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CENTRO POLITÉCNICO
ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
PROF. ANTÔNIO CARLOS PORTO JUNIOR
Pelotas, 23 de Junho
2014
ANDRIEL EVANDRO FENNER
PELOTAS
2014
ANDRIEL EVANDRO FENNER
Área de concentração:
Arquitetura e Urbanismo
Resultado: _______________________
Banca examinadora:
Abstract
The main objective of this final graduation essay is elaborate a reference set for
a project stage of the Rio Grande’s Municipal Aquarium. The city is historically
connected with the marine activities however, does not have any public or private
equipment that express this major local characteristic. Additionally, has a high annual
income because of the great port and fishing activities. Rio Grande also has the Federal
University of Rio Grande, which contain one of five Oceanology course in Brazil and one
of the better biology course. Due to these facts, it is clearly that installing an aquarium in
Rio Grande will have innumerous advantages, such as improve technical and scientific
studies, to develop social function, to improve urban integration and environmental
awareness. Therefore, this essay contain a referential study that will be used to project the
Aquarium having a detailed study of the theme, referential studies, terrain and
surrounding analysis, legal constraints, needs program, sizing and conceptualization
stage.
Tabela 1- Aquários públicos com projetos antes e depois da primeira guerra mundial. (Sande e
Jouk, 2001)……………………………………………………………………………………...18
9. Anexos ................................................................................ 62
10. Referências ......................................................................... 72
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Uma das características principais da cidade de Rio Grande é sua ligação histórica com
as práticas marítimas. Durante o processo de colonização da região, o único atrativo que a
cidade apresentava era a possibilidade de construção de um porto que conseguia fazer a ligação
do mar com o interior do estado. Atualmente, com a sua posição privilegiada e demais fatores
naturais, a cidade detêm o único porto marítimo do estado e um dos principais do país, ligando
com o Mercosul e o mundo.
A formação geológica de Rio Grande proporciona também uma ampla rede de
ecossistemas e uma rica biodiversidade. Estes ambientes são protegidos por diversas estações
ecológicas, tais como:
Reserva do Taim que serve de centro de estudos para aves migratórias, animais
terrestres e áreas de banhado e lacustres;
Lagoa Verde e arroio Bolaxa/Senandes na qual apresentam uma variada
comunidade silvestre dentro do perímetro urbano;
Eco-museu na Ilha da Polvora que abriga uma rica vegetação de banhado e serve
de ponto de referência para aves migratórias;
Praia do Cassino, a maior praia do mundo em extensão, é ponto de referência
para estudos biológicos em aves migratórias ao mesmo tempo que, contém uma
variada gama de espécies de peixes;
Faz parte da Costa Doce, o maior complexo lacustre do mundo, abrangendo
lagoas como a Mnagueira, Mirim e dos Patos.
Todos estes fatores favoreceram para que cursos de ensino superior ligados à
biodiversidade se tornassem referência nacional. A Universidade Federal do Rio Grande, por
exemplo, apresenta um dos melhores cursos de Oceanologia e Biologia do Brasil. (Estudante,
2012) Assim, a cidade se torna referência no setor ambiental e um dos pontos turísticos
principais na metade sul do estado.
Mesmo com todas estas entidades ligadas a conservação e preservação da natureza,
este setor ainda merece mais atenção na cidade. Dentre as movimentações econômicas do
município, a atividade pesqueira detém uma grande percentagem. Muitas vezes, esta atividade
se torna tão predatória que, caso não haja nenhuma medida protetora, poderá afetar o
ecossistema pesqueiro. Desta forma, se torna imprescindível a criação de algumas medidas de
conscientização ambiental.
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Tomando estas informações como base, este projeto de graduação em arquitetura visa
a implantação de um aquário municipal na cidade de Rio Grande. Estes espaços, além de
exercer esta função ambiental e preservação do meio ambiente por meio de pesquisas e
conscientização social, são responsáveis por oferecer à comunidade um espaço de lazer e
cultura, valorizar o espaço urbano e aumentar o potencial turístico de determinada região.
Estes objetos arquitetônicos, por se tratarem de equipamentos privilegiados, são
considerados de grande importância científica e ambiental. Grande parte dos aquários ou
oceanários no mundo está vinculada a empresas, universidades ou instituições que desenvolvem
pesquisas e investigações científicas. Estas pesquisas normalmente estão relacionadas aos
hábitos, comportamentos, modo de crescimento e reprodução das diversas espécies aquáticas.
Estes estudos, por sua vez, podem ser utilizados para a criação de métodos menos danosos de
intervenção ao meio ambiente, como a pesca. Desta forma, os aquários são também
considerados como bancos da biodiversidade com a função de preservar a conservar a fauna e
a flora aquática. (Penning et al., 2009)
Além disso, estes equipamentos normalmente são utilizados em revitalizações
portuárias degradadas ou espaços esquecidos pela população, conferindo um caráter de
melhoramento do espaço urbano. Revitalizações urbanas foram realizadas em muitos países,
geralmente com intenção de retomar o uso em espaços históricos esquecidos. Essa retomada,
acompanhada da inserção de novos usos, visa contribuir para garantir o fluxo e a
sustentabilidade dos novos empreendimentos e resgatar o convívio da população, evitando a
degradação de espaços urbanos. Normalmente, para a eficácia destas propostas, busca-se
utilizar soluções catalizadores de desenvolvimento, como a implantação de centros comerciais
de grande impacto, conjuntos de referência arquitetônica e cultural, dentre outros. (Januzzi e
Razente, 2007)
Desta forma, o espaço escolhido para a implantação este projeto, localiza-se na Orla
da Lagoa dos Patos, ao longo da Rua Comendador Henrique Pancada. A localização justifica-
se pela proximidade com a água e as rotas marítimas, a fácil ligação com as instituições de
ensino superior, a existência de uma comunidade predominantemente pesqueira ao longo da
Lagoa dos Patos, um espaço de alto valor turístico ainda pouco utilizado pela população e pela
existência de um terreno que não cumpre com sua função social.
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A cidade do Rio Grande configura-se entre umas das mais ricas do estado e, é a mais
rica do Sul Rio-Grandense devido à grande movimentação da indústria, principalmente
marítima.
Está localizada na planície costeira do sul, ao extremo sul do estado do Rio Grande do
Sul e possui uma configuração topográfica de restinga costeira e terreno arenoso com, no
máximo, 2 metros acima do nível do mar. Está localizada a 317 kilometros da capital Porto
Alegre, sendo que a melhor rota é pela BR 116 e, após a cidade de Pelotas, a BR 392.
Atualmente, a cidade possui uma população aproximadamente de 200 mil habitantes. (Ibge,
2013)
Sua colonização principal foi de origem portuguesa e, posteriormente, houve
imigrações de italianos, alemães, poloneses e árabes. Hoje, a cidade apresenta uma grande
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Define-se como aquário público as instituições abertas ao público que tem a função de
praticar o aquarismo – prática de criar animais aquáticos para fins ornamentais ou de estudo,
diferentemente da piscicultura ou aquacultura, na qual tem aspectos de produção.
O aquário deve ser capaz de conter água estável para a sobrevivência de animais
aquáticos. Em um projeto completo, deve-se prever uma série de equipamentos mecânicos que
recriam as condições ideais para o conjunto de animais expostos no tanque. Fatores como
diferenças de temperatura, salinidade, ph, níveis de oxigênio e habitat natural que determinam
os grupos de animais que podem dividir o mesmo espaço. Assim, para abranger uma grande
quantidade de animais, se torna necessário a criação de diversos tanques e diferentes sistemas
aquáticos.
Classificam-se os tanques de acordo com a variedade de animais e a sua função. Desta
forma, é possível ter tanques comunitários, de espécies específicas, biótopo (animais de mesma
espécie), de reprodução, de criação, tanques holandeses (tipo especial de aquário com o cultivo
de plantas aquáticas), tanques nature (tipo japonês seguindo padrões estéticos e simbólicos
locais). (Wikipedia) Genericamente, pode-se classificar os aquários de acordo com a sua
temperatura em tanques de água fria (em torno de 18 °C a 22 °C) e tanques tropicais (em torno
de 23 °C a 28 °C), podendo ainda existir subclassificações conforme cada espécie. Ambos
tanques devem estar ligados a termostatos para a regulação da temperatura.
Para o correto funcionamento dos aquários é imprescindível a utilização de diversos
sistemas eletrônicos, como eficientes sistemas de filtração, sistemas de suporte à vida e o
constante monitoramento dos parâmetros da água.
A filtração tem a função de circulação da água, limpando as impurezas dos tanques.
Para este processo, pode-se utilizar o sistema de filtração biológica (bactérias aeróbias que
convertem a amônia em nitritos e estes em nitratos), mecânica (esponjas, mantas ou outros
elementos filtrantes que retém partículas sólidas da água), química (carvão ativado ou resinas
específicas que removem as substâncias tóxicas da água) ou ultravioleta (esterilização a água,
eliminando certos microrganismos). (Wikipedia)
A iluminação é outro elemento importante para um aquário. Esta tem a função de
assegurar um ritmo de vida natural e assegurar a fotossíntese de plantas. Atualmente, sabe-se
que a luz natural causa alguns danos aos animais, como a perda de cores e a noção de tempo.
Isto pode ser explicado pela dificuldade de controlar a intensidade da luz natural. Desta forma,
deve-se iluminar os aquários por lâmpadas fluorescentes hortícolas ou outras lâmpadas
especiais controlando os horários e intensidade da luminância.
Atualmente, a maior parte dos aquários públicos é de agua salgada. Desta forma, a sua
localização geralmente está vinculada à zonas costeiras para facilitar a captura de água salgada.
Mundialmente, Estados Unidos da América e o Japão se destacam em número de aquários,
sendo que o “Georgia Aquarium” em Atlanta (Geórgia/EUA) é considerado o maior do mundo.
Devido as práticas relacionadas aos animais, os aquários podem ser comparados aos
parques zoológico, precisando de uma licença para o seu funcionamento. Além disso, estes
equipamentos estão sempre vinculadas a outras instituições e a um corpo de especialistas que
cuidam e estudam as espécies. (Paiva, 2011)
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O conceito de manter animais aquáticos perto de habitações sempre fez parte da cultura
humana. Antes de Cristo, o desenvolvimento dos grandes canais e diques para irrigação dos
povos antigos permitiu o alojamento de pequenos seres aquáticos. Muitos deste, além de servir
como pescado, tinham função de oráculos e importância simbólica.
No Império Romano, além dos grandes lagos artificiais, muitos peixes eram cultivados
em tanques de mármore para decoração e representavam um símbolo de status social. O formato
de aquário na qual conhecemos hoje foi desenvolvido em Roma, na qual painéis de vidro eram
alocados na lateral de tanques, possibilitando a visualização lateral. No entanto, devido à falta
de técnica para o aquarismo, os peixes precisavam ser repostos constantemente. (Brunner,
2005)
A partir do século X os chineses começaram a aperfeiçoar a técnica, possibilitando a
reprodução e a criação de novas espécies em aquários, principalmente de peixes-dourados. Esta
técnica chegou na Europa aproximadamente no século XVII e nos EUA no ano de 1850.
Esta difusão do aquarismo permitiu que a técnica fosse melhorada. Na Europa, os
gabinetes de observação, na qual continham diversos tipos de plantas e peixes, principalmente
com as espécies marinhas descobertos no início das grandes navegações. Os gabinetes, no
entanto, não eram públicos e apenas poderiam ser visitados pela alta aristocracia e alguns
convidados. Assim, o ato de cultivar objetos aquáticos se tornou um símbolo de status e de
grandes somas de dinheiro para aventureiros e colecionadores. (Brunner, 2005)
No entanto, ainda era necessário a troca de água dos tanques para manter o ambiente
estável aos animais, o que causava um grande trabalho. Com isto, começou-se os estudos
relacionados à ecologia, como os ciclos de carbono, nitrogênio e oxigênio. Em 1846, cientistas
descobriram que a alocação de plantas no aquário e a movimentação da agua desenvolvia
oxigênio, tão vital para os animais. Este fato permitiu a construção de aquários maiores,
evitando a troca da agua.
Em 1849, a naturalista londrina Anna Thynne chamou a atenção de toda comunidade
científica quando criou o primeiro aquário marinho estável, conseguindo manter algas e animais
por 3 anos sem a troca de água. Assim, além de ter seu espaço entre a alta sociedade, os aquários
surgem como uma ferramenta científica, garantindo muitas pesquisas e publicações.
A partir de 1850, a prática do aquarismo começa a ser pensada como objeto para atrair
o público. Em 1853 é construído o primeiro aquário público do mundo em Londres contanto
com 14 tanques. Logo após, diversos países europeus começaram a lançar seus projetos numa
luta de melhores espaços, elaborando visuais com iluminação, decoração arrojada e recriação
de ambientes aquáticos, com a finalidade de permitir a melhor experiência para o visitante. Esta
fascinação pelo desconhecido despertou a atenção da população no século passado, tanto que
há relatos de cidades que elaboravam festas para a chegada de novas espécies, assim como a
morte de qualquer animal era tratado como uma tragédia. (Boulenger, 1925)
Enquanto os aquários continuam a se consolidar com papel educativo e de
entretenimento nos anos seguintes, no campo científico a prática já não havia muita utilidade.
Os aquários continuaram a auxiliar a pesquisa, mas os cientistas precisavam também observar
as características e comportamentos das espécies no seu ambiente natural. Com isto, houve um
grande aperfeiçoamento das técnicas de mergulho e uma grande ruptura entre aquários de fim
científico e os de entretenimento. A partir do século XX, percebe-se que os aquários
aproximaram-se da tendência educacional construtivista, baseada na pedagogia-crítica com
exposições e ações educativas.
Historicamente, pode-se dividir os projetos de aquários públicos em três grandes
grupos, com grandes diferenças nos métodos e técnicas empregadas.
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Tabela 3- Aquários públicos com projetos antes e depois da primeira guerra mundial.(Sande e Jouk,
2001)
aberto durante dias de tempo bom, faz a ligação com a praia se estendendo até uma pequena
área interna e protegida do edifício.
Na situação é possível observar a ligação da ilha e Museu com a cidade. Esta ligação
é efetuada pelo prolongamento da promenade que circundava pela Orla ao longo do antigo porto
de Oslo. Além disso, há o acesso rodoviário e hidroviário.
Figura 8-Corte A < Centro de Artes, Vista do edifício e relação com a praia
Fonte: Inhabital
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Figura 9- Corte B < Bloco de escritórios e Museu de Arte Moderna com exposições permanentes
Fonte: Inhabital
Figura 12- Prolongamento da cobertura com aparência de toldos. Tons de transparência do vidro
revestido com cerâmica branca
Fonte: Inhabital
Nas fachadas, as aberturas proporcionam uma visão deslumbrante para o externo. O
vidro utilizado na área de exposição, no lobby e no átrio central permite a infiltração total da
luz minimizando a descoloração desta. No entanto, para as áreas de escritórios, foi necessário
a utilização de revestimentos internos para controle da luminosidade.
A prolongação da cobertura tem aparência de toldos, a qual tornam o espaço mais
dinâmico e intensificam a cor da madeira, trazendo cor para a fachada monocromática.
Em espaços opacos da fachada, a madeira foi devidamente tratada para resistir aos
efeitos do clima. Com o tempo, esta madeira irá adquirir um tom de cinza-prata, porém sem
destonar a fachada.
"Amsterdam é uma cidade unidimensional", foi assim que o arquiteto Renzo Piano
descreveu a cidade ao projetar o museu de tecnologia. O arquiteto percebeu que a cidade se
diferenciava de muitos centros urbanos pelo mundo por não haver algum equipamento de
contemplação da cidade. Desta forma, ao projetar o espaço, ele viu a oportunidade completar a
sua obra com um impressionante mirante no último pavimento, a 22 metros acima do nível da
agua. Uma rampa de pedestres tem a função de encaminhar o público para o telhado inclinado
que serve como praça pública para os visitantes e exerce um foco social para o bairro.
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Figura 16- Sala Search for live sem aberturas e sala Smart Techologies, uma das únicas que possui
aberturas.
Fonte: NEMO
O edifício possui uma interação muito grande com a cidade, sendo acessível por
diferentes meios de transporte, como carro, bicicleta, barcos e a pé.
Figura 17- Acesso pelo túnel e barcos, assim como acesso pela passarela para pedestres e ciclistas.
Fonte: Renzo Piano Builing Workshop
O grupo-alvo principal do centro são as crianças entre 6 e 14 anos de idade oriundas
de excursões escolares. Porém, não restringe que visitantes adultos acompanhem estas crianças.
Anualmente, 85 mil alunos visitam o espaço e participam dos eventos organizados pelo centro.
Através de projetos, eventos, concursos educativos e material didático, o NEMO pretende ser
a base para educação científica e tecnológica da cidade e país.
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Event Hall: espaço cercado por vidro onde oferece vistas deslumbrantes
sobre o canal da cidade e os veleiros históricos ancorados. Possui uma
grande pista que poderá ser utilizada para festas, seminários ou feiras de
negócio.
Figura 26- Terraço servindo como praça pública e podendo ser reservado para eventos.
Fonte: Google Imagens
Figura 29- Corte esquemático. Relação do edifício com o canal aquático, túnel rodoviário e escadarias
para o terraço.
Fonte: Renzo Piano Builing Workshop
Figura 30- Fachada lateral demonstrando a volumetria parecida como um casco de barco.
Fonte: Renzo Piano Builing Workshop
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Toda a estrutura do edifício encontra-se sobre uma pequena faixa de terra e, repousa
sobre um grande túnel rodoviário. A curvatura do túnel pode ser utilizada como fundação, ao
mesmo tempo que, serviu de inspiração para o conceito e deu forma ao edifício. Também foi
necessária a utilização de estacas submarinas para auxiliar na estabilidade do museu.
O edifício foi concebido inicialmente para abrigar uma exposição dos oceanos no
Parque das Nações em Lisboa durante a EXPO 98. Porém, logo após o evento, o espaço foi
aberto ao público. Atualmente, o oceanário é considerado o segundo maior do mundo e o maior
da Europa. São desenvolvidas atividades didáticas à população relacionadas à preservação do
ambiente marinho com a colaboração de instituições científicas que buscam a conservação da
biodiversidade oceânica.
O espaço foi referenciado em um barco porta aviões, representando um elo entre o
passado, a partir da história portuguesa em relação à navegação, e o futuro, por sua concepção
formal. O elemento arquitetônico está isolado na água e conectado à cidade por uma passarela,
como se fosse um barco ancorado.
Figura 35- Detalhes em relevo na fachada a qual representam a formação geológica do fundo dos
oceanos.
Fonte: Google imagens
O distribuição formal segue um modelo radial com planta quadrada onde 4 tanques
estão envoltos por um grande tanque central que representa o “mar aberto”, conforme imagem
a seguir.
Figura 44- Detalhes de algumas aberturas com vidro na fachada, principalmente no último pavimento.
Fonte: Google Imagens
A cobertura metálica encaixa-se sobre o cubo delimitando os acessos e a distribuição
arquitetônica da planta além de funcionar como um grande brise para vãos da fachada. Tirantes
metálicos dão suporte à estrutura. A cobertura metálica também possuí um índice de absorção
da luz solar.
A escolha pelo terreno surgiu a partir da intenção de tornar o espaço mais presente na
vida dos cidadãos Rio-Grandinos, ao mesmo tempo em que visa criar uma consciência
ambiental em relação à fauna marinha.
O terreno escolhido para o desenvolvimento deste projeto de graduação localiza-se na
quadra entre as Ruas Comendador Henrique Pancada, Rua Castro Alves, Rua Visconde de
Mauá e Rua José de Alencar na cidade de Rio Grande- RS. Trata-se de uma quadra com apenas
uma edificação residencial centralizada na área, a qual será retirada. A escolha do local deve-
se principalmente pela proximidade com a Lagoa dos Patos e pela existência de um espaço que
não cumpre com sua função social, segundo o Estatuto das Cidades. Desta forma, o edifício
pode ser inserido em um local de fácil acesso à população sem prejudicar a comunidade.
térmica normalmente chega próximo dos 0 °C nos invernos. Além disso, a umidade relativa do
ar normalmente varia entre 77% e 90%. Os ventos predominantes são Nordeste, seguidos de
Sudeste a Sudoeste, com velocidade média de 7,0 nós.(Ibge, 2013)
Figura 49- Incidência dos Ventos (Nordeste, sudeste e sudoeste) sobre o terreno
Fonte: Google maps e montagem do autor
Para um projeto arquitetônico, em geral, a proximidade com a água é considerado um
aspecto favorável, uma vez que proporciona um bom conforto térmico. No entanto, para este
projeto, devido à forte influência dos ventos que passam pela lagoa aliados a umidade do ar e
as temperaturas médias, será necessário criar mecanismos de contenção e controle da ventilação
em determinados períodos do ano.
Figura 51- Levantamento fotográfico na área de interface do terreno com a Lagoa dos Patos.
Fonte: Google maps e montagem do autor
Mapa de referências
Figura 53- Principais pontos de referência e elementos importantes para a estruturação do projeto.
Fonte: Google maps e montagem do autor
Embora não haja uma classificação específica para este uso, pode-se enquadrar o
Aquário como uma edificação de Interesse Sociocultural, conforme Art. 58 do Plano Diretor
local, uma vez que, que por seu valor arquitetônico, poderá marcar o processo de evolução
político-social, econômico, arquitetônico e urbano a cidade de Rio Grande.
Na política de desenvolvimento social e econômico da cidade é incentivada a alocação
de atividades com caráter turístico no qual desenvolvam a economia local e regional.
Adicionalmente, o plano promove programas de incentivo, avaliação e desenvolvimento
relacionados à pesca, na qual devem contar com programas específicos para alfabetização,
formação profissional, educação ambiental e inclusão social da pesca artesanal.
Perante as diretrizes da Política Ambiental Municipal deve-se recuperar e preservar a
paisagem urbana/natural desenvolvendo e orientando a utilização de tecnologias para a proteção
dos recursos naturais. Além disso, deve-se garantir a divulgação e produção de todo o
conhecimento em um sistema integrado com articulação de diversos setores.
Pode-se classificar o Aquário como um edifício de interesse público na qual são
implantados equipamentos urbanos que, por suas características, não são passíveis de
enquadramento no regime urbanístico, porém deverão estar compatíveis obrigatoriamente com
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A edificação poderá ser encaixado no Projeto Orla de Rio Grande, uma ação entre o
Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria do Patrimônio da União e a Prefeitura municipal do
Rio Grande, que tem a finalidade de promover e disciplinar usos e ocupações ao longo da orla
do município, fazendo uso de instrumentos políticos, sociais, econômicos e ambientais. Este
projeto prevê a valorização da paisagem e aumento dos atrativos turísticos juntamente com a
possibilidade de desenvolvimento de diferentes setores sem gerar a degradação ambiental.
(Grande, Prefeitura Municipal De Rio, 2008)
Como um todo, o espaço está localizado na Área Urbana de Ocupação Intensiva do
município, ocupando a Zona Residencial 08 e o Corredor 6-C.
Figura 59- Unidade de Planejamento em que a área de projeto se situa, conforme Plano Diretor e Regime Urbanístico de
Rio Grande/RS.
Fonte: Prefeitura municipal de Rio Grande
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semana. Neste sistema, deverá atender as exigências do sistema fechado e apresentar sistema
de distribuição e drenagem de água.
Sistema aberto - quando ocorre um mínimo de 100% de renovação do volume de água
do recinto por dia, com o descarte da mesma. Este sistema deverá possuir equipamentos que
possibilitem a distribuição e drenagem contínua de água além de mecanismo que permita a
limpeza adequada e periódica dos detritos depositados no fundo do recinto. A fonte de
fornecimento de água, deverá apresentar padrões constantes de qualidade
Independentemente do sistema utilizado, o recinto não poderá ter um volume de água
inferior à 70 litros e uma área superficial inferior à 0,24 m². Qualquer recinto também deve
possuir equipamentos para controle das variáveis físico-químicas como temperatura, ph, dh,
amônia, nitrito, nitrato e densidade.
Todos aquários deverão possuir obrigatoriamente sistema de aeração de emergência
com capacidade mínima para manter os sistemas de circulação e ou aeração em funcionamento,
em caso de panes elétricas de forma a evitar mortalidade. O funcionamento e manutenção do
equipamento de emergência deverá ser verificado pelo IBAMA quando da realização das
vistorias.
O aquário deverá possuir instalações para quarentena e setor extra em quantidades de
recintos não inferior a 20% dos existentes para exibição, com tamanhos variados e compatíveis
com as espécies expostas. A qualidade da água dos tanques de quarentena e setor extra deverá
ser adequada para as espécies exibidas.
A densidade ocupacional para peixes deverá seguir os seguintes parâmetros:
Peixes com até 7cm de comprimento................5 litros de água/indivíduo
Peixes de 7 a 20cm de comprimento...............70 litros de água/indivíduo
Peixes de 20 a 60cm de comprimento ............500 litros de água/indivíduo
Peixes acima de 60cm de comprimento...........1000 litros de água/indivíduo
OBS: Para peixes com tamanho superior a 80 cm, o tanque deverá ter Comprimento do
Tanque (CT) > 2 X Comprimento do Peixe (CP); Largura do Tanque (LT) > 1,5 X
Comprimento do Peixe (CP); Altura do Tanque (HT) > Comprimento do Peixe (CP).
A edificação pode ser classificada conforme sua ocupação no grupo "F- locais de
reunião de público" onde há objetos de valor inestimável (F-1). Já em relação ao número de
saídas de emergência e tipos de escada, ainda não é possível afirmar com exatidão tais
informações. Porém, segundo a análise do pré-dimensionamento e possíveis diretrizes de
projeto, estipula-se que a edificação seja de grande área, com média resistência ao fogo e
mediana altura. Com estas informações, é possível afirmar que deverão haver 2 saídas de
emergência contando com escadas à prova de fumaça. No entanto, tais informações estão
sujeitas à mudanças conforme a progressão do projeto, sem contudo, deixar de obedecer a
norma vigente.
Em relação à sinalização, toda alerta deve estar instalada em local visível a uma altura
de 1,80 metros. No caso de sinalização de proibição e alerta, as placas devem ter distâncias
entre elas de no máximo 15 metros. Para sinalização de orientação e salvamento, as placas deve
assinalar mudanças de direção, saídas e escadas posicionadas acima das portas de saída e não
ultrapassando 30 metros de distância entre placas.
Os sistemas de detecção e alarme de incêndio devem contar com duas fontes de
alimentação (rede de tensão e a auxiliar- “no break”). As centrais devem ter dispositivos de
teste dos indicadores luminosos e acionar o alarme automaticamente.
Para iluminação, os componentes de energia de alimentação devem estar localizadas
em locais não acessíveis, protegidas de incêndio e ventiladas. No caso de instalações aparentes,
estas deverão ser metálicas ou PVC rígido antichama. A distância entre pontos de iluminação
não deve ser maior que 15 metros.
Organograma
Figura 60- Organograma das funções e organização das atividades para o programa.
Fonte: Montagem do autor
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GRUPO 2: EXPOSIÇÕES
Cenas Compartimento População tanques Volume
(m)
Circulação PV = 100
Cena Brasil Ala Rio Banhados do Taim 3 x 1,5 x 1 4,5 m³
Grande e Lagoa Mirim
Anfíbios 1 x 0,80 x 1 0,8 m³
Marismas e 3 x 1,5 x 1 4,5 m³
estuários
Lagoa dos Patos 3 x 1,5 x 1 4,5 m³
Praia do Rio 3 x 1,5 x 1 4,5 m³
Grande
Ala Mata Atlântica 3 x 1,5 x 1 4,5 m³
atlântica O Costão Rochoso 4 x 1,5 x 7,2 m³
1,2
Algas Marinhas 2 x 0,80 x 1 1,6 ³
A ressurgência 3 x 1,5 x 1 4,5 m³
Oceânica de Cabo
Frio
Plataforma 3 x 1,5 x 1 4,5 m³
litorânea
Ala do Tanque- 3 x 1,5 x 1 4,5m³
Centro- O mangue
Oeste Rio Bonito 3 x 1,5 x 1 4,5m³
A Bacia do Paraná 3 x 1,5 x 1 4,5m³
Tanque de 5x5x4 100m³
mergulho
Nossa Rio Negro 4 x 1,5 x 7,2 m³
Amazônia 1,2
Rio Solimões 4 x 1,5 x 7,2 m³
1,2
Rio Amazonas 4 x 1,5 x 9 m³
1,5
Deltas 3 x 1,5 x 1 4,5m³
Cena Tanque- 5x3x2 30 m³
Maravilhas O Atlântico
Tanque- 5x3x2 30 m³
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das O Pacífico
profundezas Tanque- 5x3x2 30 m³
O Índico
Mar aberto 10 x 10 x 4 400m³
Tanques Tanque- 1,5 x 1 x 1,2 m³
específicos Peixes exóticos 0,80
Tanque do Caribe 1,5 x 1 x 1,2 m³
0,80
Tanque de corais 1,5 x 1 x 1,2 m³
0,80
Águas-vivas 1,5 x 1 x 1,2 m³
0,80
Cavalos Marinhos 0,50 x 0,50 0,20 m³
x 0,80
TOTAL: 293,65 m² 677,5 m³
677.500 litros de água doce e salgada em tanques
OBS: 1000 litros = 1m³
OBS: sujeito à mudanças
GRUPO 3: EDUCAÇÃO
Compartimento População Mobiliários Área
Salas de aula (2) PV = 2 x (25) Mesas, cadeiras 2 x 80m²
Auditório PV = 100 Poltronas, telão, 200 m²
bancada ecomputador
Recreação infantil PV = 10 Brinquedos
TOTAL: 360 m²
GRUPO 4: INFRAESTRUTURA
Compartimento População Mobiliários Área
Transformador - - 15m²
Gerador - - 15m²
Central de Climatização - - 80m²
Casa de bombas - - 4m²
Casa de máquinas - - 15m²
Central de gás - - 4m²
Depósito de lixo - - 10m²
Reservatórios de água - - 30m²
Medidores - - 4m²
Estacionamento 100 carros - 2250m²
Carga e descarga - - 110m²
Depósito geral - Armários, prateleiras 10m²
Segurança predial PF = 1 Bancada, armário, 10m²
monitores
Sanitários/Vestiários PV = 4 x 2 Lavatórios, sanitários, 2 x 12m²
chuveiros
TOTAL: 2581 m²
GRUPO 5: ADMINISTRAÇÃO
Compartimento População Mobiliários Área
Apoio
Direção/administração/financeiro PF = 4 Mesas/cadeiras/computadores/armá 40m²
geral rios
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GRUPO 6: MANUTENÇÃO/CUIDADOS
Compartimento Obs: Mobiliários Área
Reservatórios de água 50% do volume de - 350 mil litros
doce água doce
Reservatórios de água 50% do volume de - 350 mil litros
salgada água salgada
Quarentena 20% do volume de - 13550 litros
tanques
Estação de tratamento de - - 200m²
água
Sala de tratamentos PF = 2 Mesas/cadeiras/armários 60m²
Sala de - - 50m²
alimentos/manutenção
TOTAL: 110 m²
OBS: sujeito à mudanças conforme mudanças nos tanques.
GRUPO 7: PESQUISA
Compartimento População Mobiliários Área
Laboratórios/sala de PF = 5 Bancadas/instrumentos/armários 100m²
análises
Apoio - armários 10m²
TOTAL: 110 m²
Multifuncionalidade
MULTIFUNCIONALIDADE
INTEGRAÇÃO
SUSTENTABILIDADE
TRANSFORMAÇÃO
ESTRUTURA METÁLICA
MADEIRA
TECNOLOGIA
O uso da madeira e o conceito das passarelas poderá ser explorado na área de visitação
ao longo dos tanques. Além disso, as passarelas serão extremamente importantes para a área
técnica, onde pretende-se utilizar uma área técnica sobre a passarela de visitação.
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Figura 62- Intenção de projeto: modelo de funcionamento das passarelas de visitação e manutenção dos tanques.
Fonte: Montagem do autor
Uma das sugestões para a transição entre o espaço marinho e de tanques de água doce,
poderá ser realizado através de um grande túnel. Além da função de direcionamento, este túnel
terá função de aproximar o visitante no mundo aquático, fazendo com que ele se sinta parte do
espaço.
Figura 63- Transição entre aquário de água doce com a área oceânica.
Fonte: Montagem do autor
Secção V - MARQUISES
Art. 99 - Será permitida a construção de marquises nas testadas dos edifícios
construídos no alinhamento dos logradouros desde que:
1. tenham balanço máximo de três metros;
2. tenham todos os seus elementos estruturais ou decorativos, cotas iguais ou
superiores a três metros referidos ao nível do passeio.
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Art. 126 - Poderá ser dispensada a abertura de vãos para o exterior em cinemas,
auditórios, teatros, salas de cirurgia e em estabelecimentos industriais e comerciais desde que:
1. sejam dotados de instalação central de ar condicionado, cujo projeto completo
deverá ser apresentado juntamente com o projeto arquitetônico;
2. tenham iluminação artificial conveniente;
4. possuam gerador elétrico próprio.
Art. 196 - As poltronas deverão ser distribuídas em setores, separados por corredores,
observando o seguinte:
1. o número de poltronas em cada setor não poderá ultrapassar a duzentos e cinquenta;
2. as filas dos setores centrais terão no máximo dezesseis poltronas;
3. quando estes setores ficarem junto às paredes laterais será de oito o número de
poltronas no máximo;
4. o espaçamento mínimo entre as filas de poltronas deverá ser:
a) quando situadas na plateia, noventa centímetros para as poltronas fixas e oitenta e
cinco centímetros para as móveis;
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University Pressed. 2005.
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