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INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA

CAMPUS – JOÃO PESSOA


CURSO: ENGENHARIA ELÉTRICA
CÁLCULO NUMÉRICO – 2020.2
Pesquisa de Tema 6

Prof. Paulo Henrique da Fonseca Silva

ALUNOS: FABRÍCIO DA SILVA LEITÃO


GUILHERME COSTA DE ARAUJO
ILDJA VIVIANE DE QUEIROZ

Pesquisa de Tema 6 - Aplicações de Equações Diferenciais

JOÃO PESSOA
2021
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1. Pesquise sobre aplicações práticas de equações diferenciais ordinárias e descreva no


mínimo três aplicações encontradas de problemas de valor inicial (PVI) de primeira e
segunda ordem (mínimo um). Em cada caso, descreva a formulação do problema por
meio de EDOs, as condições iniciais utilizadas e o método de solução aplicado.
Apresente a solução obtida em cada caso (gráfico da função (solução) obtida).

Aplicação 01 – Em casos de dilatação térmica causada pela variação de temperatura no


condutor. Relatos do estudo de MIOTTO et al., (2013) que cita que em um dia de
inverno, um condutor da rede elétrica com comprimento de 101 m foi aquecido pelo sol
durante o dia até uma temperatura de 55º C. Durante noite a temperatura ambiente era
de -5º C, a partir das 20 horas. Às 22 horas mediu-se a temperatura no condutor, ela
passou a ser 20ºC. Supõe-se que o condutor voltará a ser aquecido pelo sol às 6 horas da
manhã seguinte. Busca-se calcular a dilatação térmica causada pela variação de
temperatura no condutor durante a noite (20 horas - 6 horas). (Utilizar o coeficiente de
dilatação linear do aço sendo 1,1x10- 5
°C-1). Solução: Obtendo do problema as
condições de contorno, que são restrições adicionais de um sistema de equações
diferenciais 20 horas  T(2) = 20 (**)
Da modelagem de resfriamento proposta por Newton, temos:
dT
=−K (T −Tm)
dt
Utilizando o método de separação de variáveis e integrando:
dT
∫ =− ∫ Kdt ,
T −Tm
ln|T - Tm| = -Kt + c,
|T - Ta| = e-Kt + c,
T = -5 + c.ekt.
Utilizando a condição de contorno (*):
T(0) = -5 + c.e-k0,
55 = -5 + c,
c = 60.
Agora, utilizando a condição de contorno (**):
T(2) = -5 + 60.e-k2,
20 = -5 + 60.e-k2,
3

1 25
k= . ln ,
2 60
k = 0,4377.
Da equação de temperatura, obtemos:
T(t) = -5 + 60.e-0,4377.
Temperatura final:
T(10) = -5 + 60.e-0,4377.
T(10) = -4,2462.
Dilatação:
ΔT = Tfinal – Tinicial,
ΔT = -4,2462 – 55,
ΔT = -59,2462.
Agora se calcula a variação no comprimento do fio mediante a variação térmica
ocorrida sobre ele:
Δl = α.l0.Δt
Δl = 1,1x10-5.101,59,2462
Δl = 65,922 m
Com base na função descrita, podemos levantar o gráfico q de temperatura em relação
ao tempo:
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Aplicação 2 – Aplicado em circuitos elétricos, como mencionado por Bronson e


Costa (2008), p.80. Os autores utilizaram EDO para descobrir a corrente no circuito no
instante de tempo. Desta forma, os autores se depararam com um circuito RC que tem
uma 𝑓𝑒𝑚 (em volts) de 400cos2t, uma resistência de 100 ohms, e uma capacitância de
10−2 farad. Inicialmente, não existe carga no capacitor. Primeiramente foi determinada a

dq
carga 𝑞 e em seguida a definição de 𝑖 = , para obter a corrente.
dt
Neste caso, temos 𝐸 = (400cos2𝑡).𝑉, 𝑅 = 100𝛺 e 𝐶 = 10−2𝐹; logo, a equação
pode ser escrita como:
dq
+ q = 4cos2t,
dt
Essa equação é linear de 1ª ordem e tem como método de solução o fator
integrante. Temos 𝜇(𝑡) = 𝑒 ∫1𝑑𝑡 → 𝜇(𝑡) = 𝑒𝑡. Multiplicando a equação a descrita por 𝜇(𝑡),
obtemos:

dq
 𝑒𝑡. + 𝑒𝑡.q = 𝑒𝑡.4cos2t
dt
5

d
 (q.𝑒𝑡) = 𝑒𝑡.4cos2t
dt
 Integrando em relação a t  𝑞.𝑒𝑡 = ∫𝑒𝑡.4𝑐𝑜𝑠2𝑡𝑑𝑡
 Aplicando integral por partes  ∫𝑒𝑡.4𝑐𝑜𝑠2𝑡𝑑𝑡 = 𝑐𝑜𝑠2𝑡.𝑒𝑡 + ∫2𝑒𝑡.𝑠𝑒𝑛2𝑡.
8 4
 Aplicando integral por partes  ∫𝑒𝑡.4𝑐𝑜𝑠2𝑡𝑑𝑡 = sen2𝑡.𝑒𝑡 + cos2𝑡.𝑒𝑡 + C.
5 5
8 4
 Substituindo equações  q.et = sen2𝑡.𝑒𝑡 + cos2𝑡.𝑒𝑡 + C.
5 5
8 4
 q(t) = sen2𝑡 + cos2𝑡 + Ce-t.
5 5
8 4 4
 Em 𝑡 = 0, temos 𝑞 = 0, logo  0 = sem (2.0) + cos (2.0) + Ce-0  - .
5 5 5
8 4 4
 Aplicando o valor de 𝐶 na equação, temos  q(t) = sen2𝑡 + cos2𝑡 - e-t.
5 5 5
dq
 Para encontrar a corrente utilizamos a definição de 𝑖 = , obtendo assim:
dt
16 8 4
 i(t) = cos2𝑡 - sen2𝑡 + e-t.
5 5 5
 Assim teremos o gráfico:

Aplicação 3 – Aplicando em circuitos RCL conectado em série como realizado por


Bronson e Costa (2008), p.143. Os autores utilizaram EDO para descobrir a carga
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subsequente no capacitor e a corrente no circuito. A problemática em questão abordava


um com 𝑅 = 6 ohms, 𝐶 = 0,02 farad e 𝐿 = 0,1 henry com uma tensão aplicada 𝐸(𝑡) = 6
volts. Admitindo que não haja corrente inicial nem carga inicial em 𝑡 = 0 quando a
tensão é inicialmente aplicada. Desta forma temos:

0,1.(𝑑2𝑞/𝑑𝑡2) + 6.(𝑑𝑞/𝑑𝑡) + (1/0,02).𝑞 = 6  𝑞′′ + 60𝑞′ + 500𝑞 = 60

Esta equação é linear de 2ª ordem não-homogênea com seus coeficientes


constantes. Utilizaremos o método dos coeficientes indeterminados para encontrar sua
solução. Primeiramente determinaremos a equação complementar e posteriormente a
equação particular associada a equação. A solução geral será dada pela soma da equação
complementar com a equação particular.
 𝑞′′ + 60𝑞′ + 500𝑞 = 0 (equação homogênea associada)
 𝑟2 + 60𝑟 + 500 = 0 (equação característica associada)
O discriminante da equação é dado por:
 ∆= 𝑏2 − 4𝑎𝑐
 ∆= 602 − 4.1.500
 ∆= 1600.  As raízes associadas são 𝑟 ′ = −50 e 𝑟 ′′ = −10.
Logo, a equação complementar é dada por:
 𝑞𝑐(𝑡) = 𝐶1𝑒 −50𝑡 + 𝐶2𝑒 −10𝑡.
Agora, vamos supor uma solução particular:
 𝑞𝑝(𝑡) = 𝐴.
Devemos ter derivando:
 𝑞𝑝’(𝑡) = 0
 𝑞𝑝”(𝑡) = 0.
3
Substituindo  0 + 60.0 + 500.𝐴 = 60  A = .
25
3
Substituindo o valor de 𝐴, teremos 𝑞𝑝(𝑡) = .
25
3
Assim teremos como solução geral: 𝑞(𝑡) = 𝐶1𝑒−50𝑡 + 𝐶2𝑒−10𝑡 + .
25
3 3
Aplicando as condições iniciais 𝑞(0) = 0 e 𝑞′(0) = 0, obtemos 𝐶1 = e 𝐶2 = − .
100 20
7

3 −50𝑡 3 −10𝑡 3
Logo, 𝑞(𝑡) = 𝑒 − 𝑒 + .
100 20 25
dq
Para encontrar a corrente basta usar a definição de que 𝑖(𝑡) = , obtemos assim:
dt
3 −50𝑡 3 −10𝑡
 𝑖(𝑡) = − 𝑒 + 𝑒
2 2
 Assim teremos o gráfico:

O presente trabalho, foi desenvolvido a fim de despertar uma maior motivação


de alunos no estudo de equações diferenciais. Foram expostas aplicações na engenharia,
reafirmando sua importância na área. No material abordamos aplicações na dilatação
térmica causada pela variação de temperatura no condutor e mais duas aplicações em
circuitos elétricos com os tipos de circuito mais utilizados. Por fim, apresentamos a
resolução do conteúdo através de métodos de resolução de equações diferenciais (EDO).
Com isso, mostramos a importância das equações diferencias dentro dos estudos e sua
significância dentro da resolução de problemas nessa área.
Em relação a primeira aplicação, a variação da temperatura no fio foi de
-59,2462°C, se não tivéssemos resolvido tal problema com EDO, essa temperatura
deveria ter sido superdimensionada para -60,0°C, pois não teríamos um valor mais
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preciso da variação, o que retiraria a exatidão de nossos resultados. É importante


ressaltar também que o perfil da mudança de temperatura não é linear e sim
exponencial, dessa forma tanto a variação da temperatura quanto a dilatação não serão
lineares. Podemos concluir também que com o levantamento da curva de variação de
temperatura temos a capacidade de descrever a dilatação de uma forma mais concreta,
do que somente levando em consideração a temperatura ambiente. O fenômeno de
dilatação obtido foi relativamente pequeno, próximo a 65,9226 mm (milímetros) para os
101 metros de cabo. Com relação a essa dilatação, segundo estudos de mecânica, se
ocorrer sucessivas vezes pode significar problema, pois com a contração e alargamento
ou contração excessiva do cabo, o mesmo pode vir a se romper causando danos em
larga escala.

EXTRA: Só por curiosidade, observamos uma aplicação que não é na área da


engenharia, mas que nos chamou atenção e resolvemos aborda-la como aplicação extra:
Equações de Edo são aplicáveis em solução de crimes. A função do perito
criminal é checar local, realizar busca e fazer um reconhecimento no ambiente para
encontrar soluções para os casos que estão sendo investigados. Quando o profissional
termina todos procedimentos corretos é hora de ser feito o laudo pericial, este laudo
deverá constar no inquérito de determinado crime e deve ser composto por imagens do
corpo, do local e de outras evidencias. Como é dividido em etapas, o laudo deve contar
com a chamada qualificação da vítima, onde será revelada as condições que foram
encontradas, o local e a dimensão do ferimento que a levaram a óbito. Outras etapas
ainda são encontradas dentro do laudo pericial como “Realidade da morte”, neste
momento será explicado a causa da morte, “identificação” que informa em qual estágio
da vida a vítima se encontrava o sexo do cadáver, a cor, biótipo normolíneo (altura),
estado de nutrição eutrófico do indivíduo, compleição, tipo de cabelos, cor dos olhos, e
por fim as características dos dentes. Também consta no laudo a chamada “vestes”, que
relata com detalhes com quais roupas a vítima foi encontrada e quais a características
das mesmas. Outra parte importante é o “exame externo” que visa esclarecer quais as
lesões sofridas pela vítima e por qual objeto elas foram provocadas. Diante do que foi
exposto, podemos observar que a medicina legal por meio do perito oferece dados
necessários para que haja uma aplicação real da lei de resfriamento proposta por
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Newton, uma vez que a mesma necessita da temperatura do corpo no momento em que
ele foi encontrado e do horário exato no qual o médico fez essa medição. Desta forma,
observamos que a Equação Diferencial Ordinária de maneira separável é uma
ferramenta que pode ser utilizada na solução de crimes. Nesse contexto, temos como
exemplo prático e corriqueiro da aplicação da EDO, no âmbito da perícia criminal a
solução de crime, isto ocorre pois através de cálculos feitos com os dados colhidos
conseguimos não apenas descobrir a hora da morte, mas também quem será o culpado.
Por exemplo, em uma cidade X, ocorreu um assassinato durante a madrugada, segundo
alguns moradores, foram ouvidos tiros em dois horários diferentes, sendo o primeiro as
02h:30 min da madrugada e o outro disparo as 04h:40 min, o corpo só foi encontrado
pelos policiais as 07 h da manhã, como a polícia poderá determinar a hora da morte?
Para que esse crime seja solucionado o perito deverá colher duas informações
necessárias, a temperatura do corpo no momento em que ele foi encontrado e a
temperatura ambiente, com esses dados em mãos o perito através de uma EDO de
primeira ordem conseguirá determinar o horário exato em que houve o homicídio.
Problema proposto: (SILVA, 2010) O corpo de uma vítima de assassinato foi
encontrado às 22 horas. Às 22h e 30min o perito criminal chegou e imediatamente
tomou a temperatura do cadáver, que era de 32,5°C. Uma hora mais tarde, tomou a
temperatura outra vez e encontrou 31,5°C. A temperatura do ambiente foi mantida
constante a 16,5°C. Devemos admitir também que a temperatura normal de uma pessoa
viva seja, aproximadamente, de 36,5°C. É possível determinar a hora aproximada em
que essa pessoa veio a óbito? Para responder a esta pergunta vamos analisar todas as
informações citadas.
Tabela 1. Horário de medições e temperatura do corpo
Horário das medições Temperatura do Corpo
Hora do óbito? T = 36,5ºC
22h30min T = 32,5ºC
23h30min T = 31,5ºC
Fonte: Silva (2010).
Como parâmetros temos:
T – a temperatura do corpo
Ta – a temperatura do ambiente
Temos então o tempo inicial a primeira medição da temperatura T 0 = 32,5ºC
quando t = 0, então, Ta = 16,5ºC.
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T(0) = 32,5ºC (tempo em que o perito efetuou a 1ª medição da temperatura).


𝑇(1) = 31,5 ° (tempo em que o perito efetuou a 2ª medição da temperatura).
A função que determina a temperatura aproximada de um corpo em relação ao
tempo é dada por:
T(t) = Ta + (T0 – Ta)e-kt,
T(t) = 16,5 + (32,5 – 16,5)e-kt,
T(t) = 16,5 + 16e-kt
Assim, no instante em que t = 1, temos:
T(1) = 16,5 + 16e-kt,
31,5 = 16,5 + 16e-kt,
e-k = 15/16.
Resolvendo esta equação exponencial, temos que,
lne-k = ln(15/16),
-k.ln e = ln(15/16),
-k.1 = ln(15/16),
k = 0,0645385.
E dessa forma a função que determina a temperatura do corpo em qualquer instante é
T(t) = 16,5 + 16e-0,0645385t
Assim, para determinarmos o horário em que o individuo veio a óbito, substituimos T =
36,6ºC na função:
T(t) = 16,5 + 16e-0,0645385t,
36,5 = 16,5 + 16e-0,0645385t,
e-0,0645385t = 20/16,
ln e-0,0645385t = ln(20/16),
-0,0645385t = ln(20/16),
20
ln ⁡( )
t≈ 16 ≈ -3,4575 horas ou – 3h:27min.
0,0645385
Como o perito realizou a primeira medição de temperatura as 22h:30min, podemos
concluir que o individuo veio a óbito 3h:27min atras. Logo, a hora aproximada do óbito
ocorreu por volta das 19h03min.

REFÊRENCIAS:
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BRONSON, Richard; COSTA, Gabriel. Equações Diferenciais. 3. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2008.

MIOTT, C.M.; CARGNELUTTI, J.; MACHADO, V.M. APLICAÇÕES DAS


EQUAÇÕES DIFERENCIAIS NA MODELAGEM MATEMÁTICA DA
DILATAÇÃO/CONTRAÇÃO TÉRMICA DE CABOS DA REDE ELÉTRICA.
UTFPR I Semana da Matemática da UTFPR – Toledo, 18 a 22 de novembro de 2013.
Disponível em: <https://docplayer.com.br/20002773-Aplicacoes-das-equacoes-
diferenciais-na-modelagem-matematica-da-dilatacao-contracao-termica-de-cabos-da-
rede-eletrica-resumo.html> Acesso em: 26 de Abr de 2021.

SILVA, Jair Sandro Ferreira da. SOBRE O PROBLEMA DA VARIAÇÃO DE


TEMPERATURA DE UM CORPO. Disponível em:<
https://periodicos.univag.com.br/index.php/CONNECTIONLINE/article/view/123/372
>. Acesso em: 26 de Abr. de 2021.

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