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Disciplina:
Direito das Relações de Consumo
Docente:
Geraldo Calazans
Discentes:
Itabuna, BA
2021
Beatriz Souza Bittencourt
Diana Queiroz Menezes
Diego Alves do Carmo
Eduarda Machado de Souza
Emilly Nunes dos Santos
Ilka Pinheiro Cruz
Ismael de Queiroz Santos
Wellington Ribeiro Silva
Itabuna, BA
2021
Resumo
O presente trabalho propõe uma visão acima da atual realidade enfrentada pelas empresas e
consumidores mediante ao cenário pandemico referente a COVID-19. Considera -se importante as
discussões sobre o assunto visto a necessidade de compreender como a pandemia interferiu na relação
de consumo e quais mecanismos foram utilizados para que os direitos do consumidor fossem
mantidos de acordo com a nova realidade do país. Em geral objetiva-se compreender as dificuldades
enfretadas pelos consumidores e empresas e quais caminhos tomados para solucionar os conflitos,
observando os efeitos da pandemia enquanto ao consumo e analisando os processos enfrentados
durante esta crise. A coleta de dados foi feita a partir de pesquisa quantitativa através de pesquisas em
sites, artigos, revistas eletrônicas e jurisprudência.
Abstract
Beatriz Souza Bittencourt; Diana Queiroz Menezes; Diego Alves do Carmo;
Eduarda Machado de Souza; Emilly Nunes dos Santos; Ilka Pinheiro Cruz; Ismael de Queiroz Santos
This paper proposes a vision above the current reality faced by consurmers through the pandemic
scenario referringo to COVID-19. Discussions on the subject are considered important given the need
to understand how the pandemic interfered in the relationship between business and consumer. In
general, the objective is to understand the devastating effects and difficulties faced during this crisis.
Data Collection was made from quantitative research through searches on websites and electronic
journals.
Desta forma, o posicionamento que vem sendo adotado pela Secretaria Nacional
do Consumidor (Senacon) - responsável pelo planejamento, elaboração, coordenação e
execução da Política Nacional das Relações de Consumo -, ao emitir notas técnicas
esclarecendo as consequências e efeitos jurídicos nas relações de consumo neste
período, é condizente com o cenário econômico que o mundo inteiro vem
experimentando, incluindo o Brasil, o qual nunca foi então vivido: pessoas sendo
privadas de sua liberdade de ir e vir e empresários sendo impedidos de exercerem sua
atividade, e tudo de uma hora para outra. No atual cenário, a imposição de todos os
prejuízos para apenas um dos lados da relação - seja para os consumidores, seja para os
fornecedores - não favorece a ninguém e é injusta. A situação é difícil e implica desafios
sem precedentes, de um lado, os consumidores não podem ficar
Figura 1
Fonte: JusBrasil, 2021.
Neste a preliminar foi rejeitada pelo motivo da viagem ter sido rejeitada por
motivos sanitários devido à pandemia. Este é um caso evidente de um dos problemas
enfrentados pela empresa e pelo consumidor, uma parte por ser cobrada por uma decisão
imposta pelas autoriades (no caso citado, vigilância sanitária), e a pela frustação do
cancelamento da viagem.
Sendo assim, visando a mitigação dos impactos econômicos neste setor, a
Senacon emitiu nota à imprensa recomendando que as companhias aéreas, hotéis e de
agências de turismo permitissem a remarcação das viagens pelos consumidores sem
custos adicionais. Entretanto, também recomendou aos consumidores que hajam com
prudência, para evitar pedidos de reembolso sem qualquer tentativa de remarcação da
viagem, considerando que "uma crise no setor hoteleiros e de aviação poderá trazer
impactos futuros à economia".
Outro setor fortemente afetado foi o de turismo e cultura, muitos eventos foram
cancelados e sem previsão para remarcação, ou em caso de remarcação incompatível
com a disponibilidade do cliente e/ou empresa responsável, como exemplo a ementa
abaixo referente a figura 2.
Figura 2
Essa é uma situação em que o recurso foi provido devido à situação de que o
autor não teria condições de estar presente na data disponibilizada pela empresa, neste
caso não há possibilidade de remarcação.
Na Nota Técnica nº 2/2020, o Senacon urge a todos que atuem com bom
senso e prudência neste momento, "evitando-se medidas que não encontram respaldo
jurídico e que podem prejudicar, no médio e longo prazo,
A aplicação da suspensão ao direito de arrependimento disciplinado no art. 49, que antes era
genérica e abrangia in totum, agora restringe-se à entregas delivery de produtos perecíveis ou de
consumo imediato e medicamentos. A possibilidade de desistir do contrato ou do ato de
recebimento do produto ou serviço foi mantida, em sua maioria. Mesmo em meio ao cenário atípico
em que vivemos.
A pandemia causada pelo novo corona vírus ocasionou diversos dissabores a vida e a rotina
de todos os brasileiros. Alterou de maneira drástica trabalhos, eventos planejados, viagens, cursos,
estudos, as compras, dentre outras situações. Claro que a maioria dos consumidores acabaram
confusos e cheios de dúvidas sobre como proceder, afinal, não foram poucas as restrições que o
Poder executivo determinou, restringindo a circulação de várias pessoas, determinando que
fechassem os estabelecimentos, minimizando o contato social, priorizando o isolamento. A intenção
por trás dessas medidas sempre buscou tornar mínimo o contágio do vírus, visando o bem coletivo,
para que este não entrasse em colapso.
Entretanto, surgiram no ar os seguintes questionamentos: o que fazer quando um evento já
havia sido pago? Ou sobre eventos como casamentos, formaturas, viagens, dentre outras
cerimonias, que são previamente agendadas? O Código de Defesa do Consumidor, ante situações
excepcionais, prevê a modificação ou revisão de cláusulas contratuais.
Na situação em questão, uma pandemia, que se enquadra como uma situação de força
maior, o consumidor torna-se a parte mais vulnerável de uma relação, quando as cláusulas se
tornam excessivamente onerosas (art. 6º, V). Observado o cenário atual, Ante a impossibilidade de
não poder cumprir com o contratado, o fornecedor, prestador de serviço e o consumidor devem
repactuar o contrato, reembolsando ou adiando quaisquer eventos.
Em 08 de abril de 2020, foi publicada a medida provisória de nº 948, em seu artigo 2º
discorre sobre quais procedimentos tomar em relação a eventos, serviços ou reservas, tanto
consumidores, quanto prestadores ou fornecedores de serviço. In verbis:
Art. 2º Na hipótese de cancelamento de serviços, de reservas
e de eventos, incluídos shows e espetáculos, o prestador de serviços
ou a sociedade empresária não serão obrigados a reembolsar os
valores pagos pelo consumidor, desde que assegurem:
I – a remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos
cancelados;
II – a disponibilização de crédito para uso ou abatimento na
compra de outros serviços, reservas e eventos, disponíveis nas
respectivas empresas; ou
III – outro acordo a ser formalizado com o consumidor.
1º as operações de que trata o caput ocorrerão sem custo
adicional, taxa ou multa ao consumidor, desde que a solicitação
seja efetuada no prazo de noventa dias, contado da data de
entrada em vigor desta Medida Provisória.
2º O crédito a que se refere o inciso II do caput poderá ser
utilizado pelo consumidor no prazo de doze meses, contado da
data de encerramento do estado de calamidade pública
reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 2020.
3º na hipótese do inciso I do caput, serão respeitados:
I – a sazonalidade E os valores dos serviços originalmente
contratados; e
II – O prazo de doze meses, contado da data de
encerramento do estado de calamidade pública reconhecido pelo
Decreto Legislativo nº 6, de 2020.
4º na hipótese de impossibilidade de ajuste, nos termos
dos incisos I a III do caput, o prestador de serviços ou a sociedade
empresária deverá restituir o valor recebido ao consumidor,
atualizado monetariamente pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo Especial – IPCA-E, no prazo de doze meses,
contado da data de encerramento do estado de calamidade
pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 2020.
Inicialmente, cabe ressaltar que devido a pandemia, o cenário econômico e financeiro, para
muitas pessoas se tornou totalmente incerto, em que os consumidores receosos e prejudicados
financeiramente, tiveram que optar pelo cancelamento de contratos/contratados já efetivados. Dessa
forma, vários foram os setores atingidos por tais situações, como por exemplo: escolas, faculdades,
academias, creches, pacotes de turismo, passagens aéreas, hotéis, cursos de idiomas, contratos de
aluguel, planos de saúde, dentre outros.
Sendo assim, tal ação por parte dos consumidores frente este cenário corroborou para os
questionamentos acerca da obrigatoriedade de resolução desses contratos e sobre a possibilidade ou
não de devolução dos valores já pagos ao fornecedor de produtos e/ou serviços, além da legalidade
na aplicação de multas pelo cancelamento.
Desta forma, buscando sanar e minimizar os efeitos, decisões e medidas foram
proferidas e tomadas, no que diz respeito a essa relação entre consumidor e fornecedor. Dessa
forma, vários foram os setores que sofreram os impactos dessa judicialização no decorrer da
pandemia.
O setor da aviação, foi sem dúvidas, um dos mais afetados pelo novo corona vírus. A última
vez que enfrentou uma crise semelhante foi em 2003. Em grande parte, desconhecida pelos
profissionais da aviação na América do Sul, a epidemia de SARS custou às transportadoras Asia
Pacific cerca de 6 bilhões de dólares (IATA), o que correspondeu a 35% de suas receitas. As
companhias aéreas norte-americanas perderam US $ 1 bilhão, enquanto as transportadoras
europeias permaneceram inalteradas. Desta vez é diferente por muitas razões. Enquanto lidam com
uma doença mais grave, as companhias aéreas enfrentam um mundo ainda mais conectado,
fortemente dependente de viajantes internacionais.
Em março de 2020,por exemplo, houve uma queda maciça de 82% no número de
passageiros nos voos para o Brasil, em uma base ano a ano. Ao mesmo tempo, o mercado
doméstico sofreu uma redução de -52.7%. Os menos afetados foram os voos não regulares, com
queda de -51.1% no número de passageiros transportados. Com a duração da pandemia, o quadro
no setor, se agravou ainda mais.
Fato evidente é que a atual crise que abarca consumidores e fornecedores caminham para um
processo de judicialização que tende a abarrotar ainda mais o Poder Judiciário para dirimir questões
contratuais, seja na esfera cível ou consumerista.
Em setores como a aviação os impactos de judicialização já renderam decisões de Tribunais no
sentido de que os cancelamentos de contratos de aquisição de passagens aéreas devem não impor
aos consumidores o ônus do pagamento de multas e taxas quando da devolução dos valores.
Decisões nesse sentido encontraram respaldo na recomendação do Ministério Público
Federal (MPF) à Agencia Nacional de Aviação Civil (ANAC) de que expedisse ato normativo que
assegurasse aos consumidores a possibilidade de cancelamento sem ônus de passagens aéreas
nacionais e internacionais para destinos atingidos pelo COVID-19, para passagens adquiridas até o
dia 09/03/2020. Outra medida recomendada é a possibilidade de remarcação de passagens no prazo
de até 12 (doze) meses.
Dessa forma, diante do estado emergencial um dos primeiros setores e mais afetados com a
pandemia foi o transporte aéreo, na medida em que os consumidores passaram a solicitar o
cancelamento, remarcação de voos e até mesmo o reembolso de passagens aéreas. Pensando nesse
impacto foi publicada uma Medida Provisória de nº. 925 de 19/03/2020 no Diário Oficial, a qual
estabeleceu regras emergenciais para a aviação civil brasileira para voos contratados até 31 de
dezembro de 2020 que garante ao consumidor o ressarcimento dos valores pagos nas passagens
aéreas, mas para recebimento em até 12 (doze) meses contado da data do voo contratado.
Diante da importância das disposições da medida provisória, a mesma foi convertida na Lei
nº 14.034, de 2020, lei que dispõe sobre medidas emergenciais para a aviação civil brasileira em
razão da pandemia da Covid-19; e altera as Leis nos 7.565, de 19 de dezembro de 1986, 6.009, de 26
de dezembro de 1973, 12.462, de 4 de agosto de 2011, 13.319, de 25 de julho de 2016, 13.499, de
26 de outubro de 2017, e 9.825, de 23 de agosto de 1999.
Sendo assim, a referida lei traz nos seus primeiros artigos as seguintes disposições:
“Art. 1º Esta Lei prevê medidas emergenciais para atenuar
os efeitos da crise decorrente da pandemia da Covid-19 na
aviação civil brasileira.
Art. 2º As contribuições fixas e variáveis com vencimento
no ano de 2020 previstas em contratos de concessão de
aeroportos firmados pelo governo federal poderão ser pagas até o
dia 18 de dezembro de 2020, com atualização monetária calculada
com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Parágrafo único. É vedado ao governo federal promover o
reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos referidos
no caput deste artigo em decorrência exclusivamente do
adiamento dos pagamentos de que trata este artigo.
Art. 3º O reembolso do valor da passagem aérea devido
ao consumidor por cancelamento de voo no período compreendido
entre 19 de março de 2020 e 31 de dezembro de 2020 será
realizado pelo transportador no prazo de 12 (doze) meses,
contado da data do voo cancelado, observadas a atualização
monetária calculada com base no INPC e, quando cabível, a
prestação de assistência material, nos termos da regulamentação
vigente.
§ 1º Em substituição ao reembolso na forma prevista
no caput deste artigo, poderá ser concedida ao consumidor a
opção de receber crédito de valor maior ou igual ao da passagem
aérea, a ser utilizado, em nome próprio ou de terceiros, para a
aquisição de produtos ou serviços oferecidos pelo transportador,
em até 18 (dezoito) meses, contados de seu recebimento.
§ 2º Se houver cancelamento de voo, o transportador deve
oferecer ao consumidor, sempre que possível, como alternativa ao
reembolso, as opções de reacomodação em outro voo, próprio ou
de terceiros, e de remarcação da passagem aérea, sem ônus,
mantidas as condições aplicáveis ao serviço contratado.
§ 3º O consumidor que desistir de voo com data de início
no período entre 19 de março de 2020 e 31 de dezembro de 2020
poderá optar por receber reembolso, na forma e no prazo previstos
no caput deste artigo, sujeito ao pagamento de eventuais
penalidades contratuais, ou por obter crédito de valor
correspondente ao da passagem aérea, sem incidência de
quaisquer penalidades contratuais, o qual poderá ser utilizado na
forma do § 1º deste artigo.
§ 4º O crédito a que se referem os §§ 1º e 3º deste artigo
deverá ser concedido no prazo máximo de 7 (sete) dias, contado
de sua solicitação pelo passageiro.”
É necessário pontuar ainda, que apesar da intenção do legislador com a lei 14.034/2020, a
opinião da doutrina é totalmente oposta. Maria Luiza Baillo Targa que é doutoranda e mestre em
Direito do Consumidor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, especialista em Direito
Francês e Europeu dos Contratos pela Université Savoie Mont Blanc, em Direito do Consumidor e
Direitos Fundamentais pela UFRGS e em Direito Público pelo UniCEUB, e Luciana Atheniense
que é advogada especialista em Direito do Turismo e relações de consumo, em uma opinião
concedida ao prestigiado site web “Consultor Jurídico” (conjur.com.br) ambas demonstraram
bastante insatisfeitas com a lei. 2.6.3 Consumidores usuários plano de saúde
Outra questão importante e que tem gerado dúvidas aos consumidores é em relação aos
Planos de Saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) adotou medida para que as
operadoras de planos de saúde priorizem os casos relacionados ao COVID-19, de modo a não
acarretar nenhum prejuízo à vida ou à saúde dos demais usuários - principalmente nos casos de
urgência ou emergência - haja vista uma situação atípica e que demanda um cuidado diferenciado.
Nos casos do COVID-19, a Agência Nacional de Saúde Suplementar, por meio da
Resolução Normativa 453/2020, incluiu no rol de procedimentos obrigatórios a realização de
exames para detecção de Coronavírus nos usuários dos planos de saúde, não podendo sujeitar o
consumidor à negativa de cobertura do exame ou de atendimento, principalmente nas questões mais
urgentes.
Importante pontuar, ainda, a constante preocupação dos consumidores usuários de
3. CONCLUSÃO