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Anais do XIII Encontro de Iniciação Científica da PUC-Campinas - 21 e 22 de outubro de 2008

ISSN 1982-0178

AVALIAÇÃO DA AÇÃO ANTIOXIDANTE DE SUBSTÂNCIAS


ATIVAS COSMÉTICAS DESTINADAS À PREVENÇÃO DO
FOTOENVELHECIMENTO CUTÂNEO
Gisele Mara Silva Gonçalves
Ana Carolina Arruda Bezzera Grupo de Pesquisa Química dos Materiais
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
CEATEC
CCV
gmsg@puc-campinas.edu.br
carolfarma28@itelefonica.com.br

ses de substâncias ativas e de produtos a serem


Resumo: A busca por substâncias ativas a serem
utilizados durante ou após a essa exposição [3]. Es-
utilizadas em formulações cosméticas destinadas à
sas preparações são utilizadas como fotoprotetoras
prevenção do fotoenvelhecimento cutâneo tem sido
e/ou para reduzir o processo inflamatório, seqüestra-
uma constante na comunidade científica mundial.
rem radicais livres e minimizar a ardência e desidra-
Substâncias tais como o acetato de tocoferila, com
tação, através da atuação de princípios ativos hidra-
ação antioxidante, previnem a pele dos danos cau-
tantes, antiinflamatórios, cicatrizantes e antioxidantes
sados pelos radicais livres. A própolis, uma resina
[3]. Vale lembrar que a pele perde gradualmente sua
rica em flavonóides e compostos fenólicos é uma
capacidade de reparo, de acordo com o avanço da
opção em termos de antioxidante. Nesse estudo, foi
idade [4].
obtido o extrato da própolis, por maceração, realizou-
se a cromatografia em camada delgada do extrato Além de algumas vitaminas e seus derivados, que
obtido verificando-se a presença de flavonóides, bem têm ação conhecida, os flavonóides tem tido desta-
como se avaliou a atividade antioxidante do extrato que e são encontrados geralmente em extratos ve-
de própolis em associação ou com o acetato de toco- getais e em algumas associações comercialmente
ferila, obtendo-se resultado positivo, mostrando ser disponíveis.
essa uma associação promissora do ponto de vista
da prevenção dos efeitos danosos dos radicais livres A própolis é uma resina obtida principalmente a partir
na pele, a partir da exposição à radiação ultravioleta. da Abelha melífera européia Apis mellifera [5], cuja
composição química varia em diferentes partes do
país devido à grande biodiversidade brasileira. Atu-
Palavras-chave: própolis, cosmético, antioxidante. almente mais de 300 constituintes já foram identifi-
Área do Conhecimento:. D. Ciências da Saúde - 5. cados e caracterizados em diferentes amostras de
Farmácia - D.5.1. Análise e Controle de Medicamen- própolis, tais como flavonóides, fenóis, etc. A pre-
tos. sença desses compostos torna a própolis um impor-
tante objeto de estudo para as mais diversas aplica-
1. INTRODUÇÃO ções farmacêuticas e, também, para adição em
cosméticos com finalidades antienvelhecimento, um
Considerando-se os hábitos da população em geral, campo de pesquisa ainda pouco explorado e que
observa-se que grande parte das pessoas se sub- necessita de estudos mais detalhados. Uma subs-
mete de maneira excessiva às radiações solares tância proposta para associação com a própolis é a
quase que diariamente. É fato conhecido que a pele, vitamina E, conhecida por ter capacidade antioxidan-
após intensa exposição ao sol, apresenta sinais ime- te frente aos radicais livres.
diatos, como vermelhidão, ardência e ressecamento,
além de danos crônicos e permanentes, como o apa- 2. OBJETIVO
recimento de manchas e rugas, envelhecimento pre- Os objetivos foram a obtenção do extrato de própolis
coce, dermatoses solares e, até mesmo, a ocorrên- e avaliação da capacidade antioxidante da própolis
cia de câncer [1]. As fotodermatoses representam em associação ou não com o acetato de tocoferila.
um grupo de doenças, algumas genéticas, outras
adquiridas, que resultam da exposição à luz ultravio- 3. METODOLOGIA
leta visível [2]. Triturou-se a resina da própolis verde do sul de Mi-
nas Gerais (Brasil) e submeteu-se à maceração em
Com a finalidade de proteger a pele dos danos pro-
quatro solventes diferentes (etanol absoluto; propile-
venientes da exposição solar existem diversas clas-
noglicol e etanol absoluto; água destilada e etanol
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absoluto; propilenoglicol e água destilada). Também Nas condições experimentais da presente pesquisa
se obteve um quinto extrato por refluxo em etanol foi possível concluir que:
absoluto. Os extratos foram hidrolisados e analisa-
dos por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) • Todos os extratos obtidos apresentaram
A fase móvel foi metanol: água destilada: ácido fór- quercetina em sua composição;
mico (40:57:3). Revelador: solução etanólica de clo- • O extrato mais adequado foi o etanólico;
reto de alumínio a 5% e cloreto férrico a 5%. Padrão:
quercetina [6]. A seguir, realizou-se tanto o estudo • O método da oxidação acoplada do β-
da capacidade antioxidante pelo método da oxidação caroteno e Ácido Linoléico não possibilitou a
acoplada do β-caroteno e Ácido Linoléico [7], quanto análise prevista, pois apresentou turvação;
pelo método do tiocianato férrico [8]. Foram avalia- • O melhor método de avaliação da capacida-
das quatro diferentes amostras: butilhidroxitolueno a de antioxidante do extrato de própolis e ace-
0,01% em etanol; extrato de própolis a 5%; acetato tato de tocoferila foi o método do tiocianato
de tocoferila a 2% em etanol; mistura de extrato de férrico;
própolis a 5% e acetato de tocoferila a 2% em etanol.
• Todas as substâncias avaliadas apresenta-
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ram atividade antioxidante, sendo que a as-
A CCD confirmou a presença de quercetina nos ex- sociação do extrato de própolis com o aceta-
tratos e foi selecionado o etanólico para a continui- to de tocoferila apresentou sinergismo na i-
dade dos estudos. nibição da oxidação.
Em relação à avaliação da atividade antioxidante do 6. AGRADECIMENTOS
extrato de própolis associado ou não ao acetato de Os autores agradecem ao Sr. José Mário Limongi Jr.
tocoferila pelo método da oxidação acoplada do β- pelo auxílio técnico prestado.
caroteno e Ácido Linoléico, não foi possível fazer a
análise em espectrofotômetro, tendo em vista que
7. REFERÊNCIAS
várias tentativas foram realizadas, porém ocorreu
intensa turvação nas amostras contendo extrato de [1]. GOMES, D. R.; SERRA, M.C.; PELLON,
própolis, o que impossibilitou sua finalização. Assim, M.A. (1995) Queimaduras. 1ª ed. Rio de Ja-
no método do tiocianato férrico, tendo como controle neiro: Revinter, 315 p.
positivo o butilhidroxitolueno a 0,01%, que é um co-
[2]. MOLONEY, F.J.; COLLINS, S.; MURPHY, G.
nhecido agente antioxidante vastamente empregado
M. (2002) Sunscreens: Safety, Efficacy and
em formulações em geral, os resultados foram posi-
Appropriate Use American Journal of Clinical
tivos para todas as análises. O extrato de própolis
Dermatology, Volume 3, n. 3, p.185-191.
proporcionou uma inibição 17% superior em relação
ao controle, o acetato de tocoferila 23% superior e a [3]. BORGES, V. L.; RANGEL, I.; CORREIA, M.
mistura de extrato de própolis com acetato de tocofe- A. (2002) Fotoproteção. Cosmetics & Toile-
rila proporcionou uma inibição da oxidação 52% su- tries, São Paulo, v. 14, n. 6, p. 88-95.
perior em relação ao controle.
[4]. CHUNG, J.H. (2003) Photoaging in Asians.
Os resultados indicam que tanto a própolis quanto o Photodermatology, Photoimunology & Pho-
acetato de tocoferila têm ação antioxidante e que tomedicine. 19:109-121 commercially avail-
essas substâncias, quando associadas, atuam em able propolis products Acta Pharm. V.55, p.
sinergia, ou seja, têm sua atividade antioxidante au- 423–430
mentada. Esse resultado pode ser considerado co-
[5]. SALATINO, A.; TEIXEIRA, E. W.; NEGRI,
mo bastante favorável do ponto de vista da preven-
G.; MESSAGE, D. (2005) Origin and Chemi-
ção do fotoenvelhecimento cutâneo, quando esses
cal Variation of Brazilian Propolis Evid Based
componentes foram associados em uma mesma
Complement Alternat Med v.2, n.1.
formulação de uso tópico, pois indicam a possibilida-
de de proteção da pele contra os efeitos deletérios [6]. GONÇALVES, G.M.S.; GOMES, C. O. M.;
da radiação ultravioleta e de outros fatores, tais co- FERREIRA, T. M. C. (2006). Trabalho de
mo a poluição ambiental. Conclusão de Curso: Obtenção de extrato de
rosas vermelhas e sua utilização no desen-
5. CONCLUSÕES
volvimento de formulação de uso tópico com
ação antiviral. Trabalho de Conclusão de
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ISSN 1982-0178

Curso, Pontifícia Universidade Católica de [8]. RAYMUNDO, M. S.; HORTA, P.; FETT, R.
Campinas. (2004) Atividade antioxidante in vitro de ex-
tratos de algumas algas verdes (Chlorophy-
[7]. DUARTE-ALMEIDA, J. M.; SANTOS, R. J.;
ta) do litoral catarinense (Brasil) Revista Bra-
GENOVESE, M. I. LAJOLO, F. M. (2006)
sileira de Ciências Farmacêuticas, V. 40, n.
Avaliação da atividade antioxidante utilizan-
4, p. 495.
do sistema β-caroteno/ácido linoléico e mé-
todo de seqüestro de radicais DPPH. Ciênc.
Tecnol. Aliment., Campinas, v.26, n.2, p.446-
452.

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