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JUSTIÇA FEDERAL

Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PROCESSO Nº 1008097-23.2018.4.01.3800
APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA (1728)
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
APELADO: ADILSON DE MELO MARINHO
RELATOR(A):GILDA MARIA CARNEIRO SIGMARINGA SEIXAS

APELAÇÃO CÍVEL (198) n. 1008097-23.2018.4.01.3800 R E L A T Ó R I OA EXMA.


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXAS (RELATORA):Trata-se de
apelação interposta pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face de sentença que
determinou seja considerado como especial o tempo de serviço exercido pela parte autora por
período suficiente para o deferimento do benefício de aposentadoria especial.Em suas razões
recursais, o INSS alega que a metodologia de aferição do ruído deve ser a NHO 01 da
fundacentro, e que não pode ser admitida metodologia diversa, como a dosimetria, e, no tocante
ao enquadramento na categoria profissional de torneiro mecânico, defende que a mera anotação
na CTPS demonstra tão-somente a intenção do empregador no ato da contratação quanto à
atividade a ser desenvolvida pelo empregado. Acrescenta que na hipótese de acumulação de
funções, estaria excluído o requisito da habitualidade e permanência, diante da caracterização da
intermitência e eventualidade da atividade originária. Oportunizadas as contrarrazões, subiram os
autos para esta Corte.É o relatório.Des. Fed. GILDA SIGMARINGA SEIXASRelatora

VOTO - VENCEDOR
APELAÇÃO CÍVEL (198) n. 1008097-23.2018.4.01.3800 V O T OEsclareço, inicialmente, que
os dispositivos mencionados neste voto atinentes à matéria processual, embora referentes ao
Código de Processo Civil instituído pela Lei 5.869/73, encontram correspondentes no atual
regramento processual regido pela Lei 13.105/2015.Apelação que preenche os requisitos
subjetivos e objetivos de admissibilidade.Reexame NecessárioEm se tratando de sentenças
proferidas de 18/MAR/2016 em diante (vigência do art. 496, I, do CPC/2015), é incabível a
remessa oficial/necessária nas demandas cuja condenação ou proveito econômico em detrimento
da UNIÃO ou de suas Autarquias ou Fundações públicas for inferior a 1.000 salários-mínimos,
dimensão de valor que, em causas previdenciárias ou funcionais (espectro de competência da 1ª
Seção/TRF1), afasta – de regra - a aplicação da SÚMULA-STJ/490, pois, no usual, não há teórica
iliquidez que possa induzir a conseqüente compreensão de suposto extrapolamento do (elevado)
valor limite atual, considerados os valores e os períodos rotineiramente postos “sub judice”, à
exceção de raros contextos ímpares/singulares (que não o deste feito).Prévio Requerimento
AdministrativoInicialmente, cumpre esclarecer, que após o julgamento do RE 631240, sob o
regramento da repercussão geral, está pacificado o entendimento de que a ausência de prévio
requerimento administrativo de benefício previdenciário constitui óbice ao processamento do
pedido, exceto nos casos de revisão de benefícios onde não exista matéria de fato a ser
solucionada e naquelas hipóteses em que o INSS notoriamente indefere administrativamente os
pedidos.Aos processos em tramitação, a proposta aprovada fixou duas regras de transição que
dispensam o prévio requerimento administrativo, a saber: 1ª) quando a ação for proposta em
juizados itinerantes, diante do fato de os referidos juizados se direcionarem, basicamente, para

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onde não há agência do INSS; e, 2ª) quando houver contestação de mérito, caso em que restará
caracterizada a resistência ao pedido e, portanto, a presença do interesse de agir da parte na
propositura da ação.Assim, tendo em vista que o presente caso se enquadra nas situações de
dispensa do prévio requerimento administrativo, conforme, inclusive, a modulação aprovada pela
Corte Suprema, deve o feito seguir seu trâmite normalmente, não se fazendo necessário o seu
sobrestamento.Possibilidade de Concessão de Tutela AntecipadaMuito embora o art. 273, caput,
do CPC, expressamente, disponha que os efeitos da tutela pretendida na inicial poderão ser
antecipados, a requerimento da parte, total ou parcialmente, firmou-se nesta Primeira Turma a
possibilidade de o órgão jurisdicional antecipá-la de ofício, tendo em vista a natureza alimentar do
benefício previdenciário e em razão da verossimilhança do direito material alegado, razão,
inclusive, para afastar a pretensão do INSS de recebimento do recurso de apelação em seu duplo
efeito.Em face do exposto, rejeito as preliminares que tenham sido suscitadas no recurso
examinado.MÉRITOO tempo de serviço especial é aquele decorrente de serviços prestados em
condições prejudiciais à saúde ou em atividades com riscos superiores aos normais para o
segurado e, desde que cumpridos os requisitos legais, assegura o direito à aposentadoria
especial.A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça - STJ sedimentou entendimento,
inclusive em sede de recurso repetitivo, que a configuração do tempo de serviço especial é regida
pela legislação em vigor no momento da prestação do serviço, in verbis:"... 2. Como pressupostos
para a solução da matéria de fundo, destaca-se que o STJ sedimentou o entendimento de que,
em regra; a) a configuração do tempo especial é de acordo com a lei vigente no momento do
labor, e b) a lei em vigor quando preenchidas as exigências da aposentadoria é a que define o
fator de conversão entre as espécies de tempo de serviço. Nesse sentido: REsp 1.151.363/MG,
Rel. Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, DJe 5.4.2011, julgado sob o rito do art. 543-C do
CPC.3. A lei vigente por ocasião da aposentadoria é a aplicável ao direito à conversão entre
tempos de serviço especial e comum, independentemente do regime jurídico à época da
prestação do serviço. ."(REsp 1310034/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção,
julgado em 24/10/2012, DJe 19/12/2012) "... 1. A jurisprudência desta Corte se firmou no sentido
de que o fator de conversão é um critério exclusivamente matemático que visa estabelecer uma
relação de proporcionalidade entre o tempo necessário à aposentadoria comum e à especial,
devendo ser adotado o índice vigente na ocasião do requerimento do benefício, exatamente o
que consignado no acórdão embargado. REsp nº 1.151.363/MG, julgado pela sistemática do art.
543-C, § 1º, do CPC. ..."(AgRg nos EREsp 1220954/PR, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira
Seção, julgado em 26/03/2014, DJe 01/04/2014)A aposentadoria especial era devida ao segurado
que, contando no mínimo com 5 (cinco) anos de contribuições, tivesse trabalhado durante 15
(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, pelo menos, conforme a atividade profissional, em
condições que, para esse efeito, fossem consideradas penosas, insalubres ou perigosas, por
decreto do Poder Executivo.Para a comprovação da exposição ao agente insalubre, na redação
original do art. 57 da Lei 8.213/1991, bastava que a atividade fosse enquadrada nas relações dos
Decretos 53.831/1964 ou 83.080/1979, não sendo necessário laudo pericial, exceto a atividade
exercida com exposição a ruído superior ao previsto na legislação de regência.Determinadas
categorias estavam elencadas como especiais em virtude da atividade profissional exercida pelo
trabalhador, hipótese em que havia uma presunção legal de exercício profissional em condições
ambientais agressivas ou perigosas. Nesses casos, o reconhecimento do tempo de serviço
especial não dependia da exposição efetiva aos agentes nocivos, mas apenas do enquadramento
profissional.É possível o reconhecimento do exercício de atividade nociva em período anterior à
edição da legislação que instituiu a aposentadoria especial e a especialidade de atividade laboral
(AgRg no REsp 1015694/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe
01/02/2011), bem como continua válida a conversão de tempo de serviço especial para comum,
mesmo após 28/05/1998 (REsp 1151363/MG - Representativo de controvérsia).Também, é
possível o cômputo do tempo de serviço como de natureza especial, por simples enquadramento
profissional, em relação ao período anterior à entrada em vigor da Lei 9.032/1995, sendo certo
que o referido ditame não tem aptidão para produzir efeitos retro operantes.Cumpre registrar, por
importante, que o rol de atividades elencadas na legislação de regência como aptas para a

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contagem diferenciada do tempo de labor era meramente exemplificativo, de forma que outras
atividades poderiam ser tidas como insalubres, perigosas ou penosas, desde que estivessem
devidamente comprovadas. (REsp 1306113/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção,
julgado em 14/11/2012, DJe 07/03/2013).Contudo, implementada a inovação legal, a
comprovação da atividade especial passou a ser feita mediante o preenchimento dos formulários
SB-40 e DSS-8030, expedidos pelo INSS e preenchidos pelo próprio empregador, e que à época
atendiam a exigência legal inserida, pela Lei 9.032/1995, no art. 57, § 4º, da Lei 8.213/1991.Frise-
se, ainda, que após a edição do Decreto 2.172/97, que regulamentou a MP 1523/96, a qual foi
posteriormente convertida na Lei 9.528/97, fixou-se a obrigatoriedade das empresas manterem
laudo técnico atualizado, sob pena de multa, assim como, elaborar e manter Perfil Profissiográfico
Previdencíário - PPP abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador (art. 58, caput e
§§ 3º e 4º, da Lei 8.231/91).Como visto, a matéria tratada nos presentes autos desafia a análise
de diversas questões, entre as quais se destacam:1) Conversão do tempo de serviço em
especial e vice-versa.O § 3º do art. 57 da Lei 8.213/91, em sua redação original, previa a
conversão do tempo de serviço exercido em atividade especial para comum e vice-versa.
Entretanto, a Lei 9.032/95, que deu nova redação ao referido art. 57, acrescentou o § 5º,
permitindo tão-somente a conversão do tempo de serviço prestado sob condições especiais para
comum.Alterando seu entendimento anterior e de toda a jurisprudência consolidada dos tribunais
regionais federais, o C. STJ, no REsp 1310034-PR, sujeito ao rito dos recursos repetitivos, definiu
que, no caso da conversão de tempo de serviço, a lei regente é aquela da data em que cumpridos
os requisitos para a aposentadoria e não da data em que prestado o serviço . Dessa forma, para
as aposentadorias até 28.04.1995 admite-se a conversão recíproca (especial para comum e vice-
versa), sendo que, com relação às posteriores a 28/04/1995 não é possível a conversão do tempo
de serviço comum em tempo de serviço especial.Outrossim, a Lei 9.711/98 (art. 28), bem como o
Decreto 3.048/99 (art. 70), resguardaram o direito adquirido dos segurados de terem convertido o
tempo de serviço especial, prestado sob a égide da legislação anterior, em comum, observados,
para fins de enquadramento, os decretos em vigor à época da prestação do serviço. 2) O
enquadramento por categoria profissional (antes) e o laudo pericial (depois)Como já dito, no
que concerne ao enquadramento da atividade considerada especial, cujo tempo de serviço deve
ser convertido em comum, registre-se que anteriormente à Lei 9.032/95, presumia-se a
submissão do trabalhador a agentes insalubres, perigosos ou penosos pela categoria profissional
a que pertencia, conforme a antiga Lei 3.807/1960, art. 31 e Lei 5.890/1973, art. 9º. Assim
também os respectivos Regulamentos da Previdência Social (Decreto 53.831/1964, art. 2º;
Decreto 83.080/1979, art. 35, §§ 3º e 4º, e Decreto 89.312/1984, art. 35). A exceção era apenas
para o calor e o ruído, cuja nocividade deveria estar demonstrada em laudo pericial.Tanto no
antigo regulamento, como nos que o sucederam, o trabalho especial se relacionava à categoria
ou atividade profissional do trabalhador, conforme anexo ao Decreto 53.831/1964 e Anexos I e II
ao Decreto 83.080/1979, mantidos pelo Decreto 89.312/1984.Porém, com o advento da referida
Lei 9.032/95, foi acrescentado o § 5º ao art. 57 da Lei 8.213/91, estabelecendo-se que o tempo
especial a ser convertido em comum seria aquele exercido segundo os critérios fixados pelo
Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS, e não mais pelo enquadramento da
categoria profissional.Pelo Regulamento da Previdência Social, baixado pelo Decreto 2.172/97,
sucedido pelo Decreto 3.048/99, foram classificados os agentes nocivos ao trabalhador, conforme
Anexo IV, tanto naquele quanto neste, independentemente da categoria a que pertence o
segurado.Depois, por efeito da Lei 9.528/97, que resultou da conversão da sucessiva reedição da
MP 1.523/96, que findou-se na de 1.596/97 e que introduziu alteração no § 1º do art. 58 da Lei de
Benefícios, a comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita
mediante formulação, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,
emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da
legislação trabalhista. Nos parágrafos seguintes, estabelecem-se exigências relativas aos laudos
e aos seus subscritos, além de fixar obrigação de a empresa manter atualizado perfil
profissiográfico do seu trabalhador.A Lei 8.213/91 exige, nos termos do § 3º do art. 57, a

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comprovação do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo
fixado.Assim, decidiu esta Primeira Turma que "a partir da Lei nº 9.032/95 e até a entrada em
vigor da Medida Provisória nº 1.596/97 (convertida na Lei nº 9.528/97) a comprovação do caráter
especial do labor passou a ser feita com base nos formulários SB-40 e DSS-8030, expedidos pelo
INSS e preenchidos pelo próprio empregador. Com o advento das últimas normas retro referidas,
a mencionada comprovação passou a ser feita mediante formulários elaborados com base em
laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou
engenheiro de segurança do trabalho". (AC 0054153-80.2011.4.01.9199/MG, Rel. Juiz Federal
Carlos Augusto Pires Brandão (conv.), Primeira Turma, e-DJF1 p.236 de 09/06/2014).Registre-se,
ainda, o acréscimo ao § 1º do art. 58 da Lei 8.213/91, nos termos da Lei 9.732/98, que procedeu
a remissão, ao final do texto, à legislação do trabalho.Embora ainda conste na lei, a exigência de
período mínimo de trabalho especial a ser convertido em comum foi excluída do RPS a partir da
alteração introduzida pelo Decreto 4.827/2003.Conforme o princípio tempus regit actum, o tempo
de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado e não à vigente
ao tempo do preenchimento de todos os requisitos para a aposentadoria, pois estes podem ser
atendidos em momentos diferentes pelo segurado.Para caracterização da aposentadoria especial
por exposição a agentes agressivos, os limites observam a seguinte cronologia e
especificidades:a) até 28/04/1995 (data da Lei 9.032/95), pelo enquadramento profissional, ou
pela demonstração pela própria empresa mediante os formulários próprios;b) a partir de
28/04/1995, mediante identificação em formulários próprios (SB-40 e DSS-8030, padronizados
pelo INSS), preenchidos pela própria empresa, ou mediante laudo, conforme a Lei 9.032/95, que
afastou o enquadramento profissional e determinou a emissão de lista de atividades nocivas, lista
que é meramente exemplificativa;c) a partir de 14/10/1996 (MP 1.523/96, cuja reedição findou-se
na MP 1.596/97 e foi, afinal, convertida na Lei 9.528/97), por Laudo Técnico de Condições
Ambientais do Trabalho (LTCAT), expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança
do trabalho, nos termos da legislação trabalhista, devendo as empresas, desde então, elaborar e
manter Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) das atividades desenvolvidas pelos
trabalhadores. 3) Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPPO Perfil Profissiográfico
Previdenciário – PPP é o documento hábil a comprovar a exposição a agentes nocivos.Não há
que se falar em invalidade do PPP e da necessidade de apresentação de laudo pericial,
porquanto a legislação de regência determina que o labor especial deve ser reconhecido por meio
do citado documento, o qual é preenchido com base em laudo técnico, elaborado por profissional
médico em segurança do trabalho ou engenheiro de segurança.Além disso, a própria autarquia
federal reconhece o PPP como documento suficiente para comprovação do histórico laboral do
segurado, inclusive do trabalho especial, criado para substituir os formulários SB-40, DSS-8030 e
sucessores.Aliás, o PPP reúne as informações do Laudo Técnico de Condições Ambientais de
Trabalho - LTCAT e é de entrega obrigatória aos trabalhadores, quando do desligamento da
empresa, conforme o art. 58, § 4º, da Lei 8.213/91.Neste prisma, a juntada de PPP corretamente
preenchido, cujas informações foram extraídas do laudo técnico, supre a juntada aos autos do
LTCAT. Esse foi o entendimento firmado pela 1ª Turma do STJ:"PREVIDENCIÁRIO.
COMPROVAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. RUÍDO. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO
PREVIDENCIÁRIO (PPP). APRESENTAÇÃO SIMULTÂNEA DO RESPECTIVO LAUDO
TÉCNICO DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO (LTCAT). DESNECESSIDADE
QUANDO AUSENTE IDÔNEA IMPUGNAÇÃO AO CONTEÚDO DO PPP.1. Em regra, trazido aos
autos o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), dispensável se faz, para o reconhecimento e
contagem do tempo de serviço especial do segurado, a juntada do respectivo Laudo Técnico de
Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT), na medida que o PPP já é elaborado com base nos
dados existentes no LTCAT, ressalvando-se, entretanto, a necessidade da também apresentação
desse laudo quando idoneamente impugnado o conteúdo do PPP. No mesmo sentido: Pet
10.262/RS, Rel. Ministro Sérgio Kukina, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/02/2017, DJe
16/02/20172. No caso concreto, não foi suscitada pelo órgão previdenciário nenhuma objeção
específica às informações técnicas constantes do PPP anexado aos autos, não se podendo, por

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isso, recusar-lhe validade como meio de prova apto à comprovação da exposição do trabalhador
ao agente nocivo "ruído".3. Agravo interno a que se nega provimento."(AgInt no AREsp
434.635/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/04/2017, DJe
09/05/2017) 4) A permanência da exposição aos agentes agressivosA permanência a que se
refere o art. 57, § 3º, da Lei 8.213/91, para fins de concessão da aposentadoria especial, não
requer que a exposição a condições insalubres ocorra durante todos os momentos da prática
laboral. Basta que o empregado, no desempenho das suas atividades, diuturna e continuamente,
sujeite-se ao agente nocivo, em período razoável da prestação de seus serviços.Confira-se o
mais recente entendimento do TRF4 sobre o tema:"PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL. AGENTES BIOLÓGICOS. EXPOSIÇÃO EVENTUAL ENFERMEIRA.
APOSENTADORIA ESPECIAL. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. CRITÉRIOS
DIFERIDOS. OPÇÃO PELO MELHOR BENEFÍCIO.1. Não comprovada a exposição do segurado
a agente nocivo, na forma exigida pela legislação previdenciária aplicável à espécie, não é
possível reconhecer-se a especialidade da atividade laboral por ele exercida.2. Para a
caracterização da especialidade, não se reclama exposição às condições insalubres durante
todos os momentos da prática laboral, contudo se faz necessário que o trabalhador, em cada dia
de labor, esteja exposto a agentes nocivos em período razoável da jornada.3. Tem direito à
aposentadoria por tempo de contribuição o segurado que, mediante a soma do tempo
judicialmente reconhecido com o tempo computado na via administrativa, possuir tempo suficiente
e implementar os demais requisitos para a concessão do benefício.4. A Terceira Seção deste
Tribunal, por ocasião do julgamento dos Embargos Infringentes no Agravo de Instrumento n°
2009.04.00.038899-6/RS, pacificou o entendimento segundo o qual é possível a manutenção do
benefício concedido administrativamente no curso da ação e, concomitantemente, a execução
das parcelas do benefício postulado na via judicial até a data da implementação administrativa.5.
Deliberação sobre índices de correção monetária e juros de mora diferida para a fase de
cumprimento de sentença, a iniciar-se com a observância dos critérios da Lei nº 11.960/09, de
modo a racionalizar o andamento do processo, permitindo-se a expedição de precatório pelo valor
incontroverso, enquanto pendente, no Supremo Tribunal Federal, decisão sobre o tema com
caráter geral e vinculante."(TRF4 5053073-08.2014.4.04.7000, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DO PR, Relator LUIZ FERNANDO WOWK PENTEADO, juntado aos autos em
26/02/2019)Esta Corte já firmou entendimento no sentido de que "Não devem receber
interpretação retroativa as alterações promovidas no Art. 57, da Lei 8.213/91 pela Lei 9.032/95,
especialmente a regra estabelecida pelo parágrafo terceiro do referido art. 57, que introduziu a
exigência do caráter permanente, não ocasional nem intermitente do labor em condições
especiais". (AC 2001.01.99.041623-9/MG, Rel. Desembargador Federal Carlos Moreira Alves, 2ª
T., DJ de 12/05/2009, p. 380).Assim, a exigência legal referente à comprovação sobre ser
permanente a exposição aos agentes agressivos somente alcança o tempo de serviço prestado
após a entrada em vigor da Lei 9.032/1995.De qualquer sorte, e mesmo em reforço ao quanto
exposto no tópico anterior, a constatação do caráter permanente da atividade especial não exige
que o trabalho desempenhado pelo segurado esteja ininterruptamente submetido a um risco para
a sua incolumidade. 5) A utilização de Equipamentos de Proteção – EPC e EPIQuanto ao uso
de Equipamento de Proteção Individual - EPI, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do ARE
664335, com repercussão geral reconhecida, assentou a tese de que, na hipótese de exposição
do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no
âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de
Proteção Individual – EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria.
(Cf. ARE 664335, Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em 04/12/2014, Repercussão Geral
– Mérito, Publicação 12/02/2015.)Vejamos a Súmula 9 da TNU, o Enunciado 21 do Conselho de
Recursos da Previdência Social e a Súmula 289 do Tribunal Superior do Trabalho, nesses
termos:Súmula nº 9 – "Uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a
insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial
prestado".Enunciado 21 – "O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de
trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos

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à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho".Súmula 289 – "O simples
fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional
de insalubridade, cabendo-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da
nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado".O
próprio INSS reconhece que a simples utilização do EPI não afasta o risco do trabalhador, na
forma de suas Instruções Normativas 42/2001 e 78/2002, senão, vejamos."Instrução Normativa
INSS nº 42/2001:Art. 19. A utilização de equipamento de proteção não descaracteriza o
enquadramento da atividade." "Instrução Normativa INSS/DC Nº 78/2002:Art. 159. A simples
informação da existência de EPI ou de EPC, por si só, não descaracteriza o enquadramento da
atividade. No caso de indicação de uso de EPI, deve ser analisada também a efetiva utilização
dos mesmos durante toda a jornada de trabalho, bem como, analisadas as condições de
conservação, higienização periódica e substituições a tempos regulares, na dependência da vida
útil dos mesmos, cabendo a empresa explicitar essas informações no LTCAT/PPP."Conforme
ressalvado nos textos complementares desses mesmos ditames, apenas nas hipóteses em que
devidamente comprovado, através de laudo técnico, que os equipamentos de proteção utilizados
suprimem ou pelo menos reduzem para níveis inferiores aos mínimos estabelecidos, a exposição
aos agentes agressivos, é que será descaracterizado o enquadramento da atividade.Não basta,
nesse sentido, a menção da eficácia do equipamento de proteção constante dos chamados Perfis
Profissiográficos Previdenciários – PPP's. A indicação da eficácia tem de ser declarada por
profissional técnico habilitado, em documento específico, no qual se aponte o resultado da perícia
levada a efeito no caso concreto.E mais, no caso específico do agente agressivo ruído, a firme
posição desta Corte é no sentido de que o fornecimento dos Equipamentos de Proteção Individual
não afasta a insalubridade do labor. Confira-se:"PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.
AÇÃO ORDINÁRIA. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM. RUÍDO.
AGENTES QUÍMICOS. USO DE EPI. APOSENTADORIA ESPECIAL. TERMO INICIAL DO
BENEFÍCIO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.1.
Aposentadoria especial. A aposentadoria especial, benefício decorrente do trabalho realizado em
condições prejudiciais à saúde ou à integridade física, é devida ao segurado que, contando no
mínimo cinco anos de contribuições, tiver trabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e
cinco) anos, pelo menos, conforme a atividade profissional, em condições que, para esse efeito,
sejam consideradas penosas, insalubres ou perigosas.2. Condições especiais. As condições
especiais de trabalho demonstram-se: a) até 28/04/1995, pelo enquadramento profissional, ou
mediante formulários da própria empresa ou laudos técnicos; b) a partir de 28/04/1995, por
formulários próprios (SB-40 e DSS-8030, padronizados pelo INSS), preenchidos pela empresa,
ou mediante laudo; c) a partir de 14/10/1996, por Laudo Técnico de Condições Ambientais do
Trabalho (LTCAT), expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho,
devendo as empresas, desde então, elaborar e manter Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)
das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores.3. A exposição ao agente nocivo. Para a
demonstração da permanência e habitualidade da atividade insalubre não é necessária a
exposição ao agente agressivo durante toda a jornada laboral, mas apenas o exercício de
atividade, não ocasional, nem intermitente, que o exponha habitualmente a condições especiais,
prejudiciais à sua saúde ou integridade física, o que restou devidamente demonstrado nos autos
(TRF1 AC200238000348287, Juiz Federal Itelmar Raydan Evangelista, 07/10/08).4. Uso de EPI.
O fornecimento de equipamentos de proteção individual não elide, por si só, a insalubridade e a
penosidade da atividade exercida sob ruído, ainda que levemente acima dos níveis
regulamentares de tolerância. (ARE n. 664335, relator Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em
04/12/2014, Repercussão Geral)5. Ruídos: níveis e média. Conforme Súmula n. 29, de
09/06/2008, da Advocacia Geral da União, Atendidas as demais condições legais, considera-se
especial, no âmbito do RGPS, a atividade exercida com exposição a ruído superior a 80 decibéis
até 05/03/97, superior a 90 decibéis desta data até 18/11/2003, e superior a 85 decibéis a partir
de então. Essa diretriz sumular tem sido prestigiada pela jurisprudência, porque cabe ao Poder
Executivo fixar os níveis de ruído considerados insalubres ou penosos a que se submetem os
trabalhadores, não se admitindo a retroação de índice, conforme precedentes do Superior

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Tribunal de Justiça declinados no voto. A jurisprudência deste Tribunal tem se posicionado,
porém, no sentido de que o trabalhador submetido a ruídos que, pela média, superam os níveis
fixados em regulamento, tem direito ao reconhecimento do tempo de serviço especial, consoante
precedentes declinados no voto.6. Poeira mineral. A exposição a poeiras minerais como sílica,
silicatos, carvão e asbestos é considerada prejudicial à saúde, conforme previsto no Decreto
53.831/1964, item 1.2.10; no Decreto 83.080/1979, item 1.2.12; nos Decretos 2.172/1997 e
3.048/1999, itens 1.0.2, 1.0.7 e 1.0.18. 7. A atividade de operador de caldeira deve ser
considerada especial, mediante o enquadramento em categoria profissional, cuja sujeição a
agentes nocivos é presumida até 28/04/1995, conforme item 2.5.3 do Decreto nº 53.831/64 e item
2.5.2 do Anexo II do Decreto nº 83.080/79.8. Prova dos autos e tempo a ser convertido. O tempo
de serviço especial foi demonstrado pelo enquadramento profissional na atividade de operador de
caldeira ou por laudos técnicos, que apontaram a submissão do segurado a ruído acima dos
níveis de tolerância, e/ou a poeira mineral (sílica) em trabalho permanente, habitual e não
intermitente, nos períodos de 08/08/1988 a 08/07/2013, o que totaliza mais de 25 anos,
possibilitando o reconhecimento do direito do autor de gozar da aposentadoria especial (art. 57 da
Lei 8.213/91), desde a data do requerimento administrativo (02/09/2013).9. Termo inicial. O termo
inicial do benefício é a data do requerimento administrativo ou a data da citação (REsp n.
1369165/SP, submetido ao rito do art. 543-C do CPC; DJe 07/03/2014).10. Correção monetária e
juros. Correção monetária e juros moratórios, conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal,
observada quanto aos juros a Lei n. 11.960, de 2009, a partir da sua vigência.11. Honorários
advocatícios. A sentença foi publicada na vigência do atual CPC (a partir de 18/03/2016,
inclusive), devendo-se aplicar o disposto no art. 85, § 11, arbitrando-se honorários advocatícios
recursais.12. Conclusão. Apelação e remessa oficial, tida por interposta, desprovidas."(AC
0002143-55.2014.4.01.3508 / GO, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL JAMIL ROSA DE JESUS
OLIVEIRA, PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 de 29/08/2018) 6) Laudos ExtemporâneosO fato de o
laudo apresentado ser extemporâneo à época da prestação do serviço em que se pretende
comprovar a atividade especial sob ruído, não o invalida nem lhe retira a força probatória.Dessa
forma, desde que comprovado o exercício da atividade especial, através de formulários e laudos
periciais, com os requisitos necessários, embora tais documentos tenham sido elaborados em
data posterior à prestação dos serviços, tal fato não compromete a prova do exercício de
atividade em condições especiais. Nesse sentido, veja-se: AC 0007970-07.2011.4.01.3814/MG,
Rel. Juiz Federal Cleberson José Rocha (Conv.), Segunda Turma, e-DJF1 p.162 de
22/09/2014.7) Tempo de serviço especial após a Emenda Constitucional 20/98Tratando-se na
espécie de pedido de concessão de aposentadoria especial, não há que se falar em necessidade
de cumprimento dos requisitos previstos no art. 9º da Emenda Constitucional 20/1998, para fins
de cômputo do tempo de serviço prestado após a edição da mencionada emenda.De fato, as
exigências da idade mínima e do “pedágio” aplicam-se apenas para o fim de concessão de
aposentadoria por tempo de contribuição proporcional, sendo dispensável o cumprimento de tais
requisitos para o deferimento da prestação disciplinada no art. 57 da Lei 8.213/1991. 8) Agente
Agressivo8.1) RuídoConsoante a jurisprudência do STJ, deve ser considerada especial a
atividade desempenhada com exposição a ruídos superiores aos seguintes limites de tolerância:
(a) 80 decibéis no período anterior à edição do Decreto 2.172, de 06/03/1997; (b) 90 decibéis
durante a vigência do Decreto 2.172/1997; (c) 85 decibéis a partir do início de vigência do Decreto
4.882/2003.A lei que rege o tempo de serviço é aquela vigente no momento da prestação do
labor. Deste modo, na conversão de tempo de serviço especial, no caso de exposição a ruído,
deve-se observar a legislação vigente à época da prestação dos serviços.8.1.1) Níveis Médios
de RuídoNão há qualquer impedimento de se utilizar o ruído médio como parâmetro para apurar-
se sua nocividade, pois, como claramente delineado no julgamento da AMS 2001.38.00.021385-
2/MG (Rel. Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian, Segunda Turma, DJ de 12/08/2005),
"o ruído não pode ser sempre contínuo no mesmo nível, sem oscilação, que é consequência das
leis da Física; é total e humanamente impossível medir cada segundo e registrar as suas
oscilações mínimas".Sobre a questão da prejudicialidade dos ruídos médios, o Procurador
Regional da República em Minas Gerais, João Francisco da Motta, manifestou-se nos autos do

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Mandado de Segurança 2000.38.00.031774-7, nos seguintes termos:De fato, a alusão a níveis
médios de ruído implica, logicamente, exposição eventual do segurado, durante a jornada de
trabalho, a níveis inferiores aos limites de tolerância; também logicamente, indica uma exposição
a níveis superiores a tais limites. Temos para nós que a menor agressividade decorrente da
exposição a níveis inferiores a 80 ou 90 decibéis é amplamente compensada, in casu, pela maior
agressividade representada pela exposição a níveis superiores a tais patamares. A média
resultante, em nosso ponto de vista constitui um indicador confiável dos riscos a que esteve
sujeita a saúde do segurado, não se podendo concluir, de forma apriorística, pela não
configuração da condição insalubre.E este tem sido o entendimento desta Corte, concluindo-se
que os níveis médios de ruído são prejudiciais à saúde do trabalhador.8.1.2) Metodologia de
Avaliação do RuídoQuanto à metodologia de avaliação do ruído, a dosimetria é a técnica em
que se mensura a exposição a diversos níveis de ruído no tempo de acordo com os respectivos
limites de tolerância previstos na NR-15 do Ministério do Trabalho, não havendo que se falar em
invalidade das informações, evitando-se um desmesurado rigor que inviabilize totalmente ao
segurado o reconhecimento de condições prejudiciais à saúde, em face de sua hipossuficiência
nas relações de emprego e em face do INSS. A utilização da NR-15 encontra amparo na
disposição legal de que a comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos
será feita nos termos da legislação trabalhista (Lei 8.213/91, art. 57, § 1º).Além disso, não se
mostra razoável, em vista do próprio caráter de proteção social do trabalhador, que também é a
finalidade precípua do Direito do Trabalho e do Direito Previdenciário (e que possui status
constitucional – arts. 6º e 7º da CR/1988), exigir do segurado empregado, para comprovar
exposição ao mesmo agente nocivo ruído, com o mesmo limite mínimo de tolerância, duas
avaliações com metodologias distintas, uma para fins trabalhistas e outra para fins
previdenciários. Isso, a um só tempo, onera desnecessariamente as empresas com os custos de
duas avaliações ambientais e expõe o trabalhador a ser desprotegido, pois a realidade prática
mostra que a avaliação para fins trabalhistas costuma ter prioridade nas empresas para
verificação do direito ao adicional de insalubridade, enquanto apenas costuma ser dada atenção
ao aspecto previdenciário da exposição quando o trabalhador requer a aposentadoria. Do caso
concretoNa hipótese, da leitura da documentação juntada aos autos, bem como da legislação e
jurisprudência pertinentes à matéria, verifica-se que, através das descrições das atividades
desempenhadas, a parte autora exerceu as suas atividades, no período controverso, que foi
reconhecido pelo Juiz a quo, exposto ao agente nocivo ruído acima do limite legal.Sobre a
alegação do INSS de que os períodos não podem ser considerados, por não ter sido utilizada a
metodologia NH0-1 da fundacentro, para a aferição do ruído, conforme já explicitado no voto, a
dosimetria é a técnica em que se mensura a exposição a diversos níveis de ruído no tempo de
acordo com os respectivos limites de tolerância previstos na NR-15 do Ministério do Trabalho,
não havendo que se falar em invalidade das informações, evitando-se um desmesurado rigor que
inviabilize totalmente ao segurado o reconhecimento de condições prejudiciais à saúde, em face
de sua hipossuficiência nas relações de emprego e em face do INSS. A utilização da NR-15
encontra amparo na disposição legal de que a comprovação da efetiva exposição do segurado
aos agentes nocivos será feita nos termos da legislação trabalhista (Lei 8.213/91, art. 57, § 1º).No
tocante ao período constante da CTPS em que o impetrante laborou como torneiro mecânico,
anterior a 28/04/1995, quando era permitido o reconhecimento da especialidade por
enquadramento profissional, embora não esteja expressamente prevista nos decretos
previdenciários como insalubre, permite o enquadramento, por equiparação, às categorias
listadas nos itens 2.5.2 e 2.5.3 do Decreto nº 53.381/1964 e 2.5.1 do Decreto nº 83.080/1979
(trabalhadores nas indústrias metalúrgicas e mecânicas). Registro que o enquadramento por
categoria profissional referido encontra-se em consonância com o entendimento firmado pelo STJ
no julgamento do Recurso Especial nº 1.306.113/SC, em regime de recurso repetitivo, no sentido
de que o rol das atividades especiais constantes nos regulamentos de benefícios da Previdência
Social tem caráter exemplificativo "podendo ser tido como distinto o labor que a técnica médica e
a legislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o trabalho seja
permanente, não ocasional, nem intermitente, em condições especiais (art. 57, § 3º, da Lei

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8.213/1991)". Desta forma, deve ser mantida a sentença do Juiz a quo que concedeu a
aposentadoria especial à parte autora.Das questões acessóriasQuanto à data inicial do
benefício, observa-se a Lei 8.213/1991, que em seu art. 57, § 2º, c/c art. 49, I, “b”, dispõe que a
aposentadoria será devida a partir da data do requerimento (DER). Não havendo prévia
postulação administrativa, a aposentadoria a ser concedida é devida a partir da citação (REsp
1369165/SP, submetido ao rito do art. 543-C do CPC, DJe 07/03/2014).Caso a sentença tenha
fixado termo inicial mais benéfico à Autarquia Previdenciária, deve ela prevalecer diante da
ausência de insurreição recursal da parte autora postulando sua alteração, haja vista a
impossibilidade de reformatio in pejus.Prescreve em cinco anos, em caso de requerimento
administrativo, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver
prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social (Lei
8.213/1991, art. 103, parágrafo único, e Decreto 20.910/1932, art. 1º).Quanto aos
indexadores/índices de recomposição monetária e balizamento de juros de mora alusivos ao
período pretérito/vencido, para o fim – inclusive – de oportuna expedição de precatório/RPV na
fase própria (liquidação e cumprimento/execução), aplicam-se os índices/percentuais previstos no
Manual de Cálculos da Justiça Federal, sempre em sua “versão mais atualizada” em vigor ao
tempo do cumprimento/liquidação do julgado (até, portanto, a homologação dos cálculos).A
expressão “versão mais atualizada” se deve não apenas quanto às alterações legislativas, mas
mesmo do sentido formal, com o ora pré-autorizado influxo (em técnica de adoção de “cláusula
geral/aberta”) das eventuais supervenientes posições do STF e do STJ havidas (de já até lá),
sumuladas ou não, oriundas de “recurso repetitivo”, de “repercussão geral” ou de “controle
concentrado de constitucionalidade” (ADIN, ADC, ADPF), atendidas as possíveis modulações
temporais e circunstanciais, nada havendo de censurável em tal critério, que, antes o contrário,
curva-se à unidade do ordenamento, é preventivo, ponderado e eficiente.É que o art. 100 da
CF/88 irradia regra de necessária isonomia/igualdade, que afasta casuísmos de tempo/espaço no
trato do tema (flutuações jurisprudenciais), não podendo tais vetores (atualização monetária e
juros) serem definidos com oscilações indesejáveis que estabeleçam tratamentos díspares na
fixação das dívidas do Erário.É de se considerar-se, a necessidade de atenção aos vetores
estipulados pelo art. 926 do CPC/2015 (estabilidade, integridade e coerência da jurisprudência) e
de respeito à força normativa da Constituição Federal e à uniformidade da legislação federal.Em
tal mesma linha de argumentação, o (sempre polêmico) trato da atualização monetária ou dos
juros de mora entre a expedição do precatório ou da RPV e seu efetivo pagamento igualmente
seguirá, seja para os aplicar, seja para os repudiar, as definições do Manual de Cálculos em suas
versão então mais atualizada em tal instante, com o perpassar, pois, do paulatino palmilhar da
jurisprudência qualificada do STJ/STF (como acima detalhada).Nas causas ajuizadas perante a
Justiça Estadual, no exercício da jurisdição federal (CF/1988, art. 109, § 3º), o INSS está isento
das custas somente quando lei estadual específica prevê a isenção, o que ocorre nos estados de
Minas Gerais, Goiás, Rondônia e Mato Grosso. Em se tratando de causas ajuizadas perante a
Justiça Federal, o INSS está isento de custas por força do art. 4º, I, da Lei 9.289/1996,
abrangendo, inclusive, as despesas com oficial de justiça.Relativamente ao adiantamento da
prestação jurisdicional, seja em razão do cumprimento dos requisitos exigidos no art. 273 do
CPC, ou com fundamento no art. 461, § 3º, do mesmo Diploma, fica esta providência
efetivamente assegurada na hipótese dos autos, já que a conclusão daqui emergente é na
direção da concessão do benefício.O STJ (AgRg no AResp 384530/RJ) entende que "a correção
monetária e os juros de mora, como consectários legais da condenação principal, possuem
natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício", compreensão que o
CPC/2015, art. 491, reforça.Ante o exposto, nego provimento à apelação do INSS.É como
voto. Des. Fed. GILDA SIGMARINGA SEIXASRelatora

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DEMAIS VOTOS

RELATORA/Gabinete: Des. Fed. GILDA SIGMARINGA SEIXASAPELAÇÃO CÍVEL (198) n.


1008097-23.2018.4.01.3800 APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIALAPELADO: ADILSON DE MELO MARINHO
E M E N T APREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. APOSENTADORIA ESPECIAL.
COMPROVAÇÃO DA EXPOSIÇÃO A AGENTES AGRESSIVOS. AGENTE RUÍDO: EXPOSIÇÃO
ACIMA DO LIMITE DE TOLERÂNCIA LEGAL. ENQUADRAMENTO POR CATEGORIA
PROFISSIONAL: TORNEIRO MECÂNICO (EQUIPARAÇÃO). POSSIBILIDADE DE CONTAGEM
DIFERENCIADA. EXPOSIÇÃO PERMANENTE. DESNECESSIDADE. USO DE EPI.1. A
aposentadoria especial é devida ao segurado submetido a condições especiais de trabalho
prejudiciais a saúde ou a integridade física. O período de serviço especial obedece à legislação
vigente à época de sua efetiva prestação.2. (...) Para a demonstração da permanência e
habitualidade da atividade insalubre não é necessária a exposição ao agente agressivo durante
toda a jornada laboral, mas apenas o exercício de atividade, não ocasional, nem intermitente, que
o exponha habitualmente a condições especiais, prejudiciais à sua saúde ou integridade física, o
que restou devidamente demonstrado nos autos" (TRF1-T1, AC 0002143-55.2014.4.01.3508/GO,
Rel. Des. Fed. JAMIL ROSA, DJF1 de 29/08/2018).3. Quanto ao uso de Equipamento de
Proteção Individual - EPI, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do ARE 664335, com
repercussão geral reconhecida, assentou a tese de que, na hipótese de exposição do trabalhador
a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção
Individual – EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. (STF-Pleno,
RG-ARE 664335, Rel. Min. Luiz Fux, DFJe 12/02/2015.)4. A atividade de torneiro mecânico,
embora não esteja expressamente prevista nos decretos previdenciários como insalubre, é
enquadrável, por equiparação, às categorias listadas nos itens 2.5.2 e 2.5.3 e 2.5.1 dos Decretos
53.381/1964 e 83.080/1979 (trabalhadores nas indústrias metalúrgicas e
mecânicas).5.Comprovada a exposição do segurado a agente nocivo, na forma exigida pela
legislação previdenciária aplicável à espécie, possível reconhecer-se a especialidade da atividade
laboral por ele exercida.6. Apelação do INSS não provida.A C Ó R D Ã ODecide a Turma, por
unanimidade, negar provimento à apelação. Des. Fed. GILDA SIGMARINGA SEIXASRelatora

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