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REDE

Disciplina:
Direito das Relações de Consumo

Docente:
Geraldo Calazans

Discentes:

Beatriz Souza Bittencourt


Diana Queiroz Menezes
Diego Alves do Carmo
Eduarda Machado de Souza
Emilly Nunes dos Santos
Ilka Pinheiro Cruz
Ismael de Queiroz Santos
Wellington Ribeiro Silva

COMO A RELAÇÃO DE CONSUMO PRECISOU SER


RENOVADA MEDIANTE À PANDEMIA DO NOVO
CORONAVÍRUS (COVID-19)

Itabuna, BA
2021
Beatriz Souza Bittencourt
Diana Queiroz Menezes
Diego Alves do Carmo
Eduarda Machado de Souza
Emilly Nunes dos Santos
Ilka Pinheiro Cruz
Ismael de Queiroz Santos
Wellington Ribeiro Silva

COMO A RELAÇÃO DE CONSUMO PRECISOU SER


RENOVADA MEDIANTE À PANDEMIA DO NOVO
CORONAVÍRUS (COVID-19)

Trabalho referente à disciplina de Direito das


Relações de Consumo, a ser entre ao professor
Geraldo Calasans com finalidade avaliativa.

Itabuna, BA
2021
Resumo

Beatriz Souza Bittencourt; Diana Queiroz Menezes; Diego Alves do Carmo;


Eduarda Machado de Souza; Emilly Nunes dos Santos; Ilka Pinheiro Cruz; Ismael de Queiroz Santos

O presente trabalho propõe uma visão acima da atual realidade enfrentada pelas empresas e
consumidores mediante ao cenário pandemico referente a COVID-19. Considera -se importante as
discussões sobre o assunto visto a necessidade de compreender como a pandemia interferiu na relação
de consumo e quais mecanismos foram utilizados para que os direitos do consumidor fossem
mantidos de acordo com a nova realidade do país. Em geral objetiva-se compreender as dificuldades
enfretadas pelos consumidores e empresas e quais caminhos tomados para solucionar os conflitos,
observando os efeitos da pandemia enquanto ao consumo e analisando os processos enfrentados
durante esta crise. A coleta de dados foi feita a partir de pesquisa quantitativa através de pesquisas em
sites, artigos, revistas eletrônicas e jurisprudência.

Palavra- chave: Covid-19. Consumidor. Pesquisa quantitativa.

Abstract
Beatriz Souza Bittencourt; Diana Queiroz Menezes; Diego Alves do Carmo;
Eduarda Machado de Souza; Emilly Nunes dos Santos; Ilka Pinheiro Cruz; Ismael de Queiroz Santos

This paper proposes a vision above the current reality faced by consurmers through the pandemic
scenario referringo to COVID-19. Discussions on the subject are considered important given the need
to understand how the pandemic interfered in the relationship between business and consumer. In
general, the objective is to understand the devastating effects and difficulties faced during this crisis.
Data Collection was made from quantitative research through searches on websites and electronic
journals.

Keyword: Covid-19. Consumer. Quantitative research


1. Introdução

A pandemia do Coronavírus (COVID-19), em razão de seu alto grau de contágio,


disseminou-se por todo o planeta. Imprevisível e inimaginável que um vírus, nascido do
outro lado do Mundo, na China, provocasse eventos de tamanha magnitude no mercado
econômico global.
A pandemia é considerada uma situação extraordinária e por isso, uma série de
dispositivos do Código de Defesa e Proteção do Consumidor podem ser utilizados para
garantir que os consumidores não saiam prejudicados. Os destaques dos direitos do
consumidor afetados estão relacionados, por exemplo, com o cancelamento de viagens
aéreas, marítimas, terrestres e hotéis, abuso de preços (álcool gel e máscaras), limite de
compra de produtos, isso sem falar em mensalidades de planos de saúde,
escolas/universidades, academias.
A Constituição Federal prevê no rol dos direitos e deveres individuais e
coletivos a necessidade de proteção ao consumidor por meio do Estado. (art. 5º,
XXXII). A Lei 8.078/90 instaurou um microssistema jurídico com o objetivo de
proteger o consumidor nas relações de consumo.
Tendo em vista a atual situação, a lei 14.010/2020, sancionada em 10 de junho
de 2020, instaurou o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas
de Direito Privado (RJET) durante o período da pandemia do covid-19, dando enfoque
especial às modificações trazidas no Direito do Consumidor.

2. A influência do Covid-19 nas Relações de Consumo


É nítido que o mundo jamais será mais o mesmo após o Covid-19. O momento
vivido pela sociedade é excepcional. Não há registros de um episódio como a pandemia
da Covid-19 que tenha interferido tão forte nas relações contratuais e comerciais ao
mesmo tempo. Desta maneira, diante de um evento imprevisível e extraordinário, que
se configura como força maior, como diz os termos do art. 393 e seu parágrafo único do
Código Civil:

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes


de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se
houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se


no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou
impedir.
(Código Civil - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002)

Podemos assim ver que é imprescindível a busca por soluções jurídicas,


privilegiando a preservação dos contratos, a manutenção e continuidade das obrigações
assumidas.
Tendo em vista a atual situação, a lei 14.010/2020, sancionada em 10 de junho
de 2020, instaurou o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas
de Direito Privado (RJET) durante o período da pandemia do covid-19, dando enfoque
especial às modificações trazidas no Direito do Consumidor.
A Lei foi editada já desfigurada em grande parte, em razão dos múltiplos vetos
exercidos pelo Poder Executivo.
A Lei n. 14.010 autoriza a realização de assembleia geral das sociedades
anônimas (inclusive para os fins de destituição de administradores ou alteração do
estatuto), por meios eletrônicos, sendo que as a manifestação dos participantes deverá
ser realizada de forma que assegure a identificação do participante e a segurança de seu
voto (que produzirá os mesmos efeitos de uma assinatura presencial).
Assim como a assembleia das empresas, a assembleia condominial também
poderá ocorrer (até 30/10/2020) por meios virtuais, inclusive para eleger ou destituir o
síndico, bem como de aprovar o orçamento das despesas, as contribuições dos
condôminos, a prestação de contas e a alteração do regimento interno.
A Lei esclarece que continua sendo obrigatória, sob pena de destituição, a
prestação de contas regular dos atos de administração do síndico, e também determina
que não sendo possível a realização de assembleia condominial por meios virtuais, os
mandatos de síndico vencidos a partir de 20 de março de 2020 ficam prorrogados até 30
de outubro de 2020.
A Lei n. 14.010 deixa de considerar como ofensas à ordem econômica, a partir
de 20/03/2020 e enquanto perdurar o estado de calamidade pública decorrente da Covid-
19, os atos de vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do preço
de custo e de cessar parcial ou totalmente
as atividades da empresa sem justa causa comprovada.
Além disso, a Lei determina que, na apreciação das demais infrações à ordem econômica,
o órgão competente deverá considerar as circunstâncias extraordinárias decorrentes da
pandemia do coronavírus.
A Lei também permite que, no mesmo período, as empresas celebrem contratos
associativos, de consórcio, ou de joint venture, sem que eles sejam considerados atos de
concentração, ou seja: sem que eles tenham que ser submetidos ao controle prévio do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (“CADE”). Contudo, esses atos poderão
ser objeto de análise posterior, que levará em conta se o acordo era, ou não, necessário ao
combate ou à mitigação das consequências decorrentes da pandemia de Covid-19.
‘Até 30 de outubro de 2020, a prisão civil por dívida alimentícia (pensão) deverá
ser cumprida exclusivamente sob a modalidade domiciliar, sem prejuízo da exigibilidade
das respectivas obrigações. O prazo de 2 (dois) meses para a abertura do processo de
inventário e de partilha de pessoas falecidas a partir de 1º de fevereiro de 2020 será
contado a partir de 30/10/2020.
A Lei 14.010 suspendeu, entre 12/06/2020 e 30/10/2020, os prazos prescricionais
e decadências, inclusive o prazo da prescrição aquisitiva para a propriedade imobiliária
ou mobiliária, nas diversas espécies de usucapião.
Para exemplificar melhor como ocorreu algumas das suspensões que perduraram até o
fim do período pandêmico. Segundo o Art. 8º Até 30 de outubro de 2020, fica suspensa a
aplicação do art. 49 do Código de Defesa do Consumidor na hipótese de entrega
domiciliar (delivery) de produtos perecíveis ou de consumo imediato e de medicamentos.
Para compreender o teor do dispositivo legal, esclarece o que se prevê no
art. 49 do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7


dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento
de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

Ou seja, o art. 49 do CDC cria para o consumidor o chamado Direito de


Arrependimento, isto é, o direito que todo consumidor possui de , em até 7 (sete)
dias contados a partir da assinatura ou do recebimento, rejeitar o produto ou
serviço adquirido, sem que haja um motivo justo. Exemplifiquemos: Jorge
adquiriu um smartphone novo junto ao site da Comercial Verde, mas, após 2
dias de uso, desiste daquele produto. Nessa situação, Jorge pode entrar em
contato com a fornecedora e desistir daquela aquisição.
Ocorre que, com a lei 14.010/2020, o direito ao arrependimento sofreu uma constrição
legal temporária. A lei prevê que, até o dia 30 de outubro de 2020, o direito ao
arrependimento imotivado estará suspenso nas situações de entrega domiciliar (delivery)
de produtos perecíveis e de consumo imediato.
Dessa forma, desde a publicação da lei do RJET até o dia 30 de outubro de 2020,
não poderá ser invocado o direito ao arrependimento imotivado por parte dos
consumidores, logo, se uma família decide comprar uma pizza de frango mediante
entrega domiciliar e, ao receber o produto não deseja mais consumi-la, não poderá esta
família invocar o arrependimento imotivadamente, em razão da expressa determinação
legal.
Podemos compreender assim que as empresas brasileiras têm
vivenciado inúmeras situações difíceis em decorrência da pandemia causada pelo
coronavírus. São muitas restrições aos negócios e infindáveis renegociações com
parceiros comerciais e trabalhadores, em prol de um bem maior e que deve unir a todos.
Neste sentido, Andreia de Andrade e Leonardo Goulart (2020), dizem que:

(...) o momento, alarmante e grave, de extrema dificuldade para o


cumprimento de obrigações, desde as mais simplórias até as mais
complexas, reclamam solidariedade das partes, ponderação,
cooperação, conciliação, razoabilidade e boa-fé para resolução dos
conflitos, inclusive naqueles que são regidos pelo Código de Defesa
do Consumidor, com o repúdio a atitudes oportunistas por ambos os
lados, sendo certo que o advogado e o Poder Judiciário terão papel
fundamental na equação necessária para equilibrar essas relações e
interesses.
(Azevedo Sette, 2020)

Desta forma, o posicionamento que vem sendo adotado pela Secretaria Nacional
do Consumidor (Senacon) - responsável pelo planejamento, elaboração, coordenação e
execução da Política Nacional das Relações de Consumo -, ao emitir notas técnicas
esclarecendo as consequências e efeitos jurídicos nas relações de consumo neste
período, é condizente com o cenário econômico que o mundo inteiro vem
experimentando, incluindo o Brasil, o qual nunca foi então vivido: pessoas sendo
privadas de sua liberdade de ir e vir e empresários sendo impedidos de exercerem sua
atividade, e tudo de uma hora para outra. No atual cenário, a imposição de todos os
prejuízos para apenas um dos lados da relação - seja para os consumidores, seja para os
fornecedores - não favorece a ninguém e é injusta. A situação é difícil e implica desafios
sem precedentes, de um lado, os consumidores não podem ficar

desamparados com os produtos/serviços previamente adquiridos e dos quais não


podem usufruir plenamente; mas, de outro, fornecedores também não poderão conviver
com cancelamentos múltiplos de contratos e devoluções imediatas de valores recebidos
por uma prestação de serviço ou por um produto que a eles também não se permite
realizar, uma vez que isso inviabilizaria a atividade empresarial no país e traria um
efeito catastrófico, ou seja, todos foram prejudicados, tanto os fornecedores, quanto os
consumidores, estes estão sendo altamente impactados pelas medidas que vêm sendo
adotadas para contenção do avanço da pandemia. As consequências
decorrentes dessas medidas vêm trazendo imensos desafios às relações de consumo.
Mesmo que o Código de Defesa do Consumidor possua dispositivos que buscam
proteger o consumidor que é a parte reconhecidamente mais fraca nas relações
qualificadas como de consumo, em cenários de incerteza e imprevisibilidade (como, por
exemplo, o art. 6º, inciso V, que estabelece como direito básico do consumidor a
modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou
sua revisão em razão de fatos supervenientes), a realidade é que não se pode ignorar a
enorme proporção que os efeitos decorrentes da pandemia vêm causando nessas
relações, como também o fato de que nem o consumidor, nem o fornecedor possuem
qualquer ingerência ou controle sobre uma crise de tamanha proporção.
Um exemplo da situação é o setor de turismo e viagens, que enfrentou uma
situação devido à quarentena as teriam prejuízos com as passagens já vendidas, como
podemos ver a seguir (Figura 1):

Figura 1
Fonte: JusBrasil, 2021.

Neste a preliminar foi rejeitada pelo motivo da viagem ter sido rejeitada por
motivos sanitários devido à pandemia. Este é um caso evidente de um dos problemas
enfrentados pela empresa e pelo consumidor, uma parte por ser cobrada por uma decisão
imposta pelas autoriades (no caso citado, vigilância sanitária), e a pela frustação do
cancelamento da viagem.
Sendo assim, visando a mitigação dos impactos econômicos neste setor, a
Senacon emitiu nota à imprensa recomendando que as companhias aéreas, hotéis e de
agências de turismo permitissem a remarcação das viagens pelos consumidores sem
custos adicionais. Entretanto, também recomendou aos consumidores que hajam com
prudência, para evitar pedidos de reembolso sem qualquer tentativa de remarcação da
viagem, considerando que "uma crise no setor hoteleiros e de aviação poderá trazer
impactos futuros à economia".
Outro setor fortemente afetado foi o de turismo e cultura, muitos eventos foram
cancelados e sem previsão para remarcação, ou em caso de remarcação incompatível
com a disponibilidade do cliente e/ou empresa responsável, como exemplo a ementa
abaixo referente a figura 2.

Figura 2

Fonte: JusBrasil, 2021.

Essa é uma situação em que o recurso foi provido devido à situação de que o
autor não teria condições de estar presente na data disponibilizada pela empresa, neste
caso não há possibilidade de remarcação.
Na Nota Técnica nº 2/2020, o Senacon urge a todos que atuem com bom
senso e prudência neste momento, "evitando-se medidas que não encontram respaldo
jurídico e que podem prejudicar, no médio e longo prazo,

os consumidores e o setor produtivo brasileiros".

Ainda vale destacar a Portaria nº 15/2020, pela qual a Senacon determinou o


cadastro de determinados grupos de empresas para viabilizar a mediação (via site
consumidor.gov.br), dos conflitos de consumo que certamente advirão como
consequência dos impactos trazidos pela covid-19.
De acordo com Glaucia Coelho e Marina Nori (2020:

Diante de um cenário tão devastador, que pegou a todos de surpresa,


a melhor solução possível é que passa pelo esforço conjunto de todos
os envolvidos: dos fornecedores desses serviços, que devem buscar
alternativas para que o serviço continue a ser prestado dentro dos
requisitos mínimos exigidos pela legislação específica aplicável,
atuando sempre com responsabilidade e transparência; mas também
dos consumidores desses serviços, ao exercitarem a compreensão de
que o abrupto rompimento desses contratos, com a exigência de
devolução de valores ou simples suspensão de pagamentos, sem
qualquer consideração acerca das medidas mitigadoras adotadas pelo
fornecedor, gera efeitos nefastos em toda a cadeia envolvida.
(O Estado de S. Paulo online .2020)

Desta forma, é importante que tenhamos em mente que no atual cenário, o


Judiciário não terá a possibilidade de absorver o grande volume de ações que serão
ajuizadas num futuro próximo, o que facilitaria então seria, a busca por uma solução
negociada, menos onerosa para as partes envolvidas, através dos métodos consensuais de
negociação, que certamente acarretará uma solução mais rápida, mais adequada,
estimulando, inclusive, a fidelização da relação contratual.
Infelizmente, a conciliação não alcançará à todas as questões, em alguns casos
será inevitável a busca pelo judiciário. A revista eletrônica Negócios Jurídicos (2020),
traz em uns de seus artigos sobre a pandemia, que:

Evidentemente que nem todos os casos originados desta pandemia


serão solucionados de forma harmônica e equilibrada, e, em
hipóteses tais, a intervenção judicial

fatalmente se fará necessária, cabendo às partes, desde logo, reunir


organizadamente a documentação que entendam respaldar seus
direitos e buscar o aconselhamento jurídico com profissionais de sua
confiança.
(Négocios Jurídicos, 2020)

Ou seja, nesses casos, para ajudar na aceleração do processo é necessário que o


autor desde cedo comece a recolher todas provas para ter um aconselhamento
jurídico, ciente de que o judicial estará com muitas demandas acumuladas.

2.1 Cancelamento de contratos já efetivados

Em 11 de setembro de 1990 surgia, mediante a Lei nº 8.078, o Código de Defesa do Consumidor,


tendo por objetivo regular as relações consumeristas. É importante citar que o CDC adotou a
vertente onde o consumidor é a parte vulnerável, trazendo múltiplas garantias as quais tem por
objetivo a proteção do consumidor.
O referido código nos trouxe uma vasta gama de direitos básicos do consumidor, especificadamente
no art. 6º e várias outras garantias, como a proteção na relação contratual a qual esteja inserido.
Com relação a de proteção nas relações contratuais, devemos dar destaque ao direito de
arrependimento, previsto no art. 49 do CDC, que disciplina o seguinte:
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7
dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou
serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços
ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou
a domicílio.

Logo, baseando-se no artigo supracitado temos a garantia de, no prazo de 7 dias, a


possibilidade de desistir do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviço. Porém,
devemos prestar atenção no seguinte detalhe: o artigo nos traz tal garantia para a contratação de
fornecimento de produtos e serviços que ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente
por telefone ou a domicílio.
O parágrafo único do referido artigo também merece ser destacado. Ele nos traz que, caso o
consumidor exercite o direito de arrependimento previsto no artigo 49, os valores eventualmente
pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato,
monetariamente atualizados.
Ocorre que, em virtude do momento delicado que estamos vivendo, a pandemia causada
pelo COVID-19, houve um aumento exponencial na quantidade de contratação realizada fora do
estabelecimento comercial. Comércios que não dispunham de tal modalidade tiveram que se
adaptar e implementar, visto que deveriam obedecer às ordens e recomendações das autoridades
públicas.
E, em decorrência dessa situação, o legislador, preocupado com a situação econômicas dos
fornecedores dos produtos, visto que muitos estavam sofrendo com o atual cenário econômico e
também, pensando em evitar a aglomeração dos consumidores que teriam que se deslocar aos
Correios para conseguir devolver os bens adquiridos, foi proposta o PL 1.179/2020, o qual, em seu
art. 8º, trata especificadamente do presente tema. Trazia o seguinte em sua redação original: “Até́
30 de outubro de 2020, fica suspensa a aplicação do art. 49 do Código de Defesa do Consumidor na
hipótese de produto ou serviço adquirido por entrega domiciliar (delivery)”.
Todavia, o artigo recebeu algumas críticas. Foi alegado que, embora tal preocupação seja
compreensível, na atual conjuntura em que vivemos, onde a aquisição de modo remoto é quase que
exclusivamente o único modo como a população pode adquirir novos bens, as proteções legais, ao
invés de serem desfalcadas, devem ser mantidas do jeito que estão ou então enrijecidas.
Após receber essas críticas, o texto passou por alterações e hoje, na Lei nº 14.010/2020, dispõe o
seguinte:

Art. 8º. Até 30 de outubro de 2020, fica suspensa a aplicação do


art. 49 do Código de Defesa do Consumidor na hipótese de entrega
domiciliar (delivery) de produtos perecíveis ou de consumo imediato e de
medicamentos.

A aplicação da suspensão ao direito de arrependimento disciplinado no art. 49, que antes era
genérica e abrangia in totum, agora restringe-se à entregas delivery de produtos perecíveis ou de
consumo imediato e medicamentos. A possibilidade de desistir do contrato ou do ato de
recebimento do produto ou serviço foi mantida, em sua maioria. Mesmo em meio ao cenário atípico
em que vivemos.

2.2 Obrigatoriedade de resolução desses contratos e a possibilidade ou não de devolução dos


valores já pagos ao fornecedor de produtos e/ou serviços

A pandemia causada pelo novo corona vírus ocasionou diversos dissabores a vida e a rotina
de todos os brasileiros. Alterou de maneira drástica trabalhos, eventos planejados, viagens, cursos,
estudos, as compras, dentre outras situações. Claro que a maioria dos consumidores acabaram
confusos e cheios de dúvidas sobre como proceder, afinal, não foram poucas as restrições que o
Poder executivo determinou, restringindo a circulação de várias pessoas, determinando que
fechassem os estabelecimentos, minimizando o contato social, priorizando o isolamento. A intenção
por trás dessas medidas sempre buscou tornar mínimo o contágio do vírus, visando o bem coletivo,
para que este não entrasse em colapso.
Entretanto, surgiram no ar os seguintes questionamentos: o que fazer quando um evento já
havia sido pago? Ou sobre eventos como casamentos, formaturas, viagens, dentre outras
cerimonias, que são previamente agendadas? O Código de Defesa do Consumidor, ante situações
excepcionais, prevê a modificação ou revisão de cláusulas contratuais.
Na situação em questão, uma pandemia, que se enquadra como uma situação de força
maior, o consumidor torna-se a parte mais vulnerável de uma relação, quando as cláusulas se
tornam excessivamente onerosas (art. 6º, V). Observado o cenário atual, Ante a impossibilidade de
não poder cumprir com o contratado, o fornecedor, prestador de serviço e o consumidor devem
repactuar o contrato, reembolsando ou adiando quaisquer eventos.
Em 08 de abril de 2020, foi publicada a medida provisória de nº 948, em seu artigo 2º
discorre sobre quais procedimentos tomar em relação a eventos, serviços ou reservas, tanto
consumidores, quanto prestadores ou fornecedores de serviço. In verbis:
Art. 2º Na hipótese de cancelamento de serviços, de reservas
e de eventos, incluídos shows e espetáculos, o prestador de serviços
ou a sociedade empresária não serão obrigados a reembolsar os
valores pagos pelo consumidor, desde que assegurem:
I – a remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos
cancelados;
II – a disponibilização de crédito para uso ou abatimento na
compra de outros serviços, reservas e eventos, disponíveis nas
respectivas empresas; ou
III – outro acordo a ser formalizado com o consumidor.
1º as operações de que trata o caput ocorrerão sem custo
adicional, taxa ou multa ao consumidor, desde que a solicitação
seja efetuada no prazo de noventa dias, contado da data de
entrada em vigor desta Medida Provisória.
2º O crédito a que se refere o inciso II do caput poderá ser
utilizado pelo consumidor no prazo de doze meses, contado da
data de encerramento do estado de calamidade pública
reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 2020.
3º na hipótese do inciso I do caput, serão respeitados:
I – a sazonalidade E os valores dos serviços originalmente
contratados; e
II – O prazo de doze meses, contado da data de
encerramento do estado de calamidade pública reconhecido pelo
Decreto Legislativo nº 6, de 2020.
4º na hipótese de impossibilidade de ajuste, nos termos
dos incisos I a III do caput, o prestador de serviços ou a sociedade
empresária deverá restituir o valor recebido ao consumidor,
atualizado monetariamente pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo Especial – IPCA-E, no prazo de doze meses,
contado da data de encerramento do estado de calamidade
pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 2020.

A MP nº 948 discorre sobre a impossibilidade de cumprir obrigações de fazer, decorrentes


de contratos de consumo, em virtude do corona vírus. É importante frisar, que como o nosso CDC
não possuí uma norma específica para tal hipótese, acaba ensejando a aplicação de normas gerais
estabelecidas pelo CPC. Portanto, tal hipótese não se confunde com as de responsabilidade civil do
fornecedor for fato (arts. 12 a 17), nem vício (18 a 25), e por fim, do produto ou do serviço,
situações que são tratadas pelo CDC. Quaisquer eventuais danos aqui sofridos pelo consumidor,
seria decorrente, ao contrário, da ausência do serviço, da sua inexecução.
Notavelmente, nos artigos supracitados, a MP traz duas opções: cancelar ou remarcar. Se
remarcar for a opção mais viável ao consumidor, este pode reorganizar-se dentro do prazo de 90 e
365 dias, sem gerar novos custos. Mas, se esta não for a sua escolha, e o serviço já tiver sido pago,
o consumidor terá direito a reembolso integral, sem descontos, e deve negociar com o fornecedor
ou prestador de serviços.
Quando há contratação direta, isto é, sem a mediação de uma agência ou prestador de serviços, o
próprio consumidor assume os riscos, devendo este tentar remarcar ou ser reembolsado. Já quando a
intermediação é feita diretamente por operadora de cartão, esta é quem deve auxiliar o cliente. As
companhias aéreas devem reembolsar ou manter o valor já pago, como crédito, para que o
consumidor, no período de doze meses, possa usufruir, sem arcar com algum outro ônus (MP
925/20).

2.3 Modificação de cláusulas contratuais em razão de fatos supervenientes e


o Código de Defesa do Consumidor

Na dimensão contratual clássica, a autonomia da vontade é alçada a elemento fundamental


do contrato, incumbido por conceber um vínculo entre os contratantes, do qual emanam direitos e
deveres, pelo que se passou a considerar o contrato lei entre as partes.
A atuação do Poder Judiciário é essencial para que seja possível conferir máxima efetividade ao
sistema de proteção ao consumidor, em especial, com a anuência do CDC em toda sua extensão. Os
contornos teóricos das garantias instituídas pelo art. 6º, inciso V, do CDC, em especial, ao direito de
modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou revisão das
cláusulas contratuais em virtude de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas,
com vistas à compreensão do novo paradigma de revisão judicial dos contratos no âmbito do direito
civil-constitucional.
No plano do CDC, por previsão do art. 6º, inciso V, são previstas duas formas distintas de
intervenção judicial nos contratos entre consumidor e fornecedor, quais sejam: (i) a modificação das
cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais; ou (ii) a revisão em razão de
fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.
Insta apontar que tanto a modificação como a revisão apresentam cariz diferenciado, visto
que se constituem não somente como garantia individual contratual, mas como direito básico do
consumidor, que irradia o axioma da boa-fé, da função social do contrato e da possibilidade de
reequilibrar o contrato, em detrimento de sua resolução.
No que concerne à segunda previsão legislativa, o exercício da jurisdição decorre de
onerosidade excessiva e superveniente à formação do contrato. Estreme de dúvidas a validade das
cláusulas contratuais, que são perfeitas quando da formação do vínculo contratual, todavia, em
decorrência de fato posterior, o negócio jurídico perde o equilíbrio econômico e financeiro,
exigindo-se a ação do Poder Judiciário para corrigir esta conjuntura anômala.

2.6 Dos setores que sofreram os impactos da judicialização durante a pandemia

Inicialmente, cabe ressaltar que devido a pandemia, o cenário econômico e financeiro, para
muitas pessoas se tornou totalmente incerto, em que os consumidores receosos e prejudicados
financeiramente, tiveram que optar pelo cancelamento de contratos/contratados já efetivados. Dessa
forma, vários foram os setores atingidos por tais situações, como por exemplo: escolas, faculdades,
academias, creches, pacotes de turismo, passagens aéreas, hotéis, cursos de idiomas, contratos de
aluguel, planos de saúde, dentre outros.
Sendo assim, tal ação por parte dos consumidores frente este cenário corroborou para os
questionamentos acerca da obrigatoriedade de resolução desses contratos e sobre a possibilidade ou
não de devolução dos valores já pagos ao fornecedor de produtos e/ou serviços, além da legalidade
na aplicação de multas pelo cancelamento.
Desta forma, buscando sanar e minimizar os efeitos, decisões e medidas foram
proferidas e tomadas, no que diz respeito a essa relação entre consumidor e fornecedor. Dessa
forma, vários foram os setores que sofreram os impactos dessa judicialização no decorrer da
pandemia.

2.6.1 Aviação e os impactos da judicialização

O setor da aviação, foi sem dúvidas, um dos mais afetados pelo novo corona vírus. A última
vez que enfrentou uma crise semelhante foi em 2003. Em grande parte, desconhecida pelos
profissionais da aviação na América do Sul, a epidemia de SARS custou às transportadoras Asia
Pacific cerca de 6 bilhões de dólares (IATA), o que correspondeu a 35% de suas receitas. As
companhias aéreas norte-americanas perderam US $ 1 bilhão, enquanto as transportadoras
europeias permaneceram inalteradas. Desta vez é diferente por muitas razões. Enquanto lidam com
uma doença mais grave, as companhias aéreas enfrentam um mundo ainda mais conectado,
fortemente dependente de viajantes internacionais. 
Em março de 2020,por exemplo, houve uma queda maciça de 82% no número de
passageiros nos voos para o Brasil, em uma base ano a ano. Ao mesmo tempo, o mercado
doméstico sofreu uma redução de -52.7%. Os menos afetados foram os voos não regulares, com
queda de -51.1% no número de passageiros transportados. Com a duração da pandemia, o quadro
no setor, se agravou ainda mais.
Fato evidente é que a atual crise que abarca consumidores e fornecedores caminham para um
processo de judicialização que tende a abarrotar ainda mais o Poder Judiciário para dirimir questões
contratuais, seja na esfera cível ou consumerista.
Em setores como a aviação os impactos de judicialização já renderam decisões de Tribunais no
sentido de que os cancelamentos de contratos de aquisição de passagens aéreas devem não impor
aos consumidores o ônus do pagamento de multas e taxas quando da devolução dos valores.
Decisões nesse sentido encontraram respaldo na recomendação do Ministério Público
Federal (MPF) à Agencia Nacional de Aviação Civil (ANAC) de que expedisse ato normativo que
assegurasse aos consumidores a possibilidade de cancelamento sem ônus de passagens aéreas
nacionais e internacionais para destinos atingidos pelo COVID-19, para passagens adquiridas até o
dia 09/03/2020. Outra medida recomendada é a possibilidade de remarcação de passagens no prazo
de até 12 (doze) meses.
Dessa forma, diante do estado emergencial um dos primeiros setores e mais afetados com a
pandemia foi o transporte aéreo, na medida em que os consumidores passaram a solicitar o
cancelamento, remarcação de voos e até mesmo o reembolso de passagens aéreas. Pensando nesse
impacto foi publicada uma Medida Provisória de nº. 925 de 19/03/2020 no Diário Oficial, a qual
estabeleceu regras emergenciais para a aviação civil brasileira para voos contratados até 31 de
dezembro de 2020 que garante ao consumidor o ressarcimento dos valores pagos nas passagens
aéreas, mas para recebimento em até 12 (doze) meses contado da data do voo contratado.
Diante da importância das disposições da medida provisória, a mesma foi convertida na Lei
nº 14.034, de 2020, lei que dispõe sobre medidas emergenciais para a aviação civil brasileira em
razão da pandemia da Covid-19; e altera as Leis nos 7.565, de 19 de dezembro de 1986, 6.009, de 26
de dezembro de 1973, 12.462, de 4 de agosto de 2011, 13.319, de 25 de julho de 2016, 13.499, de
26 de outubro de 2017, e 9.825, de 23 de agosto de 1999.
Sendo assim, a referida lei traz nos seus primeiros artigos as seguintes disposições:
“Art. 1º Esta Lei prevê medidas emergenciais para atenuar
os efeitos da crise decorrente da pandemia da Covid-19 na
aviação civil brasileira.
Art. 2º As contribuições fixas e variáveis com vencimento
no ano de 2020 previstas em contratos de concessão de
aeroportos firmados pelo governo federal poderão ser pagas até o
dia 18 de dezembro de 2020, com atualização monetária calculada
com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Parágrafo único.  É vedado ao governo federal promover o
reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos referidos
no caput deste artigo em decorrência exclusivamente do
adiamento dos pagamentos de que trata este artigo.
Art. 3º  O reembolso do valor da passagem aérea devido
ao consumidor por cancelamento de voo no período compreendido
entre 19 de março de 2020 e 31 de dezembro de 2020 será
realizado pelo transportador no prazo de 12 (doze) meses,
contado da data do voo cancelado, observadas a atualização
monetária calculada com base no INPC e, quando cabível, a
prestação de assistência material, nos termos da regulamentação
vigente.
§ 1º  Em substituição ao reembolso na forma prevista
no caput deste artigo, poderá ser concedida ao consumidor a
opção de receber crédito de valor maior ou igual ao da passagem
aérea, a ser utilizado, em nome próprio ou de terceiros, para a
aquisição de produtos ou serviços oferecidos pelo transportador,
em até 18 (dezoito) meses, contados de seu recebimento.
§ 2º Se houver cancelamento de voo, o transportador deve
oferecer ao consumidor, sempre que possível, como alternativa ao
reembolso, as opções de reacomodação em outro voo, próprio ou
de terceiros, e de remarcação da passagem aérea, sem ônus,
mantidas as condições aplicáveis ao serviço contratado.
§ 3º  O consumidor que desistir de voo com data de início
no período entre 19 de março de 2020 e 31 de dezembro de 2020
poderá optar por receber reembolso, na forma e no prazo previstos
no caput deste artigo, sujeito ao pagamento de eventuais
penalidades contratuais, ou por obter crédito de valor
correspondente ao da passagem aérea, sem incidência de
quaisquer penalidades contratuais, o qual poderá ser utilizado na
forma do § 1º deste artigo.
§ 4º O crédito a que se referem os §§ 1º e 3º deste artigo
deverá ser concedido no prazo máximo de 7 (sete) dias, contado
de sua solicitação pelo passageiro.”

Observando tais disposições, é possível observar que houve a tentativa de proteção ao


consumidor, mas também reduzir um abalo ainda mais profundo nas companhias aéreas que
poderão ficar impossibilitadas de cumprir com suas obrigações se tiverem que devolver de forma
imediata os valores já pagos pelos contratos cancelados. Visa, ainda, amenizar o desequilíbrio
financeiro que tem se assolado na economia do país.
Nesse contexto o Poder Público estudou e avaliou eventuais excludentes de
responsabilidade, inclusive as hipóteses de caso fortuito ou força maior. Sobre esse tema o Código
de Defesa do Consumidor em seu Capítulo III, que trata dos Direitos Básicos do Consumidor,
no artigo 6º, inciso V, preceitua a modificação de cláusulas contratuais em razão de fatos
supervenientes:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

É necessário pontuar ainda, que apesar da intenção do legislador com a lei 14.034/2020, a
opinião da doutrina é totalmente oposta. Maria Luiza Baillo Targa que é doutoranda e mestre em
Direito do Consumidor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, especialista em Direito
Francês e Europeu dos Contratos pela Université Savoie Mont Blanc, em Direito do Consumidor e
Direitos Fundamentais pela UFRGS e em Direito Público pelo UniCEUB, e Luciana Atheniense
que é advogada especialista em Direito do Turismo e relações de consumo, em uma opinião
concedida ao prestigiado site web “Consultor Jurídico” (conjur.com.br) ambas demonstraram
bastante insatisfeitas com a lei. 2.6.3 Consumidores usuários plano de saúde

Outra questão importante e que tem gerado dúvidas aos consumidores é em relação aos
Planos de Saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) adotou medida para que as
operadoras de planos de saúde priorizem os casos relacionados ao COVID-19, de modo a não
acarretar nenhum prejuízo à vida ou à saúde dos demais usuários - principalmente nos casos de
urgência ou emergência - haja vista uma situação atípica e que demanda um cuidado diferenciado.
Nos casos do COVID-19, a Agência Nacional de Saúde Suplementar, por meio da
Resolução Normativa 453/2020, incluiu no rol de procedimentos obrigatórios a realização de
exames para detecção de Coronavírus nos usuários dos planos de saúde, não podendo sujeitar o
consumidor à negativa de cobertura do exame ou de atendimento, principalmente nas questões mais
urgentes.
Importante pontuar, ainda, a constante preocupação dos consumidores usuários de

2.6.4 Boletos bancários oriundos de financiamentos de veículos e imóveis e contratos de


empréstimos

Em relação aos bancários oriundos de financiamentos de veículos e imóveis e contratos de


empréstimos, medidas estão sendo adotadas por diversos órgãos a fim de minimizar os impactos
aos consumidores e outro exemplo é o que admitiu a Federação Brasileira dos Bancos
(FEBRABAN) e o Conselho Monetário Nacional (CMN), que possibilitaram a prorrogação de
tais boletos bancários oriundos de financiamentos de veículos e imóveis e contratos de empréstimos
por 60 (sessenta) dias pelos 5 (cinco) maiores Bancos do país (Banco do Brasil, Caixa Econômica,
Bradesco, Itaú e Santander). Não obstante, não englobou boletos de consumo como energia, água,
dívidas de cheque especial, cartões de crédito, dentre outros.

3. CONCLUSÃO

O objeto de estudo do presente trabalho, se deu a entender como uma


situação inesperada como a pandemia do COVID-19, pode influênciar nas
relações de consumo, especialmente em relação aos contratos de consumo e a
aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor diante de situações em que
nem o fornecedor de produtos e/ou serviços e nem o consumidor deram causa.
Mesmo não existindo jurisprudências a respeito da pandemia de COVID-19,
Brasil tem contado com a atuação de Poder Público na elaboração de Atos,
Recomendações, Normas, Decretos, Projetos de Lei e Medidas Provisórias, que
levam em consideração a atual conjuntura do país e a situação dos negócios entre
consumidores e fornecedores, valendo-se da “excepcionalidade” para
fundamentar suas obras, o que deverá também influenciar nas decisões judiciais
que norteiam as relações jurídicas.
É certo afirmar que é possível que o Poder Público tente deter o
agravamento da crise econômica e seus impactos danosos aos próprios
consumidores
atenuando o protagonismo e o protecionismo que envolvem a figura do
consumidor, a fim de evitar um desequilíbrio financeiro ainda maior.
Considerando, portanto que a pandemia COVID-19 revela-se um fato inédito no
cenário mundial e nacional é que se espera que a proporção da insegurança
jurídica experimentada possa estimular um olhar mais ponderado do Poder
Público nas contendas envolvendo interesses entre consumidores e fornecedores,
o que, por certo, contribuirá com uma maior harmonização nas relações de
consumo. Por fim, é importante considerar pela importância da atuação do Poder
Público para regular e amenizar os possíveis prejuízos entre os envolvidos nas
relações consumeristas.
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Planalto, Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos.
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COELHO, Marcos. Coronavírus e os impactos nas relações de consumo.


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______________. Impactos da Pandemia no Direito do Consumidor. Disponível


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TANNURI, Sérgio. Os Efeitos da Pandemia nas Relações de Consumo.


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