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© 1984 Living Stream Ministry

Edição para Língua Portuguesa


© 1984 Editora Arvore da Vida

Título do Original Inglês:


Life-Study of Romans

1ª Edição — 1984
2ª Edição Revisada-1991

Traduzido e publicado com a devida autorização do Living Stream Ministry e todos os


direitos reservados para a língua portuguesa pela Editora Árvore da Vida

Editora Árvore da Vida


Av. Bosque da Saúde, 225, Saúde — CEP 04142
Telefone: (011) 577-5399 — São Paulo-SP — Brasil

Impresso no Brasil
pela Copiadora Árvore da Vida
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 35
SENDO LIBERTOS DA MORTE (1)
Como temos visto, o ponto central da revelação
neste livro é que Deus está transformando pecadores
em filhos a fim de formar o Corpo de Cristo. Deus é
expresso no Filho, o Filho é expresso no Corpo e o
Corpo é expresso nas igrejas locais. Antes de nos
tornarmos filhos, fomos constituídos pecadores
(5:19), não apenas em nome e posição, mas em
constituição. Fomos constituídos pecadores porque o
pecado entrou em nós.

O PECADO ENTRANDO EM NOSSO SER


Para que uma substância seja constituída de uma
certa maneira, um determinado elemento deve ser
adicionado a ela. De acordo com a criação de Deus
éramos homens bons e justos. Entretanto, devido à
queda de Adão, o pecado foi injetado em nosso ser.
Ao cair, o homem não somente cometeu um engano e
fez algo errado. Se o homem tivesse apenas cometido
um engano, a sua queda não teria sido tão séria.
Contudo, na queda algo mais sério do que um engano
ocorreu: o pecado foi injetado no ser do homem.
Suponha que uma mãe tenha uma garrafa de
veneno em casa. Ela a mantém em determinado lugar
e diz ao seu garotinho que jamais toque naquela
garrafa. Um dia, enquanto a mãe está fora, o
garotinho, querendo saber o que está na garrafa,
pega-a, abre-a e toma um pouco do veneno. Quando a
mãe descobre o que 'ocorreu, ela não está interessada
no engano cometido por seu filho. Ela está
preocupada com o veneno que entrou nele. A maioria
dos cristãos pensa que o homem meramente
desobedeceu a Deus e cometeu um engano ao tomar
do fruto da árvore do conhecimento. Poucos
percebem que através de o homem comer do fruto da
árvore do conhecimento, alguma coisa má e até
mesmo satânica entrou nele. Por meio da queda, um
elemento maligno, satânico, foi injetado nele. A Bíblia
chama este elemento de pecado. Pecado não é
meramente uma questão de mentir ou de roubar.
Essas coisas são fruto do pecado, não o pecado em si.
O pecado é a própria natureza de Satanás, o maligno.
Nos capítulos de 5 a 8 de Romanos existem
muitas indicações de que o pecado é como uma
pessoa viva: ele entrou (5:12), ele reina (5:21), ele
pode dominar sobre nós (6:14), ele nos engana (7:11),
ele nos mata (7:11) e ele habita em nós (7:17). Uma
vez que o pecado, o elemento maligno de Satanás, foi
injetado no homem, o homem constitui-se pecador.
Agora, ao invés de sermos homens adequados, somos
pecadores pela nossa própria constituição. O quanto
temos feito de bem ou mal não faz diferença porque o
pecado está agora em nosso ser. Embora nossos atos
possam não ser pecaminosos exteriormente, nós
temos. uma natureza pecaminosa interiormente.

OS RESULTADOS DO PECADO
O pecado resulta em uma série de coisas. Ele
introduziu tanto a carne como a lei. Assim temos os
problemas do pecado, da carne e da lei. Mas ainda
temos outro problema, o resultado final do pecado,
que é a morte. Onde existe pecado há morte. Em
5:12~ Paulo diz: “Portanto, assim como por um só
homem. entrou o pecado' no mundo, e pelo pecado a
morte, assim também a morte passou a todos os
homens porque todos pecaram.” A morte entra
através do pecado e reina por causa do pecado.
Portanto, o pecado resulta em três coisas: na lei, na
carne e na morte.

LIBERTOS DO PECADO, DA LEI E DA


MORTE
Romanos 5 revela que fomos constituídos
pecadores e Romanos 6 revela que “o corpo do
pecado” foi feito de nenhum efeito (6:6), visto que o
nosso velho homem foi crucificado com Cristo. Por
meio da morte do velho homem somos libertos do
pecado. Como ressaltamos em uma mensagem
anterior, em Romanos 6 somos libertos do pecado,
em Romanos 7 somos libertos da lei e em Romanos 8
somos libertos da carne. Somos livres do pecado
porque o nosso velho homem foi crucificado. A morte
do velho homem levou o corpo do pecado a ficar
desempregado, sem efeito. Porque o corpo do pecado
perdeu seu emprego não precisamos mais servir o
pecado como escravos. Isto significa que fomos
libertos do pecado. Da mesma forma, fomos libertos,
da lei porque o velho marido morreu e houve um
funeral. A época deste funeral, casamos com nosso
novo marido. Por perdermos o nosso velho marido e
desposarmos nosso novo mando, fomos libertos da
lei. Como Romanos 8 revela somos libertos da carne
por andarmos segundo o espírito: Somos libertos do
pecado por termos nosso velho homem crucificado e
o nosso corpo do pecado tornado sem nenhum efeito;
somos libertos da lei por enterrarmos o nosso velho
mando e por desposarmos outro, e somos libertos da
carne por andarmos segundo o espírito.
O OPERAR DA MORTE
Mas agora precisamos enfrentar outro problema,
o problema de como podemos ser libertos da morte.
Se quisermos conhecer isso, precisamos compreender
o que é morte. Todos estão sob o reino da morte e sob
o seu operar. Dentro de cada pessoa viva existe algo
que a Bíblia chama de o operar da morte. Suponha
que certo irmão ame o Senhor. Uma manhã, na sua
comunhão com o Senhor, ele decide que a partir
daquela hora sempre honrará e obedecerá seus pais,
amará sua esposa e será amável com suas crianças.
Esse é o desejo do seu coração. Ele também decidiu
nunca mais perder a calma. Entretanto, logo depois
surge uma situação difícil e ele novamente perde a
calma. Você pode dizer que isto e o resultado do
operar do pecado. Eu concordo. Mas o efeito. do
pecado é a morte; é a morte operando em nós. Apos
sermos picados pela morte, tornamo-nos tão fracos
que por mais que tentemos honrar nossos pais ou
amar nossa esposa, nós simplesmente não
conseguimos.
Em 7:7 e 8 Paulo disse: “Mas eu não teria
conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois
não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera:
Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo
mandamento, despertou em mim toda sorte de
concupiscência”. A cobiça não é uma questão
exterior; é um desejo interior. Um dia, um
missionário na China dizia ao seu cozinheiro que
todos eram pecaminosos. Argumentando com ele, o
cozinheiro disse que era honesto e nunca havia
roubado. Continuando a discussão, tornou-se
evidente, mesmo enquanto estavam discutindo sobre
pecaminosidade e honestidade, que o cozinheiro
estava pensando acerca do cavalo do missionário e
em como poderia obtê-lo. Então o missionário
disse-lhe: “Isto é cobiça, e a cobiça é pecaminosa.”
Em Romanos 7, Paulo também usa a cobiça como
ilustração. Como nos é difícil controlar a cobiça!
Quanto mais tentamos não ser cobiçosos, mais
cobiçosos somos. O apóstolo Paulo estava tentando
ser justo, santo e perfeito. Pelo menos até certo ponto
ele foi bem sucedido. Ele guardou-se de roubar, mas
não podia guardar-se de cobiçar. De fato, ele
aprendeu que era impossível controlar a sua cobiça.
Assim ele clamou: “Desventurado homem que sou!
quem me livrará do corpo desta morte? (7:24).

“ESTA MORTE”
Que Paulo quis dizer com “esta morte”? Ele
referia-se à morte que, em forma de cobiça, estava
matando-o constantemente. De maneira semelhante,
algo dentro de nós está matando-nos a cada minuto
do dia. Se formos negligentes ou descuidados, não
perceberemos isso. Mas se tentarmos ser corretos,
santos, espirituais e perfeitos, descobriremos que em
vez de sermos perfeitos, seremos constantemente
mortificados pela morte. Para que experimentemos
morte, não há necessidade de esperarmos até
ficarmos velhos e prestes a morrer fisicamente.
Mesmo com a morte física existe a questão de morrer
gradativamente. A cada dia morremos um pouco
mais, mesmo enquanto estamos vivos. Quanto mais
velhos ficamos, mais morremos. Suponha que você
tenha setenta cruzeiros. Se gastar cinco cruzeiros,
terá um restante de sessenta e cinco cruzeiros. Se
gastar sessenta cruzeiros e noventa e nove centavos,
você terá somente um centavo de sobra. Da mesma
forma, estamos gastando nosso tempo de vida. Quer
sejamos velhos ou novos, estamos morrendo
gradativamente. Sou um homem velho com muitos
netos. Quando eles me dizem quantos anos têm, às
vezes penso: “Vocês não estão vivendo. Estão todos
morrendo”.
A morte é uma questão profunda. Ela mata o
nosso corpo, alma e espírito. Mesmo agora ela está
matando seu corpo, mente, vontade e emoção. Ela
está matando seu coração e especialmente seu
espírito. Esta é a razão de tantos virem às reuniões da
igreja de uma maneira morta. Eles se sentam nas
cadeira sem orar ou funcionar porque estão mortos e
enterrados. E impossível que tais pessoas mortas
gritem: “Louvado seja o Senhor.” Alguns irmãos
ficam mortos nas reuniões porque perderam a calma
com a esposa. Mesmo se estiver descontente com sua
esposa sem perder a calma exteriormente, o seu
espírito estará mortificado. Algumas vezes os irmãos
líderes me perguntam por que muitos irmãos e irmãs
não funcionam nas reuniões. Eu lhes digo que a razão
é que estes santos estão mortos e estão dentro de um
caixão. Como esperar que morto funcione? Não os
exorte, nem lhes dê regulamentos. Em vez disso, faça
algo que os leve a serem ressuscitados das sepulturas.
Então eles falarão nas reuniões. Meu ponto é que
todos temos algo interior que a Bíblia chama de
morte. Não pense que a morte virá somente no
futuro. Não, ela pode prevalecer dentro de você hoje.
Embora o seu nome seja morte, ela é muito ativa e
forte, muito mais poderosa do que você. Por si mesmo
você não pode derrotá-la.
Muitas vezes, nas reuniões, você provavelmente
teve o sentimento de louvar o Senhor ou de dar um
testemunho. Imediatamente, entretanto, começou a
considerar e refletir, pensando que não deveria
proferir qualquer coisa descuidadamente. Se for
cuidadoso dessa maneira, isto indica que está sob a
influência da morte. Se fosse intimado a comparecer
como-testemunha perante um juiz, então deveria ser
cuidadoso. Mas quando vier à reunião da igreja, não
há necessidade de ser tão cuidadoso. Você deve
perder a cautela, liberar o espírito e dizer: “Louvado
seja o Senhor! Amém! Quero testificar que Cristo é
minha vida.” Qualquer consideração o mortificará.
Você sabe por que é cuidadoso nas reuniões? É por
querer glorificar a si próprio e não querer passar
vergonha. Esse tipo de consideração mata o seu
espírito.
Vimos que devido ao elemento do pecado em
nós, fomos constituídos pecadores. O resultado do
pecado é a morte que nos mata e nos enfraquece.
Hoje temos não somente o problema do pecado, mas
também o problema da morte. O fato de que o pecado
e a morte andam juntos é provado por Romanos 8:2:
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me
livrou da lei do pecado e da morte” (VRC). A lei do
pecado e da morte não se refere a duas leis, mas a
uma lei com dois elementos — pecado e morte. Onde
a lei do pecado estiver, a lei da morte também estará.

O CORPO DO PECADO E O CORPO DA


MORTE
Romanos 6:6 fala do “corpo do pecado” e 7:24 do
“corpo desta morte”. O corpo do, pecado é muito
ativo e cheio de energia para fazer coisas
pecaminosas. Para fazer as coisas de Deus,
freqüentemente sentimo-nos cansados, sonolentos e
com necessidade de descanso. Mas quando há a
oportunidade de fazer algo pecaminoso, o cansaço
desaparece pois o corpo do pecado é muito poderoso.
Embora o corpo do pecado seja forte, o corpo da
morte é fraco. Para ir a divertimentos mundanos o
corpo do pecado é ativo, mas para ir à reunião da
igreja o corpo da morte é fraco. O corpo da morte
pode levar-nos a dizer: “Não posso ir à reunião. Não
me sinto bem e meu filho me manteve acordado na
noite passada. Estou muito fraco e cansado. Preciso
ficar em casa e descansar.” Dependendo daquilo a
que seja relacionado, o mesmo corpo pode tanto ser o
corpo do pecado como o corpo da morte. Com relação
ao pecado, ele é forte; com relação a Deus, ele é fraco.
Quando o nosso espírito está ativo, vivo e exercitado,
o nosso corpo não está cansado. Mas quando o nosso
espírito está frio ou mesmo morno, podemos não
desejar ir à reunião, mas preferir ficar em casa e
descansar. Algumas irmãs podem dizer: “Tenho
estado tão ocupada nos últimos três dias que estou
exausta. Não posso ir à reunião; preciso descansar.”
Embora isso pareça ser um fato, na verdade é uma
desculpa falsa.

VIDA PARA O NOSSO CORPO MORTAL


Como vimos, em 7:24 Paulo exclamou:
“Desventurado homem que sou! quem me livrará do
corpo desta morte?” A maneira de ser liberto desta
morte é encontrada em 8:2. É por meio do Espírito da
vida. Precisamos voltar ao espírito e andar de acordo
com ele. Não acredite nos seus sentimentos de
cansaço. Em noventa e nove por cento dos casos, tais
sentimentos são mentira. Na hora de ir à reunião, não
diga que está cansado. Isso é uma mentira e você não
deve acreditar nela. Tampouco tente decidir fazer
algo, pois isso não funcionará. O que precisamos fazer
é na verdade muito simples: voltar ao espírito,
permanecer no espírito e agir, conduzirmo-nos e
andar segundo o espírito. Se fizermos isso, o Espírito
da vida em nosso espírito dará vida até mesmo ao
nosso corpo mortal. Aqueles que são encarregados
pelo Senhor de jejuarem podem ficar dias sem comer
e não sentirem fome nem cansaço, pois estão vivendo
não pela sua força física mas pela força que vem do
interior do seu espírito. O espírito, interiormente,
torna-se a fonte do poder para o seu viver. Se os
incrédulos jejuarem. desta maneira, eles podem ficar.
enfraquecidos em apenas um ou dois dias. Mas se
nós, os crentes, formos levados pelo Senhor a jejuar e
se o fizermos no espírito, podemos fazê-lo por muitos
dias' sem qualquer problema. Durante aquele tempo
estaremos vivendo não pela nossa força física, mas
pela força que provém do nosso espírito. A partir do
nosso espírito, o Espírito que habita interiormente dá
vida ao nosso corpo. É neste mesmo princípio que
somos libertos da morte.
Se estamos silenciosos nas reuniões, esse é um
sinal de que estamos sob o matar, o enfraquecer da
morte. Nessas horas devemos voltar ao espírito e
louvar o Senhor. Se estamos cansados de ir às
reuniões, de orar ou de ter comunhão com os santos,
isso também é um sinal de que estamos sob o matar e
enfraquecer da morte. Se quisermos ficar livres disto,
devemos voltar ao espírito e dizer: “Louvado seja o
Senhor! Senhor Jesus! Aleluia! Amém!”
Imediatamente você sentirá que o poder e a força do
manancial em seu espírito estão sendo transmitidos
para dentro do seu corpo mortal.

CRISTO FAZENDO A SUA MORADA EM NÓS


Romanos 8 é um capítulo profundo, não apenas
na doutrina mas também na experiência. Quanto
mais o experimentamos, mais profundo parece se
tornar. Em se tratando da doutrina, é muito fácil
recitar os versículos neste capítulo. Contudo, a
experiência contida nele é insondavelmente
profunda. É impossível, por exemplo, esgotar a
experiência do versículo 11: “Se habita em vós o
Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os
mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos
mortais, por meio do seu Espírito que em vós habita.”
Este versículo revela que o Espírito que habita
interiormente dá vida ao nosso corpo mortal.
Devemos tomar esse versículo juntamente com o
versículo anterior, que diz: “Se, porém, Cristo está em
vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do
pecado, mas o espírito é vida por causa da justiça.”
Por Cristo estar em nós, o nosso espírito é vida, ainda
que o nosso corpo esteja morto por causa do pecado.
O versículo 11 diz que este Cristo, que é o Espírito,
deve não somente estar em nós, mas também deve
habitar em nós. Ter Cristo em nós é uma coisa, mas
ter Cristo habitando em nós é outra coisa. No
versículo 10 temos a palavra “em”; entretanto, no
versículo 11 não se trata mais apenas de uma questão
de “em”, mas de habitar. Está Cristo meramente em
você ou Ele está habitando em você? Precisamos do
habitar interior de Cristo. Para isso, devemos dar-Lhe
terreno em nosso ser. Cristo está em você, contudo,
Ele pode não estar habitando em você por não ter
terreno e lugar em você. Se permitir que Cristo habite
em você, o Cristo que habita interiormente, que é o
Espírito que habita interiormente, dispensará vida do
seu espírito para dentro do seu corpo mortal. Isto
significa que o Espírito que habita interiormente
espalhar-se-á do seu espírito para os membros do seu
corpo.
Após o Cristo que habita interiormente dar vida
ao seu espírito, Ele desejará vivificar os membros do
seu corpo amortecido. Tenho certeza de que você tem
Cristo em seu espírito e que seu espírito é vida, mas
preocupo-me que Cristo não tenha sido capaz de
dispensar vida aos membros do seu corpo mortal,
amortecido. Por um lado, o nosso corpo é um corpo
amortecido; por outro lado, é um corpo mortal.
Louvado seja o Senhor que em 8:11 vemos a maneira
pela qual a vida pode ser suprida ao corpo
amortecido! A maneira é permitir que Cristo habite
em nós e permitir que Ele faça a Sua morada em nós.
A palavra grega traduzida como “habita” não é a
palavra para residir. Ela é da mesma raiz da palavra
usada em Efésios 3:17 para Cristo fazer Sua morada
em nosso coração. Esta raiz significa casa ou lar.
Assim, não é a palavra normalmente usada para
residir, mas uma palavra de peso relacionada a Cristo
fazendo a Sua morada em nós.

DANDO TERRENO A CRISTO


Cristo quer ganhar mais terreno em nós e fazer a
Sua morada em nós. Mas Ele pode não estar livre
para estabelecer-se em nós. Sem dúvida, o nosso
espírito é vida, mas podemos não ter vida em nosso
corpo. Podemos ter Cristo em nosso espírito, mas não
expressá-Lo. Alguns dizem que clamar e louvar são
vãos. Mas se são vãos, por que é que alguns podem
dizer: “Louvado seja o Senhor!” e outros não podem?
Muitos pastores não podem dizer isso porque, em
certo sentido, têm estado mortos. Alguns anos atrás,
um jovem levantou-se em uma conferência e disse
que não concordava com o invocar o nome do Senhor
Jesus. Mas enquanto falava, espontaneamente
invocou: “6 Senhor Jesus!” Tem havido muitos casos
como este.
Muitos não louvam o Senhor porque o seu
espírito está fraco e o seu corpo, que não tem sido
vivificado pelo Cristo que habita interiormente, tem
sido amortecido pela morte que habita interiormente.
Entretanto, se permitirmos que Cristo ganhe mesmo
que seja um centímetro de terreno em nós, a vida será
ministrada ao nosso corpo mortal. Ela se espalhará a
partir do nosso espírito para os nossos membros
amortecidos, e começaremos a louvar o Senhor.
Quanto mais louvarmos o Senhor, mais o nosso ser
todo será fortalecido.

SENDO PESSOAS LIBERTAS


Não podemos negar que os elementos do pecado
e da morte estão em nós. Como agradecemos ao
Senhor que também temos o elemento chamado “o
Espírito da vida”. Além disso, temos o elemento do
Cristo que habita interiormente. Tendo todos esses
elementos em nós, a questão é qual deles usaremos
no nosso “cozinhar”. Uma irmã te~ muitos elementos
na sua cozinha, mas tudo depende de quais elementos
ela escolhe para cozinhar. Precisamos sempre voltar
ao nosso espírito e viver segundo o nosso espírito. Se
fizermos isso, o Cristo que habita interiormente será
real para nós. e veremos quão ilimitado Ele é. Por fim,
Ele espalhar-se-á do nosso espírito para o nosso
corpo mortal, amortecido. Dessa maneira seremos
completamente libertos da morte.
Quando estivermos libertos do pecado, da lei, da
carne e da morte, seremos verdadeiramente pessoas
libertas. Como tais pessoas, não estaremos mais sob o
pecado, a lei, a carne e a morte. A maneira, de sermos
livres de todas estas coisas é ter o nosso velho homem
crucificado, ter o nosso velho marido sepultado e
voltarmos ao espírito, colocarmos a mente no espírito
e andarmos segundo o espírito. Se fizermos isso, por
fim seremos libertos completamente. Essa palavra
pode ser muito simples e curta, mas se a praticarmos
e experimentarmos, veremos que ela é ilimitada,
insondável, profunda e ampla.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 36
SENDO LIBERTOS DA MORTE (2)
Nesta mensagem precisamos considerar vários
versículos nos capítulos cinco a Dito de Romanos que
abrangem a questão da morte. '

A MORTE ENTRANDO E REINANDO


Romanos 5:12 diz: “Portanto, assim como por
um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a
todos os homens porque todos pecaram.” O pecado
entrar no mundo significa que ele entrou na
humanidade. Por meio de um homem, Adão, o
pecado entrou na humanidade. Além disso, por meio
do pecado a morte entrou. O pecado veio primeiro e a
morte o seguiu. Onde houver pecado, haverá morte.
Romanos 5:17 diz: “Pela ofensa de um, e por
meio de um só, reinou a morte”. A morte não somente
entrou no mundo, ela reina. Mesmo hoje a morte
reina como um rei.

MORTE, O SALÁRIO DO PECADO


Romanos 6:23 diz: “Porque o salário do pecado é
a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna
em Cristo Jesus nosso Senhor.” Salário é algo que
recebemos em paga do trabalho que fizemos. Se você
fizer o trabalho do pecado, receberá o salário da
morte. Isto significa que a morte é o pagamento
recebido por seu trabalho de pecado. Por exemplo,
você pode perder a calma. Isso é um trabalho de
pecado, e o pagamento pela realização deste trabalho
é a morte. Quando as pessoas fazem hora extra,
recebem salários mais altos. Da mesma forma, se
você peca pouco, receberá um salário pequeno, mas
se você peca muito, receberá um pagamento extra.

O PECADO MATANDO-OS PELO


MANDAMENTO
Em 7:11 Paulo diz: “Porque o pecado,
prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo
mandamento me enganou e me matou.” Segundo
esse versículo, o pecado faz duas coisas: nos engana e
nos mata. Matar algo é executá-lo. Assim, dizer que o
pecado nos mata significa que o pecado nos executa.
Isso ocorre por meio da lei, pois o pecado toma
ocasião pelo mandamento. Em certo sentido, o
pecado se aproveita da lei para matar-nos.
Antes de ser salvo, ou antes de ser despertado em
seu espírito para buscar o Senhor, você pode ter
perdido a calma freqüentemente sem ter tido
consciência de nenhuma morte. A razão disso é que
você não havia ajustado a mente para nunca mais
perder a calma. Mas após ter sido salvo ou ter sido
despertado para buscar o Senhor, você orou: “Ó
Senhor, sei que como alguém que Te busca, não devo
perder a calma. Isto arruína o meu testemunho por Ti
entre meus familiares e amigos. Portanto, estou
ajustando a minha mente de modo que daqui por
diante nunca mais perderei a calma outra vez.”
Orando dessa forma você faz uma lei rigorosa para si
próprio quanto ao perder, a calma. Esta nova lei é o
seu décimo primeiro mandamento. Moisés deu dez
mandamentos, mas você fez outro mandamento, o
mandamento acerca de não perder a calma. Contudo,
quando você perde a calma após ter feito tal lei, seu
temperamento o mata. Ele aproveita-se de sua lei
auto produzida para matá-la. Se você perde a calma
pela manhã, pode ficar morto pelo dia todo. Mas
quando você perdia a calma no passado, não tinha a
sensação do matar, pois você não havia feito uma lei
acerca de perder a calma.
Essa ilustração mostra que precisamos ser
cuidadosos acerca da feitura de leis para nós mesmos.
Quanto mais leis fizermos, mais seremos mortos.
Lembrem-se, o pecado sempre se aproveita do
mandamento para nos matar.

O CORPO DESTA MORTE


Em Romanos 7:24 Paulo declara: “Desventurado
homem que sou! quem me livrará do corpo desta
morte?” Nesse versículo Paulo fala “desta morte”, que
é a própria morte definida em Romanos 7. É
importante conhecer o que é a morte revelada e
explicada nesse capítulo. Sempre que ajustamos a
mente para guardar a lei, algo se levanta em nossa
carne, luta contra a lei do bem em nossa mente nos
derrota, captura e mata. Se não ajustamos nossa
mente para guardar os mandamentos, este elemento
em nossa carne permanece dormente. Porém, sempre
que ajustamos nossa mente para fazermos o bem a
fim de agradarmos a Deus, este elemento é
despertado e parece dizer: “Quê! Você pretende fazer
o bem para agradar a Deus? Deixe-me mostrar a você
que não pode fazê-lo, Vou derrotá-lo e matá-lo.”
Assim, o pecado se levanta na carne, nos derrota,
captura e sacrifica. Isso leva-nos a sofrer o que Paulo
chama “desta morte”.
Em Romanos 7 o problema não é o inferno ou o
diabo; é “o corpo desta morte”. Temos um corpo que
tem nele uma coisa terrível chamada “desta morte”. A
fim de existirmos precisamos de um corpo. No
entanto nosso corpo não é mais um corpo puro, mas
um corpo terrível, o corpo desta morte. Sempre que
decidimos fazer o bem a fim de agradarmos a Deus,
algo nesse corpo se levanta para nos matar.

A LEI DO PECADO E DA MORTE


Do capítulo 7:24 prosseguimos para a questão da
lei do pecado e da morte em 8:2. Embora seja difícil
encontrarmos uma terminologia para expressar o que
é essa lei, é fácil a entendermos segundo a
experiência. Por exemplo, é fácil aplicarmos a
eletricidade ao usarmos aparelhos eletrodomésticos,
mas é difícil definir eletricidade. Ao invés de
tentarmos definir a lei do pecado e da morte,
falaremos acerca dela sob o ponto de vista da
experiência.
Nenhum de nós gosta de perder a calma.
Percebemos que isso é inconveniente. Mas suponha
que você seja despertado para amar o Senhor e ajusta
sua mente para não mais perder a calma. Numa
manhã você ora sobre isto e decide-se a nunca mais
perder a calma. Logo em seguida sua esposa lhe
proporciona uma situação difícil e faz com que você
fique bravo. Embora tente reprimir sua raiva, por fim,
perde a calma. Parece que quanto mais tenta conter
seu gênio, mais forte ele é quando liberado. Você não
tinha a intenção ou o desejo de perder a calma, mas
de qualquer forma você a perdeu. Isso vem da obra da
lei do pecado em seu interior. Reprimir o seu gênio é
como jogar para baixo uma bola de borracha: quanto
mais você a pressiona para baixo, mais alto ela pula.
Isso é uma lei. Quando o pecado trabalha por meio da
lei, a morte vem imediatamente a seguir. Tão logo
você perca a calma, a morte virá para matá-lo. Assim,
por perder a calma você será morto pela lei da morte.
Porque a lei do pecado o matou, você não pode orar,
ter comunhão ou testemunhar. Se tentar fazer alguma
dessas coisas, sentirá que está vazio e ôco e que as
suas palavras são sem vida. Este é o resultado do
trabalhar da lei do pecado e da morte.
O pecado e a morte' são dois itens, mas eles só
têm uma lei. A lei do pecado é a lei da morte e a lei da
morte é a lei do pecado. Essa é a razão pela qual 8:2
fala da lei do pecado e da morte. O pecado trabalha
para introduzir a morte e a morte trabalha para
seguir o pecado. Estes dois sempre seguem juntos.
Todo pecado, mesmo uma pequena fraqueza,
introduz a morte.

PONDO A MENTE NA CARNE


Romanos 8:6 diz: “A mente posta na carne é
morte” (lit.). Pôr a mente na carne significa exercitar
a mente para considerar as coisas da carne. Por
exemplo, pôr sua mente em modas mundanas, ou em
propagandas de jornais, é colocá-la nas coisas da
carne. Da mesma, forma, considerar a fraqueza de
sua esposa ou de seu esposo é pôr a mente na carne. O
resultado disso é a morte.
A morte causada pelo colocar a mente na carne
não é, obviamente, o tipo de morte que o leva a
morrer fisicamente e a ser enterrado numa sepultura.
Não, esta morte tem outros sintomas, tais como
escuridão e inquietação. Quando você se sente
apreensivo e inquieto em seu interior, isso é um sinal
de morte. Insatisfação é outro sintoma. Talvez em seu
tempo com o Senhor pela manhã você esteja bastante
satisfeito com Ele, mas após o café da manhã, você
coloca sua mente nos anúncios do jornal. Quanto
mais os considera, mais fica ciente da insatisfação em
seu interior. Esta insatisfação é um sinal de morte.
Fraqueza é outro sinal. Como todos sabemos, o ponto
conclusivo da fraqueza é a morte. Quando alguém fica
fraco a ponto de não poder mais respirar, morre. Esta
é a consumação da fraqueza. Portanto, a fraqueza é
uma expressão da morte. Outro sinal da morte é a
sequidão. Quando se sente seco em seu interior, sem
a sensação de ser regado, você está na morte. Todos
estes itens — escuridão, inquietação, fraqueza e
sequidão — são sinais da morte espiritual interior.
Sempre que você colocar a mente em coisas carnais,
estará consciente de um ou mais destes sinais da
morte. Ser preenchido com tais coisas, é ser
preenchido com a morte.
Sempre que você estiver sofrendo morte interior,
aqueles que estão no espírito serão capazes de
senti-lo, Perceberão imediatamente que você está
preenchido com morte. Suas orações indicarão isso.
Você pode orar, mas não haverá vida em suas
orações; em vez disso, haverá morte. Em vez de regar,
haverá a sequidão.

O ESPÍRITO FAZENDO MORADA EM NÓS


Romanos 8:9 diz: “Vós, porém, não estais na
carne, mas no espírito, se é que o Espírito de Deus
habita em vós.” Como já ressaltamos, a palavra grega
traduzida como “habita” não tem apenas o sentido de
permanecer. A palavra grega aqui tem a mesma raiz
da palavra casa. Ela transmite a idéia, não de estada
num lugar por certo tempo, mas de fazer seu lar num
lugar, de estabelecer-se lá. Se o Espírito fizer morada
em você, você não estará mais na carne, mas no
Espírito.

NOSSO CORPO ESTANDO MORTO, MAS


NOSSO ESPÍRITO SENDO VIDA
Romanos 8:10 diz: “Se, porém, Cristo está em
vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do
pecado, mas o espírito é vida por causa da justiça.”
Porque Cristo, que é vida, está em nosso espírito,
nosso espírito é vida. Entretanto, por Cristo estar
confinado em nosso espírito, nosso corpo permanece
morto. A esfera da vida é limitada ao nosso espírito. A
vida ainda não expandiu-se para o nosso corpo;
portanto, o corpo permanece morto. Segundo Efésios
2 e João 5, uma pessoa caída está morta. Efésios 2:5
indica que antes de sermos salvos, éramos não
somente pecaminosos, mas também mortos. João
5:25 diz: “Em verdade, em verdade vos digo que vem
a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz
do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão.” Esse
versículo não se refere àqueles que fisicamente estão
mortos e enterrados; refere-se aos mortos que vivem,
àqueles mortos no espírito. Se você ler João 5, verá
que o versículo 28 refere-se àqueles que estão
fisicamente mortos e enterrados nos túmulos. Mas no
versículo 25 o Senhor está falando das pessoas que
estão mortas espiritualmente, contudo fisicamente
vivas. Nesta mensagem estamos preocupados com os
mortos que vivem, não com aqueles que fisicamente
estão mortos e enterrados. Todas as pessoas não
salvas estão mortas. Porque o corpo delas foi
envenenado pela serpente, elas foram mortificadas.
Satanás, a velha serpente, injetou seu veneno dentro
de nosso corpo e levou-o a tornar-se mortificado. Este
corpo mortificado também mortificou a nossa alma e
o nosso espírito. Portanto as pessoas não salvas estão
mortas no corpo, alma e espírito. Cada parte de seu
ser está morta.
Enquanto eu viajava pelo interior da China em
1937, parei perto de um riacho que estava cheio de
folhas secas que eram levadas pela correnteza. No
meio das folhas alguns peixinhos nadavam subindo
contra a correnteza. Ao contrário das folhas secas que
eram carregadas ao acaso pela correnteza abaixo, os
peixes, cheios de vida, nadavam contra a correnteza
com um propósito definido. Quando vi aquilo fiquei
tão impressionado que até gritei: “Aqui há vida e
morte.” Todas as pessoas não salvas são como as
folhas secas: são carregadas ao acaso pela correnteza
da era. Como aquelas folhas, são confusas e sem
ordem. Mas nós, os crentes em Cristo, somos como os
peixes nadando contra a correnteza da era, com um
propósito definido. Além disso, não estamos em
confusão, mas em boa ordem. Quanto mais vida
temos, mais em ordem e regrados estamos. Mas
quanto mais morte temos, mais confusos nos
tornamos. A razão pela qual a sociedade de hoje está
em tal confusão é por estar preenchida com pessoas
mortas, com aqueles que estão mortos no corpo, alma
e espírito. Precisamos fazer soar o evangelho e dar a
eles a oportunidade de ouvir a voz do Senhor.
Quando ouvimos o evangelho e invocamos o
nome do Senhor Jesus, imediatamente o Espírito
Santo veio para dentro do nosso espírito e vivificou-o.
Dessa maneira nosso espírito mortificado foi feito
vivo. Agora que Cristo está no nosso espírito, nosso
espírito é vida.
Mas e quanto ao nosso corpo e mente? Tanto
nosso corpo como nossa mente ainda podem estar na
morte. Muitos têm uma mente de morte porque não
permitem que o Cristo que habita em seu espírito
expanda-se para sua mente. Quando leio jornal,
tenho cuidado em ler somente as notícias sobre os
assuntos internacionais. Se leio outros itens do
noticiário, ponho minha mente na carne e
imediatamente ela é mortificada. Precisamos
permitir que o Cristo que habita interiormente
expanda-se de nosso espírito para nossa mente. Se
deixarmo-Lo expandir-se dessa maneira, por fim, a
vida será infundida até em nosso corpo mortal. Então
o espírito e a mente serão vida, e o corpo também será
vivificado. Romanos 8:11 indica isso: “Se habita em
vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre
os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos vivificará também os vossos corpos
mortais, por meio do seu Espírito que em vós habita.”

A CARNE DE PECADO
Por ter entrado em nosso corpo, o pecado o levou
a tornar-se a carne caída. Portanto, em 6:6 o corpo é
chamado “o corpo do pecado.” Também é chamado
de “a carne do pecado” (8:3 — VRC) por ter sido
corrompido pelo pecado. Tanto o corpo do pecado
quanto a carne do pecado referem-se à mesma coisa.
No corpo corrompido, a carne de pecado, estão
muitas concupiscências. Em 7:17 Paulo diz: “Neste
caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que
habita em mim.” Sendo específico: o pecado habita
em nossa carne, desse modo leva-a a tornar-se a
carne de pecado.

OS EFEITOS DA MORTE
Este pecado que habita interiormente é a causa
da morte. Onde existe pecado, também existe morte.
A morte descrita em Romanos de 5 a 8 não é
principalmente a morte que leva as pessoas a
morrerem fisicamente, mas a morte que as mata hoje.
Esta morte está fazendo uma obra mortificante em
nós. A razão de muitos estarem fracos em oração e
débeis no funcionar nas reuniões é a obra da morte.
Alguns irmãos e irmãs não são um. Esta falta de
unidade provém da morte. Se você não pode abrir a
boca para testificar de maneira viva, é por causa do
mortificar, do trabalhar da morte. Se você não
estivesse sob a morte, estaria borbulhando, orando,
louvando, funcionando e testificando todo o tempo.
Além disso, você seria um com todos os santos. Desde
que você não esteja assim, estará morto, mesmo
sendo bom, correto e bíblico.
Como enfatizamos, Romanos 8:6 diz que a mente
posta na carne é morte. O tipo de morte aqui não é
aquele que leva as pessoas a morrerem fisicamente e
a serem enterradas; é a morte que mortifica durante
todo o dia. Ao fazer muitas coisas, você pode ser cheio
de energia, mas na oração é fraco e sem vida. Isso
significa que a morte em seu corpo expandiu sua
influência e poder mortificador para sua mente e
espírito.
Certa vez, enquanto o irmão Nee estava falando,
pediu às irmãs para dizerem quantos capítulos
existem no Evangelho de Mateus. Elas tiveram
dificuldades em dar o número correto.
Imediatamente o irmão Nee disse: “Vocês não podem
me dizer quantos capítulos existem em Mateus. Mas
se eu lhes perguntar quantos vestidos longos vocês
têm, serão capazes de me dar o número exato. Não
somente serão capazes de me dizerem o número, mas
também a cor e o modelo.” Muitos cristãos acham
difícil lembrar versículos da Bíblia, mas podem
facilmente lembrar de muitos detalhes de suas
posses. Isso indica que a mente deles foi mortificada.
Quando a mente está mortificada, ela é boa para as
coisas carnais e mundanas, mas não para as coisas
espirituais.
Precisamos permitir que o Cristo que habita
interiormente expanda-se de nosso espírito para
todas as partes interiores de nosso ser. Devemos orar:
“Senhor Jesus, deixar-Te-ei expandir-se em mim.
Quero que Tu tenhas livre caminho em meu interior.”
Se você assim fizer, sua mente se tornará sóbria e sua
memória aguçada, Espontaneamente vai ser-lhe fácil
lembrar os versículos da Bíblia.
A morte está operando em uma direção interior,
do nosso corpo para o nosso espírito, mas a vida
opera em uma direção exterior, do nosso espírito para
o nosso corpo. A direção do operar da morte é da
circunferência para o centro, enquanto que a direção
do operar da vida é do centro para a circunferência.
Portanto, morte e vida operam em direções opostas.
Enquanto a morte opera da circunferência para o
centro, ela mortifica nossa mente e espírito.

A MANEIRA DE SER LIBERTO DA MORTE


Vimos como ser libertos do pecado, da lei e da
carne. Agora precisamos descobrir como sermos
libertos da morte. A base da morte em nós é a carne.
A única maneira de escapar da morte e de estar livre
dela é refugiar-se em nosso espírito. A nossa carne é a
base da morte e nosso espírito é o nosso refúgio.
Precisamos fugir para o refúgio e escapar da morte.
Morte é versus vida e vida é versus morte. A morte
está em nossa carne e a vida está em nosso espírito.
Nada pode expulsar ou tragar a morte, da mesma
forma que nada pode levar as trevas embora.
Contudo, quando chega a luz, as trevas se
desvanecem. Não há necessidade de se despender
esforços para mandar as trevas embora ou para
ordená-las a desaparecer. Simplesmente deixe a luz
entrar. Quanto mais a luz. entrar, mais as trevas
desaparecerão. O mesmo princípio aplica-se à
questão de vida versus morte. Por nosso esforço não
podemos mandar a morte ir embora ou tragá-la.
Somente a vida pode tragar a morte, e a vida está em
nosso espírito. Sempre que a vida chega, a morte se
desvanece.
A morte é Satanás e a vida é Cristo. Não se deixe
associar com Satanás na carne, mas permaneça
sempre em seu espírito com Cristo como vida. Então
você verá que Cristo, que é a sua vida, terá um livre
caminho em seu interior para expandir-se para cada
parte de seu ser. Por fim, Ele saturará todas as partes
do seu ser. Isto é o avivar, o vivificar da vida. A vida
vivificará sua mente, emoção e vontade e até mesmo
será infundida em seu corpo mortal. Dessa maneira,
cada parte de seu ser será vida. O espírito é vida, a
mente será vida e o corpo também será vida. Quando
isto ocorrer, a morte, o último inimigo, será tragada.

A MORTE SENDO O ÚLTIMO INIMIGO


A morte não é somente o último inimigo de Deus;
é também o nosso último inimigo. O último inimigo
não é o pecado, a lei ou a carne; é a morte. Aos olhos
de Deus nada é tão abominável como a morte. Nem
mesmo o pecado é tão abominável como a morte.
Deus odeia a morte e até mesmo mais do que o
pecado. O pecado é contrário ao que Deus faz, mas a
morte insulta o que Deus é. O pecado se opõe a justiça
de Deus, mas a morte insulta o próprio ser de Deus.
Suponha que um garoto brinque na lama e torne-se
muito sujo. Sem nos importarmos com quão sujo ele
esteja, ainda o amamos e estamos desejosos por
brincar com ele. Contudo, suponha que o garoto
morra e esteja preparado para o funeral num caixão.
Embora esteja totalmente limpo, não vamos querer
estar com ele. Ao invés disso, iremos fugir, não por
ele estar ' sujo, mas por estar morto.
Sou incomodado pelo fato de que tantos cristãos
temem a sujeira, mas não estão preocupados com a
mortificação. Mas, repetindo, Deus odeia a morte
mais do que o pecado. Na tipologia, se uma pessoa
fosse contaminada por algo impuro, poderia ser
limpa de maneira bastante fácil e dentro de um curto
período de tempo. Mas se ela tocasse em alguma coisa
morta, levaria um longo período de tempo, ao menos
sete dias, para tornar-se limpa. Isso indica que aos
olhos de Deus a morte é mais séria que o pecado.

PREOCUPANDO-SE COM A VIDA NO


ESPÍRITO
É melhor cometer um erro ao funcionar nas
reuniões, do que estar morto e não fazer ao todo
nenhum erro. Estar errado não é tão sério como estar
morto. Se você não funciona, pode estar certo, mas
está certo de maneira morta. Preferiria vê-lo errado
de maneira viva do que certo de maneira morta. Não
estou encorajando-o a cometer erros. Mas, às vezes, é
melhor estarmos mais preocupados em estarmos
vivos do que em estarmos certos. Precisamos
reconhecer os sintomas da morte para sabermos se
estamos mortos ou vivos.
No Evangelho de João, o Senhor Jesus não dá
respostas do tipo sim ou não às questões endereça das
a Ele. Por exemplo, a mulher samaritana disse:
“Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto,
dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve
adorar” (Jo 4:20). Ela estava perguntando ao Senhor
Jesus a respeito do lugar adequado de adoração. Era
ele no monte de Samaria ou em Jerusalém? O Senhor
Jesus respondeu: “Mas vem a hora, e já chegou,
quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque são estes que o Pai
procura para seus adoradores” (Jo 4:23). Parecia que
o Senhor Jesus estava dizendo: “Adorar a Deus é uma
questão de vida, e a vida está no espírito. Não é uma
questão de adorar a Deus nesta montanha ou em
Jerusalém. Chegou a hora de adorar a Deus em
espírito. “
Encontramos outro exemplo em João 9. Vendo
um homem cego de nascença, os discípulos do Senhor
perguntaram a Ele: “Mestre, quem pecou, este ou
seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9:2). O
Senhor respondeu: “Nem ele pecou, nem seus pais;
mas foi para que se manifestem nele as obras de
Deus” (v. 3). Em João, o livro de vida, não há
respostas do tipo sim ou não; no lugar disso, há vida.
Em João 7 os irmãos do Senhor Jesus na carne
sugeriram que Ele fosse a Jerusalém (vs. 3-4). O
Senhor disse a eles: “O meu tempo ainda não chegou,
mas o vosso sempre está presente... Subi vós outros à
festa; eu por enquanto não subo, porque o meu tempo
ainda não está cumprido” (vs. 6, 8). Entretanto, o
versículo 10 diz: “Mas, depois que seus irmãos
subiram para a festa, então subiu ele também, não
publicamente, mas em oculto.” Aqui vemos que o
Senhor respondeu e agiu segundo a vida.
Todos estamos familiarizados com o registro de
Lázaro em João 11. Quando as irmãs de Lázaro
enviaram ao Senhor a notícia de que Lázaro estava
doente, e pediram a Ele para ir lá, Ele recusou. Tendo
ouvido que Lázaro estava doente, “se demorou dois
dias no lugar onde estava” (v. 6). Quando os
discípulos esperavam que o Senhor Jesus fosse até
Lázaro, Ele não foi. Mas quando tinham ajustado a
mente para não irem, o Senhor disse: “Vamos outra
vez para a Judéia” (v. 7). Em todos esses casos vemos
que o que o Senhor Jesus fez sempre foi uma questão
de vida.
Em Gênesis 2 existem duas árvores, a árvore da
vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. O
bem e o mal são também uma questão de sim ou não.
Sim e não, certo e errado, bem e mal, todos vêm da
fonte da árvore do conhecimento. Precisamos
esquecer sobre o conceito de sim ou não e
permanecer no nosso espírito. Esta é a maneira de
sermos libertos da morte. A maneira de sermos
libertos da morte não é uma questão de fazermos
certas coisas; é estar no espírito. Se permanecermos
no espírito, andaremos e nos comportaremos
segundo o espírito. Teremos todo o nosso ser segundo
o espírito, e pensaremos, nos expressaremos, faremos
tudo no espírito. Então, não haverá morte. Esta é a
maneira de sermos libertos da morte e de vencermos
o último inimigo.
Qualquer morte que ainda permanece em nosso
ser é abominação aos olhos de Deus e devemos
eliminá-la. Devemos escapar da base da morte na
carne e ir para o espírito, onde Cristo, nossa vida,
está. Precisamos permanecer no espírito e
comportar-nos segundo o espírito. Se fizermos isto,
seremos libertos da morte.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 37
A LEI NOS CAPÍTULOS SETE E OITO DE ROMANOS
Três palavras cruciais em Romanos 7 e 8 são: lei,
vida e morte. Mesmo para os cientistas é difícil
definir vida e morte. Na Bíblia, a morte é mencionada
de uma maneira muito explícita. Em 1 Coríntios 15:26
é dito que a morte é o último inimigo e Apocalipse
20:14 diz que a morte será lançada para dentro do
lago de fogo. A fim de ser lançada dentro do lago de
fogo, a morte precisa ser concreta e tangível. Em
Apocalipse 20, a morte, por um lado, está relacionada
a Satanás e, por outro, ao Hades, e ambos serão
lançados para dentro do lago de fogo. Isso prova que
Satanás é uma pessoa real e que o Hades é um lugar
definido. Portanto, a morte também deve ser algo
concreto. Contudo, ninguém pode explicar
adequadamente o que é a morte.

QUATRO LEIS
A questão da lei é profunda. Muitos estudantes
da Bíblia têm sido perturbados pelo fato de Paulo
usar a palavra “lei” em Romanos 7. Primeiramente
essa palavra denota a lei de Deus, isto é, os dez
mandamentos (7:22). Então em 7:23 Paulo fala de “a
lei da minha mente” e em 8:2, da “lei do pecado e da
morte” e da “lei do Espírito da vida”. É difícil
entender as palavras “lei” e “vida” e é até mais difícil
entender a frase “a lei do Espírito da vida”. Por
conseqüência, nos capítulos sete e oito a palavra “lei”
é usada de diferentes maneiras: para a lei de Deus,
para a lei da mente, para a lei do pecado e da morte e
para a lei do Espírito da vida.

OUTRA LEI
No capítulo sete, entretanto, há ainda outra lei:
“Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o
mal reside em mim” (v. 21). Antes de podermos
conhecer a lei abrangida nesse versículo, precisamos
entender a lei de Deus, a lei da mente, a lei do pecado
e da morte (que é a lei do pecado nos nossos
membros) e a lei do Espírito da vida. Aprender estas
quatro leis é como aprender os princípios básicos da
matemática. A lei no versículo 21 não é a lei da mente,
nem a lei do pecado em nossos membros. Podemos
chamá-la “a lei de que”. Há uma lei, um princípio, de
que sempre que queremos fazer o bem, o mal está
presente em nós. A lei em 7:21 refere-se a este
princípio.
Paulo descobriu o princípio de que sempre que
tentava fazer o bem, o mal estava presente nele. Você
já percebeu que existe esta lei? Se não tentamos fazer
o bem, parece que o mal não está presente. Mas é
uma lei que sempre que tentamos fazer o bem, o mal
está presente. Por exemplo, se você não tenta ser
humilde, o orgulho não parece estar presente. Mas se
você decide ser humilde, o orgulho estará presente
em você. Do mesmo modo, se você não decidir não
perder a calma, sua ira não estará presente. Porém,
sempre que determinar não perder a calma
novamente, sua ira imediatamente estará presente.
Esta é “a lei de que”. Esta lei não tem mandamentos,
somente o princípio de que sempre que desejamos
fazer o bem, o mal está presente.
Não muitos cristãos, incluindo os cristãos
sequiosos, sabem que esta lei existe. Entretanto todos
temos sido per-. turbados pelo fato de que sempre
que nos propomos a ser pacientes, falhamos. Ao invés
de sermos pacientes, ficamos irados. Da mesma
maneira, sempre que decidimos ser humildes,
terminamos sendo orgulhosos. Antes de termos sido
salvos ou quando não éramos diligentes em buscar o
Senhor, parecia-nos que íamos muito bem. Mais
tarde aprendemos que deveríamos ser uma nova
pessoa. Eu fui ensinado dessa maneira. Porém quanto
mais tentava ser uma nova pessoa, mais a velha
pessoa estava presente em mim. Então fui ensinado a
me considerar morto, e pratiquei esse ensinamento.
Contudo, quanto mais eu me considerava morto,
mais vivo me tornava. Quanto mais tentava fazer o
bem, pior ficava.
Creio que todos nós temos experimentado isso.
Quando éramos descuidados, aparentemente éramos
corretos. Porém, quando desejávamos fazer o bem
para agradar a Deus, parecia que o nosso
comportamento se tornava pior. Por exemplo, um
irmão pode dizer: Como um cristão que ama o
Senhor, não devo perder a calma com minha esposa
ou maltratá-la. Pedirei ao Senhor para me ajudar
nesta questão. Contudo, logo depois, este irmão perde
a calma com a esposa.
Por oito anos fui incomodado por questões como
essa, de 1925 até 1933. Durante aqueles anos muitas
vezes não pude comer ou dormir bem, porque estava
incomodado com respeito à minha vida cristã. Alguns
com esse problema até mesmo pensaram em deixar
de ser cristãos e disseram a si mesmos: Não quero
mais ser um cristão. Disseram-me que se eu me
tornasse um cristão, seria alegre. Mas agora sou
incomodado todo dia. Quero ser humilde, mas, ao
contrário, sou orgulhoso. Por meio desse tipo de
experiência fui exposto, incapaz de crer quão mau eu
era. Através de ler a Bíblia e por meio da minha
experiência na vida cristã, descobri que existe uma lei
operando nos seres humanos, que quando eles
tentam fazer o bem, o mal está presente. Quando
descobri essa lei, percebi que não deveria ser tão tolo
a ponto de continuar tentando fazer o bem. Tentar
fazer o bem é como pressionar o botão que faz com
que o mal esteja presente. Se não apertar o botão, o
mal não está aqui. Mas se você o pressiona, o mal vem
imediatamente, ávido para trabalhar. Em 1933 foi
quando pela primeira vez parei de pressionar este
botão. Entretanto, achei difícil manter-me sem
apertá-lo, pois o tinha feito por toda a minha vida.
Embora eu saiba que não devo pressionar esse botão,
devo confessar que mesmo agora, algumas vezes, o
pressiono. Provavelmente você já apertou este botão
hoje. Talvez não pararemos com isso completamente
até que sejamos arrebatados ou até que estejamos na
Nova Jerusalém.
Talvez você tenha lido Romanos 7 repetidas
vezes, sem ver essa quinta lei. Além das quatro leis,
há a lei que opera sempre que desejamos fazer o bem.
Precisamos pedir ao Senhor que nos guarde de
pressionar este botão, pois sempre que o fizermos, o
mal estará presente. Se tentamos ser pacientes,
pressionamos o botão e, pelo contrario, ficamos
irados. Se tentamos ser humildes, pressionamos
novamente o botão, e somos orgulhosos. Os cristãos
freqüentemente oram para que o Senhor os ajude a
fazer o bem, fazer coisas tal como amar a esposa ou
submeter-se ao marido. Porém, precisamos orar para
que o Senhor nos abstenha de tentar fazer essas
coisas. Quanto a ISSO, precisamos de uma revelação,
uma visão, que nos guardará de pressionarmos o
botão que faz com que o mal esteja presente em nós.

TRÊS PESSOAS E TRÊS VIDAS


Agora precisamos considerar a lei do bem em
nossa mente, a lei do pecado em nossos membros, e a
lei da vida em nosso espírito. No jardim do Éden
existiam duas árvores: a árvore do conhecimento do
bem e do mal e a arvore da vida. Nessas duas árvores
vemos o bem, o mal e a vida. Com cada um há uma
lei: a lei do bem, a lei do mal e a lei da vida. Somos
uma miniatura do jardim do Éden, porque a situação
triangular envolvendo Deus, o homem e Satanás está
ag. ora dentro de nós. Além disso, a lei do bem, a lei
do mal e a lei da vida estão todas dentro de nós.
No que diz respeito às pessoas, há apenas três
seres no universo: a pessoa divina, Deus; a pessoa
maligna, Satanás, e a pessoa humana, o homem. Cada
uma dessas pessoas tem uma vida. A pessoa divina
tem a vida divina; a pessoa humana tem a vida
humana e a pessoa maligna tem a vida maligna.
Nossa vida humana não provém meramente de
nossos pais, ela provém da criação de Deus. Nossa
vida humana foi criada quando Adão foi criado, não
quando nascemos de nossos pais.
Após a sua criação, o homem caiu. No tempo da
queda uma vida maligna foi injetada dentro do corpo
do homem. Como salientamos, na queda o homem
não somente fez algo errado, mas algo maligno
entrou nele. Por exemplo, se uma criança bebe
veneno, ela não somente faz algo errado, mas algo
entra nela. Por meio da queda a vida maligna de
Satanás entrou no corpo do homem, e agora esta vida
maligna está em nossa carne. Portanto, todos, quer
sejam cavalheiros ou ladrões, têm a vida humana, que
é boa, e a vida satânica que é maligna. Esta é a razão
pela qual as pessoas podem ser tanto boas como más,
tanto amáveis como diabólicas. Ninguém gosta de
fazer coisas más. Mas dentro de nós há uma pessoa
com uma vida que gosta de fazer o mal. Por isso Paulo
diz: “Porque o bem que quero, não faço; mas o mal
que não quero, esse pratico” (7:19). Isso significa que
já não somos nós que fazemos certas coisas; pelo
contrário, uma pessoa maligna com uma vida
maligna dentro de nós é quem faz essas coisas.
Todo ser humano não é apenas filho de Adão,
mas também um filho do diabo. Em João 8:44 o
Senhor Jesus disse aos judeus: “Vós sois do diabo,
que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe aos desejos.”
Todos têm dois pais, um pai humano e Satanás como
pai. Um dia, após ter dado uma mensagem sobre esta
questão em Xangai, um irmão pediu-me para parar
de dizer que somos filhos de Satanás. Para dizer-lhe
isso que não se originou comigo, fiz referência a 1
João 3:10, que fala de “os filhos do diabo”. Uma vez
que somos filhos do diabo, então, certamente o diabo
deve ser nosso pai. Esta foi a razão pela qual o Senhor
Jesus disse que os judeus eram do diabo, seu pai. Por
isso, todos os seres humanos caídos têm dois pais,
cada um com uma vida diferente, o pai humano com a
vida humana e Satanás, como pai deles, com a vida
satânica.
Louvado seja o Senhor porque a nossa história
não para com a criação e a queda! Fomos salvos e
regenerados, nascidos de novo. Quando Nicodemos
pensou que nascer de novo era entrar no ventre de
sua mãe e tornar a nascer, o Senhor Jesus respondeu
que nascer de novo é nascer do Espírito: “O que é
nascido da carne, é carne; e o que é nascido do
Espírito, é espírito” (Jo 3:6). Assim, nascer de novo
significa nascer de Deus (Jo 1:13). Aleluia, uma
terceira pessoa, o próprio Deus, nasceu em nós! Com
essa pessoa divina temos a vida divina.
A primeira pessoa, a pessoa humana, é o nosso
ser, o nosso eu. Essa pessoa está na nossa alma, que é
representada pela mente. A vida dessa pessoa está
primariamente na mente. A segunda pessoa, a pessoa
satânica, está em nosso corpo, isto é, na nossa carne.
Mas louvado seja o Senhor porque a terceira pessoa, a
pessoa divina, está em nosso espírito! Como todos
sabemos, o homem tem três partes: espírito, alma e
corpo. Em nossa alma temos a pessoa humana, em
nosso corpo temos a pessoa satânica e em nosso
espírito temos a pessoa divina. Que maravilhoso!
Os cristãos são complicados. Quando era jovem,
fui ensinado que os crentes têm duas naturezas, a
velha natureza e a nova natureza. Mais tarde aprendi
que esse entendimento não é adequado. Cada cristão
genuíno tem três pessoas com três vidas: Deus,
Satanás e o ego estão todos em nós. Algumas vezes
essas três pessoas lutam uma com a outra. É
impossível para elas estarem em harmonia ou terem
alguma comunhão.

CADA VIDA TENDO UMA LEI


Cada tipo de vida tem uma lei. Uma lei denota
um poder natural com certa tendência e atividade.
Por exemplo, respiramos porque estamos vivos.
Contanto que tenhamos vida, a lei desta vida leva-nos
a respirar. Podemos usar a digestão como outro
exemplo. Após comermos uma refeição, não há
necessidade de tentarmos digerir nossa comida. A
digestão é questão de uma lei. Sempre que comemos,
a lei da nossa vida física funciona para digerir a
comida.
O mesmo é verdadeiro na vida animal. Os
pássaros voam porque a lei da vida de um pássaro é
voar. Um pássaro não é ensinado a voar; ele nasce
com a vida para voar. Portanto é natural para um
pássaro voar. Você pode frustrar a função dessa lei
colocando o pássaro em uma gaiola. Porém, uma vez
que a porta da gaiola é aberta, o pássaro voará. Um
gato, pelo contrário, nunca poderá voar. Não importa
quanto você ordene a um gato voar, até mesmo
ameaçando puni-lo, ele ainda não será capaz de voar,
pois não tem a vida com a lei de voar. Entretanto,
porque um gato tem uma vida de capturar rato, ele
naturalmente persegue ratos. Os cães latem porque
têm uma vida de latir com uma lei de latir. Não há
necessidade de ensinar um cão a latir; um cão late
natural e espontaneamente porque sua vida está
cheia da tendência e atividade de latir.
Mudando da vida animal para a vida vegetal,
podemos tomar as árvores frutíferas como outra
ilustração do fato de que cada vida tem uma lei. Não
sou muito bom em distinguir um tipo de arvore
frutífera de outra. Contudo é fácil discernir uma
árvore pelo seu fruto. Uma macieira, é claro,
produzirá maçãs e uma laranjeira produzirá laranjas.
Que tolice seria ordenar a uma macieira que produza
laranjas e a uma laranjeira que produza maçãs!
Ninguém seria suficientemente tolo para fazer isso.
Uma laranjeira produz laranjas e uma macieira
produz maçãs. Uma laranjeira tem a vida de uma
laranjeira, na qual existe a lei que funciona na
produção de laranjas.
Da mesma maneira, não há necessidade de
ensinar um craveiro a produzir cravos em vez de
flores de cerejeira. Na verdade, não há nem mesmo
necessidade de ensiná-lo a florescer. Se alguém
tentasse ensinar um craveiro a florescer e ele pudesse
falar, diria: “Não perca seu tempo ensinando-me a
florescer. Simplesmente deixe-me sozinho e
permita-me crescer. Conseqüentemente florescerei.”
Florescer provém da lei da vida de cravo. Todos esses
exemplos mostram que cada vida tem uma lei.

TRÊS VIDAS E TRÊS LEIS


Porque nós, cristãos, temos três vidas, também
temos três leis. Temos a vida humana, que é boa. Com
esta vida que e boa temos a lei do bem. Por causa
dessa lei, todos naturalmente desejam fazer o bem;
não há necessidade de alguém ser ensinado.
Nascemos com o desejo de fazer o bem e cada criança
tem uma Vida humana com sua lei do bem.
Entretanto, como vimos, o homem não tem somente
a vida humana mas também a vida satânica com a sua
lei do mal. Por causa desta vida satânica no homem,
uma criança conta mentiras espontaneamente, sem
ter sido ensinada. Na realidade os pais cristãos
sempre ensinam aos filhos a não mentirem. Ensinei
meus filhos a não mentirem, mas mesmo assim eles
mentiam. Por exemplo, ensinei meus filhos a não
brincarem com a água usada para a limpeza. Um dia
entrei e encontrei uma das crianças brincando com a
água. Imediatamente ela colocou suas mãos para trás.
Ao invés de repreendê-la ou puni-la, eu disse para
mim mesmo: “Isto é o homem caído. Que adianta
repreendê-lo?” Você pode ordenar a um espinheiro
que não produza espinhos, mas apesar disso ele os
produzirá. Esta é a lei da vida de um espinheiro. Do
mesmo modo, as crianças mentem sem terem sido
ensinadas a mentir porque a vida de Satanás, com sua
lei de mentir, está dentro delas. Quando contam
mentiras, as crianças estão simplesmente vivendo de
acordo com esta lei de mentir. E necessário que os
ensinem a ler, mas não a mentir. Em princípio, para
pessoas caídas mentirem é o mesmo que para os
gatos perseguirem ratos. Ambos são atividades da lei
da vida que está neles. Agora podemos entender
porque fazemos o oposto quando desejamos fazer o
bem. Temos duas vidas em nós, a vida humana e a
vida satânica, e cada vida tem a sua lei. Porém a lei da
vida satânica é mais forte que a lei da vida humana.
Louvado seja o Senhor porque também temos a
vida divina! Dentre as três vidas dentro de nós, a vida
divina é a mais forte e a vida humana é a mais fraca.

VIVENDO PELA LEI DA VIDA


O que fazemos em nossa vida diária depende da
lei pela qual estamos vivendo. Fazer o bem é uma lei,
fazer o mal é outra lei e viver pela vida é ainda outra
lei. Não pense que seja capaz de fazer alguma coisa
sem uma lei. Tudo o que fazemos como cristãos em
nosso viver diário é o funcionamento de uma das leis.
Suponha que eu me ire com um irmão. Posso tentar
reprimir minha ira e dizer a mim mesmo: “Embora
você esteja irado com este irmão, não deve
demonstrá-lo. Se perder a calma, perderá sua
dignidade e causará um problema.” Este
comportamento não é genuíno, é político. Além disso
não pode durar muito tempo. Alguns que reprimem
sua ira manifestam. problemas estomacais como
resultado. Embora possamos ser políticos dessa
maneira, por fim a lei da vida satânica nos levará a
perdermos a calma. Reprimir nosso temperamento é
fazer jogo político; perder a calma é. viver de acordo
com a lei do pecado. Se somos genuínos, reais e
francos, tudo o que fizermos ou dissermos será o
funcionamento de uma destas leis.
Tudo é determinado pela lei por meio da qual
vivemos a cada dia. Se vivemos pela vida humana, a
lei da vida humana funcionará. Entretanto a vida
humana é fraca e a sua lei é frágil por causa da
presença da lei da vida satânica, a qual é muito mais
forte. Aleluia, temos a mais forte lei em nós, a lei do
Espírito da vida! Devemos viver não pela vida
humana, mas pela vida divina.
Em Romanos 8 Paulo diz que devemos andar
segundo o espírito. Andar segundo o espírito é viver
pela vida divina. Quando vivemos pela vida divina, a
lei dessa vida, a lei mais forte, opera dentro de nós.
Nenhuma lei pode derrotar a lei da vida divina. Por
essa lei somos libertados de toda dificuldade. Não
fique preocupado com os seus problemas. Contanto
que você ande segundo o espírito e viva pela lei da
vida divina, esta lei trabalhará espontaneamente por
você.
Todos nós precisamos ser lembrados de
pressionar o botão correto, não o botão que leva “a lei
de que” a funcionar. Não me ensine a amar a minha
esposa, pois em minha vida humana simplesmente
não posso fazê-lo. Em vez disso, me ensine a colocar o
dedo no botão correto, a lei do Espírito da vida. Se eu
fizer isso, amarei minha esposa espontaneamente. Da
mesma maneira não ensine as irmãs a se submeterem
aos maridos. Quanto mais você as ensina a fazerem
isso, menos elas serão capazes de se submeterem.
Antes, ensine-as a pressionarem o botão correto e
automaticamente elas se submeterão aos maridos.
O botão correto está no nosso espírito. O Espírito
testifica com o nosso espírito (8:16), e o botão é o
Espírito do próprio Deus. Dia após dia e a toda hora,
precisamos manter o nosso dedo sobre este botão.
Fazer isso é ter a nossa mente posta no espírito e
andar segundo o espírito. Se mantiver o dedo no
botão, estará no espírito, o Espírito será vida para
você e todas as coisas negativas serão mortificadas. o
segredo para manter nosso dedo no botão correto é
saber que temos um espírito humano e que o Espírito
da vida está em nosso espírito. Precisamos voltar a
nossa mente, todo o nosso ser, ao espírito e pôr a
nossa mente lá. Daí andaremos segundo o espírito.
Quando fazemos isso, todas as coisas negativas são
espontaneamente mortificadas e desfrutamos a vida
divina. Quando fazemos isso, o desejo do bem pela
vida humana com sua lei do bem é satisfeito e as
exigências da lei de Deus são cumpridas. Além disso,
a lei maligna da vida satânica é derrotada. Tudo isso é
uma questão de lei. Não tente amar ou fazer o bem.
Antes, volte o seu ser ao espírito e mantenha o dedo
no botão correto, isto é, no próprio Senhor, que é
tudo para nós como o Espírito da vida. Dessa maneira
você O desfrutará e viverá pela lei do Espírito da vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 38
VIDA E MORTE NOS CAPÍTULOS CINCO A OITO DE
ROMANOS
Nos capítulos 5 a 8 de Romanos, aos quais
podemos chamar cerne da Bíblia, duas
palavras-chave são usadas repetidamente. Essas
palavras são vida e morte. Em Gênesis 2, a vida é
representada pela árvore da vida e a morte, pela
árvore do conhecimento do bem e do mal (v. 9). Na
verdade, o resultado da árvore do conhecimento do
bem e do mal é morte, não conhecimento. Portanto
podemos chamar essas árvores de árvore da vida e
árvore da morte.

CONHECIMENTO, BEM E MAL


A árvore da morte é muito sutil. Embora ela
produza morte, não é chamada árvore da morte; em
vez disso é chamada árvore do conhecimento do bem
e do mal. Há três coisas que se relacionam no que diz
respeito a essa árvore: conhecimento, bem e mal.
Embora apreciemos o conhecimento e o bem, não
gostamos do mal. Consideramos que o bem e o mal
estão em duas categorias distintas. Entretanto o
conceito do bem e do mal na Bíblia é diferente; a
Bíblia coloca tanto o bem como o mal na mesma
categoria . Isso indica que deveríamos ser pela vida,
não pelo bem ou mal. De acordo com Gênesis 2, o
conhecimento e o bem são colocados juntos com o
mal: Pertencendo a uma família, eles são três
“irmãos” que trabalham juntos para produzir morte,
que certamente é o oposto de vida.
A LINHA DA VIDA E A LINHA DA MORTE
Alguns cristãos dizem que não mais devem? s
nos preocupar com a árvore da vida e a árvore do
conhecimento, faladas em Gênesis 2. Mas a maioria
dos itens encontrados em Gênesis são sementes de
verdades espirituais, desenvolvidas em algum outro
lugar da Bíblia e não devemos negligenciá-los. Em
Gênesis 2 temos a semente da vida e a semente da
morte. Mas no final do livro de Apocalipse, vemos a
consumação dessas sementes. A morte, o último
inimigo, é lançada para dentro do lago do fogo (Ap
20:14). A vida é abundante na Nova Jerusalém, pois
nela vemos o no da água da vida com a árvore da vida
crescendo nele (Ap 22:1-2). Do centro à circuferência,
a Nova Jerusalém é uma cidade de vida. A semente da
vida semeada no início da Bíblia consuma-se na
colheita da vida e a semente da morte consuma-se na
colheita da morte. Pelo fato de as sementes da vida e
da morte crescerem ao longo de toda a Bíblia, nela
podemos traçar tanto a linha da vida, como a linha da
morte. Nesta mensagem consideraremos essas duas
linhas, conforme aparecem nos capítulos 5 a 8 de
Romanos.
Em Gênesis 2 há uma situação triangular,
envolvendo Deus o homem e Satanás. Nesse capítulo,
o homem está diante de duas fontes: Deus como a
fonte da vida e Satanás como a fonte da morte. Nos
capítulos 5 a 8 de Romanos há a continuação dessa
situação triangular. Por fim essa situação triangular
resultará numa consumação dupla. As coisas
negativas, junto com a morte, serão varridas para
dentro do lago do fogo, mas as coisas positivas, junto.
com aquelas que foram redimidas, fluirão para dentro
da cidade da água viva. Hoje todos nós estamos indo
em direção a essa consumação final: os crentes para a
Nova Jerusalém e os incrédulos para o lago do fogo.
Em suas experiências diárias, muitos cristãos têm um
pé na linha da vida e o outro na linha da morte.
Outros cristãos vacilam entre as duas. Talvez ontem
você estivesse na linha da morte, mas hoje, pela
misericórdia e graça do Senhor, você está outra vez na
linha da vida.

O REINAR DA VIDA E O REINAR DA MORTE


Vamos agora traçar essas duas linhas nos
capítulos 5 a 8 de Romanos. Romanos 5:12 diz:
“Portanto, assim como por um só homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim
também a morte passou a todos os homens porque
todos pecaram.” Aqui vemos a entrada do pecado e da
morte. O versículo 14 diz: “Reinou a morte desde
Adão até Moisés”. Nesses dois versículos vemos a
linha da morte. No versículo 17 encontramos a linha
da vida: “Se pela ofensa de um, e por meio de um só,
reinou a morte, muito mais os que recebem a
abundância da graça e o dom da justiça, reinarão em
vida por meio de um. só, a saber, Jesus Cristo.” No
versículo 21 Paulo declara: “A fim de que, como o
pecado reinou pela morte, assim também reinasse a
graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus
Cristo, nosso Senhor.” O pecado introduziu a morte,
mas a graça pela justiça introduz a vida. Portanto, no
capítulo cinco, vemos tanto o reinar da morte quanto
o reinar da vida com graça.

NOVIDADE DE VIDA
Romanos 6:4 diz: “Assim também andemos nós
em novidade de vida.” Ao invés de permanecermos
sob o reinar da morte, deveríamos andar em novidade
de vida e permanecer na linha da vida. O versículo
seguinte diz: “Porque se crescemos juntamente com
Ele na semelhança da Sua morte, assim também
cresceremos na semelhança da Sua ressurreição”
(lit.), Assim como crescemos juntamente com Ele na
semelhança da Sua morte, isto é, no batismo
mencionado no versículo 4, assim também
cresceremos juntamente com Ele na semelhança da
Sua ressurreição, isto é, na novidade de vida
mencionada no versículo 4. Crescer juntamente na
semelhança da ressurreição de Cristo é estar em
novidade de vida. Então o versículo 11 diz-nos para
considerarmo-nos mortos para o pecado, mas vivos
para Deus, em Cristo Jesus. Esses. versículos indicam
que no capítulo seis também existe tanto a linha da
vida como a linha da morte.

“ESTA MORTE”
Agora chegamos ao capítulo sete, um capítulo do
qual muitos cristãos não gostam muito. Aqui, ao invés
de vida, encontramos o matar e a morte. O versículo
11 diz: “Porque o pecado, prevalecendo-se do
mandamento me enganou e me matou.” O pecado é
um assassino que usa a lei como sua arma para
matar-nos. Isso deveria advertir-nos a não voltarmos
para a lei. Se fizermos isso, o pecado se levantará
como que dizendo: “Que bom que voltou para a lei!
Você acaba de me dar uma oportunidade excelente
para usar a lei a fim de matá-lo.” Como alguém que
foi morto dessa maneira, Paulo gritou:
“Desventurado homem que sou! quem me livrará do
corpo desta morte?” (v. 24).” Esta morte” refere-se à
morte causada pelo pecado por meio da arma da lei.

UMA VIDA QUÁDRUPLA


Conforme prosseguimos do capítulo sete ao
capítulo oito de Romanos, percebemos que neste
capítulo a vida é primordial, não a morte. Romanos
8:2 diz: “Porque a lei do Espírito da vida em Cristo
Jesus te livrou da lei do pecado e da morte.” Aleluia
pela lei do Espírito da vida! O versículo 10 continua:
“Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade,
está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida
por causa da justiça.” De acordo com o versículo 6, se
nossa mente é posta no Espírito, ela também será
vida. Além disso, se o Espírito que dá vida habita em
nós, isto é, faz Sua casa em nós, Ele irá dar vida até
mesmo ao nosso corpo mortal (v. 11). Portanto não
apenas nosso espírito e mente são vida, mas até
mesmo nosso corpo mortal pode ser vivificado. De
acordo com Romanos 8, todas as três partes do nosso
ser, nosso espírito, alma e corpo, podem receber vida.
Nosso espírito é vida porque Jesus Cristo entrou nele.
Nossa mente pode ser vida porque o Cristo que habita
interiormente está se espalhando do nosso espírito
para ela. Além disso, esse espalhar da vida divina irá
alcançar até mesmo nosso corpo mortal e vivificá-la.
Louvado seja o Senhor pela vida em Romanos8!
Como já enfatizamos, neste capítulo há uma vida
quádrupla: vida no Espírito divino, vida no nosso
espírito humano, vida na nossa mente e vida no nosso
corpo mortal. Mas embora exista tal vida quádrupla
em Romanos 8, a morte ainda está presente. Somente
quando chegarmos em Apocalipse 20 haverá apenas
vida e não morte. Naquele tempo, a morte, o último
inimigo, será lançada fora da humanidade para
dentro do lago do fogo. Portanto, na Nova Jerusalém
haverá apenas o elemento da vida, não o elemento da
morte. Entretanto, dentro de nós hoje, temos tanto o
elemento da vida como o elemento da morte.

ATENTANDO PARA A VIDA


Todos os irmãos e irmãs casados sabem que os
esposos deveriam amar as esposas e que as esposas
deveriam submeter-se aos esposos. Entretanto, em
Gênesis 2, não lemos nada sobre esposos amando
esposas ou esposas submetendo-se a esposos. Apesar
disso, tais coisas estão incluídas na palavra “bem” no
versículo 17. Se um esposo ama a esposa ou se uma
esposa submete-se ao esposo, isso é fazer o bem. Ao
contrário, se um esposo odeia a esposa ou se a esposa
rebela-se contra o esposo, isso é fazer o mal. No final
da Bíblia encontramos novamente as palavras “vida”
e “morte”, mas não as palavras “amor” e “submissão”.
Assim, tanto no início da Bíblia como no final, tanto
em Gênesis como em Apocalipse, temos vida e morte.
Ocorre o mesmo nos capítulos 5 a 8 de Romanos.
Nesses capítulos Paulo não diz nada acerca de
esposos amando esposas ou esposas submetendo-se a
esposos. Ele fala sobre essas questões em algum outro
lugar, mas não aqui. Em vez disso, nesses capítulos
ele coloca grande ênfase em vida e morte e parece não
atentar para o amor ou o ódio, submissão ou rebelião.
É possível ser muito amoroso ou submisso e
ainda assim estar morto. Em Sua economia, Deus não
atenta em primeiro lugar para o fato de sermos bons
ou maus, submissos ou rebeldes; Ele se
importa-somente se estamos vivos ou mortos. Toda
esposa que está morta e sepultada em um cemitério é
submissa; ela nunca expressa sua opinião. Mas Deus
não quer uma submissão morta. Ele deseja que todos
nós sejamos vivos. Essa é a razão pela qual nos
capítulos 5 a 8 de Romanos Paulo não fala acerca de
submissão ou rebelião, mas de vida e morte.
Romanos 8:6 não diz que a mente posta no espírito é
submissão e que a mente posta na carne é rebelião.
Quando Paulo escreveu essa porção da Palavra, ele
estava plenamente no Espírito de Deus e na economia
de Deus; ele não atentava para o bem ou o mal, mas
apenas para a vida e a morte.
O bem e o mal pertencem à árvore do
conhecimento, que é a árvore da morte. O certo e
errado também pertencem a essa árvore. Portanto,
não deveríamos estar preocupados com certo e
errado, mas com vida e morte. Na economia de Deus
não basta meramente ser bom. Podemos ser bons e
ainda assim sermos mortos. A economia de Deus
requer que estejamos na vida. É possível tanto sermos
corretos mortos como errados vivos. Uma escola
infantil está cheia de garotos e garotas barulhentos,
mas essas crianças são muito vivas. Apesar de essas
crianças da escola infantil serem barulhentas e
algumas travessas, eu prefiro essa situação do que a
quietude e ordem de um cemitério. Todos os que
estão sepultados em um cemitério são lícitos e bem
regulados, contudo são mortos. Você prefere ser
errado vivo ou correto morto? Eu prefiro ser vivo.

VIDA EM NOSSO ESPÍRITO E MORTE EM


NOSSA CARNE
É fácil mudar da morte para a vida ou da vida
para a morte. Em outras palavras. é difícil não se
mudar de uma esfera para outra. Por exemplo, é tão
fácil acender uma luz elétrica quanto apagá-la. Ocorre
o mesmo com a morte e a vida. Podemos acender o
espírito e' estarmos na vida, ou podemos apagá-lo e
estarmos na morte.
A eletricidade é uma ilustração excelente do
Espírito da vida. A eletricidade é invisível e não pode
ser entendida completamente. O Espírito da vida
também é assim. Pata que apliquemos a eletricidade,
ela deve primeiro ser instalada em nossa casa e então
precisamos usar um interruptor. Somos gratos ao
Senhor pois o Espírito divino, como a eletricidade
celestial, foi instalado em nosso espírito. Não importa
o que sentimos; tanto o Espírito, isto é, a eletricidade
divina, como o interruptor estão em nosso espírito.
A vida está em nosso espírito e a morte está em
nossa carne. Quando Adão estava no jardim, a árvore
da vida e a árvore do conhecimento estavam ambas
fora dele. Mas hoje essas duas árvores estão dentro de
nós: a árvore da vida em nosso espírito e a árvore da
morte em nossa carne. Na Bíblia, o termo “carne”
indica não apenas nosso corpo corrupto, mas também
todo o nosso ser caído. Por essa razão, a Bíblia chama
uma pessoa caída de carne (Rm 3:20 — VRC).

PONDO NOSSA MENTE NO ESPÍRITO


Romanos 8:6 diz: “Porque a mente posta. na
carne é morte, mas a mente posta no espírito é vida e
paz” (lit.). Pôr nossa mente naquilo que somos é pô-la
na carne. Pôr nossa mente na carne não significa
apenas pô-la no nosso corpo; significa pô-la no nosso
ser, nosso ego. Por exemplo, alguém pode sentir que
foi mau no passado e agora pode esforçar-se para ser
bom. Isso é pôr a mente na carne, no ego sem
esperança. Alguns cristãos pensam que se puserem
sua mente em divertimentos mundanos, estão pondo
a mente na carne. Pôr a mente nessas coisas
certamente é pô-la na carne. Mas essa não é a única
maneira de pôr a mente na carne. Até mesmo quando
decide amar sua esposa, você está pondo a mente na
carne de uma maneira sutil. Quando somos tentados
a decidir fazer o bem precisamos orar: “Senhor Jesus,
tem misericórdia de mim. Nada posso fazer apartado
de Ti”. Orando dessa maneira, poremos nossa mente
no espírito, não em nosso pobre ego.
Além disso, não devemos pôr nossa mente
naquilo que pode acontecer no futuro. Deixemos o
futuro com o Senhor. Suponha que após ter sido
chamado por Deus, Abraão pedisse ao Senhor que lhe
dissesse onde devia ir no dia seguinte. O Senhor
poderia ter dito: “Abraão, fique em paz e desfrute de
Mim. Deixe o amanhã Comigo.” Descansar hoje no
Senhor e deixar com Ele o amanhã é pôr a mente no
espírito.
Pelo fato de muitos cristãos não verem isso,
freqüentemente admoestam os outros ou
aconselham-nos sobre o que deveriam fazer. Isso
encoraja as pessoas a porem a mente na carne e o
resultado é morte. No início do meu ministério, eu
não apenas aconselhava os outros, mas também
admoestava a mim mesmo. O resultado é que fui
morto e os outros também o foram.

DESENVOLVENDO UM NOVO HÁBITO


Louvado seja o Senhor porque o Deus da vida
está em nosso espírito! Embora possamos saber
disso, ainda precisamos aprender como viver por
meio do Espírito que dá vida que habita
interiormente. O importante não é quanto temos de
conhecimento e sim quanto vivemos por meio de
Cristo.
Deixem-me contar-lhes uma história que ajuda a
ilustrar isso. Quando eu era jovem, a maioria das
pessoas em minha cidade natal ainda usava
lamparinas; não tinham eletricidade. Sendo criança,
eu costumava limpar as lamparinas, enchê-las com
azeite e acendê-las. Até mesmo depois que a
eletricidade foi instalada em nossa casa, eu ainda
tinha o hábito de usar uma lamparina. Algumas
vezes, os outros riam de mim quando eu começava a
acender a lamparina e então me lembravam de
simplesmente usar o interruptor elétrico. Embora
tivesse sido instalado algo novo, a eletricidade, eu
ainda não tinha o hábito de usá-la.
O princípio é o mesmo na vida cristã. Fomos
educados e treinados para viver por meio de nós
mesmos. Esse é nosso hábito. Até mesmo depois que
o Senhor Jesus foi instalado em nós, ainda
continuamos com o hábito de viver por meio de nós
mesmos. Entretanto precisamos desenvolver um
novo hábito, o hábito de viver por meio de Cristo.
Pelo fato de muitos salvos não terem esse hábito, é
necessário Romanos 7. Precisamos ter uma visão que
Cristo, como vida, está vivendo em nosso espírito. Por
Ele viver em nós, precisamos abandonar não somente
as coisas pecaminosas, mas também nossa velha
maneira de viver. Precisamos deixar de viver por nós
mesmos para viver por meio de Cristo. Isso requer
que permaneçamos no espírito e andemos segundo o
espírito.
Tão logo perdemos o contato com o espírito,
somos separados da vida e imediatamente estamos na
morte. Não há necessidade da morte entrar. Por
exemplo, tão logo apagamos as luzes de um quarto,
estamos na escuridão. Não há necessidade da
escuridão entrar. Da mesma maneira que o apagar
das luzes nos põe na escuridão, assim também ser
separado do espírito leva-nos à morte. Até mesmo
uma fina fita de isolante pode interromper o fluxo de
eletricidade. Da mesma maneira, até mesmo alguma
coisa pequena pode afastar-nos da vida em nosso
espírito. Pelo fato de estarmos numa situação
triangular envolvendo Deus como vida em nosso
espírito e Satanás como morte na nossa carne,
precisamos desenvolver o hábito de permanecer no
espírito. Ao invés de decidir fazer o bem, deveríamos
simplesmente voltar ao espírito e permanecer ali com
Aquele que-vive. Esse hábito não é desenvolvido
facilmente, mas isto é possível.

MORTOS PARA O PECADO E VIVOS PARA


DEUS
Romanos 6:11 diz para considerarmo-nos mortos
para o pecado, mas vivos para Deus. Entretanto, a
experiência disso está no espírito em Romanos 8.
Quando estamos no nosso espírito com o Senhor,
automaticamente somos mortos para o pecado e
vivos para Deus. Se tentar considerar isso sem estar
no espírito, você descobrirá que quanto mais
considera mais você esta na morte.
Vimos que estar separado do espírito é estar na
morte. Por exemplo, a razão pela qual você perde a
calma é porque já existe Isolamento entre você e seu
espírito. Não é que você perde a calma e então
separa-se do espírito; é que você está separado do
espírito e portanto perde a calma. Se não há nenhum
isolamento em volta de seu espírito, nenhuma coisa
negativa será capaz de vencê-la. Pelo contrário, a vida
divina no seu espírito irá tragar toda a morte. Nossa
experiência confirma isso. Quando estamos no
espírito, a vida divina interior traga todas as coisas
negativas. Mas quando estamos isolados e desta
forma separados do espírito, estamos na morte e não
somos capazes de resolver nem mesmo o menor
problema.

UMA BATALHA UNIVERSAL


A economia de Deus não é uma questão de bem
ou mal, certo ou errado. Além disso, não é uma
questão de ética. De acordo com os padrões éticos,
deveríamos fazer o bem e não o mal. A economia de
Deus, contudo, é totalmente uma questão de vida ou
morte. Estar na vida é viver expressando Deus e estar
na morte é viver expressando Satanás. Somos um
campo de batalha e a batalha universal entre Deus e
Satanás está sendo travada dentro de nós. O
resultado dessa batalha é determinado pelo lugar
onde pomos nossa mente. Se pomos nossa mente no
ego e dessa forma somos separados do espírito,
Satanás ganha terreno. Mas se permanecemos no
espírito e pomos nossa mente no espírito, Deus ganha
a vitória.
Isto é precisamente o que é retratado no
versículo 8:13, onde Paulo diz: “Porque, se viverdes
segundo a carne, estais prestes a morrer; mas, se pelo
Espírito mortificardes as práticas do corpo, vivereis.”
Devemos mortificar as ações da velha pessoa por
meio do Espírito que habita interiormente. Fazer isso
é viver. Oremos sobre isso, pratiquemo-la e
desenvolvamos o hábito de permanecer no espírito.
Quanto mais desenvolvemos esse hábito, mais vivos
seremos e mais distantes da morte estaremos.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 39
HABITANDO EM CRISTO AO PÔR A MENTE NO
ESPÍRITO
Romanos 8 é o centro não somente do livro de
Romanos, mas também de toda a Bíblia. Por essa
razão, a experiência nesta porção da palavra deve
tornar-se nossa vida diária.

O ESPÍRITO EM ROMANOS 8
Neste capítulo, o Espírito de Deus é chamado o
Espírito da vida e o Espírito de Cristo, termos não
usados no Velho Testamento, nos Evangelhos nem
em Atos. O termo o Espírito de Deus, contudo, foi
usado muitas vezes antes de Romanos, mas Romanos
8 revela que o Espírito de Deus é o Espírito da vida e
o Espírito de Cristo. Nos versículos 9 e 10, o Espírito
de Deus, o Espírito de Cristo e Cristo são usados
permutavelmente. Isso indica que o Espírito de Deus
é o Espírito de Cristo e que o Espírito de Cristo é o
próprio Cristo. Hoje Cristo, como o Espírito da vida,
habita interiormente em nosso espírito.
Experimentamos isso quando andamos não de
acordo com a carne, mas de acordo com o espírito.

VIDA E MORTE
O versículo 6 diz: “Porque a mente posta na
carne é morte, mas a mente posta no espírito é vida e
paz” (lit.). Aqui vemos que o resultado de pôr a mente
na carne é morte e que o resultado de pôr a mente no
espírito é vida e paz. Logo no início da Bíblia, a vida é
representada pela árvore da vida e a morte, pela
árvore do. conhecimento do bem e do mal. Essas duas
árvores representam duas fontes diferentes, com dois
resultados opostos. A árvore da vida nos leva para a
vida e a árvore do conhecimento nos conduz à morte.
Além disso, a Bíblia conclui com duas consumações: o
lago de fogo, que é a segunda morte, e a Nova
Jerusalém, que é a cidade da vida. Portanto a Bíblia
termina como começa, com morte e vida.
Romanos 8 está no caminho entre o início em
Gênesis e a consumação em Apocalipse. Entre as duas
fontes e as duas consumações há duas linhas: a linha
da vida e a linha da morte. Como salientamos na
última mensagem, algumas vezes podemos ter um pé
na linha da vida e o outro na linha da morte. Outras
vezes podemos estar totalmente numa linha ou na
outra. Romanos 8 trata dessas duas linhas, do
aspecto da nossa experiência.

TRÊS QUESTÕES A RESPEITO DO RESIDIR


EM CRISTO
Em João 15 o Senhor Jesus revela que Ele é a
videira e nós os ramos. Ele também diz que
precisamos residir Nele e que, se o fizermos, Ele
residirá em nós. Que vida maravilhosa é esse mútuo
residir! Embora João 15 nos fale para residir em
Cristo, não apresenta a maneira para residir. Como
veremos, a maneira para residir em Cristo é
encontrada em Romanos 8, que é uma progressão de
João 15.
Por mais de cinqüenta anos tenho considerado
como podemos residir em Cristo. Cristo está longe, no
terceiro céu, e nós estamos na terra. Como podemos
residir Nele? Anos atrás, os mestres da Bíblia, com os
quais estudei, não puderam responder
adequadamente essa questão. Eles puderam apenas
dizer-me que residimos em Cristo por meio do
Espírito Santo. Porém, em João 15, Cristo não diz
para residir Nele por meio do Espírito. Como um
jovem que desejava conhecer a Bíblia de uma maneira
lógica, não de acordo com a superstição ou a tradição,
pensei que não seria lógico dizer que habitamos em
Cristo por meio do Espírito. Como você pode residir
em uma pessoa por meio de outra? Assim, com
respeito ao residir em Cristo, precisamos primeiro
buscar a resposta para esta pergunta: Onde está o
Cristo em quem devemos residir?
A segunda pergunta é: Quem é o “Mim” falado
nos versículos 4 e 5 de João 15? Para responder
devemos não apenas conhecer quem é Cristo, mas
também o que Ele é. Se residíssemos em Cristo como
a videira, seríamos capazes de responder a esta
pergunta. Como podemos residir em alguma coisa se
não conhecemos em quem vamos residir? Como
Cristo pode ser Aquele em quem residimos? Podemos
entender o significado das palavras “Siga-Me”, mas
não é fácil entender as palavras “Resida em Mim”.
Seguir o Senhor significa que Ele vai à nossa frente e
que caminhamos atrás Dele. Porém que significa
residir Nele? Podemos facilmente entender o que
significa residir com Cristo, mas não o que significa
residir Nele.
A terceira questão é esta: Como podemos residir
Nele? Mesmo se soubéssemos onde Cristo está e o
que é o “Mim” em quem devemos residir, ainda
precisaríamos saber como permanecer Nele. As
palavras “Resida em Mim” certamente são
misteriosas e complicadas. Como muitos outros
dizeres no Evangelho de João, essas palavras são
simples, mas o seu significado é profundo.
Para responder a todas essas perguntas que
levantamos com respeito ao residir em Cristo,
precisamos voltar novamente a Romanos 8. A
revelação divina na Palavra Santa é progressiva;
portanto, para entender esta questão de residir em
Cristo, precisamos prosseguir de João 15 a Romanos
8. Suponha que seu pai lhe tenha escrito uma carta
extensa, de muitas páginas. Para entender o
pensamento de seu pai, como revelado na carta, você
precisaria ler a carta toda, não apenas as primeiras
páginas. O pensamento em sua carta seria revelado
progressivamente. Da mesma forma, quando
prosseguimos de João 15 a Romanos 8, vemos uma
progressão na questão do residir em Cristo.

CRISTO EM NÓS
Primeiramente, em Romanos 8 encontramos a
resposta para a questão com respeito a onde está
Cristo hoje. Este capítulo revela que Cristo não está
apenas-nos céus, mas também em nós. O versículo 34
diz que Cristo está à direita de Deus, enquanto o
versículo 10 revela que Cristo está em nós. O próprio
Cristo, que está assentado no terceiro céu, está
vivendo em nós agora. Que maravilhoso! Assim,
através de Romanos 8, sabemos onde Cristo está

EXPERIMENTANDO CRISTO COMO O


ESPÍRITO QUE DÁ VIDA
Agora chegamos à questão relacionada ao “Mim”
em João 15:5. Isto envolve a questão do que Cristo é.
A maioria dos cristãos conhece Cristo meramente de
acordo com uma doutrina objetiva da Trindade.
Cremos, definitivamente, que Deus é triúno. Como o
Pai, o Filho e o Espírito, Deus é três-em-um. Isso é
um mistério celestial, divino e espiritual, que
ninguém pode explicar adequadamente. Nós nem
mesmo temos uma compreensão total de nós
próprios, muito menos do Deus Triúno. Na Bíblia, o
Deus Triúno não é para analisarmos de uma maneira
doutrinária, mas para o dispensar Dele mesmo para
dentro de nós.
O Evangelho de João revela que Deus Pai está
corporificado em Deus Filho e tornou-se conhecido
por meio do Filho. Em João 1:18 diz: “Ninguém
jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio
do Pai, é quem o revelou.” Quando Filipe pediu ao
Senhor Jesus para mostrar o Pai aos discípulos, o
Senhor ficou aparentemente surpreso com tal
pergunta, e Ele lhe disse: “Filipe, há tanto tempo
estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me
vê a mim, vê o Pai” (Jo 14:9). O Senhor respondeu a
Filipe de uma maneira misteriosa, dizendo-lhe que,
uma vez que ele tinha visto o próprio Senhor, ele
tinha visto o Pai. Em João 14:10 o Senhor foi mais
adiante: “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai
está em mim? As palavras. que eu vos digo não as
digo por mim mesmo; mas o Pai que reside em Mim,
faz as suas obras.” Aqui vemos que o Pai está
corporificado no Filho e é-, visto no Filho.
João 14 revela ainda mais sobre o Deus Triúno.
Nos versículos 16 e 17 o Senhor Jesus fala de outro
Consolador, o Espírito da realidade. Se
considerarmos cuidadosamente os versículos 17 e 18,
veremos que o Espírito da realidade é, na verdade, o
próprio Senhor Jesus. O Espírito da realidade é a
própria concretização do Filho. O Pai está
corporificado no Filho e o Filho é percebido como o
Espírito. Portanto, em 1 Coríntios 15:45, Paulo pode
dizer: “O último Adão tornou-se o Espírito que dá
vida” (lit.). O último Adão, Jesus na carne, foi
transfigurado por meio da morte e ressurreição, para
tornar-se o Espírito que dá vida. Por essa razão 2
Coríntios 3:17 diz: “Ora o Senhor é o Espírito.” Ao
experimentar o Deus Triúno, todos precisamos saber
que Deus Pai está corporificado em Deus Filho e que
Deus Filho é percebido como o Espírito que dá vida.
Por essa razão Romanos 8:2 fala do Espírito da vida,
que é Cristo o Filho de Deus, percebido como o
Espírito.
Porque o Espírito é a concretização do Filho,
recebemos o Espírito sempre que invocamos o nome
do Senhor Jesus. Se eu chamar um irmão pelo nome,
esse irmão responde, porque ele, a pessoa, é a
realidade do seu nome. Da mesma forma, quando
invocamos o nome do Senhor Jesus, recebemos o
Espírito, porque o Espírito é a realidade do nome de
Jesus. Essa é a nossa experiência. Você pode dizer:
“Senhor Jesus, creio em Ti, eu Te recebo e Te amo.”
Sempre que ora dessa maneira, você recebe o
Espírito. Invocamos o nome de Jesus, mas
experimentamos o Espírito como a concretização de
Cristo. Isso indica que o Espírito que dá vida é a
realidade de Cristo.
Vimos que o Filho é a corporificação do Pai e que
o Espírito é a realidade do Filho. O Espírito hoje está
em nosso espírito. Portanto a totalidade do
maravilhoso Deus Triúno, o Pai, o Filho e o Espírito
está em nosso espírito para experimentarmos. Essa
pessoa maravilhosa é tudo o que precisamos: nossa
vida, nossa comida, nossa água viva, nossa luz, nossa
força, nosso conforto, nossa santidade, nossa vitória,
nossa sabedoria, nossa paz, nossa humildade, nossa
submissão, nosso amor e nosso tudo. Isso não é uma
doutrina nem é um método ou um sistema. É o
desfrute e a experiência do Deus Triúno vivo, que
habita dentro de nós. Após efetuar a criação e passar
pela encarnação, crucificação, ressurreição e
ascensão, essa pessoa viva nos alcançou e ainda
habita dentro de nós, em nosso espírito. Essa pessoa
viva, Cristo como o Espírito que dá vida
todo-inclusivo, é o próprio “Mim” em quem vamos
residir.

PONDO A MENTE NO ESPÍRITO


Como podemos residir Nele? Romanos 8:6
mostra a maneira: “Porque a mente posta na carne é
morte, mas a mente posta no espírito é vida e paz”
(lit.). Porque o Espírito divino está amalgamado com
o nosso espírito, é difícil dizer se o espírito neste
versículo refere-se ao nosso espírito ou ao Espírito
divino. O espírito aqui é o espírito amalgamado.
Como o versículo 16 diz: “O próprio Espírito testifica
com o nosso espírito”.
Oposto a este maravilhoso espírito amalgamado
está a carne, nosso corpo corrompido. No corpo
originalmente criado por Deus não havia nenhum
elemento pecaminoso; ao contrário, o corpo humano
era puro e sem pecado. Por meio da queda, contudo,
Satanás, o maligno, injetou-se como pecado para
dentro do corpo do homem. Isso aconteceu quando o
homem tomou para si o fruto da árvore do
conhecimento. Após Satanás entrar para dentro do
corpo do homem, o corpo ficou contaminado e
poluído e, desse modo, tornou-se a carne. Portanto
nosso espírito está amalgamado com o Deus Triúno e
nosso corpo, que se tornou a carne, está misturado
com o elemento pecaminoso de Satanás.
Isso faz do cristão uma miniatura do jardim do
Éden. No jardim o homem estava diante da árvore da
vida, por um lado, e diante da árvore do
conhecimento, por outro lado. Agora, como os que
foram representados por Adão em Gênesis 2, temos a
árvore da vida em nosso espírito e a árvore do
conhecimento em nossa carne. Precisamos decidir se
pomos nossa mente na carne e sofremos morte, ou se
pomos nossa mente no espírito e desfrutamos vida e
paz. Ao colocar nossa mente no espírito, residimos
em Cristo que, como o Espírito que dá vida, habita em
nosso espírito.
Nenhuma doutrina, método nem sistema pode
subjugar o elemento satânico em nossa carne. Em
todo o universo apenas Deus é mais poderoso do que
Satanás; nenhuma doutrina pode prevalecer contra
ele. Você pensa que pode derrotar Satanás por
ensinamentos profundos, por métodos corretos ou
pelo conhecimento das Escrituras nas letras? Que
absurdo! Louve ao Senhor porque o próprio Deus
Triúno, que está agora dentro de nós, já subjugou
Satanás. Em lugar de seguir certos métodos,
deveríamos simplesmente depender do Senhor
constantemente. A palavra do Senhor em João 15:5
aplica-se aqui: “Sem mim nada podeis fazer.”
Precisamos simplesmente residir Nele por colocar
nossa mente no espírito.
Agora temos as respostas para as três questões,
que levantamos, concernentes a residir em Cristo.
Onde está Cristo? Ele está em nosso espírito. Que é
Cristo? É o Espírito que dá vida que habita em nós.
Como podemos residir em Cristo? Residimos Nele ao
pormos nossa mente no espírito. Colocar a mente no
espírito é, de fato, o residir. Dia após dia e mesmo
momento após momento precisamos pôr nossa
mente, que representa todo o nosso ser, no espírito
amalgamado. O resultado é sempre vida e paz.
Romanos 8 certamente é uma progressão de
João 15 com respeito a residir em Cristo. Se não
tivéssemos Romanos 8, ainda estaríamos andando às
apalpadelas para encontrar a maneira prática para
residir em Cristo. Louvado seja o Senhor porque não
estamos mais andando na escuridão, à procura do
caminho! Pelo contrário, aprendemos com Romanos
8 que tudo o que precisamos fazer é voltarmos nosso
ser para a Pessoa viva, que habita interiormente em
nosso espírito e sermos um com Ele. Quando nos
voltamos para Ele e pomos nossa mente Nele, temos
vida, paz, luz, conforto, força e tudo o que
precisamos. Nossa sede é saciada e nossa fome é
satisfeita.

PONDO A MENTE NO ESPÍRITO PELO ORAR


Para pormos nosso ser no espírito amalgamado
precisamos orar. Quão facilmente somos desviados
do Espírito divino em nosso espírito! Nossa mente é
tão rapidamente atraída para outras coisas. Portanto
precisamos orar, principalmente não para pedir ao
Senhor que faça algo por nós, mas para manter nossa
mente posta no espírito. Esteja certo, o Senhor
cuidará de você-e fará tudo por você. Assim na oração
você não precisa estar ocupado com suas
necessidades. Ao contrário, ore para manter-se em
contato com a Pessoa viva em seu espírito. Quanto
mais você mantém contato com Ele, mais desfrutará
Dele. Não ore a respeito de sua necessidade de amor
ou paciência. Nossa experiência prova que quanto
mais oramos a respeito de tais coisas, mais somos
desviados do espírito amalgamado e menos residimos
em Cristo. Deveríamos simplesmente louvar ao
Senhor porque Ele é nosso amor, nossa paciência e
nosso tudo. Se O louvarmos dessa maneira,
declarando quão bom é o Senhor, espontaneamente
amor e paciência fluirão de nós, quer percebamos isso
ou não. Outros ficarão surpresos com a mudança em
nós. Eles não verão os resultados temporários de
nossos próprios esforços, mas verão Cristo, como o
Espírito que dá vida, sendo vivido por nós. Quanto
mais colocamos nossa mente na Pessoa viva em nosso
espírito, mais Ele mesmo vive por nós. Essa é a vida
cristã. Esse é o caminho para uma vida de santidade e
vitória; Esqueçamos os sistemas e métodos e, em vez
disso, voltemo-nos para a Pessoa viva dentro de nós e
coloquemos nossa mente Nele. Ele está esperando
que façamos isso. Essa é a maneira para residir Nele.

SATANÁS COMO O PECADO HABITANDO


EM NOSSA CARNE
A fim de ficarmos profundamente
impressionados com a necessidade de residirmos em
Cristo, por colocarmos a mente no espírito,
precisamos ver ainda mais claramente o que, de fato,
habita em nossa carne e o que habita em nosso
espírito. A palavra “habita” é usada em 7:17, 18 e 20.
Nos versículos 17 e 20 Paulo diz 'que o pecado habita
nele e no versículo 18 diz que nele, isto é, em sua
carne, não habita bem nenhum. Em Romanos 5 a 8 o
pecado é revelado como sendo a personificação de
Satanás. Em certo sentido, o pecado que habita em
nossa carne, o corpo caído envenenado pela natureza
do maligno, é Satanás encarnado. Satanás, como
pecado, está em nossa carne. Em 7:21 Paulo diz:
“Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o
mal reside em mim.” A palavra “mal” nesse versículo
denota a natureza maligna de Satanás. Portanto
Romanos 7 revela que Satanás, como pecado, habita
em nossa carne.
A palavra grega traduzida por “habitar” nesses
versículos não é a palavra em outra parte traduzida
por “residir”. Ao contrário, é a palavra cuja raiz
significa “casa”. A mesma palavra é usada em Efésios
3:17, concernente a Cristo fazendo Sua morada em
nosso coração. Daí, o significado aqui é que o pecado
está fazendo sua morada em nossa carne. Nós,
contudo, podemos estar cegos a esse fato. Pela
experiência, Paulo descobriu que havia alguma coisa
má, li natureza maligna de Satanás, vivendo e
habitando em sua carne. Se o fato de que o pecado
habita-nos interiormente é revelado a nós, veremos
que temos essa coisa terrível, a própria personificação
de Satanás como pecado, fazendo sua morada em
nossa carne. Como louvamos ao Senhor por nos
revelar isso!

NOSSO ESPÍRITO SENDO VIDA


Em contraste com Romanos 7, que expõe o
pecado habitando em nossa carne, Romanos 8 revela
que algo maravilhoso habita em nosso espírito. Os
versículos 10 e 11 dizem: “Se, porém, Cristo está em
vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do
pecado, mas o espírito é vida por causa da justiça. Se
habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a
Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a
Cristo Jesus dentre os mortos, vivificará também os
vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que
em vós habita.” Se Cristo está em nós, o espírito é
vida por causa da justiça, apesar de o corpo caído
permanecer morto por causa do pecado. Assim no
versículo 10 temos dois fatos: o primeiro, que o nosso
corpo ainda está morto e o segundo, que o nosso
espírito é vida. Desde que Cristo está em nós, nosso
espírito é vida. Não há outras condições ou
qualificações. Apesar disso, nosso corpo permanece
morto por causa do pecado que habita interiormente.

O ESPÍRITO QUE HABITA INTERIORMENTE


DANDO VIDA AO NOSSO CORPO MORTAL
A palavra “e” (VRC) no início do versículo 11 é
muito significativa; indica que algo melhor está
vindo. Esse versículo fala sobre o Espírito Daquele
que ressuscitou a Jesus dentre os mortos habitando
em nós. Primeiramente, Cristo está em nós. Esse é o
estágio inicial, o começo. Porém, para Cristo como o
Espírito habitar em nós, isto é, fazer Sua morada em
nós, é a continuação. Porque Cristo está em nós, o
nosso espírito é vida, embora nosso corpo permaneça
morto. Porém, se o Cristo que está em nós também
está fazendo Sua morada em nós, o Espírito que
habita interiormente dará vida ao nosso corpo
mortal.
Nosso corpo é vivificado pelo Espírito que habita
interiormente. Se nosso corpo mortal é ou não
vivificado depende se permitimos ou não que o
Espírito faça Sua morada em nós. Sim, Cristo como o
Espírito está em você; isso faz com que seu espírito
seja vida. Porém, se o Espírito pode ou não fazer Sua
morada em você depende da sua atitude. Você está
querendo que Ele faça Sua morada em você ou O
confinará a certo canto do seu ser? Suponha que eu
seja convidado à casa de certo irmão e irmã. Contudo,
após entrar em sua casa, eles me limitam a um
pequeno canto da casa, não permitindo que eu me
mova livremente ao redor e sinta-me em casa. Isso
significa que não tenho liberdade para fazer qualquer
coisa na casa deles. Do mesmo modo, Cristo pode
estar em nosso espírito, mas podemos não dar a Ele a
liberdade para mover-se em todo o nosso ser. Como
resultado, o círculo interior do nosso ser, nosso
espírito, é vida, mas o círculo exterior, nosso corpo,
está ainda morto. Para o nosso corpo mortal ser
vivificado, o Cristo que habita interiormente deve ter
livre acesso para se espalhar em todo nosso ser. Deve
ter a liberdade para estabelecer-se em todas as nossas
partes interiores e dessa forma fazer Sua morada
dentro de nós. Se Lhe permitirmos fazer isso, vida
será concedida não apenas para o nosso espírito, mas
também para o nosso corpo.

O LUGAR DA MENTE
Em Romanos 7 e 8 vemos que duas coisas
habitam interiormente nos crentes. No capítulo 7
temos o pecado que habita interiormente, a natureza
maligna de Satanás, e no capítulo 8 temos o Espírito
que habita interiormente, que é o próprio Cristo. O
pecado é a natureza personificada de Satanás, que
habita em nossa carne e o Espírito é Cristo, habitando
em nosso espírito. Entre o pecado e o Espírito que
habitam interiormente em nós, permanece a nossa
mente, que representa a nós próprios. Romanos 7:25
diz: “De maneira que eu, de mim mesmo, com a
mente sou escravo da lei de Deus.” Por favor, prestem
bastante atenção às palavras “de mim mesmo, com a
mente”. Essas palavras indicam que a mente é nossa
representante, é o nosso próprio eu. Quando Paulo
disse que com a mente estava servindo a lei de Deus,
ele quis dizer que ele mesmo estava tentando guardar
a lei, esforçando-se para agradar a Deus por obedecer
à lei. Ao tentar cumprir as exigências da lei, a mente
estava fazendo algo bom, mas estava agindo
independentemente.
Romanos 8:6 nos dá outra visão da mente:
“Porque a mente posta na carne é morte, mas a mente
posta no espírito é vida e paz” (lit.). Vimos
claramente que Satanás, como o pecado, habita em
nossa carne e que Cristo, como o Espírito que dá vida,
habita em nosso espírito. Se decidimos fazer o bem, o
pecado que habita em nossa carne será ativado e nos
derrotará. A lei do pecado guerreará contra a lei da
nossa mente e nos fará cativos na lei do pecado em
nossos membros (7:23). Assim precisamos da
revelação do pecado em nossa carne e de Cristo em
nosso espírito. Então precisamos ver que como
pessoas independentes não somos capazes de tratar
com o pecado em nossa carne. Para tratar com ele,
precisamos invocar o próprio Senhor Jesus, que
habita em nosso espírito, e manter a nossa mente
posta no espírito. Isso não é uma questão de seguir
um método, mas de tocar uma Pessoa viva. A todo
momento precisamos dizer: “Amém, Senhor Jesus,
eu Te amo.” Quando fazemos isso o pecado que
habita interiormente é subjugado e Cristo torna-se
tudo para nós. O Senhor Jesus é, então, trabalhado
para dentro do nosso ser para nos permear e nos
saturar com Ele mesmo. Isso é o que significa ser
santificado, transformado e conformado à imagem de
Cristo. Essa é a experiência de residir em Cristo, ao
pôr a mente no espírito amalgamado, como revelado
em Romanos 8.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 40
SALVOS EM VIDA DO PECADO E DO MUNDO
Com esta mensagem iniciamos uma série de
mensagens relacionadas à vida salvadora de Cristo.
Romanos 5:10 diz: “Porque se nós, quando inimigos,
fomos reconciliados com Deus mediante a morte do
seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela (em — lit.) sua vida.” Os cristãos
dedicam grande atenção à morte de Cristo, porém
não dão muita atenção à Sua vida. Podemos conhecer
o termo a vida de Cristo e podemos estar
familiarizados com os versículos do Evangelho de
João, onde o Senhor diz que Ele é vida e que Ele veio
para que tenhamos vida mais abundante (Jo 11:25;
10:10). Entretanto, precisamos admitir que nos falta a
genuína experiência da vida.

A REVELAÇÃO PROGRESSIVA DA VIDA


A revelação divina, na Palavra Santa, é
progressiva. Por isso, apesar de o Evangelho de João
ser maravilhoso, ele não contém a revelação máxima.
Após João e Atos, temos as Epístolas, que são uma
seqüência dos Evangelhos. As sementes semeadas no
Velho Testamento germinam nos Evangelhos, mas
crescem e se desenvolvem mais adiante, nas
Epístolas. A colheita de todas as sementes, sem
dúvida, está no livro de Apocalipse. A semente da
vida é semeada em Gênesis 2, na palavra sobre a
árvore da vida. A vida lá não se refere à vida física
(bios), nem à vida da alma ou psicológica (psique),
mas à vida divina, a vida de Deus (zoê). Se tivéssemos
apenas o segundo capítulo de Gênesis, ser-nos-ia
difícil entender o que é vida. Salmos 36:9 revela mais
sobre a vida: “Pois em ti está o manancial da vida.”
Isso indica que Deus, o Deus Triúno, é a fonte da vida.
O capítulo um de João revela que a vida está na
Palavra, isto é, em Cristo (Jo 1:1, 4). Quando o Senhor
Jesus saiu para ministrar, Ele disse claramente ser a
vida (10 11:25; 14:6). De acordo com a revelação do
Evangelho de João, vida é uma pessoa viva, Cristo,
que é a própria corporificação de Deus. Assim, o livro
de João é um livro de vida. A vida germina nesse
Evangelho.
Vemos o crescimento deste broto em Romanos.
Em João 15 o Senhor Jesus nos fala para habitarmos
Nele. Entretanto, como enfatizamos na mensagem
anterior, a maneira de habitar em Cristo não é
encontrada em João 15, mas em Romanos 8.
Romanos 8 revela que Cristo, hoje, é o Espírito da
vida. Como o Espírito da vida, Ele está em nosso
espírito. Assim, o espírito neste capítulo é o espírito
amalgamado, o Espírito divino amalgamado com o
espírito humano. Para habitarmos Nele, precisamos
pôr nossa mente, que representa todo o nosso ser, no
espírito amalgamado. O resultado é vida e paz.
Portanto Romanos 8 é necessário para termos a
compreensão de João 15 de uma maneira prática. Ter
João 15 sem Romanos 8 é ter o broto sem o
crescimento.
No mesmo princípio, muitos outros aspectos
maravilhosos sobre a vida, encontrados no Evangelho
de João, são desenvolvidos no livro de Romanos. Em
João temos uma visão da vida; contudo, este
Evangelho não nos dá uma maneira explícita de
experimentarmos esta vida. Para isto, precisamos do
livro de Romanos. Em Romanos a vida é desvendada
de tal maneira, que podemos não apenas conhecê-la
mas também experimentá-la.

JUSTIFICAÇÃO E VIDA
Em 1:16 Paulo diz que o evangelho é o poder de
Deus para a salvação de todo aquele que crê. Depois,
no próximo versículo ele diz, “Visto que a justiça de
Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está
escrito: O justo viverá por fé.” A salvação de Deus é
por meio da justificação da fé. Apesar de todos os
cristãos ouvirem isso, a maioria perdeu o ponto
máximo deste capítulo. A questão não é a salvação,
nem a justificação, nem a fé. É a vida. Notem que 1:17
diz que o justo viverá por fé. Este versículo pode
também ser traduzido: “O justo terá vida por fé.” Por
conseguinte, a melhor maneira de compreender o
significado pleno aqui, é dizer: “O justo terá vida e
viverá por fé.”
Deus nos salvou e nos justificou para que
possamos ter vida. A justificação resulta em vida.
Assim, em 5:18 Paulo fala da “justificação de vida.” A
justificação de Deus para nós, em Cristo, é de vida. A
justificação resulta em vida. O propósito de Deus ao
justificar-nos é capacitar-nos a desfrutar a Sua vida.
Adão, em Gênesis 2, não precisava da justificação,
pois naquela época o pecado não havia entrado. O
homem vivia na inocência perante Deus. Por causa da
queda de Adão e do seu envolvimento com o pecado,
o caminho para a árvore da vida foi fechado (Gn 3:24)
até que o Senhor Jesus morreu na cruz para cumprir
as justas exigências de Deus. Cristo é a nossa justiça.
Quando cremos Nele, Ele se torna justiça para nós, e
nós somos justificados por Deus. Por meio dessa
justificação somos levados de volta à árvore da vida.
Portanto, a justificação é de vida, para vida e resulta
em vida.
Muitos cristãos concentram-se na questão da
justificação, mas negligenciam a questão da vida.
Portanto, precisamos enfatizar uma frase em 5:18 —
justificação de vida. A palavra chave aqui é “vida”. A
justificação não tem como fim ela própria; a
justificação é para a vida. Você foi justificado pela fé
em Cristo? Se foi, então você deve proclamar com
convicção que a sua justificação é para a vida. O justo
terá vida e viverá por fé.

SALVOS EM SUA VIDA


Em 5:10 Paulo diz que “quando inimigos, fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu
Filho.” A morte de Cristo é para a redenção, a
justificação e a reconciliação. Mas tudo isso é para a
vida. Conforme Paulo prossegue dizendo neste
versículo: “Muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela (em — lit.) sua vida.”
Desfrutamos dos benefícios da morte de Cristo, agora
devemos desfrutar a Sua vida. Aquele que morreu na
cruz, pelos nossos pecados, está agora vivendo em
nós e para nós, como a nossa vida. Assim como
participamos da morte de Cristo, assim também
precisamos experimentar a Sua vida. A vida de Cristo
é o próprio Cristo vivendo em nosso interior.
Esta vida nos salva de todo tipo de coisas
negativas. Não é a vida de Cristo, porém, que nos
salva do inferno ou do julgamento de Deus, pois já
fomos salvos dessas coisas por meio da morte de
Cristo, na cruz, pelos nossos pecados. Apesar de
sermos pecadores e destinados a sermos eternamente
condenados por Deus, a morte de Cristo solucionou
esse problema. Por conseguinte, pela morte de Cristo
fomos salvos do inferno e do julgamento eterno de
Deus. Esta salvação foi cumprida de uma vez por
todas. Contudo, Paulo diz que “seremos salvos em
Sua vida”, indicando que ainda precisamos
experimentar a vida salvadora de Cristo.
Somos salvos do quê? Se formos responder
plenamente esta questão e com detalhes, precisamos
mencionar centenas de itens, incluindo o
temperamento, a disposição, o orgulho próprio e a
inveja. Todos têm problemas com o temperamento,
ou com a disposição natural, ou com o orgulho
próprio ou com a inveja. Você poderá até mesmo ter
inveja de alguém que dá um bom testemunho na
reunião. Como precisamos ser salvos na vida de
Cristo! Apesar de precisarmos ser salvos de centenas
de itens, no livro de Romanos, o apóstolo Paulo trata
de apenas de algumas das questões principais, das
quais precisamos ser salvos, incluindo o pecado, o
mundanismo, o viver natural, o individualismo e a
tendência à divisão.

SALVOS EM VIDA DA LEI DO PECADO


Consideremos primeiramente ser salvos em vida
da lei do pecado. Romanos 8:2 diz: “Porque a lei do
Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do
pecado e da morte” (VRC). Este versículo não fala
apenas do pecado, mas da lei do pecado. Todas as
coisas negativas, tais como o temperamento e o
orgulho próprio estão relacionados a esta lei. A razão
pela qual você não pode vencer o seu temperamento é
porque ele está envolvido com a lei do pecado. Há
uma certa lei que o leva a perder a calma, a ser
orgulhoso e a ter inveja. Por exemplo, se jogar uma
bola para cima, não há necessidade de orar para que
ela caia no chão. A lei da gravidade automaticamente
levá-la-á a cair no chão. Da mesma maneira, não
precisamos de ajuda para perdermos a calma, pois
perdemo-la espontaneamente, de acordo com o
operar da lei do pecado em nosso interior. Além
disso, não há necessidade de tentarmos ser
orgulhosos ou invejosos, pois a lei do pecado produz o
orgulho e a inveja em nós. Falar mentiras também é
um resultado da lei do pecado. Os cristãos sabem que
não devem falar mentiras, contudo, de um modo ou
de outro, quase todos os cristãos já mentiram, ainda
que apenas por revestir-se de uma falsa aparência ou
expressão. A mentira, ' como todas as outras coisas
pecaminosas, não é algo que fomos ensinados a
praticar; ela procede da lei do pecado em nosso
interior.
Para impressioná-las com este fato, gostaria de
usar a palavra lei 'como verbo “legislar”. A lei do
pecado nos “legisla”; todos fomos “legislados” por
esta lei. Simplesmente não podemos escapar do
“legislar” da lei do pecado em nosso interior. De
acordo com 8:2, esta lei do pecado é também a lei da
morte. Quando essa lei “nos legisla”, somos
envolvidos não apenas com o pecado mas também
com a morte. Apenas na vida de Cristo é que podemos
ser salvos dessa lei terrível.
Muitos grandes filósofos, principalmente os
pensadores éticos chineses, tentaram vencer essa lei.
Certos filósofos chineses falaram da guerra entre o
princípio e a cobiça. Isso é exatamente ao que Paulo
refere-se em Romanos 7:23: “Mas vejo nos meus
membros outra lei que, guerreando contra a lei da
minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que
está nos meus membros.” O que os pensadores
chineses éticos quiseram dizer por princípio, é a lei do
bem, e o que eles quiseram dizer por cobiça, é a lei do
pecado que nos leva à morte. Por nossos próprios
esforços somos incapazes de vencer a lei do pecado; A
única maneira de sermos libertos dessa lei é pelo
modo revelado em 8:2: “Porque a lei do Espírito da
vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado c da
morte.”

A LEI DO ESPÍRITO DA VIDA


Romanos 8:2 fala da lei do Espírito da vida. Deus
não é apenas o Espírito, mas também a vida. O
próprio Deus, que é o Espírito, é vida em nós. Pelo
fato de esta vida ser o Espírito, o Espírito é chamado
de o Espírito da vida. Toda vida tem uma lei e o
Espírito da vida também possui a sua lei. A lei da vida
da ave é voar, a lei da vida do cão é latir, a lei da vida
do gato é caçar ratos, a lei da vida da galinha é botar
ovos e a lei da macieira é produzir maçãs. Não há
necessidade de ensinar uma macieira a produzir
maçãs, pois na vida da macieira há uma lei que a
“legisla” a produzir frutos segundo a sua espécie.
Nossa vida caída também possui uma lei, a lei do
pecado e da morte. Como crentes em Cristo, temos a
vida eterna, a vida divina, a vida que, na verdade, é o
próprio Deus. Por ser essa vida, a vida superior, a sua
lei é a lei superior. A lei do Espírito da vida é a função
espontânea da vida divina. Por conseguinte temos a
vida superior com a lei superior e a função superior.
O Evangelho de João fala do Espírito e também
da vida, mas nada diz da lei do Espírito da vida. Nesta
questão, Romanos 8 é uma progressão do Evangelho
de João. Em Romanos 8 o conceito de lei, a função
espontânea da vida é adicionada ao Espírito e vida.
Pelo fato de o Evangelho de João não falar da função
da vida, este livro não nos dá a maneira de aplicarmos
a vida. Contudo, com a lei do Espírito da vida falada
em Romanos 8:2, temos a maneira de aplicarmos a
vida divina.
A lei do Espírito da vida nos liberta da lei do
pecado e da morte. A maneira de cooperarmos com
esta lei divina é pormos nossa mente no espírito.
Quando o seu temperamento ou qualquer outra coisa
negativa surgir em você, não tente reprimi-la. Em vez
disso, volte a sua mente, o seu ser, ao espírito
amalgamado e invoque o nome do Senhor Jesus. A
mente posta no espírito é vida. Esta vida tem uma lei,
uma função espontânea, que nos liberta da lei do
pecado e da morte. Por meio de colocar nosso ser no
espírito, espontaneamente aplicamos a vida divina
em nosso interior à nossa situação e somos
libertados. Quando somos libertados da lei do pecado
desta maneira, temos a sensação de que estamos nos
céus e que o pecado está sob os nossos pés.
Entretanto, somos naturalmente predispostos a
tentar tratar os elementos negativos, por nós
mesmos. Às vezes até as criancinhas são tão teimosas
que recusam a ajuda da mãe e tentam resolver seus
problemas sozinhas. É muito melhor para uma
criança simplesmente desfrutar o que sua mãe pode
fazer por ela. Da mesma maneira, o modo de ser salvo
da lei do pecado é pôr o nosso ser no espírito e
desfrutar o operar espontâneo da vida divina.
Os filósofos exauriram seus esforços em tratar o
pecado,-porém, eles não foram capazes de achar o
caminho. Como vimos, o caminho é encontrado em
Romanos 8. Louvado seja o Senhor pela vida divina
em nosso espírito! Nosso espírito hoje está
amalgamado com o Espírito divino e interiormente
habitado por Ele, e podemos pôr nossa mente neste
espírito amalgamado. Fazendo isto, temos a maneira
de ser libertos da lei do pecado e da morte. Nossa
responsabilidade é apenas cooperar, pondo nossa
mente no espírito. Toda vez que pomos nossa mente
no espírito, a lei do pecado e da morte é rejeitada.

SANTIFICAÇÃO EM VIDA
Na vida de Cristo somos salvos não apenas do
pecado mas também do mundanismo. Romanos 6:22
diz: “Agora, porém, libertados do pecado,
transformados em servos de Deus, tendes o vosso
fruto para a santificação, e por fim a vida eterna.”
Neste versículo temos a questão da santificação,
Nenhum dos livros que li sobre santificação, relaciona
a santiíicação à VIda. Pelo contrário, a maioria deles
diz apenas que a santificação é uma mudança de
posição por meio do sangue de Cristo. Contudo, 6:22
nos mostra que a santificação está relacionada à vida
e é uma questão de vida.
A santificação revelada nesses capítulos de
Romanos não é uma santificação posicional exterior,
mas uma santifícação interior, disposicional. Ser
santificado é ser salvo de ser comum e mundano. Por
natureza somos todos comuns e mundanos. Não
apenas nossa conduta e comportamento exteriores
devem ser separados do mundo, mas até mesmo
nossa disposição, nosso próprio ser, também precisa
ser separado. Ao comprar um par de sapatos, você
poderá ser cuidadoso em não comprar um estilo
mundano. Contudo, se pensar apenas no estilo, você
poderá ser santificado na compra dos sapatos, mas
isso não é a santificação interior, pela vida. Para ser
santificado pela vida interior, na compra de sapatos,
você deve pôr a mente no espírito, orar ao Senhor e
perguntar-Lhe que tipo de sapatos Ele gostaria de
calçar. Se contatar o Senhor dessa maneira, a unção
interior ensiná-lo-á que tipo de sapatos comprar:
Assim, você comprará sapatos não de' acordo com as
instruções ou conceitos religiosos, mas de acordo com
a vida interior. Se a sua vida diária está de acordo
com a sua vida interior, não de acordo com os
ensinamentos ou regulamentos, você não será
comum ou mundano na compra de um par de
sapatos. Entretanto, o ponto principal não é a compra
de sapatos adequados; é que mesmo no processo da
compra do par de sapatos, você é santificado
interiormente pela vida. Nem seus sapatos, nem o seu
ser serão comuns. A santificação não é meramente o
comportamento exterior; é totalmente uma questão
relacionada ao nosso ser interior, o qual é governado
pela lei do Espírito da vida.
A unção interior também afetará a maneira como
penteamos o cabelo. Com respeito ao comprimento
ou estilo do cabelo, devemos orar: “Senhor Jesus, que
talo meu cabelo? Senhor, importo-me Contigo e com
a lei do Espírito da Tua vida. Senhor, estás vivendo
em mim. Na questão do meu cabelo quero cooperar
com a lei do Espírito da vida.” Se orar dessa maneira,
você será santificado disposicionalmente e saberá
como o seu cabelo deve ser cortado. Não se preocupe
com o louvor ou a crítica dos outros. Em vez disso,
simplesmente importe-se com a lei do Espírito da
vida em seu interior.
A MELHOR MANEIRA PARA CRESCER EM
VIDA
A santificação disposicional não é apenas uma
questão de vida; ela também nos traz mais vida. A
melhor maneira de crescermos na vida é sermos
santificados disposicionalmente pela vida. Quanto
mais somos santificados interiormente pela vida,
mais vida será dispensada a nós. Quanto mais
cooperar com o processo de santificação interior,
mais vida você desfrutará. Por esta razão 6:22 fala do
“fruto para santificação, e o fim a vida eterna”. A
santificação é executada pela vida e ela também traz
vida. É totalmente uma questão pela vida e para a
vida. Quanto mais pomos nosso ser no espírito, mais
somos separados do mundo e de tudo o que é comum.
Esta santificação resulta em mais vida para o nosso
crescimento em vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 41
SALVOS EM VIDA DO VIVER NATURAL
O livro de Romanos pode ser resumido em três
palavras: redenção, vida e edificação. as primeiros
capítulos abrangem a redenção; a porção
intermediária abrange a vida; e a última parte trata
da edificação, que é o resultado da redenção e da vida.
Na mensagem anterior vimos que depois de sermos
salvos, justificados e reconciliados com Deus, ainda
precisamos ser salvos na vida de Cristo (5:10). A
redenção, justificação e reconciliação foram
cumpridas pela morte de Cristo na cruz. Por meio da
morte de Cristo, os problemas entre nós e Deus, do
lado negativo, foram resolvidos. Mas o propósito de
Deus, do lado positivo, ainda deve ser cumprido. a
propósito de Deus não é meramente salvar-nos do
inferno ou do Seu julgamento; o Seu propósito no
universo é edificar o Corpo como a expressão
corporativa de Seu Filho. Por essa razão, o livro de
Romanos não pára com redenção ou justificação, mas
prossegue para atingir o alvo do propósito eterno de
Deus.
O único caminho que Deus usa para cumprir o
Seu propósito é vida. No capítulo cinco a questão da
vida é introduzida de uma maneira prática. Em 5:10
Paulo diz: “Porque se nós, quando inimigos, fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu
Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos
salvos pela (em — lit.) sua vida.” Notem o tempo aqui:
seremos salvos em Sua vida. Após a reconciliação,
ainda existe a necessidade de sermos salvos em vida.
Embora já tenhamos sido salvos, ainda precisamos
ser salvos. Por um lado, fomos salvos do inferno e do
julgamento de Deus. Isto foi cumprido uma vez por
todas por meio da
morte de Cristo na cruz. Mas, por outro lado,
ainda precisamos ser salvos de tantos problemas
atuais. Muitos cristãos estão esperando ir para o céu.
Contudo, se fossem subitamente transportados para o
céu, lá chegando, poderiam sentir que não estão
condizentes com a glória do céu. O céu é glorioso, mas
em muitos aspectos ainda somos tão baixos. Você
está contente com a sua maneira de ser hoje? Você
está satisfeito consigo mesmo? Estou alegre que
ainda estou no processo da salvação progressiva de
Cristo. Preciso ser salvo porque ainda estou
demasiadamente na minha vida natural. Embora não
queira estar no homem natural e fervorosamente me
esforce para estar livre do meu velho homem, devo
confessar que ainda sou natural. Portanto, preciso ser
salvo diariamente e, até mesmo, hora após hora, na
vida de Cristo, do meu homem natural.

SALVOS NA PESSOA DE CRISTO


De acordo com 5:10, precisamos ser salvos na
vida de Cristo. Somos salvos não apenas pela Sua
vida, mas também na Sua vida. Vida é a própria
Pessoa de Cristo. No Evangelho de João o Senhor
disse definitiva e enfaticamente: “Eu sou... a vida”
(14:6). Portanto, ser salvo em Sua vida é, na verdade,
ser salvo na própria Pessoa de Cristo.
A salvação de Noé e sua família na arca é um tipo
da nossa salvação em Cristo. Noé e sua família foram
salvos não pela arca mas na arca. Hoje, como crentes
em Cristo, estamos Nele como a arca de hoje. Cristo é
a nossa vida, e nós estamos Nele. Estamos sendo
salvos Nele. Se estamos Nele, estamos no processo de
sermos salvos em Sua vida.
Vimos que somos' salvos, na vida de Cristo, da lei
do pecado. A lei do pecado opera em nós espontânea
e automaticamente. Não há necessidade de nos
empenharmos para mentir ou para perder a calma.
Mentir e perder a calma são uma conseqüência
automática do operar espontâneo da lei do pecado.
Contudo, a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus,
nos liberta da lei do pecado e da morte (8:2). Uma vez
que estamos em Cristo como vida, somos
espontaneamente libertos da lei do pecado e da
morte, pela lei da Sua vida.
Também somos salvos, na vida de Cristo, do
mundanismo. Isto significa que em Sua vida somos
santificados, separados do mundo. Todos nós
nascemos numa situação mundana e fomos, então,
treinados para ser mundanos. A tendência de sermos
mundanos está em nossa natureza. Portanto,
precisamos estar na vida divina a fim de sermos
libertos _ do mundanismo. Esta vida divina nos
separa do mundanismo e nos santifica tanto
posicional quanto disposicionalmente. Não podemos
ser salvos do mundanismo por meio de seguirmos
certas instruções religiosas ou regulamentos, tais
como aqueles encontrados entre grupos religiosos.
No máximo, aderir à tais regras pode produzir apenas
uma santificação exterior, posicional. A santificação
falada em Romanos, contudo, não é meramente
posicional; ela é também disposicional, uma questão
interior que afeta as profundezas do nosso ser. Na
vida de Cristo, estamos sendo santificados
interiormente.
UMA MUDANÇA METABÓLICA
Juntamente com o fato de sermos salvos do
pecado e do mundanismo, precisamos ser salvos, em
vida, da naturalidade. Isto significa que precisamos
ser transformados. Não precisamos apenas de uma
mudança exterior, mas também de uma mudança
interior. Esta mudança interior é chamada de
transformação. Transformação envolve uma
mudança metabólica em nosso ser. Um novo
elemento, um elemento divino, santo e celestial deve
ser adicionado ao nosso elemento natural para
produzir uma mudança metabólica, orgânica. O
resultado de tal mudança é transformação.
Suponha que uma pessoa de aparência pálida
ponha maquilagem na face para melhorar a
aparência. Essa mudança é exterior; não é,
definitivamente, o resultado de transformação
interior. A maneira de Deus é diferente.
Primeiramente, Ele lava os nossos pecados para
cumprir Suas exigências justas. Então, ao
transformar-nos, Ele não está primeiramente
preocupado com a nossa aparência externa, mas com
o que somos organicamente. Continuando ti
ilustração da maquilagem, a melhor maneira de
melhorar I aparência da nossa face não é colocar
maquilagem, mas comer alimento nutritivo. Este
alimento causará uma mudança orgânica que,
finalmente, mudará a nossa aparência. Esta mudança
é transformação. Por meio da transformação interior
a nossa aparência mudará.

TRANSFORMADOS PARA A EDIFICAÇÃO DO


CORPO
Essa transformação orgânica tem muito a ver
com a edificação do Corpo de Cristo. Embora
tenhamos sido reconciliados com Deus por meio da
morte de Cristo, nós ainda somos muito naturais. Na
vida da igreja, temos crentes de muitas
nacionalidades diferentes: americanos, chineses,
mexicanos, japoneses, filipinos, ingleses, franceses,
alemães, coreanos, ganeses. Contudo, se
permanecemos em nossa posição natural, não
podemos ser o Corpo de Cristo. Como podem os
chineses serem edificados com os japoneses, ou os
ocidentais com os orientais? Apesar disso, no Corpo
de Cristo, devemos ser um e sermos edificados juntos.
Por isso, precisamos ser transformados.
Em natureza somos homens ou mulheres.
Contudo, mesmo essa distinção natural causa
problemas na vida da igreja. Um irmão, que eleva sua
posição masculina, causará problemas para as irmãs
na vida da igreja. Portanto, mesmo com respeito a ser
homens e mulheres, precisamos ser transformados
por causa da edificação do Corpo. Se permanecemos
em nossa vida natural, simplesmente não podemos
ser edificados com os outros. Se somos naturais, os
irmãos não podem ser edificados com as irmãs, nem
as irmãs com os irmãos. Além disso, se as irmãs não
são transformadas' elas não podem ser edificadas
umas com as outras. Em nossa posição natural, quer
homem ou mulher, não somos capazes de ser
edificados como o Corpo. Novamente vemos que
precisamos ser transformados, ser salvos, na vida de
Cristo, do nosso viver natural.
Ao falar com os santos ou ao responder suas
perguntas, temo ser natural. Não quero estar em
minha disposição natural. Você sabe que é
disposição? É simplesmente a nossa expressão
natural, nosso ser natural. Nossa disposição é o que
somos por natureza. Como a igreja pode ser edificada
se permanecemos em nossa disposição natural?
Como podem aqueles que diferem em suas
disposições serem edificados em um? Sem
transformação é impossível. Alguns que perceberam
isso ficaram tão desapontados, que acharam
impossível ter a vida da igreja de uma maneira
prática. Algumas vezes, eles até mesmo pensaram em
deixar a vida da igreja. Contudo, não há como
recuarmos. O “trem” no qual estamos andando vai
somente numa direção, ele nunca retorna. Mesmo
quando ficamos desapontados, o “trem” da vida da
igreja nos leva adiante. Não temos nenhuma escolha
a não ser prosseguir. Este é o nosso destino.
Nascemos para isto e, até mesmo, fomos
predestinados para isto. Simplesmente temos de
acompanhar o que o Senhor está fazendo na vida da
igreja hoje.

TODAS AS COISAS OPERANDO PARA A


NOSSA TRANSFORMAÇÃO
Algumas pessoas me disseram que estavam
cansadas de ser cristãs e que não mais o queriam ser.
Mas, uma vez que você se tornou um cristão, é
impossível deixar de sê-lo. O universo não está sob
nosso controle. Somos criaturas, e certas decisões
referentes a nós foram tomadas antes de nascermos.
Não fomos nós que decidimos nascer neste mundo.
Essa questão foi de Deus. Esse é o Seu universo e a
Sua terra, e nós somos Seu povo. De acordo com a
economia de Deus, como típicos seres humanos
devemos ser cristãos. Como cristãos, temos visto que
devemos estar na vida da igreja. Desde que não temos
nenhuma escolha nessa questão, vamos
simplesmente nos colocar na mão transformadora de
Deus e permitir-Lhe fazer Sua obra de transformação
em nós. Aqueles que são casados têm exatamente a
esposa ou o esposo que precisam. Além disso, na vida
da igreja, temos exatamente os irmãos e irmãs que
precisamos. Todos os queridos santos na igreja são
necessários para a nossa transformação. O Senhor é
soberano e devemos adorá-Lo pela Sua soberania. Ele
nunca está errado. Algumas vezes, sou tentado a ser
impaciente com a lentidão de certos irmãos ou com os
erros que cometem debaixo da soberania do Senhor.
Nesse momento, o Espírito que habita interiormente
me lembra que tudo isso é para a minha
transformação. Outras vezes sou lembrado, talvez por
minha esposa, que Deus faz todas as coisas
cooperarem juntas para o nosso bem. Todas as coisas
cooperam juntas para o bem no caminho da
transformação. Precisamos desta transformação para
sermos salvos do nosso viver natural.

A RENOVAÇÃO DA MENTE
Romanos 12:2 nos diz para sermos
transformados pela renovação da mente. A origem do
nosso problema é a nossa mente, a qual tem sido
saturada e permeada com todos os tipos de conceitos
naturais. Essa mente cheia de conceitos naturais é a
causa dos problemas na edificação do Corpo. Os
irmãos, as irmãs, os idosos e os jovens, todos têm
seus conceitos. Além disso, aqueles nascidos no
Oriente têm seus conceitos e aqueles nascidos no
Ocidente têm os deles. Como podemos ser edificados
juntos se conservamos os nossos diferentes
conceitos? Para a edificação do Corpo, precisamos da
renovação da nossa mente. Precisamos abandonar
não apenas os conceitos não cristãos, mas também os
conceitos cristãos, os conceitos que adquirimos
quando estávamos nas denominações. As
denominações são divisões formadas segundo vários
conceitos. Agora que o Senhor, na Sua misericórdia,
nos colocou juntos para a vida da igreja, precisamos
da renovação da mente. Precisamos ser
descarregados interiormente, dos nossos conceitos.
Isto está relacionado ao crescimento em vida. Quanto
mais crescermos em vida, mais seremos saturados
pela vida. Então esta vida transformará a nossa
mente organicamente. Espontaneamente, os
conceitos serão tragados pelo crescimento da vida
interior.
Temos aprendido a não discutir com os santos
com respeito aos seus conceitos. Pelo contrário,
deveríamos orar por eles e ministrar-lhes vida para
que possam crescer. Quando os santos crescem, eles
experimentam transformação na alma pela renovação
da mente. Crescendo juntos desta maneira, na vida de
Cristo, por fim chegaremos a ter uma só mente. Então
seremos um, não segundo o conceito, mas segundo a
vida interior.

MINISTRANDO VIDA
Se um irmão ou irmã sustenta um conceito
discordante, você não deveria tentar convencê-lo a
mudar. Quanto mais tentar convencê-lo, mais forte o
conceito discordante será. A melhor maneira de
ajudá-lo é permitir que a vida interior resolva o
problema dele. Suponha que você corte o braço. Após
aplicar o medicamento à ferida, deixe-a cicatrizar por
si própria. Contudo, se mexer no ferimento, você
somente atrasará a cura. A vida no corpo
posteriormente cuidará da ferida. Da mesma forma, a
melhor maneira de cuidar de uma pessoa que
discorda é não fazer nada. Se o problema é deixado,
mais cedo ou mais tarde ela ficará insatisfeita com a
sua dissenção. Ao invés de corrigi-la ou tentar
mudá-la ministre vida a ela. O que os irmãos e irmãs
precisam é do suprimento orgânico e interior de vida.
Você pode ministrar vida a alguém sem mesmo falar
muito com ele. Simplesmente olhando para ele, você
pode transmitir-lhe a vida. Não fale com os outros
segundo a árvore do conhecimento. Pelo contrário,
exercite o seu espírito para transmitir vida do seu
espírito para dentro deles. Esta vida, que é o próprio
Cristo vivo, operará dentro deles para transformá-los
interiormente. Finalmente, a vida interior lhes
renovará a mente e eles serão transformados. Então
os conceitos discordantes serão tragados.
Hoje, para a edificação da igreja, precisamos
experimentar este tipo de transformação. Quanto
mais somos transformados, mais somos salvos na
vida de Cristo. Que todos nós possamos orar para que
o Senhor nos conceda uma genuína transformação
interior e orgânica. Essa é a nossa necessidade hoje.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 42
SALVOS EM VIDA DO INDIVIDUALISMO
Romanos 5:10 é um versículo chave, pois ele
conclui uma seção e inicia outra. Este versículo inclui
tanto a morte reconciliatória de Cristo como a vida
salvadora de Cristo. A reconciliação inclui a redenção
e a justificação. Cristo morreu na cruz para a nossa
redenção; por meio da redenção fomos justificados
por Deus e reconciliados com Ele. Agora nada há
entre nós e Deus. Entretanto, temos ainda numerosos
problemas subjetivos. Por esta razão, mesmo depois
de termos sido reconciliados com Deus, ainda
precisamos ser salvos na vida de Cristo. Pelo fato de a
reconciliação por meio da morte de Cristo ser um fato
consumado, em 5:10 Paulo usou o tempo passado
com respeito à reconciliação. Mas por ainda estarmos
no processo de sermos salvos na vida, Paulo usou o
tempo futuro ao falar sobre sermos salvos na vida de
Cristo. Nesta mensagem consideraremos a questão de
ser salvo em vida do individualismo.

SETE COISAS NEGATIVAS


No livro de Romanos, Paulo tratou sete coisas
negativas das quais precisamos ser salvos. Como
vimos, o primeiro item é a lei do pecado. Dentro da
nossa carne, nosso corpo caído, a lei do pecado opera
espontânea e automaticamente. Esta lei do pecado é o
poder do mal que opera espontaneamente em nosso
interior.
O segundo item negativo é o mundanismo.
Nascemos em um meio mundano e fomos criados
para sermos mundanos. O mundanismo está em
nosso próprio ser; assim, é também uma questão
subjetiva, uma questão da nossa constituição. Não há
necessidade de ensinar uma criança a amar o mundo,
pois existe algo na sua natureza que a leva a amá-la. O
amor ao mundo é um elemento da nossa constituição
caída.
O terceiro item é o viver natural. Todos temos
uma vida natural e uma disposição natural. A nossa
própria constituição é natural. Todos estes elementos
naturais são inimigos para Deus. Deus nada tem a ver
com o nosso ser natural, nossa vida natural, nossa
força natural, nossa disposição natural ou nossa
energia natural. Esses elementos naturais são
profundos dentro do nosso ser, muito mais profundos
do que a lei do pecado. A lei do pecado está
relacionada principalmente a nossa carne, mas o
nosso ser natural é nossa pessoa. Para o bem do
propósito de Deus, precisamos ser salvos, na vida de
Cristo, do nosso viver natural.
Também precisamos ser salvos do nosso
individualismo, isto é, de sermos individuais. Pelo
[ato de que todos temos a tendência de sermos
individuais, nenhum de nós naturalmente gosta de
ser um com os outros. Nossa vida conjugal expõe o
quão individuais somos. Por sermos individuais, uma
esposa não gosta de ser dependente do esposo, e um
esposo não gosta de ser dependente da esposa. A
intenção de Deus não é ter um grupo de crentes
individuais. Pelo contrário, é edificar o Corpo para o
cumprimento do Seu propósito. Para que esse
propósito seja cumprido, precisamos ser salvos do
individualismo.
A vida de Cristo também nos salva da tendência à
divisão. Embora falemos muito acerca da unidade, na
verdade não gostamos de ser um. Ser um é ser
restringido, amarrado e, por fim, ser morto. Onde
está a unidade no cristianismo de hoje? Através dos
séculos, tem havido falta de unidade entre os cristãos.
Ao invés de unidade, tem havido divisão após divisão.
Todas as divisões provêm do elemento que tende à
divisão em nossa natureza caída.
O sexto item negativo do qual precisamos ser
salvos é o amor-próprio. Por amor-próprio queremos
dizer a aparência e expressão da pessoa natural.
Precisamos ser salvos do amor-próprio por sermos
conformados à imagem do Filho de Deus. Em muitos
aspectos ainda não temos a semelhança de Cristo.
Pelo contrário, carregamos a aparência do nosso ego.
Portanto precisamos ser salvos em vida do
amor-próprio e conformados à semelhança do Cristo
glorioso.
Finalmente, precisamos ser salvos do nosso
corpo natural. Por fim, na plena salvação de Deus,
nosso corpo será glorificado. Está chegando o dia em
que o nosso físico será transfigurado.

JUSTIFICAÇÃO, VIDA E EDIFICAÇÃO


Como um esboço completo da vida cristã e da
vida da igreja, o livro de Romanos primeiramente
revela a questão da justificação. Pelo fato de a
justificação resultar em vida, após a seção sobre a
justificação, há a seção que trata da vida. A vida
conduz à edificação, que é abordada na última parte
de Romanos. Por isso, o livro de Romanos pode ser
resumido em três palavras: justificação, vida e
edificação.
Nem a justificação nem a vida é o objetivo de
Deus. O objetivo de Deus é a edificação da igreja
como o Corpo para a expressão de Cristo e como a
casa para a habitação de Deus. Por essa razão, o livro
de Romanos começa com justificação, prossegue para
a vida e conclui com a edificação. Como aqueles que
foram salvos, redimidos, justificados e reconciliados,
não estamos preguiçosamente esperando que o
Senhor volte. Estamos sendo edificados na vida da
igreja para o cumprimento do propósito de Deus.
Começando com a justificação, devemos prosseguir
para a experiência da vida, de maneira a alcançarmos
o propósito da edificação, A menos que
experimentemos a vida e tenhamos a edificação, o
Senhor Jesus não tem como voltar.

O MAIOR OBSTÁCULO PARA A EDIFICAÇÃO


Você percebe que nós mesmos somos o maior
obstáculo para a edificação? Esta é a' razão de Paulo
não falar do Gorpo até o capítulo doze, depois de
abranger a redenção, a justificação, a santificação e a
transformação. A edificação do Corpo vem após tudo
isto. A justificação está nos capítulos um a quatro;
santificação, nos capítulos cinco a oito, e
transformação, no capítulo doze. Então, começando
com 12:4, Paulo começa a tratar da edificação do
Corpo. Aqueles que ainda são mundanos ou naturais
não podem ser edificados com outros. Para sermos
edificados juntos precisamos ser justificados,
santificados e transformados.
Todos temos problemas com a nossa mente,
emoção e vontade. Se permanecermos na mente,
emoção e vontade naturais, não podemos ser um. Os
pensamentos, conceitos e imaginações peculiares que
temos em nossa mente impedem-nos de sermos
edificados juntos. Nossa emoção é ainda mais difícil
de controlar e a nossa vontade obstinada causa
muitas dificuldades. Devido a esses problemas, a
igreja ainda não foi edificada, apesar de existir por
mais de mil e novecentos anos.
O Senhor Jesus não voltou porque Ele ainda não
tem a edificação. Apocalipse 19 indica que o Senhor
voltará para a Noiva, uma entidade corporativa. Por
fim, o Senhor terá a edificação e a Noiva. Se não
cooperarmos com Ele nesta questão, Ele encontrará
outros que hão de cooperar. Através de meus muitos
anos de experiência na vida da igreja, eu conheço as
dificuldades, mesmo a impossibilidade humana, em
ter a edificação do Corpo. Contudo tenho a plena
certeza de que o Senhor é capaz de obter a edificação.
Um dia, o Senhor terá a edificação que Ele deseja.
Creio que muitos de nós estamos desejosos de
permitir que o Senhor complete a Sua obra de
edificação da igreja. O nosso encargo não é fazer
muitas obras; é ver a genuína edificação dos santos
para a volta do Senhor.

ABRINDO-SE AO SENHOR
Para proporcionar ao Senhor a oportunidade de
ter a edificação, não devemos tentar fazer coisa
alguma. Pelo contrário, devemos simplesmente nos
abrir ao Senhor e dizer: "Senhor, percebemos que em
nós mesmos somos sem esperança. Nossa mente,
emoção e vontade são grandes problemas. Mas,
Senhor, cremos que Tu és capaz. Tu podes chamar as
coisas não existentes como existentes. Portanto,
abrimo-nos a Ti, e estamos desejosos de prosseguir
Contigo. Senhor, pela Tua misericórdia,
colocamo-nos sobre o Teu altar. Faze o que quiseres
conosco. Faça o que for necessário para tratar a nossa
mente, emoção e vontade.”

TRATANDO A MENTE, EMOÇÃO E VONTADE


A nossa vida conjugal testa o quanto temos sido
edificados. Você é realmente um com seu esposo ou
esposa? Em nossa vida conjugal, temos a
oportunidade de aprender o que significa ser
edificado na vida da igreja. Inúmeras vezes o Senhor
mostrou-me que, se não puder ser edificado com
minha esposa, não poderei esperar ser edificado com
outros. Para sermos edificados com nosso esposo ou
esposa, ou com outros na igreja, a nossa mente,
emoção e vontade devem ser tratadas.
Na restauração do Senhor, somos pela
restauração de Cristo e a igreja para a edificação do
Corpo. A questão crucial conosco, hoje, é a edificação.
A edificação depende totalmente de tratar a mente,
emoção e vontade. O problema hoje não é com o
nosso coração nem com os nossos motivos; é com a
nossa mente, emoção e vontade. Em algumas áreas
do serviço da igreja não há harmonia, porque certos
santos diferem em seus conceitos ou em seus
sentimentos. Outros são muito fortes na vontade e
sempre querem as coisas sob seu controle. Tal
vontade forte é um elemento estranho no Corpo de
Cristo. Nossos conceitos e sentimentos peculiares
também são elementos estranhos que danificam o
Corpo. Por sermos todos perturbados pela nossa
mente, emoção e vontade, precisamos da
misericórdia e graça do Senhor para
consagrarmo-nos a Ele, para que Ele possa tratar
conosco. Muitos se têm consagrado a Cristo e à igreja,
mas ainda têm problemas com sua mente, emoção e
vontade. Isso indica que o problema acerca da
edificação não é exterior, mas interior. O meio
externo da vida da igreja é um teste do nosso ser
interior; ele expõe o que está em nossa mente,
emoção e vontade.
A vida conjugal também nos expõe nessas
questões. Sem uma esposa ou esposo, não nos
conheceríamos adequadamente. Devemos agradecer
ao Senhor pela exposição em nossa vida conjugal.
Antes de casarmos, como cristãos que amavam o
Senhor e que estavam sempre buscando-O,
considerávamo-nos um tanto santos. Mas a vida
conjugal nos expôs. Toda nossa “santidade” foi
quebrada em pedaços, e descobrimos quão horrível
era a nossa condição. A vida da igreja expõe-nos
ainda mais que a vida conjugal, porque a vida da
igreja é mais intensa. Sem a vida da igreja,
poderíamos pensar que não temos problemas e que
somos por Cristo e a igreja. Entretanto, por sermos
fendidos pelos outros na vida da igreja, descobrimos
qu temos problemas interiores com a nossa mente,
emoção e vontade. Quando vemos isso, precisamos
orar ao Senhor para que nos salve em Sua vida.
Para sermos salvos em vida dos elementos
subjetivos, negativos, dentro de nós, precisamos
muito da graça do Senhor. Devemos orar: “Senhor,
não confio em mim mesmo. Eu me volto a Ti pela Tua
misericórdia. Coloco-me em Tuas mãos para que Tu
possas trabalhar em mim. Senhor, mantém-me sobre
o altar e mantém-me aberto a Ti. Para o bem da Tua
edificação, faz o que desejar s com minha mente,
emoção e vontade.” Se estivermos desejosos de
dar-nos ao Senhor dessa maneira, será possível
sermos edificados com os outros. Para sermos salvos
do individualismo e sermos edificados no Corpo,
devemos estar desejos s de que o Senhor trate nossa
mente, emoção e vontade segundo o Seu desejo.

PERMITINOO CRISTO VIVER EM NÓS


Se quisermos que a vida de Cristo nos salve,
devemos permitir que Ele viva em nós. Sim, temos
Cristo como vida dentro de nós; mas nossa mente,
emoção e vontade são muito fortes. A maior parte do
tempo, não damos a Cristo a liberdade de viver em
nós. Essa é a razão de precisarmos colocar a nós
mesmos sobre o altar, orar para que o Senhor nos
mantenha abertos a Ele, e permitir-Lhe tratar as
várias partes do nosso. ser. Então, Ele terá
oportunidade de viver em nós.
Em Gálatas 2:20 Paulo diz: “(eu) Fui crucificado
com Cristo”. O “eu”, neste versículo, está em nossa
mente, emoção e vontade. Os problemas na vida
conjugal e na vida da igreja são causados por esse
“eu”. Podemos conhecer” a doutrina de que o “eu” foi
crucificado com Cristo e proclamar isso
ousadamente, mas ainda podemos permanecer fortes
em nossa mente, emoção e vontade. Precisamos ser
cuidadosos sempre que a nossa mente estiver forte,
sempre que a nossa emoção estiver avivada e sempre
que a nossa vontade se manifestar. Uma vez que
permitimos o “eu” prevalecer, o Senhor Jesus é
destronado dentro de nós e não tem oportunidade de
viver em nós. Se destronarmos o Senhor Jesus dessa
maneira, a questão de sermos salvos em Sua vida será
meramente uma doutrina para nós. Ele não será o
único vivendo em nós; pelo contrário, o “eu”
continuará a viver.
EXPOSTOS E SALVOS
Ressaltamos que a vida conjugal nos expõe.
Quando há dificuldades, o marido culpa a mulher, a
mulher culpa o marido e ambos secretamente culpam
o Senhor. Mas se não tivéssemos exatamente a
mulher ou o marido que temos, não seríamos
plenamente expostos. Quando alguns têm
dificuldades na vida conjugal, pensam em
divorciar-se. Da mesma forma, quando alguns acham
que a igreja não é perfeita, pensam em “divorciar-se”
da vida da igreja. Muitos sonham com uma vida da
igreja ideal. Mas depois que a sua “lua-de-mel” na
vida da igreja termina, ficam desapontados. Quando
deparam com os problemas na igreja, começam a
duvidar se a igreja realmente é a igreja.
A ordenação do Senhor nunca está errada. Todos
os casamentos são divinamente ordenados para o
cumprimento do Seu propósito. Sempre que somos
expostos em nossa vida conjugal, devemos agradecer
ao Senhor. Essa exposição é para a salvação do
Senhor. A intenção do Senhor é expor-nos de modo a
salvar-nos, em Sua vida, do nosso ser natural.
Quando somos expostos, o Senhor tem oportunidade
d viver em nós. Tanto na vida conjugal como na vida
da i rr 'ja somos expostos para que o Senhor possa
viver em nós. Portanto, não culpe o marido ou a
mulher, e não culpe a igreja. Além disso, não culpe o
Senhor. Pelo contrário, você devia dizer: “Senhor,
como Te agradeço por esta situação. Eu amo a igreja,
não por ela ser perfeita, mas porque ela me expõe.
Senhor, põe-me sobre o altar e trata minha mente,
emoção e vontade para que Tu possas viver em mim.”
Quando o Senhor vive em nós, Ele nos salva. Sua
vida salvadora opera somente quando Ele tem a
oportunidade de viver em nós. Para que Ele viva em
nós, precisamos apresentar-nos a Ele. Tal
consagração envolve o tratamento prático com a
nossa mente, emoção e vontade.
Todos precisamos ser salvos na vida de Cristo.
Para isso, há a necessidade de um longo processo de
exposição, especialmente na questão do nosso
individualismo. Para sermos edificados juntos,
precisamos ser expostos com respeito a nossa mente,
emoção e vontade naturais. Uma vez que tenhamos
sido expostos, entregaremos nosso ser interior ao
Senhor e Ele estará livre para viver em nós. Então, a
vida divina nos salvará de sermos individuais.
Enquanto somos salvos em Sua vida, tornamo-nos o
Corpo e membros uns dos outros. Possa o Senhor ter
misericórdia de nós para que vejamos a nossa
necessidade de sermos salvos, em Sua vida, do
individualismo para a edificação do Corpo.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 43
SALVOS EM VIDA DA TENDÊNCIA À DIVISÃO
Romanos 5:10 fala tanto da morte de Cristo como
da vida de Cristo. Embora já tenhamos sido
redimidos, justificados e reconciliados com Deus por
meio da morte de Cristo, ainda precisamos ser salvos
em Sua vida de muitas coisas negativas. Estas coisas
negativas não são objetivas; elas são subjetivas e
estão relacionadas ao nosso ser interior. Nas
mensagens anteriores abrangemos quatro coisas
negativas, das quais somos salvos na vida de Cristo: a
lei do pecado, que é o poder espontâneo do pecado
em nossa carne; o mundanismo, que inclui tudo o que
é mundano e comum; o viver natural, que inclui a
nossa vida natural, força natural, sabedoria natural e
disposição natural; e o individualismo, a atitude e a
prática de ser individual. Nessa mensagem
consideraremos o quinto item: a tendência à divisão.

O ELEMENTO DA TENDÊNCIA À DIVISÃO


Em nossa constituição natural há um elemento
de tendência à divisão. Antes de sermos salvos,
provavelmente não percebíamos que tal elemento
existia dentro de nosso ser, que em nossa vida natural
há a tendência de sermos causadores de divisão. A
tendência à divisão é pior do que o viver natural ou
individualismo. Se alguém é individual, prefere ficar
só. Não quer que os outros o incomodem ou
intrometam-se com ele. Ele simplesmente quer ser o
que ele é. Porém, ser aquele que se divide é causar
divisão de uma maneira ativa. Ao contrário daqueles
que são individuais, os que causam divisão são ativos
na formação de partidos. Eles contatam os santos
com o objetivo de dividi-los. Eles podem, até mesmo,
viajar de lugar em lugar com a intenção de causar
divisão.
Romanos 8 diz que a lei do Espírito da vida nos
liberta da lei do pecado, e Romanos 6 fala que a vida
de Cristo está nos santificando disposicionalmente.
Em Romanos 12 é-nos dito que precisamos ser
transformados pela renovação da mente. Romanos.
12 também diz que somos um Corpo e membros uns
dos outros. Ser transformado é ser salvo do viver
natural, e ser edificado no Corpo é ser salvo do
individualismo. No capítulo doze temos
transformação e edificação; mas quando chegamos
aos capítulos catorze e quinze vemos que a vida de
Cristo pode nos salvar da tendência à divisão. Nesses
capítulos o apóstolo Paulo trata a nossa natureza
provocadora de divisão.

ACOLHENDO AOS SANTOS


Em Romanos 14, Paulo abrange a questão do
acolher aos santos. Precisamos estar desejosos de
acolher a todos os cristãos. Até mesmo no primeiro
século havia diferentes tipos de cristãos. Alguns só
comiam vegetais e outros comiam todas as coisas.
Alguns consideravam certos dias mais importantes
do que outros, e outros consideravam todos os dias
iguais. Se você tivesse vivido na época do apóstolo
Paulo, teria sido capaz de acolher a todos esses tipos
de cristãos? Precisamos acolher a todos os que têm a
fé em Cristo. Se uma pessoa crê que Jesus é o Filho de
Deus encarnado para ser um homem, que Ele morreu
na cruz pelos nossos pecados, que Ele foi ressuscitado
física e espiritualmente e que agora está à direita de
Deus, então devemos acolhê-la. Na verdade, devemos
ter a atitude de que já a acolhemos.
Contudo, o problema é que os cristãos que
comem somente vegetais podem não acolher aos que
comem todas as coisas, e os que comem todas as
coisas podem não acolher aos que comem somente
vegetais. Da mesma maneira, os que consideram
todos os dias iguais podem não acolher aos que
observam certos dias especiais e os que observam
certos dias podem não acolher aos que consideram
todos os dias iguais. Contudo, contanto que alguém
creia no Senhor Jesus, precisamos acolhê-lo, não
importando o que ele come ou se ele observa certos
dias.

CRISTO COMO A REALIDADE DAS


SOMBRAS
Todos os cristãos crêem no Senhor Jesus e na
Bíblia. Entretanto, temos entendimentos ou
interpretações diferentes de muitas coisas na Bíblia.
No capítulo 14, Paulo trata duas dessas diferenças, o
comer e a observância de dias. Comer algo é tomá-lo
para dentro de nós de modo que aquilo se torna parte
de nós, e observar um dia é seguir um ritual ou
regulamento exterior. As diferenças entre os cristãos
de hoje estão relacionadas principalmente às coisas
que eles comem e aos ritos e regulamentos exteriores
que eles observam. De acordo com Colossenses 2:16 e
17, os regulamentos na Bíblia relacionados às
observâncias exteriores são tipos e sombras de Cristo.
Em Colossenses 2:16 Paulo diz: “Ninguém, pois, vos
julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa,
ou lua nova, ou sábados.” Aqui, vemos as duas
categorias mencionadas anteriormente: o comer e as
observâncias exteriores. No versículo seguinte Paulo
mostra que tudo isso “tem sido sombra das cousas
que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.” Se eu
ficar de pé na luz, uma sombra na forma do meu
corpo será projetada atrás de mim. Meu corpo é a
realidade da minha sombra. Do mesmo modo, as
questões de comer e beber e de guardar certos dias
são sombras, mas o corpo, a realidade dessas
sombras, é Cristo.

TIPOS E SOMBRAS DE CRISTO


No Velho Testamento, Deus ordenou ao Seu povo
comer somente aquilo que era considerado limpo.
Não deveriam comer nada que fosse imundo.
Contudo, muitos do povo de Deus não perceberam
que essas regulamentações de dieta estavam
relacionadas com Cristo. Todas as coisas limpas, em
Levítico 11, tipificam vários aspectos de Cristo. Cristo
é insondavelmente rico e possui inumeráveis
aspectos, Este Cristo rico requer milhares de itens
para tipifica-lo.
Todas as coisas adequadas para o povo de Deus
comer, registrado em Levítico 11, são tipos dos
diferentes aspectos de Cristo. Além disso, as coisas
que Deus proibiu Seu povo de comer são tipos de
outras coisas além de Cristo. Tudo de Cristo é bom
para comermos, mas tudo o que não é Cristo não é
bom para o nosso comer. Isso leva-nos de volta a
Gênesis 2, onde vemos que a árvore da vida é boa
para alimento, porém, a árvore do conhecimento do
bem e do mal não o é. A preocupação de Deus,
entretanto, não é o nosso comer físico: é Cristo. Deus
somente se importa com Cristo.
Com respeito ao guardar de dias, aos olhos de
Deus, todo dia é igual. Mas, a fim de retratar Cristo,
Deus usa certos dias como sombras. Por exemplo: o
sábado é uma sombra de Cristo como nosso descanso
e satisfação. Porque Cristo é a conclusão, a perfeição
de tudo o que Deus fez, Cristo é a nossa satisfação e
descanso. Portanto, Cristo é o nosso Sábado. Da
mesma maneira, Cristo é a nossa lua nova, nosso
novo começo. Todos os dias, que ao povo de Deus no
Velho Testamento foi ordenado observar, eram
sombras de Cristo. Deus, entretanto, realmente não
se importa com aqueles dias, Ele se importa com
Cristo. Portanto, devemos agarrar tudo que é de
Cristo, mas devemos rejeitar as coisas que não são de
Cristo.
De acordo com a lei natural, nosso corpo deve ter
um dia de descanso cada semana. Descansando desta
maneira podemos trabalhar mais eficientemente nos
outros seis dias. Contudo, não importa se este dia de
descanso é o sétimo dia ou o primeiro dia da semana.
Se aplicarmos isso a Cristo, veremos que para Ele
todo dia é igual. Essa foi a percepção de Paulo em
suas Epístolas. .

CUIDANDO DOS CRENTES MAIS FRACOS


Paulo, todavia, sabia que precisamos cuidar dos
crentes mais fracos. Em Romanos 14:1 e 2 ele diz:
'Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para
discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer,
mas o débil come legumes”. Aqueles que são fortes
devem cuidar dos que são mais fracos. Embora você
possa considerar todo dia igual e crer que todas as
coisas são boas para comer, outros, que são fracos na
fé, podem observar certos dias e comer somente
vegetais. Por um lado, precisamos perceber que
tantas coisas físicas e dias especiais são tipos e
sombras de Cristo. Se virmos isso, não ficaremos
preocupados quanto ao comer ou ao guardar os dias.
Entretanto, por outro lado, muitos cristãos genuínos
não são fortes em sua fé com relação a essas questões.
Precisamos permanecer abertos a todos eles. Caso
contrário, seremos aqueles que causam divisão.

A TENDÊNCIA À DMSÃO ENTRE OS


CRISTÃOS ATUAIS
Os cristãos atuais não são apenas os causadores
de divisão, mas também divididos. Em vez de
julgarmos a tendência à divisão nos outros,
deveríamos julgar nossa própria natureza causadora
de divisão. Vimos que todos os cristãos tem a mesma
fé salvadora, crendo na Pessoa e na obra do Senhor
Jesus. A fé pela qual somos salvos é a mesma em
todos os crentes. Porém, como salientamos, é difícil
para os cristãos concordarem no seu entendimento
sobre muitas coisas na Bíblia. Até nós mesmos
podemos mudar nossa visão em relação a certas
questões. Quarenta anos atrás, interpretei certo
versículo de uma maneira, porém hoje interpreto-o
de maneira totalmente diferente. Como, então,
podemos esperar que todos os crentes em Cristo
concordem na sua interpretação da Bíblia? Isso é
impossível. Por exemplo: alguns dizem que o batismo
falado por Paulo em Romanos 6 é o batismo
espiritual, não o batismo na água. Mas outros,
igualmente fortes em sua convicção, crêem que se
refere ao batismo na água. Assim, tem havido fortes
argumentos sobre esta questão por causa das
opiniões discordantes. Os cristãos também têm
opiniões discordantes quanto a louvar o Senhor,
invocar o nome de Jesus e orar-ler a Palavra. Não
devemos esperar que todos os cristãos concordem em
seu entendimento de todas as coisas na Bíblia. Talvez
não seremos os mesmos em cada aspecto até que
estejamos na Nova Jerusalém.
Há uma forte tendência natural em todos nós de
insistir que todos os crentes sejam como nós somos.
Essa insistência causa muito mais do que a exposição
da nossa falta de sabedoria; ela expõe o próprio
elemento de tendência à divisão arraigado
profundamente dentro do nosso ser natural. Por
causa desse elemento, temos a tendência de nos
dividirmos dos outros e formarmos nosso próprio
tipo de grupo.
Em 1957, os irmãos líderes na igreja em Taipei,
tiveram encargo de visitar os líderes dos grupos
cristãos independentes naquela cidade. Alguns desses
grupos, proclamando serem não-denominacionais,
disseram que estavam reunindo-se em o nome do
Senhor Jesus. Por isso, nós os convidamos para terem
comunhão conosco. No decorrer da nossa comunhão,
os líderes desses grupos tornaram-se plenamente
convencidos de que os cristãos deveriam ser um e que
não havia razão para estarem divididos. Contudo,
esses líderes disseram que ainda queriam permanecer
sozinhos. Embora estivéssemos desejosos de que eles
tomassem a liderança e administrassem todas as
propriedades da igreja, eles ainda queriam manter
seus grupos separados. Eles apreciaram o nosso
convite, mas não desejaram ser um de uma maneira
prática. Desejávamos ser um, mas eles preferiram
permanecer numa posição de divisão.
TOMANDO A MANEIRA DO SENHOR
Que misericórdia é estar na vida da igreja!
Muitos dizem que é impossível ter a unidade hoje e
que é idealismo tentar a vida da igreja na unidade
genuína. Separados da misericórdia do Senhor, não
podemos ser um com os outros. Se o Senhor não
tivesse sido misericordioso conosco na China, nós,
irmãos, não poderíamos ser trazidos para dentro da
unidade e guardados na unidade. Mas em Sua
misericórdia, o Senhor nos tem aberto os olhos e nos
mostrado a Sua maneira. A fim de prosseguirmos,
precisamos tomar a Sua maneira. Segundo a
economia de Deus, como seres humanos devemos
crer no Senhor Jesus e sermos cristãos. Se não somos
cristãos, a vida é vã. Como cristãos, devemos tomar a
maneira do Senhor na vida da igreja. Se não
tomarmos a Sua maneira, não teremos como
prosseguir. Podemos argumentar exteriormente, mas
interiormente saberemos que estamos fora do alvo.
Não teremos descanso interior, nenhum sentimento
de que encontramos nossa casa.

NOSSA POSIÇÃO
Todos nós temos o elemento da tendência à
divisão dentro de nós. Contudo, nunca devemos
desculpar a tendência à divisão e nunca devemos dar
ocasião para sermos divisivos. Nosso destino é
sermos um com todos os cristãos genuínos. Esta
unidade é também a nossa posição na restauração do
Senhor. Muitos são ofendidos pela nossa posição por
preferirem uma posição diferente. Alguns cristãos até
nos condenam e nos acusam de dizer que somente
nós somos a igreja e que os outros não são. Em
resposta a essa acusação, algumas vezes tenho dito:
“Suponha que uma mulher seja casada com um
homem chamado Souza. Como a esposa do senhor
Souza, ela é a senhora Souza. Mas ao invés de chamar
a si mesma senhora Souza, ela chama a si mesma
senhora Silva. Quando outra pessoa reivindica ser a
senhora Souza, ela fica ofendida e diz: “Por que você
reivindica ser a senhora Souza? Como você pode dizer
que é a senhora Souza e que eu não sou?” Se ela é a
senhora Souza, por que chama a si mesma de senhora
Silva? Contudo, se você é a igreja, por que você toma
estes nomes tais como Batista, Presbiteriana,
Metodista ou Episcopal? Se você é a igreja aqui, por
que você se chama de alguma coisa a mais? Desde que
você chama a si mesmo por esses nomes, como pode
ser a igreja nesta localidade? Se nós não somos a
igreja nesta cidade, então que somos?
Que espírito causador de divisão é encontrado
entre os crentes hoje! As várias denominações e
grupos são tanto divididos como causadores de
divisão. Ainda assim, querem que outros sejam um
com eles. Certos grupos, por exemplo, somente
aceitam aqueles que foram batizados por eles. Ou
tendência à divisão! Outros grupos proíbem que as
pessoas invoquem o nome do Senhor Jesus ou
louvem ao Senhor com alta voz. Isto também é ser
causador de divisão. Se requeremos que os crentes
deixem certas práticas ou adotem outras a fim de
serem aceitos por nós, somos causadores de divisão.
Não devemos atentar para nenhuma prática, mas se
aqueles que se achegam a nós são ou não verdadeiros
cristãos. A base sobre a qual acolhemos os crentes é
nada menos e nada mais que o próprio Cristo. Não
importa que tipo de antecedentes um crente possa ter
tido, contanto que ele seja um cristão, devemos
acolhê-lo como um irmão no Senhor.

A NECESSIDADE DE CRESCIMENTO EM
VIDA
A fim de sermos salvos da tendência à divisão,
necessitamos do crescimento em vida. Não é
suficiente meramente conhecer o ensinamento sobre
a unidade. Quanto mais crescermos na vida de Cristo,
mais seremos salvos em Sua vida. Quando era um
cristão jovem, sempre perguntava aos outros cristãos
no que eles criam com respeito ao batismo ou com
respeito ao arrebatamento. Mas depois que tive certo
crescimento em vida, parei de questionar outros
crentes dessa maneira. Agora, quando contato os
santos, não lhes pergunto questões doutrinárias. Ao
invés disso, aprecio a medida de Cristo que está no
interior deles. Simplesmente não me importo com as
coisas exteriores. Se quisermos ser salvos da
tendência à divisão, precisamos crescer. Quanto
maior for a nossa medida de Cristo, menos
causadores de divisão seremos. Por ainda estarmos
na velha natureza com seu elemento provocador de
divisão, não ousamos dizer que fomos totalmente
salvos da tendência à divisão. Precisamos estar
vigilantes com respeito a este elemento causador de
divisão em nosso interior. Precisamos também orar
para que o Senhor nos conceda o genuíno
crescimento em vida para que sejamos salvos da
tendência à divisão.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 44
SALVOS EM VIDA DO AMOR-PRÓPRIO (1)
O versículo chave no livro de Romanos é o 5:10:
“Porque se nós, quando inimigos, fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu
Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos
salvos pela (em — lit.) sua vida”. A reconciliação com
Deus mediante Cristo já foi cumprida, porém a
salvação em Sua vida de tantas coisas negativas ainda
é uma questão diária.
A morte de Cristo na cruz já tratou todas as
coisas negativas. Essa é a razão pela qual nos
referimos à morte de Cristo como a morte
todo-inclusiva. Uma vez que a morte de Cristo já
tratou as coisas negativas, por que ainda precisamos
ser salvos em Sua vida? Precisamos de tal salvação,
porque precisamos experimentar o que Cristo
cumpriu por nós. Tudo o que Cristo cumpriu na cruz
é um [ato objetivo, porém precisamos da experiência
subjetiva deste fato, uma experiência em vida. Cristo
morreu na cruz como nosso substituto mas além
disso, há a necessidade de sermos identificados com
Ele em Sua morte. Ter Cristo como nossa vida é a
única maneira pela qual pode ser aplicado a nós, em
experiência, o que Cristo cumpriu na substituição.
Esta é a identificação que nos introduz na realidade
deste fato.
Em mensagens anteriores abrangemos cinco
itens dos quais precisamos ser salvos na vida de
Cristo: a lei do pecado, o mundanismo, o viver
natural, o individualismo e a tendência à divisão.
Nesta mensagem abrangeremos o sexto item, que é o
amor-próprio.

A EXPRESSÃO DO EGO
Em Mateus 16 o Senhor Jesus falou sobre negar o
ego imediatamente após ter dito a Pedro: “Arreda!
Satanás”. Embora o que Pedro estivesse falando fosse
procedente de seu amor pelo Senhor, aos olhos de
Deus, Pedro era Satanás naquele momento. De
acordo com Mateus 16, Satanás é a realidade do ego.
O ego é a encarnação de Satanás. Assim como Cristo é
a corporificação e a expressão de Deus, o ego é a
corporificação e a expressão de Satanás.
Todo ser humano é um ego. Não somente
nascemos com o ego e no ego, mas nascemos um ego.
Enquanto somos naturais, expressamos o ego. Quer
amemos ou odiemos os outros, o que expressamos é a
expressão do ego. Uma determinada pessoa pode ser
muito boa, mas ela pode ser boa apenas de uma
maneira natural. Embora possa ser cheia de amor,
seu amor é natural. Em essência, ela não é diferente
de alguém que é cheio de ódio. Aos olhos de Deus,
alguém que é naturalmente amoroso possui a mesma
essência daquele que é naturalmente cheio de ódio.
Não pense que o seu amor natural expressa Cristo e
que somente o seu ódio não o faz. Enquanto você é
natural e está no ego, o que você expressa é o ego, não
Cristo. A expressão de Cristo somente vem da vida de
Cristo.
Quando falamos de sermos salvos do
amor-próprio, na vida de Cristo, queremos dizer
sermos salvos do ego. O amor-próprio é a expressão,
a apresentação, do ego. A expressão do seu ego é seu
amor-próprio. Precisam s ser salvos de tal
amor-próprio, na vida de Cristo. Quando Cristo
morreu na cruz, Ele pronunciou a sentença de
julgamento sobre o ego, porém este julgamento ainda
precisa ser executado. Cristo julgou o ego
objetivamente; precisamos executar este julgamento
subjetivamente em nossa experiência.

CONFORMADOS A IMAGEM DO FILHO DE


DEUS
Ser salvo do ego é ser conformado à imagem do
Filho de Deus. Isso significa que ser salvo do ego é
verdadeiramente ser feito um filho de Deus. Romanos
8 fala de filhos (crianças) de Deus, de filhos de Deus e
de herdeiros de Deus (vs. 16, 14 e 17). Somos filhos
(crianças) no estágio inicial, filhos em um estágio
mais adiantado e herdeiros no estágio da maturidade.
Romanos 8:14 diz: “Pois todos os que são guiados
pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” Não
podemos ser considerados filhos de Deus até que
tenhamos o guiar do Espírito de Deus. Até então
éramos simplesmente filhos (crianças), aqueles que
clamavam “Aba Pai” e que tinham o testificar do
Espírito com o seu espírito. A fim de sermos
herdeiros precisamos tanto ser maduros como
qualificados. Nossa preocupação nesta mensagem
não é com os filhos (crianças) nem com os herdeiros,
mas com os filhos. Romanos 8:29 não diz que
seremos conformados à imagem dos filhos (crianças)
de Deus ou à imagem dos herdeiros de Deus; diz que
seremos conformados à imagem do Filho de Deus.
Por meio desse processo de conformação, o Filho
primogênito terá muitos irmãos. Como o Filho de
Deus, Cristo era o Filho único, o Unigênito. Agora,
por meio de Sua encarnação, crucificação e
ressurreição, Cristo se tornou o Filho primogênito, e
os muitos filhos, que são os irmãos de Cristo, estão
sendo conformados à Sua imagem. Romanos 1:3 e 4
dizem: “Com respeito a seu Filho, o qual, segundo a
carne, veio da descendência de Davi, e foi designado
Filho de Deus com poder, segundo o espírito de
santidade, pela ressurreição dos mortos, a saber,
Jesus Cristo, nosso Senhor.” Nesses versículos Cristo,
o Filho de Deus, é o protótipo, enquanto que em 8:29
os muitos irmãos são os que foram “produzidos em
massa” a partir do protótipo. Em 1:4 o único Filho é
designado, mas em 8:29 os muitos filhos são
conformados. A designação do único Filho está
relacionada ao protótipo; a conformação dos muitos
filhos é a obra de “produção em massa”. Tendo obtido
o protótipo, Deus agora busca obter a “produção em
massa” a fim de produzir muitos filhos à imagem do
Primogênito.
Você se parece com um filho de Deus? Embora
possa se parecer com um filho de Deus em muitos
aspectos, provavelmente na maioria dos aspectos
você não se parece. Quanto precisamos ser salvos do'
ego a fim de carregarmos a aparência dos filhos de
Deus! Na vida da igreja estamos no processo de nos
tornarmos filhos de Deus.

SANTIFICAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E
GLORIFICAÇÃO
Salientamos em algumas mensagens anteriores
que o conceito central do livro de Romanos não é a
justificação pela fé, mas é que Deus está fazendo de
pecadores, filhos, a fim de formar o Corpo para
expressar Cristo. O objetivo de Deus não é a
justificação: é o Corpo. No livro de Romanos há
seções sobre: justificação (3:21-5:11), santificação
(5:12-8:13) e glorificação (8:14-39). Também há a
seção sobre transformação (12:1-15:13). Romanos
8:30 diz: “E aos que predestinou, a esses também
chamou; e aos que chamou, a esses também
justificou; e aos que justificou, a esses também
glorificou.” Nesse versículo Paulo não menciona a
redenção ou a reconciliação. Nos capítulos 3, 4 e 5 ele
realmente fala de propiciação, redenção, justificação
e reconciliação. A propiciação é para a redenção, a
redenção é para a justificação e a justificação resulta
na reconciliação. A razão pela qual Paulo não
menciona propiciação, redenção ou reconciliação em
8:30 é elas estarem todas incluídas na justificação.
Por essa razão neste livro não há seções separadas
para propiciação, redenção ou reconciliação. Todas
são abrangidas na seção sobre justificação. No
mesmo princípio, em 8:30 Paulo não menciona
santificação ou transformação porque ambas estão
incluídas na glorificação.
Nesse versículo Paulo diz que fomos
predestinados e chamados por Deus. Antes da
fundação do mundo, Deus, de acordo com a Sua
presciência divina, nos destinou. Ele nos predestinou
na eternidade passada. Então, no tempo, Ele nos
chamou. Assim, aqueles a quem Ele preconheceu e
predestinou, Ele chamou. Quando Deus nos chamou,
Ele nos justificou. Por intermédio da justificação de
Deus, nossos problemas com Ele foram solucionados.
Isso, entretanto, não significa que a justificação
marca o fim do tratamento de Deus conosco. Após a
justificação, ainda precisamos ser santificados,
transformados e por fim, glorificados. Portanto a
santificação e a transformação são para a glorificação.
Em 2 Coríntios 3:18 diz que estamos sendo
transformados de glória em glória à mesma imagem.
Isso prova que a transformação é para a glorificação.

O PROCESSO DE GLORIFICAÇÃO
Muitos cristãos mantêm rigorosamente um
conceito objetivo de glorificação. De acordo com eles,
aqueles que foram salvos e regenerados, um dia,
subitamente, serão glorificados. A glorificação dos
crentes, reivindicam eles, acontecerá
instantaneamente na vinda do Senhor Jesus.
Algumas partes da Bíblia parecem indicar isso. Por
exemplo, Colossenses 3:4 diz que quando Cristo, que
é a nossa vida, se manifestar, seremos manifestados
com Ele em glória. Contudo 2 Coríntios 3:18 fala de
sermos transformados de glória em glória, isto é, de
um grau de glória a outro. Em 1. Coríntios 15:40 e 41
Paulo fala de diferentes tipos, ou graus, de glória.
Nesse capítulo Paulo também usa o exemplo de um
grão de semente que “não nasce, se primeiro não
morrer” (v. 36). Paulo diz: “E quando semeias, não
semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão,
como de trigo, ou de qualquer outra semente. Mas
Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar, e a cada
uma das sementes o seu corpo apropriado” (vs.
37-38). Tome como exemplo a semente de cravo.
Antes de ser semeada na terra, a semente de cravo
não tem glória. Mas após ser semeada, começa a
crescer como um delicado broto. Este é o estágio
inicial de glória. Quando ela cresce e se desenvolve
mais, passa para outro estágio de glória. Finalmente
uma flor aparece. Esta é a glória plena da semente de
cravo. Esta glória não aparece instantânea ou
subitamente. Pelo contrário, é uma questão de
crescimento gradual de um estágio de
desenvolvimento para outro. É o mesmo, em
princípio, com a nossa glorificação. Embora nossa
glorificação pareça ser uma ocorrência súbita, na
verdade ela é a consumação de um processo de
crescimento e desenvolvimento gradual em vida.

UMA MUDANÇA METABÓLICA, ORGÂNICA


Após sermos justificados, precisamos ser
santificados. A santificação está principalmente
relacionada à transformação, a qual resulta em
glorificação. Ser santificado é ser transformado, não
somente na forma exterior, mas também na natureza
interior. Transformação denota uma mudança
interior, orgânica, metabólica.
Cristo, como a semente orgânica da vida divina,
foi semeado em nós. Agora essa semente precisa
desenvolver-se dentro do nosso ser. Nascemos
naturais e comuns. A preocupação de Deus não é
mudar-nos de maus para bons, de impacientes para
pacientes, de rancorosos para amorosos. Deus se
importa apenas em fazer de pecadores, filhos,
colocando Seu Filho como a semente dentro de nós.
Aleluia! A semente da filiação foi semeada dentro do
nosso ser! Embora nosso ser seja natural, esta
semente produzirá uma mudança orgânica e
metabólica em nosso interior. Tudo o que dessa
maneira é mudado, torna-se santificado.
Novamente podemos usar o chá como uma
ilustração. Suponha ter você uma xícara de água pura,
água que tem gosto, cor, aparência e essência
naturais. A água é natural por simplesmente ser água,
não por estar limpa ou suja. Uma pessoa que deseja
fazer chá, não está satisfeita com água pura; pelo
contrário, ela quer água-chá. A fim de mudar água
natural em água-chá, folhas de chá precisam ser
postas na água. Então a essência do chá trabalhará
dentro da água para “chaificá-la”. Por meio desse
processo de “chaificação” a água terá, por fim, a
aparência e o gosto de chá. Na realidade, após a água
ter sido permeada com a essência do chá, ela não
mais será chamada água, será chamada chá.
Somos um copo de água comum, natural. Quer
sejamos limpos ou sujos, puros ou impuros, somos
naturais porque somos “água”. Porém, Deus colocou
Cristo, o “chá” celestial, dentro de nós, e o elemento
orgânico desse “chá” está causando uma mudança
metabólica em nossa vida natural. Dia a dia, Cristo
está transformando-nos com a Sua essência.

DEUS FAZENDO TODAS AS COISAS


COOPERAREM PARA O BEM
Deus não somente trabalha em nós a partir do
interior, mas também faz todas as coisas cooperarem
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o propósito. Como adoro a
Deus por Ele estar fazendo todas as coisas
cooperarem! Por causa do Seu trabalhar, por fim
seremos todos conformados à imagem do Filho de
Deus. Todos na Nova Jerusalém serão a imagem do
Filho de Deus. Esse é o trabalho de Deus, não o nosso.
A fim de completá-lo, Ele faz todas as coisas
cooperarem para o bem.
Os versículos 29 e 30 indicam que toda a obra é
de Deus. Ele preconheceu, Ele predestinou, Ele
chamou, Ele justificou e Ele glorificou. Repare que os
verbos aqui estão no tempo passado. Segundo o
versículo 30 até mesmo a glorificação já foi
completada. Embora possamos crer facilmente que
fomos predestinados, chamados e justificados,
podemos ter dificuldades em crer que já fomos
glorificados. Mas aos olhos de Deus, não existe o
elemento tempo. Aos Seus olhos nós já fomos
glorificados.
Sempre que fico desesperado acerca da situação
atual, o Senhor me conforta e me encoraja a
descansar, pois Ele está fazendo toda a obra. Na
realidade, em certo sentido, a obra já foi terminada.
De acordo com o livro de Apocalipse, Satanás está no
lago de fogo e a Nova Jerusalém foi edificada. O fato
de que o apóstolo João pôde ver Satanás no lago de
fogo e a Nova Jerusalém descendo do céu indica que,
aos olhos de Deus, essas coisas já aconteceram.
Portanto, tenho total segurança em dizer que, quer
você seja preguiçoso ou diligente em buscar o Senhor,
um dia você será a imagem do Filho de Deus.
Todos nós estamos sendo santificados e
transformados, quer sintamos ou não que algo está
acontecendo em nosso interior. Se comparar a sua
situação hoje com a maneira que era há vários anos,
você adorará o Senhor e O agradecerá pela obra
santificadora que Ele tem feito em você. Uma vez que
o Senhor tenha nos “chaificado”, não podemos ser os
mesmos, mesmo se decidirmos deixar a vida da igreja
e voltar para o mundo. Você pode retomar ao mundo,
mas não será capaz de erradicar a obra de
santificação e transformação que o Senhor fez em seu
interior. Por contatar Cristo c H igreja, algo em nosso
interior acontece organicamente. Dia a dia, o Senhor
está santificando-nos e transformando.

O ESPÍRITO INTERCESSOR
Embora ninguém goste de sofrer, quanto mais
sofremos, mais somos santificados. Quando recordo
os santos na presença do Senhor e oro por eles,
freqüentemente oro para que eles tenham paz e
alegria. Não sabendo como orar pelos santos,
algumas vezes gemo diante do Senhor, reconhecendo
que somente Ele conhece a real necessidade deles.
Como 8:26 diz: “O Espírito, semelhantemente, nos
assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar
como convém, mas o mesmo Espírito intercede por
nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis.” Em
nosso gemer, o Espírito intercessor ora para os santos
serem conformados à imagem do Filho de Deus.

O OBJETIVO DA GLORIFICAÇÃO
Algumas vezes, podemos não ficar contentes com
a maneira que o Senhor trata conosco. Por exemplo:
um irmão pode não estar contente com a esposa que
tem, pode pensar que outro irmão tem uma esposa
muito melhor do que a dele. Mas todos nós temos o
esposo ou a esposa que é melhor para nós. Tudo o que
o Pai nos dá é o melhor. Ele sabe o que precisamos.
Aqueles que sofrem estão verdadeiramente sob Sua
bênção. Cada esposa, cada esposo e cada ambiente é o
melhor. Tudo o que acontece conosco é o melhor de
Deus para nós. Você deve louvar ao Senhor não só
quando tem um excelente emprego, mas também
quando está desempregado. Pode haver épocas em
que o desemprego é melhor para você do que um bom
emprego. O Senhor nunca está errado na maneira em
que trata conosco. Ele sabe o que está fazendo.
Louvado seja o Senhor porque agora Ele nos está
santificando e transformando a fim de nos glorificar!
Por meio da obra de transformação Ele nos está
conformando à imagem de Seu Filho. Não separe
santificação, transformação e conformação; todas as
três estão inter-relacionadas e têm como objetivo a
glorificação. Hoje estamos no processo de
glorificação. Um dia, quando este processo for
completado, estaremos todos na glória.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 45
SALVOS EM VIDA DO AMOR-PRÓPRIO (2)
Romanos 1:4 diz que Jesus “foi designado filho
de Deus em poder, segundo o Espírito de santidade,
procedente. da. ressurreição dos mortos.” A
divindade e a glória de Cristo como o Filho de Deus
estavam ocultas em Sua carne. Ninguém tinha uma
visão que pudesse penetrar em Sua carne para ver
que Ele era o glorioso Filho de Deus. Mas após ter
passado pelo processo de morte e ressurreição, Ele foi
designado Filho de Deus, isto é, foi apontado e
manifestado como sendo o Filho de Deus.

DESIGNADO SEGUNDO O ESPÍRITO DE


SANTIDADE
Esta designação era segundo o Espírito de
santidade. O Espírito de santidade, no versículo 4,
está em contraste com a carne, no versículo 3, que
fala de Cristo como a semente de Davi, segundo a
carne. Assim como a carne no versículo 3 refere-se à
essência humana de Cristo, assim também o Espírito
neste versículo não se refere à Pessoa do Espírito de
Deus, mas à essência divina de Cristo, que é “a
plenitude da Deidade” (Cl 2:9 — lit.). Esta essência
divina de Cristo, que é o próprio Deus Espírito (Jo
4:24), é de santidade, cheia da natureza e qualidade
de ser santo. Portanto, Cristo foi designado, segundo
essa essência santa e divina.
Por meio de Sua ressurreição, Cristo tornou-se o
primogênito Filho de Deus, pleno da essência da
santidade de Deus, não apenas em Seu Espírito, mas
também em S li corpo. Antes da Sua morte e
ressurreição, a santidade (k Deus estava no espírito
de Cristo, mas essa essência santa não havia sido
manifestada em Sua carne. Em outras palavras, ela
não havia permeado Sua carne. Foi por meio da
morte e ressurreição que a essência santa de Deus
saturou o corpo físico do Senhor Jesus.

TODAS AS COISAS OPERANDO PARA


TRANSFORMAR-NOS METABOLICAMENTE
Romanos 8:29 diz: “Porquanto aos que de
antemão conheceu, também os predestinou para
serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” O fato de
o versículo 29 começar com a palavra “porquanto”
indica que ele é uma continuação do versículo 28, que
diz que Deus faz todas as coisas cooperarem para o
bem. Como veremos, Deus faz todas as coisas
cooperarem para a nossa designação como filhos de
Deus.
Temos visto que Cristo foi designado Filho de
Deus segundo a essência divina de santidade, por
meio do processo da morte e ressurreição. Como
pessoas salvas, temos o Filho de Deus em nosso
espírito. No exato momento em que fomos salvos, Ele
foi semeado dentro de nós. Mais uma vez, o Filho de
Deus está oculto na humanidade, desta vez em nossa
vida humana, em nossa humanidade, em nossa carne.
Não há dúvida de que o Filho de Deus, como a
essência divina de santidade, está no interior de cada
crente. Mas essa essência santa está oculta e
confinada dentro do nosso homem natural. Por essa
razão, Deus faz todas as coisas cooperarem para o
bem a nosso favor. Dessa maneira, somos
processados, isto é, somos transformados
metabolicamente. Nossa esposa ou esposo, nossos
filhos e nosso ambiente são todos o que há de melhor
para esse processamento. O Senhor Jesus foi
processado por meio da morte e ressurreição; agora
estamos sendo processados por meio da cooperação
de todas as coisas.
Todas as coisas estão cooperando para
transformar-nos metabolicamente. Cristo como a
semente orgânica, a essência orgânica em nosso
espírito, precisa permear e saturar todo o nosso ser.
Por fim, nossa humanidade será saturada com essa
essência divina. Essa saturação é a santificação e
também é um tipo de designação. Um elemento
orgânico está operando dentro de nós para nos
transformar por meio de permear-nos e saturar-nos
com a essência divina de santidade, que é, na
verdade, o próprio Filho de Deus.

TRANSFORMAÇÃO ORGÂNICA
Isso não é uma mera mudança exterior. O
conceito de mudança exterior é ético e religioso. O
conceito divino não é corrigir-nos exteriormente; é
transformar-nos interior e organicamente com o
próprio Cristo como a essência santa. Esse processo
de metabolismo espiritual envolve permeação e
saturação. Quer percebamos ou não, um processo
metabólico está ocorrendo dentro do nosso ser. Por
exemplo: depois de comermos uma refeição, nosso
estômago começa a trabalhar organicamente no
alimento para digeri-lo, a fim de que possa ser
assimilado. Isso ocorre quer sintamos ou não, quer
concordemos ou não. No mesmo princípio, estamos
todos passando pelo processo de santificação de
Deus, quer estejamos cientes dele ou não. Quanto
mais permanecemos na vida da igreja e quanto mais
somos um com a igreja, mais somos santificados. Por
fim, por meio desse processo santificador, estaremos
todos na Nova Jerusalém.
Não há necessidade de você orar
desesperadamente para que o Senhor o transforme.
Tal oração desesperada pode auxiliar sua digestão
espiritual, mas na verdade não afeta o processo de
saturação. Simplesmente permaneça na vida da igreja
e finalmente você será transformado em pedra
preciosa.

CONFORMADO PARA GLORIFICAÇÃO


A fim de sermos salvos do nosso amor-próprio,
da expressão do ego, precisamos de conformação e
glorificação. Para vermos claramente essa questão,
precisamos unir os versículos 1:4 e 8:29. Como
ressaltamos na mensagem anterior, no versículo 1:4
temos a formação do protótipo, mas em 8:29 a obra
de “produção em massa.” No versículo 1:4 temos a
designação do Filho de Deus individualmente,
enquanto que no versículo 8:29 temos a saturação,
santificação, designação e conformação de muitos
filhos coletivamente. O princípio em cada caso é o
mesmo.
Com respeito ao Senhor Jesus, o Espírito de
santidade estava dentro Dele antes de Sua morte e
ressurreição. Essa essência santa saturou e permeou a
humanidade do Senhor, incluindo Sua carne. Como
crentes no Senhor Jesus também temos a essência
divina de santidade, que é Espírito de santidade, o
próprio Cristo, em nosso espírito. Pelo fato de a
essência santa estar ainda oculta em nossa
humanidade, precisamos passar por um processo
debaixo do arranjo soberano de Deus, que capacitará
essa essência a saturar todo o nosso ser. A fim de que
esse processo seja concluído, necessitamos que
muitas coisas cooperem para o nosso bem. Na vida da
igreja estamos ajudando a processar uns aos outros.
Todos vocês são parte do processo para mim e eu sou
parte do processo para vocês, A fim de sermos
processados, necessitamos uns dos outros. Separados
da misericórdia e graça do Senhor, ser-nos-ia difícil
suportar uns aos outros. Louvado seja o Senhor,
porque estamos juntos processando uns aos outros, a
fim de sermos designados filhos de Deus!
Quando encontrei um certo irmão, muitos anos
atrás, ele era bastante bondoso e amável de uma
maneira natural. Alguns anos mais tarde, notei que
uma verdadeira mudança havia ocorrido dentro dele.
Hoje, após muitos anos sendo processado, esse irmão
é não apenas um homem bondoso, mas um homem
permeado e saturado. Tal mudança ocorreu nesse
irmão, por ser ele processado na vida da igreja.
Nenhum de nós pode ficar na vida da igreja e
permanecer o mesmo, pois na vida da igreja estamos
sendo submetidos ao processo de santificação,
transformação e designação. Estamos sendo
transformados e conformados à imagem do Filho de
Deus, não de acordo com ensinamentos,
regulamentos ou formas, mas de acordo com o
Espírito de santidade. Essa essência divina, que é o
próprio Filho de Deus, está trabalhando
organicamente dentro de nós a fim de
transformar-nos por permear e saturar todo o nosso
ser.
CONDUZINDO MUITOS FILHOS À GLÓRIA
Hebreus 2:10 diz que Deus está conduzindo
muitos filhos à glória. Esse versículo indica que
estamos no nosso caminho para sermos glorificados,
pois agora mesmo o Pai está conduzindo-nos à glória.
O versículo 11 mostra a maneira pela qual o Pai está
conduzindo os muitos filhos à glória: “Pois, tanto o
que santifica, como os que são santificados, todos
vêm de um só. Por isso é que ele não se envergonha
de lhes chamar irmãos.” Aquele que santifica é Cristo
como o primogênito Filho de Deus e aqueles que
estão sendo santificados são os crentes em Cristo
como os muitos filhos de Deus. Dizer que Ele e nós
somos todos de um só refere-se ao Pai como a fonte.
Tanto o Filho primogênito como os muitos filhos de
Deus são nascidos do mesmo Pai em ressurreição (At
13:33; 1Pe 1:3). Portanto, o Filho primogênito e os
muitos filhos têm uma fonte, uma vida, uma natureza
e uma essência. Pelo fato de Ele, o Filho primogênito,
e nós, os muitos filhos, sermos o mesmo na vida e
natureza divina, Ele não se envergonha de
chamar-nos irmãos. Assim, Hebreus 2:12, falando de
Cristo, diz: “A meus irmãos declararei o teu nome.”
O Santificador é Aquele que está conduzindo
muitos filhos à glória. Ele está conduzindo-nos à
glória por santificar-nos. Cristo não nos santifica por
meio de ajustar-nos exteriormente ou conformar-nos
a certos regulamentos externos. Pelo contrário, Ele
nos está santificando por ser a essência dentro de nós.
Hoje Cristo é o Espírito de santidade, a própria
essência divina de santidade operando
organicamente dentro do nosso ser. Ele nos santifica
por saturar-nos com essa essência santa. Isso envolve
um processo de metabolismo espiritual. Por
santificar-nos dessa maneira, Ele nos está
conduzindo, os muitos filhos, à glória.
O próprio Santificador é o elemento santificador
que está operando dentro de nós. Embora possamos
não estar conscientes do operar de Cristo dentro de
nós, apesar disso, Ele está operando a fim dê saturar
o nosso ser com a essência santificadora. Camada por
camada e parte por parte, Ele nos está permeando
Consigo mesmo.

A ESSÊNCIA SANTA DE DEUS IMPOSSÍVEL


DE SER ELIMINADA
Quanto mais permanecemos na vida da igreja,
mais permear e saturação recebemos. Uma vez que
essa essência santa lhe tenha saturado, é impossível
eliminá-la, pois ela permeou seu ser orgânica e
metabolicamente. Nem mesmo sua apostas ia pode
eliminar a essência santa que permeou você, ela é
indestrutível. Se você tornar-se um apóstata após ter
sido saturado com a essência de santidade na vida da
igreja, então você será um apóstata que foi um pouco
saturado com o elemento santo de Deus. Você
simplesmente não pode desfazer o que Deus fez
dentro de você. Por estar na vida da igreja, por um
certo período de tempo, você esteve numa “clínica”
onde recebeu uma “injeção”. Após receber a
“injeção”, você pode lamentar-se de que o elemento
de santidade tenha sido injetado em você. Mas é tarde
demais para lamentos. Não importa o que faça, o
elemento da essência santa de Deus que foi injetado
permanecerá com você. Não importa onde vá, essa
essência, esse elemento santificador, permanecerá
em você. Louvado seja o Senhor por operar dentro de
nós de tal maneira orgânica! Louvado seja Ele pelo
processo de santificação, que nos conforma para
glorificação!
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 46
REINANDO EM VIDA PELA GRAÇA
Nas mensagens anteriores, abordamos um certo
número de coisas negativas das quais precisamos ser
salvos na vida de Cristo: a lei do pecado,
mundanismo, viver natural, individualismo, divisão e
amor-próprio. Agora, passamos à questão de reinar
em vida.

A GRAÇA REINANDO PARA A VIDA, ETERNA


Romanos 5:17 diz: “Se pela ofensa de um, e por
meio de um só, reinou a morte, muito mais os que
recebem a abundância da graça e o dom da justiça,
reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus
Cristo.” Este é o único versículo da Bíblia que [ala
sobre reinar em vida. Acompanhando o versículo 17,
o versículo 21 diz: “A fim de que, como o pecado
reinou pela morte, assim também reinasse a graça
pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo
nosso Senhor.” Talvez você tenha ouvido que a graça
é abundante, mas provavelmente nunca tenha tido a
idéia de que a graça reina. Mas a graça é um rei
reinando sobre todas as coisas. Embora, no texto, o
versículo 21 venha após o 17, na experiência, ele vem
antes. De acordo com o versículo 21, a graça reina
para a vida eterna, o, que significa que o reinar da
graça resulta em vida eterna. E nesta vida eterna que
nós reinaremos.
Apesar de haver muitos livros cristãos sobre
vitória e vencedor, eu não conheço qualquer livro
sobre reinar em vida. Muitos livros foram escritos
sobre reinar com Cristo no reino milenar. Contudo,
reinar em vida não deveria ser um assunto apenas
para o futuro. Esta deve ser nossa experiência hoje.
Não me contento com promessas sobre ser um rei no
futuro;:u desejo reinar em vida como um rei hoje. Em
5:17, Paulo não se refere ao reino milenar. Se
considerar esse versículo no contexto, você perceberá
que Paulo está falando sobre nosso viver diário atual.
Louvado seja o Senhor, porque mesmo hoje podemos
ser reis em vida!

UMA CONTINUAÇÃO DO EVANGELHO DE


JOÃO
Antes de explorarmos melhor o fato de reinar em
vida precisamos considerar a relação entre o
Evangelho de João e o livro de Romanos. Romanos é
uma continuação de João. João 1:4 diz: 'Avida estava
nele”, e o versículo 14 do mesmo capítulo diz: “O
Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça
e de verdade”. O versículo 16 continua: “Porque todos
nós temos recebido da sua plenitude, e graça sobre
graça.” Portanto, no primeiro capítulo do Evangelho
de João, temos vida e graça. Em João 10:10b, o
Senhor Jesus diz: “Eu vim para que tenham vida e a
tenham em abundância.” João 8 fala de certas coisas
negativas como pecado e morte. O versículo 24b diz:
“Porque se não crerdes que eu sou, morrereis nos
vossos pecados.” Isso significa que aqueles que não
creem no Senhor Jesus permanecerão na morte.
Além do mais, no versículo 34, o Senhor tem uma
palavra sobre ser escravo do pecado: “Em verdade,
em verdade, vos digo: Todo o que comete pecado, é
escravo do pecado.” No versículo 36, o Senhor fala
sobre ser liberto: “Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres.” Os que estão sob a
escravidão do pecado e da morte podem ser libertos
pelo vivo Filho de Deus, Aquele que é a realidade viva.
Assim, no. Evangelho de João temos vida, graça,
abundância de vida, pecado, morte, escravidão e
libertação do pecado e da morte.
Todos estes fatores também são encontrados em
Romanos, onde a verdade acerca deles é mais
desenvolvida. Embora, tanto João quanto Romanos
abordem muitos dos mesmos assuntos e até usem um
certo número de termos iguais, o Evangelho de João
não fala de graça reinante, nem de remar em vida. O
uso da palavra “reinar” em Romanos com respeito a
graça e vida mostra um desenvolvimento significativo
sobre o que é abrangido no Evangelho de João.
Embora o Evangelho de João seja rico e profundo e
embora fale da abundância de vida, nada diz sobre o
reino da graça nem sobre o reino da vida. Por Paulo
ter sido alguém reinando em graça e em vida, ele
pôde falar sobre tais coisas em Romanos. Em
contraste a muitos cristãos hoje, Paulo não estava
esperando pelo milênio para reinar com Cristo.
Em Romanos 5, é-nos dito que a graça reina e
que aqueles que recebem abundância de graça podem
reinar em vida: Porque a graça reina para a vida
eterna, nós também podemos reinar em vida.
Reinar é ser um rei, é subjugar algo e reinar
sobre ele. Reinar também significa ter um domínio ou
um reino. Nossa vida cristã hoje deveria-ser não
apenas uma vida vitoriosa e vencedora, ela deveria
ser também uma vida de rei, uma vida reinante. Dia
após dia, podemos ser reis.

REINANDO SOBRE OS TRÊS MAIORES


INIMIGOS
Como reis reinando em vida, devemos subjugar
os inimigos e reinar sobre eles. Não considere sua
esposa ou seu marido como um inimigo sobre quem
você deve reinar. De acordo com o Evangelho de João
e o livro de Romanos, nossos maiores inimigos são o
pecado, a morte e Satanás. Nem mesmo nosso mau
gênio é um dos inimigos básicos. Se o pecado, a morte
e Satanás forem vencidos, seu temperamento
também será vencido e até se tornará algo belo. O
pecado é o que faz seu temperamento ser repugnante.
No mesmo princípio, a razão do ego ser tão feio é que
o pecado, a morte e Satanás fazem sua morada em
nós. Se estas coisas forem subjugadas, até nosso ego
será bonito. Portanto, temos apenas três inimigos
principais — o pecado, a morte e Satanás.
Paulo trata com esses inimigos no livro de
Romanos. Em 8:2, que fala da lei do pecado e da
morte, vemos dois dos inimigos — o pecado e a
morte. Então, em 16:20, Paulo se refere a Satanás: “E
o Deus da paz em breve esmagará debaixo dos vossos
pés a Satanás.” Não espere ser um rei sobre sua
esposa ou seu marido. Maridos, com respeito às
esposas, o Senhor os indicou para serem o cabeça,
mas não para serem um rei reinando sobre elas. Os
pais não devem serreis sobre os filhos. Pois devemos
reinar como reis sobre o pecado, a morte e Satanás.
Quanto aos membros de nossa família e aos irmãos e
irmãs na igreja, nós somos servos. Mas quanto ao
pecado, à morte e Satanás, nós somos reis.

DEUS DISPENSADO PARA DENTRO DE NÓS


PARA SER NOSSA PORÇÃO
Se quisermos saber o que significa graça para
reinar para a vida eterna, devemos ter um
entendimento adequado da graça. Graça é o próprio
Deus dado a nós em Cristo e dispensado para dentro
do nosso espírito para ser a nossa porção. Se tivermos
um completo conhecimento da Bíblia, perceberemos
que Deus não tem intenção de nos dar nada além
Dele mesmo. Todas as coisas fora de Deus são
vaidade. Salomão, o rei sábio, disse: “Vaidade de
vaidades! Tudo é vaidade” (Ec 1:2). Nas palavras do
apóstolo Paulo, todas as coisas fora de Cristo são
refugo (Fp 3:8). Nossa única porção é o próprio Deus
e graça é Deus como nossa porção, para nossa
participação, experiência e desfrute.
Se considerarmos João 1:1 e 1:14 no contexto,
veremos que graça é Deus vindo a nós para ser
dispensado a nós para o nosso desfrute. João 1:16 diz:
“Porque todos nós temos recebido da sua plenitude, e
graça sobre graça.” Em Romanos 5:17, Paulo fala
sobre receber não somente graça, mas a abundância
da graça. Porque graça é viva e cresce, ela é
abundante. Esta graça abundante também reina. A
graça não é um elemento sem vida, é uma Pessoa
viva, a saber o próprio Deus.

DOIS REIS
Em Romanos 5, tanto o pecado como a graça são
personificados. Como o versículo 21 mostra, ou o
pecado ou a graça. podem reinar, a graça
positivamente e o pecado negativamente. O pecado é
a corporificação da natureza maligna de Satanás em
nossa carne, e a graça e Deus em Cristo corporificado
em nosso espírito. Portanto, temos dois reis — pecado
e graça — em nós. Em nossa carne, temos o rei do
pecado e em nosso espírito, temos o rei da graça. Em
nós uma batalha está sendo travada entre estes dois
reis.

RECEBENDO ABUNDÂNCIA DA GRAÇA


Você pode estar ansioso para saber como pode
ter a abundância da graça. O único caminho para
obtê-la e recebe-la. Para receber, não trabalhamos
nem pagamos um determinado valor. Nós
simplesmente recebemos. Tanto Joao como Romanos
falam sobre receber graça. Vimos que João 1:16 diz
que temos recebido de Sua plenitude e graça sobre
graça. Em Romanos 5:17, Paulo fala sobre
recebermos a abundância da graça. Precisamos vir ao
verdadeiro Deus que é graça e receber graça mais e
mais até sermos preenchidos com graça. Somente
quando estamos enchidos com graça, podemos
experimentar o reinar da graça. Quando permitimos
que a graça nos encha ela abunda em nos, e, então,
reina em nós. A graça reinante sempre segue e graça
abundante.
Se somos carentes da graça, ela não pode remar
em nos. Somente quando a graça nos enche até à
borda e então transborda, podemos experimentar o
reinar da graça . Quando a graça reina, o pecado, a
morte e Satanás são subjugados e estão debaixo dos
nossos pés, e nos tornamos reis em graça. Quando a
graça reina em nós, reinamos em vida.
Não considere que a experiência de reinar em
vida pela graça seja uma impossibilidade. Posso
testificar que é certamente possível reinarmos em
vida sempre que somos enchidos com graça, pois a
graça transborda e rema. Então, pela graça, reinamos
em vida sobre o pecado, a. morte. e Satanás. Não
apenas somos libertos dos três inimigos principais,
mas reinamos sobre eles. O princípio do reinar em
vida é revelado no capítulo cinco, mas a experiência
do remar em vida está no capítulo oito. Reinar em
vida é maior e mais elevado do que ser salvo na vida
de Cristo.

ABRIR-SE PARA SER ENCHIDO


Quanto a essa questão, doutrina, ensinamento e
exortação não têm valor. Em certo sentido, nem
mesmo nossa oração é efetiva para capacitar-nos a
reinar em vida pela graça. A única coisa que funciona
é ir à fonte divina e abrirmo-nos a nós mesmos das
profundezas do nosso ser para sermos enchidos com
Deus como graça. Para sermos enchi dos, devemos
pedir ao Senhor que remova todo isolamento e
frustração. Precisamos orar: “Senhor, eu estou
desejoso de que todo obstáculo seja removido. Quero
manter-me aberto para Ti. Senhor, enche-me
completamente Contigo mesmo como graça.” Onde
quer que você esteja, no trabalho, na escola ou em seu
carro, comece a se abrir para o Senhor, para ser enchi
do com Ele como graça. Isso é o que significa receber
a abundância da graça. Quando receber graça desse
modo, você será enchido com graça e finalmente a
graça transbordará do seu interior. Assim, você
reinará em vida pela graça sobre o pecado, a morte e
Satanás. Em sua experiência, esses três inimigos
serão completamente subjugados.
Pecado, morte e Satanás ainda estão trabalhando
em nosso interior. Mas se nos voltarmos à fonte ceies
tia I e abrirmo-nos a nós mesmos inteiramente para
sermos enchidos com graça, reinaremos sobre eles
em vida. Esta é a nossa necessidade hoje na vida da
igreja. Embora eu aprecie muito tudo o que está no
Evangelho de João, devemos ir de João a Romanos
5:17 e 21 para receber abundância da graça a fim de
que a graça possa reinar em nós e nós possamos
reinar em vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 47
O SIGNIFICADO DE REINAR EM VIDA
A intenção de Deus ao criar o homem era que o
homem O expressasse à Sua imagem e O
representasse com Seu domínio e autoridade. Isso
significa que Deus pretende que o homem O desfrute
como vida e reine nesta vida. De acordo com Gênesis
1, o homem é que deve reinar sobre a terra e
especialmente sobre as coisas que rastejam, em
particular sobre a serpente. Gênesis 1:28 diz que Deus
comissionou o homem para sujeitar a terra, para
conquistá-la. Conquistar algo envolve derrotar um
inimigo e tomar suas posses. Por derrotar o inimigo e
tomar suas posses, nós reinamos sobre ele. Por isso,
no princípio, Deus pretendia que o homem fosse um
rei em Sua vida sobre Satanás, o rastejante.

GRAÇA E PECADO
Satanás antigamente era o único inimigo de
Deus. Numa certa altura, esse inimigo injetou-se a si
mesmo como pecado para dentro do homem de uma
maneira ilegal e maligna. Quando Satanás injetou sua
natureza maligna para dentro do homem, Satanás se
tornou pecado. Pecado é algo originado por Satanás.
É, na verdade, o próprio Satanás injetado no homem.
É útil ver a diferença entre pecado e mal, ambos
mencionados em Romanos 7. Em 7:20, Paulo diz:
“Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem
o faz, e, sim, O pecado que habita em mim.” Em nossa
carne habita algo chamado pecado. No versículo 21,
Paulo diz: “Então, ao querer fazer o bem, encontro a
lei de que o mal reside em mim.” No versículo 20,
Paulo fala de pecado, mas no 21, de mal.
Para entender a diferença entre pecado e mal,
precisamos ver que antes da criação do homem, Deus
tinha um único inimigo, Satanás, o diabo. Então Deus
criou o homem. Na época da criação, o homem era
puro, limpo e inocente. Então Satanás injetou-se para
dentro do homem e se tornou pecado no homem.
Como mostramos, pecado é Satanás encarnado no
homem.
Romanos 5:21 fala sobre pecado, graça, morte e
vida: '~ fim de que, como o pecado reinou pela morte,
assim também reinasse a graça pela justiça para a
vida eterna, mediante Jesus Cristo nosso Senhor.”
Conforme este versículo, o pecado reina pela morte e
a graça reina para a vida eterna. Aqui vemos um
contraste vivo entre o reino do pecado e o reino da
graça. Aqui há também um contraste entre morte e
vida. Assim como o pecado é Satanás encarnado, a
graça é Deus encarnado. Isto é provado por João 1:14,
que diz que a palavra, que é Deus, tornou-se carne,
cheia de graça e de realidade. Portanto, graça é Deus
encarnado em nós. Graça é Deus entrando no
homem. Se Deus permanecer fora do homem, não há
graça. Embora existam outros atributos divinos além
do entrar de Deus no homem, não há graça fora de
Deus encarnado no homem. Quando Deus e o homem
estão juntos de maneira misturada, há graça. Embora
seja difícil achar um versículo na Bíblia que fale de
graça fora do relacionamento entre Deus e o homem,
há muitos versículos na Bíblia que mostram que graça
é uma questão do relacionamento de Deus com o
homem.
No mesmo princípio, quando Satanás está
separado do homem, não há pecado. Mas uma vez
que Satanás entra em nós, há pecado em nós. Por
isso, pecado é Satanás relacionado com o homem
subjetivamente. Quão precioso é esse entendimento
sobre graça e pecado!

PECADO E MAL
Se tivermos esse entendimento, seremos capazes
de ver a diferença entre pecado e mal. Quando o
pecado permanece dormente em nós, ele é
meramente pecado. Mas sempre que resolvemos
fazer o bem por guardar a lei para agradar a Deus, o
pecado é despertado e se torna um mal. O mal é o
pecado ativo em nós. Sempre que o pecado que habita
no interior se torna ativo, o pecado se torna o mal que
está presente conosco. O pecado é alguém que mora,
mas o mal é alguém ativo, pronto. O pecado é Satanás
habitando em nós, mas o mal é Satanás agindo em
nós. Portanto, tanto o pecado quanto o mal são o
próprio Satanás. Habitando em nós, Satanás é o
pecado, e agindo em nós, Satanás é o mal. Satanás,
pecado e o mal denotam algo em três estágios.

OS TRÊS INIMIGOS DE DEUS


Romanos 5:12 diz: “Portanto, assim como por
um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim. também a morte passou a
todos os homens porque todos pecaram.” Este
versículo revela que o pecado introduziu a morte. De
acordo com Hebreus 2:14, aquele que tem o poder da
morte é o diabo. Esses dois versículos mostram que
pecado e morte estão relacionados com Satanás.
Satanás, pecado e morte são os três inimigos de Deus.
Em 1 Coríntios 15:26 fala da morte como sendo o
último inimigo. Em Gênesis 1, Deus tinha um único
inimigo, Satanás. Mas após a queda do homem, o
pecado e a morte se tornaram Seus inimigos também.
Quando eu era um jovem cristão, considerava a
morte alguma coisa no futuro; não a enxergava como
algo presente hoje. Mas como 1 João 3:14 esclarece,
podemos estar na morte hoje: “Quem não ama seu
irmão, permanece na morte” (VRC). Este versículo
não diz que aquele que não ama seu irmão morrerá;
ele diz que aquele que não ama seu irmão permanece
na morte, agora mesmo. Se não estamos na vida,
então certamente estamos na morte. Romanos 8:6
também prova que podemos estar na morte hoje:
“Porque a mente posta na carne é morte, mas a mente
posta no espírito é vida e paz” (lit.)

O ESPÍRITO — DEUS VIVENDO EM NÓS


Romanos 8:2 diz: “Porque a lei do Espírito da
vida em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da
morte.” Neste versículo, temos lei, pecado e morte em
contraste à lei, Espírito e vida. Vida está oposta à
morte e o Espírito está oposto ao pecado. Pecado é
Satanás corporificado em nós e o Espírito é Deus
vivendo em nós. Deus corporificado em nós é graça,
mas Deus vivendo em nós é o Espírito. Assim, a graça
em Romanos 5 é o próprio Espírito de Romanos 8. No
capítulo cinco, é um problema de graça versus
pecado, mas no capítulo oito, de espírito versus
pecado. Romanos 8:2 não fala da lei da graça da vida,
mas da lei do espírito da vida. Quando Deus é
corporificado em nós, Ele é nossa graça. Quando Ele
vive em nós, Ele é o Espírito. Em Hebreus 10:29, o
Espírito é chamado de o Espírito da graça. O Espírito
é o próprio Deus corporificado em nós como graça
vivendo e agindo em nós.

O TRABALHO DO INIMIGO DE DEUS


No livro de Romanos, não podemos encontrar
que Deus tenha qualquer outro inimigo além de
Satanás, pecado e morte. Romanos 16:20 diz: “E o
Deus da paz em breve esmagará debaixo dos vossos
pés a Satanás.” Após falar sobre Satanás sendo
esmagado debaixo dos nossos pés pelo Deus da paz,
Paulo imediatamente diz no mesmo versículo: “A
graça de nosso Senhor Jesus seja convosco.” Quando
Satanás é esmagado, a graça é conosco.
De um certo modo, o inimigo de Deus, Satanás,
está prevalecendo hoje como pecado e como mal para
introduzir as pessoas na morte' e deixá-las lá. Este é o
trabalho maligno do inimigo de Deus. Satanás não
está contente meramente em provocar-nos em
assuntos tais como perder a calma. Sua intenção é
introduzir-nos na morte. Mas Deus está trabalhando
como vida para derrotar o pecado, a morte e Satanás.
O resultado de Deus derrotar estes três inimigos é que
nós reinamos em vida.

VITÓRIA E REINAR
No capítulo cinco de Romanos, temos uma
introdução à questão de reinar em vida. Como o
versículo 17 mostra, nós, aqueles que recebemos a
abundância da graça, reinaremos em vida. Os
capítulos seis a dezesseis nos definem o significado de
reinar em vida. Reinar em vida é andar em novidade
de vida (6:4). No capítulo sete, vemos um quadro de
alguém atribulado pelo pecado e o mal e um cativo na
morte. Este alguém clama desesperadamente:
“Desventurado homem que sou! Quem me livrará do
corpo desta morte? (v. 24). Mas no capítulo oito este
alguém é liberto da lei do pecado e da morte pela lei
do Espírito da vida. No capítulo sete, há guerra, mas
no capítulo oito há tanto vitória quanto reinar.
Mesmo em 6:14, é-nos dito que o pecado não pode
governar sobre nós, pois não estamos debaixo da lei
mas debaixo da graça. Porque estamos debaixo da
graça, o pecado não pode mais reinar como um rei
sobre nós. O pecado não pode mais governar sobre
nós agora que Deus entrou em nós como graça.

O PROCESSO DE TORNAR-SE REIS


Hoje estamos no processo de tornarmo-nos reis.
Santificação faz parte desse processo. Este processo
também inclui transformação, conformação e
glorificação. Hoje nos encontramos caminhando em
direção à realeza. Por fim, o reinar saturará todo
nosso ser e será manifesto. Naquele dia, reinaremos
em vida de maneira plena.
Reinar em vida não significa exercer controle
sobre sua esposa ou filhos. Você pode ter autoridade
sobre os filhos, todavia pode não ser um rei. Exercer
autoridade sobre os outros é Um conceito humano de
realeza. O entendimento correto de reinar em vida é
que reinamos na vida divina sobre o pecado, a morte
e Satanás, que finalmente serão esmagados debaixo
de nossos pés. Para reinar em vida desse modo,
precisamos ser santificados, transformados,
conformados e glorificados. Temos o reinar em vida
em nosso interior, mas esta vida ainda não foi
liberada em nós. Pelo contrário, ela está confinada em
nosso espírito. Nosso homem exterior ainda não foi
santificado. Para ser santificado, precisamos ser
saturados com a vida reinante que está agora em
nosso espírito. O único modo de nossa alma e nosso
corpo serem santificados é sermos saturados
totalmente com esta vida interior, reinante. Esta vida
reinante não apenas nos santifica, mas também nos
conforma à própria imagem do Filho primogênito de
Deus. Isto é conformação. Além disso, enquanto
estamos sendo saturados com a vida reinante,
também estamos sendo transformados.
Transformação é uma outra maneira de falar sobre
santificação. Finalmente, nosso corpo impuro será
transfigurado isto é será plenamente saturado e
permeado com a glória da vida reinante de Deus.
Então todo nosso ser será saturado e permeado com a
vida reinante. Essa vida reinante será totalmente
expressa quando formos manifestados como filhos de
Deus. Naquele dia, reinaremos, não apenas pela vida
interior, mas também pela glória exterior.

REINAR EM VIDA RELACIONADO À


UNIDADE
Reinar em vida também está relacionado à nossa
unidade com os santos. Unidade não é meramente
uma questão de reunir-nos algumas vezes na semana
e declarar que somos um. O tabernáculo no Velho
Testamento é um quadro da unidade genuína pela
qual o Senhor Jesus orou em João 17. O tabernáculo
foi construído com quarenta e oito tábuas revestidas
com ouro. Estas tábuas foram mantidas juntas por
barras de ouro que passavam por argolas de ouro
atadas às tábuas. Desse modo; as quarenta e oito
tábuas se tornaram uma. Esta é a edificação, e
edificação da humanidade na divindade. As tábuas
de. madeira significam humanidade e o ouro
cobrindo as tábuas significa divindade. Todas as
tábuas eram cobertas com ouro e unidas por ouro.
Esta é a genuína unidade.
Se os cristãos querem verdadeiramente ser um,
eles não deveriam estar apenas juntos, mas também
ser edificados juntos na vida divina. A verdadeira
unidade é a edificação. E algo mais do que
simplesmente amar um ao outro. Para ser um,
precisamos não apenas amar um ao outro, mas
também ser revestidos com ouro e mantidos juntos
por barras de ouro. Todos precisamos ser edificados
juntos no ouro, na natureza de Deus. Esta é a unidade
pela qual o Senhor Jesus orou em João 17.
É também a unidade de Romanos 12 a 16. Em
12:5, Paulo diz: “Assim também nós, conquanto
muitos, somos um só corpo em Cristo, e membros
uns dos outros.” As tábuas no tabernáculo também
ilustram como nós somos membros uns dos outros. A
largura de cada tábua era de um côvado e meio. Na
Bíblia, três é um número básico no edifício de Deus.
Por exemplo, nas medidas da arca construída por
Noé, o número três é encontrado. A arca tinha três
andares, e era de trezentos côvados de comprimento.
Uma vez que três é uma unidade básica no edifício de
Deus, um côvado e meio denota metade de uma
unidade. Isto significa que no edifício de Deus não
somos unidades completas em nós mesmos. Cada um
de nós é apenas uma metade. Isso significa que você
precisa de alguém mais e que alguém mais precisa de
você. Se formos verdadeiramente membros uns dos
outros, então seremos como as tábuas colocadas
juntas. A despeito de que possamos sentir, às vezes,
sobre uma “tábua” com a qual estamos conectados,
não devemos nos separar dela. Se nos separarmos,
indica que nunca seremos verdadeiramente
edificados na igreja. Se temos sido edificados, não
será possível retirarmo-nos.
Ser um com os santos na edificação é um aspecto
do reinar em vida. É difícil vencer nosso
temperamento, mas é muito mais difícil vencer nossa
natureza divisiva. Muitos anos atrás, percebi que,
como um homem, eu tenho de ser um cristão e, como
um cristão, preciso estar na igreja. Esta é
simplesmente a melhor maneira para eu prosseguir
no Senhor. Por isso, tomei uma firme decisão que,
embora eu não esteja sempre feliz com o modo como
são as coisas na vida da igreja, estarei na vida da
igreja e serei um com os santos. Manter a unidade é
reinar em vida. Somente na vida divina, não em nossa
natureza humana, podemos manter a genuína
unidade. Na vida divina temos graça, Deus
corporificado em nós, e também o Espírito vivo.
Neste Espírito, nós vivemos e reinamos em vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 48
REINANDO EM VIDA SOBRE A MORTE
Nas duas mensagens anteriores, vimos que pela
graça podemos reinar em vida sobre o pecado, a
morte e Satanás. Nesta mensagem, consideraremos a
questão de reinar em vida sobre a morte.
Antes de fazermos isso, contudo, vamos rever a
diferença entre pecado e mal e entre graça e o
Espírito. Pecado é a natureza de Satanás injetada
para dentro do homem e mal é o pecado em ação.
Quando Satanás se injeta no homem, isso é pecado.
Mas quando o pecado está presente e ativo em nós,
isso é o mal. No mesmo princípio, graça é Deus
entrando no homem e sendo corporificado no
homem. Mas quando a graça está presente e ativa, ela
se torna o Espírito.

O TRABALHAR ATUAL DA MORTE


A Bíblia revela que a morte vem do pecado. Como
6:23 diz: “O salário do pecado é a morte.” Isso
significa que a morte é o resultado do pecado. É
possível que nossa compreensão de morte possa ser
meramente doutrinária. Quando era jovem, aprendi
que havia duas mortes: a morte física do homem e o
lago do fogo, que é a segunda morte. Eu não via a
morte como algo no qual estava subjetivamente
envolvido diariamente. Pouco a pouco, contudo,
descobri que na Bíblia vários versículos indicam que a
morte está constantemente trabalhando em nós. A
morte é como um verme que está freqüentemente nos
comendo. O pecado nos destrói; mas não nos come. A
morte é o “verme” que nos está devorando, dia após
dia.
A morte tem vários aspectos, o aspecto atual e o
aspecto futuro, o aspecto subjetivo e o aspecto
objetivo. Após o milênio, todos os incrédulos mortos
se levantarão e se colocarão diante do trono branco
para serem julgados (Ap 20:12). Aqueles, cujos
nomes não são encontrados no livro da vida, serão
lançados no lago do fogo, que é a segunda morte (Ap
20:15). Nosso encargo nesta mensagem não é com
este aspecto futuro, objetivo da morte; é com o
aspecto subjetivo, atual. Neste momento, o elemento
da morte está em nosso ser, esforçando-se para nos
matar.
Nos capítulos de cinco a oito de Romanos, a
questão da morte é tratada de maneira completa. Em
Romanos 5, vemos que a morte entrou no mundo
através do pecado e então passou a todos os homens.
Além do mais, como o versículo 14 torna claro, a
morte também reina. Em 6:21 e 23, Paulo diz que o
fim das coisas de que agora nos envergonhamos é a
morte e que a morte é o salário do pecado. Romanos 7
é um capítulo não apenas sobre lei, mas também
sobre morte. Nos versículos 10 e 11, Paulo declara: “E
o mandamento que me fora para a vida, verifiquei
que este mesmo se me tornou para a morte. Porque o
pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo
mesmo mandamento me enganou e me matou.” Além
disso, no versículo 13 Paulo disse que o pecado “por
meio de uma cousa boa causou-me a morte”.
Portanto, no versículo 24 ele clama: “Desventurado
homem que sou! Quem me livrará do corpo desta
morte?” A morte sobre a qual Paulo fala no capítulo
sete não é a morte por vir no futuro; é a morte
trabalhando em nós exatamente agora.
A situação de Paulo em Romanos era muito
diferente da de Davi no Salmo 51. O Salmo 51 é um
salmo de arrependimento que sucedeu a um
determinado ato de pecado. Em Romanos 7, no
entanto, Paulo não estava arrependido por ter
pecado. Romanos 7 não é relacionado ao
arrependimento, mas à morte, ao trabalhar contínuo
da morte nele. Arrepender-se foi de grande ajuda a
Davi no Salmo 51, mas não seria uma ajuda a Paulo
em Romanos 7. Ele não poderia libertá-lo da morte
em seu corpo mortal.

O AGUILHÃO DA MORTE
Em 1 Coríntios 15:55 e 56, Paulo diz: “Onde está,
ó morte, a tua vitória? onde está, ó morte, o teu
aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado e a força do
pecado é a lei.” A morte pode ser comparada a um
escorpião e o pecado comparado ao ferrão do
escorpião. De acordo com Hebreus 2:14, aquele que
tem o poder da morte é o diabo. Uma vez que fomos
picados pelo “escorpião” da morte, o diabo exerce seu
poder para nos matar. Assim, Satanás tem o poder da
morte e o pecado é o ferrão da morte. Sempre que
somos picados pelo pecado, o veneno da morte entra
em nós. O resultado é morte espiritual. .

UM CONTRASTE
Neste ponto, podemos ser ajudados a ver um
contraste definido entre o lado negativo e o lado
positivo. Satanás é oposto a Deus. Quando Satanás se
injeta no homem, a natureza de Satanás no homem se
torna pecado. De modo contrário, Deus introduzido
no homem se torna graça. Assim, pecado é oposto à
graça. Quando o pecado está ativo e presente em nós,
ele se torna o mal. Mas quando a graça está presente e
ativa, ela se torna o Espírito. O resultado da atividade
do mal é morte, enquanto o resultado da atividade do
Espírito é vida. Portanto, Satanás, o pecado, o mal e a
morte são opostos a Deus, à graça, ao Espírito e à
vida.

O ESPÍRITO E A EXPERIÊNCIA DE VIDA


Romanos 8:2, ao reunir o Espírito e a vida, fala
do Espírito da vida. No mesmo princípio, podemos
falar do “mal da morte”. Vida é Deus vivo em nós. O
próprio Deus que vive em nós é o Espírito. Quando
Deus está longe de nós como a fonte, Ele é o Pai. Mas
quando este próprio Deus vem morar em nós de
modo prático, Ele é o Espírito. Contudo, se o Espírito
está meramente em nós mas não opera em nosso
interior, não experimentaremos vida. Como crentes,
todos sabemos que o Espírito está em nós. No
entanto, não muitos entre nós têm uma experiência
rica da vida divina. Assim, embora tenhamos o
Espírito, ainda podemos ser carentes de vida. A razão
disso é que o Espírito que habita em nós não tem
muita oportunidade para viver em nós. Temos o
Espírito em nosso interior, mas podemos não dar-Lhe
a devida importância. Algumas vezes, estamos tão
ocupados com nosso trabalho, que não temos tempo
para qualquer outra coisa. Da mesma maneira,
podemos estar tão ocupados com nós mesmos, que
não temos tempo nem coração para o Espírito. Parece
que dificilmente temos capacidade para dar terreno
ao Espírito que habita interiormente. Parece que
dizemos ao Espírito: “Eu percebo que Você é muito
querido a mim, mas simplesmente não tenho coração
para Você.”
Muitos cristãos mantêm o conceito errado de que
se eles negligenciam o Espírito, o Espírito se apartará
deles. De acordo com a Bíblia, contudo, o Espírito
nunca nos deixará uma vez que entrou em nós. O
Espírito não se considera como um convidado em
nós, mas como um morador, como o Proprietário da
habitação.
Há muitos anos, li um livro no qual eram usadas
figuras para mostrar o trabalho do Espírito. Uma
pomba, representando o Espírito, foi retratada como
sendo o Espírito vindo às pessoas ao crerem no
Senhor, e voando para longe delas quando pecavam.
Porque muitos cristãos chineses sedentos receberam
algo desse livro, nós gastamos muito tempo para
refutar, o ensinamento incorreto de que o Espírito
abandonará um crente se ele pecar. Efésios 4:30 diz:
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes
selados para o dia da redenção.” O Espírito pode ser
entristecido em nós, mas Ele nunca nos deixa. O
Espírito permanece em nós, mas pode não ser dada a
Ele a oportunidade de viver em nós como Ele deseja.
Dessa forma, temos o Espírito, mas podemos não ter
vida em nossa experiência.
Quando alguém ouve que temos o Espírito sem
experiência de vida, pode questionar que é impossível
ter o Espírito sem vida. Contudo, é um fato que,
quando não permitimos que o Espírito viva em nós,
não temos a vida divina de maneira real e prática,
embora possamos ter vida em posição ou em nome.
Por exemplo, você expressa a vida divina quando
perde a calma? Nessa hora, você está na morte, não
na vida. Doutrinariamente falando, todo crente tem
vida. Mas na verdade, vida é o Espírito vivo. Assim,
somente quando o Espírito vive em nós tanto quanto
habita em nós, temos vida experiencialmente.
Primeiramente, Deus é graça para nós, e então a
graça é ativa como o Espírito em nós. O resultado é
que experimentamos vida. O princípio é o mesmo
com Satanás, o pecado, o mal e a morte.
Primeiramente, Satanás é pecado em nós e, então, o
pecado é ativo como o mal. O resultado é morte. Esta
compreensão de vida e morte é baseada em nossa
experiência.

O SENTIDO DE MORTE
Satanás, aquele que detém o poder da morte,
injetou sua natureza maligna para dentro de nós
como pecado. Assim, mesmo uma criança, que.
parece ser inocente e amável, tem a natureza do
pecado. Porque uma criança é nascida em pecado,
pecado é sua própria natureza. Contudo, leva tempo
para o pecado se manifestar em ações. À medida que
os anos passam e a criança. cresce, esta natureza
pecaminosa se torna manifesta. Quando o pecado se
torna ativo em seu ser, ele se torna o mal, e o
resultado do mal é morte.
Como aqueles que crêem em Cristo, mesmo nós
podemos estar sob o exterminar da morte
diariamente. Em nossa experiência, o pecado se torna
o mal e o mal se torna a morte. Por exemplo,
podemos facilmente ser mortos como resultado de
tagarelice. Podemos reconhecer os sintomas da morte
e saber quando a morte está trabalhando em nós.
Alguns dos sintomas da morte são trevas, vazio,
cansaço e secura. Nós, que ministramos a Palavra,
sabemos que qualquer amortecimento em nosso
interior pode impedir-nos de falar. Se perco a calma
um pouco antes de falar, posso achar muito difícil
falar na' reunião. O sangue me lava e me limpa, mas
leva tempo para o amortecimento ser consumido.
Sempre que sentimos a morte em nós, devemos ir ao
Senhor, tratar a fundo com Ele sobre isso, e
experimentar não somente o limpar do sangue, mas
também a unção, que é o viver do espírito em nosso
interior. O resultado da unção é vida. Assim, se
falarmos de acordo com o Espírito vivo, nosso falar
será cheio de vida.
Muitas das irmãs são amortecidas não somente
pelo tagarelar mas também pelo comprar. As irmãs
que vencem o problema de comprar estão
verdadeiramente reinando em vida pela graça.
Comprar é um grande teste para as irmãs. Por essa
razão, seria muito difícil para uma irmã ficar afastada
de uma loja de departamentos por três meses. Mas se
as irmãs não comprarem desnecessariamente, elas
verão que grande diferença isso faz na sua
experiência em vida. Se as irmãs podem vencer a
questão da tagarelice e do comprar, elas
transbordarão vida nas reuniões da igreja.
Meu objetivo ao dar esses exemplos não é tratar
compras e tagarelice; é tratar com a morte. Moisés
deu aos filhos de Israel muitos regulamentos. Em
contraste, Cristo não nos dá regulamentos; Ele
dispensa vida para dentro de nós.

COOPERANDO COM A LEI DO ESPÍRITO DA


VIDA
Romanos 8:2. diz: “Porque a lei do Espírito da
vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da
morte.” Em nossa experiência, podemos ver que a lei
do Espírito da vida nem sempre opera tão
eficazmente quanto Paulo mostra neste versículo. A
razão disto é que queremos que a lei da vida vença
certas, coisas, como nosso temperamento, mas
podemos não dar à lei da vida, a oportunidade para
que faça o que quiser em nós. Por odiarmos nosso
temperamento, queremos que a lei da vida o vença.
Por isso, encarregamos que a lei da vida faça esse
trabalho. Mas não devemos encarregar a lei da v! da
para fazer coisas específicas, e, assim, impedir esta lei
de fazer outras coisas. Pelo contrário, devemos dar a
essa lei a oportunidade para agir da maneira que
deseje. Embora a lei do Espírito da vida seja uma, ela
governa milhares de itens. Por exemplo, ela governa a
maneira como cortamos o cabelo e o modo como
vivemos em casa.
Se não cooperarmos com a lei. do Espírito da
vida em nós, imediatamente seremos amortecidos. A
morte é mais feia aos olhos de Deus do que o pecado.
A morte é abominável a Deus, Ele a odeia. Tagarelice
pode não ser pecaminoso, mas porque é um problema
que leva à morte é abominável aos olhos de Deus. Ela
é um insulto ao Deus vivo. Dia após dia, insultamos
ao Deus vivo que habita em nós. Porque muitos
cristãos estão amortecidos, é impossível que eles
tenham experiências contínuas de vida.

CONTATANDO O TRONO DA GRAÇA


A fim de experimentar vida, como o Espírito
vivendo em nós, precisamos ir à fonte da vida, Deus, o
Senhor sob o limpar do sangue redentor de Cristo,
com um coração e um espírito abertos. Se
permanecermos abertos a Ele todo o tempo e
estivermos desejosos de que seja removido todo
Isolamento, a corrente da eletricidade divina fluirá
em nós. Desse modo, receberemos graça. Como
Hebreus 4:16 diz: “Acheguemo-nos, portanto,
confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de
recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.” Graça vem do trono da
graça. Por isso, para termos graça, devemos contatar
o trono da graça. Se fizermos isso, a graça fluirá em
nós e seremos enchidos com graça. Finalmente, a
graça será ativa como o Espírito e o Espírito se
manifestará em nós como vida. Então reinaremos em
vida sobre a morte.

A MORTE SUBJUGADA E TRAGADA PELA


VIDA INCRIADA
A única coisa que pode subjugar a morte é a vida
incriada de Deus. Nossa vida, a vida criada, não pode
resistir à morte. No entanto, a morte não pode reter a
vida divina representada pelos ossos do Senhor, que
não foram quebrados quando Ele estava na cruz. O
fato de os soldados não terem quebrado as pernas do
Senhor indica que Sua vida incriada não pode ser
quebrada. Qualquer forma de vida criada, vegetal,
animal ou humana, pode ser danificada pela morte.
Mas a única vida incriada não pode ser destruída por
ela.
Assim como a luz traga as trevas, também a vida
incriada traga a morte. Trevas só podem ser vencidas
pela luz. Não podemos tentar expulsar as trevas, mas
podemos simplesmente acender a luz. Tao logo a luz
chega, as trevas desvanecem. No mesmo princípio,
sempre que a vida incriada chega, a morte
desaparece. A morte teme a vida incriada. Para reinar
em vida, precisamos da abundância da graça e do
Espírito vivo. Enquanto tivermos a vida divina, todo
traço de morte desaparecerá.
Não devemos tentar vencer nosso
temperamento, nem nosso comprar ou nosso falar
vão. Antes, devemos simplesmente abrir nosso ser a
Deus e permitir que Sua graça flua através de nós e
nos encha. Esta graça que flui será ativa como o
Espírito que será vida em nós. Esta vida, então,
subjugará a morte e a consumirá. Isso é o que
significa reinar em vida sobre a morte.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 49
REINANDO EM VIDA SOBRE SATANÁS
Reinar em vida é subjugar três inimigos
principais: Satanás, o pecado e a morte. Nesta
mensagem, consideraremos a questão de reinar em
vida sobre Satanás.

SATANÁS, O PECADO E A CARNE


Satanás é a fonte do pecado. Como enfatizamos
diversas vezes, o pecado é a natureza de Satanás
injetada no homem. Conforme a revelação da Bíblia,
Satanás como pecado está em nossa carne, em nosso
corpo caído, contaminado. Romanos 7:18 diz:
“Porque eu sei que que em mim, isto é, na minha
carne, não habita bem nenhum”. Quando Deus criou
o homem, Ele o criou com um corpo que era puro.
Mas quando Satanás injetou-se como pecado para
dentro do corpo do homem, o corpo se tornou
corrompido. Por isso, na Bíblia o corpo humano é
chamado de carne.
Em nossa carne, somos um com Satanás, pois a
carne é o lugar de habitação de Satanás no homem.
No mesmo princípio, nosso espírito é o lugar de
habitação do Senhor. Uma pessoa salva é um tanto
complicada, porque Satanás como pecado está um
sua carne e o Senhor, como o Espírito que dá vida,
está em seu espírito.
Satanás, o pecado e a carne estão juntos. Quando
Satanás injetou sua natureza maligna para dentro do
homem, ele se tornou o pecado no homem. Quando a
natureza do pecado foi injetada para dentro do corpo
do homem, o corpo foi mudado em carne. Por isso,
Satanás, o pecado e a carne estão mutuamente
relacionados dentro do homem. Se quisermos vencer
Satanás e reinar em vida sobre ele precisamos
reconhecer que Satanás como pecado habita em
nossa carne.
Por Satanás ser a fonte tanto do pecado como da
morte, ele é o maior de todos os inimigos. Não é
suficiente reinar sobre o pecado e a morte sem
subjugar Satanás. Devemos também derrotar a fonte
do pecado e da morte. Então verdadeiramente
seremos capazes de reinar em vida.

O MODO DE VENCER SATANÁS


Agora devemos considerar o modo de vencer
Satanás. Em seus escritos, a senhora Jesse
Penn-Lewis teve muito a dizer sobre vencer Satanás.
Contudo, embora tenha posto suas sugestões em
prática, o que ela sugeriu não funcionou em mim. O
que a senhora Penn-Lewis escreveu a esse respeito
estava correto, mas eu não tinha como aplicá-la.
Desde a época em que a senhora Penn-Lewis escreveu
seus melhores livros, mais de cinquenta anos se
passaram. Pela misericórdia e graça do Senhor, os
santos prosseguiram durante esses anos para ver dois
fatos importantes relacionados à batalha espiritual: o
Corpo e a vida.

UM PROBLEMA DE VIDA E DE CORPO


No começo dos anos quarenta, o irmão Nee deu
uma série de mensagens em Xangai a respeito do
Corpo. Ele nos disse que a batalha espiritual não é
uma questão individual, mas um problema do Corpo.
Satanás é o inimigo do Corpo. Por isso, para vencê-la,
devemos permanecer no Corpo. O Homem
Espiritual, completado em 1928, apresentou a
batalha espiritual como uma questão individual, não
como uma questão do Corpo. Por essa razão, após ter
visto o Corpo, o irmão Nee disse a alguns de nós que
ele não queria ter esse livro reimpresso.
Não apenas vimos o Corpo, mas também vimos o
lugar onde a vida divina trata com o inimigo de Deus.
Vida não é nada menos que o Deus Triúno
dispensado para dentro de nós para ser nosso
conteúdo. De acordo com o livro de Romanos, a vida
e o Corpo são um; eles são inseparáveis. Se não
houver vida, então não pode haver Corpo. Vida é o
conteúdo e Corpo é a expressão.

SATANÁS ESMAGADO DEBAIXO DE NOSSOS


PÉS
Em Romanos, Paulo não menciona Satanás pelo
nome até 16:20. Nesse versículo, Paulo diz: “E o Deus
da paz em breve esmagará debaixo dos vossos pés a
Satanás.” A palavra “vossos” neste versículo mostra o
Corpo. Deus esmagará Satanás debaixo dos pés do
Corpo. Romanos 16 não se refere ao Corpo no sentido
universal, mas refere-se à expressão prática e local do
Corpo. Isso significa que Satanás pode somente ser
esmagado debaixo dos pés da expressão prática do
Corpo nas igrejas locais. Se falarmos sobre o Corpo de
modo doutrinário, nada temos senão terminologia. É
somente quando temos uma igreja local adequada
como a expressão prática do Corpo, que Satanás é
esmagado debaixo dos nossos pés.
Tal expressão prática do Corpo é possível
somente por meio da vida divina. Podemos ter a
experiência da redenção e salva São, mas se não
experimentarmos a vida divina, é impossível ter a
expressão prática do Corpo de Cristo. O Corpo de
Cristo é edificado com Cristo como vida. Satanás é
vencido pela vida e pelo Corpo.

O ESPÍRITO RENASCIDO NOS GUARDA


A Primeira Epístola de João 5:4 diz: “Porque
tudo o que é nascido de Deus, vence o mundo.” Este
versículo não diz “todo aquele”, referindo-se a
pessoas; ele diz “tudo o que” referindo-se a uma coisa.
Em contraste a 1 João 3:9, que fala de “todo aquele”,
ou todo o que é nascido de Deus, 1 João 5:4 fala de
“tudo o que”, ou toda coisa que é nascida de Deus. Se
entendermos 1 João 5:4 na luz de 1 João 3:6,
perceberemos que o que é nascido de Deus é o
espírito humano. João 3:6 diz: “O que é nascido do
Espírito, é espírito.” Por isso, 1 João 5:4 refere-se ao
nosso espírito regenerado. É o espírito renascido que
não peca e é o espírito renascido que vence o mundo.
A Primeira Epístola de João 5:18 diz: “Sabemos
que todo aquele que é nascido de Deus não vive
pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e
o Maligno não lhe toca” (IBB — Rev). Quem é
“aquele” que nasceu de Deus, e quem é o que é
guardado? Este versículo diz que aquele que nasceu
de Deus guarda a mim. Há algo em meu interior
nascido de Deus que me está guardando. Todos os
crentes têm algo em si que é nascido de Deus. No
mesmo princípio, todos nós temos algo maligno em
nós, nascido de Satanás. Depois que Adão caiu, ele se
tornou um com Satanás. Mas, louvado seja o Senhor,
pois podemos agora proclamar com confiança que
temos algo em nós nascido de Deus!
NOSSA PROTEÇÃO CONTRA O MALIGNO
Este versículo também diz: “O Maligno não lhe
toca.” Enquanto formos guardados por aquele que
nasceu de Deus. o maligno não nos toca. Estamos
protegidos. Nossa proteção contra o maligno é essa
parte em nosso interior que é nascida de Deus. Como
enfatizamos, é nosso espírito humano que é nascido
de Deus, nascido do Espírito Santo. Portanto, nosso
espírito regenerado é nossa proteção.
Porque temos o Filho, temos a vida (1 João 5:11,
12). Você sabe onde o Filho de Deus está em seu
interior? Ele está em seu espírito. Assim, seu espírito
é um lugar de proteção, uma alta torre. Essa vida na
qual e com a qual vencemos Satanás está agora em
nosso espírito regenerado. Enquanto permanecemos
em nosso espírito regenerado, Satanás, o maligno,
não nós pode tocar. Esse é o modo para vencer
Satanás.
Se sairmos do espírito e ficarmos na carne,
conservaremos a companhia de Satanás. Sempre que
estamos na carne, temos Satanás como nosso
companheiro. Mas quando estamos no espírito,
Cristo é nosso companheiro. Satanás como pecado
está em nossa carne, mas Cristo como o Espírito está
em nosso espírito. Por isso, devemos escolher ficar
em nosso espírito com Cristo.
Romanos 8:4 diz que se andarmos segundo o
espírito, não segundo a carne, a exigência justa da lei
é cumprida em nós. Quando andamos segundo o
espírito, temos Cristo como nosso companheiro, o
companheiro que é verdadeiramente vida para nós.
Quando permanecemos com Ele em nosso espírito,
estamos protegidos em uma alta torre e o maligno
não nos toca.
Estamos ou no espírito ou na carne. Não há um
terceiro lugar para estarmos. Quando estamos fora do
espírito, estamos espontaneamente em nossa carne,
onde Satanás habita como pecado.

VENCENDO SATANÁS POR PERMANECER


EM CRISTO
Não tente por você mesmo vencer Satanás. Os
escritos da senhora Penn-Lewis a respeito da luta
com Satanás não estavam errados, mas eles deram
muita ênfase ao aspecto negativo. A senhora
Penn-Lewis disse que a maneira para vencer Satanás
é ver que fomos crucificados com Cristo na cruz. De
acordo com o Novo Testamento, é um fato que por
meio da cruz, Cristo destruiu o diabo (Hb 2:14).
Contudo, quanto mais tentamos crucificar nossa
carne, mais ativa e viva ela se torna. O que a senhora
Penn-Lewis viu, abrangeu principalmente o lado
negativo — a questão de considerarmo-nos mortos.
Ela viu muito pouco do lado positivo. Vencer Satanás
não é uma questão de resolvermos em nossa mente
colocar nossa carne na cruz; é uma questão de ver que
o próprio Cristo que é vida para nós está agora em
nosso espírito e então ver que devemos habitar Nele.
Uma vez que Cristo está em nosso espírito, devemos
permanecer no espírito se quisermos habitar Nele. Se
ficarmos em nosso espírito, temos a realidade de
sermos crucificados com Cristo, e temos Cristo como
nossa vida reinante. Em nós mesmos, não podemos
reinar sobre Satanás, mas em Cristo, como a vida
reinante, podemos reinar sobre ele.
Não tente vencer Satanás. Ele é muito forte,
muito poderoso para você. Quanto mais tentar
vencê-lo, mais você será vencido por ele. Nenhum de
nós é exceção. O único modo de vencer Satanás é,
estar na alta torre de nosso espírito regenerado.
Quando estamos nessa torre, podemos rir de Satanás
e dizer: “Satanás, você não sabe que eu estou aqui na
alta torre do meu espírito? Que você me pode fazer?
Brevemente, você será esmagado debaixo de nossos
pés.”

EDIFÍCADOS NO CORPO
Além disso, quando estamos no espírito, somos
edificados no Corpo de um modo prático. Mas se
ficarmos na mente, seremos divididos. Isso é verdade
não apenas na vida da igreja, mas também na vida
conjugal. Se permaneço na mente e minha esposa
permanece em sua mente, será impossível sermos
um. Aprendi a ter um temor saudável de ficar na
mente. Oh! quero estar no meu espírito! Sempre que
estou no espírito, não há problema com a unidade.
Tanto na vida da igreja, quanto na vida familiar,
devemos temer nossa mente, que é onde está a carne,
temer a divisão causada por nossos pensamentos e
opiniões diferentes (ver Romanos 8:6). Quando nos
encontramos pensando criticamente em relação aos
outros, precisamos voltar-nos imediatamente para o
Senhor em nosso espírito e orar. Devemos aprender a
lição de voltar ao espírito e permanecer ali.
No espírito, experimentamos não somente Cristo
como vida, mas também o Corpo. No espírito, Cristo é
tanto nossa vida pessoal como a vida do Corpo. Por
isso, no espírito com a vida divina e com o Corpo de
Cristo, Satanás é vencido e até esmagado debaixo de
nossos pés. Ele é derrotado não por indivíduos, mas
pelo Corpo.
Nunca negligencie seu espírito regenerado, a
torre alta em seu interior onde você pode esconder-se
de Satanás. Sempre que for tentado a discutir com
sua esposa ou marido, você deve correr para essa
torre. Discussões na vida conjugal vêm da mente
posta na carne. Sempre que um irmão tem opiniões
negativas sobre a esposa, a carne o provocará a
discutir com ela. Isso mostra que a carne está sempre
pronta a ajudar a mente de uma maneira negativa.
Que devemos fazer a esse respeito? Devemos fugir
para dentro da alta torre de nosso espírito renascido,
o lugar onde Satanás não pode tocar-nos, o lugar
onde desfrutamos Cristo como vida e
experimentamos a realidade do Corpo. Quando
estamos em tal lugar, Satanás nada nos pode fazer.
Não é difícil entrar na alta torre de nosso
espírito.
Simplesmente precisamos invocar o nome do
Senhor Jesus. Enquanto estamos em nosso espírito,
temos vitória sobre Satanás. Ele é subjugado e até
esmagado debaixo de nossos pés, e reinaremos sobre
ele em Cristo como nossa vida. Que todos possamos
praticar o permanecer na alta torre de nosso espírito
renascido.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 50
A CARNE E O ESPÍRITO
Nas mensagens anteriores. vimos que
precisamos reinar em vida sobre o pecado, a morte e
Satanás, nossos três principais inimigos. Como o
evangelho de Deus, o livro de Romanos trata dessas
três coisas negativas. Do capítulo cinco ao oito, o
pecado e a morte são abordados de maneira plena.
Onde há pecado, há morte, porque o pecado introduz
a morte. Em 16:20, Paulo fala sobre Satanás; ele diz
que o Deus da paz em breve esmagará Satanás
debaixo de nossos pés. A razão de Paulo não ter
mencionado Satanás pelo nome antes do fim do livro
é que tratar com Satanás é uma questão do Corpo,
não uma questão individual. Se tentar por si mesmo
subjugar Satanás, você será derrotado. Satanás, o
inimigo do Corpo, só pode ser derrotado pelo Corpo.
Portanto, é por meio das igrejas locais, como a
expressão prática do Corpo de Cristo, que Satanás é
tratado. Somente após Paulo ter abrangido a igreja de
um modo prático nos capítulos quinze e dezesseis, é
que ele fala de esmagar Satanás; ele mostra ali que
Satanás é esmagado debaixo dos pés das igrejas
locais.

SATANÁS, O PECADO E A MORTE


REUNINDO-SE NA CARNE DO HOMEM
Meu encargo nesta mensagem, é mostrar que os
três principais inimigos — pecado, morte e Satanás —
estão centralizados na carne do homem. Pecado,
morte e Satanás reúnem-se no “local de' reunião” de
nossa carne. Pecado, morte e Satanás estão sempre
juntos. Há um lugar em nossa constituição onde estes
três inimigos podem encontrar-se, esse lugar é a
carne. Desde a época da queda do homem, eles têm
mantido uma reunião contínua na carne do homem.
Durante minha vida cristã, nada tem me
atormentado mais do que a carne. Não devemos
condenar o pecado, a morte e Satanás sem perceber
que o próprio centro de nosso problema é a carne.
Simplesmente não podemos fugir da carne; não
somos capazes de sair dela do mesmo modo como
podemos sair de um edifício. A razão de não
podermos fugir da carne é que ela se tornou parte do
nosso ser. Diversas vezes, eu disse ao Senhor:
“Senhor, Tu és maravilhoso e tens feito muito por
nós. Senhor, por que não separas a carne de nós?” De
acordo com minha economia, seria muito melhor que
a carne fosse embora.
Talvez você seja molestado por seu
temperamento, mas a fonte dele é a carne. Todos os
nossos problemas se originam na carne. Se não fosse
pela carne, nós não teríamos um temperamento
problemático. Portanto, podemos querer que o
Senhor nos livre de nossa carne. Podemos pensar que
se a carne fosse embora, imediatamente nos
tornaríamos muito espirituais.

NOSSO PROBLEMA FUNDAMENTAL


Mas a maneira do Senhor não é a nossa maneira.
Considere a situação de Adão no jardim antes da
queda. Naquela época, não havia carne, pois o pecado
ainda não tinha entrado no corpo de Adão para
torná-lo em carne. Um dia o Senhor mostrou-me que
não era suficiente ser como Adão no jardim sem o
problema da carne. Vi que meu principal problema
não era com a carne; era com a carência do Espírito.
Sim, no jardim do Éden, Adão não tinha a carne,
tampouco tinha o Espírito de Deus nele. Ele era
inocente, mas também era vazio. Esse vazio deu a
oportunidade para o inimigo entrar. Se o Senhor
acabasse com a nossa carne e nos deixasse vazios; não
seríamos capazes de nos manter puros por muito
tempo. Satanás, o sutil, finalmente rastejaria para
dentro de nós. Portanto, precisamos perceber que
nosso problema fundamental é a carência do Espírito,
do lado positivo, não a presença da carne, do lado
negativo.

A CARNE NOS CAPÍTULOS SETE E OITO


Em Romanos, a carne é exposta de maneira
plena. Usando a palavra “carne” com um significado
diferente daquele que é encontrado nos capítulos
cinco até oito, 3:20 diz: “Por isso nenhuma carne será
justificada diante dele pelas obras da lei”. Aqui,
“carne” refere-se a uma pessoa, um ser humano. Aos
olhos de Deus, toda pessoa caída é carne. Assim, em
3:20, “carne” denota a totalidade do ser caído do
homem. Em Romanos 7, ao contrário, “carne”
refere-se apenas a uma parte do ser humano, não a
pessoa toda. No capítulo sete, “carne” denota a parte
pecaminosa, perversa em nós, a parte habitada pelo
pecado. Nossa preocupação nesta mensagem não é a
carne como revelada em 3:20, mas a carne como
abordada nos capítulos sete e oito.
Romanos 7:18 diz: “Porque eu sei que em mim,
isto é, na minha carne, não habita bem nenhum”.
Nossa carne é o lugar onde coisas malignas fazem sua
habitação. Não importa quão boa uma pessoa pareça
ser, pelo menos uma parte dela, a carne, é maligna.
Não se engane com uma pessoa que seja
aparentemente gentil, amável, honesta, humilde e
simpática. Ainda é verdade nela, como o é em
qualquer outra, que em sua carne nada de bom
habita.
Através dos anos, aprendi que todos se
consideram melhores que os outros. Um esposo pode
considerar-se superior à esposa, e esposa pode
achar-se mais elevada que o marido. Por causa da
falsa humildade, podemos não dizer que somos
melhores que os outros, mas interiormente esse é o
modo como freqüentemente nos sentimos. Não
importa quão bons possamos ser, ainda temos a
carne. Pela misericórdia do Senhor, vi Seu santo
ensinamento de que em minha carne nada há de bom.

UM COMPOSTO PECAMINOSO
Precisamos enfatizar que nada há de bom na
carne para nos ajudar a contatar cristãos sedentos
que freqüentemente se tornam desapontados com seu
progresso espiritual. Quanto mais eles desejam ser
santos, menos santos parecem tornar-se. Eles
desejam ser um com o Senhor, mas por fim fazem
muitas coisas que não são do Senhor. Também
desejam vencer o pecado que os assedia, mas parece
que o pecado os vence. Por isso, tornam-se
desencorajados com sua situação e desgostosos
consigo mesmos.
É necessário que os cristãos busquem o Senhor,
aspirem ser espirituais e vençam todas as coisas
negativas. Apesar disso, somos impedidos e
frustrados por um composto pecaminoso: uma
composição da nossa carne com o pecado, a morte e
Satanás. É extremamente difícil tratar essa
composição maligna. Quando o pecado, a morte e
Satanás são adicionados ao corpo humano, o
resultado é a carne. Este composto não está
meramente em nós; ele é parte do nosso próprio ser.

DESESPERADO PARA VOLTAR AO ESPÍRITO


Talvez você quisesse saber, assim como eu no
passado, por que o Senhor simplesmente não retira
essa composição pecaminosa de nós. O Senhor é
sábio e sabe o que está fazendo. Embora a carne seja
pecaminosa e feia, o Senhor propositadamente se
recusa a expulsá-la. O Senhor deixa a carne em nós
não para que constantemente nos desaponte. Ele
permite que a carne permaneça para que sejamos
compelidos a buscá-Lo como ajuda. Se não fosse pela
carne, não ficaríamos desesperados para invocar o
nome do Senhor. Se não fosse pelo problema da
carne, duvido que orássemos tanto.
Todos nós sabemos que é errado perder a calma
com nosso marido, esposa ou filhos. Contudo, se
amarmos o Senhor e O buscarmos, até perder a calma
operará em nosso favor, pois nos forçará a ir diante
do Senhor. Após perdermos a calma, podemos
sentir-nos envergonhados por várias horas, sem
vontade de orar porque estamos muito
envergonhados para orar. Finalmente, contudo,
nosso intenso desejo pelo Senhor nos compelirá a
orar e oraremos muito bem. Nesse aspecto, somos
verdadeiramente ajudados pela carne.
Nos primeiros anos de meu ministério,
costumava ficar preocupado quando certos santos
não estavam indo bem espiritualmente. Mais tarde,
eu aprendi a não ficar preocupado com isso. Percebi
que se nós sempre estamos indo bem, não voltaremos
ao espírito muitas vezes. Se não tiver falhas, você
pode gastar muito tempo pensando em como você é
bom. Você não se desesperará para voltar ao espírito.
Esta foi a razão pela qual o Senhor não exterminou
todos os inimigos assim que os filhos de Israel
entraram na boa terra (Jz 2:21 — 3:4). Deus
deliberada mente permitiu que certos inimigos
permanecessem com o propósito de fortalecer os
filhos de Israel e treiná-los para lutar. No mesmo
princípio, a carne é deixada aqui para o nosso bem.
Isso não significa que devemos fazer o mal para que o
bem possa vir. Significa que, em Sua sabedoria e
soberania, o Senhor usa a carne com um propósito
positivo.

DEUS USA NOSSOS FRACASSOS CARNAIS


Todos os que buscam o Senhor são incomodados
pela carne. Isso faz com que todos nós tenhamos
muitas falhas. Mas por meio de nossas falhas, algo do
Senhor é lavrado em nosso ser. Posso testificar que,
ano após ano, Deus tem sido acrescentado em mim,
principalmente pelas minhas falhas. Não quero dizer
que quanto mais falhas tivermos, melhores seremos.
Contudo, posso dizer que Deus usa nossas falhas para
nos ajudar a crescer no Senhor. No entanto, isto é
verdade somente se amamos o Senhor e O buscamos.
Se buscarmos ao Senhor, podemos estar em paz, quer
experimentemos sucesso ou fracasso.
Todos devemos buscar fervorosamente reinar
sobre o pecado, a morte e Satanás. Contudo, embora
possamos tentar diligentemente reinar em vida sobre
esses três inimigos, experimentaremos mais fracasso
do que sucesso. Não fique desapontado. Desde que
você ame o Senhor e O busque, Ele usará até mesmo
seus fracassos para trabalhar mais Dele mesmo em
seu interior. Muitos de nós podem testificar que
ganhamos mais do Senhor através de nossos
fracassos do que de nossos sucessos. Nossos fracassos
nos empurram para o Senhor e nos faz desesperados
para voltar ao espírito. Finalmente, por voltarmos ao
espírito de tal modo desesperado, seremos
plenamente saturados com o Senhor. Sem a ajuda
prestada pela carne pecaminosa, feia, não estaríamos
tão desesperados para ganhar o Senhor ou tê-Lo
lavrado em nós.
Li vários livros sobre santidade, espiritualidade e
vida vitoriosa. Tentei todas as maneiras
recomendadas nesses livros. Nenhuma delas
obtiveram total êxito. Embora saibamos que devemos
ser santos, espirituais e vitoriosos, não alcançamos o
alvo e sofremos. Nosso alvo é santidade ou espiritual
idade ou vitória. Mas o alvo de Deus é trabalhar-se. a
Si mesmo para dentro de nós. Se Deus tem a
oportunidade de se trabalhar para dentro do nosso
ser, Ele não se preocupa se nossa situação é excelente
ou não. Muitas vezes Ele tem uma maior
oportunidade de fazer o que deseja em nós quando
nossa condição é lamentável. Quando nossa situação
e condição são excelentes, podemos estar fechados
para o trabalhar interior do Senhor. Não o encorajo a
estar em situação ruim ou espiritualmente deficiente.
Mas posso assegurar-lhe que quando você se
encontra em tal situação ou estado, Deus poderá
trabalhar-se mais para dentro de você do que quando
sua situação é boa. A razão disso é que quando
estamos em uma situação difícil, somos mais abertos
ao Senhor, com mais vontade de nos voltarmos para
Ele, com mais vontade de permitir que Ele trabalhe a
Si mesmo em nós.
Porque o pecado, a morte e Satanás estão
mantendo uma reunião contínua em nossa carne, por
fim todos nos tornamos extremamente importunados
e até aborrecidos com a carne. Mas Deus é soberano.
Se O buscarmos, até o composto pecaminoso da carne
se tornará uma ajuda para ganharmos o Senhor. Por
cairmos com tanta freqüência, somos pressionados a
voltar ao espírito, e, desse modo, ganhamos mais do
Espírito. Esta não é uma questão de vitória; é uma
questão de ganhar o Espírito.

VOLTANDO AO ESPÍRITO
Doutrinariamente falando, é fácil dizer que
devemos voltar ao espírito, mas é bem mais difícil
praticar isso. Alguns podem pensar que é difícil voltar
ao espírito quando sua situação. é ruim, mas não
concordo com isso. Em tal caso, pode ser difícil voltar
ao espírito exteriormente, diante dos homens, mas é
mais fácil ter uma genuína volta interior. Se nossa
condição nunca for ruim é provável que a nossa volta
ao espírito seja muito superficial. Mas quando temos
um grande fracasso, verdadeiramente voltamos ao
espírito.
Em nossa experiência cristã, precisamos tanto da
noite quanto do dia. Por essa razão, Deus permite que
caiamos. Estamos sempre felizes de dia, mas
frustrados ou desencorajados à noite. Mas
precisamos tanto da noite quanto do dia. Quer seja
dia ou noite, Deus está trabalhando em nós.
Romanos 8:4 fala sobre andar segundo o espírito
e não de acordo com a carne. É muito fácil falar sobre
isso, mas não é fácil praticá-la. Para entrar nesse
versículo em realidade, precisamos ser processados
por meio de muitas experiências de fracassos. Então
nos encontraremos mais no espírito. O único
caminho para tratar a carne e ser salvo de sua
influência é entrar no espírito.
Sem voltarmos para a luz, não há como tratar as
trevas. Não importa o quanto tratemos as trevas, elas
permanecerão até que a luz venha. No mesmo
princípio, não podemos tratar a carne se somos
carentes do Espírito. Quanto mais tratarmos a carne
fora do espírito, mais forte e mais ativa ela se torna.
Por nosso próprio esforço, não podemos vencer a
carne. O único modo de ser salvo dela é voltar ao
espírito e entrar no espírito.
Nosso problema é que raramente voltamos ao
espírito voluntariamente. Por isso, precisamos dos
fracassos para fazer com que desejemos voltar. Uma
vez que voltamos ao espírito, espontaneamente
andamos segundo o espírito. Todos precisamos de
algo que nos force, nos pressione, em direção ao
espírito. Nessa questão, nossa própria boa vontade
não é adequada
Em Sua soberania, Deus tem um modo de usar a
carne no cumprimento do Seu propósito. Ele
soberanamente administra todas as coisas
relacionadas a nós para levar adiante Sua economia.
Por causa de Sua economia, Deus usa nossa carne
pecaminosa, feia, com o fim de nos forçar a voltar ao
espírito para que possamos ganhar mais do Espírito.
Quão sábio e quão soberano Ele é!
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 51
SERVINDO NO EVANGELHO DE SEU FILHO
Em Romanos 1:9 Paulo diz: “Porque Deus, a
quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu
Filho, é minha testemunha”. Muitos cristãos pensam
que o evangelho simplesmente são as boas novas de
como Cristo é o Salvador que morreu para que os
pecadores pudessem ser perdoados e um dia ir para o
céu. Mas o evangelho é mais rico e mais profundo que
isso. O evangelho em 1:9 inclui todo o livro de
Romanos.

O EVANGELHO EM ROMANOS
No primeiro versículo de Romanos, Paulo diz que
como um escravo de Cristo e chamado apóstolo, ele
era “separado para o evangelho de Deus”. Isso indica
que a intenção de Paulo neste livro é escrever a
respeito do evangelho; o evangelho é o tema desta
Epístola. Todo o livro revela o evangelho, as boas
novas de Deus, em sua totalidade.
Em Romanos, Paulo menciona o evangelho
muito mais do que em qualquer outra de suas
Epístolas. Em 2:16, ele diz: “No dia em que Deus, por
meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens,
de conformidade com o meu evangelho.” De acordo
com o conceito natural, religioso, Deus julgará o povo
segundo a lei. Mas aqui Paulo diz que Deus os julgará
segundo seu evangelho.
O evangelho deve ser não somente crido, mas
também obedecido. Isto é provado em 10:16, onde
Paulo diz que “nem todos obedeceram ao evangelho.”
Aqueles que não obedecem ao evangelho podem
tornar-se inimigos do evangelho (11:28). É a nossa
atitude em relação ao evangelho que determina se
somos obedientes ou desobedientes e se somos ou
não inimigos.
O evangelho que Paulo proclamou em Romanos
não era para ser pregado somente aos incrédulos,
mas também aos crentes no Senhor. Em 1:15 Paulo
diz: “Por isso, quanto está em mim, estou pronto a
anunciar o evangelho também a vós outros em
Roma.” Além disso, Paulo cria que Deus estabeleceria
os santos segundo seu evangelho: “Ora, àquele que é
poderoso para vos confirmar segundo o meu
evangelho e a pregação de Jesus Cristo” (16:25).
Romanos 15:16 diz: “Que seja ministro de Jesus
Cristo entre os gentios, ministrando o evangelho de
Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios,
santificado pelo Espírito Santo” (VRC). Para Paulo,
pregar o evangelho era um ministério de sacerdote,
um serviço sacerdotal. Como sacerdotes, todos
devemos servir a Deus no evangelho de Seu Filho.

PROMETIDO NO VELHO TESTAMENTO


Agora devemos fazer uma pergunta básica e
fundamental. Que é o evangelho? O que Paulo fala a
respeito do evangelho no livro de Romanos é intenso
e profundo. A palavra “evangelho” significa boas
novas ou notícias agradáveis. O evangelho são
notícias que alegram os que o ouvem. São as boas
novas de Deus, vindas dos céus. Em 1:2, Paulo diz que
o evangelho de Deus foi “outrora prometido por
intermédio dos seus profetas nas Sagradas
Escrituras”. Isso indica que se quisermos entender o
conteúdo do evangelho como as boas novas, devemos
conhecer o Velho Testamento. O Velho Testamento
não é meramente um registro da criação e da história.
Nele, estão revelados alguns elementos cruciais
pertinentes ao evangelho.
O primeiro desses elementos é encontrado em
Gênesis 1:26, onde nos é dito que o homem foi criado
à imagem de Deus. A imagem de Deus é parte do
conteúdo do evangelho. Quão maravilhoso é que nós,
homens de barro, podemos reproduzir a imagem de
Deus! Que boas novas são essas! Que corações não
serão alegrados com tais boas novas? Se nós
verdadeiramente vimos o que significa ser segundo à
imagem de Deus, louvaremos o Senhor.
Um segundo problema relacionado ao evangelho
é encontrado em Gênesis 2. Aqui vemos que o homem
criado por Deus foi colocado em frente à árvore da
vida. Isso indica que nós temos não somente a
imagem exteriormente, mas que podemos ter
também a vida divina interiormente.
Em Gênesis 3, a serpente veio seduzir o homem a
comer da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Mas esse capítulo também nos fala boas novas. O
versículo 15 diz que a semente da mulher esmagará a
cabeça da serpente. Embora a serpente tenha
entrado, esse versículo profetiza que a semente da
mulher virá para tratar com a serpente.
Um quarto elemento é encontrado no capítulo
seguinte. Gênesis 4:4 diz que Abel “trouxe das
primícias do seu rebanho, e da gordura deste.
Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta”. Isso
indica que pelas ofertas adequadas nós, os pecadores
caídos, somos aceitos por Deus.
No capítulo um de Gênesis, há mais aspectos do
conteúdo do evangelho. O versículo 9 diz que as águas
foram ajuntadas em um só lugar e que apareceu a
porção seca. O versículo 11 continua: “Produza a terra
relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas
que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente
esteja nele, sobre a terra. E assim se fez.” Muitas
espécies de vida — vegetal, animal e até mesmo a vida
humana — estão relacionadas a esta terra, que tipifica
o Cristo todo-inclusivo. Isto é parte das boas novas de
Deus.
Em Gênesis 2:18, o Senhor disse: “Não é bom que
o homem esteja só”. O homem em Gênesis 2:18 é um
tipo de Cristo. Dizer que não é bom que o homem
esteja só significa que não é bom que Cristo esteja só.
Como o Noivo, Cristo está anelando por uma noiva,
alguém para casar com Ele. A questão de Deus
produzir uma noiva para Cristo é também um
elemento do evangelho prometido no Velho
Testamento.

COM RESPEITO A UMA PESSOA


MARAVILHOSA
Em 1:3, Paulo diz que o evangelho é com respeito
ao Filho de Deus, Jesus Cristo nosso Senhor. O
principal assunto do evangelho não é perdão, nem
ganhar almas, nem salvar pecadores para o céu; é a
própria pessoa de Cristo, o Filho de Deus. O
evangelho não é uma doutrina, nem um ensinamento,
nem uma religião. Ele é uma Pessoa maravilhosa.
Essa Pessoa maravilhosa tem duas naturezas, a
natureza divina e a natureza humana. No versículo 3,
Paulo fala de Cristo como o Filho. Isso mostra Sua
natureza divina. Mas Paulo também diz nesse
versículo que Cristo “segundo a carne, veio da
descendência de Davi”. Isso mostra Sua natureza
humana. Pela encarnação, o Filho de Deus se tornou
um homem, um descendente de Davi segundo a
carne.
O versículo 4 diz que Ele foi “designado Filho de
Deus, com poder, segundo o Espírito de santidade,
pela ressurreição dos mortos”. O Espírito de
santidade aqui está em contraste com a carne no
versículo 3. Assim como a carne no versículo 3 se
refere à essência humana de Cristo, também o
espírito neste versículo se refere não à Pessoa do
Espírito Santo de Deus, mas à essência divina de
Cristo, que é “a plenitude da Divindade [Deidade]”
(Cl 2:9). Essa essência divina de Cristo, sendo o
próprio Deus Espírito (Jo 4:24), é de santidade, cheia
da natureza e da qualidade de ser santo. De acordo
com tal Espírito, Cristo foi designado, definido Filho
de Deus com poder pela ressurreição dos mortos. Pela
encarnação, Cristo, o Filho de Deus, se tornou um
homem na carne, mas pela ressurreição, como um
homem na carne, Ele foi designado Filho de Deus
segundo o Espírito de santidade.
O evangelho diz respeito a uma Pessoa
maravilhosa que se tornou carne e foi designada o
Filho de Deus segundo o Espírito de santidade. Cristo
ser designado Filho de Deus segundo o Espírito de
santidade é diferente do fato de que Ele era o Filho de
Deus na eternidade. Como o Filho eterno de Deus, Ele
não tinha a natureza humana. Mas Ele ser designado
Filho de Deus em ressurreição tem muito a ver com
Sua natureza humana. Jesus Cristo, um homem em
carne, foi designado Filho de Deus.
A mensagem central do livro de Romanos é que
as pessoas pecadoras, carnais são feitas filhos de
Deus e conformadas à imagem do Filho de Deus.
Desta maneira, Cristo se torna o Primogênito entre
muitos irmãos. Assim, o ponto central do evangelho
não é perdão de pecados. É produzir os filhos de
Deus, muitos irmãos do Filho de Deus.

MUITOS FILHOS CONFORMADOS À


IMAGEM DE CRISTO
Cristo é o modelo, o padrão do evangelho. Ele
nasceu na carne; todavia Ele foi feito Filho de Deus
pela ressurreição no Espírito de santidade. Os
primeiros três capítulos de Romanos revelam nossa
pecaminosidade; o capítulo quatro revela nossa
justificação, o capítulo seis, nossa morte e
sepultamento, e o capítulo sete, nosso problema com
a carne e a vida natural. Mas o capítulo oito revela
que somos conformados à imagem de Cristo, o
Primogênito entre muitos irmãos. Cristo foi
designado Filho de Deus e nós também somos
designados os muitos filhos de Deus. Esse é o
principal ponto do evangelho.
No capítulo um, temos o modelo, o molde,
enquanto no capítulo oito, temos a produção em
massa. No capítulo um, temos uma Pessoa na carne
designada Filho de Deus; contudo, no capítulo oito;
temos muitas pessoas na carne designadas os filhos
de Deus. Então, finalmente o Filho de Deus será o
Primogênito, o Irmão mais velho, entre muitos
irmãos.
Os cristãos hoje falam muito sobre ir para o céu.
Mas não podemos encontrar esse conceito em
nenhuma parte do livro de Romanos. Aqueles cristãos
que são um tanto avançados, falam sobre a chamada
vida mais profunda e sobre espiritualidade. Contudo,
nem mesmo a vida mais profunda ou a
espiritualidade são o objetivo máximo do evangelho.
De acordo com Romanos, muitos dos que eram
carnais tornar-se-ão os chamados filhos de Deus. Em
certo sentido não me interesso pela espiritualidade.
Muitos que proclamam ser espirituais não expressam
a imagem do Filho de Deus. Romanos revela que
seremos conformados não à espiritualidade, mas à
imagem do Filho de Deus.
Uma pessoa pode ser amável e humilde sem ser
conformada à imagem de Cristo. Os outros podem ver
sua amabilidade, mas não a imagem do Filho de
Deus. Novamente digo: o ponto central do evangelho
é nada menos que conformidade à imagem do Filho
de Deus. Aleluia, um dia nós, pessoas na carne,
tornar-nos-emos gloriosos filhos de Deus!

O PODER DE DEUS
Em 1:16, Paulo diz que o evangelho é o poder de
Deus. A razão de o evangelho ser tão poderoso é que a
justiça de Deus é revelada nele. Muitos comentários
de Romanos não dão uma definição adequada da
justiça de Deus. É correto dizer que a justiça de Deus
é simplesmente Cristo. Contudo, tal definição é muito
doutrinária.
O evangelho de Deus é poderoso para salvar as
pessoas porque ele revela a justiça de Deus. Muitos
cristãos pensam que o poder do evangelho é o
Espírito Santo ou o amor de Deus. Outros dizem que
o poder do evangelho é a graça de Deus. Mas em
Romanos, Paulo não diz que o poder do evangelho é o
Espírito Santo ou o amor de Deus ou a graça de Deus.
Ele diz que é a justiça de Deus. Nada é mais sólido e
fidedigno do que a justiça. Amor, ao contrário, é
variável e pode flutuar. O mesmo é verdade com
respeito à graça. Por exemplo, se gosto de você, posso
dar-lhe de presente uma grande quantia de dinheiro.
Mas se não gosto de você, posso não sentir vontade de
lhe dar coisa alguma. Da mesma forma, o dar do
Espírito Santo é, no mínimo, algo relacionado à nossa
obediência e, portanto, não é incondicional. Mas com
respeito à justiça, não há lugar, nem chance de
mudança. Quando agimos conforme a justiça,
fazemos determinadas coisas, não provenientes do
amor, mas porque somos compelidos pela justiça
para agir assim. Considere o exemplo de pagar o
aluguel. Uma pessoa que aluga uma casa, faz seu
pagamento mensal do aluguel não porque ama seu
locador, mas porque é obrigado a cumprir as
exigências justas do contrato de locação. Não
importando como se sinta pessoalmente em relação
ao seu locador, ele tem de pagar o aluguel. Assim
sendo, pagar o aluguel é uma questão de justiça.
Um dia, vi que fui salvo não somente pelo amor
de Deus e pela Sua graça, mas pela justiça de Deus.
Eu pude dizer confiantemente ao Senhor: “Senhor, se
Tu estás feliz comigo ou não, Tu és obrigado por Tua
justiça a me salvar. Mesmo se Tu não me amares, Tu
ainda deves me salvar porque Tu és justo. Teu amor é
eterno, mas a base da minha salvação não é o Teu
amor. E a Tua justiça.” Aleluia, esse é o poder do
evangelho.
Às vezes, ao pregar o evangelho, deparamo-nos
com certas objeções de pessoas que analizam muito.
Após ouvir o evangelho, a respeito do amor de Deus,
alguns nos disseram: “Sim Deus é amor, mas eu não
sou amável. Você diz que o amor de Deus é
incondicional, mas como vou saber que Seu amor por
mim não mudará, especialmente se fizer algo
pecaminoso?” Antes de sermos iluminados com
respeito à justiça de Deus, tínhamos dificuldade para
responder perguntas como essa. Mas agora podemos
ousadamente proclamar a justiça de Deus como o
verdadeiro poder de Deus no evangelho. Porque Deus
é justo, Ele é obrigado a nos perdoar se formos a Ele
por meio de Cristo, não importando o que Ele possa
sentir a esse respeito.

MINISTRANDO CRISTO NO EVANGELHO


Se quisermos servir a Deus de maneira
adequada, precisamos servi-Lo no evangelho. Para
fazer isso, primeiramente precisamos conhecer o que
é o evangelho, e então precisamos experimentar tudo
o que o evangelho inclui. Também precisamos
aprender como ministrar o evangelho aos outros, isto
é, como funcionar como sacerdotes ao ministrar o
evangelho de Deus. Servir a Deus não é simplesmente
uma questão de reunir juntos para cantar, orar e
regozijar. Do mesmo modo, não é somente ganhar
almas ou ajudar os santos em certos assuntos. Servir
a Deus é funcionar como um sacerdote no evangelho.
Isso significa que sempre que contatarmos alguém,
quer crente ou incrédulo, precisamos conhecer sua
necessidade no que diz respeito ao evangelho. Por
exemplo, se uma pessoa não está clara sobre salvação,
devemos ajudá-la a ficar clara e até mesmo a
desfrutar a salvação de Deus. Precisamos servi-la com
o evangelho. Outros podem estar claros sobre
salvação, mas não sobre outros aspectos do
evangelho. Assim, devemos ministrar algo que
satisfaça suas necessidades. O ponto crucial do
serviço na vida da igreja é ministrar Cristo aos outros
no evangelho. Por isso, todos nós devemos aprender
os elementos e os detalhes do evangelho, e
precisamos experimentar o conteúdo total do
evangelho. Juntamente com isso, devemos
desenvolver a técnica e a habilidade adequadas para
ministrar Cristo no evangelho conforme o que temos
experimentado.
O livro de Romanos é uma revelação plena do
evangelho. Meu encargo nesta mensagem é mostrar
que o ponto central do evangelho é que Deus está
transformando pecadores na carne em filhos
designados de Deus no espírito. Se quisermos servir a
Deus no evangelho, todos nós precisamos fazer dessa
questão o nosso alvo. Por que pregamos o evangelho?
Pregamos o evangelho não simplesmente para que
pessoas possam ser salvas ou perdoadas de seus
pecados ou para que se tornem espirituais, mas para
que possam se tornar filhos de Deus. Esse é nosso
objetivo.
O livro de Romanos, sem dúvida, não pára no
capítulo oito, isto é, na questão de muitos filhos
serem conformados à imagem de Cristo. No capítulo
doze, Paulo fala do Corpo. O Corpo de Cristo não
pode ser edificado com pessoas na carne; ele pode ser
edificado somente com os gloriosos filhos de Deus.
Eis a razão porque a edificação do Corpo de Cristo
não é mencionada antes do capítulo doze. Para que o
Corpo possa ser produzido, as pessoas na carne
devem tornar-se conformadas à imagem do Filho de
Deus. Por meio da justiça de Deus revelada no
evangelho, Deus está transformando pecadores na
carne em filhos de Deus no espírito para a edificação
do Corpo de Cristo. Esse é o objetivo do evangelho.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 52
DESIGNAÇÃO
Em nossa leitura de Romanos, podemos prestar
atenção à condenação, justificação, santificação e
glorificação, mas negligenciarmos as questões de
filiação, transformação, conformação e a vida do
Corpo. O pensamento central de Romanos não é
condenação nem justificação, nem mesmo é
santificação ou glorificação. Em 1:1 e 3, Paulo diz que
foi separado para o evangelho de Deus com respeito
ao Filho de Deus. Isso indica que a idéia central do
evangelho de Deus está relacionado ao Filho de Deus.
A intenção de Deus é conduzir muitos filhos à glória.

O DESEJO DE DEUS DE TER MUITOS


FILHOS
De acordo com a Bíblia, o significado espiritual
de filiação é que um filho é a expressão de seu pai.
Deus deseja ter muitos filhos porque Sua intenção é
ter a Si mesmo expressado de uma maneira
corporativa. Ele não quer simplesmente uma
expressão individual do Filho único, mas a expressão
de um Corpo, uma expressão corporativa, em muitos
filhos. João 1:18 diz: “Ninguém jamais viu a Deus: o
Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o
revelou.” Embora a expressão de Deus no Filho
unigênito seja maravilhosa, Deus ainda deseja uma
expressão em muitos filhos. Sua intenção é fazer do
Filho unigênito, o Primogénito entre muitos irmãos.
Antes da ressurreição de Cristo, Deus tinha apenas
um Filho, isto é, Ele tinha uma expressão individual.
Mas por meio da ressurreição de Cristo, Deus agora
tem uma multidão de filhos, isto é, Ele tem uma
expressão corporativa.
Muitos de nós aprendemos que éramos
pecadores, que Deus nos amou, e que Deus enviou
Seu Filho para morrer na cruz para nossa redenção.
Além disso, ouvimos, que como cristãos deveríamos
viver para a glória de Deus e desfrutar a comunhão
com Ele. Então, finalmente, seríamos levados para o
céu. Poucos de nós ouvimos sobre o objetivo de Deus
de produzir muitos filhos para Sua expressão
corporativa. Pela eternidade, Deus será expressado
por um Corpo coletivo de filhos glorificados. Essa é
Sua intenção.

CRISTO COMO O MODELO E O PADRÃO


De acordo com o livro de Romanos, o evangelho
de Deus é um evangelho de filiação. O objetivo central
do evangelho de Deus é produzir muitos filhos
conformados a Seu Filho (8:29). Seu Filho unigênito
é um padrão, um modelo, para produzir a vida de
muitos filhos. Romanos 1:3 e 4 descrevem esse
modelo, enquanto Romanos 8 revela a produção em
massa. Finalmente, o Filho único, o modelo,
tornar-se-á o Primogênito entre muitos irmãos — a
produção em massa.
Como modelo, Cristo tem duas naturezas: a
natureza segundo a carne e a natureza segundo o
Espírito de santidade. “Santidade” no versículo 4
refere-se à essência, à substância de Deus. Antes de
Sua encarnação, Cristo não tinha humanidade, a
natureza segundo a carne. Por meio da encarnação,
Ele se vestiu da natureza humana. Contudo, quando
Ele se vestiu da natureza humana, Ele não perdeu a
natureza divina. Por isso, quando Ele esteve na terra,
Ele era um mistério. De acordo com Sua aparência
exterior, Ele era totalmente um ser humano. Mas
muitas das coisas que Ele disse e fez eram
extraordinárias, coisas que nenhum ser humano era
capaz de dizer ou fazer. Por exemplo, no Evangelho
de João, o Senhor disse que Ele era a vida e que Ele
era a verdade (14:6). Ele também disse: “Eu sou a luz”
(8:12) e, “Eu sou o pão da vida” (6:35). Além disso,
Ele disse que aqueles que não crêssem Nele, não
teriam vida eterna (3:36). Nenhum filósofo poderia
fazer tal declaração. Porque Cristo é tanto divino
quanto humano, as pessoas queriam saber sobre Sua
identidade quando Ele estava na terra. Elas
conheciam Sua família, mas não podiam explicar
como Ele era capaz de fazer certas coisas (Mt
13:54-56). A razão de sua perplexidade era que o
Filho de Deus se havia revestido com humanidade.
Os responsáveis pela crucificação de Cristo não
perceberam que a crucificação era o melhor modo
para Ele ser designado, ser glorificado. Podemos usar
uma semente de cravo para ilustrar esse ponto. Se a
semente for posta para morrer ao ser enterrada no
solo, ela finalmente brota, cresce e floresce. No
mesmo princípio, pela morte e ressurreição, Cristo
“floresceu” como o Filho de Deus. Satanás esperava
que a crucificação de Cristo marcasse Seu término,
mas o Senhor Jesus sabia que este era
verdadeiramente o começo, que isso iniciaria Sua
designação segundo o Espírito de santidade pela
ressurreição dos mortos. Sem morte, não pode haver
ressurreição. Aleluia! em ressurreição, Cristo foi
designado o Filho de Deus com poder!
Como o Filho designado de Deus, Cristo ainda
tem duas naturezas: a da divindade e a da
humanidade. No entanto, a humanidade que Ele tem
agora não é a humanidade natural, mas a
humanidade elevada em ressurreição. Até Sua carne
foi designada como Filho de Deus. Então, Ele foi
designado Filho de Deus tanto com divindade como
com humanidade. Como tal Pessoa maravilhosa, Ele
se tornou o modelo, o padrão de todos aqueles que
estão sendo designados filhos de Deus. Um filho de
Deus deve ter tanto a natureza divina como a
natureza humana ressurreta, glorificada e elevada.

AS DUAS NATUREZAS DOS MUITOS FILHOS


Deus não pretende que percamos nossa
humanidade. Pelo contrário, manteremos nossa
humanidade pela eternidade. Mas nossa humanidade
na eternidade não será natural; ela será ressurreta,
glorificada e elevada. Isso é provado pelo contraste
entre o corpo natural e o corpo espiritual, o corpo da
ressurreição, em 1 Coríntios 15. Hoje, nosso corpo é
como uma semente. Mas um dia, essa “semente” será
ressurreta e glorificada.
Como podemos nós ter divindade? Nós a temos
por sermos regenerados em nosso espírito pelo
Espírito de Cristo. Por meio da encarnação, Cristo
revestiu-se de humanidade e depois disso teve duas
naturezas, a natureza divina e a natureza humana.
Por meio de Sua ressurreição e por entrar em nós
como. o Espírito, Cristo trouxe a divindade para
dentro de nós. Portanto, nós também temos duas
naturezas, a natureza humana e a divina. Por sermos
nascidos do Espírito, tornamo-nos participantes da
natureza divina (2Pe 1:4). Podemos dizer: “Senhor,
assim como Tu tens duas naturezas, nós também
temos duas. Tu és divino e humano e nós somos
humanos e divinos. Aleluia, somos iguais a Ti!
Senhor, Tu tens nossa natureza e nós temos a Tua. Tu
és tanto divino quanto humano e somos tanto
humanos como divinos. Tu és o Cabeça do Corpo e
nós somos os membros do Corpo. Senhor, Tu és o
Filho de Deus e nós somos filhos de Deus também.” O
Senhor aprecia quando falamos com Ele desse modo.
Ele desfruta disso quando declaramos o fato de que
Deus não mais tem um só Filho, o Unigênito, mas
muitos filhos, Cristo como o Primogênito e nós como
os muitos filhos de Deus. Cristo já foi designado o
Filho de Deus, mas nós ainda estamos no processo de
designação. Um dia, esse processo estará completo e,
pela eternidade, seremos o mesmo que Cristo, o Filho
primogênito de Deus. Romanos 1:3 e 4 contém
muitas palavras-chaves. O versículo 3 tem a
expressão “segundo a carne” e o versículo 4, a
expressão “segundo o espírito”. Em 8:4, Paulo fala
sobre andar “segundo o espírito” e não “segundo a
carne”. Este é um exemplo de como as palavras-chave
em 1:3 e 4 são novamente usadas por Paulo, mais
adiante, neste livro.

DESIGNADO PELA RESSURREIÇÃO


Uma palavra especialmente maravilhosa em 1:4 é
“ressurreição”. Cristo foi designado o Filho de Deus
“pela ressurreição dos mortos”. Em 6:5, Paulo diz que
“certamente o seremos também na semelhança da
sua ressurreição.” Cristo foi designado pela
ressurreição e nós o seremos na semelhança desta
ressurreição. Enquanto participamos da ressurreição
de Cristo, passamos pelo processo de sermos
designados filhos de Deus. Somos designados, de
fato, pela ressurreição.
Designar algo é marcá-la, não meramente
rotulá-la. Como filhos de Deus, somos designados
pela ressurreição, isto é, por uma mudança em vida.
Usemos novamente uma semente de cravo como
ilustração. Muitas pessoas não conseguem dizer a
diferença entre uma semente de cravo e outros tipos
de sementes. Alguém pode pensar que o modo de
descobrir qual é a semente de cravo entre muitas
sementes é etiquetar a semente de cravo. Este,
contudo, não é o modo da vida. Segundo a maneira da
vida, a semente de cravo é designada por ser posta na
terra para que possa crescer até florescer como um
cravo. Quando um pé de cravo ainda é um pequeno
broto, é muito difícil reconhecer se é um cravo, pois
parece igual a outras espécies de brotos. Mas quanto
mais o pé de cravo cresce, mais ele é designado.
Finalmente, ao florescer, todos nós podemos
reconhecer que é um cravo. Quando floresce, ele é
totalmente designado como um cravo.
No mesmo princípio, somos designados filhos de
Deus por uma mudança em vida por meio do
processo de ressurreição. Vem o dia quando
alcançaremos o estágio de “plena f1orescência”. Esse
será o tempo da redenção, da glorificação de nosso
corpo, que é a total filiação (8:23). A vida do Filho de
Deus foi implantada em nosso espírito. Agora nós,
como a semente de cravo que é semeada na terra,
devemos passar pelo processo de morte e
ressurreição. Isso leva o homem exterior a ser
consumido, mas capacita a vida interior a crescer, a
desenvolver e, finalmente, a florescer. Isso é
ressurreição. Louvado seja o Senhor porque estamos
sendo diariamente levados à morte para que
possamos participar da ressurreição de Cristo de uma
maneira prática. Aleluia, seremos designados filhos
de Deus pela ressurreição!

PROCESSADOS POR MEIO DE NOSSAS


FALHAS
A maioria de nós hoje pode não ter a ousadia de
dizer que somos os filhos de Deus. Ainda não temos a
aparência, a expressão dos filhos de Deus. Somos
como o pé de cravo que ainda não produziu flores.
Apesar disso, estamos sob o processo de designação
pela ressurreição e, por fim, após termos sido
processados totalmente, todos saberão que somos
filhos de Deus. Toda a criação está esperando e
gemendo por isso. Também gememos porque ainda
não temos a aparência que deveríamos ter. Sabemos
que ainda estamos aquém em muitos aspectos e
errados em muitas coisas, e ainda temos falhas. Mas
sob a soberania do Senhor, até mesmo nossas falhas
são usadas como parte do processo. O Senhor nos
permite falhar vez após outra para que possamos ser
processados. Por meio de nossas falhas, nosso ego
feio é derrubado, e o Senhor tem uma grande
oportunidade para trabalhar em nosso interior.
Louvado seja o Senhor pelo processo divino!
Estamos no caminho da ressurreição! Não apenas
fomos enxertados em Cristo para que possamos ter
uma união vital com Ele em Sua morte, mas também
desfrutamos de Sua ressurreição. Todos nós estamos
presentemente no processo de sermos designados
filhos de Deus por meio da ressurreição.

QUATRO ASPECTOS DA RESSURREIÇÃO


Nesse processo de ressurreição, há quatro
aspectos: santificação, transformação, conformação e
glorificação. Em 6:22, Paulo diz: 'Agora, porém,
libertados do pecado, transformados em servos de
Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por
fim a vida eterna”. Santificação, o processo de ser
feito santo, introduz-nos no desfrute da vida eterna.
Assim, o final, o resultado da santificação é vida
eterna.
Em 12:2, Paulo fala de transformação, dizendo
que não devemos ser conformados a este século, mas
devemos ser transformados pela renovação da mente.
Em 8:29, Paulo fala sobre conformação e, no próximo
versículo, sobre glorificação. Nossa glorificação
futura será o último passo da ressurreição; é a
ressurreição aplicada ao corpo. Porque nosso corpo
ainda está sujeito à morte, somos algumas vezes
fracos e até fisicamente doentes. Assim, precisamos
da redenção de nosso corpo; precisamos da
ressurreição aplicada ao nosso corpo. Como aqueles
que estão no processo de ressurreição, temos como
último degrau da ressurreição, a transfiguração, a
glorificação de nosso corpo.

SANTIFICAÇÃO
Já vimos que santificação é uma parte da
ressurreição. Quanto mais somos santificados mais
somos ressurretos. Quando falamos de santificação,
não queremos dizer sobre perfeição de não pecar, ou
sobre uma simples mudança de posição.
Contradizendo o conceito de santificação como
perfeição de não pecar, algumas pessoas mostraram
em Mateus 23 que o ouro é santificado por ser
colocado no templo e que uma oferta é santificada por
ser posta no altar. Portanto, estes ensinam que
santificação nada tem a ver com pecado, mas está
relacionada à mudança de posição. Por exemplo,
quando o ouro estava no mercado, ele era comum,
normal; mas quando foi colocado no templo, ele foi
santificado. Santificação, contudo, significa muito
mais que isso. Ela inclui não somente uma mudança
de posição, mas também uma mudança de
disposição. A santificação falada em Romanos é
santificação disposicional. Precisamos ser
santificados tanto em nossa posição como em nossa
disposição.
Fazer chá é uma boa ilustração de santificação
disposicional. Quando um envelope de chá é colocado
numa xícara de água, o chá “chaifica” a água. Isso faz
com que a água mude de cor, aparência e gosto.
Podemos dizer que a água sofreu uma mudança
disposicional. Quanto mais chá é posto na água, mais
a água é “chaificada”. Essa “chaificação” é uma figura
da nossa experiência subjetiva de santificação. Cristo
é o “chá” celestial e nós somos a “água”. Quanto mais
de Cristo for acrescido a nós, mais seremos
santificados disposicionalmente.

TRANSFORMAÇÃO
Não apenas somos santificados, mas somos
também transformados. Santificação envolve
substância, enquanto transformação envolve forma,
uma mudança de uma forma para outra. Ser
santificado é ter mais de Cristo acrescido a nós. Ser
transformado é ser modelado numa certa forma pelo
acréscimo da substância divina. Transformação é o
segundo aspecto da ressurreição. Quanto mais somos
transformados, mais somos ressurretos.
CONFORMAÇÃO
O terceiro aspecto do processo de ressurreição é
a conformação, que é intimamente relacionada à
transformação. Nesse processo, somos conformados
à imagem de Cristo. Como 8:29 diz: “Porquanto aos
que de antemão conheceu, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim
de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”

GLORIFICAÇÃO
Já enfatizamos que o último passo do processo
de ressurreição é glorificação, a transfiguração do
nosso corpo. A vida divina em nós finalmente será
expressa por meio do nosso corpo de modo pleno,
transfigurando-o em um corpo glorioso. Desta
maneira, a mortalidade será tragada pela vida divina
em nós. Naquele tempo, estaremos plenamente
santificados, transformados, conformados e
glorificados. Isso significa que estaremos totalmente
em ressurreição, com a vida e a natureza divina
permeando todo nosso ser. Esta será a filiação plena
(8:23).
Todos nós sentimos que hoje nossa filiação ainda
não é plena. Contudo, ela será mais e mais plena até
atingir o topo, à época de nossa glorificação, quando
seremos plenamente ressurretos e designados filhos
de Deus em natureza e em aparência. Tanto em nome
como em realidade, seremos os filhos de Deus em
espírito, alma e corpo. Assim como uma semente de
cravo cresce de uma semente para uma planta adulta
florescente, também nós seremos processados por
meio da ressurreição até sermos totalmente
glorificados e designados como os muitos filhos de
Deus. Agora estamos no processo de ressurreição
para que possamos ser santificados, transformados,
conformados e glorificados. Esse processo
prosseguirá até que sejamos filhos de Deus na
totalidade. Esse é o objetivo central do evangelho.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 53
A FILIAÇÃO EM ROMANOS
Em 1:9, Paulo disse que servia a Deus no
evangelho de Seu Filho. Isso indica que todos nós
devemos servir a Deus no evangelho de Cristo. Para
fazer isso, contudo, precisamos saber o que é o
evangelho.
O evangelho não envolve simplesmente questões
tais como redenção, perdão, justificação,
reconciliação, purificação e regeneração. Todos esses
são aspectos da salvação de Deus. Mas a salvação de
Deus tem um alvo e este alvo é a filiação. Isso
significa que redenção, perdão, justificação,
reconciliação, purificação e regeneração são todos
para o cumprimento do desejo de Deus de ter muitos
filhos para ser Sua expressão.
A intenção eterna de Deus é que Ele seja
expressado através de um Corpo constituído de filhos
glorificados. Originalmente, Deus tinha somente um
Filho, Seu Filho unigênito. Mas agora que a
ressurreição de Jesus Cristo foi cumprida, Ele tem
muitos filhos. Por meio da morte e ressurreição de
Cristo, milhões de pecadores foram feitos filhos de
Deus. Esse é o propósito eterno de Deus. Portanto, o
livro de Romanos revela que o objetivo do evangelho
é a filiação, a produção dos muitos filhos de Deus.
Os quatro primeiros versículos de Romanos são
extremamente importantes. No primeiro versículo,
Paulo diz: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado
para ser apóstolo, separado para o evangelho de
Deus”. O fato de Romanos abrir com uma palavra
sobre o evangelho de Deus indica que o evangelho é o
tema deste livro. O evangelho de Deus não diz
respeito à religião, doutrinas ou formas; além disso,
ele não fala meramente de redenção, perdão ou
justificação. Como o versículo 3 deixa claro, o
evangelho de Deus diz respeito ao Filho de Deus,
Jesus Cristo nosso Senhor. Isso mostra que o
evangelho é sobre a filiação. a prazer, desejo e
satisfação de Deus estão relacionados com Seu Filho.
E Sua intenção produzir muitos filhos conformados
ao padrão, ao modelo do Primogênito. Por meio Dele,
Nele e com Ele, muitos filhos estão sendo produzidos.
Assim, o evangelho de Deus diz respeito a essa
produção de muitos filhos conformados à imagem de
Cristo.

CRISTO DESIGNADO O FILHO DE DEUS


Em Sua encarnação, Cristo veio como a semente
de Davi segundo a carne (1:3). Na Bíblia, a palavra
“carne” não é uma palavra positiva. Não obstante, o
Evangelho de João declara que a Palavra se tornou
carne (1:14). a evangelho de Deus diz respeito ao
Filho de Deus que se tornou carne, que se tornou a
semente de um homem segundo a carne. Em
Romanos, vemos que esta carne foi designada o Filho
de Deus!
Por meio dessa designação, o Cristo que já era o
Filho de Deus antes de Sua encarnação, tornou-se o
Filho de Deus de um modo novo. Antes de Sua
encarnação, Ele era o Filho de Deus somente com
divindade. Mas agora, por meio de Sua ressurreição,
Ele foi designado o Filho de Deus tanto em divindade
como em humanidade. Se Cristo nunca tivesse se
revestido da natureza humana, não haveria
necessidade de Ele ter sido designado o Filho de
Deus, pois em Sua divindade, Ele já era o Filho de
Deus desde a eternidade.
Romanos 8:3 diz que Deus enviou Seu Filho na
semelhança da carne 'de pecado. Isso indica que
Cristo não tinha a pecaminosidade da carne; Ele tinha
apenas a semelhança da carne de pecado. Em relação
a isso, Ele era como a serpente de bronze levantada
numa haste no deserto (Nm 21:8-9). A serpente de
bronze tinha a forma de uma serpente, mas não tinha
a natureza venenosa de uma serpente. No mesmo
princípio, Cristo tinha a forma, a aparência, a
semelhança da carne de pecado, mas Ele não tinha a
natureza pecaminosa da carne de pecado.
Porque Cristo, o Filho de Deus, se revestiu com a
carne, Ele precisou que Sua natureza humana fosse
designada o Filho de Deus em poder pela
ressurreição. A morte em Adão é terrível. A morte de
Cristo, no entanto, é maravilhosa. Isso é porque Sua
morte terminou com todas as coisas negativas e abriu
o caminho para a ressurreição. Pela ressurreição,
Cristo foi transfigurado e designado o Filho de Deus.
O Salmo 2:7 diz: “Tu és meu Filho, eu hoje te
gerei.” Uma vez que Cristo já era o Filho de Deus,
como poderia haver a necessidade de Ele ser gerado
como o Filho de Deus? Atos 13:33, que se refere ao
Salmo 2:7, indica que Cristo foi gerado como o Filho
de Deus no dia de Sua ressurreição. Mas Ele não era o
Filho de Deus antes desse dia? Certamente era. Não
obstante, Ele ainda precisava ser gerado pela
ressurreição porque Ele se vestiu de humanidade.
Quanto à Sua divindade, não havia necessidade de ser
gerado. Mas quanto à Sua humanidade, isso era
necessário. No dia de Sua ressurreição, a carne de
Cristo foi elevada e transfigurada em uma substância
gloriosa. Esse é o gerar em poder pela ressurreição.
Esse gerar é também a designação. Desse modo,
Jesus, o Homem na carne, foi gerado e designado o
Filho de Deus.

SEGUNDO O ESPÍRITO DE SANTIDADE


a versículo 4 diz que essa designação foi segundo
o Espírito de santidade. A ilustração de uma semente
de cravo nos ajudará a entender o significado disso.
Quando uma semente de cravo é colocada no solo, ela
morre. Mas essa morte prepara o caminho para a
ressurreição. Finalmente, a semente brota e cresce
até tornar-se uma planta madura que produz flores
de cravo. Quando o pé de cravo floresce, ele é
designado. a cravo é a designação da semente de
cravo. Uma semente de cravo é designada, não por
ser rotulada, mas por ser enterrada no solo e por
crescer até tornar-se um pé de cravo florescente. Isso
indica que a semente de cravo é designada segundo a
vida que está nela, isto é, ela é designada segundo a
vida. Se eu colocar uma pedra no solo, nada
acontecerá porque não há vida na pedra. Mas após
uma semente de cravo ser colocada na terra, ela será
designada segundo a vida em seu interior.
No mesmo princípio quando Cristo ressuscitou
dentre os mortos, Ele foi designado em poder pela
ressurreição segundo o Espírito de santidade que
estava Nele. Agora Ele é o Filho de Deus de um modo
mais maravilhoso do que antes, pois agora Ele tem
tanto a natureza divina quanto a natureza humana
ressurreta, transformada, elevada, glorificada e
designada.
Como o Filho de Deus com divindade e
humanidade, Cristo é agora o padrão e o modelo para
a produção em massa dos muitos filhos de Deus.
Vimos que Deus não quer apenas um Filho, um Filho
unigênito; Ele deseja muitos filhos, os quais são todos
a produção em massa do Primogênito. No capítulo
um, temos o modelo, mas no capítulo oito, temos a
produção em massa. O capítulo oito revela
claramente que o Filho unigênito se tornou o
Primogênito entre muitos irmãos.

COMO OS MUITOS FILHOS SÃO TRAZIDOS


À EXISTÊNCIA
Agora precisamos considerar como estes muitos
filhos são trazidos à existência. A chave para
compreender isso está em 1:3 e 4. Nesses versículos,
há vários termos importantes: segundo a carne,
segundo o Espírito, o Espírito de santidade, poder,
ressurreição e Filho de Deus. De certo modo, todo o
livro de Romanos está estruturado nessas
afirmativas. Os versículos 3 e 4 do capítulo um,
verdadeiramente resumem todo o livro. O livro de
Romanos é um relato de pecadores na carne
tornando-se filhos de Deus com poder e pela
ressurreição. Em 3:20, 'lemos que “ninguém será
justificado diante dele por obras da lei.” Isso indica
que a carne, o homem caído, é sem esperança. O
capítulo sete revela quão feia e problemática a carne
é. O capítulo oito, então, descreve a total
incapacidade da carne de cumprir a lei de Deus. Antes
de sermos salvos, éramos apenas carne, sem
esperança, problemáticos e fracos. Mas Cristo foi feito
à semelhança da carne de pecado e, em Sua
crucificação, Ele levou essa carne até a cruz e acabou
com ela.
Segundo a carne, não podemos ser designados
filhos de Deus. Somente podemos nos tornar filhos de
Deus segundo o Espírito de santidade. Como crentes
em Cristo, temos tanto a carne que recebemos de
nossos pais naturais, como o Espírito de santidade,
que nos foi dado por Deus. Assim como o Senhor
Jesus, nós também temos duas naturezas, a natureza
humana e a divina. Agora podemos ousadamente
dizer: “Senhor Jesus, Tu tens duas naturezas e nós
também temos duas. Foste feito carne e nós também
somos carne. Em Ti havia o Espírito de santidade e
em nós há o Espírito de santidade.” Oh! em nós há o
Espírito de santidade, que na verdade é a Pessoa
maravilhosa do próprio Cristo! Santidade é a
substância, a essência, o elemento, a natureza de
Deus. Essa natureza santa de Deus é totalmente
diferente de todas as outras coisas e separada delas. O
Espírito de santidade se refere à própria essência de
Deus. Assim, por ter o Espírito de santidade, temos a
substância de Deus em nós. Segundo esse Espírito,
estamos sendo designados filhos de Deus.

ENXERTADOS EM CRISTO
Como crentes, fomos enxertados em Cristo.
Suponha que um ramo de uma árvore inferior seja
enxertado em uma árvore melhor. Por meio desse
processo de enxerto, o ramo inferior se torna um bom
ramo, parte de uma boa árvore. Tendo sido enxertado
em Cristo e na semelhança de Sua morte, nós agora
estamos passando pelo processo de ressurreição. De
acordo com 1 Pedro 1:3, fomos regenerados pela
ressurreição de Cristo. Isso significa que nascemos de
novo quando Cristo ressuscitou. Verdadeiramente,
nascemos de novo antes de termos nascido. Estamos
agora experimentando a ressurreição daquilo que já
ressuscitou e a libertação daquilo que já foi liberto.
Por essa razão, podemos dizer que estamos no
processo de ser ressuscitados.
Esse conceito é encontrado em Romanos 8.
Aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos nos
dá vida por meio de seu Espírito que em nós habita
(v. 11). Isso mostra que estamos atualmente sob o
processo de ressurreição.

NÃO CORREÇÃO MAS RESSURREIÇÃO


Por um lado, ser ressuscitado significa levar
todas as coisas negativas à morte; por outro lado,
significa libertar todas as coisas positivas, elevar
aquilo que foi colocado na morte e que foi
ressuscitado. Estritamente falando, na economia de
Deus não há correção, ajuste ou aperfeiçoamento
exteriores. Há somente ressurreição, que é a
terminação do negativo e a liberação do positivo.
Suponha que um certo irmão seja muito
orgulhoso. A maneira religiosa é ensiná-lo a ser
humilde. Mas esta não é a maneira de Deus. O modo
segundo a economia divina é enxertar este homem
orgulhoso em Cristo e permitir que a morte de Cristo
trabalhe em seu interior até, finalmente, terminar
com ele. A morte de Cristo assim abrirá o caminho
para que o Seu poder de ressurreição libere algo de
Cristo do interior desse irmão. Desse modo, a vida de
Cristo consumirá seu orgulho natural. Isso não é
correção, é ressurreição.
No princípio do meu ministério, era hábito
corrigir e admoestar os outros. Mas gradativamente,
aprendi que esta não é a maneira de Deus em Sua
economia. Porque temos o Espírito de santidade em
nós, não há necessidade de mudança exterior. Se nos
voltarmos ao Senhor e O contatarmos,
experimentaremos Sua morte e ressurreição. Essa
ressurreição é segundo o Espírito de santidade.
Aleluia, a vida de ressurreição com o poder de
ressurreição está em nosso interior!
Quão absurdo seria tentar ajudar uma flor a
crescer corrigindo-a exteriormente! O modo
adequado é simplesmente regá-la. No mesmo
princípio, devemos regar-nos uns aos outros. Como 1
Coríntios 3:6 diz, Paulo plantou, Apolo regou, mas
Deus é quem dá o crescimento. Precisamos regar os
irmãos e irmãs e alimentá-los. Assim a vida interior
crescerá e finalmente uma bonita “flor” será
produzida. Isso é, ressurreição.
Na realidade, os filhos de Deus não precisam
saber muita doutrina. O que precisamos é da Palavra
e do poder de ressurreição dentro de nós. Nenhum
ensinamento ou doutrina pode substituir a
ressurreição. Segundo o poder da ressurreição,
estamos sendo designados filhos de Deus.

SANTIFICAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO
Ser designado significa estar sendo santificado.
Santidade é a substância, mas santificação é o
processo de tornar santo. Alguns cristãos consideram
santidade meramente como ausência de pecado.
Outros afirmam que santidade denota separação,
uma mudança de posição. Nenhuma é uma definição
adequada ou apropriada. Santidade inclui tanto
ausência de pecaminosidade quanto separação, mas
também envolve uma mudança de disposição.
Considere mais uma vez a ilustração de fazer chá.
Quando o chá é adicionado à água, a água é
“chaificada”. Este é um quadro de santificação. Cristo
é o “chá” celestial e nós somos a “água”. Quanto mais
“chá” divino for adicionado a nós, mais seremos
“chaificados”. Quanto mais Cristo for adicionado a
nós, mais seremos santificados. Santificação não é
simplesmente uma mudança posicional, mas uma
mudança disposicional. Na ilustração sobre fazer chá,
a disposição da água, até mesmo sua essência, é
alterada quando a água é “chaificada”.
Santificação envolve transformação. Enquanto a
água é “chaificada”, ela também é transformada.
Assim, ressurreição, santificação e transformação
estão todas relacionadas.

O PROCESSO DE FILIAÇÃO
A transformação é para a conformação. De
acordo com 8:29, todos seremos conformados à
imagem de Cristo. Por meio da conformação, somos
introduzidos na realidade de filiação. Quando
nascemos de novo, tínhamos apenas uma pequena
porção da filiação. Agora, a filiação precisa
expandir-se em nós até saturar todo nosso ser.
Finalmente, à época da volta do Senhor, até nosso
corpo será saturado pela filiação. Assim, a saturação
de nosso corpo pela filiação é a redenção de nosso
corpo.
Hoje nosso espírito está na filiação, mas nosso
corpo não está. Segundo o espírito, somos filhos de
Deus.: mas segundo nosso corpo, ainda não estamos
na filiação. A transfiguração, a redenção de. nosso
corpo na volta do Senhor, será o último passo da
filiação. Àquela época seremos total e completamente
introduzidos na filiação, Em todas as partes de nosso
ser — espírito, alma e corpo — seremos os
verdadeiros filhos de Deus. Então, seremos
glorificados. Louvado seja o Senhor porque hoje
estamos passando pelo processo de filiação, o
processo de tornarmo-nos filhos de Deus.
Em nós temos o Espírito de filiação como um
antegozo. Quando clamamos “Aba, Pai”, sentimos o
doce desfrute do Espírito Santo como um antegozo.
Este Espírito de filiação está agora ressuscitando-nos,
santificando-nos, transformando-nos e
conformando-nos à imagem de Cristo.

O CORPO EDIFICADO COM FILHOS


Esses muitos irmãos, os muitos filhos de Deus,
são os membros do Corpo de Cristo. A filiação é
mencionada primeiro e o Corpo depois, porque o
Corpo somente pode ser edificado com filhos de
Deus, não com pecadores na carne. Romanos 12 é a
continuação direta de Romanos 8. Somente após
termos sido conformados à imagem de Cristo é que
podemos ter a realidade do Corpo, do qual todos nós
somos membros.
O objetivo do evangelho como revelado no livro
de Romanos é transformar pecadores na carne em
filhos de Deus no espírito para a formação do Corpo
de Cristo. O apóstolo Paulo serviu a Deus nesse
evangelho. Hoje também devemos aprender a servir a
Deus em tal evangelho. Deus nos confirma segundo o
evangelho revelado em Romanos (16:25). Esse
evangelho não é somente para os incrédulos, mas
também para os crentes. Deus confirma os crentes
segundo o evangelho com respeito ao Filho de Deus
que se tornou um homem na carne, e que em Sua
humanidade foi designado Filho de Deus, segundo o
Espírito de santidade com poder pela ressurreição.
Romanos 1:3 e 4 são um resumo do evangelho e o
restante do livro de Romanos é o conteúdo completo
do evangelho. Nesse evangelho, Deus está
transformando pecadores na carne em filhos de Deus
com poder, pela ressurreição, e segundo o Espírito de
santidade.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 54
DESIGNAÇÃO PELA RESSURREIÇÃO
Vimos que em 1:1, Paulo disse que foi “separado
para o evangelho de Deus”, e então ele prossegue
dizendo que o evangelho de Deus é com respeito ao
Filho de Deus, Jesus Cristo nosso Senhor (1:3). Isso
mostra que o evangelho de Deus é um evangelho de
filiação. O objetivo desse evangelho é transformar
pecadores em filhos de Deus para a formação do
Corpo de Cristo.

O PROCESSO DE RESSURREIÇÃO
Ao considerarmos essa questão da filiação, certas
palavras importantes chamam nossa atenção:
designação, ressurreição, santificação,
transformação, conformação, glorificação e
manifestação. Estamos sendo designados filhos de
Deus pelo processo de ressurreição. Nesse processo,
certo número de etapas estão envolvidas. Essas
etapas incluem santificação, transformação,
conformação e glorificação. Essa glorificação também
será a manifestação. Hoje, as pessoas podem não
perceber que nós somos cristãos. Mas no dia de nossa
glorificação, ninguém precisará perguntar se somos
ou não cristãos, pois seremos manifestados como
filhos de Deus. Tal manifestação será a consumação
do processo de designação pela ressurreição .
Santificação, transformação, conformação e
glorificação não são quatro passos totalmente
separados. Ao contrário, enquanto a santificação
acontece, também estamos sendo transformados.
Além disso, enquanto estamos sendo transformados,
o processo de Conformação começa a acontecer.
Finalmente, como continuação natural e consumação
desses processos, alcançaremos o estágio de
glorificação ou manifestação. Quando a santificação,
transformação e conformação atingirem seu ápice,
este será o tempo de nossa glorificação. Essa
glorificação será nossa manifestação como filhos de
Deus. Estamos atualmente submetidos ao processo
de designação pela ressurreição, um processo que, ao
final, levar-nos-á ao ponto da manifestação. A chave
desse processo é a ressurreição. Por isso, falamos de
designação pela ressurreição.

A EXPERIÊNCIA DA RESSURREIÇÃO
Nesta mensagem, precisamos considerar a
questão da ressurreição com mais detalhes. Não a
observaremos objetivamente, do ponto de vista da
doutrina, mas subjetivamente, com a visão da
experiência de vida. Romanos 6:5 fala da experiência
da ressurreição. Esse versículo diz que participamos
na semelhança da ressurreição de Cristo. Alguns
estudiosos da Palavra têm dito que a ressurreição
mencionada aqui é a primeira ressurreição falada em
Apocalipse 20:4 e 5. Mas eu não creio que essa seja a
compreensão de Paulo sobre ressurreição aqui. Paulo
não está dizendo que devemos esperar até o milênio
para ter parte na ressurreição de Cristo. Em 6:5,
Paulo diz que fomos unidos com Ele na semelhança
de Sua morte e que também o seremos na semelhança
de Sua ressurreição. Isso não se refere a uma
ressurreição futura, objetiva, mas à nossa experiência
atual da vida ressurreta de Cristo. Não deveríamos
olhar a ressurreição meramente como um
acontecimento futuro, como Marta fez em João 11. O
Senhor Jesus disse a ela que Ele era a ressurreição e a
vida (v. 25). Sua palavra mostra que não é necessário
esperarmos até um dia futuro para tê-Lo como
ressurreição. Ressurreição não é uma questão de
tempo ou lugar; é uma questão de Cristo. Se O temos,
temos a ressurreição. Mas se não O temos, não temos
a vida ressurreta nem agora, nem no futuro. Aleluia, a
ressurreição é Jesus, o Filho de Deus! Uma vez que
tenhamos Jesus Cristo, temos a ressurreição, não
importando onde estejamos.
Que diferença há entre o ensinamento
doutrinário sobre ressurreição e a revelação subjetiva
de Cristo como ressurreição! O que precisamos hoje
não é o ensinamento objetivo sobre ressurreição, mas
a experiência subjetiva, viva, atual, de Cristo como
ressurreição.

CRISTO COMO PODER DE VIDA


Dizer que Cristo é a ressurreição significa que
Cristo é o poder de vida. Ressurreição é poder de
vida. Com a vida, há a essência de vida, a forma de
vida e o poder de vida. Primeiramente, temos a
essência de vida e, estão, temos o poder de vida. A
seguir, temos a forma de vida. Ressurreição é Cristo
sendo o poder de vida a nós. Esta é uma questão
muito significativa.
Em 1936, fiz uma visita a uma das principais
universidades na China. Um dos estudantes falou-me
sobre sua dificuldade em crer na ressurreição. Ele me
disse que devido ao seu moderno conhecimento
científico, ele não podia crer. Para ele, ressurreição
era contra a verdade científica. Fora da sala onde
estávamos reunidos, havia um campo de trigo.
Chamando a sua atenção para o trigo crescendo no
campo, mostrei-lhe que o trigo era produzido por
alguns grãos de semente que foram enterrados no
solo. Disse-lhe que, de certo modo, aquelas sementes
morreram, mas que agora elas brotaram em
ressurreição como trigo. Por meio dessa ilustração de
morte e ressurreição, aquele jovem foi salvo. Agora
ele é um dos líderes entre os cooperadores em
Taiwan. Esta ilustração mostra que a ressurreição é
uma questão de poder de vida.

AS FUNÇÕES DA RESSURREIÇÃO

Subjugar as Coisas Negativas


Esse poder de vida tem diversas funções. A
primeira função é aquela que subjuga. A ressurreição
é capaz de vencer todas as coisas negativas, incluindo
a morte. Fora do próprio Deus, a coisa mais poderosa
do universo é a morte. Sempre que a morte visita
alguém, essa pessoa não pode resistir a ela; ela tem de
sujeitar-se a esse poder. Embora a morte seja tão
poderosa, a ressurreição é ainda mais poderosa. A
morte não pode reter a ressurreição (At 2:24). Pelo
contrário, a ressurreição subjuga a morte e a vence.
Em 1 Coríntios 15:26, Paulo diz: “O último
inimigo a ser destruído é a morte.” Isso mostra que a
morte é o mais forte inimigo. Tal inimigo forte
somente pode ser derrotado pela ressurreição.
Portanto, a primeira função da ressurreição, do poder
de vida, é a de subjugar as coisas negativas,
especialmente a morte. Quanto mais a ressurreição
toma o lugar numa situação de morte, mais
oportunidade ela tem de funcionar para subjugar a
morte.
Tragar a Morte
A segunda função do poder de vida é tragar a
morte. A ressurreição não apenas subjuga a morte e a
vence, como também a devora. Em Números 14:9,
Calebe disse que os inimigos dos filhos de Israel
seriam sua comida. A morte, o último grande inimigo,
é alimento para a ressurreição. Algumas vezes, um
inimigo é conquistado, mas ele ainda está presente.
Pela função do poder de vida, a morte não só é
subjugada, mas é tragada até o ponto de desaparecer.
Quando o poder de vida devora a morte, a morte
desaparece.

Produzir Crescimento, Transformação e


Conformação
As funções de subjugar e tragar são funções
negativas. A ressurreição, contudo, também tem
muitas funções positivas. A primeira delas é produzir
crescimento e transformação. Quanto mais alguma
coisa cresce, mais é mudada, transformada. Mas uma
vez, o crescimento de um pé de cravo ilustra isso. O
cravo começa com uma pequena semente. Mas depois
que a semente é enterrada no solo, ela começa a
crescer, primeiramente como um tenro broto e
finalmente, como um pé de cravo totalmente
crescido, florido. Quando o cravo ainda é um broto, é
difícil distingui-lo de outros tipos de plantas. Mas
quanto mais ele cresce, mais ele muda e é
transformado. Ele é transformado pelo crescimento.
Em princípio, o mesmo tipo de mudança
acontece com as crianças. Enquanto uma criança
cresce, seu corpo assume uma certa forma. Assim
como o poder de vida transforma, ele também dá
forma. Quanto mais crescemos, mais tomamos
forma. Por isso, a ressurreição conduz ao
crescimento, mudança e conformação.

Liberar as Coisas Positivas


A ressurreição também libera as coisas positivas.
Frutificar é um tipo de liberação proveniente da
função de ressurreição. No frutificar, há a liberação
da essência de vida do interior de uma determinada
árvore. Isso mostra que pelo frutificar as riquezas da
vida interior daquela árvore são liberadas. Pela
função liberadora do poder de vida, tudo o que está
na semente — a raiz, o caule, os ramos, as folhas, a
flor e o fruto — é liberado. Quando a semente e
ressuscitada, todas as coisas positivas nela são
ressuscitadas.
Freqüentemente falamos sobre as riquezas de
Cristo. Cristo com todas Suas riquezas foi semeado
em nós como uma semente. Vemos isso na parábola
do semeador em Mateus 13. Segundo essa parábola,
Cristo semeou-se em nós como uma semente de vida.
Esta semente inclui todos os tipos de coisas positivas:
amor, santidade, justiça, humildade, paciência,
perseverança. Nessa semente, estão, tanto os
atributos divinos quanto as virtudes humanas. A
única coisa necessária é a liberação. A ressurreição
libera a essência de todas as riquezas de Cristo do
interior da semente.

O PODER DE ASCENDER
Com a ressurreição, há também o poder de
ascender. A ressurreição, assim como cálamo usado
na produção do óleo da unção em Êxodo 30, ascende
das situações “de lama”. Esse cálamo é uma figura do
poder em Cristo para ascender.

NOSSA EXPERIÊNCIA DE RESSURREIÇÃO


Como crentes, temos Cristo em nós como
ressurreição, e essa ressurreição é nosso poder de
vida. Dia após dia, esse poder funciona para vencer a
morte. A morte tem muitos aspectos: fraqueza, ódio,
trevas, orgulho, crítica, boatos. Mesmo se murmurar
ou envolver-se num pequeno falatório, você tocará a
morte. Todas as coisas negativas estão contidas na
morte. A ressurreição em nós vence toda forma de
morte e a consome. Ela consome nosso orgulho,
nossa crítica, nossa falsa humildade. Além disso, esse
poder de vida leva ao crescimento, transformação e
conformação. Ele também libera as coisas positivas e
nos leva a ascendermos de toda situação “de lama.”
Mesmo que não tenhamos a percepção de que
esse poder de vida está em nós, temos a realidade
desse poder. Se refletirmos sobre nossa experiência
passada com o Senhor, veremos que a ressurreição
em nós tem vencido a morte e tragado as coisas
negativas. Nossa experiência também testifica que
esse poder de vida nos levou a crescer, a sermos
transformados e até conformados à imagem de
Cristo. Além disso, nossa experiência revela que o
poder de vida liberou muitas coisas positivas em nós.
Enquanto a ressurreição libera, ela também ascende
em nós.
Satanás está sempre fazendo o melhor que pode
para nos manter abatidos. Ele se esmera para nos
reprimir, nos deprimir e nos oprimir. Mas louvado
seja o Senhor pelo cálamo ascendido em nós! O
Senhor, às vezes, permite que o inimigo nos lance
numa situação “de lama”, apenas para que a
ressurreição tenha uma oportunidade de funcionar
elevando-nos muito acima daquela situação. Essa
ressurreição subjetiva é a ressurreição falada no livro
de Romanos. É nessa ressurreição que Cristo em Sua
humanidade foi designado o Filho de Deus. Por meio
de tal ressurreição nós também estamos no processo
de sermos designados filhos de Deus.

O ESPÍRITO COMO A REALIDADE DA


RESSURREIÇÃO
Romanos 8:11 diz: “Se habita em vós o Espírito
daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos,
esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os
mortos, vivificará também os vossos corpos mortais,
por meio do seu Espírito que em vós habita.” Neste
versículo, a ressurreição está ligada ao Espírito. O
Espírito é a realidade da ressurreição. O Espírito
Daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos
habita em nós como a realidade da ressurreição. Se
uma pessoa não tem o Espírito Santo, ela não pode
ter ressurreição. A ressurreição que nós
experimentamos é verdadeiramente o próprio
Espírito Santo. Se tivéssemos Romanos 6 sem
Romanos 8, não seríamos capazes de participar em
Cristo como ressurreição de um modo prático. Em
Romanos 8, temos a realidade da ressurreição, isto é,
temos o habitar interior do Espírito Santo. Nunca
devemos separar ressurreição do Espírito.

O PROCESSO DE DESIGNAÇÃO
Estamos sendo designados filhos de Deus pela
ressurreição. Diariamente estamos passando pelo
processo de designação e esta designação é pela
ressurreição. Todos precisamos ver que o que o
Senhor está fazendo conosco hoje é uma questão de
designação.
Gostaria de continuar com a ilustração da
semente de cravo. Uma semente de cravo é designada
não por ser rotulada, mas por ser semeada na terra e
por crescer gradativamente até tornar-se um pé de
cravo maduro, florido. A semente é designada à
medida em que cresce. Quanto mais ela cresce, mais
ela é designada. Quando atinge a floração plena, será
designada de modo completo. Isso significa que o
florescer pleno de uma flor de cravo é sua plena
designação. Assim como a semente de cravo, todos
estamos no processo de designação. Quanto mais
crescemos e somos transformados, mais somos
designados filhos de Deus.

SEGUNDO O ESPÍRITO
Segundo a carne, todos somos problemáticos,
tanto para a igreja, quanto para aqueles com quem
convivemos. Os maridos incomodam as mulheres e as
mulheres incomodam os maridos. Mas não
precisamos ter nosso ser segundo a carne, pois temos
a opção de ser segundo o Espírito. Quando os irmãos
e irmãs vivem segundo o Espírito, eles são
maravilhosos e gloriosos. Viver segundo a carne ou
segundo o Espírito depende da escolha que você faz.
Por sua própria vontade, você pode decidir andar
segundo a carne ou segundo o Espírito. Que o Senhor
seja misericordioso para conosco, para que possamos
escolher viver segundo o Espírito. Precisamos
urgentemente aprender como andar segundo o
Espírito. Se andarmos segundo a carne, a vida da
igreja será muito desagradável. Mas se andarmos
segundo o espírito, a vida da igreja será celestial.
A filiação é realizada pela ressurreição e no
Espírito. O Espírito que habita em nós é o Espírito
ressurreto e o Espírito designador. Dia após dia, esse
Espírito nos está designando filhos de Deus.
Se, como Paulo, pudermos servir a Deus no
evangelho com respeito a Seu Filho, devemos saber o
que é filiação e como ela é realizada. Graças ao
Senhor que Paulo escreveu esta Epístola aos
Romanos! Este livro revela que devemos ajudar os
outros não apenas a serem salvos, mas também a
experimentarem a filiação. Isso significa que
precisamos ajudá-los a ver a questão da designação
pela ressurreição, incluindo santificação,
transformação, conformação e glorificação.

A MANIFESTAÇÃO DOS FILHOS DE DEUS


O universo está aguardando a manifestação dos
filhos de Deus (8:19). Essa manifestação não virá ao
acaso, mas virá como a consumação do processo de
designação, assim como a flor do cravo floresce como
a consumação de um longo processo de crescimento e
mudança. Quanto mais crescemos, mais somos
designados pela ressurreição. Um dia, à época da
nossa glorificação, estaremos plenamente floridos e
manifestamente seremos os filhos de Deus.
Muitos cristãos se prendem em ensinamentos
objetivos sobre as assim chamadas dispensações nas
Escrituras. Segundo a Bíblia, contudo, a palavra
dispensação não denota uma era, mas denota um ato
de dispensar. A revelação do Novo Testamento
precisa tornar-se muito subjetiva a nós. Não creio que
uma pessoa que viva fora da presença do Senhor será
repentinamente arrebatada à Sua presença. Ser
introduzi? o n~ presença do Senhor envolve um
processo de santificação, transformação,
conformação e glorificação.

SANTIFICAÇÃO SUBJETNA
Nenhum crente em Cristo é santificado
acidentalmente. Percebo que, de certo modo, todos
fomos santificados ao sermos salvos. Mas ainda
precisamos passar pelo processo de santificação para
sermos santificados disposicionalmente. Na Bíblia, as
palavras santificação, santo e santidade referem-se à
separação. Por isso, ser santificado é ser separado, ser
feito diferente daquilo que é comum.
Quando um pé de cravo é um broto tenro, pode
não parecer ser muito diferente de outros tipos de
brotos. Mas quanto mais o pé de cravo cresce, mais
ele se torna separado, diferente das outras plantas.
Quando ele floresce, é totalmente separado,
absolutamente diferente, de todas as outras flores.
Essa é uma ilustração da santificação subjetiva da
santificação disposicional.

A CONSUMAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO
A santificação em Romanos não se refere
meramente a uma mudança de posição, mas a uma
mudança de disposição. Envolve uma mudança na
forma que é o resultado de uma mudança interior em
vida. Isso mostra que conformação, a mudança de
forma, está relacionada ao crescimento e
transformação. Um pé de cravo também ilustra isso.
Quando um cravo cresce e é transformado, ele é
conformado numa forma especial. Por meio do
crescimento, ele é mudado de uma forma para outra.
Essa mudança continua até a planta florescer. O
florescer é a consumação da transformação.

CONFORMADOS NA FORMA DE VIDA


Ser transformado é ser conformado para dentro
de uma forma de vida pelo poder de vida com a
essência de vida. Suponha que em seu jardim, dois
tipos de planta estejam crescendo, um pé de cravo e
um de Imo. A medida em que essas flores crescem, o
cravo tomará uma forma e o Imo tomará outra forma.
Cada um é conformado pelo poder de vida com a
essência de vida em si.
Toda vida tem sua própria forma. Por exemplo,
um cachorro tem uma forma e uma galinha tem
outra. O crescimento de uma certa vida produz a
forma plena daquela vida. Hoje somos filhos de Deus,
mas ainda não temos a forma plena, a conformação
completa dos filhos de Deus. Portanto, pelo
crescimento e transformação precisamos ser
conformados à imagem de Cristo. Finalmente,
seremos completamente conformados à Sua imagem.
Então possuiremos a total conformação de vida que
vem do poder de vida com a essência de vida. Um
cravo, uma galinha e um cachorro, todos têm uma
forma de vida diferente, segundo a sua essência de
vida. Um cravo tem a forma de um cravo porque tem
a essência de vida do cravo. A essência do cravo
desenvolve-se até a forma do cravo por meio do poder
de vida no cravo. Louvado seja o Senhor que temos a
essência de vida e o poder de vida em nosso interior!
Esse poder de vida está conformando-nos à imagem
do Filho de Deus. Por meio desta função de
conformação do poder de vida, seremos totalmente
conformados à imagem de Cristo.

DESFRUTANDO O ESPÍRITO DESIGNADOR


Louvado seja o Senhor que ao invés de meros
ensinamentos objetivos, temos o Espírito designa dor
em nosso interior! Temos o Cristo designador como
ressurreição interiormente. Não tente aperfeiçoar-se
ou tornar-se perfeitamente sem pecado. Antes,
desfrute e experimente o Espírito designador. Se pelo
Espírito n? s mortificarmos as práticas do corpo,
viveremos (8:13). Precisamos andar segundo o
Espírito, colocar a mente no Espírito e pel. o Espírito
mortificar as práticas do corpo. Se andarmos
diariamente segundo o Espírito, estaremos
inteiramente no processo de designação pela
ressurreição. Pelo poder de ressurreição, seremos
transformados, conformados e, finalmente,
glorificados.
Quanto mais contatamos o Senhor invocando
Seu nome, mais sentimos Sua presença e mais somos
conscientes de Sua unção interior. Invocando o nome
do Senhor, somos regados, refrescados, santificados,
satisfeitos e fortalecidos. Deste modo, somos
introduzidos em Sua presença e estamos prontos
para. Sua vinda. O tipo de ensinamento que
precisamos hoje não é o ensinamento objetivo sobre
profecia ou sobre as dispensações, mas aqueles
referentes a como ser designado pelo desfrutar e
experimentar Cristo como o poder de vida. Se temos
esse tipo de ensinamento, percebemos que em nós
mesmos somos sem esperança e incapazes, e não
mais tentamos aperfeiçoar-nos a nós mesmos. Antes,
exercitaremos nosso espírito para contatar o Senhor a
fim de que possamos desfrutar de Sua unção e
participar do processo de designação pela
ressurreição.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 55
DESIGNAÇÃO PELO ESPÍRITO DE SANTIDADE
Na mensagem anterior, consideramos sete
palavras significativas: designação, ressurreição,
santificação, transformação, conformação,
glorificação e manifestação. Somos designados filhos
de Deus pela ressurreição. O processo de ressurreição
inclui santificação, transformação, conformação e
glorificação. Essa glorificação também será nossa
manifestação.
Todos estes sete itens ocorrem pelo Espírito e
com vida. Deus nos designa e nos leva a passar pelo
processo de ressurreição por meio de Seu Espírito e
com vida. Também Deus nos santifica, nos
transforma, nos conforma, nos glorifica e nos
introduz na plena manifestação da filiação pelo
Espírito com vida. No livro de Romanos, tanto o
Espírito quanto a vida divina são tratados.

SANTIDADE, A ESSÊNCIA DIVINA


Em 1:4, por que Paulo fala do Espírito de
santidade e não do Espírito Santo? Há uma diferença
entre o Espírito Santo e o Espírito de santidade.
Santidade é a essência divina, a substância de Deus.
Assim, o Espírito de santidade é o Espírito da
substância divina, enquanto o Espírito Santo é a
Pessoa do Espírito. Como seres caídos, somos
constituídos com peca minas idade. Mas como o Filho
de Deus, Cristo é constituído com santidade.
Santidade é Seu próprio elemento. Aqui, santidade
não significa perfeição sem mácula ou separação
posicional; ela denota a essência divina, a própria
substância do ser de Deus. Foi segundo o Espírito de
santidade que Cristo foi designado Filho de Deus.
Uma vez mais, podemos usar a vida vegetal como
ilustração. Quando um cravo e um lírio recém
brotaram, eles podem se parecer muito. Mas quando
estas plantas crescem, elas são gradativamente
designadas segundo a essência de vida nelas. No
mesmo princípio, o Espírito de santidade é a essência
de vida no Senhor Jesus. Quando Ele vivia na terra
em carne, Ele tinha essa essência de vida divina Nele.
Por ser essa essência de vida segundo o ser de Deus,
ela também era a essência de santidade. Segundo
nosso entendimento, a palavra santidade se refere a
ser separado, distinto, de todas as coisas comuns.
Porque a essência de Deus é única, Deus está
separado de todas as coisas que não Ele próprio. A
santidade falada no versículo 4 é a essência divina
que estava no Senhor Jesus quando Ele viveu na
terra. Assim como o cravo é designado segundo a
essência de vida nele, também o Senhor Jesus foi
designado pela ressurreição, pela essência da vida
divina Nele.
Enfatizamos que todos precisamos servir a Deus
no evangelho de Seu Filho. Servir a Deus no
evangelho é servi-Lo, não apenas nas questões de
redenção, justificação e perdão, mas especialmente
na questão de filiação. Todo serviço nas igrejas locais
deveria ser o serviço no evangelho de filiação.
Segundo esse evangelho, os pecadores na carne
podem ser transformados em filhos de Deus no
Espírito. Que boas novas!

A APLICAÇÃO DO DEUS TRIÚNO


Nesta mensagem, precisamos ver que
designação, ressurreição, santificação,
transformação, conformação, glorificação e
manifestação são todas realizadas pelo Espírito de
santidade. Para compreender isso, precisamos
entender que a economia de Deus é dispensar-se para
dentro do homem. O fato de Deus ser triúno — o Pai,
o Filho e o Espírito — está relacionado à Sua
economia, ao dispensar de Si mesmo para dentro de
nós. Deus Pai é corporificado em Deus Filho, e Deus
Filho é percebido, transmitido, experimentado e
ganho por nós em Deus Espírito. O Espírito como o
terceiro na Deidade é Deus sendo nossa realização e
experiência. Isso significa que a aplicação do Deus
Triúno a nós vem pelo Espírito de Deus. Por esta
razão, em nossa experiência, o Deus Triúno é o
Espírito.
A corrente elétrica é uma ilustração do Espírito
como a aplicação do Deus Triúno. Fora da corrente
elétrica, a eletricidade não pode ser aplicada. Em sua
aplicação, a eletricidade precisa tomar-se uma
corrente elétrica. A corrente, contudo, não é algo
diferente da eletricidade em si. A corrente de
eletricidade é simplesmente a eletricidade em ação.
No mesmo princípio, a aplicação do Deus Triúno a
nós é o Espírito. O Espírito é a corrente do Deus
Triúno para aplicarmos; Ele é o Deus Triúno em ação.

CRISTO SENDO O ESPÍRITO QUE DÁ VIDA


O Novo Testamento claramente revela que Cristo
hoje é o Espírito que dá vida (1Co 15:45). Isso
significa que Cristo é o Espírito que é a corrente do
Deus Triúno para aplicarmos em nossa experiência.
Esse entendimento pode divergir da teologia
tradicional, mas ele corresponde à pura Palavra de
Deus. O Novo Testamento revela que Cristo, Deus
encarnado como um homem, morreu na cruz por
nossos pecados, foi ressuscitado dentre os mortos,
ascendeu aos céus e foi glorificado e entronizado
como o Rei, o Cabeça e o Senhor sobre tudo.
Exatamente este Cristo é também o Espírito que dá
vida.
Todos os itens objetivos quanto a quem é Cristo e
o que é Cristo são reconhecidos e ensinados pelos
cristãos fundamentalistas hoje. Contudo, a questão
de Cristo como o Espírito que dá vida tem sido
totalmente negligenciada. Isso é devido à sutileza de
Satanás. Uma pessoa pode falar sobre o que é
eletricidade e o que ela pode fazer, mas ela pode não
atentar para a corrente de eletricidade. Que proveito
tem discutir eletricidade sem aplicá-la? Eu não sei
muito sobre eletricidade, mas, ao aplicá-la, desfruto
de seus benefícios. No mesmo princípio, nossa
necessidade hoje não é principalmente o
conhecimento objetivo das doutrinas; é a experiência
subjetiva da corrente do Deus Triúno.
Satanás, o sutil inimigo de Deus, pode permitir
que as pessoas saibam que Cristo é o Filho de Deus
que se tomou homem, que morreu na cruz pela nossa
redenção, que foi ressuscitado e ascendeu à direita de
Deus. Mas o inimigo cega os crentes sobre a verdade
vital a respeito de Cristo como o Espírito que dá vida.
Em 2 Coríntios 3:6 diz-se que a letra mata, mas o
Espírito dá vida. Conforme 2 Coríntios 3:17, o Senhor
é exatamente este Espírito e onde está o Espírito do
Senhor, aí há liberdade. O versículo 18 continua: “E
todos nós com o rosto desvendado, contemplando,
como espelho, a glória do Senhor, estamos sendo
transformados de glória em glória, na sua própria
imagem, como do Senhor Espírito” (lit.). Neste
versículo, vemos um título composto — Senhor
Espírito. Poucos cristãos têm prestado atenção a este
título do Senhor. A compreensão e experiência de
Cristo como o Senhor Espírito precisam ser
restauradas. Gosto de invocar o nome do Senhor
Jesus, mas desfruto especialmente tocá-Lo como o
Senhor Espírito. O Senhor Jesus hoje é o maravilhoso
Espírito que dá vida.
Esse mesmo ponto é tratado também em
Romanos 8. No versículo 9 desse capítulo, Paulo fala
do Espírito de Deus habitando em nós. Então ele diz:
“E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal
não é dele.” Isso claramente indica que hoje o
Espírito de Deus é o Espírito de Cristo. Além disso, o
versículo seguinte fala de Cristo em nós. O fato de
serem estes termos usados permutavelmente mostra
que o Espírito de Deus é o Espírito de Cristo e que o
Espírito de Cristo é o próprio Cristo. O Espírito falado
em Romanos 8 é o próprio Cristo.
Este Cristo que é o Espírito que dá vida está em
nosso Espírito. Romanos 8:16 diz: “O próprio Espírito
testifica com o nosso espírito”. Isso revela claramente
que o Espírito Santo é um com nosso espírito humano
regenerado. Como o Espírito que dá vida, Cristo hoje
é a aplicação e o cumprimento do Deus Triúno. Além
disso, essa aplicação e cumprimento estão em nosso
espírito.

APLICANDO A ELETRICIDADE CELESTIAL


Nosso ser é como um edifício. Nesse edifício,
Cristo foi instalado como a eletricidade celestial.
Louvamos ao Senhor porque nesse edifício, o
eletricista divino colocou um interruptor — o espírito
humano. Nosso espírito pode ser comparado a um
interruptor por meio do qual aplicamos a eletricidade
celestial. Que frustração sentiríamos se a eletricidade
tivesse sido instalada nesse edifício, mas não
houvesse interruptor. Louvado seja o Senhor pelo
interruptor do nosso espírito humano! Usar esse
interruptor é a chave para experimentar o Espírito
como a aplicação do Deus Triúno. Repetidamente
precisamos lembrar a nós mesmos que Cristo como a
realização do Deus Triúno é o Espírito que dá vida em
nosso espírito.
Muitos de nós fomos ensinados a meditar sobre o
Senhor e sobre coisas espirituais. Em tal meditação,
podemos lembrar-nos de como o Filho de Deus
encarnou-se, de como Ele nasceu em uma
manjedoura, de como Ele trabalhou como um
carpinteiro e de como Ele foi crucificado, ressuscitado
e ascendido. Não me oponho a esse tipo de
meditação. Desejo enfatizar, contudo, que ele é muito
objetivo. Se apenas meditarmos sobre o Senhor, não
desfrutaremos da aplicação instantânea e prática
Dele como o Espírito que dá vida. Um crente pode
desfrutar de uma aplicação contínua de Cristo,
embora possa não conhecer muito sobre Ele de um
modo doutrinário. Considere a ilustração da
eletricidade novamente. Você fica esperando até
entender a eletricidade antes de aplicá-la?
Naturalmente, não. Embora possa ser útil entender
sobre eletricidade, o importante é aplicá-la. Muitos
cristãos se concentram em obter um conhecimento
doutrinário de Cristo, mas negligenciam a
experiência prática Dele. Muitos crentes
simplesmente não sabem como aplica-Lo. Se O
quisermos aplicar, precisamos ver que hoje, como o
Espírito que dá vida, Ele é a eletricidade divina em
nosso espírito.

INVOCANDO O NOME DO SENHOR


A maneira de usar esse interruptor é mostrada
em 10:12. Lá é dito: “O mesmo é o Senhor de todos,
rico para com todos os que O invocam.” Esta
eletricidade divina é rica para com todos os que
“ligam o interruptor” e a maneira para “ligar o
interruptor” é invocar o nome do Senhor. Ao invocar
o nome do Senhor, exercitamos nosso espírito. Se
simplesmente pensamos sobre o que o Senhor é para
nós, não temos qualquer contato prático com Ele.
Lembrem-se, 10:12 diz que o Senhor é rico para com
todos os que O invocam. Quão simples isto é!
Invocando o nome do Senhor, somos libertos da
futilidade natural da mente e somos guardados no
espírito.

EXPERIMENTANDO O QUE É
RELACIONADO AO ESPÍRITO
Designação é pela ressurreição, que inclui
santificação, transformação, conformação e
glorificação. Todas estas coisas maravilhosas estão no
Espírito. Ao tocar o Espírito, desfrutamos da
ressurreição e de tudo o que está incluído nela.
Ressurreição não é uma questão de doutrina; é
absolutamente uma questão de tocar o Espírito. A
maneira mais simples de contatar o Espírito é invocar
o nome do Senhor Jesus. Quanto mais tocamos o
Espírito, mais desfrutamos a ressurreição e mais
somos santificados, transformados e glorificados.
Segundo o livro de Romanos, o Espírito como a
percepção do Deus Triúno está relacionado pelo
menos a esses dez itens. Todos esses dez itens estão
relacionados à nossa experiência da realidade da
ressurreição.

Santidade
Primeiramente, o Espírito está relacionado à
santidade (1:4). Temos mostrado que Paulo até
mesmo usa o termo o Espírito de santidade em 1:4. Se
quisermos participar da santidade de Deus, a essência
do ser de Deus, precisamos contatar o Espírito.

Vida
Em 8:2, o Espírito é chamado o Espírito da vida.
Muitos cristãos hoje falam sobre vida sem perceber
que vida está relacionada com o Espírito. Vida é
extremamente difícil de se definir. Ao falar sobre
vida, é melhor falar sob o ponto de vista da
experiência. Romanos 8:6 diz que a mente posta no
espírito é vida. Estar na vida significa que nosso ser
interior é vivo. Ao colocar a mente no espírito,
vivemos. Contudo, se você colocar a mente em sua
situação ou em seu ambiente, será mortificado. Você
sentirá que seu ser interior está oprimido. Mas se
voltar a mente ao espírito, e colocá-la no espírito,
você estará vivo mais uma vez. Isso indica que a vida
é manifestada como vivacidade.
A vida também nos dá energia. A vida divina em
nós nunca se cansa. Posso testificar que enquanto falo
no ministério do Senhor, a vida interior me energiza.
Além disso, essa mesma vida nos fortalece e
satisfaz. Quando experimentamos vida, nunca temos
a sensação de vazio. Pelo contrário, somos ricamente
satisfeitos. Assim, pela vida tornamo-nos vivos,
revigorados, fortalecidos e satisfeitos. Quanto mais
contatamos o Espírito por invocar o nome do Senhor
Jesus, mais nos tornamos vivos, revigorados,
fortalecidos e satisfeitos.

Lei
De acordo com 8:2, o Espírito também está
relacionado à lei. Esse versículo fala da lei do Espírito
da vida. Aqui Paulo nos diz que essa lei nos liberta da
lei do pecado e da morte. A lei do Espírito da vida é
contra a lei do pecado e da morte. Por ser a lei do
Espírito da vida mais elevada que a lei do pecado e da
morte, ela nos liberta daquela lei.
Já falamos sobre o Espírito de santidade e o
Espírito da vida. Verdadeiramente, o Espírito é
santidade e vida. No mesmo princípio, o Espírito é a
lei que nos liberta da lei do pecado e da morte. Essa
lei é um poder espontâneo, automático. Sempre que
tocamos o Espírito, tocamos essa lei, esse poder
espontâneo, automático. Se virmos isso,
perceberemos a inutilidade de dispendermos nosso
próprio esforço para nos aperfeiçoar. Ao invés de nos
empenharmos, deveríamos simplesmente contatar o
Espírito e permitir o trabalhar espontâneo da lei do
Espírito da vida em nós.

Paz
O Espírito também está relacionado à paz. A
mente posta no espírito não é apenas vida, mas paz
também. Paz não é somente uma questão de
descanso, mas, mais que isso, é uma questão de
desfrute. Sem desfrute, não podemos ter paz genuína.
Calma sem desfrute não é paz. O Espírito é paz a nós.
Quando contatamos o Espírito temos paz viva e
genuína.

Alegria
Romanos 14:17 diz: “O reino de Deus não é
comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo.” Este versículo mostra que o Espírito
está relacionado à alegria. Quando estamos no
Espírito, estamos alegres, tão alegres que podemos
entoar louvores ao Senhor. As vezes, podemos estar
fora de nós mesmos pela alegria, e louvores
espontaneamente fluem de nosso interior.

Esperança
Romanos 15:13 diz: “E o Deus da esperança vos
encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que
sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo.”
Não é preciso estarmos sem esperança, pois sempre
que tocamos o Espírito, temos esperança. Salmo 3:3
diz: “Porém tu, Senhor, és... o que exaltas a minha
cabeça.” O Senhor é Aquele que exalta a nossa cabeça.
Isso significa que Ele nos dá esperança. Quando
estamos no Espírito, nossa cabeça é exaltada e somos
enchidos com esperança.

Amor
Romanos 5:5 mostra que o Espírito também está
relacionado ao amor: “O amor de Deus é derramado
em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi
outorgado.” Além disso, em 15:30, Paulo fala do amor
do Espírito. Quando contatamos o Espírito,
experimentamos amor.

Poder
Em 15:13 e 19, Paulo menciona o poder do
Espírito. Esse poder é como um dínamo
energizando-nos. Quando estamos no Espírito,
somos espontaneamente energizados pelo poder do
Espírito.

Serviço
Romanos 7:6 diz que “servimos em novidade de
espírito e não na caducidade da letra.” Esse versículo
mostra o relacionamento entre o espírito e o serviço.
Se não estamos no Espírito, não podemos servir ao
Senhor. Em 1:9, Paulo disse que foi em seu espírito
que ele serviu a Deus no evangelho. Quanto mais
estamos no espírito, mais servimos ao Senhor como
escravos voluntários. Diremos: “Senhor Jesus, como
Teu escravo, eu estou desejoso para servir-Te.”

Pregar o Evangelho
Finalmente, a genuína pregação do evangelho é
no Espírito. Este evangelho inclui todo o conteúdo do
livro de Romanos.
Talvez você nunca tenha visto antes que
santidade, vida, lei, paz, alegria, esperança, amor,
poder, serviço e a pregação do evangelho são todos
relacionados com o Espírito. De fato, o próprio
Espírito nos é a realidade de todos estes itens em
nossa experiência. Se tivermos o Espírito, então
teremos também todos esses itens maravilhosos.
Quando esses itens são somados, eles resultam em
santificação, transformação, conformação e
glorificação. Tudo isso é a realidade da ressurreição.
Quanto mais esses itens se tornam nossa experiência,
mais desfrutamos da ressurreição pelo Espírito e com
vida. O que precisamos hoje não são ensinamentos
objetivos, mas contato prático com o Senhor por meio
de ligarmos o interruptor. Ao invocarmos o nome do
Senhor, nós tocamos o Espírito, que é o cumprimento
e a aplicação do Deus Triúno. Deste modo,
experimentamos ser designados filhos de Deus pelo
Espírito e com vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 56
DESIGNAÇÃO PELO ESPÍRITO AMALGAMADO
Vimos que o evangelho de Deus é o evangelho de
filiação. Isso significa que a intenção de Deus é
produzir muitos filhos por meio do evangelho. Para a
produção desses muitos filhos, a economia das três
Pessoas da Deidade está envolvida. O Pai como a
fonte está no Filho, que é o caminho, e o Filho como a
corporificação do Pai está agora no fluir do Espírito.
Assim o Espírito é a corrente do Deus Triúno. Assim
como a corrente elétrica é a eletricidade em ação,
também o Espírito do Deus Triúno é Deus em ação.
Portanto, o Espírito de Deus é para a aplicação de
Deus a nós.

O FLUIR DA CORRENTE DMNA


Fora do Espírito como a corrente, o fluir, não há
como Deus ser aplicado a nós. Deus é rico e todas as
Suas riquezas são para nós, mas há a necessidade do
Espírito como a corrente para a aplicação das
riquezas de Deus em nossa experiência. Esse fluir do
Espírito é a unção, o mover da unção em nós. Tudo o
que Deus é em Cristo e tudo o que Deus cumpriu,
obteve e alcançou em Cristo está nesta corrente, neste
fluir, nesta unção. Agora, em nosso espírito, temos o
fluir da corrente divina, o mover da unção. Em nós
existe algo que está constantemente em movimento.
Esse elemento ativo inclui divindade, humanidade,
viver humano de Cristo, a eficácia da Sua morte, o
poder da Sua ressurreição, a fragrância da Sua
ressurreição, Sua ascensão, entronização,
encabeçamento, senhorio, autoridade e reino. Assim,
a unção em nós é uma unção todo-inclusiva. Louvado
seja o Senhor porque esta corrente está fluindo em
nós!

APLICANDO A ELETRICIDADE CELESTIAL


Também vimos a importância do nosso espírito
na aplicação da corrente do Deus Triúno. O nosso
espírito é como um interruptor. Ao exercitá-lo,
ligamos o interruptor da eletricidade ce1estial que foi
instalado em nós. Se não tivéssemos um interruptor
ou não soubéssemos onde ele está, não teríamos
como usar a eletricidade. No mesmo princípio, fora
do interruptor do nosso espírito não temos como usar
a eletricidade celestial. Louvado seja o Senhor porque
temos um interruptor e porque sabemos onde ele
está! O interruptor está na recâmara do nosso ser,
isto é, em nosso espírito. A maneira mais simples de
ligar a corrente é invocar o nome do Senhor Jesus.

EXERCITANDO NOSSO ESPÍRITO


Em Romanos 1:9, Paulo disse: “Porque Deus, a
quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu
Filho.” O lugar de servir a Deus não é a mente, é o
nosso espírito. As pessoas raramente dizem “o meu
espírito”. Elas falam do seu coração, da sua alma, da
sua mente, da sua emoção e da sua vontade, mas não
do seu espírito. Entretanto, Paulo foi uma pessoa que
serviu a Deus em seu espírito. Precisamos
desenvolver o hábito de dizer “o meu espírito” ou “o
nosso espírito”. Como 8:16 diz:” O próprio Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus.” Precisamos falar mais sobre nosso espírito,
voltar ao espírito e usar nosso espírito em todas as
coisas.
A razão de certas pessoas não orarem ou não
funcionarem nas reuniões é que elas não exercitam o
espírito. Muitas parecem deixar seu espírito em casa
ao virem para as reuniões. Quão diferentes são de
Paulo, que podia estar em uma reunião da igreja em
seu espírito mesmo quando não estava fisicamente
presente. (1Co 5:3). Não funcionamos nas reuniões
porque não exercitamos nosso espírito. Da mesma
forma, temos muitas falhas em nosso viver diário
porque deixamos de usar o espírito. Por exemplo,
perdemos a calma ou ficamos deprimidos porque não
exercitamos nosso espírito. No mesmo princípio,
podemos ser incapazes de conhecer a vontade de
Deus ou ganhar vida da Palavra porque nosso espírito
é inerte por falta de exercício. Todos os nossos
problemas são resolvidos e todas as nossas
necessidades são supridas por meio de exercitar o
nosso espírito. Tudo o que Deus é e tudo o que Ele
cumpriu está no Espírito todo-inclusivo que foi
colocado em nosso espírito. Por isso, ao voltar ao
espírito e exercitá-lo, podemos obter o suprimento
total para todas as nossas necessidades.

O QUE PRECISAMOS HOJE


Através de muitos anos de experiência e
sofrimento, aprendi que precisamos hoje, não do
conhecimento da doutrina, mas o exercitar o nosso
espírito, para que possamos experimentar a aplicação
do Deus Triúno no fluir do Espírito Santo. Após ser
salvo, uni-me a um grupo de cristãos que enfatizava o
estudo objetivo da Bíblia. Permaneci sob sua
influência como um aprendiz sedento por mais de
sete anos. Mas um dia, quando estava caminhando
por uma rua, o Espírito em meu interior disse: “Você
conhece muitos ensinamentos, mas olhe quão morto
e infrutífero é. Nos últimos anos, você não trouxe
quase ninguém ao Senhor.” O meu coração ficou
chocado e clamei ao Senhor por Sua misericórdia.
Admiti que estava errado. Bem cedo, na manhã
seguinte, subi numa montanha perto da casa e lá
implorei ao Senhor que tivesse misericórdia de mim
por causa da minha mornidão. O Senhor foi
misericordioso e desde aquela época Ele me levou a
buscá-Lo de modo consistente. Depois disso, o irmão
Watchman Nee visitou minha cidade natal e ficou
comigo por algum tempo. A sua visita deu um novo
rumo a minha vida. Os meus olhos foram abertos
para ver que a vida cristã não é uma questão de
conhecimento, mas absolutamente uma questão de
vida e de Espírito. Contudo, levou um longo tempo
para eu me libertar inteiramente da influência do
conhecimento morto. Uma vez que esse tipo de
conhecimento entra em nós, é difícil tirá-la. Assim,
quando digo que o que precisamos hoje não é mero
conhecimento, mas o contato com o Espírito vivo, eu
sei do que estou falando.
Tudo o que Cristo é, tudo o que Ele cumpriu e
tudo o que Ele obteve e alcançou está no Espírito
todo-inclusivo. Este espírito contém tudo o que
precisamos: ressurreição, poder, vida, governo, luz,
amor, humildade. Além disso, este maravilhoso
Espírito todo-inclusivo foi posto em nosso espírito.
Aleluia! o Cristo vivo que é o Espírito todo-inclusivo
está em nosso espírito! Podemos aplicar esse Ser
maravilhosamente rico simplesmente usando nosso
espírito.
AS RIQUEZAS DO ESPÍRITO QUE HABITA
INTERIORMENTE
Na última mensagem, consideramos dez
questões relativas ao Espírito: santidade, vida, lei,
paz, alegria, amor, esperança, poder, serviço e
pregação. Agora consideraremos outros dez itens
para ficarmos impressionados com as riquezas do
Espírito que habita interiormente.

Liberdade
No Espírito temos liberdade. Romanos 8:2 diz
que a lei do Espírito da vida nos libertou da lei do
pecado e da morte. O versículo 21 do mesmo capítulo
fala da liberdade da glória dos filhos de Deus. Hoje
estamos no processo de tornarmo-nos livres. Todo o
universo com tudo o que nele está encontra-se em um
estado de escravidão. Em Romanos 8, esta
escravidão, esta servidão, é chamada de cativeiro da
corrupção. As coisas morrem porque elas são retidas
por esta escravidão de corrupção. Mas o Espírito
está-nos libertando desta escravidão. Um dia
estaremos plenamente fora da' escravidão da
corrupção e totalmente dentro da liberdade da glória.

Antegozo
Hoje também desfrutamos o Espírito como um
antegozo (8:23). Precisamos aprender a apreciar mais
o Espírito como um antegozo. Quão doce, suave e
desfrutável esse antegozo é para nós!

Filiação
A filiação que temos no Espírito (8:15) inclui
uma série de itens: a vida de filho, a esfera de filho, a
posição de filho, o viver de filho, o desfrute de filho, o
direito de primogenitura de filho, a herança de filho e
a manifestação de filho. Temos tal filiação
todo-inclusiva em nosso espírito. Se ficamos fora do
espírito, ficamos fora do desfrute da filiação.
Contudo, se estamos aguardando a filiação plena,
devemos diariamente desfrutar da filiação pelo
exercitar do nosso espírito.

O Guiar do Espírito
Romanos 8:14 diz: “Pois todos os que são
guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.”
Aqui temos o guiar do Espírito. Como filhos de Deus,
temos o guiar do Espírito. Temos algo que funciona
em nós espontânea e automaticamente, dando-nos o
guiar do Senhor. Contudo, precisamos cooperar
dando atenção a este guiar e honrando-o. Às vezes,
dizemos que não conhecemos o guiar do Senhor,
quando profundamente em nosso interior o sabemos
tão bem. Podemos não conhecê-lo na mente, mas o
conhecemos em nosso espírito. Talvez você esteja
querendo saber se tem ou não o guiar do Senhor para
participar de determinada atividade. Não venha a
mim para perguntar o que deve fazer, pois lhe direi
que em seu interior, em seu espírito, você tem o guiar
do Espírito Santo. Desde que você já tenha o guiar do
Espírito, deve simplesmente honrá-lo e obedecê-lo.

Testemunho
Romanos 8:16 diz: “O próprio Espírito testifica
com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” Este
versículo indica que temos o testemunho do Espírito.
O Espírito testifica que somos filhos de Deus.
Além disso, o Espírito testifica que, como filhos
de Deus, não devemos usar certos tipos de roupas ou
ir a certos lugares mundanos. Muitas vezes esse
testemunho nos incomoda. Por um lado, ele nos
assegura que somos filhos de Deus. Mas por outro
lado, ele nos condena quando fazemos o que não é
apropriado a um filho de Deus. Isso mostra que ser
um filho de Deus é ser limitado e restringido.
Contudo, essa limitação e restrição não é um
sofrimento, mas uma proteção. Graças ao Senhor
porque somos preservados e protegidos pelo
testemunho do Espírito em nosso interior.

Intercessão
Em 8:26 e 27, temos a intercessão do Espírito.
Freqüentemente, o Espírito intercede por nós com
suspiros e gemidos, especialmente quando estamos
fazendo algo que desagrada ao Senhor. O propósito
da intercessão do Espírito é que sejamos
conformados à imagem de Cristo. Por essa razão, o
versículo 27 diz que o Espírito intercede pelos santos
segundo Deus. Quando fazemos algo que não ajuda a
conformar-nos à imagem de Cristo, o Espírito geme
em nós. Por causa do suspirar do Espírito, a vida
cristã não é sempre uma vida de alegria, mas somos
interiormente conturbados quando fazemos certas
coisas. As pessoas no mundo podem participar de
determinada diversão mundana e serem felizes com
isso. Mas se nós participamos de tal divertimento,
sentir-nos-emos profundamente perturbados com
isso. O Espírito geme quando o que fazemos não
corresponde à essência divina, isto é, à santidade, ou
quando isso não ajuda a sermos conformados à
imagem de Cristo.
O versículo 28 diz que Deus faz com que todas as
coisas cooperem juntas “para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o
seu propósito”. O “todas as coisas” neste versículo
está relacionada à intercessão do Espírito nos
versículos 26 e 27. Porque o Espírito intercede, tantas
coisas cooperam juntas a nosso favor. Por exemplo,
suponha que você gaste muito dinheiro
inadequadamente e não o use apropriadamente no
interesse do Senhor. Isso levará o Espírito a
interceder com gemidos. Finalmente, o Pai
responderá à intercessão do Espírito fazendo com que
você tenha falta de dinheiro. Essa dificuldade
financeira ajudará a conformá-lo à imagem do Filho
de Deus. A hora para declarar que todas as coisas
cooperam juntas para o bem não é quando estamos

desfrutando de bênçãos materiais, mas quando


nossa situação é difícil. Deus não nos regenerou para
que pudéssemos desfrutar do mundo. Ele nos
regenerou para que nos tornássemos Seus filhos. A
fim de alcançar a plena filiação, precisamos da
intercessão do Espírito.

Renovação
A seguir, temos a renovação do Espírito. É por
essa renovação do Espírito que temos a novidade de
vida em 6:4. Todos devemos caminhar nessa
novidade.

A Novidade do Espírito
Em 7:6, Paulo disse que “servimos em novidade
de espírito e não na caducidade da letra”. Hoje
servimos a Deus em novidade de espírito.

Ressurreição
Além disso, o genuíno poder da ressurreição está
no Espírito. Quando estamos no espírito, estamos em
ressurreição.

Santificação
Por fim, a santificação ocorre no espírito.

CONTATANDO O ESPÍRITO
Não é tão importante se entendemos ou não
todos esses itens. Uma vez que estejamos no Espírito,
temos a realidade de todos eles. Por exemplo, você
pode não saber que ingredientes estão no alimento
que come, mas por comer, você absorve todos eles. O
importante não é que conheçamos a receita, mas que
comamos o alimento. Digo mais uma vez: nossa
necessidade hoje não é de mais ensinamentos, mas é
de aplicação e de desfrute do Espírito todo-inclusivo.
Ensinamentos não nos podem fazer espirituais ou
humildes. Tornamo-nos espirituais e
verdadeiramente humildes somente por contatar o
Espírito por meio do exercício de nosso espírito. —

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO


AMALGAMADO
Os tradutores têm dificuldades em decidir se
usam ou não a letra maiúscula para a palavra Espírito
no capítulo oito. A razão disso é que o Espírito neste
capítulo é o espírito amalgamado, o Espírito Santo
misturado com nosso espírito humano. Portanto,
andar segundo o espírito no capítulo oito é andar
segundo o espírito amalgamado. Dia após dia,
devemos unir-nos ao espírito amalgamado e fazer
tudo segundo este espírito. Sempre que andamos
segundo a carne, somos pecadores, não importando
se nos consideramos bons ou maus. Mas não
precisamos andar segundo a carne, pois temos a
opção de andar segundo o espírito. Quando fazemos
isso, desfrutamos todas as riquezas de Cristo.
Diariamente, precisamos praticar ter o nosso ser
segundo o espírito. Precisamos aplicar isso em nosso
falar, nosso pensar e em todas as coisas que fazemos.
Por exemplo, suponha que um jovem esteja querendo
saber se pode participar de um certo tipo de atividade
atlética. O meu conselho a ele seria que se ele pudesse
participar daquela atividade esportiva segundo o
espírito, então ele deveria prosseguir e fazê-la. Como
cristãos, não devemos decidir questões segundo o
certo ou errado; antes, devemos decidi-las segundo o
espírito.
O Espírito que está amalgamado com nosso
espírito e de acordo com o qual podemos ter todo
nosso ser, é o Espírito maravilhoso do Deus Triúno.
Tal Espírito, a realização e aplicação do Deus Triúno,
está agora amalgamado com nosso espírito. Em
Romanos 8, não é mais uma questão simplesmente
do Espírito divino ou do espírito humano, mas é uma
questão do Espírito divino amalgamado com o
espírito humano. Aleluia por este maravilhoso
amalgamar!

O ESPÍRITO AMALGAMADO E A
EDIFICAÇÃO DA IGREJA
Embora tenhamos tal espírito maravilhoso
amalgamado em nós, podemos não nos importar
muito com este espírito. Porém, creio que na
restauração do Senhor, o Senhor restaurará a questão
de andar segundo o espírito amalgamado. Sem isso é
impossível ter uma vida da igreja adequada. Se não
vivemos e andamos segundo o espírito, não podemos
ser úteis à vida da igreja. Se não sabemos como
ajudar os outros a terem seu ser segundo o espírito, a
igreja não será edificada, não importando o quanto
possamos pregar, ensinar ou ministrar. O que conta
não é o ensinamento, mas vivermos segundo o
espírito amalgamado e ajudarmos os outros a fazer a
mesma coisa. Aqui, no espírito amalgamado,
desfrutamos as riquezas de Cristo, e nisto temos a
igreja como a genuína expressão do Corpo de Cristo.
Quanto mais andamos segundo o espírito, mais a
igreja será edificada de maneira prática.

A DISPENSAÇÃO DO ESPÍRITO
TODO-INCLUSIVO
Romanos 8:4 e 5 nos dá a chave para a
experiência de Cristo e da vida da igreja: andar
segundo o espírito amalgamado. Tudo o que Cristo é
e tudo o que Ele fez está neste espírito amalgamado.
O nosso espírito foi regenerado e agora ele é habitado
pelo maravilhoso Espírito que dá vida. Além disso, ele
está amalgamado com este Espírito todo-inclusivo.
Não se envolva com suas fraquezas ou enfermidades,
mas atente para a maravilhosa herança que tem — o
Espírito todo-inclusivo habitando em. seu espírito
regenerado. Hoje estamos vivendo na dispensação do
Espírito todo-inclusivo. O óleo da unção foi composto
pelo perfumista divino e agora temos a unção do óleo
em nós, em nosso espírito. Todas as pessoas
regeneradas têm seu espírito habitado e amalgamado
com o Espírito todo-inclusivo. Tudo o que precisamos
hoje é exercitar nosso espírito para ligar o interruptor
da eletricidade celestial. É pelo ligar do interruptor,
não por ensinamentos, que tocamos o Senhor como o
Espírito que dá vida e O desfrutamos. É por usar o
interruptor que andamos segundo o espírito
amalgamado.

A MANEIRA PARA SERMOS DESIGNADOS


FILHOS DE DEUS
Vimos que até mesmo o Senhor Jesus, segundo a
carne, teve de ser designado Filho de Deus. Antes de
Sua designação, segundo a carne, Ele era apenas a
semente de Davi; naquela parte do Seu ser Ele ainda
não era o Filho de Deus. Mas pela ressurreição, Ele foi
designado Filho de Deus, segundo o Espírito de
santidade. No mesmo princípio, segundo a carne,
somos pecadores. Mas agora que fomos regenerados,
podemos ter nosso ser segundo o espírito. Quanto
mais andamos segundo o espírito amalgamado, mais
passamos pelo processo de designação. Dia após dia,
somos ressuscitados, santificados, transformados e
glorificados. A maneira para sermos designados
filhos de Deus não é adquirir mais ensinamentos. E
ter nosso ser segundo o espírito amalgamado.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 57
JUSTIÇA — O PODER DO EVANGELHO
Vimos que o livro de Romanos é o evangelho da
filiação. Contudo, neste livro uma outra questão
importante é tratada, a questão da justiça. Em 1:16,
17, Paulo diz que o evangelho é o poder de Deus para
a salvação de todo aquele que crê, porque a justiça de
Deus é revelada no evangelho. Nesta mensagem,
veremos por que a justiça é o poder do evangelho e
por que a justiça é necessária para Deus produzir
muitos filhos por meio do evangelho.

AS EXIGÊNCIAS DA JUSTIÇA DE DEUS


CUMPRIDAS PELA MORTE DE CRISTO NA
CRUZ
Na eternidade passada, Deus nos predestinou
para sermos Seus filhos. Contudo, apesar de sermos
os predestinados, tornamo-nos caídos e envolvidos
com o pecado. Isso introduziu a questão da justiça de
Deus. Se não tivéssemos caído, não precisaríamos nos
preocupar com a justiça. Mas porque caímos, Deus
deve tratar-nos de acordo com Sua justiça. Que Deus
deve fazer com aqueles que Ele predestinou para
serem Seus filhos? Alguns podem dizer que, porque
Deus nos ama, Ele não pode lançar-nos no lago de
fogo. Sim, Deus nos ama, mas Ele odeia o pecado.
Deus não deseja nos abandonar ou lançar-nos no lago
de fogo. Contudo, Ele não pode perdoar-nos sem que
Sua justiça seja satisfeita. Se Deus nos perdoasse de
qualquer maneira, Ele se colocaria na posição de
injusto. Como o Deus justo e o Deus verdadeiro, Ele
não pode perdoar as pessoas pecadoras sem cumprir
as exigências de Sua justiça.
Para que Deus pudesse nos perdoar, Cristo, o
Filho de Deus, tornou-se carne. Como 8:3 diz, Deus
enviou Seu próprio Filho em semelhança da carne de
pecado. Por meio da encarnação, o Senhor tomou
sobre Si a semelhança da carne de pecado e
identificou-se com pecadores na carne. Por causa da
justiça de Deus, o Senhor Jesus sofreu a morte na
cruz. Na cruz Ele foi feito pecado por nós e Deus
condenou o pecado na carne. Por morrer em nosso
lugar, o Senhor cumpriu a redenção e também todas
as justas exigências de Deus. Agora Deus tem a
posição exata para nos perdoar. De fato, Ele não
somente pode perdoar-nos, mas, por causa da Sua
justiça, Ele deve perdoar-nos. Deus nos perdoa,
primeiramente, não porque Ele nos ama, mas porque
Ele é obrigado por Sua justiça a fazê-lo.
João 3:16 diz que porque Deus nos amou, Ele deu
Seu Filho unigênito para que todo aquele que Nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna. Este versículo
mostra que Deus nos salva porque Ele nos ama. Além
do mais, em Efésios 2:5 e 8, é-nos dito que fomos
salvos pela graça. O livro de Romanos, contudo, não
revela que somos salvos pela graça ou pelo amor, e,
sim, pela justiça. Nem amor nem graça são questões
legais. Você não pode exigir que, segundo a lei, uma
pessoa seja obrigada a amá-lo ou demonstrar-lhe
graça. Somente com as coisas relacionadas à justiça
você tem a posição para exigir algo de maneira legal.
Por exemplo, suponha que você seja um
proprietário e eu seja seu inquilino. Todo mês, eu sou
obrigado a pagar-lhe determinada quantia de
dinheiro como aluguel. Se eu faltar com o pagamento
por dois meses, você tem a posição para, de maneira
justa, exigir-me o pagamento. De minha parte, devo
pagar o aluguel, não por amor ou por graça, mas por
justiça. Estou legalmente obrigado a pagar o aluguel.
Se pagá-lo, sou justo. Mas se não pagá-lo, não sou
justo.
De certo modo, o Senhor Jesus foi levado à morte
pelos judeus e romanos. Mas por outro lado, Ele foi
levado à morte por Deus. O Senhor esteve na cruz por
seis horas. Durante as primeiras três horas, Ele sofreu
a perseguição dos homens, que Lhe fizeram muitas
coisas más. Mas durante as três últimas horas, Deus
lançou todos os nossos pecados sobre Ele e, então, O
julgou punindo-O, e O levou à morte. Isso é provado
por Isaías 53. Deus levou Cristo à morte porque,
durante as últimas três horas na cruz, Cristo tomou
nosso lugar. Por meio da morte de Cristo, as justas
exigências de Deus foram cumpridas. Portanto, o
Senhor pôde proferir as palavras “Está consumado
“(Jo 19:30). Ao dizer isso, o Senhor estava mostrando
que o trabalho de redenção foi cumprido. Como prova
disso, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo (Mt
27:51). Além do mais, todo o ambiente em torno do
lugar da morte de Cristo se tornou sereno e pacífico.
Um homem rico pediu o corpo de Jesus e O sepultou
num sepulcro (Jo 19:38). Assim, terminado Seu
sofrimento, o Senhor descansou no sepulcro. As
exigências da justiça de Deus foram cumpridas pela
morte de Cristo, e Deus ficou satisfeito. Três dias
depois, como prova dessa satisfação, Deus
ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Por isso, a
ressurreição de Cristo é a prova de que Deus está
satisfeito com Sua morte a nosso favor.
Antes de Cristo morrer na cruz, ainda era
possível que Deus mudasse a Sua intenção sobre
perdoar-nos os pecados. Ele podia, de modo justo,
ter-nos posto de lado. Mas após a morte de Cristo na
cruz, debaixo do julgamento de Deus, Deus não pode
fazer isso.

IMPOSSÍVEL DEUS MUDAR DE IDÉIA


Agora que Cristo morreu e foi ressuscitado
dentre os mortos, é impossível Deus mudar de idéia
quanto a perdoar-nos. Ao contrário, temos a base
para Lhe dizer: “Ó Deus, quer Tu me ames ou não,
deves perdoar-me. Antes de Cristo morrer na cruz, Tu
podias ter mudado de idéia. Mas porque Ele foi morto
e porque O ressuscitaste dentre os mortos, não tens
base legal para Te recusares a me perdoar. Ó Deus, Tu
deves perdoar-me agora, pois não tens direito de
mudar nesta questão. A Tua justiça Te obriga a isso.”
Dessa maneira, a justiça é o poder do evangelho.

O FUNDAMENTO DE NOSSA SALVAÇÃO


Tanto o amor como a graça podem mudar, mas a
justiça é sólida e constante. Deus é livre para nos
amar ou não. Contudo, Ele é limitado pela Sua
justiça. Agora que Cristo morreu para cumprir todas
as justas exigências de Deus, Deus se colocou em uma
posição onde Ele é legalmente comprometido.
Independente de Ele nos amar ou não, Ele é obrigado
por Sua justiça a nos perdoar. Por isso, o fundamento
de nossa salvação é justiça, não amor ou graça. O
Salmo 89:14 diz: “Justiça e direito são o fundamento
do teu trono”. O próprio fundamento do trono de
Deus é também o fundamento de nossa salvação. O
fundamento do trono de Deus pode ser abalado?
Certamente não. Da mesma forma, o fundamento de
nossa salvação não pode ser abalado, pois esse
fundamento não é amor nem graça, mas justiça.
A Bíblia não diz que o amor é o poder do
evangelho nem diz que a graça é o poder do
evangelho; ela revela que a justiça de Deus é o poder
do evangelho. Se considerarmos a nós mesmos,
perceberemos que não somos amáveis nem
merecedores da graça de Deus. Simplesmente não
merecemos coisa alguma que venha de Deus. Mas
Deus é justo. Ele levou Cristo à morte em nosso lugar
e reconheceu a morte de Cristo como pagamento total
da nossa dívida. Além disso, o Cristo ressurreto
assentado à direita de Deus é o recibo de pagamento.
Uma vez que Deus já emitiu esse recibo, como
poderia Ele de maneira justa requerer de nós
novamente um pagamento? Se Ele quisesse fazer isso,
poderíamos mostrar-Lhe Cristo e lembrá-Lo de que
Ele deve cuidar de Sua posição justa, que é o
fundamento do Seu trono.
Podemos intrepidamente dizer a Deus: “Se não
me tratares de acordo com a Tua justiça, Teu Trono
será abalado. O mais importante não é se serei salvo
ou se perecerei, mas se Tu permitirás ou não que o
fundamento de Teu trono seja abalado. Deus, é de
menor importância o fato de eu perecer. A questão
primordial é o justo fundamento do Teu trono. Deus,
eu Te lembro da Tua justiça. Cristo morreu por meus
pecados e Ele agora está à Tua direita como prova de
que recebeste Seu pagamento por todos os meus
débitos. De acordo com a Tua justiça, não tens
escolha senão salvar-me. Cristo morreu, Tu aceitaste
a Sua morte e O ressuscitaste dentre os mortos e
agora está legalmente obrigado a me perdoar. Pela
ressurreição de Cristo, mostraste que ficaste satisfeito
com Seu pagamento e emitiste um recibo para tal. Ó
Deus, se não estivesses satisfeito com Cristo, então
deverias ter permitido que Ele permanecesse no
túmulo. Ó Deus Pai, eu aprecio Teu amor e Tua graça.
Mas agora me coloco diante de Ti, não tanto no amor
e graça, mas na Tua justiça. Agora, não importa qual
seja minha condição, Tu tens de perdoar-me.”
Você já orou a Deus dessa maneira? Agrada-Lhe
quando alguém ora assim. Esta é uma oração que
clama a Deus de acordo com a Sua justiça. O
evangelho de Cristo é o poder de Deus, porque a
justiça de Deus está revelada nele.

A JUSTIÇA DE DEUS MANIFESTADA E


PROCLAMADA
Em Romanos 3:21, Paulo fala um pouco mais
sobre justiça: “Mas agora, sem lei, se manifestou a
justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos
profetas.” Dizer que a justiça de Deus foi manifestada
sem lei, significa que a justiça de Deus não é baseada
em nossos feitos, não é baseada no nosso
cumprimento da lei.
A justiça de Deus é manifestada na tolerância de
Deus por ter Ele deixado impunes os pecados
anteriormente cometidos (3:25). Isso significa que
em vista da redenção de Cristo que estava por vir,
Deus deixou impunes os pecados de muitos santos no
Velho Testamento, como Abel, Noé, Abraão, Jacó e
Davi. Na época do Velho Testamento, Deus não
condenou quaisquer desses ao lago de fogo e nem
perdoou seus pecados. Antes, Ele deixou impunes os
seus pecados. Os seus pecados ainda existiam, mas
eles foram cobertos pelo substituto, pelo sangue dos
sacrifícios que prefiguravam o sacrifício de Cristo. A
figura do Velho Testamento nessa questão pode ser
comparada a uma nota promissória. O tipo não era
um pagamento real do débito, mas uma promessa
garantida de que o pagamento seria totalmente
saldado. Porque Cristo ainda não tinha vindo para
morrer na cruz, Deus deu aos pecadores no Velho
Testamento uma nota promissória. O sacrifício
propiciatório ou expiatório, que simbolizava Cristo,
satisfez todas as exigências da justiça de Deus. Assim,
Ele pôde deixar impunes os pecados do povo que
ocorreram na era do Velho Testamento. Além disso,
para manifestar a Sua justiça Ele teve de fazer isso.
Isso é o que Romanos 3:25 significa. Este
versículo revela que o Senhor Jesus é o lugar de
propiciação, o propicia tono, a quem Deus
estabeleceu para declarar Sua justiça deixando
impunes os pecados dos santos do Velho Testamento,
pois, como sacrifício propiciatório, Ele foi feito total
propiciação na cruz pelos pecados deles e satisfez
plenamente as exigências da justiça de Deus. Quando
o Senhor Jesus morreu na cruz, Ele cumpriu todos os
tipos de Sua morte sacrificial e redentora. Naquela
época a nota promissória foi quitada com o
verdadeiro pagamento: Ao nos perdoar, Deus
manifesta Sua justiça. Ele faz uma declaração a todo o
universo que por ser justo, Ele deve perdoar-nos de
nossos pecados. Porque o Seu Filho, o Senhor Jesus
Cristo, foi levado à morte na cruz por Ele a nosso
favor, Ele está legalmente obrigado a nos perdoar.
Quer Ele esteja feliz conosco ou não, Ele deve
perdoar-nos segundo a Sua justiça. Deus sabe que
sempre que uma pessoa mostra o Cristo ressurreto e
ascendido como o recibo de pagamento pelo pecado,
Ele deve perdoá-la. Nessa questão, Deus não tem
escolha.

OLHANDO PARA O CRISTO ASCENDIDO


Não devemos olhar para nós mesmos, mas para o
Cristo ascendido. Hebreus 1:3 diz que após Cristo ter
feito a purificação dos pecados, Ele sentou-se à
direita da Majestade nas alturas. O Cristo ascendido
assentado à direita de Deus é o recibo de pagamento
pelo nosso perdão. Essa é uma questão de tremendo
significado, pois ela é o fundamento da nossa
salvação. Sempre que nossa consciência nos condena
a respeito de nossas faltas, precisamos nos lembrar
de nos colocarmos sobre o fundamento da justiça de
Deus. Você pode ser fervoroso para com o Senhor
hoje. Mas no futuro poderá falhar com Ele e, assim,
ficar desapontado consigo mesmo, Incapaz de crer
que Deus possa perdoá-lo. Se permanecer sob esse
sentimento de condenação e desapontamento, você
não será capaz de levantar-se. Ao invés disso, pode
ficar sujeito à sutileza e ao engano do inimigo. Nessa
hora, você precisa orar ao Senhor por sua justiça.
Diga-Lhe que não importa o quanto você caiu, Cristo
ainda está à Sua direita como recibo de pagamento
por todos os seus débitos. A nossa experiência pode
flutuar, mas Deus permanece justo. Sempre que
clamamos pelo sangue de Jesus e tomamos a justiça
de Deus, Ele não tem escolha senão perdoar-nos (1Jo
1:9).

O FUNDAMENTO DE NOSSA EXPERIÊNCIA


DE CRISTO
A nossa experiência de Cristo se baseia no
fundamento da justiça de Deus. Nunca devemos ter
confiança em nós mesmos, pensando que não
podemos desviar-nos ou falhar com o Senhor. Não
seja como Pedro que disse que seria fiel ao Senhor,
mesmo que todos O negassem. O fundamento não é
nosso fervor ou vitória; é a justiça de Deus, o
fundamento inabalável do trono de Deus. Deus
declarou Sua justiça ao deixar impunes os pecados
dos santos do Velho Testamento e ao perdoar nossos
pecados na era do Novo Testamento. Ao fazer estas
coisas, Deus provou que Ele é justo. Agora esta
mesma justiça é o nosso fundamento. A obra de
sermos designados filhos de Deus está edificada sobre
este fundamento. Contudo, devemos estar claros de
que o fundamento não é o processo de designação,
mas é a justiça de Deus.

CRISTO, O FIM DA LEI PARA JUSTIÇA


Romanos 10:3 e 4 diz: “Porquanto,
desconhecendo a justiça de Deus, e procurando
estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que
vem de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para justiça
de todo aquele que crê.” Aqui vemos que os israelitas
cometeram um erro ao buscar estabelecer sua própria
justiça. Se fizermos isso hoje, também estamos
errados. Cristo é. o fim da lei para justiça. Ele é o fim
da lei para que possamos ganhar a justiça de Deus.

FEITOS JUSTIÇA DE DEUS


Em 2 Coríntios 5:21, Paulo diz: “Àquele que não
conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que
nele fôssemos feitos justiça de Deus.” De acordo com
este versículo, não somos apenas justos aos olhos de
Deus, mas estamos sendo feitos justiça. Em Cristo,
estamos nos tornando a própria justiça de Deus. Essa
experiência é subjetiva e, de fato, profunda. Em 1
Coríntios, temos a questão da justiça objetiva, mas
em 2 Coríntios, justiça subjetiva. Isso significa que
não somos apenas justos diante de Deus, mas que
somos a própria justiça de Deus.
Isso acontece por meio da obra de
transformação. Deus está no processo de
transformar-nos com Cristo. Quanto mais somos
transformados por Deus desse modo, mais nos
tornamos a justiça de Deus. Como filhos de Adão,
éramos pecado. Mas como membros de Cristo, Ele
está sendo lavrado em nós para nos transformar
gradativamente de pecado para justiça.
Justiça significa ser reto com Deus de todas as
maneira. Significa que em nenhuma questão você
está errado ou injusto aos olhos de Deus. Todas as
partes do seu ser estão certas segundo Deus. Você é
tão justo, reto e leal como Deus. Isso não é
primordialmente uma questão de comportamento,
caráter ou conduta exteriores, mas uma questão do
nosso ser interior. Aos olhos dos outros, você pode ser
muito bom. Mas quando estiver diante de Deus,
perceberá que não é tão bom assim. Você pode ser
melhor que os outros, mas certamente não é tão bom
quanto Deus. Ser justificado por Deus significa ser
igual a Ele. Quando fomos salvos, fomos cobertos por
Cristo como nossa veste de justiça. Essa é a justiça
objetiva. Mas agora Deus está trabalhando para fazer
de nossa pessoa, de nosso ser, a justiça de Deus. Não
é meramente uma veste colocada sobre nós
objetivamente; é o próprio elemento de Cristo
lavrado em nós subjetivamente. Desse modo, temos
não só o fundamento, mas também a edificação.
Tornar-se a justiça de Deus interiormente e
subjetivamente está também relacionado à
designação. Quanto mais somos designados filhos de
Deus, mais nos tornamos a justiça de Deus. Essa é
uma questão de Cristo ser lavrado em nossa natureza,
nosso elemento, nosso ser, nossa substância. Essa
não é uma questão de algo atribuído a nós
objetivamente, mas uma questão de transformação
subjetiva. Louvado seja o Senhor porque nós, os
crentes em Cristo, estamos sobre o fundamento da
justiça de Deus. Agora essa justiça está sendo lavrada
em nós para constituir-nos a própria justiça de Deus.
Com relação à justiça, há uma diferença entre 1 e
2 Coríntios. Em 1 Coríntios 1:30 é dito que Cristo é
nossa justiça objetivamente, enquanto 2 Coríntios
5:21 nos diz que Cristo está sendo lavrado em nós
para nos fazer a justiça de Deus subjetivamente.
Quanto à justiça objetiva, desde que fomos salvos,
todos nós já somos justos. Mas quanto à justiça
subjetiva, estamos sob um processo. Em outras
palavras, posicionalmente somos justos aos olhos de
Deus, mas disposicionalmente, ainda não somos a
justiça de Deus.

POSICIONADOS NA JUSTIÇA DE DEUS


Apesar disso, devemos louvar ao Senhor por
nossa posição justa. Não importa quão fraca nossa
disposição possa ser, ainda temos a posição de
justiça. Porque temos essa posição e fundamento,
temos a intrepidez para dizer a Deus que Ele não tem
o direito de nos esquecer. Podemos dizer: “Deus Pai,
mesmo se não gostares de mim, ainda deves
aceitar-me. Tu puseste o Senhor Jesus na cruz e O
julgaste em meu lugar. Além disso, Tu O ressuscitaste
dentre os mortos e O levaste a sentar-se à Tua direita
como prova de que recebeste Sua morte como
pagamento por meus pecados. Creio que Tu me amas,
mas mesmo se não me amares, ainda deves
receber-me segundo a Tua justiça.”
Fomos salvos pelo amor de Deus e por Sua graça,
mas, especialmente, fomos salvos pela justiça de
Deus. O amor e a graça de Deus podem mudar em
relação a nós, mas é impossível que a justiça de Deus
mude. Antes de Cristo morrer na cruz, Deus podia ter
mudado Sua idéia sobre nós. Até o último minuto, Ele
podia ter resolvido deixar-nos perecer e criar uma
nova raça humana para o cumprimento do Seu
propósito. Mas como já vimos, agora que Cristo
morreu por nossos pecados e foi ressuscitado para
nossa justificação, Deus não pode mudar de idéia.
Deus assinou o testamento e está legalmente
comprometido por ele. Portanto, para nossa salvação,
não nos baseamos no amor ou na graça de Deus, mas
na justiça de Deus.
O livro de Romanos fala tanto do amor de Deus
como de Sua graça. Contudo, Romanos não diz que o
amor ou a graça é o poder do evangelho. Antes, neste
livro Paulo claramente afirma que o poder do
evangelho é a justiça de Deus. Sou profundamente
grato a Deus por Seu amor e graça. Mas meu
posicionamento está sobre Sua justiça, o fundamento
de Seu trono. A Sua justiça não pode ser abalada. Se
quisermos ser designados filhos de Deus para o
cumprimento do propósito eterno de Deus, todos
devemos conhecer esse fundamento inabalável e
permanecer firmemente sobre ele.
Muitos cristãos louvam a Deus por Seu amor e
graça, mas poucos a louvam por Sua justiça. Louvado
seja Ele porque o fundamento de nossa salvação é Sua
justiça! Também a louvamos porque Ele está nos
transformando em Cristo à Sua própria justiça.
Finalmente Deus poderá dizer: “Satanás, olhe para os
Meus filhos. Eles não são apenas justos diante de
Mim, mas eles se tomaram a Minha justiça.” Uma vez
que fomos salvos de acordo com a justiça de Deus,
não nos perderemos. Se estamos claros com respeito
à justiça de Deus no evangelho, estaremos tranqüilos,
sabendo que a justiça de Deus é nossa segurança
eterna.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 58
A ESCOLHA DA GRAÇA
Em Romanos 1:9, Paulo diz que serve a Deus no
evangelho de Seu Filho. Esse evangelho inclui muitos
itens maravilhosos: filiação, designação, ressurreição,
justificação, santificação, transformação,
conformação, glorificação e manifestação. Nesta
mensagem, consideraremos um item a mais, a
escolha da graça. Se quisermos conhecer o evangelho
do Filho de Deus inteiramente, precisamos ver que a
escolha de Deus está incluída nesse evangelho. Essa
escolha é a escolha da graça. Como 11:5 diz: “Assim,
pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um
remanescente segundo a eleição da graça.”

A ESCOLHA DE DEUS
Na sociedade, a escolha está relacionada ao
nascimento, instrução, educação e sucesso no mundo.
A escolha divina é absolutamente diferente. Fomos
escolhidos antes de termos nascido, na verdade, antes
da fundação do mundo. A escolha do mundo depende
do que as pessoas são em si mesmas. Aqueles que são
bons, promissores e bem sucedidos são qualificados
para serem escolhidos. A escolha de Deus, pelo
contrário, não depende do que somos; ela depende
inteiramente de Deus e de Seu desejo.
No capítulo nove, Paulo usou o caso de Jacó e
Esaú como uma ilustração da escolha de Deus. Antes
que eles nascessem, Deus disse à Rebeca: “O mais
velho será servo do mais moço” (9:12). A escolha de
Deus foi feita antes que as crianças tivessem nascido,
antes que elas tivessem feito qualquer coisa boa ou
má. Isso foi “para que o propósito de Deus quanto à
eleição prevalecesse, não por obras, mas por aquele
que chama” (v. 11). Não obstante, quando estava no
ventre, Jacó lutou para nascer primeiro. Foi pela
misericórdia de Deus que Jacó não conseguiu. Se ele
tivesse conseguido, ele não teria sido escolhido por
Deus.
De maneira bem real, todos nós somos Jacós
lutando para sermos o primeiro. Desde o nosso
nascimento, temos o conceito de que devemos lutar a
fim de obter algo por nós mesmos. Apesar de
falharmos sempre, continuamos lutando. Somos
como Jacó, o suplantador, a quem Deus predestinou
para ser o segundo, mas que ainda lutava para ser o
primeiro. Louvado seja o Senhor por Sua mão de
misericórdia que restringe impedindo-nos de ter
sucesso em nossos esforços! Ele nos restringe porque
já nos escolheu antes de termos nascido.

ESCOLHA, PREDESTINAÇÃO E
CHAMAMENTO
A escolha de Deus está relacionada à Sua
predestinação e ao Seu chamamento. Dos três, o
primeiro é a escolha, seguido pela predestinação e
pelo chamamento. Primeiramente Deus nos escolheu.
Então, Ele nos marcou, isto é, nos predestinou. Tanto
a escolha como a predestinação aconteceram antes de
termos nascido. Após, em um certo ponto de nossa
vida, Deus veio para nos chamar.
Efésios 1:4, 5 provam que a escolha e a
predestinação de Deus aconteceram na eternidade
passada: “Assim como nos escolheu nele, antes da
fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor nos
predestinou para ele, para a filiação (lit.), por meio de
Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.”
Antes que o universo viesse a existir, Deus nos
escolheu e nos predestinou para a filiação.
Precisamos exercitar nosso espírito, com fé, para crer
nesta palavra da Escritura. No dia determinado por
Deus, nós nascemos. Finalmente, também no tempo
determinado por Ele, nós fomos salvos. Embora
possamos não ter tido a intenção de crer no Senhor
Jesus, viemos a crer Nele, porque tínhamos sido
escolhidos e predestinados por Deus. Essa é a escolha
da graça na qual a misericórdia de Deus é
manifestada. Como Paulo diz em 9:16: “Assim, pois,
não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de
usar Deus a sua misericórdia.”

O ARRANJO DE DEUS DE NOSSA VIDA


Se olharmos nosso passado, adoraremos ao
Senhor. Perceberemos que nossos passos não têm
sido dados por nós mesmos, mas por Ele. Antes de
nascermos, Ele nos escolheu e nos predestinou e
preparou todas as coisas relacionadas a nós,
incluindo a época e o lugar de nosso nascimento.
Mais que isso, Ele determinou todos os nossos dias e
os lugares onde devemos estar. De acordo com o
arranjo de Deus, eu nasci no século vinte. Além disso,
nasci numa área onde foi fácil contatar cristãos. Isso
foi totalmente de Deus. Ainda mais, minha vida com
o Senhor prova que nosso caminho é determinado
por Ele, e minha experiência testifica que não
depende de quem quer nem de quem corre, mas
Daquele que usa misericórdia. Tudo o que acontece a
nós é uma questão da misericórdia divina.
A PROVA DA ESCOLHA DE DEUS
Não desejo entrar no debate teológico a respeito
da responsabilidade do homem em relação à
soberania de Deus. Simplesmente desejo enfatizar a
questão da escolha de Deus . Todos nós nos tornamos
cristãos por causa dessa escolha. Muitos de nós nem
mesmo sabem, em primeiro lugar, por que nos
tornamos cristãos. Alguns de nós podem até ter
tentado parar de crer no Senhor, mas não obtivemos
sucesso em fazê-lo. Por um lado, é maravilhoso ser
um cristão, mas por outro lado é extremamente árduo
e difícil. Nós, cristãos, não somos apenas Jacós, mas
também Jós. Devido à escolha de Deus, não tivemos
escolha a não ser nos tornar cristãos. Agora que
cremos no Senhor Jesus, simplesmente não podemos
fugir Dele. Isso prova que fomos escolhidos por Deus.
Em nós, há algo que nos leva a crer no Senhor,
queiramos ou não crer Nele. Isso vem da escolha da
graça. Podemos querer “divorciar-nos” do Senhor,
mas Ele se recusa a assinar o documento do divórcio.
Deus não teme qualquer tentativa que façamos para
fugir Dele. Ele sabe que ainda que tentemos
diligentemente, não podemos ir embora. Essa é a
prova mais forte de que fomos escolhidos por Deus.
Quão maravilhosa é a escolha divina da graça!

A ESCOLHA DE DEUS E A PREGAÇÃO DO


EVANGELHO
Vemos a escolha de Deus de um modo prático em
nossa pregação do evangelho. Vários incrédulos
podem comparecer à mesma reunião e ouvir a mesma
mensagem; contudo, apenas alguns respondem. Isso
é difícil de explicar. Podemos atribuir isso à escolha,
predestinação e chamamento de Deus.
Lembro-me de uma história sobre D. L. Moody.
Um dia, um estudante expressou-lhe a dúvida de que
se por meio de sua pregação do evangelho alguém que
não tivesse sido escolhido por Deus poderia ser salvo.
Moody disse-lhe que não se incomodasse, mas
simplesmente continuasse a pregar o evangelho.
Além do mais, Moody disse que ele deveria permitir a
todo aquele que quisesse crer, que recebesse o
Senhor. Moody prosseguiu dizendo que sobre a
entrada do céu estarão escritas as palavras: “Todo
aquele que quiser, pode vir”, mas que após a pessoa
passar pela entrada, ela veria inscrito do lado de
dentro estas palavras: “Escolhido antes da fundação
do mundo.”

TOTALMENTE UMA QUESTÃO DA


MISERICÓRDIA DE DEUS
. Se quisermos servir a Deus adequadamente no
evangelho de Seu Filho, devemos saber que o
evangelho inclui a escolha da graça. O evangelho é
totalmente uma questão da misericórdia soberana de
Deus. Há muitos anos, tive alguma percepção disso,
mas minha compreensão é mais forte hoje. Por
muitos anos de experiência, tornei-me forte e
profundamente convencido de que todas as coisas
que acontecem a nós vêm de Deus. Tudo é uma
questão da misericórdia de Deus. Quanto mais vemos
isso, mais espontaneamente assumiremos a nossa
responsabilidade diante de Deus.
Contudo, até mesmo arcar com a
responsabilidade é pela misericórdia de Deus. Por
que alguns crentes querem assumir sua
responsabilidade e outros não? A resposta está na
misericórdia de Deus. Em 9:15, Paulo cita as palavras
do Senhor: “Terei misericórdia de quem me aprouver
ter misericórdia.” Por causa da misericórdia de Deus
em Sua escolha da graça, nós reagimos positivamente
ao evangelho enquanto outros não; recebemos uma
palavra sobre Cristo como nossa vida enquanto
outros se recusaram a recebê-la, e tomamos o
caminho da restauração do Senhor enquanto outros o
recusaram. Alguns podem testificar que hoje, embora
estejam na restauração do Senhor, aqueles que os
trouxeram não permaneceram neste caminho com
eles.
Com respeito à Sua restauração, Deus tem
misericórdia de quem Lhe apraz ter misericórdia.
Não estamos na restauração do Senhor porque somos
mais inteligentes que outros ou porque buscamos o
Senhor mais do que os outros. Estarmos aqui é
totalmente devido à misericórdia de Deus. Se
considerar como o Senhor o introduziu na vida da
igreja na restauração do Senhor, você O adorará por
sua misericórdia. Creio que nós, na restauração do
Senhor, estamos entre os remanescentes segundo a
escolha da graça (11:5). Considerando o evangelho, o
ministério da vida e a vida da igreja na restauração do
Senhor, Deus tem tido misericórdia de nós. Como
devemos louvá-Lo por Sua misericórdia soberana!
Não devemos confiar em nós mesmos e não
devemos pensar que estamos aqui por causa de
alguma coisa que somos ou que temos feito. Estamos
na restauração do Senhor hoje não é por nossa
vontade nem pelo nosso correr, mas por Deus, Aquele
que usa de misericórdia. Que misericórdia termos
sido salvos e estarmos desejosos de tomar o caminho
do Senhor! Além disso, é misericórdia querermos ser
separados da era maligna de hoje. O mundo é atrativo
e atraente. Não obstante, posso testificar que
simplesmente não tenho apetite pelas coisas do
mundo. Estou coberto por uma espécie de isolamento
divino, um isolamento que me mantém fora do
sistema mundano. Esse é um outro aspecto da
misericórdia de Deus.

ADORANDO O SENHOR POR SUA


MISERICÓRDIA
Se quisermos servir ao Senhor, devemos
conhecer o Espírito, a vida no Espírito e a justiça de
Deus. Além disso, devemos conhecer a misericórdia
de Deus na escolha da graça. No passado, sonhava
com um trabalho promissor no norte da China,
mesmo no interior da Mongólia ou da Manchúria.
Mas esse sonho nunca foi realizado e, ao invés disso,
pela misericórdia do Senhor, estou neste país hoje.
Peço ao Senhor que Ele nos impressione
profundamente com a questão de Sua misericórdia
em nos escolher. Não ponha sua confiança naquilo
que você é capaz de fazer ou naquilo que planeja
fazer. Antes, ajoelhe-se diante do Senhor e O adore
por Sua misericórdia. Quanto mais O adorar por Sua
misericórdia, mais você será enaltecido. Ao invés de
se esforçar para arcar com a responsabilidade, você
descobrirá que, em Sua misericórdia, o Senhor o está
sustentando. Todos nós precisamos conhecer o
Senhor de tal maneira. Que misericórdia Ele nos ter
escolhido, predestinado, chamado e nos ter colocado
em Sua restauração! Daqui por diante, não confiamos
em nós mesmos, mas Nele e em Sua maravilhosa
misericórdia. Todas as coisas relacionadas a nós
foram iniciadas pelo Senhor. Tudo vem Dele, nada é
proveniente de nós. Posso testificar que quanto mais
adoramos a Deus por Sua misericórdia, mais
penetramos no Seu coração e mais somos um com
Ele.

CONFIANDO NA MISERICÓRDIA DO
SENHOR
Não lute para assumir a responsabilidade. Pelo
contrário, adore a Deus por Sua escolha. Se fizer isso,
Ele o sustentará no seu arcar com a responsabilidade.
Quanto mais tentamos em nós mesmos ser
responsáveis, mais sofreremos interiormente. O
nosso gosto interior será o da amargura. Mas se
adorarmos o Senhor por Sua misericórdia e O
experimentarmos sustentando-nos em nosso arcar
com a responsabilidade, o sabor que sentiremos
interiormente será tão doce como o mel. Uma razão
para eu estar feliz, dia após dia, é que aprendi a
confiar na misericórdia do Senhor e a adorá-Lo por
ela. Anos atrás, eu pedia ao Senhor que fizesse muitas
coisas por mim. Mas agora, minha oração é
agradecê-Lo por Sua misericórdia. Ele disse que terá
misericórdia de quem Lhe aprouver ter misericórdia e
compaixão de quem tiver compaixão. Se
desfrutarmos a misericórdia do Senhor e O
adorarmos por Sua escolha, estaremos nos lugares
celestiais.
Prosseguirmos com o Senhor não é uma questão
do nosso querer ou correr, mas da misericórdia de
Deus. A nossa vontade não importa e nosso correr é
vão. A misericórdia de Deus, contudo, trabalha de um
modo maravilhoso. Somos mutáveis, constantemente
flutuando. Parece que, no que nos diz respeito, nossa
condição espiritual é como o tempo que é instável.
Por isso, precisamos ver que a escolha da graça não
depende de nós, mas depende da escolha de Deus
antes de o mundo começar. O que experimentamos
hoje está relacionado à escolha de Deus na eternidade
passada. Se virmos isso, tiraremos nossos olhos de
nós mesmos e das circunstâncias, e olharemos firmes
e resolutamente para Ele.

O EVANGELHO DA GRAÇA
O evangelho no qual servimos a Deus é um
evangelho de graça, não um evangelho de obras.
Como 11:6 diz: “E se é pela graça, já não é pelas obras;
do contrário, a graça já não é graça.” No entanto, o
fato de a escolha de Deus ser totalmente uma questão
de Sua graça, não significa que somos livres para
fazer o que queremos. Se essa for nossa atitude, então
não fomos escolhidos por Deus ou estamos desviados
da escolha de Deus. Oh! esqueçamo-nos de nós
mesmos e de nossa situação e conservemos nossos
olhos no Senhor. Digamos sempre: “Senhor, eu Te
louvo por Tua escolha da graça. O, Senhor, nós Te
adoramos por Tua misericórdia.” Este é o evangelho
revelado no livro de Romanos.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 59
A PRÁTICA DA VIDA DO CORPO
Nesta mensagem, consideraremos a prática da
vida do Corpo como é mostrada nos capítulos finais
de Romanos.

FILIAÇÃO PARA O CORPO


Vimos que devemos servir a Deus no evangelho
de Seu Filho (1:9). Este evangelho é um evangelho de
filiação. Filiação inclui designação, ressurreição,
justificação, santificação, transformação,
conformação, glorificação e manifestação. Estamos
atualmente passando pelo processo de designação,
isto é, estamos sendo designados filhos de Deus pelo
poder de ressurreição. Filiação é para o Corpo. Para
sermos membros do Corpo de Cristo, devemos ser
filhos de Deus.
Vimos que, num sentido particular e real, o
capítulo doze é a continuação direta do capítulo oito,
sendo os capítulos nove a onze um parêntese
referente à escolha da graça. O capítulo oito revela
que estamos sendo conformados à imagem do Filho
de Deus (v. 29). Essa conformação nos qualifica para
a prática da vida do Corpo.
A vida do Corpo não é simplesmente uma
questão de crentes reunindo-se. Muitos grupos foram
formados com o propósito de ter a vida do Corpo. O
resultado, contudo, foi fracasso. Esses grupos não
perceberam que a vida do Corpo depende da filiação,
que provém da designação. Se queremos ter a prática
adequada da vida do Corpo, devemos ser
transformados segundo o poder de ressurreição.

O CORPO APRESENTADO, A ALMA


TRANSFORMADA E O ESPÍRITO
FERVOROSO
No capítulo doze, Paulo menciona o corpo, a
alma e o espírito. No versículo 1, ele diz: “Rogo-vos,
pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus que
apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo
e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” O
nosso corpo deve ser apresentado ao Senhor para o
Seu propósito de ter um Corpo. Alguém pode ter um
coração para a vida do Corpo, mas se não apresentar
seu corpo, ele não é para a vida do Corpo de um modo
prático. Você pode se preocupar com as reuniões, mas
que isso adianta se seu corpo fica em casa? Se
deixarmos de apresentar nosso corpo ao Senhor para
a vida da igreja, não podemos ter uma vida prática de
reuniões. Se disser que tem um coração pelas
reuniões da igreja, você precisa perguntar a si mesmo
se tem apresentado seu corpo ao Senhor para as
reuniões. Onde está o seu corpo na hora das
reuniões? O corpo é que contém o nosso ser, pois o
espírito está dentro da alma e a alma dentro do corpo.
Devemos apresentar esse “recipiente” ao Senhor por
causa do Seu Corpo.
O versículo 2 fala da mente, que é a principal
parte da alma: “E não vos conformeis com este
século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente.” Quando nossa mente for renovada, nossa
alma será transformada. Assim, nosso corpo precisa
ser apresentado e nossa alma precisa ser
transformada.
Nesse versículo, Paulo nos roga que não sejamos
conformados a este século. O mundo, o sistema de
Satanás, é um universo composto de muitas eras. O
século dezenove foi uma era e o século vinte é outra
era. Realmente, têm havido eras distintas dentro do
próprio século vinte. O presente século é uma parte
do sistema mundano de Satanás. Esta era não apenas
inclui o mundo secular, mas também o mundo
religioso. Se nos conformarmos à religião de hoje,
seremos inúteis no que diz respeito à prática da vida
do Corpo.
Para Paulo, ser conformado ao presente século,
em sua época era, principalmente, uma questão de
ser conformado ao judaísmo. O judaísmo foi um sério
obstáculo à prática da vida do Corpo no primeiro
século. Assim como o judaísmo foi parte do século no
tempo de Paulo, também o cristianismo como uma
religião organizada é parte da era de hoje.
Conformando-se ao cristianismo organizado, você
será conformado a este século. Ao invés de sermos
conformados a este século, precisamos ser
transformados pela renovação da nossa mente.
Em 12:11, Paulo fala do espírito; ele nos diz para
sermos “fervorosos no espírito” (IBB — Rev.). O
nosso espírito deve estar queimando, isto é, ele deve
estar quente e queimando. Se tivermos um corpo
apresentado, uma alma em processo de
transformação e um espírito fervoroso, estaremos
aptos a praticar a vida do Corpo de um modo
adequado.

FALAR E PRATICAR
Muitos falam sobre a vida do Corpo de Romanos
12 sem a verdadeira prática da vida do Corpo. Por
exemplo, alguns viram que no Corpo de Cristo somos
“membros uns dos outros” (12:5). Contudo, eles não
podem mencionar a quais membros estão
especificamente relacionados. Assim, o falar deles
sobre ser membros uns dos outros é mera conversa.
Não estamos aqui para falar sobre a vida do Corpo;
estamos aqui para praticar a vida do Corpo.
O ensinamento em Romanos referente à vida do
Corpo está no capítulo doze, mas a prática está nos
capítulos catorze, quinze e dezesseis. Estes capítulos
tratam de problemas práticos que ocorrem na vida da
igreja. Ao considerarmos como Paulo aborda esses
problemas, podemos aprender alguma coisa
relacionada à prática diária da vida do Corpo.

RECEBER OS CRENTES
O capítulo doze é importante em relação à
doutrina da vida do Corpo, assim como o capítulo
catorze é importante em relação à prática da vida do
Corpo. No capítulo catorze, Paulo aborda o problema
de receber os crentes cujas opiniões e práticas se
diferem das nossas. Em 14:1, Paulo diz: “Acolhei ao
que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.”
Então Paulo prossegue dando dois exemplos de
questões sobre as quais os crentes podem ter pontos
de vista diferentes. O primeiro exemplo refere-se ao
comer: “Um crê que tudo pode comer, mas o débil
come legumes” (v. 2). O segundo refere-se a dias:
“Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais
todos os dias” (v. 5). Estas duas questões são
exemplos de muitas coisas que têm dividido os
cristãos. Tome o batismo como exemplo. Alguns
insistem na imersão, enquanto outros insistem na
aspersão. Se tivermos a prática adequada da vida do
Corpo, receberemos todos os verdadeiros crentes em
Cristo, quer pratiquem imersão ou aspersão.
Alguns dizem que nós na restauração do Senhor
somos estreitos. Contudo, queremos receber todos os
tipos de cristãos. Recebemos aqueles que praticam
imersão e aqueles que praticam aspersão. Quem,
então, são os estreitos aqueles na restauração do
Senhor ou aqueles que aceitam ter comunhão
somente com os que reúnem exigências especiais
relacionadas à doutrina ou prática?
As divisões entre os cristãos vêm das diferenças
sobre doutrina ou prática. Por exemplo, os crentes
têm sido divididos sobre coisas tais como uso do véu,
lavar os pés e observância do domingo ou do sábado.
Esse fato deve levar-nos novamente a Romanos 14,
onde Paulo nos instrui a receber aqueles que têm a fé
em Cristo e não julgá-los segundo questões
secundárias. Se alguém vier a nós com uma opinião
diferente a respeito de certa questão, ainda devemos
recebê-lo como um irmão no Senhor. Como Paulo diz
em 15:7: “Portanto acolhei-vos uns aos outros, como
também Cristo nos acolheu para a glória de Deus.”
A importância de receber os crentes é ilustrada
por uma experiência que tivemos no começo da vida
da igreja em Los Angeles, Três grupos Cristãos
desejaram reunir-se conosco na vida da igreja. Um
grupo tinha um antecedente pentecostal e outro
grupo tinha um antecedente de ensinamento
fundamentalista da Bíblia. Quando eu soube de seu
desejo e entusiasmo sobre a idéia de reunirem-se
conosco, lembrei-lhes de que através dos séculos os
cristãos têm sido divididos por suas opiniões sobre
doutrinas e práticas. Além disso, lhes disse que se
quisessem reunir-se para a vida da igreja segundo
Romanos 14, eles teriam de abandonar suas opiniões
e receber todos os crentes genuínos em Cristo, não
importando quão diferentes fossem, tanto em
doutrina como em prática. Eles concordaram em
deixar de lado suas diferenças e em reunirem-se na
unidade para a vida da igreja. No local de reunião,
penduramos algumas faixas. Uma dizia “Variedade
versus Uniformidade”, outra “Unidade na Variedade”
e outra “Todos Um em Cristo”. Entretanto, após um
curto período, alguns de formação pentecostal
começaram a insistir na prática de falar em línguas e
tocar pandeiro nas reuniões. Os de formação
fundamentalista não toleraram isso e se recusaram a
prosseguir com aquilo. Eu pedi àqueles que se
opunham ao falar em línguas e tocar pandeiros que
suportassem aqueles que eram favoráveis a essas
coisas. Contudo, eles se recusaram a fazê-lo. Então
pedi aos que aprovavam essas práticas para entender
o sentimento dos outros. Eles também se recusaram,
insistindo que nada havia de errado em agir assim.
Finalmente, devido à incapacidade de ambos os lados
em aceitar crentes com diferentes doutrinas e
práticas, esses grupos não conseguiram se reunir na
unidade para a prática da vida da igreja.

UMA ATITUDE GERAL


O Senhor pode testificar a nosso favor que em
nossa prática da vida da igreja temos sido gerais,
recebendo todos os diferentes tipos de crentes. Por
exemplo: nós não impedimos os santos de falar em
línguas, mas também não insistimos no falar em
línguas. Não obstante, somos acusados de ser
limitados. Na verdade, os limitados são os das
denominações, pois eles não recebem todos os
diversos tipos de cristãos. Através dos anos que temos
estado em Los Angeles, nunca rejeitamos um crente
genuíno em Cristo. Além do mais, não temos
regulado os outros. Ao contrário, temos aprendido
simplesmente a ministrar vida a todos os que vêm.
Em Romanos 14, a atitude de Paulo foi muito
geral. Doutrinariamente falando, Paulo sabia que os
crentes eram livres para comer tanto carne como
vegetais. Mas ele não entrou na questão de comer
como um método doutrinário. Ao invés disso, ele
expressou uma atitude generalizada a todos os
crentes; ele não desprezou os que comem somente
vegetais nem aqueles que comem todas as coisas. A
sua atitude foi a mesma com respeito a guardar dias.
Para ter a prática adequada para a vida do Corpo,
devemos ter tal atitude geral. Não devemos impor
uma prática particular aos outros nem devemos nos
opor a determinada prática. Tome como exemplo
louvar o Senhor em voz alta. Alguns podem se opor a
isso e condená-lo como sendo uma desordem,
enquanto outros que concordam podem querer impor
tal prática aos outros. Ambas as atitudes estão
erradas. Se preferimos o silêncio nas reuniões, não
devemos impor nossa opinião aos outros. Da mesma
forma, se preferimos gritar, não devemos impô-lo a
quem quer que seja. O mesmo é verdade com relação
ao orar-ler. Se alguns querem praticar o orar-ler, eles
devem ser livres para fazê-lo, Mas se outros não
aceitam essa prática, não deveria ser-lhes imposta.
Na vida da igreja devemos ser gerais, capazes de
receber todos os crentes genuínos. Contudo, não é
fácil aprender essa lição, porque todos nós queremos
que os outros sejam como nós somos. Não mais
exijamos dos outros nem queiramos que eles mudem
seu modo por nossa causa. Antes, tenhamos unidade
na variedade e variedade sem conformidade. Embora
possa haver tal variedade, nós ainda somos um em
Cristo.

DIFERENÇAS ENTRE AS IGREJAS


Pode haver diferenças não apenas entre os
crentes numa igreja, mas também entre as igrejas
locais. Por exemplo, a igreja numa cidade pode
praticar o orar-ler, mas a igreja em outra cidade pode
não praticá-lo. Se você visitar uma igreja que difere
em prática da igreja de sua cidade, não tente
corrigi-la ou mudar alguma coisa. Onde quer que
esteja, você deve ser simplesmente um com a igreja
naquele lugar. Enquanto ela for uma igreja local, você
precisa prosseguir com ela sem impor ou opor.
Admito que é fácil falar sobre isso, mas é difícil
praticá-lo. No entanto, todos nós devemos estar
desejosos de aprender essa lição. Então teremos não
somente a doutrina do Corpo em Romanos 12, mas
também a prática da vida do Corpo em Romanos 14.

UMA QUESTÃO DO ESPÍRITO


Romanos 14:17 diz: “Porque o reino de Deus não
é comida nem bebida, mas justiça e paz e alegria no
Espírito Santo.” De acordo com este versículo, o reino
de Deus é uma questão do Espírito. Se temos justiça,
paz e alegria no Espírito Santo, não devemos estar
preocupados com diferenças de doutrina ou pratica.

O ASPECTO LOCAL DA IGREJA


Romanos 16:1 diz: “Recomendo-vos a nossa irmã
Febe, que está servindo à igreja em Cencréia.” Este
versículo revela um segundo aspecto da
praticabilidade da vida do Corpo: a questão da igreja
local. Se quisermos ter a vida do Corpo de uma
maneira prática, devemos não apenas receber os
crentes, mas também atentar para a igreja na
localidade. De acordo com Romanos 16, a
praticabilidade da vida do Corpo consiste no aspecto
local da igreja. Este capítulo fala não só da igreja
local, a igreja em Cencréia, mas também das igrejas.
No versículo 4, Paulo faz menção das igrejas dos
gentios e no versículo 16, das igrejas de Cristo.

MOSTRANDO HOSPITALIDADE À IGREJA


No versículo 23, Paulo diz: “Saúda-vos Gaio, meu
hospedeiro e de toda a igreja.” Aqui Paulo cita um
irmão que proveu hospitalidade a toda a igreja.
Obviamente, Paulo está falando da igreja local, não
da igreja universal. É importante que Paulo enfatize
que Gaio foi o hospedeiro de toda a igreja, não de
todos os santos. Há uma diferença entre mostrar
hospitalidade à igreja e mostrar hospitalidade aos
santos, pois podemos importar-nos com os santos
sem importar-nos com a igreja. Todavia, o conceito
de Paulo neste livro está relacionado não
principalmente aos santos, mas à igreja. Ao
praticarmos hospitalidade a igreja deve estar em
nossa consciência e pensamento. Ao estender a
hospitalidade aos outros, que pensamento você tem?
Você mantém o pensamento de que está praticando
hospitalidade aos santos ou à igreja? Se tiver o
pensamento adequado, perceberá que sua
hospitalidade não é simplesmente a determinados
santos, mas a toda a igreja.

A IGREJA NA CASA
No versículo 5, Paulo saúda a igreja que está na
casa de Priscila e Áqüila. Usando este versículo como
base, alguns dizem que a igreja numa casa é diferente
da igreja numa cidade. Contudo, se considerar essa
questão cuidadosamente em seu contexto, você verá
que a igreja na casa de Priscila e Áqüila era, na
verdade, a igreja na cidade de Roma. A igreja em
Roma tinha suas reuniões na casa de Priscila e
Áqüila.
Se quisermos ter a prática adequada da vida do
Corpo hoje, devemos ser gerais em receber todos os
tipos de crentes. Desde que uma pessoa creia
genuinamente no Senhor Jesus, devemos recebê-la,
mesmo que sua opinião possa diferir das nossas com
respeito a prática ou doutrina. Além disso,
precisamos estar numa igreja local e honrar o caráter
local da igreja. Como agradeço ao Senhor pelo
capítulo dezesseis! Neste capítulo, o Espírito Santo
mostra claramente que para a prática da vida do
Corpo, precisamos ser a igreja local. Onde quer que
estejamos, devemos estar na igreja naquela cidade.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 60
A DISPENSAÇÃO DO DEUS TRIÚNO PARA O
CUMPRIMENTO DO SEU PROPÓSITO
Romanos é um livro todo-inclusivo, um resumo
tanto da vida cristã como da vida da igreja. É
impossível esgotar toda a revelação explícita e
implícita neste livro. A revelação implícita significa
que ela não é transmitida direta e explicitamente,
mas que é transmitida indiretamente no que está
explícito. Na Palavra divina, o que está implícito é
sempre mais importante do que o que está
diretamente declarado. Nesta mensagem,
consideraremos uma das revelações implícitas no
livro de Romanos: a dispensação do Deus Triúno para
o cumprimento de Seu propósito.

O PROPÓSITO ETERNO DE DEUS


O propósito eterno de Deus é ter um Corpo para
Cristo. Este Corpo é a igreja universal. A igreja
universal precisa ser expressa em várias cidades nas
igrejas locais. A dispensação do Deus Triúno para o
cumprimento de Seu propósito eterno tem muito a
ver com as igrejas locais. Para cumprir Seu propósito,
é necessário que Deus dispense a Si mesmo para
dentro de Seu povo escolhido. E exatamente isso que
Deus está fazendo conosco hoje.

TRIÚNO PARA DISPENSAÇÃO


Para que Deus se dispense a nós, Ele deve ser
triúno. O Deus Triúno não é para doutrina ou
teologia, mas para se dispensar para dentro de Seu
povo a fim de ter um Corpo para expressar Cristo.
A palavra dispensar significa distribuir. Suponha
que tenhamos um grande jarro de suco. Para que as
pessoas possam tomar o suco, devemos encontrar um
modo de dispensar o suco para dentro delas. A
melhor maneira é colocar o suco nos copos e
distribuí-la entre as pessoas presentes. O suco estava
no jarro, mas agora ele está dentro das pessoas para
as quais foi dispensado. Quando falamos da
dispensação do Deus Triúno, queremos dizer que
Deus se distribuiu a nós e assim se dispensa para
dentro do nosso ser da mesma forma como o suco é
dispensado do jarro para dentro daqueles que o
bebem. Em Sua dispensação, Deus realmente entra
em nós, enche nosso vaso e se torna um conosco. Essa
é a dispensação do Deus Triúno para o cumprimento
do Seu propósito.
Para Deus se dispensar para dentro do Seu povo
escolhido, Ele deve ser triúno, isto é, Ele deve ser
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito. Embora nosso
Deus seja triúno, rejeitamos o triteísmo, que é a
doutrina segundo a qual os três da Trindade são três
Deuses distintos. Não temos três Deuses — temos o
Deus único, o Pai, o Filho e o Espírito.
Temos mostrado que a Trindade da Deidade não
é para teologia, mas para dispensação. Deus não
deseja existir sozinho. Ele quer se dispensar para
dentro dos homens criados, escolhidos e chamados
por Ele. Aleluia! somos esses homens e Deus quer se
dispensar para dentro de nós! Isso está implícito no
livro de Romanos. Consideremos agora o Deus
Triúno como revelado neste livro e, então,
consideraremos a dispensação de Deus.
DEUS BENDITO PARA TODO O SEMPRE
Romanos 9:5 fala de “Cristo, o qual é sobre
todos, Deus bendito para todo o sempre.” Muitos
cristãos têm lido o livro de Romanos sem notar a
declaração contida neste versículo. Esse versículo diz
que Cristo é Deus bendito para todo o sempre. Como
Deus, Cristo é sobre todas as coisas: homem, anjos, os
céus e a terra. Cristo é o próprio Deus que foi e será
bendito para todo o sempre e que é sobre todos. O
Cristo que é nosso Salvador e nossa vida é o próprio
Deus. É uma vergonha que os cristãos contendam
sobre a deidade de Cristo e debatam se Cristo é Deus
ou não. De acordo com esse versículo, Cristo é o Deus
que é sobre todos e bendito para todo o sempre.

DEUS ENVIANDO SEU PRÓPRIO FILHO


Romanos 8:3 diz que Deus enviou Seu próprio
Filho.
Deus em 8:3 é, sem dúvida, o próprio Deus em
9:5. Cristo é o Filho de Deus. Como podemos explicar,
então, que o único Deus enviou Seu próprio Filho,
quando Cristo é tanto o Filho de Deus como o próprio
Deus? De acordo com 9:5, Cristo é Deus. De acordo
com 8:3, Deus enviou Seu próprio Filho, que é Cristo.
Isso indica que Cristo é tanto Deus como o Filho de
Deus. Isso nos lembra Isaías 9:6. Este versículo diz
que um menino é chamado Deus Forte e que um filho
é chamado Pai Eterno (IBB — Rev.). Aqui vemos o
mistério do Deus Triúno: Deus é três, todavia
permanece um.

A MORTE DO FILHO DE DEUS


Voltemos agora a Romanos 5:10, que diz que
fomos reconciliados com Deus mediante a morte de
Seu Filho. Este versículo fala acerca da morte do
Filho de Deus. Mas como é possível que o Filho de
Deus morra? Para mim, esse versículo seria mais
compreensível se falasse sobre a morte de Jesus. No
entanto, fala sobre a morte do Filho de Deus. Quer
entendamos isso ou não é um fato que, mesmo
quando éramos inimigos, fomos reconciliados com
Deus mediante a maravilhosa morte do Filho de
Deus. Além disso, de acordo Com esse versículo, nós
agora estamos sendo salvos em Sua vida. Isso indica
que Aquele que morreu ainda tem vida. Isso refere-se
à ressurreição de Cristo.

DESIGNADO FILHO DE DEUS NA


RESSURREIÇÃO
Romanos 1:3 e 4 diz que o Filho de Deus, Jesus
Cristo nosso Senhor, que veio da descendência de
Davi segundo a carne, foi designado Filho de Deus em
poder segundo o Espírito de santidade pela
ressurreição dos mortos. Todos os títulos relativos a
Cristo nesses versículos estão relacionados à
dispensação de Deus. Não fosse a dispensação de
Deus, não seria necessário que Seu Filho fosse Jesus
Cristo. Foi para a dispensação que o Filho de Deus
precisou ser um homem (Jesus) e ser o Ungido
(Cristo). Além disso, somente por meio da
dispensação pôde o Filho de Deus, Jesus Cristo,
tornar-se nosso Senhor. Porque Cristo foi dispensado
para dentro de nós, Ele não é apenas o Senhor, mas
nosso Senhor.
De acordo com o versículo 3, o Filho de Deus veio
da descendência de Davi segundo a carne. Aqui temos
o elemento da carne. Conforme o versículo 4, Cristo
foi designado Filho de Deus em poder segundo o
Espírito de santidade pela ressurreição dos mortos.
Aqui temos o elemento do Espírito. Embora Cristo já
fosse o Filho de Deus, Ele ainda precisava ser
designado Filho de Deus em ressurreição.
Nas diversas expressões destes versículos está
implícito o Deus Triúno em Sua dispensação. Embora
a palavra dispensação não seja encontrada aqui nem
no restante do livro de Romanos, o fato da
dispensação ainda está implícito. Todas as coisas
relativas a Cristo em 1:3 e 4 são para a dispensação de
Deus.

TERMOS INTERCAMBIÁVEIS
Agora chegamos ao capítulo oito, um capítulo
que é inesgotável em revelação e significado
espiritual. O versículo 2 fala da lei do Espírito da vida
em Cristo Jesus. Neste versículo, há diversos itens
difíceis de explicar: lei, Espírito, vida e Cristo Jesus.
Note que aqui Paulo não fala Jesus Cristo, mas Cristo
Jesus. Nos versículos 7 e 8, Paulo menciona Deus.
Então no versículo 9, ele prossegue falando do
Espírito de Deus e do Espírito de Cristo. Como
veremos, nesses versículos Paulo está falando do
Deus Triúno em Sua dispensação.
Paulo usa os termos Deus, o Espírito de Deus, e o
Espírito de Cristo alternadamente. Ele começa com
Deus, prossegue com o Espírito de Deus e continua
com o Espírito de Cristo. Mas ao invés de parar aqui,
no versículo 10 Paulo fala de Cristo, dizendo que
Cristo está em nós. Em poucos versículos, quatro
títulos divinos são alternadamente usados: Deus, o
Espírito de Deus, o Espírito de Cristo e Cristo. Estes
quatro termos denotam um ser, o próprio Deus
Triúno.
O Espírito de Deus é o próprio Deus. Não
interprete este título como se o Espírito fosse algo
diferente de Deus. No Novo Testamento, expressões
tais como o amor de Deus e a vida de Deus significam
que amor e vida são o próprio Deus. No mesmo
princípio, o termo o Espírito de Deus significa que o
Espírito é Deus. O mesmo é verdade em relação ao
Espírito de Cristo. Este título significa simplesmente
que
O Espírito é Cristo. De acordo com o contexto, o
Espírito de Cristo é o Espírito de Deus.
Do Espírito de Cristo, Paulo prossegue para
Cristo. Assim, Paulo nos leva de Deus a Cristo através
do Espírito de Deus e do Espírito de Cristo. O
pensamento de Paulo vai de Deus ao Espírito de
Deus, do Espírito de Deus ao Espírito de Cristo e do
Espírito de Cristo a Cristo. Portanto, temos Deus, o
Espírito de Deus, o Espírito de Cristo e Cristo.
Contudo, esses quatro termos, todos, se referem ao
único Deus Triúno.

CRISTO EM NÓS
O versículo 10 diz que Cristo está em nós. A
preposição “em” aqui é muito significativa. Cristo, o
Maravilhoso, está verdadeiramente em nós! Para que
Cristo esteja em nós, Deus deve ser o Espírito de
Deus, o Espírito de Deus deve ser o Espírito de Cristo,
e o Espírito de Cristo deve ser Cristo. Se Deus fosse
unicamente Deus em Si mesmo, Ele não poderia estar
em nós. Há duas razões para isso. A primeira é que
Deus é divino, infinito e poderoso. Contudo, somos
humanos e Deus não pode entrar em nós sem
mediação humana. Segundo, somos pecadores e
impuros. Por causa d~ queda, todas as partes do
nosso ser estão corrompidas. E impossível um Deus
santo habitar em tais pessoas pecadoras. Para ligar o
abismo entre a divindade e a humanidade, Deus teve
de se tornar um homem chamado Jesus. Jesus
significa Jeová, o Salvador. Como tal, Ele morreu na
cruz por nossos pecados, derramou Seu sangue para
limpar-nos de toda mancha. Aleluia! o Deus infinito
se tornou um homem finito para morrer na cruz por
nós! Isso removeu as barreiras que impediam Deus
de vir para dentro do homem. Agora, em Cristo, o
Deus infinito e santo pode entrar em nós. Por essa
razão, no versículo 10, Paulo declara que Cristo está
em nós.
É significativo que Paulo não diga que Deus está
em nós, mas que Cristo está em nós. O Espírito aqui
une Deus a Cristo. O Espírito é tanto o Espírito de
Deus como o Espírito de Cristo. Quão profundos e
inesgotáveis são todos esses termos!

O ESPÍRITO FAZENDO MORADA EM NÓS


O versículo 11 diz: “Se habita em vós o Espírito
daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos,
esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os
mortos, vivificará também os vossos corpos mortais,
por meio do seu Espírito que em vós habita.” De
acordo com o versículo 10, Cristo está em nós. Mas de
acordo com o versículo 11, o Espírito Daquele que
ressuscitou a Jesus dentre os mortos habita em nós,
isto é, Seu Espírito faz Sua morada em nós. Neste
versículo, temos o Deus Triúno: Aquele que
ressuscitou a Jesus dentre os mortos (o Pai), Cristo
Jesus (o Filho) e o Espírito. Aqui vemos o Deus
Triúno dispensando-se para dentro de nós. Além
disso, Ele está fazendo Sua morada em nós e até
mesmo dando vida ao nosso corpo mortal. Essa é a
plena dispensação do Deus Triúno para nosso ser
interior.

REVELAÇÃO IMPLÍCITA
No versículo 11, não encontramos as palavras
“triúno” e “dispensar”, mas o fato da dispensação do
Deus Triúno está subentendido. O Deus Triúno está
subentendido aqui, e a dispensação do Deus Triúno
para dentro de nós também está subentendida.
Enfatizamos que o Pai, o Filho e o Espírito são todos
encontrados nesse versículo, Além disso, a palavra de
Paulo sobre vida sendo dada a nosso corpo mortal
implica numa dispensação. Essa não é uma revelação
explícita; é uma revelação implícita do dispensar do
Deus Triúno para dentro dos crentes.

PROCESSO E DISPENSAÇÃO
No versículo 11, Paulo fala do Espírito Daquele
que ressuscitou a Jesus dentre os mortos. Isso
envolve não somente a dispensação de Deus, como
também o processo exigido para tornar essa
dispensação possível. A dispensação exige um
processo. Ressuscitar a Cristo dentre os mortos foi
uma parte desse processo. Assim, para que o Espírito
Daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos
habite em nós, Deus teve de se envolver em um
processo. Paulo não diz simplesmente que o Espírito
habita em nós. Isso teria sido muito direto. Antes, Ele
diz que o Espírito Daquele que ressuscitou a Jesus
habita em nós. Isso mostra o processo que está
envolvido.
A preparação do alimento para comer pode ser
usada para ilustrar o processo exigido para a
dispensação de Deus. A maioria das coisas que
comemos deve ser processada antes disso. Por
exemplo, minha esposa não compra um peixe no
mercado e o traz para casa e simplesmente o coloca
sobre a mesa na hora da refeição. Não, o peixe deve
ser totalmente preparado e só então podemos
comê-la. No mesmo princípio, o Deus Triúno passou
por um processo para habitar em nós.
O processo no versículo 11 está indicado pela
própria forma indireta do versículo. O versículo todo
é, na verdade, uma longa afirmativa indireta. Nesse
versículo, três fatores cruciais são abordados: o Deus
Triúno, o processo e a dispensação, Para que Deus
habite em nós, Ele tem de ser o Deus Triúno que
passou por um processo completo.
Esse processo envolve encarnação, crucificação e
ressurreição. Antes que o Filho de Deus pudesse
morrer por nós na cruz, Ele teve de encarnar-se como
um homem. Por meio da encarnação, Ele se vestiu de
humanidade com carne e sangue e se tornou um
homem chamado Jesus. Somente desse modo Ele
pôde derramar Seu sangue na cruz por nossos
pecados. Assim, a palavra de Paulo sobre a
ressurreição de Cristo no versículo 11 envolve Sua
encarnação e crucificação. Tudo isso está relacionado
ao processo.
O nosso Deus não é mais o Deus não-processado.
Aquele que habita em nós foi plenamente processado.
a Espírito que habita em nosso interior é a percepção
do Filho, que é a corporificação do Pai. a Pai é
corporificado no Filho, o Filho é percebido como o
Espírito e o Espírito habita em nós. Este é o Deus
Triúno que foi processado por meio da encarnação,
crucificação e ressurreição, o qual está se
dispensando a nós e que agora está habitando em
nós.
O versículo 11 mostra que o Deus Triúno está
sendo dispensado não apenas para dentro de nosso
espírito, o centro de nosso ser, como indicado no
versículo 10, mas até mesmo para dentro de nosso
corpo mortal, o exterior de nosso ser. Isso significa
que a dispensação do Deus Triúno está saturando
todo o nosso ser. Quanto mais experimento e desfruto
essa dispensação, mais sou fortalecido espiritual,
psicológica e fisicamente. Posso testificar pela
experiência que a dispensação do Deus Triúno não é
mera doutrina. a Espírito Daquele que ressuscitou a
Jesus dentre os mortos dá vida a nosso corpo mortal.
Que espantoso! a versículo 11, portanto, envolve
muita coisa: o Deus Triúno, o processo, a dispensação
e a saturação de todo nosso ser com a vida divina.
Esta é a dispensação do Deus Triúno.

A DISPENSAÇÃO DO DEUS TRIÚNO


RESULTANDO EM FILIAÇÃO
Tal dispensação resulta em filiação. Ela
transforma pecadores em filhos de Deus. Antes
éramos pecadores, inimigos de Deus, mas agora
somos filhos de Deus.
a versículo 14 diz: “Pois todos os que são guiados
pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” Sabemos
que somos filhos de Deus pelo fato de sermos guiados
pelo Espírito de Deus. Dia após dia, somos guiados
pelo Espírito que habita em nós. Talvez você possa
querer ir a um certo lugar, mas, em vez disso, o
Espírito guia você para a reunião da igreja.
Freqüentemente somos inclinados a fazer coisas que
são contrárias à natureza de Deus, mas o Espírito que
habita interiormente é mais forte do que nós. Por fim,
Ele nos guia e nós a seguimos. Tais experiências são
um sinal e uma prova de que somos filhos de Deus.
Uma outra prova é vista no versículo 15: “Porque
não recebestes o espírito de escravidão para viverdes
outra vez atemorizados, mas recebestes o espírito de
filiação (lit.), baseados no qual clamamos: Aba, Pai.”
Como filhos de Deus, clamamos: “Aba, Pai”. Pelo
dispensar do Deus Triúno, temos verdadeiramente
nos tornado filhos de Deus em vida, nós não somos
Seus filhos adotivos. Se fôssemos meramente filhos
adotivos, não poderíamos clamar: “Aba, Pai”, tão
docemente. Isso é ilustrado pelo relacionamento de
um homem com seu pai e com seu padrasto. Quando
ele diz: “Papai a seu pai, isso vem naturalmente e ele
sente muita doçura. Mas se ele usa esse termo para
com seu padrasto, não é tão natural e tão doce. a fato
de sermos filhos de Deus em vida é provado pelo
sentido de doçura que desfrutamos sempre que
clamamos: “Aba, Pai”. Como filhos de Deus temos em
nós a vida de Deus, a natureza de Deus e o Espírito do
Filho de Deus.

AS PRIMÍCIAS E A INTERCESSÃO DO
ESPÍRITO
De acordo com o versículo 23, também temos as
primícias do Espírito. As primícias do Espírito são a
primeira amostra, o antegozo do Espírito. Hoje temos
o Espírito que habita interiormente como o antegozo
do nosso desfrute de Deus. a antegozo nos dá a
segurança de que o pleno gozo está vindo.
O versículo 26 revela que o Espírito é também o
Espírito intercessor. Interiormente, o Espírito está
constantemente intercedendo por nós. Podemos
pensar que estamos orando sozinhos, e então
descobrimos que nossa oração, na verdade, vem do
Espírito que habita interiormente. Porque somos um
com Ele e o Espírito está amalgamado com nosso
espírito, nem sempre podemos discernir o que é
nosso e o que é Dele. Como 1 Coríntios 6:17 diz:
'Aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.”
Quando oramos, Ele ora, e quando Ele ora, oramos
também. Assim, a nossa oração é Sua oração e Sua
oração é a nossa.

O RESULTADO FINAL E MÁXIMO DA


DISPENSAÇÃO DE DEUS
De acordo com o versículo 29, o Filho unigênito
de Deus se tornou o primogênito entre muitos
irmãos. Esse é o resultado da dispensação do Deus
Triúno a nós. Essa dispensação nos faz os muitos
filhos de Deus, os muitos irmãos do primogênito.
Esses muitos filhos de Deus e muitos irmãos do
primogênito são os membros que constituem o Corpo
de Cristo. Por isso, o resultado final e máximo da
dispensação do Deus Triúno é produzir filhos para
serem os membros que constituem o Corpo de Cristo.
Essa é a maneira de Deus cumprir Seu propósito
eterno. O Seu propósito é cumprido não por
ensinamentos nem por organizações, mas pelo
dispensar de Si mesmo como o Deus Triúno
processado para dentro do nosso ser.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 61
A DISPENSAÇÃO DO DEUS TRIÚNO SEGUNDO SUA
JUSTIÇA, PELA SUA SANTIDADE E PARA SUA GLÓRIA
É muito importante que entremos nas
profundezas do livro de Romanos e não o leiamos de
modo superficial. Nesta mensagem, consideraremos a
questão da dispensação do Deus Triúno segundo Sua
justiça, pela Sua santidade e para Sua glória. Aqui
temos quatro palavras importantes: dispensação,
justiça, santidade e glória. Como enfatizamos na
mensagem anterior, Paulo não usa a palavra
dispensação no livro de Romanos. Não obstante, o
fato da dispensação de Deus está implícito por todo
este livro. Justiça, santidade e glória, ao contrário,
são tratadas por Paulo explicitamente. A dispensação
de Deus é segundo a Sua justiça, isto é, ela é baseada
na Sua justiça. Além disso, Sua dispensação passa
pela Sua santidade. Isso significa que Sua
dispensação é processada por meio da santidade.
Finalmente, essa dispensação é para a glória de Deus,
ela resulta na glória de Deus.

JUSTIÇA, A BASE PARA A DISPENSAÇÃO DE


DEUS
Muitos versículos em Romanos falam da justiça
de Deus. Em 1:17, Paulo diz que a justiça de Deus é
revelada no evangelho. Em 3:21, ele diz que a justiça
de Deus foi manifestada, e em 3:25 e 26, ele fala da
manifestação da justiça de Deus. Em 5:17, Paulo se
refere ao prêmio da justiça e em 5:21 à graça reinando
pela justiça. Em 8:10, ele diz que o nosso espírito é
vida por causa da justiça.
Esses versículos mostram que no livro de
Romanos a justiça é um apoio, um suporte, uma base
para a dispensação de Deus. A dispensação do Deus
Triúno a nós é segundo a justiça de Deus. Não é
segundo a lei nem segundo a virtude. É unicamente
segundo a justiça de Deus. O Salmo 89:14 diz que
justiça e direito são o fundamento do trono de Deus.
O trono de Deus é baseado em Sua justiça. Sem
justiça, até mesmo o trono de Deus não teria
fundamento. Portanto, justiça é crucial.
Todo o universo repousa sobre a justiça de Deus.
Se, de repente, não houvesse justiça, o universo
entraria em colapso. Além disso, a Bíblia revela que o
reino de Deus é edificado sobre justiça (Hb 1:8). O
governo humano é também baseado sobre, no
mínimo, algumas regras de justiça. Por exemplo, se
não houvesse justiça neste país, o governo cairia. No
mesmo princípio, se não houvesse justiça na
sociedade ou em nossa vida pessoal, ambas entrariam
em colapso. Justiça é o suporte sobre o qual todas as
coisas estão estabelecidas. Os céus, a terra e tudo no
universo está baseado na justiça de Deus.
Em Sua economia, o Deus Triúno deseja
dispensar-se para dentro das três partes do homem,
para dentro do espírito, da alma e do corpo do
homem. Contudo, se Deus não satisfaz as exigências
da Sua justiça, Ele não pode levar a cabo a
dispensação de Si próprio para dentro de nós. A Sua
dispensação deve ser segundo a Sua justiça.
A Bíblia revela que há um relacionamento entre
Deus e o homem. Nesse relacionamento, ocorrem
várias transações. Essas transações devem sempre
estar baseadas na justiça. Por isso, para a dispensação
de Deus, a primeira exigência básica é a justiça de
Deus.

AS EXIGÊNCIAS DA JUSTIÇA, SANTIDADE E


GLÓRIA DE DEUS
Três dos atributos divinos — justiça, santidade e
glória — estabelecem exigências sobre nós. A justiça é
contra o pecado. Creio que todos nós estamos cientes
da exigência da justiça de Deus. Mas podemos
desconhecer as exigências da santidade e glória de
Deus, podemos não ter percebido que glória é uma
das exigências de Deus. Em Romanos 3:23, Pau-10
mostra que pecamos e carecemos da glória de Deus.
Isso significa que não cumprimos a exigência da
glória de Deus.
Gênesis 3:24 mostra que uma vez que o homem
caiu, ele já não pode satisfazer as exigências da
justiça, santidade e glória de Deus. Este versículo diz
que Deus “pôs ao oriente do jardim do Éden,
querubins e uma espada flamejante que se volvia por
todos os lados, para guardar o caminho da árvore da
vida” (IBB — Rev.). A espada significa a justiça de
Deus; a chama flamejante, a santidade de Deus e o
querubim, a glória de Deus. A espada mata, o fogo
consome e o querubim vigia. Porque o homem caiu e
se tornou pecador, o caminho para a árvore da vida
foi barrado pela justiça, santidade e glória de Deus.
Louvado seja o Senhor, pois por meio da redenção de
Cristo, as exigências da justiça, santidade e glória de
Deus foram cumpridas e o caminho para a árvore da
vida foi aberto novamente. Para que o homem tivesse
um relacionamento adequado com Deus, essas três
exigências tiveram de ser cumpridas.
TRÊS SEÇÕES
Justiça, santidade e glória de Deus formam a
estrutura básica do livro de Romanos. Romanos pode
ser dividido em diversas seções. Após a introdução
(1:1-17) e a seção sobre a condenação (1:18-3:20), há
seções sobre justificação (3:21-5:11), santificação
(5:12-8:13) e glorificação (8:1439). Estas seções estão
relacionadas respectivamente à justiça, santidade e
glória de Deus. Por isso, estes três atributos divinos
estão relacionados à própria estrutura do livro de
Romanos.
Em quais dessas três partes estamos nós hoje? A
resposta correta é que estamos na parte da
santificação. Já passamos pela justificação, mas ainda
não estamos na glorificação. Todos nós fomos
destinados a gastar toda a nossa vida cristã na terra
na etapa da santificação, Tenho estado nesta parte
por mais de cinqüenta anos. Não se desaponte pela
extensão de tempo que você deva gastar nesta seção.
O tempo pode parecer longo a você, mas não o parece
ao Senhor, para o qual mil anos são como um dia (2Pe
3:8).
Embora ainda não estejamos na parte da
glorificação, nem por isso deixamos de desfrutar algo
dela enquanto estamos na seção da santificação,
Podemos desfrutar o antegozo ou as primícias da
glorificação. Algumas vezes, quando estou sozinho
com o Senhor, experimento o antegozo da
glorificação por vir. Todo cristão normal deveria ter
experiências como esta.
A dispensação de Deus deve ser de acordo com
Sua justiça. Se Cristo não se tivesse tornado um
homem com carne e sangue e não tivesse morrido na
cruz para tirar nossos pecados, teria sido impossível a
Deus dispensar-se para dentro de nós. Quando
algumas pessoas ouvem isso, podem perguntar:
“Dizer isso é ser muito cheio de leis e restrito. Você
não sabe que Deus é amor? Ele não é assim restrito e
legalista. Porque Deus Pai me ama, Ele pode
simplesmente vir a mim e dispensar-se a mim, não
importa quão pecador eu seja.” Tal conceito ignora o
fato de que Deus é um Deus de justiça. Como tal Ser
justo, Ele é mais legalista e mais restrito do que
qualquer de nós.
Sim, Deus é o Pai e Ele realmente nos ama.
Contudo, de acordo com as parábolas em Lucas 15,
não podemos ir diretamente ao Pai. O pródigo precisa
do pastor (o Filho) para buscá-lo e encontrá-lo, e ele
precisa da “mulher” (o Espírito) para iluminá-lo a fim
de que possa despertar-se, arrepender-se e decidir
voltar para a casa, para o Pai. Somente por meio do
buscar e do achar do Filho e pelo iluminar do Espírito
podem os pecadores voltar ao Pai. Sem a redenção do
Filho e o iluminar do Espírito, não podemos voltar
para casa, para Ele. Além disso, se o Filho não tivesse
morri do por nós, o Pai não teria base para nos
receber. No entanto, por causa da morte redentora de
Seu Filho, o Pai tem a base para receber todos aqueles
que vêm a Ele por intermédio de Cristo. Isso indica
que o fato de o Pai nos receber deve estar de acordo
com Sua justiça. Fora da encarnação e crucificação de
Cristo, não há como o Deus justo nos receber e se
dispensar a nós. Se Deus fosse dispensar-se a nós sem
que a exigência da Sua justiça fosse cumprida, Ele
colocar-se-ia em uma posição injusta. Portanto, a
dispensação do Deus Triúno deve estar de acordo
com a Sua justiça.
A justiça de Deus exigia que morrêssemos por
causa do nosso pecado. Contudo, se morrêssemos
teríamos perecido. Porque Deus não quer que
pereçamos, Ele providenciou Cristo como nosso
substituto. Cristo morreu na cruz por nós segundo a
justiça de Deus para cumprir as exigências de Deus. O
propósito da morte de Cristo na cruz não foi
capacitar-nos a ir para o céu quando morrermos; foi
para cumprir as justas exigências de Deus, a fim de
que Ele pudesse dispensar-se a nós.
Suponha que você quisesse dispensar suco para
um copo, mas acha que o copo não está limpo. Se
encher um copo sujo com suco, o suco não será
potável. Assim, antes de dispensar o suco para dentro
do copo, você deve primeiro limpar o copo. Da
mesma maneira, antes que Deus pudesse entrar em
nós, Seu Filho se tornou um homem e morreu na cruz
por nós, derramando Seu sangue para nos lavar de
nossos pecados. Isso capacitou-nos a tornarmo-nos
vasos limpos, prontos para ser enchi dos com o Deus
Triúno. Antes que Deus pudesse dispensar-se a nós,
tivemos de ser lavados no sangue de Cristo. Isso é de
acordo com a justiça de Deus.

TORNANDO-NOS JUSTOS PELO MORRER


Vimos que Cristo morreu na cruz para cumprir as
justas exigências de Deus. Agora devemos prosseguir
para ver que Deus deseja que nós também vamos à
cruz e morramos. Se não formos crucificados, as
justas exigências de Deus não podem ser cumpridas
em nós de um modo prático. Aos olhos do Pai justo,
nada é mais justo do que morrermos na cruz. Se
morrermos, somos justos em tudo. Entretanto, se nos
recusamos a morrer, não temos justiça em nosso
relacionamento com os outros e até mesmo com as
coisas materiais. Podemos tratar as pessoas
deslealmente e podemos fracassar em administrar
adequadamente nossas posses materiais. Portanto,
para sermos justos diante de Deus, precisamos não
apenas ser lavados — precisamos também morrer.
Quando morremos, somos espontaneamente
justificados. Um cristão normal é alguém que morreu
com Cristo e que se conduz diariamente de acordo
com esse fato. Se um crente viver de maneira natural,
ele será injusto. Mas se ele experimenta a morte da
cruz, ele será justo em todas as coisas, com todas as
pessoas e de todas as maneiras.

DEUS DISPENSANDO A SI MESMO


SOMENTE PARA DENTRO DAQUELES QUE
MORRERAM
Temos dado ênfase ao fato de que a justiça de
Deus requer tanto a morte de Cristo quanto. a nossa.
Fomos envolvidos na morte de Cristo. Quando Ele
morreu, nos também morremos, pois morremos
Nele. Esta morte todo-inclusiva foi para o
cumprimento das justas exigências de Deus. Porque a
justiça de Deus foi satisfeita, Deus é justificado por
dispensar a Si mesmo para dentro de Seu povo
redimido e crucificado.
Deus não pode dispensar a Si mesmo para dentro
de pessoas que ainda estejam vivendo em sua vida
natural, mas somente pode dispensar-se para dentro
daqueles que morreram. Se você ainda está vivo de
modo natural, ainda vivendo em pecado e no mundo,
Deus não tem base para dispensar-se para dentro de
você. Somente a morte de Cristo e a sua morte com
Cristo cumprem a exigência de Sua justiça e dão a
Deus a base para, de maneira justa, dispensar-se para
dentro de você. Isso se aplica não apenas à época em
que fomos salvos, mas também a nossa experiência
diária com o Senhor. Se quisermos experimentar a
dispensação do Deus Triúno, devemos tomar nossa
posição diante Dele como pessoas crucificadas.
Devemos crer no e declarar o fato da nossa morte com
Cristo na cruz. Uma vez que fomos, então, mortos
com Cristo de modo prático, Deus terá a posição para
dispensar-se a nós com todas as Suas riquezas. Esta é
a dispensação de Deus de acordo com a Sua justiça.

SANTIDADE E RESSURREIÇÃO
Em Romanos 6:19, Paulo fala de “justiça para a
santificação”. Isso indica que a justiça nos introduz
em santidade, em santificação, A dispensação do
Deus Triúno acontece por meio de Sua santidade. A
santidade de Deus está relacionada ao processo de
Sua dispensação. Assim como a morte de Cristo é
para justiça, também a ressurreição de Cristo é para
santidade. De fato, o Cristo ressurreto é o próprio
elemento de santidade em nós. Esta santidade nos
germina, nos gera e nos santifica. Isso é totalmente
uma questão de vida.
Romanos 8:11 diz: “Se habita em vós o Espírito
daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos,
esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os
mortos, vivificará também os vossos corpos mortais,
por meio do seu Espírito que em vós habita.” Observe
que neste versículo Paulo fala primeiramente de
Jesus e, então, de Cristo Jesus. O nome Jesus está
relacionado com Sua morte, e o título Cristo Jesus
está relacionado à ressurreição e dispensação de vida.
Assim, morte está relacionada a Jesus e o dar vida
está relacionado a Cristo.
A morte de Jesus foi para o cumprimento da
justiça de Deus, mas a ressurreição de Cristo é para a
santidade de Deus. Justiça é a conduta de Deus, Sua
maneira de fazer as coisas, enquanto santidade é a
natureza de Deus. A conduta justa de Deus é apoiada
pela morte de Cristo, mas a natureza de Deus é
dispensada a nós por meio da ressurreição de Cristo.
Quando a justiça de Deus é sustentada pela morte de
Cristo, Deus está numa posição de dispensar-se a nós
por meio da ressurreição de Cristo. Quando o Cristo
ressurreto entra em nós, Ele dispensa a natureza de
Deus a nós. Esta natureza santa então nos germina,
nos gera e nos santifica. O Cristo ressurreto em nós é
o elemento de santidade que nos aviva. Esse elemento
nos germina, nos aviva e, então, nos santifica. Isso é
santificação. Santificação envolve um longo processo
que começa quando fomos salvos e continua por toda
a nossa vida cristã. Nesse processo, somos
transformados e até mesmo conformados à imagem
do Filho primogênito de Deus.
Santificação ocorre por meio do processo de
ressurreição. Tenho certeza de que todos temos o
Cristo ressurreto dentro de nós e estamos passando
pelo processo de santificação por meio da
ressurreição, Esse processo é, na verdade, uma
pessoa, o próprio Cristo ressurreto. Cristo em
ressurreição é tanto nossa santidade como nossa
santificação. A diferença entre santidade e
santificação é que santidade denota o próprio
elemento de Cristo, enquanto que santificação denota
a ação desse elemento. Assim, nós não estamos sob o
processo de santidade apenas, mas também sob o
processo de santificação. O elemento santo está
movendo-se e está ativo em nós para nos santificar.

ASCENSÃO E GLORIFICAÇÃO
Romanos aborda não somente os atributos de
justiça e santidade, mas também o atributo de glória.
A glorificação começou na época da ascensão de
Cristo, e consumar-se-á na Sua volta. A ascensão de
Cristo é para a glória. Portanto, a morte de Cristo é
para a justiça de Deus, Sua ressurreição é para a
santidade de Deus e Sua ascensão é para a glória de
Deus. Quando Cristo voltar, a glorificação de Seus
santos será consumada.
Esse pensamento é encontrado em Romanos 8.
No versículo 17, Paulo diz que se sofrermos com
Cristo, seremos glorificados com Ele. No versículo 18,
ele prossegue dizendo: “Porque para mim tenho por
certo que os sofrimentos do tempo presente não são
para comparar com a glória por vir a ser revelada em
nós.” Toda a criação está aguardando ansiosamente
ser “redimida do cativeiro da corrupção, para a
liberdade da glória dos filhos de Deus” (v. 21). No
versículo 30, Paulo diz que aqueles a quem 'Deus
predestinou, chamou e justificou, Ele também
glorificou. Ao sermos santificados, também estamos
sendo glorificados. Com a santificação, desfrutamos
um antegozo da glorificação.
Enfatizamos que a glorificação começou com a
ascensão de Cristo. Como crentes em Cristo, fomos
ascendidos com Cristo e nos assentamos com Ele nos
lugares celestiais (Ef 2:6). Cristo está tanto em nós
subjetivamente como nos lugares celestiais
objetivamente. Cristo nos introduziu nos lugares
celestiais e trouxe os céus para dentro de nós. Quando
percebemos o fato de que participamos da ascensão
de Cristo, experimentamos não apenas santificação,
mas também glorificação. Estar em ascensão é estar
em glória.

A EXPERIÊNCIA SUBJETIVA DE JUSTIÇA,


SANTIDADE E GLÓRIA
Precisamos da experiência subjetiva da justiça,
santidade e glória de Deus. Ser crucificado com Cristo
é experimentar justiça, e ter Cristo vivo em nós é
experimentar santidade. De acordo com Sua justiça e
por Sua santidade, o Deus Triúno é dispensado a nós
de maneira plena para Sua glória. Isso significa que o
resultado da dispensação de Deus é glória. Quando as
pessoas nos contatam ou visitam nossa casa, elas
deveriam ser capazes de sentir que nós morremos
com Cristo e que Cristo está vivendo em nós. Se esta é
nossa situação, então estaremos exibindo a justiça, a
santidade e até mesmo a glória de Deus.
Como louvamos ao Senhor por Ele abrir as
profundezas deste livro a nós! Em Romanos 3 e 4,
vemos que Cristo morreu por nós, e em Romanos 6
nós morremos em Cristo. Esta morte foi de acordo
com a justiça de Deus e para Sua justiça. De Romanos
6 a 8, vemos que estamos sendo santificados por meio
do viver, agir, mover-se e trabalhar do Cristo
ressurreto em nós. Depois que o Cristo ressurreto nos
germina e nos gera, Ele nos santifica. Santificação
inclui transformação e conformação. A medida que o
processo de santificação ocorre em nós, começamos a
experimentar a glorificação de Deus. O resultado da
dispensação do Deus Triúno a nós é glória. Se
diariamente assumirmos nossa posição de ter
morrido com Cristo, teremos a experiência subjetiva
de justiça. Então, se permitirmos que Cristo viva em
nós, teremos a experiência subjetiva da santidade. O
resultado será a glória, a expressão de Deus a partir
do nosso interior.

O OBJETIVO FINAL E MÁXIMO DO DEUS


TRIÚNO EM SUA D1SPENSAÇÃO
Assim como justiça é a conduta de Deus e
santidade a natureza de Deus, glória é a expressão de
Deus. O objetivo final e máximo da dispensação do
Deus Triúno é que Deus seja expressado através do
Corpo de Cristo. Quando o Corpo de Cristo se tornar a
expressão da glória de Deus, será a época da plena
glorificação. Como Romanos 8 revela, o universo está
ansiosamente esperando por essa época,
impacientemente esperando para entrar na liberdade
da glória dos filhos de Deus. Nessa glória, Deus será
expresso de maneira plena. Este será o resultado final
e máximo da dispensação do Deus Triúno.
Toda igreja local hoje deveria ser uma miniatura
de tal expressão gloriosa do Deus Triúno. Nós, nas
igrejas, deveríamos ser capazes de dizer: “Satanás,
olhe para a igreja. Aqui você pode ver a justiça,
santidade e glória de Deus.” Quando Satanás vir isso,
ele será forçado a admitir que este é o resultado da
dispensação do Deus Triúno. Porque todos nós
morremos em Cristo e somos, por isso, justos aos
olhos de Deus, não há base para Satanás nos acusar
ou nos condenar. Agora Cristo está vivendo em nós
para nos santificar, nos transformar e nos conformar
à imagem de Cristo. O resultado deste processo é
glória. Este deveria ser o testemunho demonstrado
por todas as igrejas na restauração do Senhor. Em
todas as igrejas deve haver a base da justiça de Deus,
o processo da santidade de Deus e o objetivo da glória
de Deus. Esta é a dispensação do Deus Triúno
segundo Sua justiça, por meio de Sua santidade e
para Sua glória conforme revelado no livro de
Romanos.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 62
A VIDA DO DEUS TRIÚNO DISPENSADA PARA
DENTRO DO HOMEM TRIPARTIDO
Antes de considerarmos a vida do Deus Triúno
dispensada para dentro do homem tripartido,
precisamos dizer uma palavra a mais sobre a
dispensação do Deus Triúno segundo Sua justiça, por
meio de Sua santidade e para Sua glória. Vimos que
justiça é a conduta de Deus, santidade é a natureza de
Deus e glória é a expressão de Deus. A dispensação de
Deus, portanto, é conforme Sua maneira justa, por
meio de Sua natureza santa e é para a expressão de Si
mesmo. A expressão de Deus está principalmente na
igreja. Assim, o objetivo da dispensação do Deus
Triúno é que Deus possa ser expressado na igreja.

A MAIS ALTA JUSTIÇA


Na mensagem anterior, mostramos que a justiça
de Deus está relacionada à morte de Cristo, que
terminou com todas as coisas negativas. Por causa da
queda do homem, tudo na criação tornou-se injusto.
Por exemplo, é injusto que os mosquitos nos piquem.
Além do mais, há injustiça em todos os aspectos da
sociedade. Adão foi o cabeça da velha criação.
Quando ele caiu, todas as coisas sob seu domínio
tornaram-se injustas aos olhos de Deus. A morte de
Cristo terminou com essas coisas injustas e cumpriu
as exigências da justiça de Deus. Assim, a morte de
Cristo é a mais alta justiça.
Quando Cristo morreu na cruz, nós morremos
também, pois morremos Nele. Fomos identificados
com Cristo em Sua morte. Isso significa que' não
somente a morte do próprio Cristo é justa, mas que
também a nossa morte em Cristo é justa aos olhos de
Deus.

SANTIDADE EM AÇÃO
Contudo, a morte de Cristo não foi o fim, pois ela
introduziu a ressurreição, na qual fomos germinados
e gerados. Mais que isso, com a ressurreição de
Cristo, há a função de santificar, que inclui
transformar e conformar. Finalmente, por esse
processo de santificação, seremos conformados à
imagem do Filho de Deus. Esta é a experiência
subjetiva da santificação. Santificação é a atividade
subjetiva da santidade; é santidade em ação.
Santificação é na verdade o Cristo ressurreto
trabalhando a natureza santa de Deus para dentro do
nosso ser. Isso é muitíssimo diferente do conceito de
santidade encontrado entre o assim chamado povo
que segue a linha da santidade.

GLORIFICAÇÃO, O RESULTADO DA
SANTIFICAÇÃO
O resultado da santificação é glorificação, a
expressão de Deus. Assim, a dispensação do Deus
Triúno é para Sua glória. O resultado de santificação é
glorificação.
A glorificação começou no dia de Pentecoste. A
igreja não nasceu em Pentecoste, mas no dia da
ressurreição de Cristo. Em 1 Pedro 1:3 diz que fomos
regenerados quando Cristo ressuscitou. Quando Ele
ressuscitou, o grão de trigo se tornou os muitos grãos
para formar o pão, a igreja (Jo 12:24; 1Co 10:17).
Assim, a igreja foi gerada no dia da ressurreição. Mas
que aconteceu no dia de Pentecoste? Naquele dia, a
igreja foi glorificada. Se estivéssemos presentes na
reunião da igreja no dia de Pentecoste, teríamos
exclamado: “Que glória!” Nós não teríamos falado
sobre justiça ou santificação, pois teríamos tido um
sentimento dominante de glória.
O Senhor Jesus começou Sua oração em João 17
com as palavras: “Pai, é chegada a hora; glorifica a teu
Filho, para que o Filho te glorifique a ti” (v. 1). Como
o Filho glorifica o Pai? Ele glorifica o Pai em unidade.
A unidade em João 17 é a igreja. A unidade dos santos
é a vida adequada da igreja. Quando a unidade é
percebida de uma maneira global, o Filho glorifica o
Pai na igreja. Isso mostra que sempre que há a vida da
igreja adequada, há a glorificação do Pai, pois a vida
da igreja expressa o Pai. Por isso, se nos reunimos
juntos como a igreja de um modo normal, devemos
ter o sentimento de que há glória em nossas reuniões.
A vida da igreja é inteiramente uma questão de
glorificação. A igreja é o objetivo de Deus; ela não é a
conduta de ou a maneira de Deus. A intenção de Deus
é ser glorificado na igreja.

QUANTO MAIS SANTIFICAÇÃO, MAIS


GLÓRIA
A glorificação da igreja que começou em
Pentecoste ainda não atingiu sua consumação. Pelo
contrário, o processo de glorificação ainda está
acontecendo. Conforme a condição da igreja, pode
haver mais glória em certas épocas do que em outras.
Quanto de glória é manifestado na igreja depende de
nosso grau de santificação, Os torcedores de jogos de
basquete podem ser muito entusiasmados. Contudo,
neles não há glória: há apenas entusiasmo, porque
não há santificação. Quanto mais formos santificados
por meio do saturar de nosso ser por Cristo com Sua
natureza santa, mais expressaremos Deus quando
nos reunimos como a igreja.
Santificação é primeiramente uma questão
individual, enquanto glorificação é principalmente
uma questão corporativa. Suponha que eu perca a
calma com minha esposa durante o dia. Isso
prejudica minha santificação pessoal. Embora eu
confesse ao Senhor e receba Seu limpar, posso não ter
o sentimento da glória na reunião daquela noite,
embora todos os demais o tenham. Porque estou
carente de santificação, não posso sentir a glória que
os outros podem sentir. Não tenho a santificação em
minha vida pessoal para dar-me um sentimento de
glória na reunião. No entanto, suponha que eu esteja
em comunhão com o Senhor durante todo o dia, até
mesmo quando minha esposa me faz passar por
momentos difíceis. Todas as coisas que acontecem
durante o dia apenas ajudam o processo de
santificação. Assim, nas reuniões, serei capaz de
sentir a glória. Isso ilustra o fato de que quanto mais
santificação experimentamos, mais participaremos
da glorificação.
Glória, a expressão de Deus na igreja, é o objetivo
de Deus em Sua dispensação. Contudo, santificação é
o processo e justiça é a base sustentadora. Por isso, a
dispensação do Deus Triúno é segundo Sua justiça,
por meio de Sua santidade e para o alvo de Sua glória.

A VIDA DO DEUS TRIÚNO DISPENSADA


PARA DENTRO DE TODO NOSSO SER
Agora vamos à questão muito preciosa da vida do
Deus Triúno dispensada para dentro do homem
tripartido. Quão maravilhoso é que Deus seja triúno e
que nós sejamos tripartidos!
Romanos 8:2 fala da vida do Deus Triúno. O
versículo 10 revela que essa vida foi dispensada para
nosso espírito e fez com que o nosso espírito se
tornasse vida. Além do mais, conforme o versículo 6,
esta vida pode ser dispensada para a nossa mente e
pode levá-la a ser vida também. Finalmente, como o
versículo 11 revela, a vida divina pode ser dispensada
até para nosso corpo mortal. Nesses versículos,
vemos as três partes do homem: o espírito, a alma
(representada pela mente) e o corpo. O espírito é o
centro, o corpo é a circunferência e a mente está entre
eles. Do centro à circunferência, a vida do Deus
Triúno está sendo dispensada para todo o nosso ser.

A VIDA QUE É DISPENSADA A NÓS


A vida que é dispensada para as três partes do
homem é a vida do Deus Triúno. Em 8:2, Paulo fala
do Espírito da vida em Cristo Jesus. Nesta frase, o
Deus Triúno está implícito. O Espírito e Cristo, o
Filho, são mencionados claramente, enquanto Deus
Pai está implícito pelo fato de que o Espírito é o
Espírito de Deus. Assim, aqui temos Deus, Cristo e o
Espírito. Contudo, o ponto principal não é o Deus
Triúno, mas vida. Falar do Espírito da vida é, na
verdade, dizer que o Espírito é vida. A vida aqui é a
própria vida do Deus Triúno.
Quando fomos regenerados, recebemos uma
outra vida, uma vida em complementação a nossa
vida natural. Há vários tipos de vida: vida vegetal,
vida animal, vida humana e vida divina. Como
humanos, temos uma vida física e uma vida psíquica.
A vida física e a vida psíquica são indicadas pelas
palavras gregas bios e psique, respectivamente.
Quando Paulo fala da vida em Romanos 8, contudo,
ele usa uma outra palavra grega, a palavra zoe. Na
Bíblia, zoe denota a vida de Deus, a vida divina,
infinita, incriada, eterna. Esta é a vida que recebemos
ao crer no Senhor Jesus. Como João 3:36 diz: “Quem
crê no Filho tem a vida eterna.” Nos versículos 2, 6, 10
e 11 de Romanos 8, Paulo usa essa palavra grega para
indicar que a dispensação de Deus é dispensar zoe
para dentro do nosso ser. Em outras palavras, Deus
deseja dispensar-se como zoe para dentro de todas as
três partes do ser do homem.
A dispensação da zoe divina a nós começou
quando fomos regenerados. De acordo com 8:2, essa
vida é o Espírito e está em Cristo Jesus. Mas agora,
por meio da dispensação de Deus, ela também tem
algo a ver conosco. Sem essa vida, estamos
condenados a perecer. Louvado seja o Senhor pois
quando fomos regenerados, zoe foi dispensada para
dentro do nosso espírito!

UM LONGO PROCESSO
A fim de que a vida divina seja dispensada a nós,
esta vida primeiro teve de passar por um longo
processo envolvendo encarnação, viver humano,
crucificação, sepultamento, ressurreição, ascensão e
descensão. A vida dispensada a nós é, na verdade, o
Deus Triúno processado. Em Gênesis 1:1, essa vida
não podia ser dispensada ao homem, pois ela ainda
não havia passado pelos estágios necessários. Mas
agora é totalmente possível tal vida maravilhosa ser
dispensada a nós. Essa vida está presente e disponível
e nós podemos recebê-la simplesmente por invocar o
nome do Senhor Jesus.

NOSSO ESPÍRITO SENDO VIDA


Romanos 8:10 diz: “Se, porém, Cristo está em
nós, o corpo, na verdade, está morto por causa do
pecado, mas o espírito é vida por causa da-justiça.” O
fato de Paulo contrastar aqui o corpo com o espírito,
prova que neste versículo o espírito não é o Espírito
Santo. Paulo diz que o corpo está morto mas que o
espírito é vida. Poderíamos esperar que ele dissesse
que o espírito está vivo. Ao invés, ele diz que o
espírito é vida, ou zoe. Quando invocamos o nome do
Senhor Jesus, esta zoe entra em nosso espírito e o
leva a tornar-se zoe. Agora não apenas o Deus Triúno
é vida, mas nosso espírito também é vida.
Se virmos isso, teremos a ousadia para declarar a
todo universo e especialmente a Satanás que nosso
espírito é vida. Proclamaremos que ao menos uma
parte do nosso ser, nosso espírito, é zoe. Oh! como
todos precisamos dessa revelação! Que possamos ver
não apenas que fomos salvos e regenerados, mas
também que a parte mais interior de nosso ser
tornou-se vida.
Saber que nosso espírito é zoe ser-nos-á uma
grande ajuda em nosso viver diário. Quando você é
tentado a perder a calma, não reprima sua raiva. Ao
contrário, simplesmente declare: “Meu espírito é
zoe!” Da mesma forma, se sua esposa ou esposo
causa-lhe momentos desagradáveis, não discuta, mas
diga ao que o aflige que seu espírito é zoe. Dizer isso
nos capacita a resistir às tentações de Satanás.
Louvado seja o Senhor, nosso espírito é zoe!
A razão de eu estar tão vivo e cheio de vigor é que
meu espírito é zoe. Contudo, passei anos no
cristianismo organizado e ninguém me disse que o
meu espírito é zoe. Fui instruído em várias práticas
religiosas, mas não me disseram que meu espírito é
vida. Mas agora sei que a zoe divina foi dispensada
para meu espírito, para o centro do meu ser. Agora eu
sei que meu espírito se tornou zoe!

NÃO A VIRTUDE LUMINOSA MAS O DEUS


TRIÚNO COMO VIDA
Confúcio foi um grande filósofo ético que
ensinou seus discípulos a desenvolverem o que ele
chamou de virtude interior brilhante. O que ele
chamou de virtude brilhante é na' verdade a
consciência. Os discípulos de Confúcio podem ter
uma virtude luminosa, mas nós temos a vida divina.
De fato, o próprio ser divino entrou em nós para ser
nossa vida. Não há comparação entre a virtude
luminosa e o Deus Triúno como vida divina.
Porque percebemos que nosso espírito era vida,
fomos capazes de convencer vários mestres filosóficos
na China a crer no Senhor Jesus. Eles se
vangloriavam porque sabiam como desenvolver a
virtude luminosa em seu interior. Depois de ouvi-las
por algum tempo, dissemos-lhes que o que eles
tinham nada era em comparação com o que nós
tínhamos. Alguns deles ficaram muito surpresos e
questionavam com interesse sobre isso. Explicamos
que como cristãos temos o Deus Triúno como nossa
vida. Nós lhes dissemos que o que eles têm pode ser
uma virtude luminosa, algo criado por Deus, mas o
que nós temos é o próprio Criador dessa virtude
luminosa. Nós os ajudamos a ver que esse Criador
passou pela encarnação, viver humano, crucificação e
ressurreição. Agora Ele tanto está em ascensão como
está disponível para entrar em todo aquele que
invocar Seu nome. Como resultado de tal
testemunho, muitos daqueles mestres filósofos se
abriram ao Senhor, invocaram Seu nome e O
receberam dentro de si para ser sua vida. Então eles
mesmos testificaram sobre a diferença entre a virtude
luminosa e a vida divina. Por pregar assim o
evangelho num nível elevado, nós levamos ao Senhor
um bom número de professor, médicos, enfermeiras
e advogados.

A NOSSA MENTE TORNANDO-SE VIDA


Enfatizamos o fato de que nosso espírito se
tornou vida porque Cristo habita em nosso interior.
Mas, e quanto à nossa alma e ao nosso corpo?
Considere o versículo 6: “Porque a mente posta na
carne é morte, mas a mente posta no espírito é vida e
paz” (conforme original em inglês). Aqui vemos que
nossa mente também pode ser zoe. Quando
colocamos a mente no espírito, a mente, que
representa nossa alma, torna-se zoe. Não precisamos
seguir a maneira de Confúcio de cultivar a virtude
luminosa. Pelo contrário, nós simplesmente
colocamos a mente no espírito e ela torna-se zoe. Isso
é a dispensação da vida divina para nossa alma.
Em nosso viver diário, precisamos praticar voltar
nossa mente ao espírito. Você está a ponto de fazer
uma fofoca? Volte a mente ao espírito. Você é tentado
a perder a calma? Volte a mente ao espírito.
Abandone os ensinamentos éticos e religiosos e volte
para a Palavra viva de Deus, que revela que a vida do
Deus Triúno é dispensada para nosso espírito para
fazer de nosso espírito, vida, e que também revela que
a mente colocada no espírito é vida. Temos algo mais
elevado que a virtude luminosa, ética e moral-temos o
Deus Triúno dispensado a nós. Que se pode comparar
a isso? Isto não é ensinamento filosófico ou religioso.
É a vida zoe dispensada para o nosso espírito e para a
nossa mente.

VIDA DISPENSADA PARA NOSSO CORPO


MORTAL
O versículo 11 revela ainda mais da dispensação
de Deus. Aqui Paulo diz: “Se habita em vós o Espírito
daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos,
esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os
mortos, vivificará também os vossos corpos mortais,
por meio do seu Espírito que em vós habita. “Fico
maravilhado com a indireta desse versículo. Ele
revela que zoe pode ser dispensada pelo Espírito para
nosso corpo mortal. Por isso, não apenas nosso
espírito e nossa mente são zoe, mas até nosso corpo
pode ser cheio de zoe.

VENDO A VISÃO
Todos precisamos ver a visão do dispensar da
vida do Deus Triúno para as três partes do nosso ser.
Se tivermos essa visão divina, nosso' conceito natural
de ética e moral será destruído. Precisamos dizer ao
Senhor: “Senhor, eu Te agradeço. Desde que entraste
em mim, meu espírito se tornou vida. Agora, se
coloco a mente no espírito, minha mente também
será vida. Ó, Senhor, como eu Te louvo! Pelo Teu
habitar interior do Espírito, Tua vida zoe pode ser
dispensada até para o meu corpo mortal. Senhor, eu
Te adoro por isso, eu desfruto isso e sou um Contigo
nesse dispensar.” Esse é o dispensar da vida do Deus
Triúno para dentro do homem tripartido. Por meio de
tal dispensar, o Deus Triúno se torna um com o
homem tripartido e o homem tripartido se torna um
com o Deus Triúno. É por meio desse dispensar da
vida divina que nos tornamos filhos de Deus. Além
disso, é por essa dispensação que somos
transformados e conformados à imagem de Cristo.
Isso é a vida cristã e a vida da igreja.

HOMENS DE VIDA
Vamos sair dos ensinamentos religiosos, éticos e
filosóficos e voltar à simplicidade da profunda
revelação na Palavra Santa a respeito da economia de
Deus. O nosso Deus é o Deus Triúno que passou pela
encarnação, crucificação, ressurreição e ascensão.
Agora Ele é o Espírito todo-inclusivo para ser a zoe
divina para nossa participação, experiência e
desfrute. Primeiramente, Ele se dispensa para o
nosso espírito, o centro do nosso ser. Do centro, Ele
se expande para nossa mente e a satura com zoe.
Então Ele se expande para o nosso corpo mortal e
assim faz de todo nosso ser zoe. Dessa maneira,
tornamo-nos homens com zoe. Aleluia, não somos
homens da religião, moral ou ética somos homens de
vida!
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 63
NÃO UMA VIDA TROCADA, MAS UMA VIDA
ENXERTADA
A economia de Deus é uma questão da vida
divina sendo dispensada para dentro do nosso ser.
Como resultado desse dispensar, nós, o povo
escolhido de Deus, temos tanto a vida humana como
a vida divina. Todo tipo de vida, mesmo o tipo mais
rudimentar de vida vegetal, é um mistério. Nenhum
cientista consegue explicar totalmente como uma
sementinha cresce e se transforma numa linda flor.
Dentro da semente há um elemento de vida que gera
uma flor, com uma certa forma e cor. Isso é
maravilhoso!

A MAIS BELA VIDA CRIADA


Entre as diversas formas de vida criada, a mais
bela é a vida humana. Contrapondo-se à opinião de
muitos, a vida angélica não é mais maravilhosa do
que a vida humana. É errado pensar que a vida
angélica é melhor do que a humana. Deus não
determinou que a vida angélica contivesse a vida
divina, antes, criou a vida humana para ser o vaso
para a vida divina. Embora você possa considerar-se
inferior aos anjos, Deus o considera melhor do que
eles. Entretanto, alguns subconscientemente
(principalmente as irmãs), desejam ser anjos. A
Bíblia, todavia, não fala do amor de Deus pelos anjos,
mas revela Seu amor pelo homem. Os anjos são
simplesmente servos de Deus. Aos Seus olhos, a mais
maravilhosa vida entre todas as Suas criaturas é a
vida humana.
Gênesis 1:26 diz: “Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança”.
Conseqüentemente, os anjos não foram criados à
imagem e semelhança de Deus, mas o homem foi.
Você percebe que foi feito à imagem de Deus e
conforme a Sua semelhança? Não somos
descendentes de macacos, mas do homem criado à
imagem de Deus. Simplesmente por termos a imagem
de Deus e a Sua semelhança, parecemo-nos com Ele.
Esta é uma revelação clara na Palavra Santa.
Porquanto o homem foi criado segundo Deus, a vida
humana é a melhor de todas as vidas criadas. Por
isso, podemos ficar orgulhosos com o fato de sermos
seres humanos. Louvado seja o Senhor por sermos
homens e não anjos!

IMAGEM, SEMELHANÇA E REALIDADE


Um dia, por meio da encarnação de Cristo, o
próprio Deus tornou-se homem. Desse modo, Deus se
identificou com o homem. Jesus — Deus encarnado —
era tanto Deus como homem. A encarnação de Cristo
não só trouxe Deus ao nível do homem mas também
elevou o homem ao nível de Deus. Pela criação, o
homem teve tanto a imagem de Deus quanto a Sua
semelhança, mas não havia nele a realidade de Deus.
A encarnação trouxe a realidade de Deus ao homem.
O Senhor Jesus tinha não só a imagem como a
semelhança de Deus; Ele também corporificava a
realidade de Deus porque Deus estava Nele. Em
princípio, o mesmo acontece com todo aquele que foi
regenerado. Como pessoas regeneradas, não só temos
a imagem e a semelhança de Deus, mas também
temos dentro de nós a realidade de Deus.
UM VASO PARA CONTER DEUS
A Bíblia revela 'que o homem foi criado como um
vaso para conter Deus. Em Romanos 9:21, Paulo fala
de vasos para honra e, em 9:23, de vasos de
misericórdia preparados para a glória. O próprio
Deus é a verdadeira honra e glória. Por isso, o fato de
sermos vasos para honra, preparados para glória,
significa que fomos designados para conter Deus
como nossa honra e glória.
Podemos usar uma luva como ilustração do
homem como um vaso, um recipiente de Deus.
Porquanto o objetivo de uma luva é conter a mão, a
luva é feita à semelhança da mão. A mão tem um
polegar e quatro dedos, e a luva também tem um
polegar e quatro dedos. Embora a luva não seja a
mão, ela é feita à semelhança da mão com a finalidade
de contê-la. No mesmo princípio, o homem é um vaso
para conter Deus. Por essa razão ele foi feito de
acordo com a semelhança de Deus.
Se você colocar a mão dentro de uma luva,
confeccionada para ela, a sua mão se sentirá
confortável nela. Do mesmo modo, Deus sente-se
confortável no homem. Entretanto, Ele não se
sentiria confortável num animal ou mesmo num anjo.
Somente num homem Deus se sente em casa, em
descanso. O céu pode ser o lugar temporário da
habitação de Deus, mas o Seu verdadeiro lar é o
homem.
Somos todos “luvas” confeccionadas para conter
Deus como a mão divina. Fomos feitos numa forma
que é adequada para ser a habitação de Deus. Deus
tem uma mente, uma vontade e emoções; nós
também. Como humanos, não devemos ser
“molengas”, seres sem uma vontade forte. Um ser
humano adequado deve não só ter uma mente e uma
vontade, mas também ser cheio de emoção. Para nós,
deveria ser fácil rir ou chorar. Não devemos ser como
estátuas, incapazes de expressar sentimentos mesmo
em situações diferentes. A Bíblia revela que Deus é
rico em emoções. Ele odeia, ama e fica zangado. De
acordo com João 11:35, o Senhor Jesus, o Deus
encarnado, chorou. Por isso, para ser um vaso para
conter Deus, o homem foi criado com emoções. A
emoção é extremamente importante porque o próprio
Deus é rico em emoções. Ele não é um Deus de pedra.
Todas as virtudes humanas foram criadas de
acordo com os atributos de Deus. Por exemplo, a
bondade humana é uma imagem da bondade de
Deus. O mesmo é verdade com relação à mansidão. A
mansidão do homem é de acordo com a semelhança
da mansidão de Deus.

A CAPACIDADE PARA SER PIEDOSO


Nós somos “luvas” à semelhança da mão divina.
Isso significa que não é o polegar que temos, mas a
sua forma; não são os dedos, mas a semelhança dos
dedos. A nossa mansidão, por exemplo, é um
recipiente para a mansidão de Deus. A nossa
mansidão é apenas a forma, ao passo que a mansidão
de Deus é a substância, a realidade. Porquanto fomos
criados segundo a semelhança de Deus, temos a
capacidade de sermos piedosos, isto é, semelhantes a
Deus. Os animais jamais serão piedosos porque não
têm a semelhança de Deus e não podem contê-Lo. Em
nosso amor, bondade e mansidão, porém, podemos
manifestar piedade, a semelhança de Deus.
Ao criar o homem, Deus fez dele um vaso para
contê-Lo com a intenção de entrar nesse vaso e
enchê-lo Consigo mesmo. Quando Deus entra nos
vasos criados por Ele, descobre que os vasos Lhe são
adequados. Ele tem emoção e o Seu recipiente
também tem. Assim, no recipiente, Deus tem um
lugar para colocar, para dispensar a Sua própria
emoção. Dessa maneira, as emoções divina e humana
tornam-se uma só. A emoção divina é o conteúdo e a
humana é o recipiente e expressão.
Embora essa revelação esteja na Bíblia, poucos
viram-na. Louvamos o Senhor porque em Sua
restauração essa revelação está mais que clara. Não
está mais oculto para nós o fato de que o homem é um
vaso para conter Deus e que Deus sente-se em casa
em tal vaso maravilhoso. Se virmos isso, seremos
então capazes de entender o tema dessa mensagem:
não uma vida trocada ou permutada, mas uma vida
enxertada.

UM DISPENSAR, NÃO UMA TROCA


Vimos que quando a vida divina entra na vida
humana, ela torna-se o conteúdo e a vida humana
torna-se o recipiente e a expressão. Mas não há uma
troca de vidas. Isso quer dizer que não trocamos a
vida humana pela divina. Ao invés de troca há um
dispensar. A luva vazia é enchida pela mão. Usando
outra figura de linguagem, podemos dizer que o
homem é como um pneu que precisa ser cheio de ar.
O ar é dispensado para dentro do pneu e o enche, mas
o ar não é trocado pelo pneu. De semelhante modo, o
ar divino, o pneuma celestial, é dispensado para
dentro de nós, mas não é permutado pela nossa vida
humana. Antes, como veremos, ele é dispensado para
dentro de nós e é amalgamado conosco.
Alguns mestres no cristianismo consideram a
vida cristã uma vida permutada. De acordo com este
conceito, a nossa vida é pobre e a vida de Cristo é
superior. Por isso, o Senhor nos pede para
desistirmos da nossa vida em troca da Sua.
Damos-Lhe a nossa vida e Ele a substitui pela Sua
própria vida. Todavia, a nossa vida cristã não é uma
vida permutada, mas é totalmente uma questão da
vida divina dispensada, infundida para dentro da
nossa vida humana. Este é um conceito básico nas
Escrituras.

VASOS DE HONRA E GLÓRIA


No livro de Romanos, Paulo usa três ilustrações
para mostrar a dispensação da vida divina para
dentro de nós. Em cada ilustração vemos que a vida
cristã não é uma vida permutada. A primeira
ilustração é a de vasos. Quando certo conteúdo é
posto num vaso, não ocorre uma permuta; antes, há o
dispensar do conteúdo para dentro do vaso. O vaso
pode ser de barro, nem um pouco honroso ou
glorioso. Quando tal conteúdo é dispensado para
dentro do vaso de barro, este se torna um vaso de
honra, um vaso de glória. Isso não é uma troca; é um
dispensar.

UMA UNIÃO DE VIDA


A segunda ilustração de Paulo é a da vida
conjugal. O casamento não é uma troca, mas uma
união de vida. No matrimônio, o marido torna-se a
própria pessoa da mulher. Por essa razão, a mulher
toma como seu o nome do marido.
Em casamentos no mundo inteiro, a cabeça da
noiva é sempre coberta. Isso indica que na união
matrimonial só deve haver um cabeça. Assim, o
casamento é a união de duas pessoas sob uma única
cabeça. Em tal união não há troca ou permuta, mas
identificação. A mulher deve identificar-se
plenamente com o marido. Nessa união, nessa
identificação, a mulher é uma com o marido e o
marido é um com a mulher. Essa é uma união de vida,
não uma troca de vida.
Em 7:4, Paulo fala de sermos casados com Cristo:
“Assim, meus irmãos, também vós morrestes
relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para
pertencerdes (casados _ lit.) a outro, a saber, aquele
que ressuscitou dentre os mortos”. Cristo é o nosso
Marido e nós somos a Sua Noiva. Entre o Noivo e a
Noiva não há permuta de vida, antes, há uma união
maravilhosa. Somos um com Ele em pessoa, em
nome, em vida e em existência. Se um homem e uma
esposa quiserem ter um matrimônio adequado,
devem aprender a ser um dessa maneira. De
semelhante modo, a nossa vida cristã é uma vida de
identificação com Cristo e unidade com Ele.

ENXERTO
Uma vez que nem a ilustração do vaso nem a da
vida conjugal retratam alguma coisa orgânica
relacionada com. o dispensar de Deus, Paulo
prossegue usando uma terceira ilustração: o enxerto
de uma planta em outra. Em 11:17-24, Paulo usa a
ilustração de ramos de oliveira brava sendo
enxertados em oliveira cultivada. Como resultado do
enxerto, os ramos da oliveira brava e da cultivada
crescem juntos organicamente. Cada árvore tem a sua
própria vida, mas agora essas vidas crescem
organicamente juntas e têm um único produto.
Um cirurgião pode fazer o que é chamado de
enxerto de pele. Nesse processo, um pedaço de pele
saudável é transplantado de uma parte do corpo para
outra parte ferida ou queimada, a fim de se formar
nova pele. Depois que o enxerto é completado, a pele
transplantada crescerá organicamente com o tecido
ao qual foi enxertada. Esse crescimento é possível
porque tanto a pele como o tecido têm vida. O
elemento orgânico na vida capacita-nos a crescer
juntos.
Em Romanos, Paulo usa as ilustrações de vasos,
vida conjugal e enxerto. A ilustração de vasos mostra
que somos os recipientes de Deus, com Ele como
nosso conteúdo. A ilustração do casamento mostra
que um homem e uma mulher, com mente, emoções,
vontades, personalidades, caracteres e disposições
diferentes, são unidos para formar uma única
unidade. A ilustração do enxerto mostra que duas
vidas são unidas e então crescem juntas
organicamente.
Uma estrofe num hino escrito por A B. Simpson
(Hino nº 30 dos 100 Hinos Selecionados) fala de
enxerto:
No universo, um segredo há:
Dum grão morto a colheita vem;
Árvore pobre enxertada
Vida rica e doce obtém.
Sem dúvida, quando Simpson escreveu esse
hino, ele tinha em mente Romanos 11. Não creio que
A B. Simpson alguma vez ensinaria que a vida cristã é
uma vida trocada. De acordo com esse hino, ele
percebeu que há a vida enxertada, uma vida onde
duas partes são ligadas para crescerem
organicamente.

O ENXERTO DE VIDAS SEMELHANTES


Para que um tipo de vida seja enxertado em
outro, as duas vidas devem ser muito semelhantes.
Por exemplo, não é possível enxertar um ramo de
bananeira em uma pereira. Todavia, é possível
enxertar alguns ramos de uma pereira inferior numa
superior, mais produtiva, porque a vida dessas duas
árvores são muito assemelhadas. Podemos aplicar
esse princípio ao dispensar da vida divina no homem.
A vida divina não pode ser enxertada à vida de um
cachorro porque não há qualquer semelhança entre
essas duas vidas, porém, porque a nossa vida humana
foi feita à imagem de Deus e segundo a Sua
semelhança, ela pode ser ligada à vida divina. Embora
a nossa vida humana não seja a divina, ela
assemelha-se a essa. Assim, essas vidas podem
facilmente ser enxertadas e, então, crescer juntas
organicamente.
Na linha do hino de A B. Simpson, a árvore ruim
é enxertada em uma árvore melhor para ganhar uma
vida mais rica e mais doce. A vida da árvore pobre
não desaparece; antes, cresce como uma unidade
junto com a vida da árvore rica e doce. Novamente
vemos que essa não é uma vida permutada, mas uma
vida enxertada.

ELEVADA POR MEIO DO ENXERTO


Além disso, de acordo com a lei natural ordenada
por Deus, não é a vida pobre que afeta a rica, mas a
rica que afeta a pobre. De fato, a vida rica tragará
todos os defeitos da vida pobre e, assim,
transformá-la-á. No mesmo princípio, quando somos
enxertados em Cristo, Ele traga os nossos defeitos,
mas não elimina a nossa própria vida. Pelo contrário,
Ele eleva a nossa humanidade. Ele eleva a nossa
mente, vontade, emoção e todas as nossas virtudes.

DISPENSANDO, AMALGAMANDO E
PERMANECENDO
Em João 14:20, o Senhor Jesus disse: “Naquele
dia vós conhecereis que eu estou em meu Pai e vós em
mim e eu em vós.” O dia mencionado aqui é o dia da
ressurreição de Cristo. Nesse versículo, o Senhor
estava dizendo que no dia da Sua ressurreição, os
Seus discípulos saberiam que Ele está no Pai, que eles
estão Nele e que Ele está neles. Isso não é uma troca
de uma vida por outra; é um amalgamar de vidas. O
Senhor está em nós e nós estamos Nele. Esse é o
amalgamar que vem do dispensar, da infusão da vida
do Deus Triúno para dentro de nós.
O amalgamar falado em João 14:20 é como o
amalgamar do azeite com a farinha fina na oferta de
manjares (Lv 2). A farinha fina está no azeite e o
azeite está na farinha fina. Isso é amalgamar.
O amalgamar leva ao mútuo permanecer. Por
isso, em João 15:4, o Senhor Jesus disse: “Permanecei
em mim e eu permanecerei em vós.” Essa mútua
permanência de nós no Senhor e do Senhor em nós é
o que queremos dizer por vida amalgamada. Além
disso, essa vida amalgamada é uma vida enxertada.

UMA VIDA COM UM VIVER


Em João 6:57 diz: “Assim, como o Pai, que vive,
me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai; também
quem de mim se alimenta, por mim viverá.” O Senhor
aqui diz que Ele vive por causa do Pai. Esta palavra
indica que duas Pessoas vivem por uma única vida e
têm um único viver. O Filho e o Pai são dois, mas Eles
não têm duas vidas nem dois viveres. Tem uma única
vida com um único viver. O Filho vive pelo Pai e o Pai
vive por intermédio do Filho. Nesse versículo, o
Senhor também diz que aquele que Dele comer,
viverá por Ele. Isso indica que assim como o Filho e o
Pai são duas Pessoas com uma única vida e um único
viver, também nós e o Filho devemos ter uma única
vida com um único viver. Vemos mais uma vez que
esta é uma vida enxertada, não uma vida permutada.
Em Gálatas 2:20, Paulo fala da sua própria
experiência cristã. Nesse versículo, Paulo diz que ele
foi crucificado com Cristo e que Cristo agora vive
nele. Outra vez vemos duas pessoas, Cristo e Paulo,
com uma única vida e um único viver.

TRAGANDO TODOS OS NOSSOS DEFEITOS E


CARÊNCIAS
Já enfatizamos que a vida melhor traga os
defeitos e carências da vida inferior. Isso significa que
a vida divina há de tragar os defeitos e carências da
nossa vida humana. Isso é possível porque na vida de
Cristo há o poder mortificador da Sua crucificação.
Lembre-se de que a vida de Cristo foi processada pela
encarnação, viver humano, crucificação e
ressurreição, e agora a Sua vida inclui todos esses
ingredientes. Podemos usar os antibióticos como uma
ilustração disso. Assim como os antibióticos matam
os germes da doença, também o elemento
mortificado r na vida de Cristo põe fim às coisas
negativas em nós.
Podemos preferir simplesmente desistir de nossa
vida humana e tê-la substituída pela vida de Cristo.
Podemos sentir que a nossa vida é cheia de “germes”
e, portanto, gostaríamos que fosse substituída pela
vida divina. Essa pode ser a nossa maneira, mas não é
a de Deus em Sua economia. A Sua maneira é a vida
de Cristo tragando todos os defeitos, carências e
“germes” dentro de nós. Quanto mais dissermos ao
Senhor Jesus que O amamos e que queremos ser um
com Ele, mais experienciaremos o poder mortificador
do antibiótico espiritual.
Todos os elementos de que necessitamos estão
disponíveis na vida de Cristo. Em Sua vida há o
elemento mortificador e também o elemento nutrido
r. Você pode ficar desencorajado com a sua
disposição natural, mas a vida de Cristo mortificará o
elemento negativo em sua disposição, e então, ao
invés de lançar fora a sua disposição, Cristo a elevará
e a usará.

O PRINCÍPIO DA ENCARNAÇÃO
Muitos dos que estão nas denominações
pentecostais ou em movimentos carismáticos gostam
de imitar os profetas do Velho Testamento, nas suas
assim chamadas profecias, dizendo: 'Assim diz o
Senhor!” Embora essa expressão seja usada pelos
profetas do Velho Testamento, não é usada pelos
escritores do Novo Testamento. Paulo escreveu
muitas epístolas, mas não disse no fim: 'Assim disse o
Senhor!” Antes, ele disse: “A graça seja convosco”, '~
graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com o vosso
espírito”, ou simplesmente: “O Senhor seja com o teu
espírito” (1Tm 6:21; Gl 6:18; 1Tm 4:22). O motivo
dessa diferença é muito significativo. Na época do
Velho Testamento, a encarnação de Cristo ainda não
ocorrera. A encarnação é um questão de Deus entrar
no homem e ser um com ele. No nascimento de Jesus,
Deus realizou a encarnação de Si mesmo no homem.
Por meio da morte e ressurreição de Cristo, nós, que
cremos em Cristo, podemos partilhar o princípio da
encarnação. Isso quer dizer que por meio da
regeneração, Cristo nasceu em nosso ser e tornou-se'
um conosco. Como Paulo diz em 1 Coríntios 6:17:
“Aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.”
Isso significa que uma vez que tenhamos nascido de
novo, somos um espírito com o Senhor. Agora, todos
nós temos base para declarar que somos um espírito
com Cristo. No dia em que cremos, não só fomos
salvos mas também desposados com Cristo em
espírito, e ocorreu uma união entre nós e Ele. À
medida que continuamos a contatá-Lo, os elementos
superiores da vida divina tragarão os elementos
inferiores da nossa vida humana. Então, o que
dissermos e fizermos, espontaneamente será o dizer e
o fazer de Cristo. Por isso, não há necessidade de
usarmos a expressão 'Assim diz o Senhor!” Porquanto
fomos enxertados em Cristo e estamos vivendo em
unidade com Ele, o nosso falar espontaneamente é o
Seu falar.
A Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 7
ilustra isso. O versículo 25 diz: “Com respeito às
virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém
dou minha opinião como tendo recebido do Senhor a
misericórdia de ser fiel.” Paulo não tinha
mandamento do Senhor a respeito dessa questão,
mas falava como alguém que amava o Senhor e
vivia-O de uma maneira prática. Ele então
prosseguiu, dando a sua opinião. Depois de fazer isso,
ele disse: “Penso que também eu tenho o Espírito de
Deus” (v. 40). Ao lermos 1 Coríntios 7 hoje,
admitimos o capítulo todo como sendo o oráculo de
Deus, como parte da Palavra Santa de Deus. Assim, o
falar de Paulo tornou-se o oráculo de Deus porque
Paulo era um com o Senhor. De acordo com o
princípio da encarnação, Cristo se encarnou dentro
de Paulo e Paulo não vivia uma vida trocada, mas
uma vida enxertada. Isso o capacitou a falar em
unidade com o Senhor.

A REVELAÇÃO DE DEUS E A NOSSA


EXPERIÊNCIA
Que todos nós fiquemos impressionados com o
fato de que a vida cristã não é uma questão de
permuta, mas uma questão de enxerto. Uma vida
inferior, a nossa vida humana, é enxertada numa vida
superior, a vida divina. A vida mais elevada traga os
defeitos e fraquezas da vida inferior. Quando isso
acontece, a vida superior espontaneamente
enriquece, eleva e transforma a vida inferior. Que
maravilha! Essa não é a nossa doutrina ou opinião; é
a revelação divina na Palavra de Deus. Além disso,
essa revelação pode ser apoiada pela nossa
experiência cristã. Por isso, de acordo com a
revelação de Deus e de acordo com a nossa
experiência, vemos que hoje, como cristãos, temos
uma maravilhosa vida enxertada.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 64
TRANSFORMAÇÃO E CONFORMAÇÃO PELA VIDA
ENXERTADA (1)
Em mensagens recentes, vimos a questão da
dispensação do Deus Triúno e a questão da vida
enxertada. Nesta mensagem, consideraremos a
função da vida enxertada. Para ver isso, precisamos
pedir ao Senhor que remova todos os véus que nos
impedem de receber a verdadeira compreensão deste
livro. Podemos ler o livro de Romanos vezes e vezes,
mas podemos não saber que estamos cobertos por
camadas e camadas de véus. Porque muitos leitores
deste livro estão cobertos por véus, eles não vêem o
dispensar da vida do Deus Triúno, a vida enxertada,
nem mesmo o homem tripartido em Romanos 8. Por
isso, precisamos estar desvendados e assim vir até
este livro como se nunca o tivéssemos lido antes.

NOSSO DESTINO
A vida enxertada é relacionada à transformação e
conformação de Cristo. Em 12:2, Paulo [ala da
transformação: “E não vos conformeis com este
século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente.” O mundo, o sistema satânico, é composto de
várias eras, cada qual com um certo padrão e estilo. O
desejo de Satanás é conformar-nos ao presente
século. Embora Paulo fale do alvo de Satanás sobre a
conformação do lado negativo, ele não fala aqui do
objeto de transformação. Ele simplesmente nos
exorta a sermos transformados peja renovação da
mente.
O objetivo da transformação está em Romanos 8.
O versículo 29 diz: “Porquanto aos que de antemão
conheceu, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele
seja o primogênito entre muitos irmãos.” Como os
chamados e justificados, nosso destino foi
determinado de antemão por Deus. Antes da
fundação do mundo, Deus nos predestinou para
sermos conformados à imagem de Seu Filho. Isso
significa que essa conformação a Cristo é nosso
destino e também nossa direção. Você sabe para onde
está indo? A nossa direção é a imagem do Filho de
Deus. O nosso destino não é o céu, mas é ser
conformado à imagem do Filho de Deus.

UMA VIDA ENXERTADA


Se quisermos entender o significado da
transformação e da conformação, precisamos
perceber que o livro de Romanos fala de um
determinado tipo de vida — uma vida enxertada. Uma
vida enxertada é uma vida mesclada, uma vida que é
o produto do mesclar de duas vidas. Em 11:24, Paulo
fala do enxerto de duas oliveiras, não de dois tipos
diferentes de árvores. Assim, o enxerto em Romanos
é aquele entre duas árvores da mesma família. A
diferença é que uma é uma oliveira cultivada e a outra
é uma oliveira brava.
No capítulo cinco de Romanos, Paulo começa a
falar sobre a vida. No versículo 10, ele diz que
seremos salvos na vida de Cristo. Além disso,
conforme 5:17, nós reinaremos em vida. Em 6:4,
Paulo fala sobre andar em novidade de vida. No
capítulo oito, ele menciona o Espírito da vida em
Cristo Jesus (v. 2). Ele prossegue dizendo que nosso
espírito é vida (v. 10), que a mente posta no espírito é
vida (v. 6) e que o Espírito Daquele que ressuscitou a
Jesus dentre os mortos deseja dispensar vida para
dentro de nosso corpo mortal (v. 11). A vida falada em
todos esses versículos é uma vida enxertada.

O ENXERTO DE VIDAS SEMELHANTES


Enfatizamos que uma vida enxertada é uma vida
mesclada. Esse enxerto só pode ser eficaz se as vidas a
serem enxertadas forem semelhantes. A semelhança
entre a vida humana e a vida divina é provada pelo
fato de que Deus criou o homem à Sua imagem e
conforme a Sua semelhança (Gn 1:26). Ele fez isso
propositadamente para que a vida humana fosse
muito parecida com a vida divina. Mais uma vez,
usamos uma luva como ilustração. Em forma, em
semelhança e em função, a, luva é igual à mão. De
outra forma, a mão não se ajustaria à luva. Todos nós
somos luvas feitas à semelhança da mão divina. Como
precisamos adorar a Deus por fazer-nos à Sua
imagem e conforme Sua semelhança. Louvado seja
Ele por fazer-nos vasos para contê-Lo! Deus nos criou
dessa forma intencionalmente para que Ele pudesse
pôr Seu Filho em nós.
Porque a vida humana e a vida divina são
similares, é possível que sejam ajuntadas. Isso
significa que a vida divina e a vida humana podem
“casar-se”. No dia em que fomos salvos, nós casamos
com Cristo (Rm 7:4 — lit.). Assim, ser um cristão não
é apenas uma questão de salvação ou regeneração,
mas também de ser casado com Cristo. A vida em
Romanos 8 é uma vida enxertada, um mesclar de
duas vidas diferentes mas semelhantes.
Transformação e conformação são por tal vida
enxertada. Durante os meus mais de cinqüenta anos
como cristão, aprendi que a vida que está me
transformando e conformando à imagem do Filho de
Deus é uma vida enxertada.

QUALIFICADO PARA ENTRAR EM NÓS


Desde a época em que Deus nos criou à Sua
imagem e conforme Sua semelhança, estávamos
prontos a recebê-Lo como vida. Tínhamos um
espírito para recebê-Lo e uma alma para expressá-Lo.
Embora estivéssemos prontos, Deus ainda não estava
pronto. Ele ainda não estava qualificado para entrar
no homem. Para tornar-se qualificado para isso, Ele
teve de vestir-se de humanidade, isto é, Ele teve de
encarnar-se. Nos tempos do Velho Testamento, Deus
podia vir até os profetas, mas Ele não podia entrar
neles. Muitos cristãos hoje sabem apenas como Deus
vem até às pessoas, não como Ele entra nelas. Num
certo sentido, eles são crentes do Velho Testamento.
O Novo Testamento revela que por meio da
encarnação de Cristo, Deus entrou na humanidade.
Ele entrou na espécie humana através de uma porta
estreita, nascendo de uma virgem numa manjedoura
em Belém. Por trinta anos, Ele viveu na casa de um
carpinteiro. Um dia, Ele se manifestou para começar
Seu ministério. Ninguém podia reconhecer que esse
homem era o próprio Deus. Contatando alguns jovens
pescadores na Galiléia, Ele disse: “Sigam-Me” e eles O
seguiram, embora Ele nada aparentasse. Ele tinha tal
poder atrativo, a ponto de Seus seguidores ficarem
fora de si por amor a Ele. Eles eram atraídos porque
havia algo cativante Nele. Tiveram um momento
maravilhoso durante os três anos e meio em que
estiveram com Ele. No entanto, um dia,
repentinamente, Ele lhes disse que iria deixá-los pois
seria crucificado. Essa palavra transtornou-os
profundamente, especialmente Pedro. Então o
Senhor lhes disse que era vantajoso para eles que Ele
partisse. De outra forma, o Espírito da realidade não
poderia vir para estar neles (Jo 16:7). Até aquela hora,
o Senhor apenas tinha estado entre eles; Ele ainda
não entrara neles. Após Sua ressurreição, Ele poderia
entrar neles e eles poderiam estar Nele (Jo 14:20).
Não obstante, Pedro e os outros discípulos
provavelmente preferiam que o Senhor permanecesse
no meio deles do que Ele se fosse para que em
ressurreição pudesse vir para dentro deles.
Quando era um jovem cristão, eu desejava viver
na época em que o Senhor Jesus esteve na terra.
Desejava poder vê-Lo, ouvi-Lo e tocá-Lo em carne. Eu
até me queixava ao Senhor sobre isso e
perguntava-Lhe porque Ele, não tinha me deixado
viver durante o tempo em que Ele esteve na terra para
que eu pudesse ter estado fisicamente em Sua
presença. Ainda não tinha percebido que é muito
melhor ter Cristo em mim do que tê-Lo comigo. Vocês
preferem ter o Senhor entre vocês fisicamente ou em
vocês como o Espírito? Com a boca, vocês podem
proclamar que preferem tê-Lo em vocês, mas no
interior, provavelmente preferem tê-Lo junto a vocês,
como Ele estava com os primeiros discípulos. Se o
Senhor Jesus repentinamente aparecesse de um
modo físico, você ficaria perplexo. Isso prova que
preferimos um Cristo entre nós do que um Cristo em
nós. ' Contudo, se Cristo ainda estivesse apenas entre
nós, a nossa vida não poderia ser enxertada na Sua,
porque Ele não poderia estar em nós. Ele poderia
fazer milagres entre nós, mas nós permaneceríamos
os mesmos, sem mudança ou transformação.
Poderíamos abraçá-Lo, mas não poderíamos ser
enxertados Nele. Por isso, para que possamos ser
misturados com Ele, Cristo prefere estar em nós. Ele
quer que permaneçamos Nele para que Ele possa
permanecer em nós (Jo 15:4). Este é o mesclar que
produz a vida enxertada. É esta vida que nos
transforma e nos conforma à imagem de Cristo.
Para ser qualificado a entrar em nós, Cristo teve
de passar pela encarnação, viver humano,
crucificação, ressurreição e ascensão. Além disso,
como o Espírito, Ele teve de descer sobre nós. Assim,
a única coisa que nos resta é invocá-Lo com fé.
Quando dizemos: “Ó Senhor Jesus, eu creio em Ti”,
Sua vida qualificada entra em nossa vida preparada e
as duas vidas são unidas. Desta forma, nossa vida é
enxertada na Dele.

DUAS VIDAS COMPLICADAS


Talvez você tenha sido um cristão por muitos
anos sem perceber que a vida cristã é uma vida
enxertada, um mesclar da vida divina com a vida
humana. Tanto a vida divina como a vida humana são
complicadas. A vida divina é na verdade o próprio
Cristo. Como Deus, Cristo é o Criador de todas as
coisas. Um dia, Ele se encarnou e assumiu a natureza
humana. Que mistério é o fato de a divindade e a
humanidade poderem mesclar-se tornando-se uma
única unidade! Após a encarnação, Cristo passou pelo
viver humano, crucificação, ressurreição e ascensão.
Todos esses elementos estão agora incluídos na vida
divina. Essa vida tem poder para exterminar todas as
coisas negativas; ela também tem o poder da
ressurreição para gerar, germinar, transformar e
conformar. Essa vida complicada e qualificada é a
própria vida que recebemos quando cremos no
Senhor Jesus.
Mas e quanto à vida humana com a qual tal vida
divina maravilhosa está misturada? A nossa vida
criada tornou-se caída, corrompida, tenebrosa,
mundana e satânica. Assim, ela é enchida com os
elementos malignos, negativos e demoníacos.
João 3:16 nos diz que Deus amou o mundo. Por
anos não pude entender porque a Bíblia não diz que
Deus amou a espécie humana. Aos olhos de Deus, o
homem caído se tornou o mundo. Isso significa que a
humanidade Calda, corrompida, mundana e satânica
é o sistema de Satanás. Antes de sermos salvos,
éramos parte desse sistema. Ainda que esse sistema
seja maligno, a Bíblia declara que Deus amou o
mundo. A razão de Deus amar o mundo é que nele há
a vida que Ele criou à Sua imagem e conforme a Sua
semelhança para contê-Lo como vida.
Tanto a vida divina como a vida humana são
complicadas. A vida divina é complicada de um modo
positivo, enquanto a vida humana é complicada de
um modo negativo. Segundo Sua economia, Deus
deseja enxertar essa vida humana que é complicada
de um modo negativo em Sua vida que é complicada
de um modo positivo. Quando cremos no Filho de
Deus e invocamos o nome do Senhor, a vida que e
complicada positivamente entrou em nós e nossa vida
que é complicada negativamente foi enxertada nela.

TERMINADOS, RESSUSCITADOS E
ELEVADOS
Na mensagem anterior, mostramos que, segundo
o princípio ordenado por Deus: a vida inferior não
pode subjugar a vida elevada, mas a vida elevada
destrói os aspectos negativos da vida inferior. A vida
divina é como uma dose todo-inclusiva de
medicamento. Incluído nessa dose esta o poder
destruidor da crucificação de Cristo que leva à morte
os elementos negativos de nossa vida humana. Além
disso, o poder da ressurreição de Cristo ressurge e
eleva todos os elementos adequados de nossa vida
humana, os elementos que Deus criou à Sua imagem
conforme a Sua semelhança. Deus criou o homem
com uma mente, emoção e vontade. Contudo, todas
essas partes do nosso ser se tornaram corrompidas
por causa da queda. Quando a vida divina entra em
nós e somos enxertados nela, o poder destruidor que
ela contém termina com a corrupção da nossa mente,
emoção e vontade. Assim ele ressuscita os elementos
originalmente criados por Deus à Sua imagem e
conforme Sua semelhança para o cumprimento do
Seu propósito. A vida divina não anula o que foi
criado por Deus. Pelo contrário, ela ressuscita nossa
vida criada e a eleva.
Mestres da Bíblia podem dizer que como aqueles
que foram crucificados com Cristo, devemos rejeitar
nossa alma. No entanto, quanto mais tentamos
rejeitar a alma, mais ela é ativa em nós. Por exemplo,
após sermos salvos, podemos tornar-nos muito
suaves em nossa emoção. De acordo com minha
experiência, quanto mais negava minha alma com sua
mente, emoção e vontade, mais descobria que minha
mente tinha se tornado aguçada, minha emoção mais
ativa e minha vontade mais forte. Antes de ser salvo,
eu era como uma “geléia”, mas agora minha vontade é
extremamente forte. Como podemos explicar esse
fenômeno? A nossa mente, emoção e vontade têm
sido crucificadas e negadas? Sim, elas têm.
Lembre-se, a Bíblia diz que não apenas fomos
crucificados com Cristo, mas também que
ressuscitamos com Ele. Crucificação e sepultamento
não são o fim. Uma vez que nossa alma foi crucifica
da e sepultada, ela é ressuscitada, pois foi enxertada
na vida divina. Porque por meio do enxerto a vida
divina e a vida humana foram colocadas juntas, o
poder destruidor na vida divina nos crucifica e o
poder da ressurreição nos levanta.
A nossa crucificação com Cristo, cumprida há
mais de mil e novecentos anos, é percebida e
experimentada hoje por meio da vida divina em nós.
O mesmo é verdade com relação à ressurreição. Tanto
a eficácia da crucificação como o poder da
ressurreição estão incluídos no Espírito
todo-inclusivo, que dá vida. Desde a época em que
cremos no Senhor Jesus e fomos enxertados em Sua
vida todo-inclusiva, os vários ingredientes desta vida
têm sido trabalhados dentro de nós. Quanto mais
dizemos ao Senhor Jesus que O amamos, mais nos
oferecemos a Ele para contê-Lo e quanto mais tempo
gastamos com Ele na Palavra e na comunhão, mais os
ingredientes da vida divina trabalham para
terminar-nos e ressuscitar-nos. Isso leva nossa mente
a tornar-se sóbria, nossa emoção a tornar-se quente e
nossa vontade a tornar-se forte. O elemento
corrompido da vida humana é crucificado e
enterrado, mas o elemento positivo é elevado em
ressurreição. Então, já não somos nós que vivemos,
mas Cristo vive em nós (Gl 2:20). Aqui vemos a
função da vida enxertada. A função desta vida é
produzir a transformação que resulta na conformação
a Cristo. Enquanto nós, interiormente,
experimentamos a crucificação, o sepultamento e a
ressurreição, somos transformados e conformados à
imagem de Cristo. Transformação e conformação são
o resultado do trabalhar interior da vida enxertada.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 65
TRANSFORMAÇÃO E CONFORMAÇÃO PELA VIDA
ENXERTADA (2)
Como crentes em Cristo, nosso relacionamento
com o Senhor é uma questão de vida. Começando
com 5:10, Paulo tem muito a dizer sobre vida. Nesse
versículo, ele diz que “seremos salvos em (lit.) Sua
vida”, e em 5:17, que nós reinaremos em vida. Em 6:4,
ele diz: 'Assim também andemos nós em novidade de
vida.” Em 8:2, Paulo fala do Espírito da vida e em
8:10, ele fala que nosso espírito é vida por causa da
justiça.” Além disso, a mente posta no espírito é vida
(8:6) e a vida divina é dispensada para dentro do
nosso corpo mortal por meio do Espírito Daquele que
ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos (8:11).

O OBJETIVO DE DEUS
Por meio do crescimento e do funcionamento da
vida divina em nós, Deus atingirá Seu objetivo de
produzir muitos filhos que formem o Corpo para
expressar Cristo. Hoje Cristo, o Filho de Deus, não é
mais simplesmente o Filho unigênito, mas também o
primogênito entre muitos irmãos (8:29). Como o
Primogênito, Ele é o protótipo, o modelo de filiação
para todos os que crêem Nele. Finalmente, todos os
filhos de Deus formarão um organismo vivo, o Corpo,
para expressar Cristo.
Pela expressão de Cristo no Corpo, o Pai é
glorificado. Isso é relacionado à justiça e santificação.
Justiça é o princípio, o fundamento; santificação é o
processo, e a glória é a consumação. O processo pelo
qual somos introduzidos totalmente na glória é
plenamente uma questão de transformação em vida.

A VIDA HUMANA E A VIDA DIVINA


A vida pela qual somos transformados é uma
vida enxertada' o mesclar da vida humana com a vida
divina. Conforme a soberania de Deus na criação, a
vida humana é semelhante à vida divina, assim como
uma luva é semelhante a uma mão. Sem que exista a
mão, a luva não tem utilidade, é inútil. No mesmo
princípio, a não ser que contenha Deus, a vida
humana é sem finalidade e inútil. A vida humana foi
criada à imagem da vida divina e segundo a
semelhança da vida divina com o propósito de conter
a vida divina. Se não contiver a vida divina, a vida
humana é como uma luva vazia sem propósito. O
significado da vida humana é conter a vida divina.
A vida humana é complicada. Ela não apenas foi
criada por Deus, mas se tornou caída, corrompida e
misturada com coisas diabólicas e satânicas. Não
obstante, o bom elemento criado por Deus
permanece. Por essa razão, Deus ama a complicada
vida humana.
Para ser recebida pela vida humana, a vida divina
teve de passar por um processo envolvendo
encarnação, crucificação, ressurreição e ascensão. Por
meio da' encarnação, Cristo se vestiu de um corpo
para que Ele pudesse derramar Seu sangue por
nossos pecados na cruz. Na cruz, Ele não somente
cumpriu a redenção, mas também terminou com
todas as coisas negativas no universo. Após a
crucificação e o sepultamento, Ele entrou na
ressurreição com Seus elementos divinos e foi, então,
capaz de germinar-nos, gerar-nos e transformar-nos.
Além disso, em Sua ascensão, Cristo foi exaltado,
glorificado, entronizado e foi-Lhe dado o
encabeçamento, o senhorio e a realeza. Agora a vida
divina está totalmente qualificada e preparada para
ser recebida pela vida humana.
No dia em que recebemos a vida divina em nós,
um casamento maravilhoso aconteceu em nosso ser
— o casamento da vida humana com a vida divina.
Por meio desse casamento, tornamo-nos um povo
muito especial. Eis a razão de, em 1 Coríntios 3, Paulo
nos dizer que todas as coisas são nossas. O céu é para
a terra e a terra é para o homem. Nós, os que temos
uma vida que é casada com a vida divina, somos o
centro, o ponto focal do universo. No interior de
nosso ser, temos experimentado o enxertar da vida
humana na vida divina. O amalgamar destas duas
vidas produzirá os filhos adequados para o
cumprimento do propósito de Deus. Por meio dessa
vida mesclada e enxertada, seremos totalmente
transformados e conformados à imagem do Filho
primogênito de Deus.

O PROCESSO E O OBJETIVO
Transformação e conformação são duas palavras
muito significativas. Elas são janelas através das
quais podemos ver as profundezas da revelação
contida no livro de Romanos. Transformação está
relacionada ao processo da vida e conformação está
relacionada ao objetivo da vida. É crucial que todos
tenhamos um pleno entendimento desse processo e
desse objetivo. O que pretendo compartilhar com
respeito a isso é o produto de mais de cinqüenta anos
de experiência cristã baseada na luz da Santa Palavra
de Deus.
O ESPÍRITO COMPOSTO
O Novo Testamento diz claramente que fomos
crucificados com Cristo e ressuscitamos com Ele (6:6;
Gl 2:20; Ef 2:5, 6; Cl 3:1). Quando jovem, tentava
imaginar como poderia ter sido crucificado com
Cristo e sepultado com Ele quando Sua crucificação e
sepultamento ocorreram há mais de mil e novecentos
anos. Finalmente, li um livro que mostrara que, para
com Deus, não existe o elemento tempo. Somos
restringidos pelo tempo, mas Deus, sendo eterno, não
é restringido desse modo. Embora tenha sido de
grande ajuda para mim, ainda não havia o efeito
prático em minha vida. Podia crer que tinha sido
crucificado e ressuscitado com Cristo, mas ficava
atribulado e insatisfeito pelo fato de ainda não haver
efeito prático em meu viver. Simplesmente não podia
satisfazer-me com doutrina ou teoria.
Mais tarde, comecei a ver que no Espírito que dá
vida há muitos elementos, muitos ingredientes. Em
Êxodo 30, temos o óleo composto, um óleo composto
de azeite, que significa o Espírito Santo, composto
com quatro especiarias. Estas especiarias significam
principalmente a humanidade, morte e ressurreição
de Cristo. Na época do Velho Testamento, antes do
Espírito ser composto, o Espírito era meramente o
Espírito de Deus, representado pelo óleo. O Espírito
ainda não tinha se tornado o óleo da unção, o Espírito
composto produzido pela adição das especiarias. Mas
por meio do processo da encarnação, crucificação e
ressurreição de Cristo, a humanidade, morte e
ressurreição de Cristo foram todas compostas com o
Espírito de Deus. Por isso, o Espírito Santo hoje é o
Espírito composto, o óleo composto com os
elementos da humanidade, morte e ressurreição.

UMA DOSE TODO-INCLUSIVA


Suponha que você tenha um copo de água limpa.
Então vários nutrientes são adicionados à água para
formar uma deliciosa bebida. A partir de então, é
impossível tomar a água sem beber esses nutrientes.
Algumas vezes, a mãe coloca medicamento na bebida
para um filho doente. Embora a criança possa recusar
tomar o remédio, ela o beberá quando ele se torna
parte de tal bebida composta. Dessa maneira, o
medicamento, adicionado à bebida de sabor doce,
entra na criança e espontaneamente trabalha em seu
interior.
Hoje, o Espírito que dá vida é uma dose
todo-inclusiva do “medicamento” divino, cheio de
ingredientes. Esta dose é, na verdade, o próprio Deus,
Triúno processado como o Espírito todo-inclusivo
que dá vida. Nesse Espírito estão a divindade, a
humanidade, e a encarnação, viver humano,
crucificação, ressurreição e ascensão de Cristo.
Portanto, quando invocamos o nome do Senhor
Jesus, este Espírito todo-inclusivo com todos esses
maravilhosos ingredientes entra em nós.

CRESCENDO JUNTO COM CRISTO


Agora vamos ao ponto crucial. Em 6:5, Paulo diz:
“Porque se fomos unidos com ele na semelhança da
sua morte, certamente o seremos também na
semelhança da sua ressurreição.” Como crentes em
Cristo, fomos unidos com Ele na semelhança da Sua
morte. A semelhança da morte de Cristo se refere ao
batismo. Além disso, também estaremos na
semelhança da ressurreição de Cristo. Isso também
envolve a questão de estar unido a Cristo, como
entendido na primeira parte desse versículo. Além do
mais, Paulo está dizendo que se fomos unidos a Cristo
na semelhança de Sua morte, também seremos
unidos na semelhança da Sua ressurreição, isto é, na
novidade de vida mencionada no versículo anterior.
Romanos 6:5 inclui dois passos de nosso
crescimento em Cristo. O primeiro passo já aconteceu
e o segundo é progressivo. Por um lado, estamos
unidos a Cristo, mas, por outro, seremos unidos na
semelhança de Sua ressurreição. Fomos unidos no
batismo e seremos unidos em novidade de vida.
De acordo com 6:5, Paulo considerou o batismo
como um passo em nosso crescimento de vida.
Contudo, poucos cristãos vêem o batismo relacionado
ao crescimento. Não obstante, ser batizado é estar
unido a Cristo. De acordo com a palavra grega usada
aqui, fomos “co-plantados” com Ele. Isso significa
que quando estávamos sendo batizados, estávamos
sendo enxertados com Cristo. Para entender a
transformação por meio da vida enxertada, é vital que
compreendamos esse ponto. Após nosso batismo ser
completado, fomos unidos com Cristo na semelhança
de Sua morte.
Quando nos arrependemos, invocamos o nome
do Senhor e cremos Nele, a vida divina que é
complicada de um modo positivo entrou em nós, e
houve um casamento, um enxerto, da vida humana
com a vida divina. Imediatamente, esta vida
enxertada começou a crescer. Isso significa que
começamos a crescer em nossa vida cristã juntamente
com Cristo. Além disso, ao sermos batizados na água,
continuamos a crescer com Ele. O batismo é o melhor
terreno para o crescimento espiritual. Quando fomos
postos na água, éramos como uma semente plantada
no solo. Então brotamos em ressurreição, tendo sido
unidos a Cristo no batismo. Tal batismo certamente
não é um mero ritual ou formalidade.
Quando um crente experimenta o batismo
adequado, o Espírito divino nele leva à morte o velho
homem com seus elementos mundanos,
pecaminosos. Então ele se levanta da água como uma
nova pessoa. Dessa maneira, ela dá um passo
fundamental no crescimento de vida. Daí em diante, o
crente continua a crescer em Cristo na semelhança de
Sua ressurreição, isto é, ele anda dia após dia, em
novidade de vida. Este é um crescimento real, não
mera atitude exterior. Quanto mais um crente cresce,
mais a vida divina trabalha nele para crucificá-lo e
ressuscitá-lo. Por meio de tal crescimento,
experimentamos a aplicação de nossa crucificação
com Cristo, que foi cumprida há mais de mil e
novecentos anos. A nossa crucificação com Cristo já
não é mera teoria, doutrina ou crença que não tem
efeito prático em nosso viver. Pelo contrário; ela é
aplicada a nós de modo pleno. Por isso, dia após dia
crescemos na semelhança da ressurreição de Cristo e
andamos em novidade de vida.

UMA VIDA DE BATISMO


A vida cristã é uma vida de batismo. Por um lado,
o batismo foi cumprido. Por outro lado, o batismo
continua até que sejamos plenamente transformados
e conformados à imagem de Cristo. Assim, até que
este objetivo seja atingido, continuamos a viver uma
vida de batismo. Isso significa que estamos
diariamente sob a aplicação da morte de Cristo
quando experimentamos a eficácia da morte de
Cristo, que é agora um dos ingredientes, dos
elementos, no Espírito todo-inclusivo. Se nosso
marido ou mulher nos trazem situações difíceis,
podemos experimentar a todo momento, a aplicação
da morte de Cristo. Ao invés de discutir, podemos
experimentar levar à morte os elementos negativos
em nosso interior. Isso acontece não por doutrina ou
por determinada prática, mas pelo elemento
destruidor na morte de Cristo, incluído na vida
divina, todo-inclusiva.

UM ANTIBIÓTICO CELESTIAL
A vida divina é um antibiótico celestial. Discutir
com nosso marido ou mulher é ter uma “tosse”.
Sempre que discutimos com nosso marido ou mulher,
estamos “tossindo”. A morte de Cristo é o único
antibiótico que pode eliminar os germes que causam
essa doença.
O antibiótico celestial não apenas nos crucifica,
mas também nos ressuscita e renova as faculdades de
nossa mente, emoção e vontade. Essa ressurreição e
renovação é o genuíno crescimento e transformação.

O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO
O processo de transformação é tanto orgânico
quanto metabólico. E orgânico porque está
relacionado à vida e é metabólico porque está
relacionado a um processo no qual os elementos
velhos são descartados e os novos são acrescentados.
Mudar a aparência de alguém pela maquilagem não é
orgânico nem metabólico. Mas uma mudança de
aparência que vem por meio de comer o alimento
nutritivo é tanto orgânica como metabólica. Tal
mudança pode ser considerada como uma
transformação física.
Se quisermos ser transformados, devemos
constantemente buscar o Senhor, orar, ler a Palavra e
invocar o nome do Senhor. Dessa forma, comemos,
bebemos e respiramos o rico suprimento de Cristo
para dentro de nós. Este suprimento produzirá uma
mudança metabólica na qual os elementos velhos,
negativos, são descartados e substituídos por
elementos novos, positivos. Essa mudança
metabólica é transformação.
Em 2 Coríntios 3:18, Paulo fala sobre contemplar
e refletir com um rosto desvendado a glória do
Senhor e ser transformado em Sua imagem pelo
Senhor Espírito. Enquanto contemplamos Cristo e O
refletimos, somos transformados em Sua imagem de
glória em glória, isto é, de um estágio de glória para
outro. Isso vem do Senhor Espírito, o próprio Espírito
que dá vida mencionado no versículo 6. O versículo 17
diz claramente que o Senhor é o Espírito. Para
mostrar a ligação entre os versículos 6 e 17, Darby
coloca os versículos de 7 a 16 entre parênteses,
indicando portanto que o versículo 17 é a continuação
do versículo 6. Assim, o Senhor é o Espírito que dá
vida. Ao contemplarmos e refletirmos a glória do
Senhor, somos transformados por esse Espírito.
Quanto mais O contemplamos, mais recebemos Seu
suprimento e somos transformados
metabolicamente.

CRESCIMENTO E SANTIFICAÇÃO
Transformação inclui crescimento e santificação.
Enquanto somos transformados, crescemos e somos
santificados. Finalmente, a transformação resultará
em conformação. Quanto mais somos transformados,
mais somos conformados à imagem de Cristo. Por
meio desse processo de transformação e
conformação, somos introduzidos totalmente na
filiação divina para sermos membros do Corpo de
Cristo. Como enfatizamos, obter um Corpo para
expressar Cristo é o objetivo do propósito eterno de
Deus.
Tenho o desejo de que todos os santos possam ter
o pleno desfrute da vida divina, todo-inclusiva, e que
experimentem a transformação e a conformação. Não
precisamos de ensinamento ou de esforço próprio
precisamos de uma visão. Oro para que o Espírito
ilumine os santos e lhes desvende estas questões para
que possam experimentá-las em seu viver diário.
Quando temos a visão da transformação e da
conformação, por meio da vida enxertada, 6:8
torna-se real em nossa experiência prática. Morrer
com Cristo não mais será um mero fato em que
cremos; será nossa experiência diariamente por meio
da operação da vida divina interior. Esta vida nos leva
à morte e nos ressuscita. Deste modo, crescemos,
somos santificados e somos transformados.

QUATRO CARACTERÍSTICAS DA VIDA


Toda espécie devida tem quatro características
básicas: a essência da vida, o poder da vida, a lei da
vida e a forma da vida. Toda vida tem sua própria
essência. Embora a essência de determinada vida
possa ser abstrata e misteriosa, a vida em si é
poderosa de um modo substancial. Considere uma
semente de cravo. Depois que a semente de cravo foi
colocada no solo e cresce, ela finalmente alcança a
superfície do solo, e começa a crescer visivelmente.
Cada vida também tem a sua lei, o princípio que
governa sua função e desenvolvimento.
Por causa da lei da vida que controla seu
crescimento, o pé de cravo não produzirá rosas, mas
cravos. Não há necessidade de orarmos sobre isso; a
lei da vida no pé de cravo funciona automaticamente
para dirigir seu desenvolvimento. Além disso, toda
vida tem sua forma específica. Por exemplo, uma
maçã de Washington tem uma forma característica.
Os fazendeiros não precisam ensinar as macieiras a
produzir frutos com determinada forma. A vida nas
maçãs automaticamente as forma. Isso é verdade com
todo tipo de vida.

MODELADOS DE ACORDO COM O PADRÃO


DO FILHO PRIMOGÊNITO
Conformação denota a ação de moldar da vida.
Enquanto a vida divina cresce em nós e nos
transforma, ela espontaneamente nos modela
conforme o padrão, a imagem, do Filho primogênito
de Deus. Muitos cristãos, cegos para esta realidade,
tentam moldar-se à semelhança de Cristo. Tal esforço
próprio nunca funciona. Quanto a isso, somente uma
única coisa é prevalecente — a vida divina que cresce
em nós, que nos santifica, nos transforma e nos
molda. Não é necessário tentarmos moldar a nós
mesmos, representar ou esforçar-nos para melhorar
nosso comportamento. O que precisamos é de uma
experiência mais cheia da vida enxertada. A vida
divina tem sua essência, poder, lei e forma. Como
aqueles que estão sob o processo de transformação,
estamos sendo modelados gradativamente à imagem
do Filho de Deus pela função da vida divina,
todo-inclusiva, que foi misturada com nossa vida
humana. Portanto, podemos estar em paz.

DESCARTANDO O ELEMENTO NEGATIVO


Enquanto a vida divina trabalha em nós para
transformar-nos e conformar-nos, ela descarta o
elemento negativo em nosso interior. Por essa razão,
não precisamos que qualquer pessoa nos regule. A
vida divina trabalha em nós para gradualmente
eliminar tudo o que é negativo e natural.

RESSUSCITANDO A CRIAÇÃO DE DEUS


A seguir, a vida divina nos ressuscita. Não
importa quão caídos sejamos, ainda somos a criação
de Deus. Tudo o que Deus cria é bom. Ao invés de
desistir de Sua criação, Deus a reivindica e a restaura
pelo poder de ressurreição da vida divina. Quando a
vida divina descarta as coisas negativas, ela trabalha
para ressuscitar a criação original de Deus. Deus nos
criou com uma mente, emoção, vontade, alma,
coração e espírito, e Ele pretende levar todos esses
aspectos de nosso ser à ressurreição. Antes de sermos
salvos, podemos ter sido néscios na mente,
desequilibrados na emoção, inadequados na vontade.
Mas quanto mais contatamos o Senhor e O
experimentamos, mais nossa mente se torna clara e
sóbria, mais nossa emoção se torna adequadamente
equilibrada e mais nossa vontade se torna ajustada.
Esse não é nosso caráter natural, mas um caráter
ressurreto. Louvado seja o Senhor porque a vida
divina em nós ressuscita todas as partes de nosso ser
criado por Deus.

ELEVANDO NOSSAS FACULDADES


Enquanto a vida divina ressuscita nossas
faculdades, ela as eleva ao mais alto nível. Isso
produzirá em nós um caráter altamente desenvolvido.
Os cristãos não deveriam ter um caráter baixo. Onde
quer que estejamos, devemos manifestar o mais
elevado caráter, porque nossas faculdades naturais
foram elevadas pela vida divina. Para experimentar
isso de um modo pleno, precisamos ter fé para
contatar a vida divina em nós. Se tivermos fé ao Jazer
isso, nosso caráter será elevado.

SUPRINDO AS RIQUEZAS DE CRISTO


Além disso, quando a vida divina descarta,
ressuscita e eleva, ela supre as riquezas de Cristo para
o nosso interior. Por essa razão, muitos que amam o
Senhor se tornam muito aguçados em seu raciocínio.
Embora certos irmãos e irmãs dediquem-se a
participar de todas as reuniões da igreja, eles ainda
são notáveis estudantes na escola porque suas
faculdades ressurretas e elevadas são supridas com as
riquezas de Cristo.

SATURANDO NOSSO SER


Finalmente, a vida divina saturará todo nosso
ser. Essa saturação é muito melhor que inspiração.
Então, todo nosso ser será impregnado com a vida
divina. Isso leva à transformação. As riquezas de
Cristo saturam nosso ser e causam uma genuína
mudança metabólica. Por meio desse saturar da vida
divina, somos conformados à imagem de Cristo.
A vida divina está preparada e é capaz de fazer tal
trabalho em nós. Mas precisamos exercitar-nos a
respeito do que o Senhor nos tem mostrado.
Precisamos ter fé para contatá-Lo, orar a Ele, ler a
Palavra e respirá-Lo. Fazer essas coisas é pôr a mente
no espírito (8:6). Quando nossa mente estiver no
espírito, nenhuma parte do nosso ser estará separado
do espírito. Isso proporcionará à vida divina um
caminho livre para descartar o elemento negativo,
para ressuscitar, elevar e suprir nossas faculdades e
saturar todas as partes do nosso ser. Quanto a isso
precisamos orar por nós, pelos outros, e por todas as
igrejas. Que possamos ter fé para viver e andar
conforme o que vimos nestas mensagens.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 66
DEUS CONDENANDO O PECADO NA CARNE

Leitura da Bíblia: Rm 8:1-11

DOIS TIPOS DE CONDENAÇÃO


Nesta mensagem, consideraremos Romanos
8:1-11. Em 8:1, Paulo diz: “Agora, pois, já nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” É
fácil tomar esse versículo como certo e presumir que
o entendemos, pensando talvez que a condenação
aqui seja a mesma falada no capítulo três. Mas a
condenação descrita nos capítulos dois e três foi
removida antes de 8:1. Assim, a condenação neste
versículo é de um outro tipo, é uma condenação que
está dentro de nós. A condenação nos capítulos dois e
três é algo diante de Deus, não algo segundo nosso
sentimento e consciência interiores. É uma
condenação objetiva, uma condenação segundo a lei
de Deus. Antes de sermos salvos, provavelmente não
tínhamos qualquer percepção de que aos olhos de
Deus fôramos condenados segundo Sua lei justa.
Quando cremos no Senhor Jesus, essa condenação foi
redimida pelo sangue redentor de Cristo. Aleluia!
essa condenação foi purificada pelo sangue de Jesus!
Portanto, não mais temos tal condenação.
Não devemos confundir a condenação nos
capítulos dois e três com a de 8:1. A condenação neste
versículo é subjetiva; é algo interior que é segundo
nosso sentimento e também segundo nossa
consciência cristã. Isto é claro quando percebemos
que 8:1 segue imediatamente o capítulo sete. Se
lermos o capítulo sete cuidadosamente, veremos que
ele descreve uma guerra dentro das várias partes do
nosso ser. Sabemos que, como seres humanos, somos
constituídos de mais de uma parte básica. Como
resultado da queda, as várias partes do nosso ser não
estão em harmonia umas com as outras.
No capítulo sete, Paulo, o escritor do livro de
Romanos, nos diz que uma guerra está sendo travada
entre suas partes interiores. Uma parte deseja
cumprir a lei de Deus perfeitamente e até o fim. Essa
parte deseja deleitar-se em Deus, agradar a Deus e
satisfazê-Lo. Então, em 7:22, Paulo diz: “Porque, no
tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de
Deus.” Contudo, quando esta parte do nosso ser é
exercitada para fazer o bem e cumprir a lei, uma outra
parte se levanta para lutar. Esta parte sempre derrota
a parte que se deleita em Deus. Por isso, 7:23 diz:
“Mas vejo nos meus membros outra lei que,
guerreando contra a lei da minha mente, me faz
prisioneiro da lei do pecado que está nos meus
membros.” A parte boa é derrotada todas as vezes.
Podemos tomar o partido desta parte boa e
posicionar-nos contra a outra parte, mas sempre
sofremos a derrota e perdemos a batalha.
Mostramos que em 7:23 Paulo fala de ser
prisioneiro da lei do pecado que está em seus
membros. Não é uma situação lamentável tornar-se
um prisioneiro dessa forma? Todavia, devemos
perceber que como cristãos podemos ser capturados
todos os dias por essa lei do pecado. Não somos
capturados por inimigos gigantes fora de nós, mas
por pequenos inimigos em nosso interior, como por
exemplo, nosso temperamento. Freqüentemente
falamos sobre perder a calma. Na verdade, é mais
exato falar sobre ser capturado pela lei do pecado.
Não é uma questão de perder a calma, mas uma
questão de ser prisioneiro da lei do pecado em nossos
membros.
Romanos 7:24 diz: “Desventurado homem que
sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” Este
clamor está relacionado à condenação em 8:1. Esta
não é a condenação que é objetiva e diante de Deus; é
a condenação que é subjetiva, a condenação em nosso
interior. Além disso, esta condenação não é um
problema para Deus, mas ela se torna um problema
para nós.
Não muitos incrédulos experimentam este tipo
de condenação. Contudo, quase todos os cristãos
sedentos têm um problema com isso. Quando você
não buscava o Senhor mas, pelo contrário, amava ti
mundo, você não tinha esse problema. Mas quando
começou a amar o Senhor e a busca-Lo, você
espontaneamente decidiu melhorar, ou seja, ser
perfeito e amar o Senhor ao máximo. Esta decisão
desperta a guerra descrita em Romanos 7. Decidir
fazer o bem ou aperfeiçoar-nos incita a lei do pecado
em nossos membros. Isso leva todos os pequenos
inimigos a se levantarem e lutarem contra nós. Há
muitos inimigos em nós. Contudo, se um cristão não
ama muito o Senhor ou não decide agradá-Lo, estes
inimigos não o aborrecerão. Mas assim que ele decide
fazer o bem, os inimigos se levantam.
No versículo 25, Paulo prossegue dizendo:
“Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. De
maneira que eu, de mim mesmo, com a mente sou
escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne da lei do
pecado.” Esta é a conclusão do capítulo sete. Nesse
capítulo, não nos é dada a maneira de sermos
libertados da condenação subjetiva. Por isso, o
capítulo oito é necessário.

NENHUMA CONDENAÇÃO
Paulo começa o capítulo oito com uma palavra a
respeito da condenação: 'Agora, pois, já nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”
Uma vez mais, eu gostaria de dizer que a condenação
aqui é interior. Aqui, o escritor pode louvar e declarar
que não mais há condenação para aqueles que estão
em Cristo Jesus. Ao ler este versículo, alguém pode
dizer: “Eu estou em Cristo Jesus. Mas como não
consigo ter tal grito de vitória? Pelo contrário, ainda
estou suspirando e gemendo.” A razão é que, na
verdade e na prática, podemos estar em 7:24 e não
em 8:1. Quando desfrutamos o Senhor numa reunião
da igreja, podemos ter uma sensação de vitória.
Estamos, assim, em 8:1. Mas depois da reunião,
podemos ser derrotados novamente e nos
encontrarmos outra vez em 7:24.
Precisamos prestar atenção ao tempo de 8:1. Este
versículo está no tempo presente, não no futuro.
Paulo não diz: “Não haverá condenação”; ele diz que
agora não há condenação. Quando surge um
problema, devemos lembrar-nos disso e declarar:
Agora, pois, já não há nenhuma condenação.” Por
exemplo, quando você volta para casa após uma
reunião e seu marido ou mulher lhe traz um assunto
problemático, você precisa lembrar-se de que naquele
exato momento não há nenhuma condenação. Se
declararmos 8:1 em meio às nossas situações diárias,
veremos quão eficaz é a palavra de Deus.
Precisamos proclamar a palavra de Deus ao
inimigo, aos demônios. Aonde quer que formos,
devemos declarar a palavra de Deus. Em particular,
devemos declarar que não há nenhuma condenação
para aqueles que estão em Cristo. Satanás mentirá a
nós e dirá que estamos derrotados, mesmo embora
estejamos em Cristo. Não aceite essa mentira e não
creia nela. Pelo contrário, declare a palavra de Deus.
Declare que para aqueles que estão em Cristo, não há
condenação.

COMO DEUS TRATOU O PECADO


O grito de vitória de Paulo em 8:1 não é vão. Ele
tem uma base definida, um fundamento para fazer tal
declaração. No versículo 2, ele diz: “Porque a lei do
espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do
pecado e da morte.” No versículo seguinte, ele
prossegue: “Porquanto o que fora impossível à lei, no
que estava enferma pela carne, isso fez Deus
enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne
pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito,
condenou Deus, na carne, o pecado.” De acordo com
este versículo, Deus enviou Seu próprio Filho não
apenas em semelhança de carne pecaminosa, mas Ele
também O enviou no tocante ao pecado.
Em 8:3, o pecado não se refere a atos
pecaminosos tais como roubar. É claro que roubar é
um pecado. Mas este não é o pecado a que se refere
esse versículo. Para entender a palavra pecado nesse
versículo, devemos voltar ao capítulo sete. Conforme
o capítulo sete, o pecado deve ser uma pessoa, pois
ele pode lutar contra nós, enganar-nos, e
capturar-nos. O versículo 11 diz: “Porque o pecado,
prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo
mandamento me enganou e me matou.” O fato de o
pecado poder enganar-nos e matar-nos indica que ele
não é apenas algo personificado, mas que é uma
pessoa. Segundo os capítulos cinco, seis, sete e oito,
pecado não é meramente uma coisa ou um problema;
é uma pessoa viva e poderosa que pode capturar-nos
e até mesmo matar-nos. Podem estar certos, este
pecado é muito mais poderoso do que nós. Quem,
então: e esta pessoa chamada pecado? Quem é este
pecado vivo que pode enganar-nos, capturar-nos e
matar-nos?
Com relação a esse pecado, Deus enviou Seu
Filho em semelhança, em forma de carne
pecaminosa. Isto mostra que o pecado habita num
determinado elemento e esse elemento é a carne
humana. A nossa carne é, então, a habitação do
pecado. O pecado habita em nossa carne. Além do
mais, o pecado, na verdade, tornou-se um com a
nossa carne fazendo de nossa carne virtualmente a
encarnação do pecado.
A maioria dos cristãos conhece o significado da
palavra encarnação. Encarnação se refere a uma coisa
que anteriormente estava fora de uma outra e nela
entrando tornou-se uma com ela. O Senhor Jesus é
Deus. Mas um dia Ele foi encarnado; Ele veio como
um homem. Desta forma, o homem se tornou a
encarnação de Cristo. No mesmo princípio, o pecado
se tornou um com a nossa carne fazendo dela a
própria encarnação do pecado. Não podemos dizer
exatamente quando essa encarnação aconteceu, mas
sabemos que ISSO e um fato. Por ISSO, nossa carne é
chamada “a carne do pecado” (IBB — Rev.) porque o
pecado se tornou um com a carne.
Agora devemos ver que quando Deus, o Pai,
enviou Deus, o Filho, no tocante ao pecado e para
tratar o pecado, ate mesmo aboli-lo, Ele O enviou não
na realidade da carne do pecado, mas em
semelhança, em aparência da carne do pecado. Isto
significa que Ele O enviou em semelhança da carne, a
qual se tornara a encarnação do pecado. Em
semelhança da carne do pecado, Deus enviou Seu
Filho no tocante ao pecado e para tratar o pecado,
para condená-lo.
Para entender o versículo 3, precisamos
identificar o sujeito e o predicado. O sujeito é Deus e
o predicado é condenou. Este versículo nos diz que
Deus condenou o pecado. Ele condenou o inimigo que
nos engana, que luta contra nós, nos de rota, nos
captura e nos mata. Onde Deus condenou este
pecado? Ele o condenou na carne. Agora devemos
fazer outra pergunta: Na carne de quem Deus
condenou o pecado? A resposta é que Deus condenou
o pecado na carne de Jesus Cristo, Aquele que foi
enviado em semelhança de carne pecaminosa. Nessa
carne, Deus condenou o pecado. Conforme João 1:1 e
14, a Palavra, que e Deus, se tornou carne. Nessa
carne, a encampação da Palavra eterna, Deus
condenou o pecado por meio da crucificação. Quando
o homem Jesus foi crucificado na carne, esta foi a
ocasião em que Deus condenou o pecado na carne.
Portanto, na carne de Jesus Cristo e por meio de Sua
morte todo-inclusiva, Deus condenou o pecado.
O versículo 3 não termina com um ponto mas
com um ponto-e-vírgula (VRC). Isso mostra que o
versículo 4 é a continuação do versículo 3. Conforme
estes versículos, Deus condenou o pecado na carne
“para que a Justiça da lei se cumprisse em nós, que
não andamos segundo a carne, mas segundo o
espírito” (VRC).
Romanos é tanto um livro sobre a vida cristã
quanto a vida da igreja. Do ponto de vista da vida
cristã e da vida da igreja, o capítulo oito de Romanos
á crucial. Se não tivermos a experiência revelada
nesse capítulo, á impossível que tenhamos uma vida
cristã e uma vida da Igreja adequadas. Entre os
milhões de cristãos hoje-poucos têm uma vida cristã e
uma vida da igreja adequadas porque poucos
conhecem o profundo segredo encontrado no capítulo
oito.

DOIS MUNDOS, DUAS ESFERAS


No universo há dois mundos, duas esferas, um
mundo espiritual e um físico. Nesse mundo
espiritual, há demônios, espíritos malignos e muitas
coisas negativas que?? S molestam. Paulo teve uma
revelação do mundo espiritual, Em Colossenses 2:14,
15, ele mostra que quando o Senhor Jesus foi
crucificado, Ele despojou os principados e potestades,
expondo-os ao desprezo publicamente e triunfou
sobre eles na cruz. Aqueles que crucificaram o Senhor
Jesus não sabiam o que estava acontecendo no
mundo espiritual enquanto o Senhor estava na cruz.
Mas os demônios e 08 anjos caídos viam que a morte
do Senhor Jesus na cruz significava sua destruição.
Conforme Colossenses 2:15, Deus, o Pai, veio para
desimpedir o caminho para que a crucificação de
Cristo não fracassasse. Por isso, por meio da morte de
Cristo na cruz, os principados e as potestades foram
derrotados. Isso mostra que durante Sua crucificação,
Cristo estava lutando contra os poderes do mal. Os
poderes do mal não puderam prevalecer contra Cristo
na cruz,
Depois que o Senhor Jesus morreu, Ele foi
sepultado. De certo modo, 08 anjos malignos ficaram
felizes com o sepultamento de Cristo. Quando Ele
ressuscitou dentre os mortos, os inimigos de Deus
mais uma vez tentaram frustrá-Lo. Os poderes do mal
fizeram o máximo para retê-Lo, segurá-Lo na morte.
Mas de acordo com Atos 2:24, era impossível que
Cristo fosse retido pela morte. Ele ressuscitou dentre
os mortos e ascendeu aos céus. Quando Ele ascendeu,
Ele despojou os poderes do mal e os capturou. O' meu
propósito em mencionar isso é mostrar que a vida
cristã não está apenas relacionada ao mundo físico,
mas está também envolvida com o mundo espiritual.
Os nossos problemas na vida cristã não são
primordialmente com o mundo físico, mas com o
mundo espiritual. Até o pecado não é, na verdade,
uma questão física. Pelo contrário, é algo espiritual e
existe na esfera espiritual. Portanto, se quisermos
vencer o pecado, precisamos do poder espiritual, da
força espiritual. O poder mental, que, na verdade,
está relacionado ao mundo físico, não pode
libertar-nos do poder do pecado. O pecado é
espiritual e só pode ser vencido por meio de poder
espiritual. Com respeito a este poder espiritual,
Romanos 8 é vital.

ANDANDO SEGUNDO O ESPÍRITO


Em 8:4, Paulo se refere tanto ao mundo físico
quanto ao mundo espiritual. Ele diz' que nós “não
andamos segundo a carne, mas segundo o espírito”. A
expressão “segundo a carne” se refere ao reino físico,
mas a expressão “segundo o espírito” (VRC) se refere
ao mundo espiritual. A vida cristã é complicada. Por
um lado, temos uma parte física relacionada ao
mundo físico; por outro lado, temos uma parte
espiritual — nosso espírito — que é relacionado ao
mundo espiritual. Precisamos ver que a vida cristã
está envolvida com ambos os mundos e que estes
mundos existem em nós. Temos a carne e temos
também o espírito. Precisamos considerar se estamos
vivendo na carne, no mundo físico, ou no espírito, no
mundo espiritual. Estamos andando segundo a carne
ou segundo o espírito?
Em 8:3, vemos que a respeito do pecado, Deus
fez uma grande coisa: por meio da encarnação do Seu
Filho, Deus tratou o problema do pecado,
condenando o pecado na carne. O versículo 3 inclui
tanto a encarnação quanto a crucificação. Deus
enviou Seu Filho em semelhança de carne
pecaminosa: isto se refere à encarnação de Cristo.
Assim Deus condenou o pecado na carne; isto está
relacionado à crucificação de Cristo.
Deus condenou o pecado na carne para que as
justas exigências da lei pudessem ser cumpridas em
nós. Observe que no versículo 4, Paulo diz cumprir,
não conservar. Se ele tivesse dito conservasse ao invés
de cumprisse, este versículo significaria que nós
devemos guardar a lei. Contudo, aqui Paulo se refere
não a guardar a lei, mas a cumprir os preceitos da lei
naqueles que andam segundo o espírito. Isto significa
que as exigências da lei são cumpridas não naqueles
que guardam a lei, mas naqueles que andam segundo
o espírito.
Romanos 8 é intenso, profundo e muito
experienciável. Sem a experiência espiritual
adequada, não podemos entender este capítulo. De
acordo com os versículos 3 e 4, Deus enviou Seu Filho
encarnado no tocante ao pecado. Por meio da morte
de Seu Filho na cruz, Deus condenou o pecado na
carne. O Seu propósito em condenar o pecado foi que
a justa exigência da lei de Deus pudesse ser cumprida
em nós, não por nossos esforços em guardar a lei,
mas pelo nosso andar segundo o espírito. Assim, nós
não somos guardadores-da-lei, somos aqueles que
andam segundo o espírito.
ESTUDO-VIDA DE _ROMANOS
MENSAGEM 67
O DEUS PROCESSADO SENDO A LEI DO ESPÍRITO DA
VIDA

Leitura da Bíblia: Rm 8:1-11


Em Romanos 8:1, Paulo diz: “Agora, pois, já
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus.” No versículo 2, Paulo continua a explicar
porque não há condenação: “Porque a lei do Espírito
da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da
morte.” Aqui Paulo fala sobre a lei do Espírito da
vida. É importante que aprendamos como essa lei
trabalha, como ela nos liberta da lei do pecado.
Tudo o que Paulo inclui no restante do capítulo
oito está relacionado com o trabalhar da lei do
Espírito da vida. Se lermos esse capítulo
cuidadosamente, veremos que seu tema, na verdade,
não é o Espírito, mas a lei do Espírito da vida.
Muitos mestres cristãos dizem que o Espírito é o
tema de Romanos 8. Esta compreensão é muito
superficial. Na verdade, Romanos 8 fala sobre a lei do
Espírito da vida. Isso se tornará claro a nós se lermos
Romanos 8 cuidadosamente à luz do que Paulo diz a
respeito da lei nos capítulos cinco, seis e sete. Seria
também útil delinear o pensamento de Paulo sobre
este assunto retomando ao capítulo oito para o
capítulo cinco. A revelação nesses capítulos é
maravilhosa. É crucial vermos que o tema, o tópico de
Romanos 8 não é meramente o Espírito, mas a lei do
Espírito da vida.
O DEUS TRIÚNO PROCESSADO PARA
TORNAR-SE A LEI DO ESPÍRITO DA VIDA
EM NÓS
Nesta altura, precisamos perguntar o que é a lei
do Espírito da vida. Devemos até mesmo fazer esta
pergunta crucial: Quem é esta lei? Se lermos o
capítulo oito cuidadosamente e o compararmos com
os capítulos cinco, seis e sete, veremos que a lei do
Espírito da vida é o Deus Triúno processado
tomando-se o Espírito que dá vida para habitar em
nós. Isto significa que o próprio Deus Triúno
processado é a lei do Espírito da vida. Assim como o
pecado é uma pessoa Satanás — esta lei também é
uma Pessoa — o Deus Triúno.
Romanos 8 fala do processo, ou seja, dos
processos pelos quais o Deus Triúno passou para
tomar-se o Espírito que dá vida habitando em nosso
espírito. No versículo 3, Paulo se refere à encarnação
e crucificação: “Deus enviando o seu próprio Filho em
semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao
pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o
pecado.” A frase “Deus enviando o seu próprio Filho
em semelhança de carne pecaminosa”, está
relacionada à encarnação. Deus enviar Seu Filho no
tocante ao pecado e condenar o pecado na carne
mostra a crucificação de Cristo. Além do mais, o
versículo 11 também implica em crucificação, pois ele
fala do Senhor Jesus sendo ressuscitado dentre os
mortos. Contudo, o que este versículo claramente
revela é o processo de ressurreição: “Se habita em vós
o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os
mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos
mortais, por meio do seu Espírito que em vós habita.”
No versículo 34, Paulo se refere à ascensão quando
ele nos diz que Cristo está à direita de Deus
intercedendo por nós. Portanto, nesse capítulo temos
quatro processos pelos quais o Deus Triúno passou:
encarnação, crucificação, ressurreição e ascensão.
Romanos 8 também revela o Deus Triúno. No
versículo 2, temos o Espírito da vida. No versículo 3,
temos Deus, o Pai, enviando Seu Filho. Portanto, nos
versículos 2 e 3, temos o Espírito, o Pai e o Filho. Os
versículos 9 e 10 falam do Espírito de Deus, do
Espírito de Cristo e de Cristo. O versículo 11 menciona
todos os três do Deus Triúno: o Espírito, Aquele (o
Pai), que ressuscitou a Cristo Jesus, e Cristo, o Filho.
Por isso, Romanos 8 é um capítulo a respeito do Deus
Triúno processado.

DISPENSANDO VIDA PARA TODAS AS


PARTES DO NOSSO SER
Em 8:1-11, vemos que, após ter passado por
vários processos, o Deus Triúno se tomou o Espírito
doador de vida, o Espírito que dá vida. No versículo
11, Paulo diz claramente que Aquele que ressuscitou a
Jesus dentre os mortos dá vida ao nosso corpo mortal
“por meio do seu Espírito que habita em vós”. Este
Espírito agora habita em nosso espírito.
Como o Espírito que dá vida, o Deus Triúno
processado habita em nós para nos dar vida de uma
maneira tripla. O primeiro aspecto desse dar vida é
encontrado no versículo 10: “Se, porém, Cristo está
em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do
pecado, mas o espírito é vida por causa da justiça.”
Este versículo diz que se Cristo está em nós, nosso
espírito é vida. Cristo aqui é o próprio Deus Triúno
que se tornou o Espírito que habita interiormente.
Por causa desse Cristo em nós, nosso espírito é vida,
pois, como o Espírito que dá vida, Cristo habita em
nosso espírito e Seu habitar faz nosso espírito ser
vida. Este é o primeiro aspecto do vivificar revelado
em Romanos 8.
O segundo aspecto é encontrado no versículo 6:
“Porque a mente posta na carne é morte, mas a mente
posta no 'espírito é vida e paz” (lit.). A mente é a parte
liderante de nossa alma. Como tal, ela representa a
nossa alma. Isto significa que quando a mente se
torna vida, nossa alma se torna vida. Primeiro, nosso
espírito é vida e, então, nossa alma se torna vida.
Finalmente, a vida é dispensada ao nosso corpo
mortal. Conforme o versículo 11, Aquele que
ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos dá vida a
nosso corpo mortal por meio do Espírito que habita
em nós. Portanto, a vida é dispensada de um modo
triplo: nosso espírito se torna vida, nossa mente se
torna vida e a vida é dispensada ao nosso corpo
mortal. Por esta razão, podemos dizer que, de acordo
com Romanos 8, o Deus Triúno é dispensado para
dentro do homem tripartido e dá vida ao espírito, à
alma e ao corpo do homem.

UM CONCEITO CIENTÍFICO DE LEI


O próprio Deus Triúno, que foi processado e
dispensou a Si mesmo para dentro de nós como seres
humanos tripartidos, é a lei do Espírito da vida.
Quando Paulo fala sobre lei em Romanos 8, ele usa
este termo de uma maneira científica, mesmo que
quando o livro de Romanos foi escrito, a ciência ainda
não fosse desenvolvida. Por lei, em 8:2, Paulo denota
um princípio ativo que opera espontaneamente.
Este conceito de lei é também encontrado em
todo o capítulo sete. Por exemplo, em 7:21, Paulo diz:
“Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o
mal reside em mim.” Aqui lei denota um princípio
que opera automática e naturalmente. Este
entendimento sobre lei é científico.
Em Romanos 7 e 8, há duas leis científicas: a
primeira, uma lei maligna, é chamada lei do pecado e
da morte; a segunda, uma lei boa, uma lei
maravilhosa, é chamada lei do Espírito da vida. Estas
duas leis são mencionadas num versículo, em 8:2,
onde Paulo diz: “A lei do Espírito da vida em Cristo
Jesus te livrou da lei do pecado e da morte.” Estas
duas leis são, na verdade, duas pessoas. A lei do
pecado e da morte é a pessoa de Satanás e a lei do
Espírito da vida é a Pessoa do Deus Triúno.
Para se torna, r a lei do Espírito da vida operando
em nós, o Deus Triúno teve de ser processado e
dispensado a nós e, então, Ele teve de habitar, residir
em nós. A palavra grega para “habita” em 8:9 e 11 vem
de um radical que significa casa. O Deus Triúno foi
processado e dispensado a nós e, agora, EI. e próprio
mora em nosso ser tripartido. Agora Ele é uma lei
maravilhosa, positiva, a lei do Espírito da vida. A lei
negativa, a lei do pecado e da morte, é também uma
pessoa — Satanás, o diabo, aquele que tem o poder da
morte. Ele é a lei maligna. Portanto, estas duas leis
são duas pessoas.
Para que Satanás c o Deus Triúno se tornem,
respectivamente, as leis negativa e positiva operando
em nós, foi necessário que ambas as pessoas
entrassem em nosso ser. Se Satanás não tivesse
entrado no homem, ele não poderia ser a lei do
pecado e da morte no homem. No mesmo princípio,
se o Deus Triúno tivesse permanecido fora de nós, Ele
não poderia ser para nós a lei do Espírito da vida.
Louvado seja Ele que, por ter sido processado e
dispensado para dentro de nós e por Ele morar
mesmo em nós, Ele se nos tornou a lei do Espírito da
vida! Aleluia, temos tal lei maravilhosa em nós!
Como seres vivos, todos nós vivemos segundo
leis definidas. Por exemplo, respirar é uma lei. Você
respira por uma decisão tomada ou pela lei da
respiração? Você diz a si mesmo: “Eu percebo que
preciso de ar; portanto, devo exercitar-me para
respirar”? Isto seria respirar por decisão. No entanto,
nós respiramos pela lei da respiração, não por
decisão. Isto significa que respiramos sem mesmo
estarmos conscientes do que estamos fazendo.
Estamos respirando continuamente, dia e noite, não
importa onde estejamos. Nós não decidimos respirar
e nem damos atenção ao fato de que estamos
respirando. Além disso, os pais não ordenam a seus
filhos que respirem. Pelo contrário, respirar é um
princípio automático que opera espontaneamente em
nosso corpo. Enquanto estivermos vivos,
continuaremos a respirar. Respirar é uma lei.
Da mesma forma, a digestão é uma lei. Após
comer uma refeição, você toma a decisão de digerir o
alimento que comeu? Você faz algum esforço para
digerir seu alimento? Não, a digestão não é uma
decisão, ela é uma lei. Assim como a respiração, ela é
um princípio natural, espontâneo, automático que
opera em nosso corpo. Estes exemplos de respiração e
digestão devem ajudar-nos a entender o que
queremos dizer por lei.
Pecar também é uma lei. Isto significa que nós
cometemos pecado por causa do operar automático
da lei do pecado. Ninguém jamais freqüentou uma
escola chamada a escola do pecado. Da mesma
maneira, ninguém precisa ser ensinado a roubar ou a
mentir. Os pais sabem que assim que os filhos
crescem, eles mentem sem serem ensinados a mentir.
Mentir vem da função automática da, lei do pecado e
da morte. Pecados como ódio e inveja também vêm
do operar dessa lei.
Louvamos ao Senhor porque uma outra lei, o
Deus Triúno como a lei da Vida, foi instalada em nós!
Quão maravilhoso é que, após ser processado, o Deus
Triúno foi instalado em nós e opera em nós não por
decisão, mas por lei! Ele agora é uma lei operante em
nós. Ele está trabalhando em nós não meramente
como o Deus Todo-poderoso, mas como uma lei que
opera automaticamente.

A LEI DO ESPÍRITO DA VIDA OPERANDO


EM NÓS
Este trabalhar do Deus Triúno como uma lei em
nós pode ser ilustrado pela eletricidade que foi
instalada em nossas casas. Uma vez que a eletricidade
foi instalada em nossas casas, não é necessário que
chamemos a companhia de energia elétrica quando
precisamos que a energia elétrica opere num
determinado aparelho. Não seria tolice telefonar à
companhia de energia elétrica e pedir que alguém
acendesse as lâmpadas ou ligasse nossos aparelhos?
Se fizéssemos isso, as pessoas no departamento de
eletricidade diriam que não é necessária chamá-los.
Ao invés disso, deveríamos simplesmente acionar a
força que já foi instalada. Ninguém que tenha o mais
elementar conhecimento de eletricidade chamaria o
departamento de eletricidade e solicitaria força
elétrica. Aqueles que sabem que a eletricidade foi
instalada Simplesmente ligarão o interruptor e a
energia elétrica.
Freqüentemente nós, cristãos, somos como
pessoas que chamam o departamento de energia
elétrica quando tudo o que é necessário é ligar o
interruptor. O Deus Triúno foi instalado em nós. Não
obstante, quando somos incomodados por nosso
temperamento, podemos gritar: “Ó, Deus, Pai
misericordioso, tem misericórdia de mim e me ajuda
a não perder a calma. Eu não quero perder a calma
outra vez. Por favor, liberta-me disso.” Este tipo de
oração nunca é respondida. De fato; quanto mais você
ora desse modo, mais problemas você terá com seu
temperamento. Se continuarmos a fazer tais orações,
o Senhor pode dizer: “Criança tola, não sabe que Eu
fui instalado em você e estou agindo em você como
uma lei? Não é necessário que clame a Mim ou ore
por isso.”
O nosso Deus hoje não é apenas o
Todo-poderoso, o Redentor e o. Salvador. Ele é muito
mais do que simplesmente nossa vida e nosso
suprimento de vida — Ele é uma lei trabalhando em
nós. Agora não há condenação para aqueles que estão
em Cristo Jesus porque a lei do Espírito da vida nos
libertou da lei do pecado e da morte. Quão
maravilhoso é tal lei estar trabalhando em nós! Por
isso, ao invés de clamar ao Senhor sobre certas coisas,
devemos simplesmente “ligar o interruptor” e
descansar.
Usemos novamente a eletricidade e os aparelhos
elétricos como uma ilustração. Suponha que esteja
muito quente quando você vai para a cama à noite e
necessita de ar condicionado para refrescar o quarto.
Você não ora pedindo ar frio. Simplesmente liga o ar
condicionado e vai dormir, desfrutando do ar frio
proveniente do ar condicionado. Da mesma forma,
podemos desfrutar a maravilhosa lei do Espírito da
vida, a própria lei que é o Deus Triúno que foi
processado e dispensado a nós e que agora habita em
nós. Como tal lei, Ele está buscando a oportunidade
para operar em nós. O problema é que nós não
estamos instruídos a respeito desta lei. Não sabemos
que temos essa lei em nós e não sabemos como
cooperar e coordenar-nos com ela. Como veremos, a
maneira de cooperar com esta lei é andar no espírito
e, simplesmente, estar no espírito.
Numa próxima mensagem, veremos que uma vez
que estejamos no espírito, não é mais necessário que
voltemos ao espírito. Antes, devemos simplesmente
permanecer no espírito. Assim, ao invés de voltar ao
espírito, devemos estar no espírito. Muitas vezes
cantamos: “Volte ao seu espírito.” E melhor mudar as
palavras deste hino e cantar: “Permaneça no seu
espírito.” Aleluia, temos o Deus Triúno processado
como uma lei em nós e temos um espírito
regenerado! Enquanto estamos no espírito, esta lei
trabalha em nós automaticamente.
Estar no espírito é ter a eletricidade divina
ligada. Estando no espírito, mantemos o interruptor
ligado, nunca o desligamos. Este é o modo de
cooperar com o Deus Triúno processado que é a lei
operando em nós. Como o Espírito que dá vida, Ele
foi dispensado a nós e habita em nós. Pelo Seu
habitar, Ele fez nosso espírito ser vida, Ele está
levando nossa alma a tornar-se vida e Ele está
dispensando vida ao nosso corpo mortal. Nós agora
estamos desfrutando vida de uma maneira tripla pelo
trabalhar desta lei maravilhosa, a lei do Espírito da
vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 68
DEUS CONDENANDO O PECADO NA CARNE PARA
QUE POSSAMOS ESTAR NO ESPÍRITO

Leitura da Bíblia: Rm 8:3-9


Romanos 8:3 diz: “Porquanto o que fora
impossível à lei, no que estava enferma pela carne,
isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em
semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao
pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o
pecado.” A expressão “Deus enviando seu próprio
Filho em semelhança de carne pecaminosa” se refere
à encarnação, o primeiro passo do processo pelo qual
o Deus Triúno passou. Aqui no versículo 3, o tema
não é o Filho de Deus, o tema é Deus. Nesse versículo,
Deus não diz que o Filho de Deus veio em semelhança
de carne pecaminosa. Antes, ele diz que Deus enviou
Seu próprio Filho em semelhança de carne
pecaminosa. Isto significa que, de acordo com este
versículo, é Deus quem pratica a ação. Ele enviou Seu
Filho através da encarnação em semelhança de carne
pecaminosa.
Após o primeiro passo deste processo, a
encarnação, Deus condenou o pecado pela
crucificação. Quando o Filho de Deus foi crucificado
na forma, na semelhança de carne pecaminosa, Deus
condenou o pecado na carne. Portanto, a morte do
Filho na cruz foi a condenação de Deus ao pecado.

AS JUSTAS EXIGIÊNCIAS DA LEI


CUMPRIDAS EM NÓS
Os dois passos da encarnação e crucificação têm
um alvo, revelado no versículo 4: “A fim de que o
preceito da lei se cumprisse em nós que não andamos
segundo a carne, mas segundo o Espírito.” As
palavras “a fim” no começo deste versículo significam
“para que”, mostrando o propósito da atitude adotada
no versículo anterior. Deus enviou Seu Filho e
condenou o pecado na carne com um propósito
determinado. Isso mostra que algo resultou da
encarnação e da crucificação. O fim, o resultado
destes dois passos é que a justa exigência da lei é
espontaneamente cumprida em nós. Não é preciso
que tentemos guardar as exigências da lei. O
cumprimento das justas exigências da lei é um
resultado da encarnação e crucificação de Cristo.
Porquanto o Cristo encarnado foi crucificado, as
exigências da lei podem ser cumpridas em nós
automaticamente.
No versículo 4, Paulo diz que as exigências da lei
são cumpridas “em nós”, que não andamos segundo a
carne, mas segundo o espírito” (VRC). Isto indica que
Deus envio~ Seu Filho e condenou o pecado na carne
para que as Justas exigências da lei pudessem ser
cumpridas num povo que não anda segundo a carne,
mas anda segundo o espírito.
Na eternidade, Deus planejou cumprir Seu
propósito. Podemos dizer que Deus tinha uma
estrada aberta diante de Si e que Ele podia mover-se
nela para cumprir Seu desejo. Contudo, um inimigo
chamado pecado entrou para bloquear o caminho.
Por isso, Deus enviou Seu Filho e condenou o pecado
na carne para remover esse obstáculo da estrada.
Através da encarnação e crucificação de Cristo, Deus
condenou o pecado e o removeu. Como resultado, a
estrada foi aberta novamente. O resultado, o produto
da remoção do pecado e da reabertura da estrada é
que as justas exigências da lei são cumpridas em nós.
Observe que aqui Paulo não diz que as justas
exigências da lei são cumpridas no Filho de Deus.
Pelo contrário, ele diz que elas são cumpridas em nós,
o povo que foi escolhido, redimido, visitado,
alcançado e tocado por Deus. Aqueles designados
pelo pronome “nós” no versículo 4 são todos pessoas
muito importantes porque as justas exigências da lei
são cumpridas nelas. Quem são essas pessoas? Elas
são os escolhidos de Deus, Seus eleitos.
Você percebe que Deus o escolheu? Entre os
bilhões de pessoas que viveram na terra desde a
época de Adão, Deus escolheu você. Podemos usar
uma ilustração simples para nos ajudar a entender a
escolha de Deus. Você pode ir a um supermercado
para comprar maçãs. Lá você pode encontrar uma
grande pilha de maçãs. Dentre as muitas maçãs dessa
pilha, você escolhe uma dúzia para levar,
selecionando as maçãs que gostar. De um modo mais
ou menos parecido, Deus nos escolheu. Ao invés de
termo-nos em alta conta e considerarmo-nos
preciosos, podemos desprezar-nos e odiar-nos. Deus,
no entanto, não nos odeia. Na eternidade, Ele gostou
de você e o escolheu. Se Lhe perguntasse porque Ele
gosta de você, Ele poderia responder: “Eu
simplesmente gosto de você.” Somos o povo escolhido
de Deus. Além do mais, somos aqueles a quem Ele
redimiu, alcançou e tocou. Segundo os quatro
Evangelhos, é uma grande coisa ser tocado por Deus.
Ser tocado por Ele nos faz diferentes. Posso testificar
que Ele me tocou há mais de cinqüenta anos e
imediatamente me tornei uma pessoa diferente.
Estamos entre o “nós” do versículo 4; fomos tocados
por Deus.

ANDANDO SEGUNDO O ESPÍRITO


Devemos crer na palavra de Deus e não
considerar nossa situação ou olhar para nós mesmos.
Romanos 8:4 diz: “se cumprisse em nós, que não
andamos segundo a carne, mas segundo o espírito”
(VRC). Quando lemos estas palavras, podemos dizer:
“O maior parte do tempo eu ando segundo a carne,
não segundo o espírito.” Se alguém lhe perguntasse se
está andando segundo o espírito ou segundo a carne,
você provavelmente não teria a ousadia de dizer que
anda segundo o espírito. Em sua percepção, você não
tem base suficiente para dizer com convicção: “Eu
ando segundo o espírito.” Ao invés disso, após hesitar
provavelmente diria: “Às vezes, ando segundo o
espírito, mas a maioria das vezes, eu ando segundo a
carne.”
Com respeito a andar segundo o espírito,
precisamos lembrar de que há dois mundos, dois
reinos, o reino físico e o reino espiritual. No reino
espiritual, Deus faz todas as coisas pelo falar. Uma
vez que Deus fala certa coisa, a questão é
estabelecida. Em 4:17, é-nos dito que Deus chama à
existência coisas que não existem. Isto significa que
pelo falar Ele chama coisas à existência. Por exemplo,
de acordo com Gênesis 1:3, Deus disse: “Haja luz” e
houve luz.

FALANDO POR FÉ
Como filhos de Deus, precisamos perceber que
quando falamos algo com um coração sincero, nossa
situação será como nosso falar. Suponha que alguém
lhe pergunte se foi salvo. Você deveria responder sem
pestanejar “Sim, eu sou salvo.” Não deveria hesitar e
dizer: “Deixe-me pensar sobre isso por alguns
instantes. De acordo com certas evidências, talvez eu
seja salvo.” Se disser que pode ser que seja salvo;
então talvez você seja salvo. Mas se disser' que certos
sinais indicam que você pode não ser salvo, então
talvez possa haver alguma dúvida. Agora que somos
filhos de Deus, devemos ser cuidadosos com nosso
falar, pois somos o que dizemos que somos. Numa
mensagem passada, enfatizei que somos o que
comemos. Agora desejo mostrar que somos o que
dizemos.
A Bíblia se refere aos crentes como santos. Você é
um santo? Se considerar essa questão e disser: “Bem,
eu não sou santo como Tereza ou Francisco. Eu
verdadeiramente não acho que seja muito santo.
Como posso dizer que sou um santo?” Se você falar
assim, sua condição ainda é a de um pobre pecador.
Mas se responder com a afirmativa: “Sim, eu sou um
santo!”, então você verdadeiramente é um santo.
Devemos aprender a falar não em nossa
sinceridade natural, mas por fé. Paulo nos diz que
falamos porque temos um espírito de fé: “Tendo,
porém, o mesmo espírito da fé como está escrito: Eu
cri, por isso é que falei” (2Co 4:13).
Nós, cristãos, somos bons para hesitar, duvidar,
considerar e pensar sobre certos assuntos vez após
vez. Suponha que alguém lhe pergunte se você ama o
Senhor. Você pode ser muito vagaroso em dar uma
resposta. Pode ponderar sobre a pergunta, não
querendo dizer algo que não seja de acordo com o que
você realmente seja. Pode pensar que está sendo
cuidadoso e humilde. Na verdade, você está sendo
enganado pelo inimigo e iludido por ele. Pela fé,
precisamos declarar com ousadia que amamos o
Senhor.
Com respeito a estar no espírito e receber o
Espírito, muitos de nós têm sido erroneamente
instruídos. Alguns ensinam que para um cristão
receber o Espírito, ele deve arrepender-se, confessar
os pecados e orar com jejum. Então, após algum
tempo, ele subitamente receberá o Espírito. Por causa
da influência de nossas tradições religiosas, podemos
hesitar para responder quando alguém nos pergunta
se recebemos o Espírito Santo. Se formos
adequadamente instruídos nas coisas espirituais,
seremos capazes de responder imediatamente: “Sim,
eu recebi o Espírito Santo!”

TRÊS PERGUNTAS
Nesse ponto, gostaria de fazer três perguntas.
Primeira: Você anda segundo o espírito? Segunda:
Você é segundo o espírito? Terceira: Você está em
espírito? Andar segundo o espírito é fazer as coisas
conforme o espírito. Mas ser segundo o espírito
significa que nosso ser é de acordo com o espírito.
Além de andar segundo o espírito e ser segundo o
espírito, precisamos estar em espírito. Você tem
convicção de dizer que você anda segundo o espírito,
que você é segundo o espírito e que você está em
espírito? Às vezes você não perde a calma? Como,
então, pode dizer que está no espírito? Como pode
proclamar que anda segundo o espírito e é segundo o
espírito quando você ainda é atribulado por seu
temperamento? A maneira para responder tais
questões é dizer: “Sim, eu estou no espírito! Contudo,
quando perdi a calma, cometi um erro passageiro.
Mas imediatamente me arrependi e recebi o perdão
de Deus. Portanto, ainda tenho a ousadia para
declarar que estou no espírito.”
Em 8:4, Paulo fala sobre andar no espírito e, no
versículo 5, de ser segundo o espírito. Para andar no
espírito, devemos primeiro ser segundo o espírito.
Isto significa que andar segundo o espírito é
conseqüência de ser segundo o espírito, pois o que
fazemos sempre é proveniente do que somos.
No versículo 9, Paulo fala sobre estar no espírito.
Uma pessoa que é segundo o espírito é uma pessoa
que está no espírito. Ser segundo o espírito é um
resultado de estar no espírito. Portanto, andar
segundo o espírito é proveniente de ser segundo o
espírito, e ser segundo o espírito provém de estar no
espírito. Isso indica que nossa necessidade básica é
estar no espírito. Se não estamos no espírito, não
podemos ser segundo o espírito. Além do mais, se não
somos segundo o espírito, não podemos andar
segundo o espírito. Uma vez que estejamos no
espírito, seremos segundo o espírito, e uma vez que
somos segundo o espírito, andaremos segundo o
espírito.
O meu encargo nesta mensagem não é sobre
andar segundo o espírito ou simplesmente ser
segundo o espírito; é sobre estar no espírito. A
pequena palavra “no” é muito expressiva e
significativa. Repetindo, andamos segundo o espírito
porque somos segundo o espírito e somos segundo o
espírito porque estamos no espírito. Todos devemos
ser capazes de testificar: “Eu ando segundo o espírito
porque sou segundo o espírito e sou segundo o
espírito porque estou no espírito.” Onde quer que
estejamos e o que quer que façamos, devemos estar
no espírito. Se permanecermos no espírito, não
perderemos a calma e certamente não mentiremos.
Oh! é uma grande coisa estar no espírito!

DOIS FATOS CRUCIAIS


Você percebe que está no espírito? Romanos 8:9
nos dá a ousadia para dizer que estamos no espírito:
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se
de fato o Espírito de Deus habita em vós. E se alguém
não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” As
palavras “se de fato” são uma tradução correta.
Contudo, a palavra “se” refere-se a uma condição, a
algo que é condicional. A palavra “desde que”
também se refere a uma condição, mas a uma
condição que já foi cumprida e se tornou um fato
realizado. Por exemplo, posso dizer a um irmão: “Se
você vier, eu lhe darei uma Bíblia.” A palavra “se”
conforme usada aqui indica uma condição a ser
cumprida. Mas posso dizer: “Desde que você veio, eu
lhe darei uma Bíblia.” Nesta sentença, as palavras
“desde que” indicam uma condição que foi cumprida
e é agora um fato consumado. Dizer: “Se você vier”
indica uma condição a ser cumprida. Mas dizer:
“Desde que você veio” indica uma condição que foi
cumprida. O sentido no versículo 9 é o segundo caso
— uma condição que foi cumprida. Assim, aqui Paulo
está dizendo que estamos no espírito, desde que o
Espírito de Deus habita em nós. É um fato que o
Espírito habita em nós. Esta não é uma condição a ser
cumprida, mas uma condição que já foi cumprida e se
tornou um fato. Portanto, desde que o Espírito de
Deus habita em nós, nós estamos em espírito.
Tenho plena certeza de que, como crentes, o
Espírito de Deus habita em nós. Este é um fato que
ninguém pode negar. De acordo com 8:9, podemos
ter a certeza não de que o Espírito de Deus habitará
em nós, ou simplesmente de que Ele habitou em nós,
mas de que Ele está habitando em nós agora mesmo.
Oh! é um fato maravilhoso que o Espírito de Deus
habita em nós! Por causa desse fato, podemos dizer
ousadamente que estamos em espírito.
Apesar de falharmos e cometermos erros, o
Espírito de Deus continua a habitar em nós. Por
exemplo, podemos às vezes perder a calma, mas isso
não muda o fato de que o Espírito de Deus habita em
nós. O Seu habitar é contínuo, sem qualquer
interrupção. Agora, desde que o Espírito de Deus
habite em nós, estamos no espírito. Isto também é
um fato. Então, no versículo 9, há dois fatos cruciais.
Primeiro, é um fato que o Espírito de Deus habita em
nós e que temos o Espírito. Segundo, é um fato que
estamos em espírito.

POSIÇÃO E CONDIÇÃO
Por um lado, no versículo 9, Paulo diz que
estamos no espírito desde que o Espírito de Deus
habite em nós. Por outro lado, ele diz que se alguém
não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é Dele.
Suponha que tenhamos dito: “Desde que o Espírito de
Deus habite em mim, eu sou do Espírito.” Suponha
também que tenhamos dito: “Se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não está em Ele. Estas
mudanças de preposições fariam uma grande
diferença.
E errado dizer que desde que o Espírito de Deus
habite em nós, nós somos do Espírito. Também é
errado dizer que se alguém não tem o Espírito de
Cristo, esse tal não está em Ele. Aqui a preposição
“do” se refere à posição, enquanto a preposição “em”
se refere à condição. Se não temos o Espírito de
Cristo, não somos de Cristo. Esta é uma questão de
posição. Aquele que não tem o Espírito de Cristo, não
é de Cristo e não pertence a Cristo. Como crentes, não
temos qualquer problema com respeito à posição.
Temos o Espírito de Cristo e somos Dele. Contudo,
podemos ter um problema relacionado à condição,
como indicado pela preposição “em”. Todos' podemos
dizer com certeza que somos de Cristo e pertencemos
a Ele. Mas, como temos enfatizado, podemos hesitar
antes de dizer que estamos em espírito.
A nossa posição de sermos de Cristo nunca
muda. Por esta razão, é errado dizer que às vezes
somos de Cristo e que outras vezes não somos de
Cristo. Não, somos sempre de Cristo, assim como
somos. sempre da família na qual nascemos. Não
importa onde possa estar, você é de sua família. Esta
é uma questão de posição e não está sujeita à
mudança. Mas apesar de sermos sempre de uma
determinada família, podemos nem sempre estar
naquela família. Estar numa família, como estar no
espírito, é condicional. Devemos admitir que às vezes
temos um problema sobre estar no espírito.
Repetindo, nunca temos problema com a posição de
ser de Cristo. No entanto, às vezes, temos problemas
com a condição de estar em espírito. Nesta
mensagem, estamos tratando da condição, não da
posição. A questão da posição foi estabelecida de uma
vez por todas. Aleluia! todos nós somos de Cristo!
Todos nós somos Dele. Mas nossa condição com
respeito a estar em espírito pode não ser fixa ou
estável. Por isso, na próxima mensagem
consideraremos como estabilizar nossa condição de
estar em espírito.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 69
ESTAR NO ESPÍRITO PARA EXPERIMENTAR O
OPERAR DO ESPÍRITO

Leitura da Bíblia: Rm 8:4-16, 23, 26, 27


Em 8:9, Paulo diz: “Vós, porém, não estais na
carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito de Deus
habita em vós. E se alguém não tem o Espírito de
Cristo, esse tal não é dele.” Na mensagem anterior,
mostramos que ser de Cristo é uma questão de
posição, mas estar em espírito é uma questão de
condição. A posição de sermos de Cristo está
estabelecida de uma vez por todas; contudo, a
condição de estar em espírito pode variar. Por esta
razão, precisamos considerar como estabilizar nossa
condição de estar no espírito.

DECLARANDO QUE ESTAM OS NO


ESPÍRITO
Uma maneira de estabilizar esta condição é dizer
que estamos no espírito. Aprendam a dizer “Eu estou
no espírito!” No passado, os encorajei a invocar “6,
Senhor Jesus”. Agora os encorajo a dizer “Eu estou no
espírito”. Algumas vezes podemos contatar o Senhor
simplesmente por dizer “6”; nem sempre é necessário
dizer “6, Senhor Jesus”. No mesmo princípio, nem
sempre precisamos dizer “Eu estou no espírito” pois
pode ser adequado simplesmente dizer a palavra
“no”. Se você se preocupa em perder a calma, exercite
dizer “6” ou “no”. Isto o ajudará a permanecer no
espírito. Conforme o versículo 9, estamos no espírito
desde que o Espírito de Deus habite em nós. Agora
podemos permanecer nessa condição pelo declarar ó
fato de que estamos no espírito.
Entre os cristãos hoje, há muitos ensinamentos a
respeito de como experimentar o Espírito. Posso
testificar que esses ensinamentos podem impedir-nos
de experimentar o trabalho do Espírito. Em Romanos
8, Paulo não diz: “Para estarmos livres da lei do
pecado e da morte, devemos jejuar e orar. A lei do
pecado é terrível e é muito poderosa para ser vencida.
Eis porque eu clamei: “Miserável homem que sou.
Quem me poderá livrar?” Paulo não ensinou os
crentes desse modo. Nem ensinou que os crentes
devem confessar todos os seus pecados tanto a Deus
quanto aos homens antes que possam experimentar o
Espírito.
Para compreender a questão de estar no espírito
como mencionado no versículo 9, será útil considerar
como fomos salvos. Quando ouvimos a pregação do
evangelho, nós o aceitamos e o admitimos. Não houve
necessidade de dizermos: “De agora em diante, devo
comportar-me de maneira que agrade a Deus. No
passado, cometi muitas coisas pecaminosas. Se
confessar meus pecados e decidir melhorar meu
comportamento, então serei salvo.” Isto está errado.
Este conceito errôneo pode afetar a vida de um
cristão por anos. Após uma pessoa ouvir a pregação
do evangelho, ela simplesmente deveria proferir um
forte: “Amém!” e dizer: “Obrigado, Senhor Jesus.”
Todo aquele que tiver coração para ouvir, para aceitar
o que lhe foi proclamado através da pregação do
evangelho certamente será salvo.

RECONHECENDO A PROCLAMAÇÃO DO
EVANGELHO
Tal reconhecimento da salvação de Deus não
somente ajuda uma pessoa a ser salva; ele também é
de grande utilidade para a vida cristã no futuro. Todo
aspecto da vida cristã exige esse tipo de
reconhecimento. Sempre que uma pessoa recebe a
salvação de Deus, diz amém ao evangelho e agradece
ao Senhor Jesus, o Espírito de Deus entra nela
imediatamente. Isto é provado por Efésios 1:13, 14:
“Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra
da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele
também crido, fostes selados com o Santo Espírito da
promessa; o qual é o penhor da nossa herança até ao
resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.”
Aqui vemos que quando o evangelho é pregado,
proclamado a nós, e nós o reconhecemos,
imediatamente somos selados com o Espírito de
Deus. A partir dessa hora, o Espírito entra em nós e
habita em nós. Isto significa que o fato de ser
habitado pelo Espírito de Deus começa no instante
em que recebemos o evangelho. Isto é verdade
mesmo se uma pessoa o reconhece de uma maneira
fraca, diz amém, e agradece o Senhor pela
proclamação da Sua salvação. Naquele exato
momento, o Espírito de Deus entra nela e começa a
habitar nela.
Se um pregador do evangelho é um com Deus e
segundo Deus, ele continuará a explicar ao recém
salvo que, desde que ele creu em Cristo e recebeu o
Espírito, ele deve permanecer no espírito. Ele pode
dizer ao novo crente: “A partir de agora, você não é
apenas de Cristo e do Espírito, mas também está no
espírito. Apenas fique no espírito de agora em diante.
Sempre que um pensamento ou desejo vier a você
para fazer algo que seja contrário ao Senhor, você
deve declarar ‘Eu estou no espírito’. Isto lhe será de
grande ajuda em sua vida cristã.”
, O coro de um hino evangélico muito conhecido
diz: “Minha história, minha canção, o dia todo louvo
o Senhor.” Se declararmos o fato de que estamos no
espírito, nossa história e canção será que estamos no
espírito. Durante o dia todo podemos louvar ao
Salvador porque, pelo fato de o Espírito de Deus
habitar em nós, estamos agora no espírito. Esta será a
verdadeira inoculação eficaz contra todos os “vírus”
postos pelo inimigo para atribular-nos na vida cristã.

DISTRAÍDOS DO ESPÍRITO
Muitos cristãos recebem ensinamentos que os
distraem do espírito. Alguns têm sido ensinado desse
modo: 'Agora que você é um filho de Deus, deve
comportar-se e glorificar a Deus. O diabo, contudo, é
ativo. Ele nunca dorme. Ele o tentará, o seduzirá e o
levará a fazer coisas malignas. Antigamente, você
estava sob o seu controle. Agora que se tornou um
filho de Deus, ele não permitirá que você continue.
Pelo contrário, ele fará muitas coisas para atribulá-lo.
Por isso, você precisa jejuar, orar e exercitar todo seu
esforço para viver uma vida cristã adequada.” Nós
aprendemos pela experiência que esse tipo de
ensinamento nos distrai do espírito. Quanto mais nos
decidimos a nos comportar bem para a glória de
Deus, mais nos tornamos como o homem miserável
descrito em Romanos 7.
Cristãos derrotados que buscam conselhos de
pregadores podem ser exortados a orar mais e a ler
mais a Bíblia. Mas mesmo essas atividades, quando
são simplesmente nossos próprios feitos, podem
levar-nos a “desligar o interruptor do espírito”. A
eletricidade divina foi instalada em nosso interior.
Uma vez que o interruptor foi ligado, não devemos
desligá-lo. Contudo, por sua ingenuidade, muitos
cristãos têm desligado o interruptor. Como resultado,
alguns começam a duvidar se foram realmente salvos
ou se verdadeiramente têm o Espírito. Isto pode
levá-los a ir de um grupo cristão a outro buscando
ajuda. Esta é a situação entre muitos dos cristãos
hoje.
Esse tipo de situação é muito diferente das boas
novas do evangelho. O evangelho é isto: Deus nos
escolheu, nos predestinou e nos selou na eternidade.
Então, um dia, o Filho de Deus veio cumprir todas as
coisas para nossa salvação. Ele passou pelo processo
de encarnação, viver humano, crucificação e
ressurreição e se tornou o Espírito que dá vida.
Quando você ouviu a proclamação das boas novas e
as aceitou, este Espírito que dá vida entrou em você e
começou a habitar em seu espírito. Agora, apenas
fique no espírito. Não faça coisa alguma que o tire do
espírito. Pelo contrário, apenas declare que você está
no espírito. Proclame este fato maravilhoso: “O
evangelho foi uma proclamação e eu o recebi.” Agora,
' o Espírito de Deus habita em mim e eu estou no
espírito.” Se declararmos isto por fé, nada será capaz
de nos derrotar. Pelo contrário, tudo estará sob
nossos pés. Estas são as boas novas, o evangelho de
Cristo e o evangelho de Deus. Que maravilhoso!
Aqueles que são cristãos por muito tempo podem
ainda ter lembranças das derrotas e falhas. Então,
quando ouvem sobre proclamar o fato que desde que
o Espírito de Deus habite em nós, nós estamos no
espírito, podem fazer perguntas sobre diferentes
coisas. Eles podem querer saber sobre isto e aquilo.
Precisamos esquecer todas essas questões e
proclamar que estamos no espírito. Não diga: “E
sobre meus problemas no trabalho e em casa?” Pelo
contrário, diga: “Eu estou no espírito.”
A pequena palavra “no” tem um grande
significado. De acordo com 8:1, agora já não há
condenação para os que estão em Cristo. Conforme
8:9, desde que o Espírito de Deus habite em nós, não
estamos na carne, mas no espírito. Não há
necessidade de que tentemos fazer muitas coisas.
Devemos simplesmente admitir os fatos e
proclamá-las.
Quando era um jovem cristão, buscando o
Senhor, comprei muitos livros cujos títulos eram tais
como “como orar”, “como ser santo” e “como vencer o
pecado”. Eu estava sempre interessado em “como
fazer”: como ser espiritual, como ser vitorioso, como
agradar a Deus, como pregar o evangelho. No
entanto, finalmente aprendi que esses livros não
poderiam ajudar-me. Ao invés de ler livros sobre
como fazer isto ou aquilo, é melhor ler e orar-ler
Romanos 8, versículo por versículo. Isto o preencherá
com desfrute. Você precisa dar atenção especial ao
versículo 9, concentrando-se nas palavras “no
espírito”. Sempre e sempre, precisamos orar sobre
isso e declarar o fato de que estamos no espírito.

O ESPÍRITO AMALGAMADO
É difícil determinar se a palavra espírito na
expressão “no espírito” deveria ser com letra
maiúscula. A razão para a dificuldade é que esta
palavra se refere ao espírito amalgamado, ao Espírito
divino misturado com o nosso espírito humano
regenerado. O versículo 16 se refere a estes dois
espíritos. “O próprio Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus.” Este versículo não
diz que o Espírito testifica e o nosso espírito testifica
também. Ele diz que o Espírito testifica com o nosso
espírito. Dizer que o Espírito testifica com o nosso
espírito é mais profundo que dizer que o Espírito e o
nosso espírito testificam, pois indica que os dois
espíritos são um. Dizer que o Espírito e o nosso
espírito testificam significa que estes espíritos
continuam dois. Mas dizer que o Espírito testifica
com o nosso espírito indica que os dois espíritos
foram amalgamados e se tornaram um.

O TRABALHAR DO ESPÍRITO QUE HABITA


INTERIORMENTE
Agora prossigamos em considerar em Romanos
8 os diversos aspectos do trabalho abençoado do
Espírito. Primeiro, o Espírito é o Espírito que em nós
habita (vs, 9, 11). É uma grande coisa ter o Espírito
habitando em nós. Suponha que o presidente do
Brasil visite sua cidade e fique um pouco em sua casa.
Isto seria considerado uma grande honra e um
privilégio. Mas nós temos alguém muito mais elevado
que o presidente habitando em nós — temos o
Espírito de Deus habitando em nosso espírito!
A segunda função do Espírito é dar vida. Como o
Espírito que habita em nós, Ele não é preguiçoso.
Antes, Ele é ativo para dispensar vida a nós. O
Espírito que habita em nós é o Espírito vivificante, o
Espírito que dá vida.
A terceira função do Espírito é encontrada no
versículo 13: “Porque, se viverdes segundo a carne,
caminhais para a morte; mas, se pelo Espírito
mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis.”
De acordo com este versículo, o Espírito não somente
dá vida, mas também mata, leva à morte.
Positivamente, o Espírito dá vida; negativamente, Ele
mata e desembaraça todas as coisas negativas em nós.
Quarto, no versículo 14, temos a função do guiar
do Espírito: “Pois todos os que são guiados pelo
Espírito de Deus são filhos de Deus.” O Espírito que
habita interiormente nos guia e Seu guiar é muito
doce. Muitos de nós podem testificar que é o Espírito
que nos guia às reuniões da igreja quando podemos
estar inclinados a fazer algo mais. Louvado seja Ele,
pois Ele é Aquele que nos guia!
Romanos 8:15 nos dá a quinta função do
Espírito: “Porque não recebestes o espírito de
escravidão para viverdes outra vez atemorizados, mas
recebestes o espírito de filiação (lit.), baseados no
qual clamamos: Aba, Pai.” O Espírito clama 'Aba, Pai”
de uma maneira muito doce. Sempre que clamamos
'Aba, Pai”, sentimos doçura e conforto.
Verdadeiramente, o Espírito é o Espírito que clama.
Como já enfatizamos, segundo o versículo 16, o
Espírito testifica com o nosso espírito. Assim, Ele é o
Espírito que testifica. Por causa do testemunho do
Espírito, temos a confirmação e o testemunho em nós
de que somos filhos de Deus. Há Alguém vivo, o
Espírito que habita interiormente, testificando em
nós que somos filhos de Deus.
Sétimo, o versículo 26 diz: “Também o Espírito,
semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza;
porque não sabemos orar como convém, mas o
mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com
gemidos inexprimíveis.” Aqui vemos que o Espírito
funciona por assistir-nos em nossa fraqueza. Se não
fôssemos. fracos o Espírito não nos assistiria. Mas
simplesmente porque somos fracos, Ele se torna
nosso parceiro assistindo-nos em nossa fraqueza e
compartilhando nossa fraqueza. Esta é uma bênção
maravilhosa que as palavras humanas não podem
explicar adequadamente.
Oitavo, no versículo 27, temos o interceder do
Espírito: “E aquele que sonda os corações sabe qual é
a mente do Espírito, porque segundo a vontade de
Deus é que ele intercede pelos santos.” O interceder
do Espírito é também mencionado no versículo 26,
onde nos é dito que o Espírito intercede por nós com
gemidos inexprimíveis. De acordo com estes
versículos, o interceder do Espírito não acontece nos
céus, mas em nós. Note que o versículo 27 diz que
Deus sondando nosso coração conhece a mente do
Espírito. Isto mostra que Ele se misturou não apenas
com nosso espírito, mas até misturou Sua mente com
nosso coração. Deus sonda nosso coração para
conhecer a mente do Espírito. Isto significa que a
mente do Espírito é uma com o nosso coração.
Nessa altura, deixe-me fazer uma pergunta: 'É o
Espírito que geme ou somos nós que gememos? O
versículo 26 diz que o Espírito intercede com gemidos
inexprimíveis. Certamente somos nós que gememos.
Mas nosso gemido é o interceder do Espírito. Isto
indica, uma vez mais, que nós e o Espírito, o Espírito
e nós, somos um. Os nossos gemidos se tornam o
interceder do Espírito. Além do mais, a mente do
Espírito está envolvida com nosso coração. Quão
maravilhoso é o Espírito não estar apenas
amalgamado com nosso espírito, mas Sua mente'
estar amalgamada com nosso coração e Seu
interceder estar em nosso gemido! Quão maravilhoso
é Ele ser um conosco deste modo!
Finalmente, conforme o versículo 23, temos “as
primícias do Espírito”. O que estamos desfrutando
hoje são as primícias, ainda não é a colheita plena. As
primícias são um exemplo, um antegozo, uma
garantia do desfrute total que está por vir. Como o
versículo 23 indica, este gozo pleno está relacionado à
redenção do nosso corpo. Hoje estamos desfrutando
o Deus Triúno em nosso espírito e, no máximo,
também em nossa alma. O nosso corpo ainda não foi
introduzido no completo desfrute do Deus Triúno.
Por isso, precisamos da redenção do corpo. Enquanto
estamos desfrutando as primícias do Espírito,
estamos aguardando, no futuro, desfrutar o gozo
pleno, a redenção do nosso corpo.
Não é uma questão insignificante permanecer no
espírito. Quando estamos no espírito, desfrutamos o
Espírito que habita interiormente, que dá vida, mata,
guia, clama, testifica, nos assiste em nossa fraqueza e
intercede. Finalmente, desfrutamos Dele como as
primícias do Deus Triúno, que se tornará nosso gozo
pleno. Isto não é um mero ensinamento; é um
desvendar e também uma proclamação de fatos para
nosso desfrute.
Quando você lê todos estes aspectos do trabalho
do Espírito, não é necessário jejuar e orar. Ao
contrário, apenas diga amém a cada função do
Espírito: “No espírito, amém. Habitando
interiormente, amém. Dando vida, amém. Levando à
morte, amém. Guiando, amém. Clamando, amém.
Testificando, amém. Assistindo, amém.
Intercedendo, amém. Sendo primícias, amém.
Amém, eu estou no espírito, desfrutando do trabalhar
do Espírito em mim.” Eu os encorajo a dizer amém a
todos os versículos em Romanos 8, especialmente à
expressão “no espírito”. Se proclamarem o fato de que
estão no espírito e disserem amém a cada aspecto do
trabalhar do Espírito, vocês experimentarão uma
mudança em sua vida cristã. Isto os transformará,
edificá-los-á e lhes dará crescimento em vida.

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