Você está na página 1de 3

TJBA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

21/06/2018

Número: 8001018-59.2017.8.05.0243
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: V DOS FEITOS DE REL DE CONS CIV E COMERCIAIS DE SEABRA
Última distribuição : 18/10/2017
Valor da causa: R$ 8.000,00
Assuntos: Indenização por Dano Moral, Fornecimento de Energia Elétrica, Produto Impróprio
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ELANE BATISTA ROCHA SILVA (AUTOR) IURY CARLOS SEIXAS FIGUEIREDO (ADVOGADO)
COELBA (RÉU) MARCOS SALLES DE MENDONCA (ADVOGADO)
MARCELO SALLES DE MENDONÇA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
12784 11/03/2018 16:58 Voto do Magistrado Voto
521
PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

6ª Turma Recursal

Processo: RECURSO INOMINADO n. 8001018-59.2017.8.05.0243


Órgão Julgador: 6ª Turma Recursal
RECORRENTE: COELBA
Advogado(s): MARCOS SALLES DE MENDONCA, MARCELO SALLES DE MENDONCA
RECORRIDO: ELANE BATISTA ROCHA SILVA
Advogado(s): IURY CARLOS SEIXAS FIGUEIREDO

VOTO

Conheço do recurso, pois apresentado por patrono regularmente constituído, tempestivo e devidamente
preparado, (Id 758421). Assim, cumpre aduzir que, no que concerne ao mérito, se aplica ao presente caso
o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), vez que é de consumo a relação travada entre as
partes em litígio.

Rejeito a preliminar suscitada em sede de recurso, mantendo a fundamentação do juízo a quo, quanto a
matéria alegada. No mérito em questão, como bem asseverado em sede de sentença, o ora Recorrente é
responsável pela falha na prestação do serviço, ocasionando assim, a configuração do dano moral.

Ademais, nos termos do art. 6º, VIII do CDC, pertinente é a inversão do ônus probatório, porquanto
presente a verossimilhança da alegação contida na peça inicial e a hipossuficiência técnica da parte
autora. Conforme o art. 373, II do CPC, a norma expressa claramente, que cabe ao réu o ônus da prova
nesses casos:“Art. 373. O ônus da prova incumbe:II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.”

Desta forma, caberia a empresa Recorrente comprovar, através da juntada de documentos claros e
elucidativos, de que houve, de fato, a prestação do serviço de energia elétrica nos períodos citados entre
05:00 hs às 14:30 hs da data de 20 de setembro de 2017. Entretanto, não há nenhuma comprovação nos
autos de que inexistiu defeito (art. 14, § 30, I), também não comprovada a culpa exclusiva do consumidor
ou de terceiro (art. 14, § 30, II), sua responsabilidade é inconteste. A recorrida comprovou a suspensão do
serviço de energia elétrica, através do depoimento pessoal da testemunha nos autos.

Pontifica o CDC que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou
sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos” (art. 22). Nesse sentido, a interrupção de um serviço
essencial como o de energia elétrica, certamente causa grave dissabor a qualquer pessoa ou família no
atual estágio de desenvolvimento social.

Assinado eletronicamente por: ANA CONCEICAO BARBUDA SANCHES GUIMARAES FERREIRA - 11/03/2018 16:58:50 Num. 12784521 - Pág. 1
https://pje.tjba.jus.br:443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031116585000000000012147462
Número do documento: 18031116585000000000012147462
Destarte, constatado o fato que gerou o dano, proveniente da relação de consumo, e a lesão à parte mais
fraca, caberá ao responsável a sua reparação, não havendo necessidade do consumidor apresentar prova
da culpa. A redação do artigo 14 do CDC é clara: “Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.”

No que tange a fixação do quantum indenizatório/reparatório pelo juízo de piso, entendo que não deve
prosperar, vez que o Juiz deve obedecer aos princípios da equidade e moderação, considerando-se a
capacidade econômica das partes, a intensidade do sofrimento do ofendido, a gravidade, natureza e
repercussão da ofensa, o grau do dolo ou da culpa do responsável, enfim, deve objetivar uma
compensação do mal injusto experimentado pelo ofendido e punir o causador do dano, desestimulando-o
à repetição do ato. E analisando a situação fática da demanda, compreendo que a aplicação do valor à
título de danos morais se encontra desproporcional e desrazoável.

1. Isto porque, a referida indenização não deve ser objeto de enriquecimento da parte que busca
reparação do dano moral e assim, convém que não seja fixada em valor que não atenda aos critérios
supramencionados. Considerando, que a interrupção do serviço ocorreu pelo tempo de
aproximadamente de 09 (nove) horas.

Assim, observando os parâmetros elencados por esta Turma no arbitramento de quantum indenizatório,
bem como observando as peculiaridades fáticas presente no caso em concreto, tenho que merece censura
o valor arbitrado pelo juízo a quo, razão pela qual venho a reduzi-lo para o importe de R$ 2.000,00 (dois
mil reais).

Ante o quanto exposto, por vislumbrar merecer reforma a decisão vergastada, VOTO NO SENTIDO DE
CONHECER E DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO INTERPOSTO, para apenas
reduzir o valor do dano moral para o importe de R$ 2.000,00 (dois mil reais) e no mais permanecer como
lavrado o decisum hostilizado. Sem Custas e honorários.

É como voto.

Salvador, 08 de março de 2018.

Bela. Ana Conceição Barbuda Sanches Guimarães Ferreira

Juíza Relatora

Assinado eletronicamente por: ANA CONCEICAO BARBUDA SANCHES GUIMARAES FERREIRA - 11/03/2018 16:58:50 Num. 12784521 - Pág. 2
https://pje.tjba.jus.br:443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031116585000000000012147462
Número do documento: 18031116585000000000012147462

Você também pode gostar