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Estudo-Vida de Romanos Vol. 2 - To
Estudo-Vida de Romanos Vol. 2 - To
1ª Edição — 1984
2ª Edição Revisada-1991
Impresso no Brasil
pela Copiadora Árvore da Vida
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 35
SENDO LIBERTOS DA MORTE (1)
Como temos visto, o ponto central da revelação
neste livro é que Deus está transformando pecadores
em filhos a fim de formar o Corpo de Cristo. Deus é
expresso no Filho, o Filho é expresso no Corpo e o
Corpo é expresso nas igrejas locais. Antes de nos
tornarmos filhos, fomos constituídos pecadores
(5:19), não apenas em nome e posição, mas em
constituição. Fomos constituídos pecadores porque o
pecado entrou em nós.
OS RESULTADOS DO PECADO
O pecado resulta em uma série de coisas. Ele
introduziu tanto a carne como a lei. Assim temos os
problemas do pecado, da carne e da lei. Mas ainda
temos outro problema, o resultado final do pecado,
que é a morte. Onde existe pecado há morte. Em
5:12~ Paulo diz: “Portanto, assim como por um só
homem. entrou o pecado' no mundo, e pelo pecado a
morte, assim também a morte passou a todos os
homens porque todos pecaram.” A morte entra
através do pecado e reina por causa do pecado.
Portanto, o pecado resulta em três coisas: na lei, na
carne e na morte.
“ESTA MORTE”
Que Paulo quis dizer com “esta morte”? Ele
referia-se à morte que, em forma de cobiça, estava
matando-o constantemente. De maneira semelhante,
algo dentro de nós está matando-nos a cada minuto
do dia. Se formos negligentes ou descuidados, não
perceberemos isso. Mas se tentarmos ser corretos,
santos, espirituais e perfeitos, descobriremos que em
vez de sermos perfeitos, seremos constantemente
mortificados pela morte. Para que experimentemos
morte, não há necessidade de esperarmos até
ficarmos velhos e prestes a morrer fisicamente.
Mesmo com a morte física existe a questão de morrer
gradativamente. A cada dia morremos um pouco
mais, mesmo enquanto estamos vivos. Quanto mais
velhos ficamos, mais morremos. Suponha que você
tenha setenta cruzeiros. Se gastar cinco cruzeiros,
terá um restante de sessenta e cinco cruzeiros. Se
gastar sessenta cruzeiros e noventa e nove centavos,
você terá somente um centavo de sobra. Da mesma
forma, estamos gastando nosso tempo de vida. Quer
sejamos velhos ou novos, estamos morrendo
gradativamente. Sou um homem velho com muitos
netos. Quando eles me dizem quantos anos têm, às
vezes penso: “Vocês não estão vivendo. Estão todos
morrendo”.
A morte é uma questão profunda. Ela mata o
nosso corpo, alma e espírito. Mesmo agora ela está
matando seu corpo, mente, vontade e emoção. Ela
está matando seu coração e especialmente seu
espírito. Esta é a razão de tantos virem às reuniões da
igreja de uma maneira morta. Eles se sentam nas
cadeira sem orar ou funcionar porque estão mortos e
enterrados. E impossível que tais pessoas mortas
gritem: “Louvado seja o Senhor.” Alguns irmãos
ficam mortos nas reuniões porque perderam a calma
com a esposa. Mesmo se estiver descontente com sua
esposa sem perder a calma exteriormente, o seu
espírito estará mortificado. Algumas vezes os irmãos
líderes me perguntam por que muitos irmãos e irmãs
não funcionam nas reuniões. Eu lhes digo que a razão
é que estes santos estão mortos e estão dentro de um
caixão. Como esperar que morto funcione? Não os
exorte, nem lhes dê regulamentos. Em vez disso, faça
algo que os leve a serem ressuscitados das sepulturas.
Então eles falarão nas reuniões. Meu ponto é que
todos temos algo interior que a Bíblia chama de
morte. Não pense que a morte virá somente no
futuro. Não, ela pode prevalecer dentro de você hoje.
Embora o seu nome seja morte, ela é muito ativa e
forte, muito mais poderosa do que você. Por si mesmo
você não pode derrotá-la.
Muitas vezes, nas reuniões, você provavelmente
teve o sentimento de louvar o Senhor ou de dar um
testemunho. Imediatamente, entretanto, começou a
considerar e refletir, pensando que não deveria
proferir qualquer coisa descuidadamente. Se for
cuidadoso dessa maneira, isto indica que está sob a
influência da morte. Se fosse intimado a comparecer
como-testemunha perante um juiz, então deveria ser
cuidadoso. Mas quando vier à reunião da igreja, não
há necessidade de ser tão cuidadoso. Você deve
perder a cautela, liberar o espírito e dizer: “Louvado
seja o Senhor! Amém! Quero testificar que Cristo é
minha vida.” Qualquer consideração o mortificará.
Você sabe por que é cuidadoso nas reuniões? É por
querer glorificar a si próprio e não querer passar
vergonha. Esse tipo de consideração mata o seu
espírito.
Vimos que devido ao elemento do pecado em
nós, fomos constituídos pecadores. O resultado do
pecado é a morte que nos mata e nos enfraquece.
Hoje temos não somente o problema do pecado, mas
também o problema da morte. O fato de que o pecado
e a morte andam juntos é provado por Romanos 8:2:
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me
livrou da lei do pecado e da morte” (VRC). A lei do
pecado e da morte não se refere a duas leis, mas a
uma lei com dois elementos — pecado e morte. Onde
a lei do pecado estiver, a lei da morte também estará.
A CARNE DE PECADO
Por ter entrado em nosso corpo, o pecado o levou
a tornar-se a carne caída. Portanto, em 6:6 o corpo é
chamado “o corpo do pecado.” Também é chamado
de “a carne do pecado” (8:3 — VRC) por ter sido
corrompido pelo pecado. Tanto o corpo do pecado
quanto a carne do pecado referem-se à mesma coisa.
No corpo corrompido, a carne de pecado, estão
muitas concupiscências. Em 7:17 Paulo diz: “Neste
caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que
habita em mim.” Sendo específico: o pecado habita
em nossa carne, desse modo leva-a a tornar-se a
carne de pecado.
OS EFEITOS DA MORTE
Este pecado que habita interiormente é a causa
da morte. Onde existe pecado, também existe morte.
A morte descrita em Romanos de 5 a 8 não é
principalmente a morte que leva as pessoas a
morrerem fisicamente, mas a morte que as mata hoje.
Esta morte está fazendo uma obra mortificante em
nós. A razão de muitos estarem fracos em oração e
débeis no funcionar nas reuniões é a obra da morte.
Alguns irmãos e irmãs não são um. Esta falta de
unidade provém da morte. Se você não pode abrir a
boca para testificar de maneira viva, é por causa do
mortificar, do trabalhar da morte. Se você não
estivesse sob a morte, estaria borbulhando, orando,
louvando, funcionando e testificando todo o tempo.
Além disso, você seria um com todos os santos. Desde
que você não esteja assim, estará morto, mesmo
sendo bom, correto e bíblico.
Como enfatizamos, Romanos 8:6 diz que a mente
posta na carne é morte. O tipo de morte aqui não é
aquele que leva as pessoas a morrerem fisicamente e
a serem enterradas; é a morte que mortifica durante
todo o dia. Ao fazer muitas coisas, você pode ser cheio
de energia, mas na oração é fraco e sem vida. Isso
significa que a morte em seu corpo expandiu sua
influência e poder mortificador para sua mente e
espírito.
Certa vez, enquanto o irmão Nee estava falando,
pediu às irmãs para dizerem quantos capítulos
existem no Evangelho de Mateus. Elas tiveram
dificuldades em dar o número correto.
Imediatamente o irmão Nee disse: “Vocês não podem
me dizer quantos capítulos existem em Mateus. Mas
se eu lhes perguntar quantos vestidos longos vocês
têm, serão capazes de me dar o número exato. Não
somente serão capazes de me dizerem o número, mas
também a cor e o modelo.” Muitos cristãos acham
difícil lembrar versículos da Bíblia, mas podem
facilmente lembrar de muitos detalhes de suas
posses. Isso indica que a mente deles foi mortificada.
Quando a mente está mortificada, ela é boa para as
coisas carnais e mundanas, mas não para as coisas
espirituais.
Precisamos permitir que o Cristo que habita
interiormente expanda-se de nosso espírito para
todas as partes interiores de nosso ser. Devemos orar:
“Senhor Jesus, deixar-Te-ei expandir-se em mim.
Quero que Tu tenhas livre caminho em meu interior.”
Se você assim fizer, sua mente se tornará sóbria e sua
memória aguçada, Espontaneamente vai ser-lhe fácil
lembrar os versículos da Bíblia.
A morte está operando em uma direção interior,
do nosso corpo para o nosso espírito, mas a vida
opera em uma direção exterior, do nosso espírito para
o nosso corpo. A direção do operar da morte é da
circunferência para o centro, enquanto que a direção
do operar da vida é do centro para a circunferência.
Portanto, morte e vida operam em direções opostas.
Enquanto a morte opera da circunferência para o
centro, ela mortifica nossa mente e espírito.
QUATRO LEIS
A questão da lei é profunda. Muitos estudantes
da Bíblia têm sido perturbados pelo fato de Paulo
usar a palavra “lei” em Romanos 7. Primeiramente
essa palavra denota a lei de Deus, isto é, os dez
mandamentos (7:22). Então em 7:23 Paulo fala de “a
lei da minha mente” e em 8:2, da “lei do pecado e da
morte” e da “lei do Espírito da vida”. É difícil
entender as palavras “lei” e “vida” e é até mais difícil
entender a frase “a lei do Espírito da vida”. Por
conseqüência, nos capítulos sete e oito a palavra “lei”
é usada de diferentes maneiras: para a lei de Deus,
para a lei da mente, para a lei do pecado e da morte e
para a lei do Espírito da vida.
OUTRA LEI
No capítulo sete, entretanto, há ainda outra lei:
“Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o
mal reside em mim” (v. 21). Antes de podermos
conhecer a lei abrangida nesse versículo, precisamos
entender a lei de Deus, a lei da mente, a lei do pecado
e da morte (que é a lei do pecado nos nossos
membros) e a lei do Espírito da vida. Aprender estas
quatro leis é como aprender os princípios básicos da
matemática. A lei no versículo 21 não é a lei da mente,
nem a lei do pecado em nossos membros. Podemos
chamá-la “a lei de que”. Há uma lei, um princípio, de
que sempre que queremos fazer o bem, o mal está
presente em nós. A lei em 7:21 refere-se a este
princípio.
Paulo descobriu o princípio de que sempre que
tentava fazer o bem, o mal estava presente nele. Você
já percebeu que existe esta lei? Se não tentamos fazer
o bem, parece que o mal não está presente. Mas é
uma lei que sempre que tentamos fazer o bem, o mal
está presente. Por exemplo, se você não tenta ser
humilde, o orgulho não parece estar presente. Mas se
você decide ser humilde, o orgulho estará presente
em você. Do mesmo modo, se você não decidir não
perder a calma, sua ira não estará presente. Porém,
sempre que determinar não perder a calma
novamente, sua ira imediatamente estará presente.
Esta é “a lei de que”. Esta lei não tem mandamentos,
somente o princípio de que sempre que desejamos
fazer o bem, o mal está presente.
Não muitos cristãos, incluindo os cristãos
sequiosos, sabem que esta lei existe. Entretanto todos
temos sido per-. turbados pelo fato de que sempre
que nos propomos a ser pacientes, falhamos. Ao invés
de sermos pacientes, ficamos irados. Da mesma
maneira, sempre que decidimos ser humildes,
terminamos sendo orgulhosos. Antes de termos sido
salvos ou quando não éramos diligentes em buscar o
Senhor, parecia-nos que íamos muito bem. Mais
tarde aprendemos que deveríamos ser uma nova
pessoa. Eu fui ensinado dessa maneira. Porém quanto
mais tentava ser uma nova pessoa, mais a velha
pessoa estava presente em mim. Então fui ensinado a
me considerar morto, e pratiquei esse ensinamento.
Contudo, quanto mais eu me considerava morto,
mais vivo me tornava. Quanto mais tentava fazer o
bem, pior ficava.
Creio que todos nós temos experimentado isso.
Quando éramos descuidados, aparentemente éramos
corretos. Porém, quando desejávamos fazer o bem
para agradar a Deus, parecia que o nosso
comportamento se tornava pior. Por exemplo, um
irmão pode dizer: Como um cristão que ama o
Senhor, não devo perder a calma com minha esposa
ou maltratá-la. Pedirei ao Senhor para me ajudar
nesta questão. Contudo, logo depois, este irmão perde
a calma com a esposa.
Por oito anos fui incomodado por questões como
essa, de 1925 até 1933. Durante aqueles anos muitas
vezes não pude comer ou dormir bem, porque estava
incomodado com respeito à minha vida cristã. Alguns
com esse problema até mesmo pensaram em deixar
de ser cristãos e disseram a si mesmos: Não quero
mais ser um cristão. Disseram-me que se eu me
tornasse um cristão, seria alegre. Mas agora sou
incomodado todo dia. Quero ser humilde, mas, ao
contrário, sou orgulhoso. Por meio desse tipo de
experiência fui exposto, incapaz de crer quão mau eu
era. Através de ler a Bíblia e por meio da minha
experiência na vida cristã, descobri que existe uma lei
operando nos seres humanos, que quando eles
tentam fazer o bem, o mal está presente. Quando
descobri essa lei, percebi que não deveria ser tão tolo
a ponto de continuar tentando fazer o bem. Tentar
fazer o bem é como pressionar o botão que faz com
que o mal esteja presente. Se não apertar o botão, o
mal não está aqui. Mas se você o pressiona, o mal vem
imediatamente, ávido para trabalhar. Em 1933 foi
quando pela primeira vez parei de pressionar este
botão. Entretanto, achei difícil manter-me sem
apertá-lo, pois o tinha feito por toda a minha vida.
Embora eu saiba que não devo pressionar esse botão,
devo confessar que mesmo agora, algumas vezes, o
pressiono. Provavelmente você já apertou este botão
hoje. Talvez não pararemos com isso completamente
até que sejamos arrebatados ou até que estejamos na
Nova Jerusalém.
Talvez você tenha lido Romanos 7 repetidas
vezes, sem ver essa quinta lei. Além das quatro leis,
há a lei que opera sempre que desejamos fazer o bem.
Precisamos pedir ao Senhor que nos guarde de
pressionar este botão, pois sempre que o fizermos, o
mal estará presente. Se tentamos ser pacientes,
pressionamos o botão e, pelo contrario, ficamos
irados. Se tentamos ser humildes, pressionamos
novamente o botão, e somos orgulhosos. Os cristãos
freqüentemente oram para que o Senhor os ajude a
fazer o bem, fazer coisas tal como amar a esposa ou
submeter-se ao marido. Porém, precisamos orar para
que o Senhor nos abstenha de tentar fazer essas
coisas. Quanto a ISSO, precisamos de uma revelação,
uma visão, que nos guardará de pressionarmos o
botão que faz com que o mal esteja presente em nós.
NOVIDADE DE VIDA
Romanos 6:4 diz: “Assim também andemos nós
em novidade de vida.” Ao invés de permanecermos
sob o reinar da morte, deveríamos andar em novidade
de vida e permanecer na linha da vida. O versículo
seguinte diz: “Porque se crescemos juntamente com
Ele na semelhança da Sua morte, assim também
cresceremos na semelhança da Sua ressurreição”
(lit.), Assim como crescemos juntamente com Ele na
semelhança da Sua morte, isto é, no batismo
mencionado no versículo 4, assim também
cresceremos juntamente com Ele na semelhança da
Sua ressurreição, isto é, na novidade de vida
mencionada no versículo 4. Crescer juntamente na
semelhança da ressurreição de Cristo é estar em
novidade de vida. Então o versículo 11 diz-nos para
considerarmo-nos mortos para o pecado, mas vivos
para Deus, em Cristo Jesus. Esses. versículos indicam
que no capítulo seis também existe tanto a linha da
vida como a linha da morte.
“ESTA MORTE”
Agora chegamos ao capítulo sete, um capítulo do
qual muitos cristãos não gostam muito. Aqui, ao invés
de vida, encontramos o matar e a morte. O versículo
11 diz: “Porque o pecado, prevalecendo-se do
mandamento me enganou e me matou.” O pecado é
um assassino que usa a lei como sua arma para
matar-nos. Isso deveria advertir-nos a não voltarmos
para a lei. Se fizermos isso, o pecado se levantará
como que dizendo: “Que bom que voltou para a lei!
Você acaba de me dar uma oportunidade excelente
para usar a lei a fim de matá-lo.” Como alguém que
foi morto dessa maneira, Paulo gritou:
“Desventurado homem que sou! quem me livrará do
corpo desta morte?” (v. 24).” Esta morte” refere-se à
morte causada pelo pecado por meio da arma da lei.
O ESPÍRITO EM ROMANOS 8
Neste capítulo, o Espírito de Deus é chamado o
Espírito da vida e o Espírito de Cristo, termos não
usados no Velho Testamento, nos Evangelhos nem
em Atos. O termo o Espírito de Deus, contudo, foi
usado muitas vezes antes de Romanos, mas Romanos
8 revela que o Espírito de Deus é o Espírito da vida e
o Espírito de Cristo. Nos versículos 9 e 10, o Espírito
de Deus, o Espírito de Cristo e Cristo são usados
permutavelmente. Isso indica que o Espírito de Deus
é o Espírito de Cristo e que o Espírito de Cristo é o
próprio Cristo. Hoje Cristo, como o Espírito da vida,
habita interiormente em nosso espírito.
Experimentamos isso quando andamos não de
acordo com a carne, mas de acordo com o espírito.
VIDA E MORTE
O versículo 6 diz: “Porque a mente posta na
carne é morte, mas a mente posta no espírito é vida e
paz” (lit.). Aqui vemos que o resultado de pôr a mente
na carne é morte e que o resultado de pôr a mente no
espírito é vida e paz. Logo no início da Bíblia, a vida é
representada pela árvore da vida e a morte, pela
árvore do. conhecimento do bem e do mal. Essas duas
árvores representam duas fontes diferentes, com dois
resultados opostos. A árvore da vida nos leva para a
vida e a árvore do conhecimento nos conduz à morte.
Além disso, a Bíblia conclui com duas consumações: o
lago de fogo, que é a segunda morte, e a Nova
Jerusalém, que é a cidade da vida. Portanto a Bíblia
termina como começa, com morte e vida.
Romanos 8 está no caminho entre o início em
Gênesis e a consumação em Apocalipse. Entre as duas
fontes e as duas consumações há duas linhas: a linha
da vida e a linha da morte. Como salientamos na
última mensagem, algumas vezes podemos ter um pé
na linha da vida e o outro na linha da morte. Outras
vezes podemos estar totalmente numa linha ou na
outra. Romanos 8 trata dessas duas linhas, do
aspecto da nossa experiência.
CRISTO EM NÓS
Primeiramente, em Romanos 8 encontramos a
resposta para a questão com respeito a onde está
Cristo hoje. Este capítulo revela que Cristo não está
apenas-nos céus, mas também em nós. O versículo 34
diz que Cristo está à direita de Deus, enquanto o
versículo 10 revela que Cristo está em nós. O próprio
Cristo, que está assentado no terceiro céu, está
vivendo em nós agora. Que maravilhoso! Assim,
através de Romanos 8, sabemos onde Cristo está
O LUGAR DA MENTE
Em Romanos 7 e 8 vemos que duas coisas
habitam interiormente nos crentes. No capítulo 7
temos o pecado que habita interiormente, a natureza
maligna de Satanás, e no capítulo 8 temos o Espírito
que habita interiormente, que é o próprio Cristo. O
pecado é a natureza personificada de Satanás, que
habita em nossa carne e o Espírito é Cristo, habitando
em nosso espírito. Entre o pecado e o Espírito que
habitam interiormente em nós, permanece a nossa
mente, que representa a nós próprios. Romanos 7:25
diz: “De maneira que eu, de mim mesmo, com a
mente sou escravo da lei de Deus.” Por favor, prestem
bastante atenção às palavras “de mim mesmo, com a
mente”. Essas palavras indicam que a mente é nossa
representante, é o nosso próprio eu. Quando Paulo
disse que com a mente estava servindo a lei de Deus,
ele quis dizer que ele mesmo estava tentando guardar
a lei, esforçando-se para agradar a Deus por obedecer
à lei. Ao tentar cumprir as exigências da lei, a mente
estava fazendo algo bom, mas estava agindo
independentemente.
Romanos 8:6 nos dá outra visão da mente:
“Porque a mente posta na carne é morte, mas a mente
posta no espírito é vida e paz” (lit.). Vimos
claramente que Satanás, como o pecado, habita em
nossa carne e que Cristo, como o Espírito que dá vida,
habita em nosso espírito. Se decidimos fazer o bem, o
pecado que habita em nossa carne será ativado e nos
derrotará. A lei do pecado guerreará contra a lei da
nossa mente e nos fará cativos na lei do pecado em
nossos membros (7:23). Assim precisamos da
revelação do pecado em nossa carne e de Cristo em
nosso espírito. Então precisamos ver que como
pessoas independentes não somos capazes de tratar
com o pecado em nossa carne. Para tratar com ele,
precisamos invocar o próprio Senhor Jesus, que
habita em nosso espírito, e manter a nossa mente
posta no espírito. Isso não é uma questão de seguir
um método, mas de tocar uma Pessoa viva. A todo
momento precisamos dizer: “Amém, Senhor Jesus,
eu Te amo.” Quando fazemos isso o pecado que
habita interiormente é subjugado e Cristo torna-se
tudo para nós. O Senhor Jesus é, então, trabalhado
para dentro do nosso ser para nos permear e nos
saturar com Ele mesmo. Isso é o que significa ser
santificado, transformado e conformado à imagem de
Cristo. Essa é a experiência de residir em Cristo, ao
pôr a mente no espírito amalgamado, como revelado
em Romanos 8.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 40
SALVOS EM VIDA DO PECADO E DO MUNDO
Com esta mensagem iniciamos uma série de
mensagens relacionadas à vida salvadora de Cristo.
Romanos 5:10 diz: “Porque se nós, quando inimigos,
fomos reconciliados com Deus mediante a morte do
seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela (em — lit.) sua vida.” Os cristãos
dedicam grande atenção à morte de Cristo, porém
não dão muita atenção à Sua vida. Podemos conhecer
o termo a vida de Cristo e podemos estar
familiarizados com os versículos do Evangelho de
João, onde o Senhor diz que Ele é vida e que Ele veio
para que tenhamos vida mais abundante (Jo 11:25;
10:10). Entretanto, precisamos admitir que nos falta a
genuína experiência da vida.
JUSTIFICAÇÃO E VIDA
Em 1:16 Paulo diz que o evangelho é o poder de
Deus para a salvação de todo aquele que crê. Depois,
no próximo versículo ele diz, “Visto que a justiça de
Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está
escrito: O justo viverá por fé.” A salvação de Deus é
por meio da justificação da fé. Apesar de todos os
cristãos ouvirem isso, a maioria perdeu o ponto
máximo deste capítulo. A questão não é a salvação,
nem a justificação, nem a fé. É a vida. Notem que 1:17
diz que o justo viverá por fé. Este versículo pode
também ser traduzido: “O justo terá vida por fé.” Por
conseguinte, a melhor maneira de compreender o
significado pleno aqui, é dizer: “O justo terá vida e
viverá por fé.”
Deus nos salvou e nos justificou para que
possamos ter vida. A justificação resulta em vida.
Assim, em 5:18 Paulo fala da “justificação de vida.” A
justificação de Deus para nós, em Cristo, é de vida. A
justificação resulta em vida. O propósito de Deus ao
justificar-nos é capacitar-nos a desfrutar a Sua vida.
Adão, em Gênesis 2, não precisava da justificação,
pois naquela época o pecado não havia entrado. O
homem vivia na inocência perante Deus. Por causa da
queda de Adão e do seu envolvimento com o pecado,
o caminho para a árvore da vida foi fechado (Gn 3:24)
até que o Senhor Jesus morreu na cruz para cumprir
as justas exigências de Deus. Cristo é a nossa justiça.
Quando cremos Nele, Ele se torna justiça para nós, e
nós somos justificados por Deus. Por meio dessa
justificação somos levados de volta à árvore da vida.
Portanto, a justificação é de vida, para vida e resulta
em vida.
Muitos cristãos concentram-se na questão da
justificação, mas negligenciam a questão da vida.
Portanto, precisamos enfatizar uma frase em 5:18 —
justificação de vida. A palavra chave aqui é “vida”. A
justificação não tem como fim ela própria; a
justificação é para a vida. Você foi justificado pela fé
em Cristo? Se foi, então você deve proclamar com
convicção que a sua justificação é para a vida. O justo
terá vida e viverá por fé.
SANTIFICAÇÃO EM VIDA
Na vida de Cristo somos salvos não apenas do
pecado mas também do mundanismo. Romanos 6:22
diz: “Agora, porém, libertados do pecado,
transformados em servos de Deus, tendes o vosso
fruto para a santificação, e por fim a vida eterna.”
Neste versículo temos a questão da santificação,
Nenhum dos livros que li sobre santificação, relaciona
a santiíicação à VIda. Pelo contrário, a maioria deles
diz apenas que a santificação é uma mudança de
posição por meio do sangue de Cristo. Contudo, 6:22
nos mostra que a santificação está relacionada à vida
e é uma questão de vida.
A santificação revelada nesses capítulos de
Romanos não é uma santificação posicional exterior,
mas uma santifícação interior, disposicional. Ser
santificado é ser salvo de ser comum e mundano. Por
natureza somos todos comuns e mundanos. Não
apenas nossa conduta e comportamento exteriores
devem ser separados do mundo, mas até mesmo
nossa disposição, nosso próprio ser, também precisa
ser separado. Ao comprar um par de sapatos, você
poderá ser cuidadoso em não comprar um estilo
mundano. Contudo, se pensar apenas no estilo, você
poderá ser santificado na compra dos sapatos, mas
isso não é a santificação interior, pela vida. Para ser
santificado pela vida interior, na compra de sapatos,
você deve pôr a mente no espírito, orar ao Senhor e
perguntar-Lhe que tipo de sapatos Ele gostaria de
calçar. Se contatar o Senhor dessa maneira, a unção
interior ensiná-lo-á que tipo de sapatos comprar:
Assim, você comprará sapatos não de' acordo com as
instruções ou conceitos religiosos, mas de acordo com
a vida interior. Se a sua vida diária está de acordo
com a sua vida interior, não de acordo com os
ensinamentos ou regulamentos, você não será
comum ou mundano na compra de um par de
sapatos. Entretanto, o ponto principal não é a compra
de sapatos adequados; é que mesmo no processo da
compra do par de sapatos, você é santificado
interiormente pela vida. Nem seus sapatos, nem o seu
ser serão comuns. A santificação não é meramente o
comportamento exterior; é totalmente uma questão
relacionada ao nosso ser interior, o qual é governado
pela lei do Espírito da vida.
A unção interior também afetará a maneira como
penteamos o cabelo. Com respeito ao comprimento
ou estilo do cabelo, devemos orar: “Senhor Jesus, que
talo meu cabelo? Senhor, importo-me Contigo e com
a lei do Espírito da Tua vida. Senhor, estás vivendo
em mim. Na questão do meu cabelo quero cooperar
com a lei do Espírito da vida.” Se orar dessa maneira,
você será santificado disposicionalmente e saberá
como o seu cabelo deve ser cortado. Não se preocupe
com o louvor ou a crítica dos outros. Em vez disso,
simplesmente importe-se com a lei do Espírito da
vida em seu interior.
A MELHOR MANEIRA PARA CRESCER EM
VIDA
A santificação disposicional não é apenas uma
questão de vida; ela também nos traz mais vida. A
melhor maneira de crescermos na vida é sermos
santificados disposicionalmente pela vida. Quanto
mais somos santificados interiormente pela vida,
mais vida será dispensada a nós. Quanto mais
cooperar com o processo de santificação interior,
mais vida você desfrutará. Por esta razão 6:22 fala do
“fruto para santificação, e o fim a vida eterna”. A
santificação é executada pela vida e ela também traz
vida. É totalmente uma questão pela vida e para a
vida. Quanto mais pomos nosso ser no espírito, mais
somos separados do mundo e de tudo o que é comum.
Esta santificação resulta em mais vida para o nosso
crescimento em vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 41
SALVOS EM VIDA DO VIVER NATURAL
O livro de Romanos pode ser resumido em três
palavras: redenção, vida e edificação. as primeiros
capítulos abrangem a redenção; a porção
intermediária abrange a vida; e a última parte trata
da edificação, que é o resultado da redenção e da vida.
Na mensagem anterior vimos que depois de sermos
salvos, justificados e reconciliados com Deus, ainda
precisamos ser salvos na vida de Cristo (5:10). A
redenção, justificação e reconciliação foram
cumpridas pela morte de Cristo na cruz. Por meio da
morte de Cristo, os problemas entre nós e Deus, do
lado negativo, foram resolvidos. Mas o propósito de
Deus, do lado positivo, ainda deve ser cumprido. a
propósito de Deus não é meramente salvar-nos do
inferno ou do Seu julgamento; o Seu propósito no
universo é edificar o Corpo como a expressão
corporativa de Seu Filho. Por essa razão, o livro de
Romanos não pára com redenção ou justificação, mas
prossegue para atingir o alvo do propósito eterno de
Deus.
O único caminho que Deus usa para cumprir o
Seu propósito é vida. No capítulo cinco a questão da
vida é introduzida de uma maneira prática. Em 5:10
Paulo diz: “Porque se nós, quando inimigos, fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu
Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos
salvos pela (em — lit.) sua vida.” Notem o tempo aqui:
seremos salvos em Sua vida. Após a reconciliação,
ainda existe a necessidade de sermos salvos em vida.
Embora já tenhamos sido salvos, ainda precisamos
ser salvos. Por um lado, fomos salvos do inferno e do
julgamento de Deus. Isto foi cumprido uma vez por
todas por meio da
morte de Cristo na cruz. Mas, por outro lado,
ainda precisamos ser salvos de tantos problemas
atuais. Muitos cristãos estão esperando ir para o céu.
Contudo, se fossem subitamente transportados para o
céu, lá chegando, poderiam sentir que não estão
condizentes com a glória do céu. O céu é glorioso, mas
em muitos aspectos ainda somos tão baixos. Você
está contente com a sua maneira de ser hoje? Você
está satisfeito consigo mesmo? Estou alegre que
ainda estou no processo da salvação progressiva de
Cristo. Preciso ser salvo porque ainda estou
demasiadamente na minha vida natural. Embora não
queira estar no homem natural e fervorosamente me
esforce para estar livre do meu velho homem, devo
confessar que ainda sou natural. Portanto, preciso ser
salvo diariamente e, até mesmo, hora após hora, na
vida de Cristo, do meu homem natural.
A RENOVAÇÃO DA MENTE
Romanos 12:2 nos diz para sermos
transformados pela renovação da mente. A origem do
nosso problema é a nossa mente, a qual tem sido
saturada e permeada com todos os tipos de conceitos
naturais. Essa mente cheia de conceitos naturais é a
causa dos problemas na edificação do Corpo. Os
irmãos, as irmãs, os idosos e os jovens, todos têm
seus conceitos. Além disso, aqueles nascidos no
Oriente têm seus conceitos e aqueles nascidos no
Ocidente têm os deles. Como podemos ser edificados
juntos se conservamos os nossos diferentes
conceitos? Para a edificação do Corpo, precisamos da
renovação da nossa mente. Precisamos abandonar
não apenas os conceitos não cristãos, mas também os
conceitos cristãos, os conceitos que adquirimos
quando estávamos nas denominações. As
denominações são divisões formadas segundo vários
conceitos. Agora que o Senhor, na Sua misericórdia,
nos colocou juntos para a vida da igreja, precisamos
da renovação da mente. Precisamos ser
descarregados interiormente, dos nossos conceitos.
Isto está relacionado ao crescimento em vida. Quanto
mais crescermos em vida, mais seremos saturados
pela vida. Então esta vida transformará a nossa
mente organicamente. Espontaneamente, os
conceitos serão tragados pelo crescimento da vida
interior.
Temos aprendido a não discutir com os santos
com respeito aos seus conceitos. Pelo contrário,
deveríamos orar por eles e ministrar-lhes vida para
que possam crescer. Quando os santos crescem, eles
experimentam transformação na alma pela renovação
da mente. Crescendo juntos desta maneira, na vida de
Cristo, por fim chegaremos a ter uma só mente. Então
seremos um, não segundo o conceito, mas segundo a
vida interior.
MINISTRANDO VIDA
Se um irmão ou irmã sustenta um conceito
discordante, você não deveria tentar convencê-lo a
mudar. Quanto mais tentar convencê-lo, mais forte o
conceito discordante será. A melhor maneira de
ajudá-lo é permitir que a vida interior resolva o
problema dele. Suponha que você corte o braço. Após
aplicar o medicamento à ferida, deixe-a cicatrizar por
si própria. Contudo, se mexer no ferimento, você
somente atrasará a cura. A vida no corpo
posteriormente cuidará da ferida. Da mesma forma, a
melhor maneira de cuidar de uma pessoa que
discorda é não fazer nada. Se o problema é deixado,
mais cedo ou mais tarde ela ficará insatisfeita com a
sua dissenção. Ao invés de corrigi-la ou tentar
mudá-la ministre vida a ela. O que os irmãos e irmãs
precisam é do suprimento orgânico e interior de vida.
Você pode ministrar vida a alguém sem mesmo falar
muito com ele. Simplesmente olhando para ele, você
pode transmitir-lhe a vida. Não fale com os outros
segundo a árvore do conhecimento. Pelo contrário,
exercite o seu espírito para transmitir vida do seu
espírito para dentro deles. Esta vida, que é o próprio
Cristo vivo, operará dentro deles para transformá-los
interiormente. Finalmente, a vida interior lhes
renovará a mente e eles serão transformados. Então
os conceitos discordantes serão tragados.
Hoje, para a edificação da igreja, precisamos
experimentar este tipo de transformação. Quanto
mais somos transformados, mais somos salvos na
vida de Cristo. Que todos nós possamos orar para que
o Senhor nos conceda uma genuína transformação
interior e orgânica. Essa é a nossa necessidade hoje.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 42
SALVOS EM VIDA DO INDIVIDUALISMO
Romanos 5:10 é um versículo chave, pois ele
conclui uma seção e inicia outra. Este versículo inclui
tanto a morte reconciliatória de Cristo como a vida
salvadora de Cristo. A reconciliação inclui a redenção
e a justificação. Cristo morreu na cruz para a nossa
redenção; por meio da redenção fomos justificados
por Deus e reconciliados com Ele. Agora nada há
entre nós e Deus. Entretanto, temos ainda numerosos
problemas subjetivos. Por esta razão, mesmo depois
de termos sido reconciliados com Deus, ainda
precisamos ser salvos na vida de Cristo. Pelo fato de a
reconciliação por meio da morte de Cristo ser um fato
consumado, em 5:10 Paulo usou o tempo passado
com respeito à reconciliação. Mas por ainda estarmos
no processo de sermos salvos na vida, Paulo usou o
tempo futuro ao falar sobre sermos salvos na vida de
Cristo. Nesta mensagem consideraremos a questão de
ser salvo em vida do individualismo.
ABRINDO-SE AO SENHOR
Para proporcionar ao Senhor a oportunidade de
ter a edificação, não devemos tentar fazer coisa
alguma. Pelo contrário, devemos simplesmente nos
abrir ao Senhor e dizer: "Senhor, percebemos que em
nós mesmos somos sem esperança. Nossa mente,
emoção e vontade são grandes problemas. Mas,
Senhor, cremos que Tu és capaz. Tu podes chamar as
coisas não existentes como existentes. Portanto,
abrimo-nos a Ti, e estamos desejosos de prosseguir
Contigo. Senhor, pela Tua misericórdia,
colocamo-nos sobre o Teu altar. Faze o que quiseres
conosco. Faça o que for necessário para tratar a nossa
mente, emoção e vontade.”
NOSSA POSIÇÃO
Todos nós temos o elemento da tendência à
divisão dentro de nós. Contudo, nunca devemos
desculpar a tendência à divisão e nunca devemos dar
ocasião para sermos divisivos. Nosso destino é
sermos um com todos os cristãos genuínos. Esta
unidade é também a nossa posição na restauração do
Senhor. Muitos são ofendidos pela nossa posição por
preferirem uma posição diferente. Alguns cristãos até
nos condenam e nos acusam de dizer que somente
nós somos a igreja e que os outros não são. Em
resposta a essa acusação, algumas vezes tenho dito:
“Suponha que uma mulher seja casada com um
homem chamado Souza. Como a esposa do senhor
Souza, ela é a senhora Souza. Mas ao invés de chamar
a si mesma senhora Souza, ela chama a si mesma
senhora Silva. Quando outra pessoa reivindica ser a
senhora Souza, ela fica ofendida e diz: “Por que você
reivindica ser a senhora Souza? Como você pode dizer
que é a senhora Souza e que eu não sou?” Se ela é a
senhora Souza, por que chama a si mesma de senhora
Silva? Contudo, se você é a igreja, por que você toma
estes nomes tais como Batista, Presbiteriana,
Metodista ou Episcopal? Se você é a igreja aqui, por
que você se chama de alguma coisa a mais? Desde que
você chama a si mesmo por esses nomes, como pode
ser a igreja nesta localidade? Se nós não somos a
igreja nesta cidade, então que somos?
Que espírito causador de divisão é encontrado
entre os crentes hoje! As várias denominações e
grupos são tanto divididos como causadores de
divisão. Ainda assim, querem que outros sejam um
com eles. Certos grupos, por exemplo, somente
aceitam aqueles que foram batizados por eles. Ou
tendência à divisão! Outros grupos proíbem que as
pessoas invoquem o nome do Senhor Jesus ou
louvem ao Senhor com alta voz. Isto também é ser
causador de divisão. Se requeremos que os crentes
deixem certas práticas ou adotem outras a fim de
serem aceitos por nós, somos causadores de divisão.
Não devemos atentar para nenhuma prática, mas se
aqueles que se achegam a nós são ou não verdadeiros
cristãos. A base sobre a qual acolhemos os crentes é
nada menos e nada mais que o próprio Cristo. Não
importa que tipo de antecedentes um crente possa ter
tido, contanto que ele seja um cristão, devemos
acolhê-lo como um irmão no Senhor.
A NECESSIDADE DE CRESCIMENTO EM
VIDA
A fim de sermos salvos da tendência à divisão,
necessitamos do crescimento em vida. Não é
suficiente meramente conhecer o ensinamento sobre
a unidade. Quanto mais crescermos na vida de Cristo,
mais seremos salvos em Sua vida. Quando era um
cristão jovem, sempre perguntava aos outros cristãos
no que eles criam com respeito ao batismo ou com
respeito ao arrebatamento. Mas depois que tive certo
crescimento em vida, parei de questionar outros
crentes dessa maneira. Agora, quando contato os
santos, não lhes pergunto questões doutrinárias. Ao
invés disso, aprecio a medida de Cristo que está no
interior deles. Simplesmente não me importo com as
coisas exteriores. Se quisermos ser salvos da
tendência à divisão, precisamos crescer. Quanto
maior for a nossa medida de Cristo, menos
causadores de divisão seremos. Por ainda estarmos
na velha natureza com seu elemento provocador de
divisão, não ousamos dizer que fomos totalmente
salvos da tendência à divisão. Precisamos estar
vigilantes com respeito a este elemento causador de
divisão em nosso interior. Precisamos também orar
para que o Senhor nos conceda o genuíno
crescimento em vida para que sejamos salvos da
tendência à divisão.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 44
SALVOS EM VIDA DO AMOR-PRÓPRIO (1)
O versículo chave no livro de Romanos é o 5:10:
“Porque se nós, quando inimigos, fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu
Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos
salvos pela (em — lit.) sua vida”. A reconciliação com
Deus mediante Cristo já foi cumprida, porém a
salvação em Sua vida de tantas coisas negativas ainda
é uma questão diária.
A morte de Cristo na cruz já tratou todas as
coisas negativas. Essa é a razão pela qual nos
referimos à morte de Cristo como a morte
todo-inclusiva. Uma vez que a morte de Cristo já
tratou as coisas negativas, por que ainda precisamos
ser salvos em Sua vida? Precisamos de tal salvação,
porque precisamos experimentar o que Cristo
cumpriu por nós. Tudo o que Cristo cumpriu na cruz
é um [ato objetivo, porém precisamos da experiência
subjetiva deste fato, uma experiência em vida. Cristo
morreu na cruz como nosso substituto mas além
disso, há a necessidade de sermos identificados com
Ele em Sua morte. Ter Cristo como nossa vida é a
única maneira pela qual pode ser aplicado a nós, em
experiência, o que Cristo cumpriu na substituição.
Esta é a identificação que nos introduz na realidade
deste fato.
Em mensagens anteriores abrangemos cinco
itens dos quais precisamos ser salvos na vida de
Cristo: a lei do pecado, o mundanismo, o viver
natural, o individualismo e a tendência à divisão.
Nesta mensagem abrangeremos o sexto item, que é o
amor-próprio.
A EXPRESSÃO DO EGO
Em Mateus 16 o Senhor Jesus falou sobre negar o
ego imediatamente após ter dito a Pedro: “Arreda!
Satanás”. Embora o que Pedro estivesse falando fosse
procedente de seu amor pelo Senhor, aos olhos de
Deus, Pedro era Satanás naquele momento. De
acordo com Mateus 16, Satanás é a realidade do ego.
O ego é a encarnação de Satanás. Assim como Cristo é
a corporificação e a expressão de Deus, o ego é a
corporificação e a expressão de Satanás.
Todo ser humano é um ego. Não somente
nascemos com o ego e no ego, mas nascemos um ego.
Enquanto somos naturais, expressamos o ego. Quer
amemos ou odiemos os outros, o que expressamos é a
expressão do ego. Uma determinada pessoa pode ser
muito boa, mas ela pode ser boa apenas de uma
maneira natural. Embora possa ser cheia de amor,
seu amor é natural. Em essência, ela não é diferente
de alguém que é cheio de ódio. Aos olhos de Deus,
alguém que é naturalmente amoroso possui a mesma
essência daquele que é naturalmente cheio de ódio.
Não pense que o seu amor natural expressa Cristo e
que somente o seu ódio não o faz. Enquanto você é
natural e está no ego, o que você expressa é o ego, não
Cristo. A expressão de Cristo somente vem da vida de
Cristo.
Quando falamos de sermos salvos do
amor-próprio, na vida de Cristo, queremos dizer
sermos salvos do ego. O amor-próprio é a expressão,
a apresentação, do ego. A expressão do seu ego é seu
amor-próprio. Precisam s ser salvos de tal
amor-próprio, na vida de Cristo. Quando Cristo
morreu na cruz, Ele pronunciou a sentença de
julgamento sobre o ego, porém este julgamento ainda
precisa ser executado. Cristo julgou o ego
objetivamente; precisamos executar este julgamento
subjetivamente em nossa experiência.
SANTIFICAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E
GLORIFICAÇÃO
Salientamos em algumas mensagens anteriores
que o conceito central do livro de Romanos não é a
justificação pela fé, mas é que Deus está fazendo de
pecadores, filhos, a fim de formar o Corpo para
expressar Cristo. O objetivo de Deus não é a
justificação: é o Corpo. No livro de Romanos há
seções sobre: justificação (3:21-5:11), santificação
(5:12-8:13) e glorificação (8:14-39). Também há a
seção sobre transformação (12:1-15:13). Romanos
8:30 diz: “E aos que predestinou, a esses também
chamou; e aos que chamou, a esses também
justificou; e aos que justificou, a esses também
glorificou.” Nesse versículo Paulo não menciona a
redenção ou a reconciliação. Nos capítulos 3, 4 e 5 ele
realmente fala de propiciação, redenção, justificação
e reconciliação. A propiciação é para a redenção, a
redenção é para a justificação e a justificação resulta
na reconciliação. A razão pela qual Paulo não
menciona propiciação, redenção ou reconciliação em
8:30 é elas estarem todas incluídas na justificação.
Por essa razão neste livro não há seções separadas
para propiciação, redenção ou reconciliação. Todas
são abrangidas na seção sobre justificação. No
mesmo princípio, em 8:30 Paulo não menciona
santificação ou transformação porque ambas estão
incluídas na glorificação.
Nesse versículo Paulo diz que fomos
predestinados e chamados por Deus. Antes da
fundação do mundo, Deus, de acordo com a Sua
presciência divina, nos destinou. Ele nos predestinou
na eternidade passada. Então, no tempo, Ele nos
chamou. Assim, aqueles a quem Ele preconheceu e
predestinou, Ele chamou. Quando Deus nos chamou,
Ele nos justificou. Por intermédio da justificação de
Deus, nossos problemas com Ele foram solucionados.
Isso, entretanto, não significa que a justificação
marca o fim do tratamento de Deus conosco. Após a
justificação, ainda precisamos ser santificados,
transformados e por fim, glorificados. Portanto a
santificação e a transformação são para a glorificação.
Em 2 Coríntios 3:18 diz que estamos sendo
transformados de glória em glória à mesma imagem.
Isso prova que a transformação é para a glorificação.
O PROCESSO DE GLORIFICAÇÃO
Muitos cristãos mantêm rigorosamente um
conceito objetivo de glorificação. De acordo com eles,
aqueles que foram salvos e regenerados, um dia,
subitamente, serão glorificados. A glorificação dos
crentes, reivindicam eles, acontecerá
instantaneamente na vinda do Senhor Jesus.
Algumas partes da Bíblia parecem indicar isso. Por
exemplo, Colossenses 3:4 diz que quando Cristo, que
é a nossa vida, se manifestar, seremos manifestados
com Ele em glória. Contudo 2 Coríntios 3:18 fala de
sermos transformados de glória em glória, isto é, de
um grau de glória a outro. Em 1. Coríntios 15:40 e 41
Paulo fala de diferentes tipos, ou graus, de glória.
Nesse capítulo Paulo também usa o exemplo de um
grão de semente que “não nasce, se primeiro não
morrer” (v. 36). Paulo diz: “E quando semeias, não
semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão,
como de trigo, ou de qualquer outra semente. Mas
Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar, e a cada
uma das sementes o seu corpo apropriado” (vs.
37-38). Tome como exemplo a semente de cravo.
Antes de ser semeada na terra, a semente de cravo
não tem glória. Mas após ser semeada, começa a
crescer como um delicado broto. Este é o estágio
inicial de glória. Quando ela cresce e se desenvolve
mais, passa para outro estágio de glória. Finalmente
uma flor aparece. Esta é a glória plena da semente de
cravo. Esta glória não aparece instantânea ou
subitamente. Pelo contrário, é uma questão de
crescimento gradual de um estágio de
desenvolvimento para outro. É o mesmo, em
princípio, com a nossa glorificação. Embora nossa
glorificação pareça ser uma ocorrência súbita, na
verdade ela é a consumação de um processo de
crescimento e desenvolvimento gradual em vida.
O ESPÍRITO INTERCESSOR
Embora ninguém goste de sofrer, quanto mais
sofremos, mais somos santificados. Quando recordo
os santos na presença do Senhor e oro por eles,
freqüentemente oro para que eles tenham paz e
alegria. Não sabendo como orar pelos santos,
algumas vezes gemo diante do Senhor, reconhecendo
que somente Ele conhece a real necessidade deles.
Como 8:26 diz: “O Espírito, semelhantemente, nos
assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar
como convém, mas o mesmo Espírito intercede por
nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis.” Em
nosso gemer, o Espírito intercessor ora para os santos
serem conformados à imagem do Filho de Deus.
O OBJETIVO DA GLORIFICAÇÃO
Algumas vezes, podemos não ficar contentes com
a maneira que o Senhor trata conosco. Por exemplo:
um irmão pode não estar contente com a esposa que
tem, pode pensar que outro irmão tem uma esposa
muito melhor do que a dele. Mas todos nós temos o
esposo ou a esposa que é melhor para nós. Tudo o que
o Pai nos dá é o melhor. Ele sabe o que precisamos.
Aqueles que sofrem estão verdadeiramente sob Sua
bênção. Cada esposa, cada esposo e cada ambiente é o
melhor. Tudo o que acontece conosco é o melhor de
Deus para nós. Você deve louvar ao Senhor não só
quando tem um excelente emprego, mas também
quando está desempregado. Pode haver épocas em
que o desemprego é melhor para você do que um bom
emprego. O Senhor nunca está errado na maneira em
que trata conosco. Ele sabe o que está fazendo.
Louvado seja o Senhor porque agora Ele nos está
santificando e transformando a fim de nos glorificar!
Por meio da obra de transformação Ele nos está
conformando à imagem de Seu Filho. Não separe
santificação, transformação e conformação; todas as
três estão inter-relacionadas e têm como objetivo a
glorificação. Hoje estamos no processo de
glorificação. Um dia, quando este processo for
completado, estaremos todos na glória.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 45
SALVOS EM VIDA DO AMOR-PRÓPRIO (2)
Romanos 1:4 diz que Jesus “foi designado filho
de Deus em poder, segundo o Espírito de santidade,
procedente. da. ressurreição dos mortos.” A
divindade e a glória de Cristo como o Filho de Deus
estavam ocultas em Sua carne. Ninguém tinha uma
visão que pudesse penetrar em Sua carne para ver
que Ele era o glorioso Filho de Deus. Mas após ter
passado pelo processo de morte e ressurreição, Ele foi
designado Filho de Deus, isto é, foi apontado e
manifestado como sendo o Filho de Deus.
TRANSFORMAÇÃO ORGÂNICA
Isso não é uma mera mudança exterior. O
conceito de mudança exterior é ético e religioso. O
conceito divino não é corrigir-nos exteriormente; é
transformar-nos interior e organicamente com o
próprio Cristo como a essência santa. Esse processo
de metabolismo espiritual envolve permeação e
saturação. Quer percebamos ou não, um processo
metabólico está ocorrendo dentro do nosso ser. Por
exemplo: depois de comermos uma refeição, nosso
estômago começa a trabalhar organicamente no
alimento para digeri-lo, a fim de que possa ser
assimilado. Isso ocorre quer sintamos ou não, quer
concordemos ou não. No mesmo princípio, estamos
todos passando pelo processo de santificação de
Deus, quer estejamos cientes dele ou não. Quanto
mais permanecemos na vida da igreja e quanto mais
somos um com a igreja, mais somos santificados. Por
fim, por meio desse processo santificador, estaremos
todos na Nova Jerusalém.
Não há necessidade de você orar
desesperadamente para que o Senhor o transforme.
Tal oração desesperada pode auxiliar sua digestão
espiritual, mas na verdade não afeta o processo de
saturação. Simplesmente permaneça na vida da igreja
e finalmente você será transformado em pedra
preciosa.
DOIS REIS
Em Romanos 5, tanto o pecado como a graça são
personificados. Como o versículo 21 mostra, ou o
pecado ou a graça. podem reinar, a graça
positivamente e o pecado negativamente. O pecado é
a corporificação da natureza maligna de Satanás em
nossa carne, e a graça e Deus em Cristo corporificado
em nosso espírito. Portanto, temos dois reis — pecado
e graça — em nós. Em nossa carne, temos o rei do
pecado e em nosso espírito, temos o rei da graça. Em
nós uma batalha está sendo travada entre estes dois
reis.
GRAÇA E PECADO
Satanás antigamente era o único inimigo de
Deus. Numa certa altura, esse inimigo injetou-se a si
mesmo como pecado para dentro do homem de uma
maneira ilegal e maligna. Quando Satanás injetou sua
natureza maligna para dentro do homem, Satanás se
tornou pecado. Pecado é algo originado por Satanás.
É, na verdade, o próprio Satanás injetado no homem.
É útil ver a diferença entre pecado e mal, ambos
mencionados em Romanos 7. Em 7:20, Paulo diz:
“Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem
o faz, e, sim, O pecado que habita em mim.” Em nossa
carne habita algo chamado pecado. No versículo 21,
Paulo diz: “Então, ao querer fazer o bem, encontro a
lei de que o mal reside em mim.” No versículo 20,
Paulo fala de pecado, mas no 21, de mal.
Para entender a diferença entre pecado e mal,
precisamos ver que antes da criação do homem, Deus
tinha um único inimigo, Satanás, o diabo. Então Deus
criou o homem. Na época da criação, o homem era
puro, limpo e inocente. Então Satanás injetou-se para
dentro do homem e se tornou pecado no homem.
Como mostramos, pecado é Satanás encarnado no
homem.
Romanos 5:21 fala sobre pecado, graça, morte e
vida: '~ fim de que, como o pecado reinou pela morte,
assim também reinasse a graça pela justiça para a
vida eterna, mediante Jesus Cristo nosso Senhor.”
Conforme este versículo, o pecado reina pela morte e
a graça reina para a vida eterna. Aqui vemos um
contraste vivo entre o reino do pecado e o reino da
graça. Aqui há também um contraste entre morte e
vida. Assim como o pecado é Satanás encarnado, a
graça é Deus encarnado. Isto é provado por João 1:14,
que diz que a palavra, que é Deus, tornou-se carne,
cheia de graça e de realidade. Portanto, graça é Deus
encarnado em nós. Graça é Deus entrando no
homem. Se Deus permanecer fora do homem, não há
graça. Embora existam outros atributos divinos além
do entrar de Deus no homem, não há graça fora de
Deus encarnado no homem. Quando Deus e o homem
estão juntos de maneira misturada, há graça. Embora
seja difícil achar um versículo na Bíblia que fale de
graça fora do relacionamento entre Deus e o homem,
há muitos versículos na Bíblia que mostram que graça
é uma questão do relacionamento de Deus com o
homem.
No mesmo princípio, quando Satanás está
separado do homem, não há pecado. Mas uma vez
que Satanás entra em nós, há pecado em nós. Por
isso, pecado é Satanás relacionado com o homem
subjetivamente. Quão precioso é esse entendimento
sobre graça e pecado!
PECADO E MAL
Se tivermos esse entendimento, seremos capazes
de ver a diferença entre pecado e mal. Quando o
pecado permanece dormente em nós, ele é
meramente pecado. Mas sempre que resolvemos
fazer o bem por guardar a lei para agradar a Deus, o
pecado é despertado e se torna um mal. O mal é o
pecado ativo em nós. Sempre que o pecado que habita
no interior se torna ativo, o pecado se torna o mal que
está presente conosco. O pecado é alguém que mora,
mas o mal é alguém ativo, pronto. O pecado é Satanás
habitando em nós, mas o mal é Satanás agindo em
nós. Portanto, tanto o pecado quanto o mal são o
próprio Satanás. Habitando em nós, Satanás é o
pecado, e agindo em nós, Satanás é o mal. Satanás,
pecado e o mal denotam algo em três estágios.
VITÓRIA E REINAR
No capítulo cinco de Romanos, temos uma
introdução à questão de reinar em vida. Como o
versículo 17 mostra, nós, aqueles que recebemos a
abundância da graça, reinaremos em vida. Os
capítulos seis a dezesseis nos definem o significado de
reinar em vida. Reinar em vida é andar em novidade
de vida (6:4). No capítulo sete, vemos um quadro de
alguém atribulado pelo pecado e o mal e um cativo na
morte. Este alguém clama desesperadamente:
“Desventurado homem que sou! Quem me livrará do
corpo desta morte? (v. 24). Mas no capítulo oito este
alguém é liberto da lei do pecado e da morte pela lei
do Espírito da vida. No capítulo sete, há guerra, mas
no capítulo oito há tanto vitória quanto reinar.
Mesmo em 6:14, é-nos dito que o pecado não pode
governar sobre nós, pois não estamos debaixo da lei
mas debaixo da graça. Porque estamos debaixo da
graça, o pecado não pode mais reinar como um rei
sobre nós. O pecado não pode mais governar sobre
nós agora que Deus entrou em nós como graça.
O AGUILHÃO DA MORTE
Em 1 Coríntios 15:55 e 56, Paulo diz: “Onde está,
ó morte, a tua vitória? onde está, ó morte, o teu
aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado e a força do
pecado é a lei.” A morte pode ser comparada a um
escorpião e o pecado comparado ao ferrão do
escorpião. De acordo com Hebreus 2:14, aquele que
tem o poder da morte é o diabo. Uma vez que fomos
picados pelo “escorpião” da morte, o diabo exerce seu
poder para nos matar. Assim, Satanás tem o poder da
morte e o pecado é o ferrão da morte. Sempre que
somos picados pelo pecado, o veneno da morte entra
em nós. O resultado é morte espiritual. .
UM CONTRASTE
Neste ponto, podemos ser ajudados a ver um
contraste definido entre o lado negativo e o lado
positivo. Satanás é oposto a Deus. Quando Satanás se
injeta no homem, a natureza de Satanás no homem se
torna pecado. De modo contrário, Deus introduzido
no homem se torna graça. Assim, pecado é oposto à
graça. Quando o pecado está ativo e presente em nós,
ele se torna o mal. Mas quando a graça está presente e
ativa, ela se torna o Espírito. O resultado da atividade
do mal é morte, enquanto o resultado da atividade do
Espírito é vida. Portanto, Satanás, o pecado, o mal e a
morte são opostos a Deus, à graça, ao Espírito e à
vida.
O SENTIDO DE MORTE
Satanás, aquele que detém o poder da morte,
injetou sua natureza maligna para dentro de nós
como pecado. Assim, mesmo uma criança, que.
parece ser inocente e amável, tem a natureza do
pecado. Porque uma criança é nascida em pecado,
pecado é sua própria natureza. Contudo, leva tempo
para o pecado se manifestar em ações. À medida que
os anos passam e a criança. cresce, esta natureza
pecaminosa se torna manifesta. Quando o pecado se
torna ativo em seu ser, ele se torna o mal, e o
resultado do mal é morte.
Como aqueles que crêem em Cristo, mesmo nós
podemos estar sob o exterminar da morte
diariamente. Em nossa experiência, o pecado se torna
o mal e o mal se torna a morte. Por exemplo,
podemos facilmente ser mortos como resultado de
tagarelice. Podemos reconhecer os sintomas da morte
e saber quando a morte está trabalhando em nós.
Alguns dos sintomas da morte são trevas, vazio,
cansaço e secura. Nós, que ministramos a Palavra,
sabemos que qualquer amortecimento em nosso
interior pode impedir-nos de falar. Se perco a calma
um pouco antes de falar, posso achar muito difícil
falar na' reunião. O sangue me lava e me limpa, mas
leva tempo para o amortecimento ser consumido.
Sempre que sentimos a morte em nós, devemos ir ao
Senhor, tratar a fundo com Ele sobre isso, e
experimentar não somente o limpar do sangue, mas
também a unção, que é o viver do espírito em nosso
interior. O resultado da unção é vida. Assim, se
falarmos de acordo com o Espírito vivo, nosso falar
será cheio de vida.
Muitas das irmãs são amortecidas não somente
pelo tagarelar mas também pelo comprar. As irmãs
que vencem o problema de comprar estão
verdadeiramente reinando em vida pela graça.
Comprar é um grande teste para as irmãs. Por essa
razão, seria muito difícil para uma irmã ficar afastada
de uma loja de departamentos por três meses. Mas se
as irmãs não comprarem desnecessariamente, elas
verão que grande diferença isso faz na sua
experiência em vida. Se as irmãs podem vencer a
questão da tagarelice e do comprar, elas
transbordarão vida nas reuniões da igreja.
Meu objetivo ao dar esses exemplos não é tratar
compras e tagarelice; é tratar com a morte. Moisés
deu aos filhos de Israel muitos regulamentos. Em
contraste, Cristo não nos dá regulamentos; Ele
dispensa vida para dentro de nós.
EDIFÍCADOS NO CORPO
Além disso, quando estamos no espírito, somos
edificados no Corpo de um modo prático. Mas se
ficarmos na mente, seremos divididos. Isso é verdade
não apenas na vida da igreja, mas também na vida
conjugal. Se permaneço na mente e minha esposa
permanece em sua mente, será impossível sermos
um. Aprendi a ter um temor saudável de ficar na
mente. Oh! quero estar no meu espírito! Sempre que
estou no espírito, não há problema com a unidade.
Tanto na vida da igreja, quanto na vida familiar,
devemos temer nossa mente, que é onde está a carne,
temer a divisão causada por nossos pensamentos e
opiniões diferentes (ver Romanos 8:6). Quando nos
encontramos pensando criticamente em relação aos
outros, precisamos voltar-nos imediatamente para o
Senhor em nosso espírito e orar. Devemos aprender a
lição de voltar ao espírito e permanecer ali.
No espírito, experimentamos não somente Cristo
como vida, mas também o Corpo. No espírito, Cristo é
tanto nossa vida pessoal como a vida do Corpo. Por
isso, no espírito com a vida divina e com o Corpo de
Cristo, Satanás é vencido e até esmagado debaixo de
nossos pés. Ele é derrotado não por indivíduos, mas
pelo Corpo.
Nunca negligencie seu espírito regenerado, a
torre alta em seu interior onde você pode esconder-se
de Satanás. Sempre que for tentado a discutir com
sua esposa ou marido, você deve correr para essa
torre. Discussões na vida conjugal vêm da mente
posta na carne. Sempre que um irmão tem opiniões
negativas sobre a esposa, a carne o provocará a
discutir com ela. Isso mostra que a carne está sempre
pronta a ajudar a mente de uma maneira negativa.
Que devemos fazer a esse respeito? Devemos fugir
para dentro da alta torre de nosso espírito renascido,
o lugar onde Satanás não pode tocar-nos, o lugar
onde desfrutamos Cristo como vida e
experimentamos a realidade do Corpo. Quando
estamos em tal lugar, Satanás nada nos pode fazer.
Não é difícil entrar na alta torre de nosso
espírito.
Simplesmente precisamos invocar o nome do
Senhor Jesus. Enquanto estamos em nosso espírito,
temos vitória sobre Satanás. Ele é subjugado e até
esmagado debaixo de nossos pés, e reinaremos sobre
ele em Cristo como nossa vida. Que todos possamos
praticar o permanecer na alta torre de nosso espírito
renascido.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 50
A CARNE E O ESPÍRITO
Nas mensagens anteriores. vimos que
precisamos reinar em vida sobre o pecado, a morte e
Satanás, nossos três principais inimigos. Como o
evangelho de Deus, o livro de Romanos trata dessas
três coisas negativas. Do capítulo cinco ao oito, o
pecado e a morte são abordados de maneira plena.
Onde há pecado, há morte, porque o pecado introduz
a morte. Em 16:20, Paulo fala sobre Satanás; ele diz
que o Deus da paz em breve esmagará Satanás
debaixo de nossos pés. A razão de Paulo não ter
mencionado Satanás pelo nome antes do fim do livro
é que tratar com Satanás é uma questão do Corpo,
não uma questão individual. Se tentar por si mesmo
subjugar Satanás, você será derrotado. Satanás, o
inimigo do Corpo, só pode ser derrotado pelo Corpo.
Portanto, é por meio das igrejas locais, como a
expressão prática do Corpo de Cristo, que Satanás é
tratado. Somente após Paulo ter abrangido a igreja de
um modo prático nos capítulos quinze e dezesseis, é
que ele fala de esmagar Satanás; ele mostra ali que
Satanás é esmagado debaixo dos pés das igrejas
locais.
UM COMPOSTO PECAMINOSO
Precisamos enfatizar que nada há de bom na
carne para nos ajudar a contatar cristãos sedentos
que freqüentemente se tornam desapontados com seu
progresso espiritual. Quanto mais eles desejam ser
santos, menos santos parecem tornar-se. Eles
desejam ser um com o Senhor, mas por fim fazem
muitas coisas que não são do Senhor. Também
desejam vencer o pecado que os assedia, mas parece
que o pecado os vence. Por isso, tornam-se
desencorajados com sua situação e desgostosos
consigo mesmos.
É necessário que os cristãos busquem o Senhor,
aspirem ser espirituais e vençam todas as coisas
negativas. Apesar disso, somos impedidos e
frustrados por um composto pecaminoso: uma
composição da nossa carne com o pecado, a morte e
Satanás. É extremamente difícil tratar essa
composição maligna. Quando o pecado, a morte e
Satanás são adicionados ao corpo humano, o
resultado é a carne. Este composto não está
meramente em nós; ele é parte do nosso próprio ser.
VOLTANDO AO ESPÍRITO
Doutrinariamente falando, é fácil dizer que
devemos voltar ao espírito, mas é bem mais difícil
praticar isso. Alguns podem pensar que é difícil voltar
ao espírito quando sua situação. é ruim, mas não
concordo com isso. Em tal caso, pode ser difícil voltar
ao espírito exteriormente, diante dos homens, mas é
mais fácil ter uma genuína volta interior. Se nossa
condição nunca for ruim é provável que a nossa volta
ao espírito seja muito superficial. Mas quando temos
um grande fracasso, verdadeiramente voltamos ao
espírito.
Em nossa experiência cristã, precisamos tanto da
noite quanto do dia. Por essa razão, Deus permite que
caiamos. Estamos sempre felizes de dia, mas
frustrados ou desencorajados à noite. Mas
precisamos tanto da noite quanto do dia. Quer seja
dia ou noite, Deus está trabalhando em nós.
Romanos 8:4 fala sobre andar segundo o espírito
e não de acordo com a carne. É muito fácil falar sobre
isso, mas não é fácil praticá-la. Para entrar nesse
versículo em realidade, precisamos ser processados
por meio de muitas experiências de fracassos. Então
nos encontraremos mais no espírito. O único
caminho para tratar a carne e ser salvo de sua
influência é entrar no espírito.
Sem voltarmos para a luz, não há como tratar as
trevas. Não importa o quanto tratemos as trevas, elas
permanecerão até que a luz venha. No mesmo
princípio, não podemos tratar a carne se somos
carentes do Espírito. Quanto mais tratarmos a carne
fora do espírito, mais forte e mais ativa ela se torna.
Por nosso próprio esforço, não podemos vencer a
carne. O único modo de ser salvo dela é voltar ao
espírito e entrar no espírito.
Nosso problema é que raramente voltamos ao
espírito voluntariamente. Por isso, precisamos dos
fracassos para fazer com que desejemos voltar. Uma
vez que voltamos ao espírito, espontaneamente
andamos segundo o espírito. Todos precisamos de
algo que nos force, nos pressione, em direção ao
espírito. Nessa questão, nossa própria boa vontade
não é adequada
Em Sua soberania, Deus tem um modo de usar a
carne no cumprimento do Seu propósito. Ele
soberanamente administra todas as coisas
relacionadas a nós para levar adiante Sua economia.
Por causa de Sua economia, Deus usa nossa carne
pecaminosa, feia, com o fim de nos forçar a voltar ao
espírito para que possamos ganhar mais do Espírito.
Quão sábio e quão soberano Ele é!
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 51
SERVINDO NO EVANGELHO DE SEU FILHO
Em Romanos 1:9 Paulo diz: “Porque Deus, a
quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu
Filho, é minha testemunha”. Muitos cristãos pensam
que o evangelho simplesmente são as boas novas de
como Cristo é o Salvador que morreu para que os
pecadores pudessem ser perdoados e um dia ir para o
céu. Mas o evangelho é mais rico e mais profundo que
isso. O evangelho em 1:9 inclui todo o livro de
Romanos.
O EVANGELHO EM ROMANOS
No primeiro versículo de Romanos, Paulo diz que
como um escravo de Cristo e chamado apóstolo, ele
era “separado para o evangelho de Deus”. Isso indica
que a intenção de Paulo neste livro é escrever a
respeito do evangelho; o evangelho é o tema desta
Epístola. Todo o livro revela o evangelho, as boas
novas de Deus, em sua totalidade.
Em Romanos, Paulo menciona o evangelho
muito mais do que em qualquer outra de suas
Epístolas. Em 2:16, ele diz: “No dia em que Deus, por
meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens,
de conformidade com o meu evangelho.” De acordo
com o conceito natural, religioso, Deus julgará o povo
segundo a lei. Mas aqui Paulo diz que Deus os julgará
segundo seu evangelho.
O evangelho deve ser não somente crido, mas
também obedecido. Isto é provado em 10:16, onde
Paulo diz que “nem todos obedeceram ao evangelho.”
Aqueles que não obedecem ao evangelho podem
tornar-se inimigos do evangelho (11:28). É a nossa
atitude em relação ao evangelho que determina se
somos obedientes ou desobedientes e se somos ou
não inimigos.
O evangelho que Paulo proclamou em Romanos
não era para ser pregado somente aos incrédulos,
mas também aos crentes no Senhor. Em 1:15 Paulo
diz: “Por isso, quanto está em mim, estou pronto a
anunciar o evangelho também a vós outros em
Roma.” Além disso, Paulo cria que Deus estabeleceria
os santos segundo seu evangelho: “Ora, àquele que é
poderoso para vos confirmar segundo o meu
evangelho e a pregação de Jesus Cristo” (16:25).
Romanos 15:16 diz: “Que seja ministro de Jesus
Cristo entre os gentios, ministrando o evangelho de
Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios,
santificado pelo Espírito Santo” (VRC). Para Paulo,
pregar o evangelho era um ministério de sacerdote,
um serviço sacerdotal. Como sacerdotes, todos
devemos servir a Deus no evangelho de Seu Filho.
O PODER DE DEUS
Em 1:16, Paulo diz que o evangelho é o poder de
Deus. A razão de o evangelho ser tão poderoso é que a
justiça de Deus é revelada nele. Muitos comentários
de Romanos não dão uma definição adequada da
justiça de Deus. É correto dizer que a justiça de Deus
é simplesmente Cristo. Contudo, tal definição é muito
doutrinária.
O evangelho de Deus é poderoso para salvar as
pessoas porque ele revela a justiça de Deus. Muitos
cristãos pensam que o poder do evangelho é o
Espírito Santo ou o amor de Deus. Outros dizem que
o poder do evangelho é a graça de Deus. Mas em
Romanos, Paulo não diz que o poder do evangelho é o
Espírito Santo ou o amor de Deus ou a graça de Deus.
Ele diz que é a justiça de Deus. Nada é mais sólido e
fidedigno do que a justiça. Amor, ao contrário, é
variável e pode flutuar. O mesmo é verdade com
respeito à graça. Por exemplo, se gosto de você, posso
dar-lhe de presente uma grande quantia de dinheiro.
Mas se não gosto de você, posso não sentir vontade de
lhe dar coisa alguma. Da mesma forma, o dar do
Espírito Santo é, no mínimo, algo relacionado à nossa
obediência e, portanto, não é incondicional. Mas com
respeito à justiça, não há lugar, nem chance de
mudança. Quando agimos conforme a justiça,
fazemos determinadas coisas, não provenientes do
amor, mas porque somos compelidos pela justiça
para agir assim. Considere o exemplo de pagar o
aluguel. Uma pessoa que aluga uma casa, faz seu
pagamento mensal do aluguel não porque ama seu
locador, mas porque é obrigado a cumprir as
exigências justas do contrato de locação. Não
importando como se sinta pessoalmente em relação
ao seu locador, ele tem de pagar o aluguel. Assim
sendo, pagar o aluguel é uma questão de justiça.
Um dia, vi que fui salvo não somente pelo amor
de Deus e pela Sua graça, mas pela justiça de Deus.
Eu pude dizer confiantemente ao Senhor: “Senhor, se
Tu estás feliz comigo ou não, Tu és obrigado por Tua
justiça a me salvar. Mesmo se Tu não me amares, Tu
ainda deves me salvar porque Tu és justo. Teu amor é
eterno, mas a base da minha salvação não é o Teu
amor. E a Tua justiça.” Aleluia, esse é o poder do
evangelho.
Às vezes, ao pregar o evangelho, deparamo-nos
com certas objeções de pessoas que analizam muito.
Após ouvir o evangelho, a respeito do amor de Deus,
alguns nos disseram: “Sim Deus é amor, mas eu não
sou amável. Você diz que o amor de Deus é
incondicional, mas como vou saber que Seu amor por
mim não mudará, especialmente se fizer algo
pecaminoso?” Antes de sermos iluminados com
respeito à justiça de Deus, tínhamos dificuldade para
responder perguntas como essa. Mas agora podemos
ousadamente proclamar a justiça de Deus como o
verdadeiro poder de Deus no evangelho. Porque Deus
é justo, Ele é obrigado a nos perdoar se formos a Ele
por meio de Cristo, não importando o que Ele possa
sentir a esse respeito.
SANTIFICAÇÃO
Já vimos que santificação é uma parte da
ressurreição. Quanto mais somos santificados mais
somos ressurretos. Quando falamos de santificação,
não queremos dizer sobre perfeição de não pecar, ou
sobre uma simples mudança de posição.
Contradizendo o conceito de santificação como
perfeição de não pecar, algumas pessoas mostraram
em Mateus 23 que o ouro é santificado por ser
colocado no templo e que uma oferta é santificada por
ser posta no altar. Portanto, estes ensinam que
santificação nada tem a ver com pecado, mas está
relacionada à mudança de posição. Por exemplo,
quando o ouro estava no mercado, ele era comum,
normal; mas quando foi colocado no templo, ele foi
santificado. Santificação, contudo, significa muito
mais que isso. Ela inclui não somente uma mudança
de posição, mas também uma mudança de
disposição. A santificação falada em Romanos é
santificação disposicional. Precisamos ser
santificados tanto em nossa posição como em nossa
disposição.
Fazer chá é uma boa ilustração de santificação
disposicional. Quando um envelope de chá é colocado
numa xícara de água, o chá “chaifica” a água. Isso faz
com que a água mude de cor, aparência e gosto.
Podemos dizer que a água sofreu uma mudança
disposicional. Quanto mais chá é posto na água, mais
a água é “chaificada”. Essa “chaificação” é uma figura
da nossa experiência subjetiva de santificação. Cristo
é o “chá” celestial e nós somos a “água”. Quanto mais
de Cristo for acrescido a nós, mais seremos
santificados disposicionalmente.
TRANSFORMAÇÃO
Não apenas somos santificados, mas somos
também transformados. Santificação envolve
substância, enquanto transformação envolve forma,
uma mudança de uma forma para outra. Ser
santificado é ter mais de Cristo acrescido a nós. Ser
transformado é ser modelado numa certa forma pelo
acréscimo da substância divina. Transformação é o
segundo aspecto da ressurreição. Quanto mais somos
transformados, mais somos ressurretos.
CONFORMAÇÃO
O terceiro aspecto do processo de ressurreição é
a conformação, que é intimamente relacionada à
transformação. Nesse processo, somos conformados
à imagem de Cristo. Como 8:29 diz: “Porquanto aos
que de antemão conheceu, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim
de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
GLORIFICAÇÃO
Já enfatizamos que o último passo do processo
de ressurreição é glorificação, a transfiguração do
nosso corpo. A vida divina em nós finalmente será
expressa por meio do nosso corpo de modo pleno,
transfigurando-o em um corpo glorioso. Desta
maneira, a mortalidade será tragada pela vida divina
em nós. Naquele tempo, estaremos plenamente
santificados, transformados, conformados e
glorificados. Isso significa que estaremos totalmente
em ressurreição, com a vida e a natureza divina
permeando todo nosso ser. Esta será a filiação plena
(8:23).
Todos nós sentimos que hoje nossa filiação ainda
não é plena. Contudo, ela será mais e mais plena até
atingir o topo, à época de nossa glorificação, quando
seremos plenamente ressurretos e designados filhos
de Deus em natureza e em aparência. Tanto em nome
como em realidade, seremos os filhos de Deus em
espírito, alma e corpo. Assim como uma semente de
cravo cresce de uma semente para uma planta adulta
florescente, também nós seremos processados por
meio da ressurreição até sermos totalmente
glorificados e designados como os muitos filhos de
Deus. Agora estamos no processo de ressurreição
para que possamos ser santificados, transformados,
conformados e glorificados. Esse processo
prosseguirá até que sejamos filhos de Deus na
totalidade. Esse é o objetivo central do evangelho.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 53
A FILIAÇÃO EM ROMANOS
Em 1:9, Paulo disse que servia a Deus no
evangelho de Seu Filho. Isso indica que todos nós
devemos servir a Deus no evangelho de Cristo. Para
fazer isso, contudo, precisamos saber o que é o
evangelho.
O evangelho não envolve simplesmente questões
tais como redenção, perdão, justificação,
reconciliação, purificação e regeneração. Todos esses
são aspectos da salvação de Deus. Mas a salvação de
Deus tem um alvo e este alvo é a filiação. Isso
significa que redenção, perdão, justificação,
reconciliação, purificação e regeneração são todos
para o cumprimento do desejo de Deus de ter muitos
filhos para ser Sua expressão.
A intenção eterna de Deus é que Ele seja
expressado através de um Corpo constituído de filhos
glorificados. Originalmente, Deus tinha somente um
Filho, Seu Filho unigênito. Mas agora que a
ressurreição de Jesus Cristo foi cumprida, Ele tem
muitos filhos. Por meio da morte e ressurreição de
Cristo, milhões de pecadores foram feitos filhos de
Deus. Esse é o propósito eterno de Deus. Portanto, o
livro de Romanos revela que o objetivo do evangelho
é a filiação, a produção dos muitos filhos de Deus.
Os quatro primeiros versículos de Romanos são
extremamente importantes. No primeiro versículo,
Paulo diz: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado
para ser apóstolo, separado para o evangelho de
Deus”. O fato de Romanos abrir com uma palavra
sobre o evangelho de Deus indica que o evangelho é o
tema deste livro. O evangelho de Deus não diz
respeito à religião, doutrinas ou formas; além disso,
ele não fala meramente de redenção, perdão ou
justificação. Como o versículo 3 deixa claro, o
evangelho de Deus diz respeito ao Filho de Deus,
Jesus Cristo nosso Senhor. Isso mostra que o
evangelho é sobre a filiação. a prazer, desejo e
satisfação de Deus estão relacionados com Seu Filho.
E Sua intenção produzir muitos filhos conformados
ao padrão, ao modelo do Primogênito. Por meio Dele,
Nele e com Ele, muitos filhos estão sendo produzidos.
Assim, o evangelho de Deus diz respeito a essa
produção de muitos filhos conformados à imagem de
Cristo.
ENXERTADOS EM CRISTO
Como crentes, fomos enxertados em Cristo.
Suponha que um ramo de uma árvore inferior seja
enxertado em uma árvore melhor. Por meio desse
processo de enxerto, o ramo inferior se torna um bom
ramo, parte de uma boa árvore. Tendo sido enxertado
em Cristo e na semelhança de Sua morte, nós agora
estamos passando pelo processo de ressurreição. De
acordo com 1 Pedro 1:3, fomos regenerados pela
ressurreição de Cristo. Isso significa que nascemos de
novo quando Cristo ressuscitou. Verdadeiramente,
nascemos de novo antes de termos nascido. Estamos
agora experimentando a ressurreição daquilo que já
ressuscitou e a libertação daquilo que já foi liberto.
Por essa razão, podemos dizer que estamos no
processo de ser ressuscitados.
Esse conceito é encontrado em Romanos 8.
Aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos nos
dá vida por meio de seu Espírito que em nós habita
(v. 11). Isso mostra que estamos atualmente sob o
processo de ressurreição.
SANTIFICAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO
Ser designado significa estar sendo santificado.
Santidade é a substância, mas santificação é o
processo de tornar santo. Alguns cristãos consideram
santidade meramente como ausência de pecado.
Outros afirmam que santidade denota separação,
uma mudança de posição. Nenhuma é uma definição
adequada ou apropriada. Santidade inclui tanto
ausência de pecaminosidade quanto separação, mas
também envolve uma mudança de disposição.
Considere mais uma vez a ilustração de fazer chá.
Quando o chá é adicionado à água, a água é
“chaificada”. Este é um quadro de santificação. Cristo
é o “chá” celestial e nós somos a “água”. Quanto mais
“chá” divino for adicionado a nós, mais seremos
“chaificados”. Quanto mais Cristo for adicionado a
nós, mais seremos santificados. Santificação não é
simplesmente uma mudança posicional, mas uma
mudança disposicional. Na ilustração sobre fazer chá,
a disposição da água, até mesmo sua essência, é
alterada quando a água é “chaificada”.
Santificação envolve transformação. Enquanto a
água é “chaificada”, ela também é transformada.
Assim, ressurreição, santificação e transformação
estão todas relacionadas.
O PROCESSO DE FILIAÇÃO
A transformação é para a conformação. De
acordo com 8:29, todos seremos conformados à
imagem de Cristo. Por meio da conformação, somos
introduzidos na realidade de filiação. Quando
nascemos de novo, tínhamos apenas uma pequena
porção da filiação. Agora, a filiação precisa
expandir-se em nós até saturar todo nosso ser.
Finalmente, à época da volta do Senhor, até nosso
corpo será saturado pela filiação. Assim, a saturação
de nosso corpo pela filiação é a redenção de nosso
corpo.
Hoje nosso espírito está na filiação, mas nosso
corpo não está. Segundo o espírito, somos filhos de
Deus.: mas segundo nosso corpo, ainda não estamos
na filiação. A transfiguração, a redenção de. nosso
corpo na volta do Senhor, será o último passo da
filiação. Àquela época seremos total e completamente
introduzidos na filiação, Em todas as partes de nosso
ser — espírito, alma e corpo — seremos os
verdadeiros filhos de Deus. Então, seremos
glorificados. Louvado seja o Senhor porque hoje
estamos passando pelo processo de filiação, o
processo de tornarmo-nos filhos de Deus.
Em nós temos o Espírito de filiação como um
antegozo. Quando clamamos “Aba, Pai”, sentimos o
doce desfrute do Espírito Santo como um antegozo.
Este Espírito de filiação está agora ressuscitando-nos,
santificando-nos, transformando-nos e
conformando-nos à imagem de Cristo.
O PROCESSO DE RESSURREIÇÃO
Ao considerarmos essa questão da filiação, certas
palavras importantes chamam nossa atenção:
designação, ressurreição, santificação,
transformação, conformação, glorificação e
manifestação. Estamos sendo designados filhos de
Deus pelo processo de ressurreição. Nesse processo,
certo número de etapas estão envolvidas. Essas
etapas incluem santificação, transformação,
conformação e glorificação. Essa glorificação também
será a manifestação. Hoje, as pessoas podem não
perceber que nós somos cristãos. Mas no dia de nossa
glorificação, ninguém precisará perguntar se somos
ou não cristãos, pois seremos manifestados como
filhos de Deus. Tal manifestação será a consumação
do processo de designação pela ressurreição .
Santificação, transformação, conformação e
glorificação não são quatro passos totalmente
separados. Ao contrário, enquanto a santificação
acontece, também estamos sendo transformados.
Além disso, enquanto estamos sendo transformados,
o processo de Conformação começa a acontecer.
Finalmente, como continuação natural e consumação
desses processos, alcançaremos o estágio de
glorificação ou manifestação. Quando a santificação,
transformação e conformação atingirem seu ápice,
este será o tempo de nossa glorificação. Essa
glorificação será nossa manifestação como filhos de
Deus. Estamos atualmente submetidos ao processo
de designação pela ressurreição, um processo que, ao
final, levar-nos-á ao ponto da manifestação. A chave
desse processo é a ressurreição. Por isso, falamos de
designação pela ressurreição.
A EXPERIÊNCIA DA RESSURREIÇÃO
Nesta mensagem, precisamos considerar a
questão da ressurreição com mais detalhes. Não a
observaremos objetivamente, do ponto de vista da
doutrina, mas subjetivamente, com a visão da
experiência de vida. Romanos 6:5 fala da experiência
da ressurreição. Esse versículo diz que participamos
na semelhança da ressurreição de Cristo. Alguns
estudiosos da Palavra têm dito que a ressurreição
mencionada aqui é a primeira ressurreição falada em
Apocalipse 20:4 e 5. Mas eu não creio que essa seja a
compreensão de Paulo sobre ressurreição aqui. Paulo
não está dizendo que devemos esperar até o milênio
para ter parte na ressurreição de Cristo. Em 6:5,
Paulo diz que fomos unidos com Ele na semelhança
de Sua morte e que também o seremos na semelhança
de Sua ressurreição. Isso não se refere a uma
ressurreição futura, objetiva, mas à nossa experiência
atual da vida ressurreta de Cristo. Não deveríamos
olhar a ressurreição meramente como um
acontecimento futuro, como Marta fez em João 11. O
Senhor Jesus disse a ela que Ele era a ressurreição e a
vida (v. 25). Sua palavra mostra que não é necessário
esperarmos até um dia futuro para tê-Lo como
ressurreição. Ressurreição não é uma questão de
tempo ou lugar; é uma questão de Cristo. Se O temos,
temos a ressurreição. Mas se não O temos, não temos
a vida ressurreta nem agora, nem no futuro. Aleluia, a
ressurreição é Jesus, o Filho de Deus! Uma vez que
tenhamos Jesus Cristo, temos a ressurreição, não
importando onde estejamos.
Que diferença há entre o ensinamento
doutrinário sobre ressurreição e a revelação subjetiva
de Cristo como ressurreição! O que precisamos hoje
não é o ensinamento objetivo sobre ressurreição, mas
a experiência subjetiva, viva, atual, de Cristo como
ressurreição.
AS FUNÇÕES DA RESSURREIÇÃO
O PODER DE ASCENDER
Com a ressurreição, há também o poder de
ascender. A ressurreição, assim como cálamo usado
na produção do óleo da unção em Êxodo 30, ascende
das situações “de lama”. Esse cálamo é uma figura do
poder em Cristo para ascender.
O PROCESSO DE DESIGNAÇÃO
Estamos sendo designados filhos de Deus pela
ressurreição. Diariamente estamos passando pelo
processo de designação e esta designação é pela
ressurreição. Todos precisamos ver que o que o
Senhor está fazendo conosco hoje é uma questão de
designação.
Gostaria de continuar com a ilustração da
semente de cravo. Uma semente de cravo é designada
não por ser rotulada, mas por ser semeada na terra e
por crescer gradativamente até tornar-se um pé de
cravo maduro, florido. A semente é designada à
medida em que cresce. Quanto mais ela cresce, mais
ela é designada. Quando atinge a floração plena, será
designada de modo completo. Isso significa que o
florescer pleno de uma flor de cravo é sua plena
designação. Assim como a semente de cravo, todos
estamos no processo de designação. Quanto mais
crescemos e somos transformados, mais somos
designados filhos de Deus.
SEGUNDO O ESPÍRITO
Segundo a carne, todos somos problemáticos,
tanto para a igreja, quanto para aqueles com quem
convivemos. Os maridos incomodam as mulheres e as
mulheres incomodam os maridos. Mas não
precisamos ter nosso ser segundo a carne, pois temos
a opção de ser segundo o Espírito. Quando os irmãos
e irmãs vivem segundo o Espírito, eles são
maravilhosos e gloriosos. Viver segundo a carne ou
segundo o Espírito depende da escolha que você faz.
Por sua própria vontade, você pode decidir andar
segundo a carne ou segundo o Espírito. Que o Senhor
seja misericordioso para conosco, para que possamos
escolher viver segundo o Espírito. Precisamos
urgentemente aprender como andar segundo o
Espírito. Se andarmos segundo a carne, a vida da
igreja será muito desagradável. Mas se andarmos
segundo o espírito, a vida da igreja será celestial.
A filiação é realizada pela ressurreição e no
Espírito. O Espírito que habita em nós é o Espírito
ressurreto e o Espírito designador. Dia após dia, esse
Espírito nos está designando filhos de Deus.
Se, como Paulo, pudermos servir a Deus no
evangelho com respeito a Seu Filho, devemos saber o
que é filiação e como ela é realizada. Graças ao
Senhor que Paulo escreveu esta Epístola aos
Romanos! Este livro revela que devemos ajudar os
outros não apenas a serem salvos, mas também a
experimentarem a filiação. Isso significa que
precisamos ajudá-los a ver a questão da designação
pela ressurreição, incluindo santificação,
transformação, conformação e glorificação.
SANTIFICAÇÃO SUBJETNA
Nenhum crente em Cristo é santificado
acidentalmente. Percebo que, de certo modo, todos
fomos santificados ao sermos salvos. Mas ainda
precisamos passar pelo processo de santificação para
sermos santificados disposicionalmente. Na Bíblia, as
palavras santificação, santo e santidade referem-se à
separação. Por isso, ser santificado é ser separado, ser
feito diferente daquilo que é comum.
Quando um pé de cravo é um broto tenro, pode
não parecer ser muito diferente de outros tipos de
brotos. Mas quanto mais o pé de cravo cresce, mais
ele se torna separado, diferente das outras plantas.
Quando ele floresce, é totalmente separado,
absolutamente diferente, de todas as outras flores.
Essa é uma ilustração da santificação subjetiva da
santificação disposicional.
A CONSUMAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO
A santificação em Romanos não se refere
meramente a uma mudança de posição, mas a uma
mudança de disposição. Envolve uma mudança na
forma que é o resultado de uma mudança interior em
vida. Isso mostra que conformação, a mudança de
forma, está relacionada ao crescimento e
transformação. Um pé de cravo também ilustra isso.
Quando um cravo cresce e é transformado, ele é
conformado numa forma especial. Por meio do
crescimento, ele é mudado de uma forma para outra.
Essa mudança continua até a planta florescer. O
florescer é a consumação da transformação.
EXPERIMENTANDO O QUE É
RELACIONADO AO ESPÍRITO
Designação é pela ressurreição, que inclui
santificação, transformação, conformação e
glorificação. Todas estas coisas maravilhosas estão no
Espírito. Ao tocar o Espírito, desfrutamos da
ressurreição e de tudo o que está incluído nela.
Ressurreição não é uma questão de doutrina; é
absolutamente uma questão de tocar o Espírito. A
maneira mais simples de contatar o Espírito é invocar
o nome do Senhor Jesus. Quanto mais tocamos o
Espírito, mais desfrutamos a ressurreição e mais
somos santificados, transformados e glorificados.
Segundo o livro de Romanos, o Espírito como a
percepção do Deus Triúno está relacionado pelo
menos a esses dez itens. Todos esses dez itens estão
relacionados à nossa experiência da realidade da
ressurreição.
Santidade
Primeiramente, o Espírito está relacionado à
santidade (1:4). Temos mostrado que Paulo até
mesmo usa o termo o Espírito de santidade em 1:4. Se
quisermos participar da santidade de Deus, a essência
do ser de Deus, precisamos contatar o Espírito.
Vida
Em 8:2, o Espírito é chamado o Espírito da vida.
Muitos cristãos hoje falam sobre vida sem perceber
que vida está relacionada com o Espírito. Vida é
extremamente difícil de se definir. Ao falar sobre
vida, é melhor falar sob o ponto de vista da
experiência. Romanos 8:6 diz que a mente posta no
espírito é vida. Estar na vida significa que nosso ser
interior é vivo. Ao colocar a mente no espírito,
vivemos. Contudo, se você colocar a mente em sua
situação ou em seu ambiente, será mortificado. Você
sentirá que seu ser interior está oprimido. Mas se
voltar a mente ao espírito, e colocá-la no espírito,
você estará vivo mais uma vez. Isso indica que a vida
é manifestada como vivacidade.
A vida também nos dá energia. A vida divina em
nós nunca se cansa. Posso testificar que enquanto falo
no ministério do Senhor, a vida interior me energiza.
Além disso, essa mesma vida nos fortalece e
satisfaz. Quando experimentamos vida, nunca temos
a sensação de vazio. Pelo contrário, somos ricamente
satisfeitos. Assim, pela vida tornamo-nos vivos,
revigorados, fortalecidos e satisfeitos. Quanto mais
contatamos o Espírito por invocar o nome do Senhor
Jesus, mais nos tornamos vivos, revigorados,
fortalecidos e satisfeitos.
Lei
De acordo com 8:2, o Espírito também está
relacionado à lei. Esse versículo fala da lei do Espírito
da vida. Aqui Paulo nos diz que essa lei nos liberta da
lei do pecado e da morte. A lei do Espírito da vida é
contra a lei do pecado e da morte. Por ser a lei do
Espírito da vida mais elevada que a lei do pecado e da
morte, ela nos liberta daquela lei.
Já falamos sobre o Espírito de santidade e o
Espírito da vida. Verdadeiramente, o Espírito é
santidade e vida. No mesmo princípio, o Espírito é a
lei que nos liberta da lei do pecado e da morte. Essa
lei é um poder espontâneo, automático. Sempre que
tocamos o Espírito, tocamos essa lei, esse poder
espontâneo, automático. Se virmos isso,
perceberemos a inutilidade de dispendermos nosso
próprio esforço para nos aperfeiçoar. Ao invés de nos
empenharmos, deveríamos simplesmente contatar o
Espírito e permitir o trabalhar espontâneo da lei do
Espírito da vida em nós.
Paz
O Espírito também está relacionado à paz. A
mente posta no espírito não é apenas vida, mas paz
também. Paz não é somente uma questão de
descanso, mas, mais que isso, é uma questão de
desfrute. Sem desfrute, não podemos ter paz genuína.
Calma sem desfrute não é paz. O Espírito é paz a nós.
Quando contatamos o Espírito temos paz viva e
genuína.
Alegria
Romanos 14:17 diz: “O reino de Deus não é
comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo.” Este versículo mostra que o Espírito
está relacionado à alegria. Quando estamos no
Espírito, estamos alegres, tão alegres que podemos
entoar louvores ao Senhor. As vezes, podemos estar
fora de nós mesmos pela alegria, e louvores
espontaneamente fluem de nosso interior.
Esperança
Romanos 15:13 diz: “E o Deus da esperança vos
encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que
sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo.”
Não é preciso estarmos sem esperança, pois sempre
que tocamos o Espírito, temos esperança. Salmo 3:3
diz: “Porém tu, Senhor, és... o que exaltas a minha
cabeça.” O Senhor é Aquele que exalta a nossa cabeça.
Isso significa que Ele nos dá esperança. Quando
estamos no Espírito, nossa cabeça é exaltada e somos
enchidos com esperança.
Amor
Romanos 5:5 mostra que o Espírito também está
relacionado ao amor: “O amor de Deus é derramado
em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi
outorgado.” Além disso, em 15:30, Paulo fala do amor
do Espírito. Quando contatamos o Espírito,
experimentamos amor.
Poder
Em 15:13 e 19, Paulo menciona o poder do
Espírito. Esse poder é como um dínamo
energizando-nos. Quando estamos no Espírito,
somos espontaneamente energizados pelo poder do
Espírito.
Serviço
Romanos 7:6 diz que “servimos em novidade de
espírito e não na caducidade da letra.” Esse versículo
mostra o relacionamento entre o espírito e o serviço.
Se não estamos no Espírito, não podemos servir ao
Senhor. Em 1:9, Paulo disse que foi em seu espírito
que ele serviu a Deus no evangelho. Quanto mais
estamos no espírito, mais servimos ao Senhor como
escravos voluntários. Diremos: “Senhor Jesus, como
Teu escravo, eu estou desejoso para servir-Te.”
Pregar o Evangelho
Finalmente, a genuína pregação do evangelho é
no Espírito. Este evangelho inclui todo o conteúdo do
livro de Romanos.
Talvez você nunca tenha visto antes que
santidade, vida, lei, paz, alegria, esperança, amor,
poder, serviço e a pregação do evangelho são todos
relacionados com o Espírito. De fato, o próprio
Espírito nos é a realidade de todos estes itens em
nossa experiência. Se tivermos o Espírito, então
teremos também todos esses itens maravilhosos.
Quando esses itens são somados, eles resultam em
santificação, transformação, conformação e
glorificação. Tudo isso é a realidade da ressurreição.
Quanto mais esses itens se tornam nossa experiência,
mais desfrutamos da ressurreição pelo Espírito e com
vida. O que precisamos hoje não são ensinamentos
objetivos, mas contato prático com o Senhor por meio
de ligarmos o interruptor. Ao invocarmos o nome do
Senhor, nós tocamos o Espírito, que é o cumprimento
e a aplicação do Deus Triúno. Deste modo,
experimentamos ser designados filhos de Deus pelo
Espírito e com vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 56
DESIGNAÇÃO PELO ESPÍRITO AMALGAMADO
Vimos que o evangelho de Deus é o evangelho de
filiação. Isso significa que a intenção de Deus é
produzir muitos filhos por meio do evangelho. Para a
produção desses muitos filhos, a economia das três
Pessoas da Deidade está envolvida. O Pai como a
fonte está no Filho, que é o caminho, e o Filho como a
corporificação do Pai está agora no fluir do Espírito.
Assim o Espírito é a corrente do Deus Triúno. Assim
como a corrente elétrica é a eletricidade em ação,
também o Espírito do Deus Triúno é Deus em ação.
Portanto, o Espírito de Deus é para a aplicação de
Deus a nós.
Liberdade
No Espírito temos liberdade. Romanos 8:2 diz
que a lei do Espírito da vida nos libertou da lei do
pecado e da morte. O versículo 21 do mesmo capítulo
fala da liberdade da glória dos filhos de Deus. Hoje
estamos no processo de tornarmo-nos livres. Todo o
universo com tudo o que nele está encontra-se em um
estado de escravidão. Em Romanos 8, esta
escravidão, esta servidão, é chamada de cativeiro da
corrupção. As coisas morrem porque elas são retidas
por esta escravidão de corrupção. Mas o Espírito
está-nos libertando desta escravidão. Um dia
estaremos plenamente fora da' escravidão da
corrupção e totalmente dentro da liberdade da glória.
Antegozo
Hoje também desfrutamos o Espírito como um
antegozo (8:23). Precisamos aprender a apreciar mais
o Espírito como um antegozo. Quão doce, suave e
desfrutável esse antegozo é para nós!
Filiação
A filiação que temos no Espírito (8:15) inclui
uma série de itens: a vida de filho, a esfera de filho, a
posição de filho, o viver de filho, o desfrute de filho, o
direito de primogenitura de filho, a herança de filho e
a manifestação de filho. Temos tal filiação
todo-inclusiva em nosso espírito. Se ficamos fora do
espírito, ficamos fora do desfrute da filiação.
Contudo, se estamos aguardando a filiação plena,
devemos diariamente desfrutar da filiação pelo
exercitar do nosso espírito.
O Guiar do Espírito
Romanos 8:14 diz: “Pois todos os que são
guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.”
Aqui temos o guiar do Espírito. Como filhos de Deus,
temos o guiar do Espírito. Temos algo que funciona
em nós espontânea e automaticamente, dando-nos o
guiar do Senhor. Contudo, precisamos cooperar
dando atenção a este guiar e honrando-o. Às vezes,
dizemos que não conhecemos o guiar do Senhor,
quando profundamente em nosso interior o sabemos
tão bem. Podemos não conhecê-lo na mente, mas o
conhecemos em nosso espírito. Talvez você esteja
querendo saber se tem ou não o guiar do Senhor para
participar de determinada atividade. Não venha a
mim para perguntar o que deve fazer, pois lhe direi
que em seu interior, em seu espírito, você tem o guiar
do Espírito Santo. Desde que você já tenha o guiar do
Espírito, deve simplesmente honrá-lo e obedecê-lo.
Testemunho
Romanos 8:16 diz: “O próprio Espírito testifica
com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” Este
versículo indica que temos o testemunho do Espírito.
O Espírito testifica que somos filhos de Deus.
Além disso, o Espírito testifica que, como filhos
de Deus, não devemos usar certos tipos de roupas ou
ir a certos lugares mundanos. Muitas vezes esse
testemunho nos incomoda. Por um lado, ele nos
assegura que somos filhos de Deus. Mas por outro
lado, ele nos condena quando fazemos o que não é
apropriado a um filho de Deus. Isso mostra que ser
um filho de Deus é ser limitado e restringido.
Contudo, essa limitação e restrição não é um
sofrimento, mas uma proteção. Graças ao Senhor
porque somos preservados e protegidos pelo
testemunho do Espírito em nosso interior.
Intercessão
Em 8:26 e 27, temos a intercessão do Espírito.
Freqüentemente, o Espírito intercede por nós com
suspiros e gemidos, especialmente quando estamos
fazendo algo que desagrada ao Senhor. O propósito
da intercessão do Espírito é que sejamos
conformados à imagem de Cristo. Por essa razão, o
versículo 27 diz que o Espírito intercede pelos santos
segundo Deus. Quando fazemos algo que não ajuda a
conformar-nos à imagem de Cristo, o Espírito geme
em nós. Por causa do suspirar do Espírito, a vida
cristã não é sempre uma vida de alegria, mas somos
interiormente conturbados quando fazemos certas
coisas. As pessoas no mundo podem participar de
determinada diversão mundana e serem felizes com
isso. Mas se nós participamos de tal divertimento,
sentir-nos-emos profundamente perturbados com
isso. O Espírito geme quando o que fazemos não
corresponde à essência divina, isto é, à santidade, ou
quando isso não ajuda a sermos conformados à
imagem de Cristo.
O versículo 28 diz que Deus faz com que todas as
coisas cooperem juntas “para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o
seu propósito”. O “todas as coisas” neste versículo
está relacionada à intercessão do Espírito nos
versículos 26 e 27. Porque o Espírito intercede, tantas
coisas cooperam juntas a nosso favor. Por exemplo,
suponha que você gaste muito dinheiro
inadequadamente e não o use apropriadamente no
interesse do Senhor. Isso levará o Espírito a
interceder com gemidos. Finalmente, o Pai
responderá à intercessão do Espírito fazendo com que
você tenha falta de dinheiro. Essa dificuldade
financeira ajudará a conformá-lo à imagem do Filho
de Deus. A hora para declarar que todas as coisas
cooperam juntas para o bem não é quando estamos
Renovação
A seguir, temos a renovação do Espírito. É por
essa renovação do Espírito que temos a novidade de
vida em 6:4. Todos devemos caminhar nessa
novidade.
A Novidade do Espírito
Em 7:6, Paulo disse que “servimos em novidade
de espírito e não na caducidade da letra”. Hoje
servimos a Deus em novidade de espírito.
Ressurreição
Além disso, o genuíno poder da ressurreição está
no Espírito. Quando estamos no espírito, estamos em
ressurreição.
Santificação
Por fim, a santificação ocorre no espírito.
CONTATANDO O ESPÍRITO
Não é tão importante se entendemos ou não
todos esses itens. Uma vez que estejamos no Espírito,
temos a realidade de todos eles. Por exemplo, você
pode não saber que ingredientes estão no alimento
que come, mas por comer, você absorve todos eles. O
importante não é que conheçamos a receita, mas que
comamos o alimento. Digo mais uma vez: nossa
necessidade hoje não é de mais ensinamentos, mas é
de aplicação e de desfrute do Espírito todo-inclusivo.
Ensinamentos não nos podem fazer espirituais ou
humildes. Tornamo-nos espirituais e
verdadeiramente humildes somente por contatar o
Espírito por meio do exercício de nosso espírito. —
O ESPÍRITO AMALGAMADO E A
EDIFICAÇÃO DA IGREJA
Embora tenhamos tal espírito maravilhoso
amalgamado em nós, podemos não nos importar
muito com este espírito. Porém, creio que na
restauração do Senhor, o Senhor restaurará a questão
de andar segundo o espírito amalgamado. Sem isso é
impossível ter uma vida da igreja adequada. Se não
vivemos e andamos segundo o espírito, não podemos
ser úteis à vida da igreja. Se não sabemos como
ajudar os outros a terem seu ser segundo o espírito, a
igreja não será edificada, não importando o quanto
possamos pregar, ensinar ou ministrar. O que conta
não é o ensinamento, mas vivermos segundo o
espírito amalgamado e ajudarmos os outros a fazer a
mesma coisa. Aqui, no espírito amalgamado,
desfrutamos as riquezas de Cristo, e nisto temos a
igreja como a genuína expressão do Corpo de Cristo.
Quanto mais andamos segundo o espírito, mais a
igreja será edificada de maneira prática.
A DISPENSAÇÃO DO ESPÍRITO
TODO-INCLUSIVO
Romanos 8:4 e 5 nos dá a chave para a
experiência de Cristo e da vida da igreja: andar
segundo o espírito amalgamado. Tudo o que Cristo é
e tudo o que Ele fez está neste espírito amalgamado.
O nosso espírito foi regenerado e agora ele é habitado
pelo maravilhoso Espírito que dá vida. Além disso, ele
está amalgamado com este Espírito todo-inclusivo.
Não se envolva com suas fraquezas ou enfermidades,
mas atente para a maravilhosa herança que tem — o
Espírito todo-inclusivo habitando em. seu espírito
regenerado. Hoje estamos vivendo na dispensação do
Espírito todo-inclusivo. O óleo da unção foi composto
pelo perfumista divino e agora temos a unção do óleo
em nós, em nosso espírito. Todas as pessoas
regeneradas têm seu espírito habitado e amalgamado
com o Espírito todo-inclusivo. Tudo o que precisamos
hoje é exercitar nosso espírito para ligar o interruptor
da eletricidade celestial. É pelo ligar do interruptor,
não por ensinamentos, que tocamos o Senhor como o
Espírito que dá vida e O desfrutamos. É por usar o
interruptor que andamos segundo o espírito
amalgamado.
A ESCOLHA DE DEUS
Na sociedade, a escolha está relacionada ao
nascimento, instrução, educação e sucesso no mundo.
A escolha divina é absolutamente diferente. Fomos
escolhidos antes de termos nascido, na verdade, antes
da fundação do mundo. A escolha do mundo depende
do que as pessoas são em si mesmas. Aqueles que são
bons, promissores e bem sucedidos são qualificados
para serem escolhidos. A escolha de Deus, pelo
contrário, não depende do que somos; ela depende
inteiramente de Deus e de Seu desejo.
No capítulo nove, Paulo usou o caso de Jacó e
Esaú como uma ilustração da escolha de Deus. Antes
que eles nascessem, Deus disse à Rebeca: “O mais
velho será servo do mais moço” (9:12). A escolha de
Deus foi feita antes que as crianças tivessem nascido,
antes que elas tivessem feito qualquer coisa boa ou
má. Isso foi “para que o propósito de Deus quanto à
eleição prevalecesse, não por obras, mas por aquele
que chama” (v. 11). Não obstante, quando estava no
ventre, Jacó lutou para nascer primeiro. Foi pela
misericórdia de Deus que Jacó não conseguiu. Se ele
tivesse conseguido, ele não teria sido escolhido por
Deus.
De maneira bem real, todos nós somos Jacós
lutando para sermos o primeiro. Desde o nosso
nascimento, temos o conceito de que devemos lutar a
fim de obter algo por nós mesmos. Apesar de
falharmos sempre, continuamos lutando. Somos
como Jacó, o suplantador, a quem Deus predestinou
para ser o segundo, mas que ainda lutava para ser o
primeiro. Louvado seja o Senhor por Sua mão de
misericórdia que restringe impedindo-nos de ter
sucesso em nossos esforços! Ele nos restringe porque
já nos escolheu antes de termos nascido.
ESCOLHA, PREDESTINAÇÃO E
CHAMAMENTO
A escolha de Deus está relacionada à Sua
predestinação e ao Seu chamamento. Dos três, o
primeiro é a escolha, seguido pela predestinação e
pelo chamamento. Primeiramente Deus nos escolheu.
Então, Ele nos marcou, isto é, nos predestinou. Tanto
a escolha como a predestinação aconteceram antes de
termos nascido. Após, em um certo ponto de nossa
vida, Deus veio para nos chamar.
Efésios 1:4, 5 provam que a escolha e a
predestinação de Deus aconteceram na eternidade
passada: “Assim como nos escolheu nele, antes da
fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor nos
predestinou para ele, para a filiação (lit.), por meio de
Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.”
Antes que o universo viesse a existir, Deus nos
escolheu e nos predestinou para a filiação.
Precisamos exercitar nosso espírito, com fé, para crer
nesta palavra da Escritura. No dia determinado por
Deus, nós nascemos. Finalmente, também no tempo
determinado por Ele, nós fomos salvos. Embora
possamos não ter tido a intenção de crer no Senhor
Jesus, viemos a crer Nele, porque tínhamos sido
escolhidos e predestinados por Deus. Essa é a escolha
da graça na qual a misericórdia de Deus é
manifestada. Como Paulo diz em 9:16: “Assim, pois,
não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de
usar Deus a sua misericórdia.”
CONFIANDO NA MISERICÓRDIA DO
SENHOR
Não lute para assumir a responsabilidade. Pelo
contrário, adore a Deus por Sua escolha. Se fizer isso,
Ele o sustentará no seu arcar com a responsabilidade.
Quanto mais tentamos em nós mesmos ser
responsáveis, mais sofreremos interiormente. O
nosso gosto interior será o da amargura. Mas se
adorarmos o Senhor por Sua misericórdia e O
experimentarmos sustentando-nos em nosso arcar
com a responsabilidade, o sabor que sentiremos
interiormente será tão doce como o mel. Uma razão
para eu estar feliz, dia após dia, é que aprendi a
confiar na misericórdia do Senhor e a adorá-Lo por
ela. Anos atrás, eu pedia ao Senhor que fizesse muitas
coisas por mim. Mas agora, minha oração é
agradecê-Lo por Sua misericórdia. Ele disse que terá
misericórdia de quem Lhe aprouver ter misericórdia e
compaixão de quem tiver compaixão. Se
desfrutarmos a misericórdia do Senhor e O
adorarmos por Sua escolha, estaremos nos lugares
celestiais.
Prosseguirmos com o Senhor não é uma questão
do nosso querer ou correr, mas da misericórdia de
Deus. A nossa vontade não importa e nosso correr é
vão. A misericórdia de Deus, contudo, trabalha de um
modo maravilhoso. Somos mutáveis, constantemente
flutuando. Parece que, no que nos diz respeito, nossa
condição espiritual é como o tempo que é instável.
Por isso, precisamos ver que a escolha da graça não
depende de nós, mas depende da escolha de Deus
antes de o mundo começar. O que experimentamos
hoje está relacionado à escolha de Deus na eternidade
passada. Se virmos isso, tiraremos nossos olhos de
nós mesmos e das circunstâncias, e olharemos firmes
e resolutamente para Ele.
O EVANGELHO DA GRAÇA
O evangelho no qual servimos a Deus é um
evangelho de graça, não um evangelho de obras.
Como 11:6 diz: “E se é pela graça, já não é pelas obras;
do contrário, a graça já não é graça.” No entanto, o
fato de a escolha de Deus ser totalmente uma questão
de Sua graça, não significa que somos livres para
fazer o que queremos. Se essa for nossa atitude, então
não fomos escolhidos por Deus ou estamos desviados
da escolha de Deus. Oh! esqueçamo-nos de nós
mesmos e de nossa situação e conservemos nossos
olhos no Senhor. Digamos sempre: “Senhor, eu Te
louvo por Tua escolha da graça. O, Senhor, nós Te
adoramos por Tua misericórdia.” Este é o evangelho
revelado no livro de Romanos.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 59
A PRÁTICA DA VIDA DO CORPO
Nesta mensagem, consideraremos a prática da
vida do Corpo como é mostrada nos capítulos finais
de Romanos.
FALAR E PRATICAR
Muitos falam sobre a vida do Corpo de Romanos
12 sem a verdadeira prática da vida do Corpo. Por
exemplo, alguns viram que no Corpo de Cristo somos
“membros uns dos outros” (12:5). Contudo, eles não
podem mencionar a quais membros estão
especificamente relacionados. Assim, o falar deles
sobre ser membros uns dos outros é mera conversa.
Não estamos aqui para falar sobre a vida do Corpo;
estamos aqui para praticar a vida do Corpo.
O ensinamento em Romanos referente à vida do
Corpo está no capítulo doze, mas a prática está nos
capítulos catorze, quinze e dezesseis. Estes capítulos
tratam de problemas práticos que ocorrem na vida da
igreja. Ao considerarmos como Paulo aborda esses
problemas, podemos aprender alguma coisa
relacionada à prática diária da vida do Corpo.
RECEBER OS CRENTES
O capítulo doze é importante em relação à
doutrina da vida do Corpo, assim como o capítulo
catorze é importante em relação à prática da vida do
Corpo. No capítulo catorze, Paulo aborda o problema
de receber os crentes cujas opiniões e práticas se
diferem das nossas. Em 14:1, Paulo diz: “Acolhei ao
que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.”
Então Paulo prossegue dando dois exemplos de
questões sobre as quais os crentes podem ter pontos
de vista diferentes. O primeiro exemplo refere-se ao
comer: “Um crê que tudo pode comer, mas o débil
come legumes” (v. 2). O segundo refere-se a dias:
“Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais
todos os dias” (v. 5). Estas duas questões são
exemplos de muitas coisas que têm dividido os
cristãos. Tome o batismo como exemplo. Alguns
insistem na imersão, enquanto outros insistem na
aspersão. Se tivermos a prática adequada da vida do
Corpo, receberemos todos os verdadeiros crentes em
Cristo, quer pratiquem imersão ou aspersão.
Alguns dizem que nós na restauração do Senhor
somos estreitos. Contudo, queremos receber todos os
tipos de cristãos. Recebemos aqueles que praticam
imersão e aqueles que praticam aspersão. Quem,
então, são os estreitos aqueles na restauração do
Senhor ou aqueles que aceitam ter comunhão
somente com os que reúnem exigências especiais
relacionadas à doutrina ou prática?
As divisões entre os cristãos vêm das diferenças
sobre doutrina ou prática. Por exemplo, os crentes
têm sido divididos sobre coisas tais como uso do véu,
lavar os pés e observância do domingo ou do sábado.
Esse fato deve levar-nos novamente a Romanos 14,
onde Paulo nos instrui a receber aqueles que têm a fé
em Cristo e não julgá-los segundo questões
secundárias. Se alguém vier a nós com uma opinião
diferente a respeito de certa questão, ainda devemos
recebê-lo como um irmão no Senhor. Como Paulo diz
em 15:7: “Portanto acolhei-vos uns aos outros, como
também Cristo nos acolheu para a glória de Deus.”
A importância de receber os crentes é ilustrada
por uma experiência que tivemos no começo da vida
da igreja em Los Angeles, Três grupos Cristãos
desejaram reunir-se conosco na vida da igreja. Um
grupo tinha um antecedente pentecostal e outro
grupo tinha um antecedente de ensinamento
fundamentalista da Bíblia. Quando eu soube de seu
desejo e entusiasmo sobre a idéia de reunirem-se
conosco, lembrei-lhes de que através dos séculos os
cristãos têm sido divididos por suas opiniões sobre
doutrinas e práticas. Além disso, lhes disse que se
quisessem reunir-se para a vida da igreja segundo
Romanos 14, eles teriam de abandonar suas opiniões
e receber todos os crentes genuínos em Cristo, não
importando quão diferentes fossem, tanto em
doutrina como em prática. Eles concordaram em
deixar de lado suas diferenças e em reunirem-se na
unidade para a vida da igreja. No local de reunião,
penduramos algumas faixas. Uma dizia “Variedade
versus Uniformidade”, outra “Unidade na Variedade”
e outra “Todos Um em Cristo”. Entretanto, após um
curto período, alguns de formação pentecostal
começaram a insistir na prática de falar em línguas e
tocar pandeiro nas reuniões. Os de formação
fundamentalista não toleraram isso e se recusaram a
prosseguir com aquilo. Eu pedi àqueles que se
opunham ao falar em línguas e tocar pandeiros que
suportassem aqueles que eram favoráveis a essas
coisas. Contudo, eles se recusaram a fazê-lo. Então
pedi aos que aprovavam essas práticas para entender
o sentimento dos outros. Eles também se recusaram,
insistindo que nada havia de errado em agir assim.
Finalmente, devido à incapacidade de ambos os lados
em aceitar crentes com diferentes doutrinas e
práticas, esses grupos não conseguiram se reunir na
unidade para a prática da vida da igreja.
A IGREJA NA CASA
No versículo 5, Paulo saúda a igreja que está na
casa de Priscila e Áqüila. Usando este versículo como
base, alguns dizem que a igreja numa casa é diferente
da igreja numa cidade. Contudo, se considerar essa
questão cuidadosamente em seu contexto, você verá
que a igreja na casa de Priscila e Áqüila era, na
verdade, a igreja na cidade de Roma. A igreja em
Roma tinha suas reuniões na casa de Priscila e
Áqüila.
Se quisermos ter a prática adequada da vida do
Corpo hoje, devemos ser gerais em receber todos os
tipos de crentes. Desde que uma pessoa creia
genuinamente no Senhor Jesus, devemos recebê-la,
mesmo que sua opinião possa diferir das nossas com
respeito a prática ou doutrina. Além disso,
precisamos estar numa igreja local e honrar o caráter
local da igreja. Como agradeço ao Senhor pelo
capítulo dezesseis! Neste capítulo, o Espírito Santo
mostra claramente que para a prática da vida do
Corpo, precisamos ser a igreja local. Onde quer que
estejamos, devemos estar na igreja naquela cidade.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 60
A DISPENSAÇÃO DO DEUS TRIÚNO PARA O
CUMPRIMENTO DO SEU PROPÓSITO
Romanos é um livro todo-inclusivo, um resumo
tanto da vida cristã como da vida da igreja. É
impossível esgotar toda a revelação explícita e
implícita neste livro. A revelação implícita significa
que ela não é transmitida direta e explicitamente,
mas que é transmitida indiretamente no que está
explícito. Na Palavra divina, o que está implícito é
sempre mais importante do que o que está
diretamente declarado. Nesta mensagem,
consideraremos uma das revelações implícitas no
livro de Romanos: a dispensação do Deus Triúno para
o cumprimento de Seu propósito.
TERMOS INTERCAMBIÁVEIS
Agora chegamos ao capítulo oito, um capítulo
que é inesgotável em revelação e significado
espiritual. O versículo 2 fala da lei do Espírito da vida
em Cristo Jesus. Neste versículo, há diversos itens
difíceis de explicar: lei, Espírito, vida e Cristo Jesus.
Note que aqui Paulo não fala Jesus Cristo, mas Cristo
Jesus. Nos versículos 7 e 8, Paulo menciona Deus.
Então no versículo 9, ele prossegue falando do
Espírito de Deus e do Espírito de Cristo. Como
veremos, nesses versículos Paulo está falando do
Deus Triúno em Sua dispensação.
Paulo usa os termos Deus, o Espírito de Deus, e o
Espírito de Cristo alternadamente. Ele começa com
Deus, prossegue com o Espírito de Deus e continua
com o Espírito de Cristo. Mas ao invés de parar aqui,
no versículo 10 Paulo fala de Cristo, dizendo que
Cristo está em nós. Em poucos versículos, quatro
títulos divinos são alternadamente usados: Deus, o
Espírito de Deus, o Espírito de Cristo e Cristo. Estes
quatro termos denotam um ser, o próprio Deus
Triúno.
O Espírito de Deus é o próprio Deus. Não
interprete este título como se o Espírito fosse algo
diferente de Deus. No Novo Testamento, expressões
tais como o amor de Deus e a vida de Deus significam
que amor e vida são o próprio Deus. No mesmo
princípio, o termo o Espírito de Deus significa que o
Espírito é Deus. O mesmo é verdade em relação ao
Espírito de Cristo. Este título significa simplesmente
que
O Espírito é Cristo. De acordo com o contexto, o
Espírito de Cristo é o Espírito de Deus.
Do Espírito de Cristo, Paulo prossegue para
Cristo. Assim, Paulo nos leva de Deus a Cristo através
do Espírito de Deus e do Espírito de Cristo. O
pensamento de Paulo vai de Deus ao Espírito de
Deus, do Espírito de Deus ao Espírito de Cristo e do
Espírito de Cristo a Cristo. Portanto, temos Deus, o
Espírito de Deus, o Espírito de Cristo e Cristo.
Contudo, esses quatro termos, todos, se referem ao
único Deus Triúno.
CRISTO EM NÓS
O versículo 10 diz que Cristo está em nós. A
preposição “em” aqui é muito significativa. Cristo, o
Maravilhoso, está verdadeiramente em nós! Para que
Cristo esteja em nós, Deus deve ser o Espírito de
Deus, o Espírito de Deus deve ser o Espírito de Cristo,
e o Espírito de Cristo deve ser Cristo. Se Deus fosse
unicamente Deus em Si mesmo, Ele não poderia estar
em nós. Há duas razões para isso. A primeira é que
Deus é divino, infinito e poderoso. Contudo, somos
humanos e Deus não pode entrar em nós sem
mediação humana. Segundo, somos pecadores e
impuros. Por causa d~ queda, todas as partes do
nosso ser estão corrompidas. E impossível um Deus
santo habitar em tais pessoas pecadoras. Para ligar o
abismo entre a divindade e a humanidade, Deus teve
de se tornar um homem chamado Jesus. Jesus
significa Jeová, o Salvador. Como tal, Ele morreu na
cruz por nossos pecados, derramou Seu sangue para
limpar-nos de toda mancha. Aleluia! o Deus infinito
se tornou um homem finito para morrer na cruz por
nós! Isso removeu as barreiras que impediam Deus
de vir para dentro do homem. Agora, em Cristo, o
Deus infinito e santo pode entrar em nós. Por essa
razão, no versículo 10, Paulo declara que Cristo está
em nós.
É significativo que Paulo não diga que Deus está
em nós, mas que Cristo está em nós. O Espírito aqui
une Deus a Cristo. O Espírito é tanto o Espírito de
Deus como o Espírito de Cristo. Quão profundos e
inesgotáveis são todos esses termos!
REVELAÇÃO IMPLÍCITA
No versículo 11, não encontramos as palavras
“triúno” e “dispensar”, mas o fato da dispensação do
Deus Triúno está subentendido. O Deus Triúno está
subentendido aqui, e a dispensação do Deus Triúno
para dentro de nós também está subentendida.
Enfatizamos que o Pai, o Filho e o Espírito são todos
encontrados nesse versículo, Além disso, a palavra de
Paulo sobre vida sendo dada a nosso corpo mortal
implica numa dispensação. Essa não é uma revelação
explícita; é uma revelação implícita do dispensar do
Deus Triúno para dentro dos crentes.
PROCESSO E DISPENSAÇÃO
No versículo 11, Paulo fala do Espírito Daquele
que ressuscitou a Jesus dentre os mortos. Isso
envolve não somente a dispensação de Deus, como
também o processo exigido para tornar essa
dispensação possível. A dispensação exige um
processo. Ressuscitar a Cristo dentre os mortos foi
uma parte desse processo. Assim, para que o Espírito
Daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos
habite em nós, Deus teve de se envolver em um
processo. Paulo não diz simplesmente que o Espírito
habita em nós. Isso teria sido muito direto. Antes, Ele
diz que o Espírito Daquele que ressuscitou a Jesus
habita em nós. Isso mostra o processo que está
envolvido.
A preparação do alimento para comer pode ser
usada para ilustrar o processo exigido para a
dispensação de Deus. A maioria das coisas que
comemos deve ser processada antes disso. Por
exemplo, minha esposa não compra um peixe no
mercado e o traz para casa e simplesmente o coloca
sobre a mesa na hora da refeição. Não, o peixe deve
ser totalmente preparado e só então podemos
comê-la. No mesmo princípio, o Deus Triúno passou
por um processo para habitar em nós.
O processo no versículo 11 está indicado pela
própria forma indireta do versículo. O versículo todo
é, na verdade, uma longa afirmativa indireta. Nesse
versículo, três fatores cruciais são abordados: o Deus
Triúno, o processo e a dispensação, Para que Deus
habite em nós, Ele tem de ser o Deus Triúno que
passou por um processo completo.
Esse processo envolve encarnação, crucificação e
ressurreição. Antes que o Filho de Deus pudesse
morrer por nós na cruz, Ele teve de encarnar-se como
um homem. Por meio da encarnação, Ele se vestiu de
humanidade com carne e sangue e se tornou um
homem chamado Jesus. Somente desse modo Ele
pôde derramar Seu sangue na cruz por nossos
pecados. Assim, a palavra de Paulo sobre a
ressurreição de Cristo no versículo 11 envolve Sua
encarnação e crucificação. Tudo isso está relacionado
ao processo.
O nosso Deus não é mais o Deus não-processado.
Aquele que habita em nós foi plenamente processado.
a Espírito que habita em nosso interior é a percepção
do Filho, que é a corporificação do Pai. a Pai é
corporificado no Filho, o Filho é percebido como o
Espírito e o Espírito habita em nós. Este é o Deus
Triúno que foi processado por meio da encarnação,
crucificação e ressurreição, o qual está se
dispensando a nós e que agora está habitando em
nós.
O versículo 11 mostra que o Deus Triúno está
sendo dispensado não apenas para dentro de nosso
espírito, o centro de nosso ser, como indicado no
versículo 10, mas até mesmo para dentro de nosso
corpo mortal, o exterior de nosso ser. Isso significa
que a dispensação do Deus Triúno está saturando
todo o nosso ser. Quanto mais experimento e desfruto
essa dispensação, mais sou fortalecido espiritual,
psicológica e fisicamente. Posso testificar pela
experiência que a dispensação do Deus Triúno não é
mera doutrina. a Espírito Daquele que ressuscitou a
Jesus dentre os mortos dá vida a nosso corpo mortal.
Que espantoso! a versículo 11, portanto, envolve
muita coisa: o Deus Triúno, o processo, a dispensação
e a saturação de todo nosso ser com a vida divina.
Esta é a dispensação do Deus Triúno.
AS PRIMÍCIAS E A INTERCESSÃO DO
ESPÍRITO
De acordo com o versículo 23, também temos as
primícias do Espírito. As primícias do Espírito são a
primeira amostra, o antegozo do Espírito. Hoje temos
o Espírito que habita interiormente como o antegozo
do nosso desfrute de Deus. a antegozo nos dá a
segurança de que o pleno gozo está vindo.
O versículo 26 revela que o Espírito é também o
Espírito intercessor. Interiormente, o Espírito está
constantemente intercedendo por nós. Podemos
pensar que estamos orando sozinhos, e então
descobrimos que nossa oração, na verdade, vem do
Espírito que habita interiormente. Porque somos um
com Ele e o Espírito está amalgamado com nosso
espírito, nem sempre podemos discernir o que é
nosso e o que é Dele. Como 1 Coríntios 6:17 diz:
'Aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.”
Quando oramos, Ele ora, e quando Ele ora, oramos
também. Assim, a nossa oração é Sua oração e Sua
oração é a nossa.
SANTIDADE E RESSURREIÇÃO
Em Romanos 6:19, Paulo fala de “justiça para a
santificação”. Isso indica que a justiça nos introduz
em santidade, em santificação, A dispensação do
Deus Triúno acontece por meio de Sua santidade. A
santidade de Deus está relacionada ao processo de
Sua dispensação. Assim como a morte de Cristo é
para justiça, também a ressurreição de Cristo é para
santidade. De fato, o Cristo ressurreto é o próprio
elemento de santidade em nós. Esta santidade nos
germina, nos gera e nos santifica. Isso é totalmente
uma questão de vida.
Romanos 8:11 diz: “Se habita em vós o Espírito
daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos,
esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os
mortos, vivificará também os vossos corpos mortais,
por meio do seu Espírito que em vós habita.” Observe
que neste versículo Paulo fala primeiramente de
Jesus e, então, de Cristo Jesus. O nome Jesus está
relacionado com Sua morte, e o título Cristo Jesus
está relacionado à ressurreição e dispensação de vida.
Assim, morte está relacionada a Jesus e o dar vida
está relacionado a Cristo.
A morte de Jesus foi para o cumprimento da
justiça de Deus, mas a ressurreição de Cristo é para a
santidade de Deus. Justiça é a conduta de Deus, Sua
maneira de fazer as coisas, enquanto santidade é a
natureza de Deus. A conduta justa de Deus é apoiada
pela morte de Cristo, mas a natureza de Deus é
dispensada a nós por meio da ressurreição de Cristo.
Quando a justiça de Deus é sustentada pela morte de
Cristo, Deus está numa posição de dispensar-se a nós
por meio da ressurreição de Cristo. Quando o Cristo
ressurreto entra em nós, Ele dispensa a natureza de
Deus a nós. Esta natureza santa então nos germina,
nos gera e nos santifica. O Cristo ressurreto em nós é
o elemento de santidade que nos aviva. Esse elemento
nos germina, nos aviva e, então, nos santifica. Isso é
santificação. Santificação envolve um longo processo
que começa quando fomos salvos e continua por toda
a nossa vida cristã. Nesse processo, somos
transformados e até mesmo conformados à imagem
do Filho primogênito de Deus.
Santificação ocorre por meio do processo de
ressurreição. Tenho certeza de que todos temos o
Cristo ressurreto dentro de nós e estamos passando
pelo processo de santificação por meio da
ressurreição, Esse processo é, na verdade, uma
pessoa, o próprio Cristo ressurreto. Cristo em
ressurreição é tanto nossa santidade como nossa
santificação. A diferença entre santidade e
santificação é que santidade denota o próprio
elemento de Cristo, enquanto que santificação denota
a ação desse elemento. Assim, nós não estamos sob o
processo de santidade apenas, mas também sob o
processo de santificação. O elemento santo está
movendo-se e está ativo em nós para nos santificar.
ASCENSÃO E GLORIFICAÇÃO
Romanos aborda não somente os atributos de
justiça e santidade, mas também o atributo de glória.
A glorificação começou na época da ascensão de
Cristo, e consumar-se-á na Sua volta. A ascensão de
Cristo é para a glória. Portanto, a morte de Cristo é
para a justiça de Deus, Sua ressurreição é para a
santidade de Deus e Sua ascensão é para a glória de
Deus. Quando Cristo voltar, a glorificação de Seus
santos será consumada.
Esse pensamento é encontrado em Romanos 8.
No versículo 17, Paulo diz que se sofrermos com
Cristo, seremos glorificados com Ele. No versículo 18,
ele prossegue dizendo: “Porque para mim tenho por
certo que os sofrimentos do tempo presente não são
para comparar com a glória por vir a ser revelada em
nós.” Toda a criação está aguardando ansiosamente
ser “redimida do cativeiro da corrupção, para a
liberdade da glória dos filhos de Deus” (v. 21). No
versículo 30, Paulo diz que aqueles a quem 'Deus
predestinou, chamou e justificou, Ele também
glorificou. Ao sermos santificados, também estamos
sendo glorificados. Com a santificação, desfrutamos
um antegozo da glorificação.
Enfatizamos que a glorificação começou com a
ascensão de Cristo. Como crentes em Cristo, fomos
ascendidos com Cristo e nos assentamos com Ele nos
lugares celestiais (Ef 2:6). Cristo está tanto em nós
subjetivamente como nos lugares celestiais
objetivamente. Cristo nos introduziu nos lugares
celestiais e trouxe os céus para dentro de nós. Quando
percebemos o fato de que participamos da ascensão
de Cristo, experimentamos não apenas santificação,
mas também glorificação. Estar em ascensão é estar
em glória.
SANTIDADE EM AÇÃO
Contudo, a morte de Cristo não foi o fim, pois ela
introduziu a ressurreição, na qual fomos germinados
e gerados. Mais que isso, com a ressurreição de
Cristo, há a função de santificar, que inclui
transformar e conformar. Finalmente, por esse
processo de santificação, seremos conformados à
imagem do Filho de Deus. Esta é a experiência
subjetiva da santificação. Santificação é a atividade
subjetiva da santidade; é santidade em ação.
Santificação é na verdade o Cristo ressurreto
trabalhando a natureza santa de Deus para dentro do
nosso ser. Isso é muitíssimo diferente do conceito de
santidade encontrado entre o assim chamado povo
que segue a linha da santidade.
GLORIFICAÇÃO, O RESULTADO DA
SANTIFICAÇÃO
O resultado da santificação é glorificação, a
expressão de Deus. Assim, a dispensação do Deus
Triúno é para Sua glória. O resultado de santificação é
glorificação.
A glorificação começou no dia de Pentecoste. A
igreja não nasceu em Pentecoste, mas no dia da
ressurreição de Cristo. Em 1 Pedro 1:3 diz que fomos
regenerados quando Cristo ressuscitou. Quando Ele
ressuscitou, o grão de trigo se tornou os muitos grãos
para formar o pão, a igreja (Jo 12:24; 1Co 10:17).
Assim, a igreja foi gerada no dia da ressurreição. Mas
que aconteceu no dia de Pentecoste? Naquele dia, a
igreja foi glorificada. Se estivéssemos presentes na
reunião da igreja no dia de Pentecoste, teríamos
exclamado: “Que glória!” Nós não teríamos falado
sobre justiça ou santificação, pois teríamos tido um
sentimento dominante de glória.
O Senhor Jesus começou Sua oração em João 17
com as palavras: “Pai, é chegada a hora; glorifica a teu
Filho, para que o Filho te glorifique a ti” (v. 1). Como
o Filho glorifica o Pai? Ele glorifica o Pai em unidade.
A unidade em João 17 é a igreja. A unidade dos santos
é a vida adequada da igreja. Quando a unidade é
percebida de uma maneira global, o Filho glorifica o
Pai na igreja. Isso mostra que sempre que há a vida da
igreja adequada, há a glorificação do Pai, pois a vida
da igreja expressa o Pai. Por isso, se nos reunimos
juntos como a igreja de um modo normal, devemos
ter o sentimento de que há glória em nossas reuniões.
A vida da igreja é inteiramente uma questão de
glorificação. A igreja é o objetivo de Deus; ela não é a
conduta de ou a maneira de Deus. A intenção de Deus
é ser glorificado na igreja.
UM LONGO PROCESSO
A fim de que a vida divina seja dispensada a nós,
esta vida primeiro teve de passar por um longo
processo envolvendo encarnação, viver humano,
crucificação, sepultamento, ressurreição, ascensão e
descensão. A vida dispensada a nós é, na verdade, o
Deus Triúno processado. Em Gênesis 1:1, essa vida
não podia ser dispensada ao homem, pois ela ainda
não havia passado pelos estágios necessários. Mas
agora é totalmente possível tal vida maravilhosa ser
dispensada a nós. Essa vida está presente e disponível
e nós podemos recebê-la simplesmente por invocar o
nome do Senhor Jesus.
VENDO A VISÃO
Todos precisamos ver a visão do dispensar da
vida do Deus Triúno para as três partes do nosso ser.
Se tivermos essa visão divina, nosso' conceito natural
de ética e moral será destruído. Precisamos dizer ao
Senhor: “Senhor, eu Te agradeço. Desde que entraste
em mim, meu espírito se tornou vida. Agora, se
coloco a mente no espírito, minha mente também
será vida. Ó, Senhor, como eu Te louvo! Pelo Teu
habitar interior do Espírito, Tua vida zoe pode ser
dispensada até para o meu corpo mortal. Senhor, eu
Te adoro por isso, eu desfruto isso e sou um Contigo
nesse dispensar.” Esse é o dispensar da vida do Deus
Triúno para dentro do homem tripartido. Por meio de
tal dispensar, o Deus Triúno se torna um com o
homem tripartido e o homem tripartido se torna um
com o Deus Triúno. É por meio desse dispensar da
vida divina que nos tornamos filhos de Deus. Além
disso, é por essa dispensação que somos
transformados e conformados à imagem de Cristo.
Isso é a vida cristã e a vida da igreja.
HOMENS DE VIDA
Vamos sair dos ensinamentos religiosos, éticos e
filosóficos e voltar à simplicidade da profunda
revelação na Palavra Santa a respeito da economia de
Deus. O nosso Deus é o Deus Triúno que passou pela
encarnação, crucificação, ressurreição e ascensão.
Agora Ele é o Espírito todo-inclusivo para ser a zoe
divina para nossa participação, experiência e
desfrute. Primeiramente, Ele se dispensa para o
nosso espírito, o centro do nosso ser. Do centro, Ele
se expande para nossa mente e a satura com zoe.
Então Ele se expande para o nosso corpo mortal e
assim faz de todo nosso ser zoe. Dessa maneira,
tornamo-nos homens com zoe. Aleluia, não somos
homens da religião, moral ou ética somos homens de
vida!
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 63
NÃO UMA VIDA TROCADA, MAS UMA VIDA
ENXERTADA
A economia de Deus é uma questão da vida
divina sendo dispensada para dentro do nosso ser.
Como resultado desse dispensar, nós, o povo
escolhido de Deus, temos tanto a vida humana como
a vida divina. Todo tipo de vida, mesmo o tipo mais
rudimentar de vida vegetal, é um mistério. Nenhum
cientista consegue explicar totalmente como uma
sementinha cresce e se transforma numa linda flor.
Dentro da semente há um elemento de vida que gera
uma flor, com uma certa forma e cor. Isso é
maravilhoso!
ENXERTO
Uma vez que nem a ilustração do vaso nem a da
vida conjugal retratam alguma coisa orgânica
relacionada com. o dispensar de Deus, Paulo
prossegue usando uma terceira ilustração: o enxerto
de uma planta em outra. Em 11:17-24, Paulo usa a
ilustração de ramos de oliveira brava sendo
enxertados em oliveira cultivada. Como resultado do
enxerto, os ramos da oliveira brava e da cultivada
crescem juntos organicamente. Cada árvore tem a sua
própria vida, mas agora essas vidas crescem
organicamente juntas e têm um único produto.
Um cirurgião pode fazer o que é chamado de
enxerto de pele. Nesse processo, um pedaço de pele
saudável é transplantado de uma parte do corpo para
outra parte ferida ou queimada, a fim de se formar
nova pele. Depois que o enxerto é completado, a pele
transplantada crescerá organicamente com o tecido
ao qual foi enxertada. Esse crescimento é possível
porque tanto a pele como o tecido têm vida. O
elemento orgânico na vida capacita-nos a crescer
juntos.
Em Romanos, Paulo usa as ilustrações de vasos,
vida conjugal e enxerto. A ilustração de vasos mostra
que somos os recipientes de Deus, com Ele como
nosso conteúdo. A ilustração do casamento mostra
que um homem e uma mulher, com mente, emoções,
vontades, personalidades, caracteres e disposições
diferentes, são unidos para formar uma única
unidade. A ilustração do enxerto mostra que duas
vidas são unidas e então crescem juntas
organicamente.
Uma estrofe num hino escrito por A B. Simpson
(Hino nº 30 dos 100 Hinos Selecionados) fala de
enxerto:
No universo, um segredo há:
Dum grão morto a colheita vem;
Árvore pobre enxertada
Vida rica e doce obtém.
Sem dúvida, quando Simpson escreveu esse
hino, ele tinha em mente Romanos 11. Não creio que
A B. Simpson alguma vez ensinaria que a vida cristã é
uma vida trocada. De acordo com esse hino, ele
percebeu que há a vida enxertada, uma vida onde
duas partes são ligadas para crescerem
organicamente.
DISPENSANDO, AMALGAMANDO E
PERMANECENDO
Em João 14:20, o Senhor Jesus disse: “Naquele
dia vós conhecereis que eu estou em meu Pai e vós em
mim e eu em vós.” O dia mencionado aqui é o dia da
ressurreição de Cristo. Nesse versículo, o Senhor
estava dizendo que no dia da Sua ressurreição, os
Seus discípulos saberiam que Ele está no Pai, que eles
estão Nele e que Ele está neles. Isso não é uma troca
de uma vida por outra; é um amalgamar de vidas. O
Senhor está em nós e nós estamos Nele. Esse é o
amalgamar que vem do dispensar, da infusão da vida
do Deus Triúno para dentro de nós.
O amalgamar falado em João 14:20 é como o
amalgamar do azeite com a farinha fina na oferta de
manjares (Lv 2). A farinha fina está no azeite e o
azeite está na farinha fina. Isso é amalgamar.
O amalgamar leva ao mútuo permanecer. Por
isso, em João 15:4, o Senhor Jesus disse: “Permanecei
em mim e eu permanecerei em vós.” Essa mútua
permanência de nós no Senhor e do Senhor em nós é
o que queremos dizer por vida amalgamada. Além
disso, essa vida amalgamada é uma vida enxertada.
O PRINCÍPIO DA ENCARNAÇÃO
Muitos dos que estão nas denominações
pentecostais ou em movimentos carismáticos gostam
de imitar os profetas do Velho Testamento, nas suas
assim chamadas profecias, dizendo: 'Assim diz o
Senhor!” Embora essa expressão seja usada pelos
profetas do Velho Testamento, não é usada pelos
escritores do Novo Testamento. Paulo escreveu
muitas epístolas, mas não disse no fim: 'Assim disse o
Senhor!” Antes, ele disse: “A graça seja convosco”, '~
graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com o vosso
espírito”, ou simplesmente: “O Senhor seja com o teu
espírito” (1Tm 6:21; Gl 6:18; 1Tm 4:22). O motivo
dessa diferença é muito significativo. Na época do
Velho Testamento, a encarnação de Cristo ainda não
ocorrera. A encarnação é um questão de Deus entrar
no homem e ser um com ele. No nascimento de Jesus,
Deus realizou a encarnação de Si mesmo no homem.
Por meio da morte e ressurreição de Cristo, nós, que
cremos em Cristo, podemos partilhar o princípio da
encarnação. Isso quer dizer que por meio da
regeneração, Cristo nasceu em nosso ser e tornou-se'
um conosco. Como Paulo diz em 1 Coríntios 6:17:
“Aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.”
Isso significa que uma vez que tenhamos nascido de
novo, somos um espírito com o Senhor. Agora, todos
nós temos base para declarar que somos um espírito
com Cristo. No dia em que cremos, não só fomos
salvos mas também desposados com Cristo em
espírito, e ocorreu uma união entre nós e Ele. À
medida que continuamos a contatá-Lo, os elementos
superiores da vida divina tragarão os elementos
inferiores da nossa vida humana. Então, o que
dissermos e fizermos, espontaneamente será o dizer e
o fazer de Cristo. Por isso, não há necessidade de
usarmos a expressão 'Assim diz o Senhor!” Porquanto
fomos enxertados em Cristo e estamos vivendo em
unidade com Ele, o nosso falar espontaneamente é o
Seu falar.
A Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 7
ilustra isso. O versículo 25 diz: “Com respeito às
virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém
dou minha opinião como tendo recebido do Senhor a
misericórdia de ser fiel.” Paulo não tinha
mandamento do Senhor a respeito dessa questão,
mas falava como alguém que amava o Senhor e
vivia-O de uma maneira prática. Ele então
prosseguiu, dando a sua opinião. Depois de fazer isso,
ele disse: “Penso que também eu tenho o Espírito de
Deus” (v. 40). Ao lermos 1 Coríntios 7 hoje,
admitimos o capítulo todo como sendo o oráculo de
Deus, como parte da Palavra Santa de Deus. Assim, o
falar de Paulo tornou-se o oráculo de Deus porque
Paulo era um com o Senhor. De acordo com o
princípio da encarnação, Cristo se encarnou dentro
de Paulo e Paulo não vivia uma vida trocada, mas
uma vida enxertada. Isso o capacitou a falar em
unidade com o Senhor.
NOSSO DESTINO
A vida enxertada é relacionada à transformação e
conformação de Cristo. Em 12:2, Paulo [ala da
transformação: “E não vos conformeis com este
século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente.” O mundo, o sistema satânico, é composto de
várias eras, cada qual com um certo padrão e estilo. O
desejo de Satanás é conformar-nos ao presente
século. Embora Paulo fale do alvo de Satanás sobre a
conformação do lado negativo, ele não fala aqui do
objeto de transformação. Ele simplesmente nos
exorta a sermos transformados peja renovação da
mente.
O objetivo da transformação está em Romanos 8.
O versículo 29 diz: “Porquanto aos que de antemão
conheceu, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele
seja o primogênito entre muitos irmãos.” Como os
chamados e justificados, nosso destino foi
determinado de antemão por Deus. Antes da
fundação do mundo, Deus nos predestinou para
sermos conformados à imagem de Seu Filho. Isso
significa que essa conformação a Cristo é nosso
destino e também nossa direção. Você sabe para onde
está indo? A nossa direção é a imagem do Filho de
Deus. O nosso destino não é o céu, mas é ser
conformado à imagem do Filho de Deus.
TERMINADOS, RESSUSCITADOS E
ELEVADOS
Na mensagem anterior, mostramos que, segundo
o princípio ordenado por Deus: a vida inferior não
pode subjugar a vida elevada, mas a vida elevada
destrói os aspectos negativos da vida inferior. A vida
divina é como uma dose todo-inclusiva de
medicamento. Incluído nessa dose esta o poder
destruidor da crucificação de Cristo que leva à morte
os elementos negativos de nossa vida humana. Além
disso, o poder da ressurreição de Cristo ressurge e
eleva todos os elementos adequados de nossa vida
humana, os elementos que Deus criou à Sua imagem
conforme a Sua semelhança. Deus criou o homem
com uma mente, emoção e vontade. Contudo, todas
essas partes do nosso ser se tornaram corrompidas
por causa da queda. Quando a vida divina entra em
nós e somos enxertados nela, o poder destruidor que
ela contém termina com a corrupção da nossa mente,
emoção e vontade. Assim ele ressuscita os elementos
originalmente criados por Deus à Sua imagem e
conforme Sua semelhança para o cumprimento do
Seu propósito. A vida divina não anula o que foi
criado por Deus. Pelo contrário, ela ressuscita nossa
vida criada e a eleva.
Mestres da Bíblia podem dizer que como aqueles
que foram crucificados com Cristo, devemos rejeitar
nossa alma. No entanto, quanto mais tentamos
rejeitar a alma, mais ela é ativa em nós. Por exemplo,
após sermos salvos, podemos tornar-nos muito
suaves em nossa emoção. De acordo com minha
experiência, quanto mais negava minha alma com sua
mente, emoção e vontade, mais descobria que minha
mente tinha se tornado aguçada, minha emoção mais
ativa e minha vontade mais forte. Antes de ser salvo,
eu era como uma “geléia”, mas agora minha vontade é
extremamente forte. Como podemos explicar esse
fenômeno? A nossa mente, emoção e vontade têm
sido crucificadas e negadas? Sim, elas têm.
Lembre-se, a Bíblia diz que não apenas fomos
crucificados com Cristo, mas também que
ressuscitamos com Ele. Crucificação e sepultamento
não são o fim. Uma vez que nossa alma foi crucifica
da e sepultada, ela é ressuscitada, pois foi enxertada
na vida divina. Porque por meio do enxerto a vida
divina e a vida humana foram colocadas juntas, o
poder destruidor na vida divina nos crucifica e o
poder da ressurreição nos levanta.
A nossa crucificação com Cristo, cumprida há
mais de mil e novecentos anos, é percebida e
experimentada hoje por meio da vida divina em nós.
O mesmo é verdade com relação à ressurreição. Tanto
a eficácia da crucificação como o poder da
ressurreição estão incluídos no Espírito
todo-inclusivo, que dá vida. Desde a época em que
cremos no Senhor Jesus e fomos enxertados em Sua
vida todo-inclusiva, os vários ingredientes desta vida
têm sido trabalhados dentro de nós. Quanto mais
dizemos ao Senhor Jesus que O amamos, mais nos
oferecemos a Ele para contê-Lo e quanto mais tempo
gastamos com Ele na Palavra e na comunhão, mais os
ingredientes da vida divina trabalham para
terminar-nos e ressuscitar-nos. Isso leva nossa mente
a tornar-se sóbria, nossa emoção a tornar-se quente e
nossa vontade a tornar-se forte. O elemento
corrompido da vida humana é crucificado e
enterrado, mas o elemento positivo é elevado em
ressurreição. Então, já não somos nós que vivemos,
mas Cristo vive em nós (Gl 2:20). Aqui vemos a
função da vida enxertada. A função desta vida é
produzir a transformação que resulta na conformação
a Cristo. Enquanto nós, interiormente,
experimentamos a crucificação, o sepultamento e a
ressurreição, somos transformados e conformados à
imagem de Cristo. Transformação e conformação são
o resultado do trabalhar interior da vida enxertada.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 65
TRANSFORMAÇÃO E CONFORMAÇÃO PELA VIDA
ENXERTADA (2)
Como crentes em Cristo, nosso relacionamento
com o Senhor é uma questão de vida. Começando
com 5:10, Paulo tem muito a dizer sobre vida. Nesse
versículo, ele diz que “seremos salvos em (lit.) Sua
vida”, e em 5:17, que nós reinaremos em vida. Em 6:4,
ele diz: 'Assim também andemos nós em novidade de
vida.” Em 8:2, Paulo fala do Espírito da vida e em
8:10, ele fala que nosso espírito é vida por causa da
justiça.” Além disso, a mente posta no espírito é vida
(8:6) e a vida divina é dispensada para dentro do
nosso corpo mortal por meio do Espírito Daquele que
ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos (8:11).
O OBJETIVO DE DEUS
Por meio do crescimento e do funcionamento da
vida divina em nós, Deus atingirá Seu objetivo de
produzir muitos filhos que formem o Corpo para
expressar Cristo. Hoje Cristo, o Filho de Deus, não é
mais simplesmente o Filho unigênito, mas também o
primogênito entre muitos irmãos (8:29). Como o
Primogênito, Ele é o protótipo, o modelo de filiação
para todos os que crêem Nele. Finalmente, todos os
filhos de Deus formarão um organismo vivo, o Corpo,
para expressar Cristo.
Pela expressão de Cristo no Corpo, o Pai é
glorificado. Isso é relacionado à justiça e santificação.
Justiça é o princípio, o fundamento; santificação é o
processo, e a glória é a consumação. O processo pelo
qual somos introduzidos totalmente na glória é
plenamente uma questão de transformação em vida.
O PROCESSO E O OBJETIVO
Transformação e conformação são duas palavras
muito significativas. Elas são janelas através das
quais podemos ver as profundezas da revelação
contida no livro de Romanos. Transformação está
relacionada ao processo da vida e conformação está
relacionada ao objetivo da vida. É crucial que todos
tenhamos um pleno entendimento desse processo e
desse objetivo. O que pretendo compartilhar com
respeito a isso é o produto de mais de cinqüenta anos
de experiência cristã baseada na luz da Santa Palavra
de Deus.
O ESPÍRITO COMPOSTO
O Novo Testamento diz claramente que fomos
crucificados com Cristo e ressuscitamos com Ele (6:6;
Gl 2:20; Ef 2:5, 6; Cl 3:1). Quando jovem, tentava
imaginar como poderia ter sido crucificado com
Cristo e sepultado com Ele quando Sua crucificação e
sepultamento ocorreram há mais de mil e novecentos
anos. Finalmente, li um livro que mostrara que, para
com Deus, não existe o elemento tempo. Somos
restringidos pelo tempo, mas Deus, sendo eterno, não
é restringido desse modo. Embora tenha sido de
grande ajuda para mim, ainda não havia o efeito
prático em minha vida. Podia crer que tinha sido
crucificado e ressuscitado com Cristo, mas ficava
atribulado e insatisfeito pelo fato de ainda não haver
efeito prático em meu viver. Simplesmente não podia
satisfazer-me com doutrina ou teoria.
Mais tarde, comecei a ver que no Espírito que dá
vida há muitos elementos, muitos ingredientes. Em
Êxodo 30, temos o óleo composto, um óleo composto
de azeite, que significa o Espírito Santo, composto
com quatro especiarias. Estas especiarias significam
principalmente a humanidade, morte e ressurreição
de Cristo. Na época do Velho Testamento, antes do
Espírito ser composto, o Espírito era meramente o
Espírito de Deus, representado pelo óleo. O Espírito
ainda não tinha se tornado o óleo da unção, o Espírito
composto produzido pela adição das especiarias. Mas
por meio do processo da encarnação, crucificação e
ressurreição de Cristo, a humanidade, morte e
ressurreição de Cristo foram todas compostas com o
Espírito de Deus. Por isso, o Espírito Santo hoje é o
Espírito composto, o óleo composto com os
elementos da humanidade, morte e ressurreição.
UM ANTIBIÓTICO CELESTIAL
A vida divina é um antibiótico celestial. Discutir
com nosso marido ou mulher é ter uma “tosse”.
Sempre que discutimos com nosso marido ou mulher,
estamos “tossindo”. A morte de Cristo é o único
antibiótico que pode eliminar os germes que causam
essa doença.
O antibiótico celestial não apenas nos crucifica,
mas também nos ressuscita e renova as faculdades de
nossa mente, emoção e vontade. Essa ressurreição e
renovação é o genuíno crescimento e transformação.
O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO
O processo de transformação é tanto orgânico
quanto metabólico. E orgânico porque está
relacionado à vida e é metabólico porque está
relacionado a um processo no qual os elementos
velhos são descartados e os novos são acrescentados.
Mudar a aparência de alguém pela maquilagem não é
orgânico nem metabólico. Mas uma mudança de
aparência que vem por meio de comer o alimento
nutritivo é tanto orgânica como metabólica. Tal
mudança pode ser considerada como uma
transformação física.
Se quisermos ser transformados, devemos
constantemente buscar o Senhor, orar, ler a Palavra e
invocar o nome do Senhor. Dessa forma, comemos,
bebemos e respiramos o rico suprimento de Cristo
para dentro de nós. Este suprimento produzirá uma
mudança metabólica na qual os elementos velhos,
negativos, são descartados e substituídos por
elementos novos, positivos. Essa mudança
metabólica é transformação.
Em 2 Coríntios 3:18, Paulo fala sobre contemplar
e refletir com um rosto desvendado a glória do
Senhor e ser transformado em Sua imagem pelo
Senhor Espírito. Enquanto contemplamos Cristo e O
refletimos, somos transformados em Sua imagem de
glória em glória, isto é, de um estágio de glória para
outro. Isso vem do Senhor Espírito, o próprio Espírito
que dá vida mencionado no versículo 6. O versículo 17
diz claramente que o Senhor é o Espírito. Para
mostrar a ligação entre os versículos 6 e 17, Darby
coloca os versículos de 7 a 16 entre parênteses,
indicando portanto que o versículo 17 é a continuação
do versículo 6. Assim, o Senhor é o Espírito que dá
vida. Ao contemplarmos e refletirmos a glória do
Senhor, somos transformados por esse Espírito.
Quanto mais O contemplamos, mais recebemos Seu
suprimento e somos transformados
metabolicamente.
CRESCIMENTO E SANTIFICAÇÃO
Transformação inclui crescimento e santificação.
Enquanto somos transformados, crescemos e somos
santificados. Finalmente, a transformação resultará
em conformação. Quanto mais somos transformados,
mais somos conformados à imagem de Cristo. Por
meio desse processo de transformação e
conformação, somos introduzidos totalmente na
filiação divina para sermos membros do Corpo de
Cristo. Como enfatizamos, obter um Corpo para
expressar Cristo é o objetivo do propósito eterno de
Deus.
Tenho o desejo de que todos os santos possam ter
o pleno desfrute da vida divina, todo-inclusiva, e que
experimentem a transformação e a conformação. Não
precisamos de ensinamento ou de esforço próprio
precisamos de uma visão. Oro para que o Espírito
ilumine os santos e lhes desvende estas questões para
que possam experimentá-las em seu viver diário.
Quando temos a visão da transformação e da
conformação, por meio da vida enxertada, 6:8
torna-se real em nossa experiência prática. Morrer
com Cristo não mais será um mero fato em que
cremos; será nossa experiência diariamente por meio
da operação da vida divina interior. Esta vida nos leva
à morte e nos ressuscita. Deste modo, crescemos,
somos santificados e somos transformados.
NENHUMA CONDENAÇÃO
Paulo começa o capítulo oito com uma palavra a
respeito da condenação: 'Agora, pois, já nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”
Uma vez mais, eu gostaria de dizer que a condenação
aqui é interior. Aqui, o escritor pode louvar e declarar
que não mais há condenação para aqueles que estão
em Cristo Jesus. Ao ler este versículo, alguém pode
dizer: “Eu estou em Cristo Jesus. Mas como não
consigo ter tal grito de vitória? Pelo contrário, ainda
estou suspirando e gemendo.” A razão é que, na
verdade e na prática, podemos estar em 7:24 e não
em 8:1. Quando desfrutamos o Senhor numa reunião
da igreja, podemos ter uma sensação de vitória.
Estamos, assim, em 8:1. Mas depois da reunião,
podemos ser derrotados novamente e nos
encontrarmos outra vez em 7:24.
Precisamos prestar atenção ao tempo de 8:1. Este
versículo está no tempo presente, não no futuro.
Paulo não diz: “Não haverá condenação”; ele diz que
agora não há condenação. Quando surge um
problema, devemos lembrar-nos disso e declarar:
Agora, pois, já não há nenhuma condenação.” Por
exemplo, quando você volta para casa após uma
reunião e seu marido ou mulher lhe traz um assunto
problemático, você precisa lembrar-se de que naquele
exato momento não há nenhuma condenação. Se
declararmos 8:1 em meio às nossas situações diárias,
veremos quão eficaz é a palavra de Deus.
Precisamos proclamar a palavra de Deus ao
inimigo, aos demônios. Aonde quer que formos,
devemos declarar a palavra de Deus. Em particular,
devemos declarar que não há nenhuma condenação
para aqueles que estão em Cristo. Satanás mentirá a
nós e dirá que estamos derrotados, mesmo embora
estejamos em Cristo. Não aceite essa mentira e não
creia nela. Pelo contrário, declare a palavra de Deus.
Declare que para aqueles que estão em Cristo, não há
condenação.
FALANDO POR FÉ
Como filhos de Deus, precisamos perceber que
quando falamos algo com um coração sincero, nossa
situação será como nosso falar. Suponha que alguém
lhe pergunte se foi salvo. Você deveria responder sem
pestanejar “Sim, eu sou salvo.” Não deveria hesitar e
dizer: “Deixe-me pensar sobre isso por alguns
instantes. De acordo com certas evidências, talvez eu
seja salvo.” Se disser que pode ser que seja salvo;
então talvez você seja salvo. Mas se disser' que certos
sinais indicam que você pode não ser salvo, então
talvez possa haver alguma dúvida. Agora que somos
filhos de Deus, devemos ser cuidadosos com nosso
falar, pois somos o que dizemos que somos. Numa
mensagem passada, enfatizei que somos o que
comemos. Agora desejo mostrar que somos o que
dizemos.
A Bíblia se refere aos crentes como santos. Você é
um santo? Se considerar essa questão e disser: “Bem,
eu não sou santo como Tereza ou Francisco. Eu
verdadeiramente não acho que seja muito santo.
Como posso dizer que sou um santo?” Se você falar
assim, sua condição ainda é a de um pobre pecador.
Mas se responder com a afirmativa: “Sim, eu sou um
santo!”, então você verdadeiramente é um santo.
Devemos aprender a falar não em nossa
sinceridade natural, mas por fé. Paulo nos diz que
falamos porque temos um espírito de fé: “Tendo,
porém, o mesmo espírito da fé como está escrito: Eu
cri, por isso é que falei” (2Co 4:13).
Nós, cristãos, somos bons para hesitar, duvidar,
considerar e pensar sobre certos assuntos vez após
vez. Suponha que alguém lhe pergunte se você ama o
Senhor. Você pode ser muito vagaroso em dar uma
resposta. Pode ponderar sobre a pergunta, não
querendo dizer algo que não seja de acordo com o que
você realmente seja. Pode pensar que está sendo
cuidadoso e humilde. Na verdade, você está sendo
enganado pelo inimigo e iludido por ele. Pela fé,
precisamos declarar com ousadia que amamos o
Senhor.
Com respeito a estar no espírito e receber o
Espírito, muitos de nós têm sido erroneamente
instruídos. Alguns ensinam que para um cristão
receber o Espírito, ele deve arrepender-se, confessar
os pecados e orar com jejum. Então, após algum
tempo, ele subitamente receberá o Espírito. Por causa
da influência de nossas tradições religiosas, podemos
hesitar para responder quando alguém nos pergunta
se recebemos o Espírito Santo. Se formos
adequadamente instruídos nas coisas espirituais,
seremos capazes de responder imediatamente: “Sim,
eu recebi o Espírito Santo!”
TRÊS PERGUNTAS
Nesse ponto, gostaria de fazer três perguntas.
Primeira: Você anda segundo o espírito? Segunda:
Você é segundo o espírito? Terceira: Você está em
espírito? Andar segundo o espírito é fazer as coisas
conforme o espírito. Mas ser segundo o espírito
significa que nosso ser é de acordo com o espírito.
Além de andar segundo o espírito e ser segundo o
espírito, precisamos estar em espírito. Você tem
convicção de dizer que você anda segundo o espírito,
que você é segundo o espírito e que você está em
espírito? Às vezes você não perde a calma? Como,
então, pode dizer que está no espírito? Como pode
proclamar que anda segundo o espírito e é segundo o
espírito quando você ainda é atribulado por seu
temperamento? A maneira para responder tais
questões é dizer: “Sim, eu estou no espírito! Contudo,
quando perdi a calma, cometi um erro passageiro.
Mas imediatamente me arrependi e recebi o perdão
de Deus. Portanto, ainda tenho a ousadia para
declarar que estou no espírito.”
Em 8:4, Paulo fala sobre andar no espírito e, no
versículo 5, de ser segundo o espírito. Para andar no
espírito, devemos primeiro ser segundo o espírito.
Isto significa que andar segundo o espírito é
conseqüência de ser segundo o espírito, pois o que
fazemos sempre é proveniente do que somos.
No versículo 9, Paulo fala sobre estar no espírito.
Uma pessoa que é segundo o espírito é uma pessoa
que está no espírito. Ser segundo o espírito é um
resultado de estar no espírito. Portanto, andar
segundo o espírito é proveniente de ser segundo o
espírito, e ser segundo o espírito provém de estar no
espírito. Isso indica que nossa necessidade básica é
estar no espírito. Se não estamos no espírito, não
podemos ser segundo o espírito. Além do mais, se não
somos segundo o espírito, não podemos andar
segundo o espírito. Uma vez que estejamos no
espírito, seremos segundo o espírito, e uma vez que
somos segundo o espírito, andaremos segundo o
espírito.
O meu encargo nesta mensagem não é sobre
andar segundo o espírito ou simplesmente ser
segundo o espírito; é sobre estar no espírito. A
pequena palavra “no” é muito expressiva e
significativa. Repetindo, andamos segundo o espírito
porque somos segundo o espírito e somos segundo o
espírito porque estamos no espírito. Todos devemos
ser capazes de testificar: “Eu ando segundo o espírito
porque sou segundo o espírito e sou segundo o
espírito porque estou no espírito.” Onde quer que
estejamos e o que quer que façamos, devemos estar
no espírito. Se permanecermos no espírito, não
perderemos a calma e certamente não mentiremos.
Oh! é uma grande coisa estar no espírito!
POSIÇÃO E CONDIÇÃO
Por um lado, no versículo 9, Paulo diz que
estamos no espírito desde que o Espírito de Deus
habite em nós. Por outro lado, ele diz que se alguém
não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é Dele.
Suponha que tenhamos dito: “Desde que o Espírito de
Deus habite em mim, eu sou do Espírito.” Suponha
também que tenhamos dito: “Se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não está em Ele. Estas
mudanças de preposições fariam uma grande
diferença.
E errado dizer que desde que o Espírito de Deus
habite em nós, nós somos do Espírito. Também é
errado dizer que se alguém não tem o Espírito de
Cristo, esse tal não está em Ele. Aqui a preposição
“do” se refere à posição, enquanto a preposição “em”
se refere à condição. Se não temos o Espírito de
Cristo, não somos de Cristo. Esta é uma questão de
posição. Aquele que não tem o Espírito de Cristo, não
é de Cristo e não pertence a Cristo. Como crentes, não
temos qualquer problema com respeito à posição.
Temos o Espírito de Cristo e somos Dele. Contudo,
podemos ter um problema relacionado à condição,
como indicado pela preposição “em”. Todos' podemos
dizer com certeza que somos de Cristo e pertencemos
a Ele. Mas, como temos enfatizado, podemos hesitar
antes de dizer que estamos em espírito.
A nossa posição de sermos de Cristo nunca
muda. Por esta razão, é errado dizer que às vezes
somos de Cristo e que outras vezes não somos de
Cristo. Não, somos sempre de Cristo, assim como
somos. sempre da família na qual nascemos. Não
importa onde possa estar, você é de sua família. Esta
é uma questão de posição e não está sujeita à
mudança. Mas apesar de sermos sempre de uma
determinada família, podemos nem sempre estar
naquela família. Estar numa família, como estar no
espírito, é condicional. Devemos admitir que às vezes
temos um problema sobre estar no espírito.
Repetindo, nunca temos problema com a posição de
ser de Cristo. No entanto, às vezes, temos problemas
com a condição de estar em espírito. Nesta
mensagem, estamos tratando da condição, não da
posição. A questão da posição foi estabelecida de uma
vez por todas. Aleluia! todos nós somos de Cristo!
Todos nós somos Dele. Mas nossa condição com
respeito a estar em espírito pode não ser fixa ou
estável. Por isso, na próxima mensagem
consideraremos como estabilizar nossa condição de
estar em espírito.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 69
ESTAR NO ESPÍRITO PARA EXPERIMENTAR O
OPERAR DO ESPÍRITO
RECONHECENDO A PROCLAMAÇÃO DO
EVANGELHO
Tal reconhecimento da salvação de Deus não
somente ajuda uma pessoa a ser salva; ele também é
de grande utilidade para a vida cristã no futuro. Todo
aspecto da vida cristã exige esse tipo de
reconhecimento. Sempre que uma pessoa recebe a
salvação de Deus, diz amém ao evangelho e agradece
ao Senhor Jesus, o Espírito de Deus entra nela
imediatamente. Isto é provado por Efésios 1:13, 14:
“Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra
da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele
também crido, fostes selados com o Santo Espírito da
promessa; o qual é o penhor da nossa herança até ao
resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.”
Aqui vemos que quando o evangelho é pregado,
proclamado a nós, e nós o reconhecemos,
imediatamente somos selados com o Espírito de
Deus. A partir dessa hora, o Espírito entra em nós e
habita em nós. Isto significa que o fato de ser
habitado pelo Espírito de Deus começa no instante
em que recebemos o evangelho. Isto é verdade
mesmo se uma pessoa o reconhece de uma maneira
fraca, diz amém, e agradece o Senhor pela
proclamação da Sua salvação. Naquele exato
momento, o Espírito de Deus entra nela e começa a
habitar nela.
Se um pregador do evangelho é um com Deus e
segundo Deus, ele continuará a explicar ao recém
salvo que, desde que ele creu em Cristo e recebeu o
Espírito, ele deve permanecer no espírito. Ele pode
dizer ao novo crente: “A partir de agora, você não é
apenas de Cristo e do Espírito, mas também está no
espírito. Apenas fique no espírito de agora em diante.
Sempre que um pensamento ou desejo vier a você
para fazer algo que seja contrário ao Senhor, você
deve declarar ‘Eu estou no espírito’. Isto lhe será de
grande ajuda em sua vida cristã.”
, O coro de um hino evangélico muito conhecido
diz: “Minha história, minha canção, o dia todo louvo
o Senhor.” Se declararmos o fato de que estamos no
espírito, nossa história e canção será que estamos no
espírito. Durante o dia todo podemos louvar ao
Salvador porque, pelo fato de o Espírito de Deus
habitar em nós, estamos agora no espírito. Esta será a
verdadeira inoculação eficaz contra todos os “vírus”
postos pelo inimigo para atribular-nos na vida cristã.
DISTRAÍDOS DO ESPÍRITO
Muitos cristãos recebem ensinamentos que os
distraem do espírito. Alguns têm sido ensinado desse
modo: 'Agora que você é um filho de Deus, deve
comportar-se e glorificar a Deus. O diabo, contudo, é
ativo. Ele nunca dorme. Ele o tentará, o seduzirá e o
levará a fazer coisas malignas. Antigamente, você
estava sob o seu controle. Agora que se tornou um
filho de Deus, ele não permitirá que você continue.
Pelo contrário, ele fará muitas coisas para atribulá-lo.
Por isso, você precisa jejuar, orar e exercitar todo seu
esforço para viver uma vida cristã adequada.” Nós
aprendemos pela experiência que esse tipo de
ensinamento nos distrai do espírito. Quanto mais nos
decidimos a nos comportar bem para a glória de
Deus, mais nos tornamos como o homem miserável
descrito em Romanos 7.
Cristãos derrotados que buscam conselhos de
pregadores podem ser exortados a orar mais e a ler
mais a Bíblia. Mas mesmo essas atividades, quando
são simplesmente nossos próprios feitos, podem
levar-nos a “desligar o interruptor do espírito”. A
eletricidade divina foi instalada em nosso interior.
Uma vez que o interruptor foi ligado, não devemos
desligá-lo. Contudo, por sua ingenuidade, muitos
cristãos têm desligado o interruptor. Como resultado,
alguns começam a duvidar se foram realmente salvos
ou se verdadeiramente têm o Espírito. Isto pode
levá-los a ir de um grupo cristão a outro buscando
ajuda. Esta é a situação entre muitos dos cristãos
hoje.
Esse tipo de situação é muito diferente das boas
novas do evangelho. O evangelho é isto: Deus nos
escolheu, nos predestinou e nos selou na eternidade.
Então, um dia, o Filho de Deus veio cumprir todas as
coisas para nossa salvação. Ele passou pelo processo
de encarnação, viver humano, crucificação e
ressurreição e se tornou o Espírito que dá vida.
Quando você ouviu a proclamação das boas novas e
as aceitou, este Espírito que dá vida entrou em você e
começou a habitar em seu espírito. Agora, apenas
fique no espírito. Não faça coisa alguma que o tire do
espírito. Pelo contrário, apenas declare que você está
no espírito. Proclame este fato maravilhoso: “O
evangelho foi uma proclamação e eu o recebi.” Agora,
' o Espírito de Deus habita em mim e eu estou no
espírito.” Se declararmos isto por fé, nada será capaz
de nos derrotar. Pelo contrário, tudo estará sob
nossos pés. Estas são as boas novas, o evangelho de
Cristo e o evangelho de Deus. Que maravilhoso!
Aqueles que são cristãos por muito tempo podem
ainda ter lembranças das derrotas e falhas. Então,
quando ouvem sobre proclamar o fato que desde que
o Espírito de Deus habite em nós, nós estamos no
espírito, podem fazer perguntas sobre diferentes
coisas. Eles podem querer saber sobre isto e aquilo.
Precisamos esquecer todas essas questões e
proclamar que estamos no espírito. Não diga: “E
sobre meus problemas no trabalho e em casa?” Pelo
contrário, diga: “Eu estou no espírito.”
A pequena palavra “no” tem um grande
significado. De acordo com 8:1, agora já não há
condenação para os que estão em Cristo. Conforme
8:9, desde que o Espírito de Deus habite em nós, não
estamos na carne, mas no espírito. Não há
necessidade de que tentemos fazer muitas coisas.
Devemos simplesmente admitir os fatos e
proclamá-las.
Quando era um jovem cristão, buscando o
Senhor, comprei muitos livros cujos títulos eram tais
como “como orar”, “como ser santo” e “como vencer o
pecado”. Eu estava sempre interessado em “como
fazer”: como ser espiritual, como ser vitorioso, como
agradar a Deus, como pregar o evangelho. No
entanto, finalmente aprendi que esses livros não
poderiam ajudar-me. Ao invés de ler livros sobre
como fazer isto ou aquilo, é melhor ler e orar-ler
Romanos 8, versículo por versículo. Isto o preencherá
com desfrute. Você precisa dar atenção especial ao
versículo 9, concentrando-se nas palavras “no
espírito”. Sempre e sempre, precisamos orar sobre
isso e declarar o fato de que estamos no espírito.
O ESPÍRITO AMALGAMADO
É difícil determinar se a palavra espírito na
expressão “no espírito” deveria ser com letra
maiúscula. A razão para a dificuldade é que esta
palavra se refere ao espírito amalgamado, ao Espírito
divino misturado com o nosso espírito humano
regenerado. O versículo 16 se refere a estes dois
espíritos. “O próprio Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus.” Este versículo não
diz que o Espírito testifica e o nosso espírito testifica
também. Ele diz que o Espírito testifica com o nosso
espírito. Dizer que o Espírito testifica com o nosso
espírito é mais profundo que dizer que o Espírito e o
nosso espírito testificam, pois indica que os dois
espíritos são um. Dizer que o Espírito e o nosso
espírito testificam significa que estes espíritos
continuam dois. Mas dizer que o Espírito testifica
com o nosso espírito indica que os dois espíritos
foram amalgamados e se tornaram um.