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27-09-2021

ESCE
09

Licenciatura em CF e CFN
UC: Análise Financeira II;
Ano letivo: 2020/21
Módulo II – RENDIBILIDADE E RISCO

RUC: Paulo Monteiro Alexandre;


Autores: Paulo Alexandre / Paula Heliodoro
Set /2021

MÓDULO II– Rendibilidade e Risco ESCE


TEMAS A ABORDAR: 09

1. Rendibilidade operacional e estratégica

2. Efeito de alavanca financeira

3. Risco – enquadramento; risco económico e financeiro

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MÓDULO II– Rendibilidade e Risco ESCE


1 – Rendibilidade operacional e estratégica 09

Associamos o conceito de Rendibilidade às seguintes expressões:

- Capacidade de produzir rendimento, que é representado, normalmente,


sobre o que foi investido, e não pelo valor absoluto do “dinheiro ganho”
- Retorno sobre o investimento (ações, depósitos, etc)
- A rendibilidade consiste na capacidade das empresas para gerarem
lucros;
- Capacidade de obter boa margem nas vendas

Assim, a rendibilidade pode ser vista em perspetivas distintas (inter-


relacionadas) :

• Perspetiva operacional: relação entre os resultados e o volume de


negócios

• Perspetiva estratégica: relação entre os resultados e o investimento

MÓDULO II– Rendibilidade e Risco ESCE


1 – Rendibilidade operacional e estratégica 09

Na perspetiva operacional, os rácios passíveis de analisar são os


seguintes:

Rendibilidade operacional das vendas (ROV) = Resultado operacional x 100


Volume de negócios

Este rácio avalia o retorno em termos de resultado operacional (antes de


gastos de financiamento e impostos) obtido através do volume de negócios
realizado no período.

Quanto maior o valor do indicador, maior a propensão para o negócio gerar


resultados.
ROVempresas > ROVsetor

A empresa apresenta uma melhor capacidade de gerar resultados


operacionais que o setor onde se insere.

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1 – Rendibilidade operacional e estratégica 09

Rendibilidade Margem EBITDA = EBITDA x 100


Volume de negócios

Este rácio avalia o retorno em termos de EBITDA sobre do volume de


negócios realizado.

Ao não incluir os gastos com depreciação e amortização, a margem EBITDA


pode ser vista como uma aproximação do fluxo de caixa da empresa em
cada unidade monetária que vende, antes de descontar despesas
financeiras ou impostos.

Quanto maior o valor do indicador, maior a propensão para o negócio, ao


nível base da exploração, produzir resultados.

MÓDULO II– Rendibilidade e Risco ESCE


1 – Rendibilidade operacional e estratégica 09

Rendibilidade liquida das vendas (RLV) = Resultado líquido do período x 100


Volume de negócios

Este rácio avalia o retorno em termos de resultado líquido do volume de


negócios realizado.
Quanto maior o valor do indicador, maior a propensão para o negócio gerar
resultados.
RLVempresas > RLVsetor

A empresa apresenta uma melhor capacidade de gerar resultados


líquidos que o setor onde se insere.

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MÓDULO III– Rendibilidade e Risco ESCE


1 – Rendibilidade operacional e estratégica 09

A rendibilidade, na perspetiva operacional, deve ser analisada sempre


enquadrada com o setor onde a empresa atua e principais
concorrentes (rendibilidade operacionais são muito diferentes entre os
setores) e está dependente dos seguintes fatores:

- Capacidade da empresa em aumentar vendas


- As margens do setor onde atua e a existência ou não de forte pressão da
concorrência
- Capacidade negocial com fornecedores.
- Capacidade de repercutir nos preços de venda os aumentos nos fatores
de produção ( ex: setor transportes - preços dos combustíveis
- Capacidade da gestão da empresa em ser eficiente na gestão dos seus
gastos operacionais mias relevantes.

MÓDULO III– Rendibilidade e Risco ESCE


1 – Rendibilidade operacional e estratégica 09

Na perspetiva estratégica (comparar o retorno face ao investimento


efetuado) os rácios mais utilizados são os seguintes:

Rendibilidade do ativo (RAT) = Res. Líquido do período + Gastos de financiamento (1-t) x 100
Ativo total

Rendibilidade operacional do ativo (ROA) = Resultado operacional x 100


Ativo total médio do período

Estes rácios avaliam o desempenho dos capitais totais investidos pela


empresa (ativo) independentemente das decisões de financiamento. Avalia a
eficiência com que as empresas estão a utilizar os seus ativos. Avaliam o
retorno obtido (em termos operacionais), por cada unidade monetária investida
pela empresa.
É desejável que este rácio apresente um valor o mais elevado possível e
sempre superior à média do setor.

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MÓDULO III– Rendibilidade e Risco ESCE


1 – Rendibilidade operacional e estratégica 09

Rendibilidade do capital próprio (Rcp) = Resultado líquido do período x 100


Capital próprio

Este rácio mede o grau de remuneração dos sócios/acionistas das empresas,


avaliando o retorno do investimento proporcionado aos detentores de capital
próprio.

Rcp empresas > Rcp setor

A empresa apresenta uma melhor capacidade de remuneração dos capitais


próprios por parte da empresa face às empresas do setor, sendo mais
atrativa.

MÓDULO III– Rendibilidade e Risco ESCE


1 – Rendibilidade operacional e estratégica 09

Rendibilidade do Capital próprio (ROE) – Análise Dupont

Análise Dupont

ROE Resultado líquido = Resultado líquido X Vendas líquidas X Ativo Total


Capital Próprio Vendas líquidas Ativo total Capital Próprio

Rendib. vendas Rotação vendas Alavancagem financeira

A equação permite perceber que a rendibilidade (ROE) de uma empresa em


função das seguintes variáveis, podendo perceber assim o impacto de cada
uma delas no ROE:
• O lucro realizado por cada unidade monetária vendida (Rvendas)
• Eficácia da gestão da empresa na utilização dos ativos ( Rot. Vendas)
• A intensidade dos capitais alheios no financiamento da empresa (Alv. Fin)

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1 – Rendibilidade operacional e estratégica 09

Rendibilidade do Capital próprio (ROE) – Análise Dupont

Na análise das relações destes indicadores, os gestores podem compreender


melhor o impacto relativo da margem de lucro, da eficácia na utilização de
ativos e do grau de alavancagem financeira na rentabilidade dos capitais
investidos na empresa (ROE).

Algumas pistas para análise:


- Se ROE está muito dependente da alavancagem financeira ( risco
acrescido para empresa
- Se a empresa tem margem muito reduzida, mas elevada rotação do ativo,
num cenário de quebra de vendas a sua rendibilidade é muito afetada.

Exemplos
ROE = 10/100* 200/100*100/20 = 0,1*2*5 =10%
ROE = 10/100*200/100*100/50 = 0,1*2*2 =4%
ROE = 20/100*100/100*100/50 = 0,2*1*2 =4%

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2 – Efeito de Alavanca Financeira 09

EFEITO DE ALAVANCA FINANCEIRA

Sendo o diferencial entre a rendibilidade operacional do ativo (ROA) e


a taxa de remuneração do capital alheio (j) um dos fatores de
influencia da RCP, a comparação destas duas variáveis permite
avaliar a capacidade de valorização do capital próprio através do
recurso à divida, à qual se dá o nome de efeito de alavanca
financeira. Podemos obter três situações:

1) ROA > j

Nesta situação, o recurso a endividamento permite aumentar a


rendibilidade do capital próprio, dado que o custo do capital
alheio é superado pela rendibilidade operacional do ativo.

O EFEITO DE ALAVANCA É POSITIVO


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2 – Efeito de Alavanca Financeira 09

EFEITO DE ALAVANCA FINANCEIRA

2 ) ROA < j
Nesta situação, o recurso a endividamento diminui a
rendibilidade do capital próprio, dado que o custo do capital
alheio é superior à rendibilidade operacional do ativo.

O EFEITO DE ALAVANCA É NEGATIVO

3) ROA = j
Estamos numa situação de indiferença, dado que o custo de
capital alheio e a rendibilidade operacional do ativo se igualam.

O EFEITO DE ALAVANCA É NULO

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2 – Efeito de Alavanca Financeira 09

EFEITO DE ALAVANCA FINANCEIRA

As vantagens desta análise são, do ponto de vista da gestão da empresa,


permitir definir uma estrutura de capital capaz de maximizar o valor dos
capitais próprios investidos e, para o analista, o de facilitar a avaliação da
situação económico-financeira da empresa em estudo.

O Efeito de Alavanca Financeiro (EAF) permite analisar a


capacidade da empresa para maximizar a RCP, recorrendo ao
endividamento.

Sempre que uma empresa recorre a Capitais Alheios para se financiar,


verifica-se a existência do efeito de alavanca financeiro.

Esse efeito, tanto pode ser positivo, ou seja, induzir um aumento da RCP,
como negativo, no caso contrário.

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MÓDULO III– Rendibilidade e Risco ESCE


2 – Efeito de Alavanca Financeira 09

EFEITO DE ALAVANCA FINANCEIRA


O Efeito de Alavanca Financeiro pode ser expresso através da
seguinte relação:

EAF = Ativo x RL
Cap Próprios RL + Enc Fin (1-Tx IRC)

TRCA = Enc Fin (1-Tx IRC) / Passivo

Rendibilidade Ativo = (RL+ Enc Fin (1-Tx IRC)) / Ativo

Relação entre TRCA ( Taxa de Remuneração Capital Alheio) e RA - aula

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3 – Risco 09

Risco Empresarial

O termo risco está associado à incerteza:

• quer quanto à possibilidade de ocorrência de determinados factores


suscetíveis de afetar, direta ou indiretamente, a empresa

• quer quanto ao momento em que tais factos se possam a vir a


manifestar.

No âmbito das finanças da empresa, o conceito de risco é associado:

• À possibilidade de perdas decorrentes da probabilidade efetiva de que


um determinado fluxo financeiro positivo ou negativo venha a ocorrer
em dimensão menor ou maior que a esperada.

• Risco Específico
• Risco Sistemático

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MÓDULO III– Rendibilidade e Risco ESCE


3 – Risco 09

Risco Empresarial

O risco específico envolve aspetos relacionados com a empresa e, eventualmente os


seus concorrentes diretos, assumindo a caraterística de um risco único, residual e
não sistemático e que pode ser reduzido através da diversificação.

O risco sistemático corresponde ao risco de mercado em que a empresa está


inserida, relaciona-se com a incerteza de alterações em variáveis não controladas
pela empresa, tais como a inflação, as politicas monetária e orçamental, entre
outros.

O risco no âmbito das finanças empresariais acaba por refletir o risco


dos capitais próprios investidos na empresa, podendo decompor-se
em:

• Risco económico ou operacional


• Risco financeiro
• Risco global

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Risco Empresarial – Risco económico

Risco económico

Os principais fatores apontados como determinantes para o risco económico são:

• Volatilidade da procura

• Instabilidade nos preços de venda


• Inconstância dos preços/fornecimentos dos fatores de produção
• Peso relativo dos gastos fixos operacionais
• A capacidade de repercutir nos preços de venda o agravamento dos
gastos com fatores de produção.

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Risco Económico

A análise do risco económico de uma empresa pode ser feita recorrendo


aos indicadores do Ponto Critico das Vendas, da Margem de Segurança
e do Grau de Alavanca Operacional.
 Ponto Crítico das Vendas (PCV)

Fórmula do PCV* = GF / (MB / V)

O Ponto Critico das Vendas (PCV) representa o valor das vendas para o qual a empresa
exibe um resultado operacional nulo, tal que:
RO = V – GV – GF = 0
V = valor das vendas; GV = gastos operacionais; GF = gastos fixos

Quanto maior for o PCV maior será o risco económico, na medida em que a
empresa terá que vender mais para garantir a cobertura dos gastos operacionais.

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3 – Risco 09

Risco Económico

Ponto critico das vendas


C/R

Vendas

Gastos
totais

PE Gastos
GT Variáveis

Gastos
fixos

Q Vendas

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3 – Risco 09

Risco Económico

 Margem de Segurança (MS)

A Margem de Segurança (MS) relaciona o valor das vendas verificado (V) num
dado momento e o Ponto Critico das Vendas da empresa:

Fórmula MS = V – PCV * 100


V

Quanto maior a diferença (V - PCV) maior a MS e, consequentemente,


menor o risco económico, na medida em que a empresa está a afastar-se
do valor de vendas que permitiria cobrir apenas os gastos operacionais.

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3 – Risco 09

Risco Económico

 Grau de Alavanca Operacional


O Grau de Alavanca Operacional (GAO) é um indicador de risco económico que
procura medir a volatilidade dos resultados operacionais face a variações
ocorridas no nível de vendas, tal que:

Fórmula GAO = MB
RO

Quanto maior o valor do GAO maior será o risco económico a que a empresa
está sujeita, na medida em que maior o impacto nos resultados operacionais de
uma variação de volume de negócio da empresa.

Nota: quanto maior for o GAO, também maior será a rendibilidade económica da
empresa, num cenário de crescimento de vendas.

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MÓDULO III– Rendibilidade e Risco ESCE


3 – Risco 09

Risco Financeiro

O Grau de Alavanca Financeira (GAF)

O Grau de Alavanca Financeira (GAF) é um indicador de risco financeiro


que mede a sensibilidade dos resultados líquidos do período face a
variações ocorridas nos resultados operacionais, tais que:

Fórmula GAF = RO
RAI

Quanto maior o valor do GAF maior será o risco financeiro a que a


empresa está sujeita.

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3 – Risco 09

Risco Total

O Grau de Alavanca Combinado (GAC)

O Grau de Alavanca Combinado (GAC) reflete o impacto da variação %


das vendas na variação % dos RL. Quanto mais elevado, maior será o
risco global da empresa

O GAC pode ser expresso a partir da seguinte relação:

Fórmula GAC= GAF X GAC

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MÓDULO VI– Avaliação de empresas ESCE


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Referências Bibliográficas

FERNANDES, C., PEGUINHO, C., VIEIRA, E., NEIVA, J. (2012), Análise


Financeira – Teoria e Prática, 3ª ed. Lisboa, Edições Sílabo.

Vieito, João P., Maquieira, Carlos P. (2013), Finanças Empresariais –


Teoria e Prática, 2ª ed. Lisboa, Escolar Editora.

Pais, Manuel Caldeira, Avaliação de Empresas - Mod I a IV, OCC

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Obrigado

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