504, D. Manuel I, reforma a Universidade de Lisboa;
Em 1537, D. João III, transferiu-a definitivamente para Coimbra;
Em 1547, D. João III, funda o Colégio das Artes (Coimbra), para o
ensino das línguas clássicas, filosofia e gramática.
Programa de obras e construções patrocinadas pelos monarcas portugueses: Mosteiro
da Batalha, Jerónimos, Torre de Belém, Convento de Cristo, Paço da Ribeira, etc...
Estas obras destinavam-se a celebrar s grandeza do rei e da corte.

A embaixada de D. Manuel I ao Papa Leão X (1514) foi um espetáculo deslumbrante (a


festa renascentista constituiu um momento de alto de encenação do poder);

Os monarcas promoveram a ida de estudantes portugueses para universidades


estrangeiras.

Os caminhos abertos pelos humanistas:


Conhecidos como Humanistas, os intelectuais do Renascimento sobressaíram
em diferentes ramos da produção literária, como a poesia, a história, o teatro, a sátira,
a filosofia e a retórica. Defenderam a excelência do ser humano, que consideravam ser
bom e responsável inclinado para o bem e para a perfeição. Transmitiram o ideal do
antropocentrismo.
Para o humanista Picco della Mirandola, o Homem era o único complemente
livre, já que possuía a capacidade de construir o seu destino e de escolher a sua
missão. O livre-arbítrio superiorizava o Homem.

Humanista – Intelectual dos séc. XV e XVI. Baseia o seu saber no estudo da


Antiguidade Clássica (Roma e Grécia). Defendem o Antropocentrismo e os valores do
individualismo.

Antropocentrismo- Homem no centro do Mundo (ser mais perfeito da criação, o


Homem define-se pelo seu poder ilimitado de descoberta e de transformação).

O renascimento iniciou-se na Itália devido há ligação direta da Itália ao império


Romana devido aos vestígios romanos.

Valorização da Antiguidade Clássica:


Os humanistas admiravam os seus autores (Homero, Platão, Virgílio, Tito Lívio,
entre outros). Consideravam que nas suas obras estavam contidas as verdadeiras
sabedorias e beleza.
A ideia não era imitar os antigos, mas inspirar-se na cultura clássica para inovar, recriar
e transformar;
O estudo dos clássicos não é um fim, mas sim um instrumento para ajudar os
humanistas a desenvolverem a sua modernidade;

Os humanistas estudaram o grego e o latim para poderem estudar os autores clássicos;


Recuperaram as Sagradas Escrituras, leram o Novo Testamento e o Antigo Testamento
(hebraico), e corrigiram os erros das traduções medievais;
O ensino fomentou o conhecimento da Antiguidade Clássica (estudo do grego, latim,
literatura, história, filosofia).
Receberam o nome de studia humanitatis, porque se consideravam áreas de
ensino fundamentais para a formação moral do ser humano.
A afirmação das línguas nacionais e a consciências da modernidade:
Os humanistas desenvolvem um movimento de afirmação das línguas nacionais;
Dante Alighieri, foi um dos percursores, escreveu grande parte da sua obra em italiano
e não em latim;
Os humanistas escreveram grande parte da sua obra nas respetivas línguas nacionais,
isto permitiu que mais pessoas lessem as suas obras;
Existia a ideia de divulgar pelo maior número de pessoas, as novas ideias;
Há uma maior difusão da cultura na época do Renascimento.

Individualismo, espírito crítico, racionalidade e utopia:


Os humanistas consideravam que o indivíduo se distinguia e afirmava no
mundo pelo uso da razão. Os homens do Renascimento adotaram uma mentalidade
racionalista; o individualismo valoriza o espírito de criatividade das pessoas;
preocupados com a construção de um mundo perfeito, os humanistas não deixaram
de criticar os erros do presente, o espírito critico tinha-os levado a compreender os
problemas da ápoca (corrupção, ignorâncias, abusos dos poderes, ...) aos quais
contrapuseram as utopias (sociedades ideias)

Erasmo de Roterdão criticou o Papa e o clero corrupto (no livro “Elogio da Loucura) ,
abrindo assim caminho á reforma. Mas reis, cortesões e mercadores, não escaparam á
sua indignação. Procurou recuperar os valores da humildade, caridade, fraternidade e
tolerância, propondo o regresso ao cristianismo primitivo.
A critica social conduziu a utopias. Alguns humanistas imaginam mundos
perfeitos onde os Homens viviam em paz e felizes; Aponta-se, como exemplo, o livro
“Utopia” de Thomas More, onde imaginou um mundo perfeito, onde existia igualdade,
fraternidade e tolerância;
More critica a intolerância, o abuso dos monarcas, o luxo do clero, e a corrupção da
sociedade.

A reinvenção das formas artísticas- imitação e superação dos modelos da


Antiguidade Clássica:
O renascimento assistiu uma autêntica revolução no campo da arte.
Tal como os humanistas, uma nova estética irradiou a Itália, marcada pelo Classicismo
(tendência estética característica do renascimento que considera os valores clássicos
latinos e gregos).
Papas e outros mecenas colecionavam peças antigas, que veneravam como relíquias.
Imitar as formas e temáticas clássicas tornou-se corrente entre os artistas do
Renascimento, que, na arte greco-romana, viam o exemplo da harmonia, proporção e
suprema beleza.
Demonstravam uma notável capacidade técnica. Ultrapassaram os clássicos do seu
naturalismo na representação de seres humanos, animais e paisagens.

A Pintura renascentista:
Comungou a paixão pelos clássicos. Fez-se sentir no gosto pela representação
da figura humana, quer se tratasse de temas profanos (Antiguidade clássica e
quotidiano) quer de assuntos religiosos (Antigo e Novo testamento).
A pintura refletia, também, a redescoberta do Homem e do indivíduo, o que foi uma
imagem de marca da cultura renascentista.
O que mais marca a pintura do Renascimento é a sua originalidade e criatividade.
Podemos falar na existência de um novo espaço pictórico. Para ele contribuíram
diversos progressos e inovações.

 A pintura a óleo:
Realizada sobre madeira ou sobre uma tela, a pintura a óleo (criada na Flandres)
conheceu uma grande aceitação, dando liberdade aos artistas para explorarem todas
as suas capacidades. Não só pela durabilidade e possibilidade de retoque que conferia
ás obras de arte, mas também pela variedade de matrizes e de gradações de cor, que
garantiam pormenor e efeitos de sombra e de luz.
Permitiu novas técnicas como as de velatura (transparência), enpastes (grande
espessura de tinta) degradê e elaboração de modelados (ilusão de volume).

 A terceira dimensão:
O campo de visão do observador (também chamado de pirâmide visual) é estruturado
por linhas que tendem a unificar-se no horizonte, confluindo no ponto de fuga,
processo chamado de perspetiva.
Perspetiva- processo de representar objetos com três dimensões numa
superfície plana.
Na perspetiva linear, as linhas do quadro ou do desenho convergem para o fundo,
para o chamado ponto de fuga, de modo a criar-se um espaço geométrico no qual as
figuras mais afastadas têm menos proporções.
Na perspetiva aérea, a perceção de afastamento é dada por uma atmosfera nebulosa
conseguida através de um esbatimento das cores que envolvem os objetos. É o
chamado sfumato.
A perspetiva iniciada pelos irmãos Giotto e mais tarde desenvolvidas por
Brunellesci e L.B. Alberti e do pintor Pierro della Francesca desenvolveram a perspetiva
linear e Leonardo Da Vinci mais tarde desenvolve a perspetiva aérea.

Representou uma fiel desmontagem do conceito medieval de espaço. O espaço


renascentista se apoio na observação e na experiência ao contrario das representações
da idade medieval (determinados pela classe social e pelo simbolismo religioso)

 A geometrização:
Os pintores renascentistas adotaram formas geométricas, com preferências pela
piramidal. Perspetiva e Geometria foram os grandes fundamentos da composição
artística no renascimento.

 A proporção:
O sentido de ordem e de equilíbrio já surgiu na Antiguidade Clássica, mas foi só no
Renascimento onde o espaço pictórico foi construído com um rigor matemático.

 As representações naturalistas:
Enquadram-se no movimento de descoberta da Natureza e de Valorização do real,
numa época em que despontava uma nova conceção do Homem.
A grandeza dos retratos renascentistas residiu na sua capacidade de exprimir
sentimentos e estados de alma e de refletir os traços de personalidade. O corpo, de
humanos ou animais, foi pintado com verdadeiro rigor anatómico.

A Escultura renascentista:
A escultura recuperou a gradeza alcançada na Antiguidade Clássica. Para tal
contribuíram as campanhas arqueológicas, que deram a conhecer muitas das obras-
primas da estatuária greco-romana.
Os escultores do renascimento inspiraram-se para traçar os novos caminhos da sua
arte. A escultura ganhou autonomia e naturalidade. O corpo nu readquiriu a dignidade
perdida e a estátua equestre voltou a triunfar na praça pública. Túmulos tornam-se
local de exaltação dos feitos e da superioridade do Homem.
Humanismo e naturalismo são as grandes características da escultura do
renascimento. Os escultores renascentistas interessaram-se pela figura humana
(inspirados na bíblia ou na mitologia). Excelentes no rigor anatómico e na expressão
fisionómica. As formas rígidas da escultura medieval deram lugar á espontaneidade e á
ondulação das linhas.
O equilíbrio e a racionalidade marcaram as esculturas renascentistas. O elevado
aperfeiçoamento técnico de que os escultores do renascimento se mostram capazes.
Dominaram com perícias: o mármore, pedra, bronze, madeira ou terracota, e criaram
novos processos na projeção e na execução das suas obras. Salientam-se os estudos de
perspetiva, que permitiam a proporção e o naturalismo da escultura.
Lorenzo Ghiberti, Donatello, Bernardo Rossellino foram alguns grandes
escultores do Renascimento.

A Arquitetura:
Foi na Itália (primeiro na Flandres) que a arquitetura renascentista se afirmou e
definiu as suas principais características.

 Simplificação e racionalização da estrutura dos edifícios:


A arquitetura procedeu a uma simplificação e racionalização da estrutura dos edifícios,
contrariando o estilo gótico, sendo influenciada pela Antiguidade Clássica. Com efeito:
Procurou-se a simetria absoluta, Brunelleschi considerava ser a responsável
pela harmonia e pela beleza dos Antigos (clássicos).
O gosto pela simetria levou L.B. Alberti a defender a planta circular (entendia-se que o
circulo era a figura mais perfeita e natural, símbolo da perfeição divina).
Verificou-se uma matematização rigorosa do espaço arquitetónico a partir de
múltiplos de uma unidade padrão. Cubos e Paralelepípedos eram as formas ideias para
estruturas arquitetónicas.
Aplicou-se a perspetiva linear, segundo a qual os edifícios se assemelham a
uma pirâmide visual, cujo vértice está o ponto de fuga para o qual convergem as linhas
de fuga. Na arquitetura o espaço surge concebido em função do observador, que
ocupa um lugar central na perceção da obra.
Retomaram-se as linhas e os ângulos retos (predomínio da horizontalidade dos
edifícios, numa clara oposição á verticalidade do estilo gótico)
Preferiram-se as abóbodas de berço e de arestas, em vez das de cruzaria ogival
(mais difíceis de erguer e visualmente mais complicadas)
Fez-se a cúpula, um elemento dominante em quase todas as igrejas do
renascimento (grande cúpula do Panteão em Roma)
Utiliza-se o arco de volta perfeita, visto que a sua forma era apenas de um raio,
era facilmente ligado com as restantes figuras geométricas da construção.

 A gramática decorativa greco-romana:


A influência da antiguidade fez também sentir na adoção de gramática decorativa
greco-romana. Assim:
Empregaram se as colunas (base, fuste e capitel) e os entablamentos
(arquitrave, friso, cornija);
Retomaram-se os frontões triangulares (coroar fachadas ou janelas);
Utilizaram-se os grotescos (ornamentação inspirada na de monumentos da
época imperial romana)

 Arquitetura civil e urbanismo:


O renascimento construiu palácios e villæ, habitações destinadas ao conforto terreno
de nobres e da rica classe de mercadores.
Um dos tipos mais frequentes de palácio tem no seu interior um grande pátio
central; fachadas podiam ser revestidas de almofadadas ou apresentar colunas e
entablamentos clássicos.
A villæ era uma casa de campo caracterizada pela simetria de fachadas (não faltava
um toque de classicismo). Decoradas com frescos, as villæ faziam-se rodear de
agradáveis jardins, onde sobressaiam as fontes e os jogos de água.
Os palácios italianos serviam de modelo a reis, príncipes e elite social.

 A racionalidade no urbanismo:
Os intelectuais e artistas do Renascimento (adeptos da harmonia e proporção)
conceberam projetos de mundos e cidades ideais e racionalizados (Utopias).
Um urbanismo regular e racionalizado nasceu do génio de artistas e arquitetos do
Renascimento, a quem repugnava a ideia de desordem e assimetria da cidade
medieval. Projetaram assim planos urbanísticos retilíneos, submetidos a regras de
higiene, funcionalidade e beleza.
Alberti defendeu que as ruas principais deviam ser amplas, edifícios da mesma
altura de ambos os lados.
Porém, os projetos urbanísticos do artista do Renascimento quase nunca saíram do
papel. Ficaram.se pela abertura de Ruas novas (mais largas e retilíneas) e de praças de
traçado geométrico.

A arte em Portugal: o gótico-manuelino e a afirmação das novas


tendências renascentistas:
Em Portugal o renascimento artístico começou por se manifestar numa
decoração exuberante, conhecido como plateresco (folhagem fantasista, os
medalhões e os arabescos preenchem as superfícies).A arquitetura gótica renovou-se e
multiplicou os motivos ornamentais, dando origem, ao estilo Manuelino.
Manuelino: Arquitetura e decoração arquitetónica do gótico final, existente em
Portugal. Caracteriza-se pela mescla de vários subestilos (gótico flamejante, platersco,
mudéjar ou mourisco) com elementos naturalistas, símbolos régios e cristãos
O gótico manuelino:
O manuelino foi considerado um estilo vincadamente português, com fortes ligações
aos Descobrimentos marítimos. O manuelino é uma arte heterogénea. Manifesta-se na
arquitetura e na decoração arquitetónica e nela se misturam:

o O gótico final, o plateresco e o mudéjar hispânico;


o O naturalismo (vegetalismo) (troncos, ramagens, flores, conchas, boias);
o O exotismo das colunas e colunelos torsos ou espiralados;
o a heráldica régia de D. Manuel I (escudo real, esfera armilar, cruz da Ordem de
Cristo);
o A simbólica cristã (instrumentos de Paixão de cristo e até as próprias conchas).

O estilo gótico foi mantido, embora se introduzissem algumas alterações. Os arcos


quebrados deixam de ter exclusividade, associando-se a uma profusão de arcos de
carena, de asa de cesto, abatidos, tri e polilobados, de ferradura, redondos.

As abóbodas apresentam redes


complexas de nervuras, algumas delas
curvas (combados). A abóboda rebaixada
surge como um avanço tecnológico
relativamente ao Gótico. João Castilho
deixou-nos um exemplar na igreja dos
Mosteiros dos Jerónimos.
Na decoração, o estilo Manuelino
caracteriza-se pela exuberância das formas
naturalistas, em que motivos marinhos se
conjugam com a vegetação terrestre.

Não devemos nos esquecer os progressos verificados na arquitetura civil


manuelina. Quer nos paços, quer os solares nobres apresentam-se como belos
exemplares da decoração manuelina. A arquitetura civil também nos legou com
fortalezas defensivas e ofensivas (Torre de Belém).
Mateus Fernandes, Diogo Boutaca, os irmãos Diogo e Francisco de Arruda e João de
Castilho foram alguns arquitetos da arte manuelina.

A arquitetura renascentista:
Manifestada no reinado de D. João III, o austero espírito do monarca e a contração de
despesas régias levaram ao abandono da exuberância manuelina, substituída pela
maior simplicidade das linhas clássicas.
Podemos considerar manifestações do Classicismo na arquitetura portuguesa:
o A simplificação das nervuras das abóbodas de cruzaria;
o utilização de abóbodas de berço redondo e das cobertas planas de madeira;
o a substituição de contrafortes por pilastras laterias;
o a substituição de contrafortes por pilastras laterias
o a delimitação das naves por arcadas redondas, assentes em colunas toscanas;
o a multiplicação dos frontões, das colunas e dos capitéis clássicos, assim como
dos respetivos entablamentos;
o a expansão do modelo de igreja-salão;

João de Castilho, seu irmão Diogo de Castilho, Miguel de Arruda e Diogo de Torralva
foram entre os arquitetos que mais se esforçam por aplicar o classicismo entre nós. No
que se refere á arquitetura civil, destacamos a Casa dos bicos, em Lisboa; e o palácio
da Quinta da Bacalhoa, em Azeitão.

A escultura em Portugal:
A persistência do Gótico e a sua renovação decorativa explicaram que a
escultura continuasse fortemente ligada ao enquadramento arquitetónico, impedindo-
a da emancipação e monumentalidade verificadas na “Itália”.
Todavia, entre os fins do séc. XV e a primeira metade do séc. XVI, podemos falar de um
surto escultórico, seja na decoração, seja na estatuária de túmulos portais e altares. A
artistas nacionais e estrangeiros devemos uma obra multifacetada, onde o gótico, o
manuelino e o classicismo se fundem harmoniosamente.
Diogo Pires, o Moço; João Castilho e Diogo de Arruda; Nicolau Chanterenne, João de
Ruão e Filipe Hodarte; são nomes de alguns escultores famosos.

A pintura:
Entre os fins do séc. XV e a primeira metade do séc. XVI, verifica-se uma
renovação na pintura portuguesa, que se aproxima do Renascimento Europeu.
Nuno Gonçalves e a sua oficina destacaram-se, pela aplicação dos valores
renascentistas na pintura portuguesa. Os famoso Painéis de S. Vicente que lhes são
atribuídos, testemunham a abertura da nossa pintura á inovação pictórica do tempo.
No panorama da pintura portuguesa, sobressaíram várias escolas ou oficinas das quais
destacamos:
o Em Coimbra, a oficina do Mestre do Sardoal (pintura com forte sentido
decorativo, vinculada aos cânones góticos)
o Em Lisboa, as oficinas de Lourinhã, que fez da paisagem um elemento
fundamental da composição pictórica) e de Jorge Afonso. Entre os seus
discípulos mais famosos contam-se Gregório Lopes e Cristóvão Figueiredo.
o Em Évora, a oficina de Francisco Henriques, onde Frei Carlos (fortemente
ligado á estética flamenga, foi relevante.
o Em Viseu, a oficina de Vasco Fernandes (revela uma curiosa trajetória, onde se
fudem as influências flamengas com a arte de Dürer e, até, o maneirismo
Italiano.

Em síntese, o ambiente cultural da corte régia revelou-se favorável ao surto das letras
e das artes. A erudição humanista fez-se sentir no ensino e na produção de notáveis
obras literárias. Quanto á arte, apesar de força do Gótico, que se renovou na
exuberância do Manuelino, haveria também de registar ao Classicismo.

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