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PATRICK DE JESUS SOARES

UMA VISÃO PANORÂMICA SOBRE AS NOVAS MODALIDADES DOS CRIMES


NO AMBIENTE VIRTUAL

Trabalho de Curso apresentado como


exigência parcial, para a obtenção do grau no
curso de Direito da Universidade de Franca.
Orientador: Prof. Dr. Marco Antônio de Souza

FRANCA 2021
PATRICK DE JESUS SOARES
UMA VISÃO PANORÂMICA SOBRE AS NOVAS MODALIDADES DOS CRIMES NO
AMBIENTE VIRTUAL: LIMITE ENTRE A LIBERDADE E O CONTROLE DA REDE

Orientador: __________________________________________________
Prof. Dr. Marco Antônio de Souza
Instituição: Universidade de Franca

Examinador (a):________________________________________________
Nome:
Instituição:

Examinador(a):________________________________________________
Nome:
Instituição:

Franca, __/__/____
DEDICO esta monografia aos meus pais Gilmar e
Solidade, pela boa vida e educação que me deram,
por me apoiarem sempre em todas as minhas
decisões mesmo quando estas me levaram a erro, por
me proporcionarem a oportunidade de cursar uma
faculdade e por acreditarem todos os dias em mim.
AGRADEÇO ao meu orientador por me guiar pelo
caminho correto durante a realização deste, ao meu
grande amigo Luís Felipe, pelas incontáveis horas de
discussões e incentivos, a minha melhor amiga e
namorada Emanuele por sempre me colocar para
cima e me inspirar a ser melhor todos os dias, a
todos que contribuíram de alguma forma para a
realização deste trabalho e enfim a minha família
por sempre estar comigo partilhando frustrações e
alegrias.
Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que
querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de
êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará
o palácio se não o fizerem ali?
Fernando Pessoa
RESUMO

SOARES, Patrick de Jesus. Uma visão panorâmica sobre as novas modalidades de crimes
no ambiente virtual: limite entre a liberdade e o controle da rede.2021. f. Trabalho de
Curso (Graduação em Direito) – Universidade de Franca, Franca.

O presente artigo versa sobre o direito digital no Brasil, sua evolução e sua
dificuldade para fazê-la, se comparado a outros ramos do direito, foi elaborado com a
intenção de expor e tratar das novas modalidades de crimes que se inseriram na sociedade,
com o advento da internet, e buscar uma solução viável para a resolução e repressão destes
novos crimes.

A metodologia de pesquisa que foi utilizada aqui é progressiva e evolui


conforme os capítulos avançam, o primeiro capítulo consiste em fazer uma análise profunda
de como uma norma é criada e sobre suas fundamentações, passando para a criação de
princípios para a internet e seu uso, como foram estabelecidos e em quais leis foram
aplicados. O segundo capítulo busca exemplificar o que são os crimes cibernéticos, suas
modalidades e como estes são tratados pelo ordenamento jurídico brasileiro e por fim o
terceiro capítulo busca fazer um paralelo entre a abordagem que outros países tem acerca da
internet com a legislação brasileira para internet, além de sugerir uma solução acerca dos
crimes virtuais.

Palavras-chave: Direito digital; Internet; Crimes virtuais;


ABSTRACT

SOARES, Patrick de Jesus. Uma visão panorâmica sobre as novas modalidades de crimes
no ambiente virtual: limite entre a liberdade e o controle da rede.2021. f. Trabalho de
Curso (Graduação em Direito) – Universidade de Franca, Franca.

This article deals with digital law in Brazil, its evolution, and its difficulty to,
when compared to other branches of law, was elaborated with the intention of exposing and
dealing with the new modalities of crimes that have been inserted in society, with the advent
of the Internet, and to seek a viable solution for the resolution and repression of these new
crimes.

The research methodology that was used here is progressive and evolves as the
chapters progress, the first chapter consists of making an in-depth analysis of how a rule is
created and, on its grounds, moving to the creation of principles for the Internet and its use,
how they were established and in which laws were applied. The second chapter seeks to
exemplify what cybercrimes are, their modalities and how they are managed by the Brazilian
legal system and finally the third chapter seeks to draw a parallel between the approach that
other countries have about the Internet with Brazilian legislation for the Internet, in addition
to suggesting a solution about virtual crimes.

Keywords: Digital law; Internet; virtual crimes;


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................9
1 DOS PRINCÍPIOS.................................................................................................................10
1.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E O DIREITO DIGITAL.............................................................12
1.3 PRINCIPIOS DE GOVERNANÇA E USO DA INTERNET...............................................................13
1.3.1 MARCO CIVIL DA INTERNET..................................................................................................................14
1.3.2 LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS.....................................................................................................16
1.3.3 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO..............................................................................................................18

2 CRIMES ELETRÔNICOS....................................................................................................20
2.1 CIBERCRIMES E SUAS DIVISÕES..............................................................................................21
2.2 MODALIDADES DE CRIMES COMUNS NO AMBIENTE VIRTUAL...............................................23
2.3 AVANÇOS TRAZIDOS PELA LEI 12.735/12 E PELA LEI 12.737/12.............................................25
2.3.1 LEI 12.737/12.........................................................................................................................................26

3 LEGISLAÇÃO ESTRANGEIRA, DESENVOLVIMENTO DO DIREITO DIGITAL


BRASILEIRO E O LIMITE ENTRE A LIBERDADE E O CONTROLE DA REDE............28
3.1 LEGISLAÇÃO ESTRANGEIRA....................................................................................................28
3.1.1 A FRANÇA PROGRESSISTA DE MACRON................................................................................................28
3.1.2 PIONEIRISMO DOS EUA.........................................................................................................................29
3.1.3 O CONTROLE DE REDE DA CHINA..........................................................................................................31
3.1.4 CERCEAMENTO DE SOCORRO CUBANO................................................................................................32
3.1.5 BRASIL COMPARADO A OUTROS PAISES...............................................................................................33

3.2 DESENVOLVIMENTO DO DIREITO DIGITAL BRASILEIRO..........................................................35


3.3 O LIMITE ENTRE A LIBERDADE E O CONTROLE DA REDE.........................................................36
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................38
CONCLUSÃO..........................................................................................................................40
REFERÊNCIAS........................................................................................................................40
9

INTRODUÇÃO

É de conhecimento geral que nos últimos anos o mundo digital vem evoluindo
cada vez mais e é necessário que o direito evolua na mesma medida, é de suma importância
sopesar os princípios que formam uma lei e ponderar se estes se aplicam da mesma maneira
ao mundo digital, sendo assim indaga-se, necessita esse novo ramo de princípios condizentes
com a sua realidade, ou os princípios existentes são capazes de preencher as lacunas
existentes acerca da natureza de eventuais normas exclusivamente deliberadas para este novo
ramo. Isto posto, esta monografia propõe-se a explicar o que são os princípios e como estes
são utilizados na criação das normas legais brasileiras, tendo em conta que os mesmos são a
base de todo o direito, e que em falta de normas, seriam estes os pilares que regeriam a
sociedade e ditariam o que se tem por certo e errado. Paralelamente a este aprofundamento,
busca-se elucidar as leis já existentes sobre crimes virtuais no ordenamento brasileiro e seus
eventuais efeitos, sob quais condições foram criadas e suas principais inovações, outrossim
esclarece alguns conceitos próprios do mundo virtual como o que são IP’s, ransomware e
phishing, e exemplifica os crimes virtuais mais praticados no Brasil com o fim de destrinchar
tal como demonstrar como funcionam os esquemas de hacking e de que forma são punidos.

Tem por objetivo expor a forma como os dados sensíveis de milhões de


brasileiros são tratados pelas empresas bem como a garantia que os cidadãos têm de que tais
dados não serão utilizados de maneira ilegal por estas, por conseguinte, tem-se o intuito de
propiciar debate sobre a responsabilidade acerca do que é dito online e quando estas deixam
de ser opiniões e se tornam crimes como por exemplo injúria racial, intolerância religiosa,
indução ao suicídio dentre muitos outros.
10

1 DOS PRINCÍPIOS

Princípios são, segundo o dicionário Michaelis 1 “3 Em uma área de


conhecimento, conjunto de proposições fundamentais e diretivas que servem de base e das
quais todo desenvolvimento posterior deve ser subordinado.”, o direito brasileiro tem diversos
princípios esses são utilizados como um norte, ou uma direção a seguir aquém das leis. Muitas
vezes são utilizados como complementos de leis, estabelecendo diversas regras, limites,
direitos etc.

Mauricio Godinho2 aduz que:

Princípios são proposições gerais inferidas da cultura e ordenamentos jurídicos que


conformam a criação, revelação, interpretação e aplicação do Direito. (...) os
princípios jurídicos gerais são proposições gerais informadoras da noção, estrutura e
dinâmica essenciais do Direito ao passo que os princípios especiais de determinado
ramo do Direito são proposições gerais informadoras da noção, estrutura e dinâmica
essencial de certo ramo jurídico.

Deste modo, os princípios têm diversas funções em cada área do Direito,


porém, sem sombra de dúvidas as suas principais contribuições são na fase pré-jurídica e na
fase jurídica. Na fase pré-jurídica eles atuam como norteadores, são como guias, apontam
para onde a norma deve seguir em sua elaboração para ser justa, não infringir direitos e
garantias dentre outras funções.

Segundo Mauricio Godinho3:

Os princípios gerais do Direito e os específicos a determinado ramo normativo


tendem a influir no processo de construção das regras jurídicas, orientando o
legislador no desenvolvimento desse processo. Nesse instante os princípios atuam
como verdadeiras fontes materiais do Direito, à medida que se postam como fatores
que influenciam a produção da ordem jurídica.

Segundo disposto no art. 4° do Decreto-Lei N° 4.657, de 4 de setembro de


19424 “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia os costumes e
1
PRINCÍPIOS. In MICHAELIS, Dicionário brasileiro da língua portuguesa. São Paulo: UOL, 2021. Disponível em
<https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/princ%C3%ADpio/.>. Acesso
em: 03 mai. 2021.
2
DELGADO, Mauricio Godinho. Os princípios na estrutura do direito. Disponível em:
<https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/13660/001_delgado.pdf?sequence=4>. Acesso
em:03 mai. 2021.
3
Ibidem
4
Decreto-Lei N° 4.657, de 4 de setembro de 1942. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657.htm#:~:text=n%C3%A3o%20a%20conhece.-,Art.,os
%20princ%C3%ADpios%20gerais%20de%20direito. >. Acesso em: 03 mai. 2021.
11

os princípios gerais de Direito.” Tal artigo demonstra a importância dos princípios na fase
jurídica, uma vez que feitas as leis estas serão a base do país, são nelas que a justiça vai se
amparar para fazer eventuais deliberações e uma vez que a lei seja omissa o magistrado
precisa ter outra fonte material para buscar refúgio adequado a suas decisões. Mauricio
Godinho5 diz que “(...) à falta de outras regras jurídicas utilizáveis pelo intérprete e aplicador
do Direito em face de um específico caso concreto. A proposição ideal consubstanciada no
princípio incide sobre o caso concreto, como se fosse norma jurídica própria.”

Dentre os muitos princípios que o direito tem, existem os princípios


constitucionais, que no Brasil, segundo Luís Roberto Barroso 6 “são o conjunto de normas que
espelham a ideologia da Constituição, seus postulados básicos e seus fins.” Aduz também
Celso Antônio Bandeira de Mello7 que:

Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade
ou de inconstitucionalidade(...)”

Em outros termos, desrespeitar um princípio constitucional é proibido, haja


vista que de certa forma são eles que regem o nosso ordenamento jurídico, uma vez que os
nossos legisladores se respaldam nos mesmos para a concepção das leis.

Nesse passo, quanto ao que compete à classificação, princípios gerais do


direito, Mauricio Godinho Delgado os classifica em três subdivisões, descritivos, normativos
supletórios e normativos concorrentes. Os descritivos, também conhecidos como informativos
ou descritivos, nesta subdivisão se encaixam os princípios que atuam como catalisadores,
colaborando para que se chegue em uma norma objetiva. Os normativos supletórios ou
subsidiários recebem a função de agirem como auxiliares ao magistrado em casos em que há
lacunas a serem preenchidas, por falta de normas elaboradas para deliberação específica. Por
último temos os princípios normativos concorrentes que como o nome exemplifica,
concorrem com as normas vigentes, somente os princípios classificados como normativos
concorrentes podem circunscrever ou amplificar os poderes da lei focalizada. Sendo possível

5
DELGADO, Mauricio Godinho. Os princípios na estrutura do direito. Disponível em:
<https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/13660/001_delgado.pdf?sequence=4>. Acesso
em:03 mai. 2021
6
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição: fundamentos de uma dogmática
constitucional transformadora. São Paulo, Saraiva, 1999, pág. 147
7
MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito Administrativo. 12ª ed. – São Paulo: Malheiros, 2000, p.
747/748.
12

a absorção da mesma pelo conjunto de entendimento acerca do princípio, não obstante, tais
princípios não são independentes, quiçá superiores as demais diretrizes jurídicas.

1.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E O DIREITO DIGITAL

Sem sombra de dúvidas a maior fonte de princípios que temos nos dias atuais é
a nossa carta magna, quando esta foi promulgada trouxe inúmeras inovações, tanto como o
contexto em que ela foi elaborada, sendo logo após uma ditadura militar, que restringia
direitos, torturava e oprimia quem fosse contrário ao regime, assim sendo, logo após o fim do
regime autoritário, se deu início ao processo de elaboração do que viria a ser a nossa atual
Constituição Federal, que viria a ser promulgada em 5 de outubro de 1988. Esta nos traz já em
seus primeiros artigos seus fundamentos, poderes e objetivos, porém indubitavelmente o art.
5° é, se não o mais, um dos mais relevantes em todo o corpo da lei, pois este versa sobre os
direitos que todos os brasileiros têm desde o momento em que nascem. “Art. 5º Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade(...)”8

A par disso, dentre os inúmeros princípios abordados no decorrer do art. 5° da


Constituição Federal, alguns dos mais importantes são os da igualdade de gênero, vedação à
tortura, livre manifestação de pensamento, livre acesso à informação, liberdade de expressão,
entre muitos outros, entretanto dentre estes listados acima, o princípio de liberdade de
expressão e o de livre manifestação de pensamento exercem uma função a mais, já que foi
baseando-se nestes princípios que foram criados pelo CGI, os “Princípios para a Governança
e Uso da Internet no Brasil” em 2009 e algum tempo depois, o projeto de lei que veio a ser o
Marco Civil da Internet. Lei de suma importância para os cidadãos e para o Direito Digital,
pois ela é o ponto de partida para as garantias, direitos e deveres para se utilizar a internet no
Brasil, discorrendo sobre diversos temas oriundos da utilização da internet.

A ABDET diz que:9

8
Constituição Federativa da República do Brasil de 1988. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >. Acesso em 04 mai. 2021
9
Comentários ao Marco Civil da Internet. Disponível em: < https://abdet.com.br/site/wp-
content/uploads/2015/02/MCI-ABDET..pdf >. Acesso em 04 mai. 2021.
13

Respeitando a Teoria do Diálogo das Fontes, o Marco Regulatório da Internet


aparece como mais um instrumento no combate ao mau uso da internet, se unindo a
outros meios existentes, seja no nosso próprio ordenamento jurídico, como em
Tratados Internacionais, a exemplo da Convenção de Budapeste sobre o Cibercrime
(do ano de 2001), primeiro instrumento internacional assinado sobre o assunto.

1.3 PRINCIPIOS DE GOVERNANÇA E USO DA INTERNET

O Comitê Gestor da Internet no Brasil, órgão responsável por reger os


domínios de sites, alocações de endereços IP e administra também o domínio “.br”, idealizou
um conjunto de “Princípios para a Governança e Uso da Internet no Brasil”, que trazia em seu
corpo dez princípios que foram deliberados e discutidos pelos integrantes do comitê, sendo o
princípio da liberdade, privacidade e direitos humanos um dos principais, principio este que
originalmente é previsto no art. 5° caput e inciso X da Constituição Federal. No entanto estes
princípios seriam somente o começo do que viria a ser a Lei n°12.965 de 23 de abril de 2014,
que absorveu os princípios realizou algumas modificações e trouxe em seu art. 3°, os
princípios disciplinadores do uso da internet no Brasil.

Art. 3°. a disciplina do uso da internet no Brasil orienta-se pelos seguintes


princípios: a garantia constitucional da liberdade de expressão, comunicação e
manifestação de pensamento; a proteção da privacidade e dos dados pessoais; a
preservação e garantia da neutralidade de rede; a preservação da estabilidade,
segurança e funcionalidade da rede; a responsabilização dos agentes conforme suas
atividades; a preservação da natureza participativa da rede; a liberdade dos modelos
de negócios, embora limitada pelos demais princípios10

Rebeca Garcia11 entende que alguns outros princípios são de suma importância
na resolução, são eles os da universalidade do acesso, diversidade, inimputabilidade da rede e
neutralidade, tais princípios abordam diversos aspectos, como aperfeiçoamento pessoal,
endossar e praticar a diversidade presente na rede, estabelece que a mesma é um espaço
neutro e somente irá ser contraria a isso, caso seja compelida por força superior a estes
princípios, considera também que a rede é neutra, não sendo passível de sanções, pois sendo
ela um meio de transporte de informações, não tem como controlar ações de um indivíduo, ou
seja, sanções não são aplicáveis a rede em si e sim aos respectivos responsáveis.

10
Lei N° 12.965 de 23 de abril de 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em 05 mai. 2021.
11
GARCIA, Rebeca. Marco Civil da Internet no Brasil: repercussões e perspectivas. Disponível em: <
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_prod
utos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RTrib_n.964.06.PDF >. Acesso em 05 mai. 2021.
14

1.3.1 MARCO CIVIL DA INTERNET

O Marco Civil da Internet, Lei n°12.965 de 23 de abril de 2014, tem como


objetivo regulamentar as relações civis no meio digital, com o crescimento exponencial deste
meio, o mesmo carecia de leis para disciplinar as relações interpessoais ali constituídas,
entretanto a lei não regulamenta somente as relações entre civis, ela versa sobre
comercialização de produtos por meio de lojas online, antes do marco civil, o comercio digital
era uma área bem inexplorada juridicamente falando, existiam muitos espaços em branco
neste campo e as garantias do consumidor não eram tão perceptíveis quanto nos dias atuais.

“(...) a Lei n.º 12.965/14 veio tapar uma lacuna existente na ordem jurídica nacional,
regulamentando o uso de uma poderosa ferramenta de interação e comunicação,
fomentando a criação de novas tecnologias e protegendo o usuário e o provedor
através de fundamentos norteadores, princípios gerais e objetivos.”12

O supracitado traz em seu artigo 3° elencados de I a VIII os seus princípios


regentes contudo os princípios voltados a liberdade de expressão, privacidade, proteção de
dados e liberdade de negócios são os que mais se destacam entre os princípios. O princípio de
liberdade de expressão e o de privacidade são basicamente constitucionais, com previsão no
art. 5° incisos IV, V e X da Constituição Federal, quanto ao que compete a liberdade de
expressão, não se tem muito o que comentar, pois o próprio nome do princípio já diz tudo por
si só, as pessoas tem o livre direito de se manifestar da maneira que bem entenderem, tem
direito a terem uma opinião sobre as coisas, a constituição apenas estabelece que essa opinião
seja dada por uma pessoa “com rosto”, ou seja, veda o anonimato de quem queira expressar
sua opinião sobre determinado assunto, Art. 5°, IV: “ é livre a manifestação do pensamento,
sendo vedado o anonimato”.

Outrossim, no que tange a privacidade, o inciso X do art. 5° é bem sucinto ao


dizer que “ são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” ,
fazendo uma rápida reflexão percebe-se como este princípio é de excepcional importância
para o mundo digital, pois com o mundo cada vez mais globalizado e conectado, as pessoas
acabam se expondo na internet, ou sendo expostas por 3°’s o que fere diretamente o princípio,

12
FILHO, Jair Lucio Alves e MARQUES, Moares Bruna. Breve análise dos princípios e garantias do Marco Civil da
Internet. Disponível em:
<http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/anais_linguagem_tecnologia/article/download/12156/1038
0 >. Acesso em 07 mai. 2021.
15

as características da vida privada de alguém que não quer expô-las na internet devem ser
respeitadas independentemente da situação, seja esta questão relacionada à gênero, família,
imagem ou qualquer outra questão que o indivíduo julgue ser sua privacidade.

A privacidade de dados é junto aos dois princípios citados anteriormente de


extrema importância, visto que, diariamente são lançadas milhares de informações pessoais na
rede, como, nome completo, número de CPF’s, números de cartões de credito, dados
bancários, endereços, número de RG’s entre muitas outras, se não existisse o princípio da
privacidade, todos os dados estariam susceptíveis a hackers, estelionatários, stalkers, e a
criminosos em geral, e como esses dados são informações sensíveis, uma vez que podem
comprometer totalmente a vida de uma pessoa, seja ela online em redes sociais, em sites de e-
commerce, ou no mundo real com os bancos e lojas físicas. A lei n° 13.709 de 14 de agosto de
2018 também conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados ou LGPD estipula em seu
artigo 1° que

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios
digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com
o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o
livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.13

Por conseguinte, os direitos e garantias que o cidadão adquiriu com a nova lei,
estes vem disciplinados nos artigos 7° e 8°, estabelecendo diversos direitos, como manutenção
de qualidade de rede, inviolabilidade e sigilo de suas comunicações, sigilo de comunicações
pela internet, indenização por dano moral, aplicação das normas de proteção e defesa nas
relações de consumo, o que é de importância ímpar, uma vez que com o e-commerce
ganhando cada vez mais destaque na sociedade brasileira, é quase logico que a lei trate deste
assunto, mesmo que de maneira geral apenas fazendo com que fosse adotadas as medidas do
CDC , “As relações de consumo efetuadas no âmbito virtual também submetem-se ao Código
de Defesa do Consumidor, principalmente no que se refere aos e-commerces.”

Outro aspecto fundamental da lei é o seu art. 9° que versa sobre a neutralidade
da rede, o referido alude que “Art. 9º O responsável pela transmissão, comutação ou
roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem
14
distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação.” ou seja, o tráfego
de internet deverá ser tratado de forma igual, sem fazer distinções sobre o seu conteúdo, a

13
Lei N° 13.709 de 14 de agosto de 2018. Disponível em:
<http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/anais_linguagem_tecnologia/article/download/12156/1038
0 >. Acesso em 07 mai. 2021.
14
Ibidem.
16

forma que está sendo veiculado, não importando o destino ou mesmo sua aplicação, sendo
assim, as operadoras de internet não podem limitar a conexão de um usuário alegando que o
limite de banda foi atingido, ou mesmo favorecer determinados sites mediante pagamento dos
mesmos. “A neutralidade de rede é um princípio elaborado por pesquisadores posteriormente
incorporado nas discussões sobre governança da internet no mundo e transformado em
legislação em diversos países”15.

1.3.2 LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

A lei n° 13.709 de 14 de agosto de 2018 ou Lei Geral de Proteção de Dados,


foi promulgada em 2018 pelo então presidente Michel Temer, todavia a mesma só entrou em
vigor no dia 18 de setembro de 2020, passando por alguns vetos e mudanças pelo então
presidente Jair Bolsonaro, que vetou artigos e fez alterações à lei para criar um órgão
responsável pela aplicação correta da lei, este órgão é a Autoridade Nacional de Proteção de
Dados (ANPD). A LGPD vem ao ordenamento jurídico brasileiro como uma lei
regulamentadora acerca dos dados que são coletados diariamente dos brasileiros que utilizam
serviços online, como redes sociais, a lei exige que estes peçam aos usuários consentimento
de forma explicita para a coleta e manutenção de seus dados, e ainda livre acesso para efetuar
a exclusão ou modificação destes se assim desejar.

Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-fé e os


seguintes princípios:
I - Finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos,
explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior de
forma incompatível com essas finalidades;
IV - Livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a
forma e a duração do tratamento, bem como sobre a integralidade de seus dados
pessoais;16

Um conceito interessante que a lei traz é de “dados sensíveis” que segundo o


art. 5°, II da referida, é:

15
Entenda o que é neutralidade de rede e como é o seu funcionamento no Brasil. Disponível em: <
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-12/entenda-o-que-e-neutralidade-de-rede-e-como-e-o-
seu-funcionamento-no-brasil >. Acesso em 07 mai. 2021.
16
Lei N° 13.709 de 14 de agosto de 2018. Disponível em:
<http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/anais_linguagem_tecnologia/article/download/12156/1038
0 >. Acesso em 07 mai. 2021.
17

dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política,
filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado
referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a
uma pessoa natural.17

Tendo isso posto, o artigo vem aludir as hipóteses onde é possível realizar o
tratamento destes dados sensíveis:

Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente poderá ocorrer nas
seguintes hipóteses:
I - Quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e
destacada, para finalidades específicas;
II - Sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em que for
indispensável para:
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;
b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução, pela administração
pública, de políticas públicas previstas em leis ou regulamentos;
c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a
anonimização dos dados pessoais sensíveis;
d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em processo judicial,
administrativo e arbitral, este último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro
de 1996 (Lei de Arbitragem) ;
e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro;
f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de
saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária; ou        (Redação dada pela Lei nº
13.853, de 2019)      Vigência
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos processos de
identificação e autenticação de cadastro em sistemas eletrônicos, resguardados os
direitos mencionados no art. 9º desta Lei e exceto no caso de prevalecerem direitos e
liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais18

Frente ao exposto, fica evidenciado o cuidado do legislador acerca dos dados


sensíveis dos cidadãos, uma vez que para se fazer a manipulação dos mesmos, é necessária a
configuração de hipóteses bem especificas, tendo clausulas voltadas a prevenção de fraudes
em cadastros digitais, todo este cuidado respalda-se no medo de que o controlador dos dados
coletados os venda para instituições privadas ou para hackers tendo em especial um grande
potencial lesivo por parte destes, posto que dados sensíveis são a chave para a vida online
contemporânea, seja para bancos ou propagandas direcionadas exclusivamente para o
indivíduo.

17
Lei N° 13.709 de 14 de agosto de 2018. Disponível em:
<http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/anais_linguagem_tecnologia/article/download/12156/1038
0 >. Acesso em 07 mai. 2021.
18
Ibidem.
18

Paralelamente, outra área em que a LGPD foi categórica, é em relação à dados


de crianças e adolescentes, definindo que é necessário que o consentimento para a
manipulação dos dados de menores de 18 anos seja dado de forma especifica por um de seus
pais ou responsável, manter de forma publica quais dados foram coletados e qual a finalidade,
sendo estas informações fornecidas de maneira concisa, simples e acessível a todos, aduz o
art. 14

“Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças e de adolescentes deverá ser


realizado em seu melhor interesse, nos termos deste artigo e da legislação pertinente.
§ 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser realizado com o
consentimento específico e em destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo
responsável legal.”19

A LGPD foi um grande passo para o Brasil em relação as regulamentações


acerca dos dados que são coletados, muitas vezes sem que o usuário saiba, e depois são
reutilizados, vendidos, ou mesmo usados para a aplicação de golpes contra o titular dos
mesmos, a sociedade contemporânea está cada vez mais informatizada, e conectada, tudo que
acontece no Brasil e no mundo, em uma fração de segundo já alcançou todos os cidadãos com
acesso à internet, o que não é muito incomum atualmente. Alguns doutrinadores chamam esta
conectividade de Sociedade da Informação.

1.3.3 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

O termo “Sociedade da Informação” foi cunhado em meados da década de 90,


uma vez que era necessário definir a sociedade pós-modernismo, com o agravante da
revolução da tecnologia ocorrida nos anos 70 com a popularização do computador pessoal nos
anos seguintes e futuramente o que viria a ser a internet e os celulares. A sociedade da
informação tem como objetivo promover a inovação tecnológica em diversas áreas,
facilitando a comunicação e compartilhamento de informações, o que é benéfico para todos,
pois possibilita assim um avanço abrangente para os ramos de pesquisa que tiram proveito de
informações de outros ramos relacionados direta ou indiretamente ao tema que tem estes
como objeto de análise. Ponderando sobre o direito nessa era, ocorreram diversos avanços,

19
Lei N° 13.709 de 14 de agosto de 2018. Disponível em:
<http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/anais_linguagem_tecnologia/article/download/12156/1038
0 >. Acesso em 07 mai. 2021.
19

alguns por necessidade e outros por conveniência dos recursos, pegando como exemplo o
“Processo Judicial Eletrônico”, o que possibilitou a desburocratização do acesso aos
processos, para efeitos de consulta, gerando mais eficiência e fluidez ao mesmo, outro grande
avanço para o direito brasileiro é a possibilidade de realizar audiências por vídeo conferência,
certo que em grande parte essa evolução é decorrente do momento pandêmico atual,
entretanto, essa ferramenta já estava sendo inserida aos poucos nos tribunais brasileiros, com
oitivas de testemunhas e réus a distância, este recurso foi inserido pelo Código de Processo
Civil em 2015 e desde então vem sendo adotado pelos tribunais brasileiros, todavia o uso era
moderado, e quando utilizado era feito em juízo.

Art.385. (...) § 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou
subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por
meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e
imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da
audiência de instrução e julgamento.20

Por outro lado, com o avanço da tecnologia, veio junto o avanço dos
criminosos e uma grande variedade de crimes se tornou real, tendo por intermédio o uso da
internet, palavras como hackers, cibercriminosos, ataques DDoS, vírus, spywares e muitos
outros termos, se tornaram relativamente comuns ao se ler uma notícia atualmente, estes
vocábulos estão ligados a crimes e criminosos virtuais. Os criminosos que atuam por meio da
internet são muito difíceis de serem combatidos, dado que nunca se sabe onde os mesmos se
encontram, uma alternativa para superar esta dificuldade é o rastreamento de IP e MAC, que
são endereços inerentes à máquina que o criminoso está utilizando, cada computador tem um
e estes são imutáveis, entretanto existem ferramentas que mascaram, ou substituem estes
endereços seja modificando a origem do IP para um país estrangeiro, ou simulando maquinas
inteiras com endereços diversos, mesmo que tais ferramentas não objetivem a prática de
cibercrimes as mesmas auxiliam na realização destes. Com a proliferação dos celulares, e
mais por sua comodidade de estar sempre a mão e ter quase todas as funcionalidades de um
computador, nos dias atuais, é comum os golpes aplicados por meio de aplicativos de
mensagens, através de links propagados nestes aplicativos, estelionatários conseguem aplicar
diversos golpes por vez, as vezes em questão de horas, milhares de pessoas acabam sendo
lesadas por golpistas, e acaba sendo mais difícil combater estes, pois os mesmos evoluem
junto com as tecnologias de proteção ao usuário.

(...)a rede mundial de computadores permite que usuários em todo o mundo se


comuniquem e troquem informações. Violação de dados, mensagens falsas,
20
Lei N° 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm >. Acesso em 08 mai. 2021.
20

movimentação bancárias, transações nacionais e internacionais e subtração de


arquivos são alguns exemplos corriqueiros de crimes eletrônicos. Em algumas
situações, a subtração de arquivos e dados pessoais não objetiva, por exemplo,
vantagem econômica, mas representa um ataque moral, nos casos que o criminoso
visa denigrir a imagem da vítima, podendo até se passar por esta, assumindo
falsamente sua personalidade.21

A propagação dos crimes virtuais só cresce a cada dia que passa, e cada vez
mais os criminosos encontram maneiras diferentes para a realização destes, tendo em
consideração a quantidade de pessoas que ainda tem alguma dificuldade com internet no
brasil é grande, neste sentido as leis que regulam a internet tem grande importância, proteger
os dados é essencial para todos os cidadãos. Quanto a informação acerca de sites fraudulentos,
e golpes na internet, os próprios internautas criaram ferramentas para cientificar uns aos
outros destes sites como “E-farsas.com”, “Boatos.org” e “Fraudes.org” são os mais
completos para checagem dos golpes mais recentes em execução na web.

2 CRIMES ELETRÔNICOS

Os crimes eletrônicos são uma modalidade nova no ordenamento jurídico


brasileiro, surgiram junto com o crescimento exponencial da rede mundial de computadores
nas últimas décadas, e os criminosos continuaram a evoluir seus métodos de praticar crime de
forma que, um simples link atualmente pode reter todas as informações de bancos e dados
pessoais de qualquer pessoa. Sendo esta técnica utilizada de forma recorrente nos anos
recentes em decorrência da popularização dos smartphones e a sua praticidade no uso
cotidiano de bilhões de pessoas. A revista Isto é Dinheiro 22 traz estatísticas de um relatório
produzido pelo We Are Social e Hootsuite.

“Segundo um relatório produzido pelo We Are Social e Hootsuite de janeiro de


2021, apontam para que existam 4,66 bilhões de usuários na rede. Curiosamente, o
mesmo relatório aponta para a existência de 5,22 bilhões de usuários com
dispositivos móveis.  Se no planeta existe, segundo estimativas de julho de 2020,
uma população global 7,8 bilhões de pessoas, então mais de metade do mundo está
ligado na rede.” 

Sequestro e clonagem de dados são alguns dos delitos mais comuns neste meio,
entretanto a pratica de crimes contra a honra ocupa um lugar especial em meio aos delitos
21
COMENALE, Felipe Becari. O direito na sociedade da informação. Disponível em: <
https://jus.com.br/artigos/65068/o-direito-na-sociedade-da-informacao#:~:text=Acrescenta%2C%20ainda%2C
%20que%20o%20termo,informa%C3%A7%C3%B5es%20em%20tempo%20real%2C%20com >. Acesso em 09
mai. 2021.
22
Número de usuários de Internet no mundo chega aos 4,66 bilhões. Disponível em: <
https://www.istoedinheiro.com.br/numero-de-usuarios-de-internet-no-mundo-chega-aos-466-bilhoes/ >
Acesso em: 15 mai. 2021
21

digitais, pois, novamente com a evolução da internet e da popularização da mesma, surgiram


redes sociais, e como é comum em qualquer círculo de interação humana, pessoas discordam
umas das outras e isso tende a ocorrer de forma recorrente na internet, estes desentendimentos
podem escalar e ir de coisas banais à ofensas decorrentes de posicionamentos políticos
contrários. A internet dá as pessoas uma sensação de falso poder sobre outras, isso advém da
condição de que elas estão seguras em suas casas escondidas atras de avatares e contas, e na
internet “é só mais uma conta fake”, todavia, estas contas podem ser rastreadas e os seus
administradores levados a justiça, sendo condenados e em alguns casos obrigados, mediante
decisão judicial, a postar nestes perfis notas de retratação. Samuel Silva Basílio Soares,
especialista em Direito Processual Penal, tem convicção de que23:

“Os crimes contra a honra em ambiente virtual vêm se alastrando facilmente,


principalmente com a evolução tecnológica, quando da manifestação de uma
opinião, ilustrada com vídeos, fotos, mensagens com áudio, dentre outros. A
elevação da incidência desses crimes ocorreu com a criação de blogs, sites de
relacionamentos e redes sociais, ampliando as maneiras de ofender e ser ofendido,
direta ou indiretamente.”

É inegável que, quando se pensa em crimes eletrônicos logo vem à mente


conceitos como hackers, porém, como dito anteriormente os cibercrimes são um leque de
possibilidades gigantesco, todavia existem aqueles que são os mais praticados entre todos.

2.1 CIBERCRIMES E SUAS DIVISÕES

Além dos supracitados no capítulo anterior, crimes contra a honra, estelionato,


e outros, há diversos outros crimes, tais como pornografia infantil, furto, ciberterrorismo,
intolerância religiosa, racismo, incitação ao suicídio, pirataria, plagio, invasão de dispositivo
informático, stalking, estes são apenas alguns exemplos de muitos crimes que já tem
tipificação ou adequação ao código penal brasileiro, entretanto, há muitas lacunas a preencher,
o código penal brasileiro já é defasado em relação a estes crimes, uma vez que esta é uma área
nova do escopo penal, e continua evoluindo a cada dia mais e a quantidade vasta de crimes
que podem ser cometidos apenas pelo meio digital é no momento atual imensurável.
Guilherme Schaun acredita que24 “[...] necessário reiterar que a necessidade de disciplinar
23
SOARES, Samuel Silva Basílio. Os crimes contra honra na perspectiva do ambiente virtual. Disponível em:
<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/os-crimes-contra-honra-na-perspectiva-do-ambiente-
virtual/ >. Acesso em 15 mai. 2021
24
SCHAUN, Guilherme. Uma lista com 24 crimes virtuais. Disponível em: <
https://guilhermebsschaun.jusbrasil.com.br/artigos/686948017/uma-lista-com-24-crimes-virtuais >. Acesso
22

todos os crimes consumáveis na internet dificilmente será sanada, em virtude da expansão


constante da internet.”

Os cibercrimes são divididos em crimes puros, crimes mistos e crimes comuns.


O advogado Marco Aurélio Rodrigues da Costa 25 define os crimes puros como sendo aqueles
destinados exclusivamente a atingir o PC ou os dados que estes contêm, é o famoso hacking,
alguém em um PC remoto invade deliberadamente o seu computador e tenta de algum modo
subtrair algum dado sensível do indivíduo, ou danificar partes físicas da máquina, até mesmo
bloquear todo o computador, exemplos comuns são phishing e ransomware. Phishing é em
síntese estelionato, o criminoso obtém os dados de 3° por meio de links e sites suspeitos,
mascarados como sites de empresas grandes ou de instituições bancárias, já o ransomware, é
o sequestro do computador por completo, o hacker bloqueia o acesso ao computador e exige
uma recompensa monetária para reaver o acesso à máquina.

Marco Aurélio26 aponta que os crimes mistos são aqueles em que o alvo não
são os dados, ou o computador da vítima, e sim os seus bens, utilizam-se da internet para
realizar transferências, clonar cartões; os criminosos preferem atingir mais o público idoso
uma vez que, estes são mais suscetíveis a passar seus dados por telefone a outrem levados
pela ignorância dos golpes que estão em alta entre os golpistas.

Alude ainda que crimes comuns utilizam a internet para a prática de um delito
que já é tipificado pelo código penal brasileiro, como nos casos de crimes contra a honra,
pornografia infantil, incitação ao suicídio, dentre outros. Uma vez que todos estes já são
tipificados pelo CP, o que mudou aqui foi apenas o modo de executar o crime, que é através
da internet, sendo assim não seria necessária uma nova tipificação para estes delitos, apenas
uma adequação do operador do direito, todavia há uma dificuldade enorme para conter estes
uma vez que no ambiente digital é extremamente rápido e fácil destruir as evidencias que
fariam prova contra os criminosos, tendo isso em vista é de suma importância que o provedor
de internet colabore com as investigações policiais e forneça os dados de trafego de internet,
assim como o IP da máquina utilizada para praticar determinado delito, facilitando assim, o

em: 16 mai. 2021


25
COSTA, Marco Aurélio Rodrigues da. Crimes de Informática. Disponível em: <
https://jus.com.br/artigos/1826/crimes-de-informatica/3 >. Acesso em: 16 mai. 2021
26
Ibidem
23

trabalho da polícia e acelerando a fase do inquérito policial. Reginaldo César Pinheiro 27


Detalha também o uso dos IP’s na investigação.

A polícia tem conseguido reprimir os cybercrimes se utilizando dos chamados IP


(Internet Protocol), que identifica através do seu respectivo número a localização do
info-marginal. Neste caso o provedor de acesso é obrigado a fornecer a referidas
informações para a consubstanciação da prova. Se no caso de ofensa moral a uma
pessoa em uma sala de bate-papo, por exemplo, será através deste IP que poderá ser
comprovado tal ofensa, para efetivação da punição a posteriori. Por isso se faz
necessária a existência de mecanismos mais rígidos com relação as atividades do
provedor de acesso, sobretudo, exigindo o armazenamento das informações de cada
usuário pelo prazo de no mínimo um ano.

2.2 MODALIDADES DE CRIMES COMUNS NO AMBIENTE VIRTUAL

A despeito dos crimes mais praticados no meio digital, temos diversas


modalidades, dentre estes se destacam pedofilia, aliciamento de menores, web-bullying,
indução ao suicídio, ameaça, falsidade ideológica e muitos outros supracitados. Infelizmente
uma das práticas mais comuns na internet brasileira é o aliciamento de menores, a internet é
um ambiente muito volátil a pratica de crimes, pois com a interação entre pessoas nos jogos
eletrônicos, chats e em redes sociais em geral, um adulto pode facilmente atrair crianças, se
passando por jovem ou até mesmo criança, estabelecer com a vítima um vínculo emocional de
amizade, de afeto e assim, valendo-se disso convencê-las a enviar fotos intimas, fazer ligações
por VOIP, trocar mensagens de cunho sexual, fazer chamadas de vídeo em que se toca ou
assisti-lo praticar qualquer ato libidinoso, o Estatuto da Criança e do Adolescente define
aliciamento de menores no seu art. 241-D28.

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de


comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela
Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)

27
Pinheiro, Reginaldo César. Os cybercrimes na esfera jurídica brasileira. Disponível em: <
https://jus.com.br/artigos/1830/os-cybercrimes-na-esfera-juridica-brasileira#:~:text=Os%20crimes%20virtuais
%20puros%2C%20conforme,é%20que%20verifica-se%20a> . Acesso em: 16 mai. 2021
28
Lei N° 8.069 de 13 de julho de 1990. Disponível em: <
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/103482/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-lei-8069-
90#art-241D >. Acesso em: 20 mai. 2021
24

I – Facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito


ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)
II – Pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança
a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)

Clarifica também o art. 241 do ECA que cena de sexo ou pornográfica é


“qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais
ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins
primordialmente sexuais.” Ou seja, o criminoso está se valendo da inocência da criança para
satisfazer sua lascívia, utilizando nos dias atuais os jogos, redes sociais, canais de voz dentre
outros, pois são nestes lugares que estão concentrados a maioria das crianças e adolescentes,
tendo isto exposto, outro ponto importantíssimo é ressaltar a importância dos pais na vida dos
filhos no meio digital, é muito fácil ser qualquer pessoa na internet, e uma vez que uma
criança tenha pais atentos ao que os seus filhos consomem online, ela não será mais um
número de estatística.

O art. 241-B29 do ECA, traz em seu conteúdo as disposições sobre pornografia


infantil, outra prática comum no meio online. Dispõe o artigo: “Art. 241-B. Adquirir, possuir
ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”, com os seus
parágrafos exemplificando causas de redução de pena e exclusão de ilicitude, estando
configurada nos casos onde há um agente público a serviço, funcionários de entidades que
repassam informações e notícias e por fim representante de provedor utilizado para repasse de
material ao MP. Em 2005 foi criada a Safernet, uma ONG voltada ao combate de crimes
sexuais envolvendo crianças e adolescentes, mantem também uma central de denúncias de
crimes cibernéticos, que atua em conjunto com a secretaria de direitos humanos, visando
fortalecer o combate aos cibercrimes, principalmente o aliciamento e a pornografia infantil no
ambiente online brasileiro. O Presidente da Safernet informa que30

“A pandemia provocou e continua a provocar mudanças abruptas na rotina das


famílias. As crianças ficaram muito mais tempo online e expostas a situações de
risco, agravado pelo fechamento das escolas, que sempre serviu como uma
importante rede de apoio e prevenção a violência sexual”

29
Lei N° 8.069 de 13 de julho de 1990. Disponível em: <
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003220/artigo-241b-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990 >. Acesso
em: 20 mai. 2021
30
Denúncias de Pornografia infantil cresceram 33,45% em 2121, aponta Safernet Brasil. Disponível em: <
https://new.safernet.org.br/content/denuncias-de-pornografia-infantil-cresceram-3345-em-2021-aponta-
safernet-brasil >. Acesso em 20 mai. 2021
25

Neste contexto, vale ressaltar também o excelente trabalho dos agentes da


Polícia Federal infiltrados em diversos grupos, ligados a redes gigantescas de
compartilhamento de fotos e vídeos íntimos de menores, realizam diversas operações visando
apreender materiais que eram compartilhados com outros integrantes e realizar a prisão em
flagrante dos criminosos. Contudo é muito difícil ainda assim para os agentes, uma vez que
existem diversas formas para destruir as provas que ligariam os criminosos ao crime e aos
seus comparsas, e com a popularização da Dark Web, este combate se tornou ainda mais
difícil, a dark web é uma parte da internet que é altamente criptografada, necessitando de
navegadores web especiais para acessa-la, além de que é maior que a web tradicional, e com o
rastreamento de usuários sendo quase impossível neste ambiente, os criminosos o utilizam de
forma livre, contudo há o esforço de diversas policias ao redor do mundo visando combater
este tipo de conteúdo. Uma matéria no Tecmundo 31 informa sobre o combate a pornografia
infantil por autoridades estrangeiras.

A polícia alemã prendeu quatro integrantes de um grupo suspeito de gerenciar um


dos maiores sites com imagens de abuso infantil do mundo. Escondida na dark web,
a página possuía mais de 400 mil usuários. Após a prisão do grupo, o site chamado
Boystown foi retirado do ar. Desde a criação em junho de 2019, a plataforma serviu
de “intercâmbio mundial de pornografia infantil” e usava uma estrutura que
facilitava o acesso e a troca de imagens e vídeos. (...), “Havia e ainda existem vários
sites como o Boystown. Por essa razão, as investigações continuarão para identificar
os responsáveis por trás dessas páginas”, disse a promotora pública Julia Bussweiler
ao NBC News.

2.3 AVANÇOS TRAZIDOS PELA LEI 12.735/12 E PELA LEI 12.737/12

O projeto da lei 12.735/12 vinha desde 1999 sendo debatido e modificado entre
as casas do congresso nacional, à época com o nome de PL 84/99, conhecido também como
Lei Azeredo, nome dado em alusão do seu relator no Senado e Câmara, Eduardo Azeredo, O
PL 84/99 era muito inovador para a época em que foi proposto, pois trazia em seu texto a
propositura para a punição de crimes no ambiente digital, o PL foi amplamente debatido na
31
Dark web: polícia fecha site de pornografia infantil com 400 mil membros. Disponível em: <
https://www.tecmundo.com.br/internet/216740-dark-web-policia-fecha-site-pornografia-infantil-400-mil-
membros.htm >. Acesso em 20 mai. 2021.
26

câmara até que foi aprovado por esta em meados de 2003, sendo enviado ao Senado logo em
seguida, ali ficou por mais alguns anos até 2008. O PL 84/99 foi desidratado até restarem
apenas 4 de seus controversos 23 artigos, destes 4 artigos restantes a então Presidente Dilma
Rousseff vetou 2 e assim sancionou a Lei N°12.735/12, que modificou a estrutura das
policias, estabelecendo que estas deveriam criar equipes e setores especializadas no combate a
delitos informáticos e modificou também a lei de crimes raciais, adicionando os meios de
comunicação social ou publicações como meios de pratica de crimes raciais, tendo até mesmo
pena definida.
32
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor,
etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de
15/05/97)
(...)
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios
de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei
nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

A Lei Azeredo, durante sua tramitação pelas casas legislativas brasileiras, foi
apelidada de AI-5 Digital, pois seu texto trazia diversas tipificações incoerentes com a
gravidade do crime cometido, entrando em desacordo com a convenção de Budapeste, que à
época era a principal referencia no que tangia a leis cibernéticas, esta prezava pela liberdade
do utilizador da rede, e disciplinava condutas para proteger o internauta de cibercrimes,
entretanto, o Brasil decidiu não aderir à esta convenção, todavia, a lei ia muitas vezes em
sentido contrário ao que esta pregava. Gills Lopes Macêdo Souza e Dalliana Vilar Pereira
entendem que33.

apesar de ter sido moldado para estar em harmonia com a supracitada Convenção, o
projeto analisado institui muitas obrigações naquela inexistentes, extrapolando os
limites da razoabilidade e da proporcionalidade. De forma que, ainda, pelo inciso I
do art. 21 do referido PLS, o provedor é obrigado a guardar dados aptos à
identificação do usuário e dos endereços eletrônicos de origem, rastreando-se direta
e indiscriminadamente o usuário, a despeito de sua liberdade de navegação
cibernética. Por sua vez, pela Convenção, a qual presa pela razoabilidade e pelo
respeito às liberdades dos internautas, rastreia-se o provedor e, indiretamente,
através dele, quando necessário e com base em ordem judicial, chega-se ao usuário

2.3.1 LEI 12.737/12

32
Lei N° 12.735 de 30 de novembro de 2012. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2012/Lei/L12735.htm >. Acesso em 20 mai. 2021
33
SOUZA, Gills Lopes Macêdo e PEREIRA, Dalliana Vilar. A convenção de Budapeste e as leis brasileiras.
Disponível em: < https://www.charlieoscartango.com.br/Images/A%20convencao%20de%20Budapeste%20e
%20as%20leis%20brasileiras.pdf >. Acesso em 20 mai. 2021.
27

A Lei N° 12.737/12, ou simplesmente Lei Carolina Dieckmann veio para


introduzir tipos penais ao código penal brasileiro de crimes praticados por intermédio ou
exclusivamente na internet, à época foi mais um grande passo em relação a segurança de
dados, era uma garantia que os criminosos não iam sair mais impunes. Tendo isto posto,
foram inseridos ao código penal os artigos 154-A, 154-B, e alterações nos artigos 266 e 298,
tais artigos são considerados delitos e não crimes. O art. 154-A dispõe sobre duas condutas, a
primeira é a invasão de dispositivo informático alheio com a finalidade de obter, adulterar ou
destruir dados sem a permissão do dono do dispositivo, seja ele smartphone ou computador, a
segunda é sobre instalação de vulnerabilidades para obter vantagem ilícita, ou seja, instalar
softwares que explorem vulnerabilidades de sistema, permitindo assim ao criminoso receber
informações de dentro do aparelho de forma remota, o legislador procurou proteger de forma
abrangente os dados sensíveis do cidadão. Trazendo em seus parágrafos sua forma qualificada
e causas de aumento de pena.
34
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de
computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim
de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou
tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem
ilícita:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
[...]§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo
econômico.
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas
privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas
em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui
crime mais grave.
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver
divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados
ou informações obtidas.
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra:
I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
[...].

34
Lei N° 12.737 de 30 de novembro de 2012. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12737.htm >. Acesso em: 22 mai. 2021
28

O art. 154-B versa apenas sobre a forma de representação dos crimes citados
artigo anterior, definindo que estes apenas procedem mediante representação com exceção de
crime cometido contrapoderes da união.
35
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante
representação, salvo se o crime for cometido contra a administração pública direta
ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou
Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.

As alterações dos artigos 266 e 298 versam sobre interrompimento de serviço


de informação pública e falsificação de cartões, respectivamente.
36
Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou
telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
§ 1 o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de informação
de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. (Incluído pela
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar
documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento
particular o cartão de crédito ou débito. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Vigência Falsidade ideológica

Vale lembrar que, a falsificação de cartões já é pratica conhecida entre os


operadores do direito brasileiro, todavia, com o advento da internet a falsificação de cartões
tomou proporções imensas uma vez que com o surgimento de serviços online pagos, como
sites de streaming de filmes e de músicas se tornaram extremamente populares, outros sites
geradores de cartões de credito fraudulentos também se tornaram populares visto que nos sites
de conteúdo pago é necessário o cadastro de um cartão de crédito funcional para a realização
da cobrança do serviço.

3 LEGISLAÇÃO ESTRANGEIRA, DESENVOLVIMENTO DO DIREITO DIGITAL


BRASILEIRO E O LIMITE ENTRE A LIBERDADE E O CONTROLE DA REDE

35
Lei N° 12.737 de 30 de novembro de 2012. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12737.htm >. Acesso em: 22 mai. 2021

36
Ibidem.
29

3.1 LEGISLAÇÃO ESTRANGEIRA

3.1.1 A FRANÇA PROGRESSISTA DE MACRON

Em diversos países do mundo, observa-se a evolução do direito sobre a


internet, dentro deste contexto começam a aparecer diversos exemplos de leis, de acordo com
o jornal El País37, na França foi adotada em 2019, uma lei que é contra o ódio na internet
estabelecendo que a responsabilidade pela exclusão destes é totalmente das plataformas
digitais, que terão prazo de 24 horas para realizar a ação, do contrário sofrerão pesadas
multas. Este projeto de lei visa combater principalmente o ódio contra mulheres, pretos e a
comunidade LGBTQIA+, com essa estipulação de prazo e multa prevista em 1,25 milhão de
Euros o governo da França almeja gerar mais inclusão online e garantir assim um ambiente
seguro e que respeita todos os indivíduos de forma igualitária.

Saliente-se ainda que, as empresas responsáveis pelas redes, deverão ainda


quebrar o anonimato da conta em que o crime de ódio foi cometido, criação de um botão de
denúncia acerca deste crime e prevê ainda um comitê especializado em crimes de ódio online
ligado ao ministério público, sendo este destinado a auxiliar na identificação dos criminosos.
Entretanto a principal crítica à essa lei é que, o governo, estaria deixando nas mãos de
empresas privadas o controle da censura em seus sites, ou seja, elas poderão decidir o que é
considerado discurso de ódio e o que não é abrindo margem para censurarem alguma parte da
população que tiver ideias contrarias à administração da rede, cerceando assim a liberdade de
expressão dos usuários.

3.1.2 PIONEIRISMO DOS EUA

Em termos de legislação, os Estados Unidos é uma das nações mais avançadas na


área virtual, implementando diversas leis e discutindo muitos projetos relacionados ao tema.
37
AYUSO, Silvia. França adota lei contra o ódio na Internet. Disponível em <
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/09/internacional/1562689055_153988.html >. Acesso em:
07/07/2021
30

Um exemplo de leis americanas para a internet é o DMCA (Digital Millenium Copyright Act)
ou a Lei dos Direitos Autorais do Milênio Digital, aprovado em 1998 o dispositivo legal
iniciou uma onda de novas leis referentes ao resguardo e proteção da propriedade intelectual
dos artistas, escritores, cineastas, pintores dentre muitos outros, sendo essas leis elaboradas
após o tratado da OMPI (WIPO Copyright Treaty). No Brasil elaborou-se a Lei N° 9.610 de
19 de fevereiro de 1998, a Lei dos Direitos Autorais ou simplesmente LDA, mesmo não sendo
um dos países que acordaram com a OMPI, a LDA absorveu e adequou diversas diretivas da
DMCA para o cenário brasileiro. Apesar de não ter validade no Brasil, a DMCA também tem
efeito na esfera digital brasileira, visto que os servidores das redes sociais, motores de busca,
sites de streaming dentre outros muitos, estão hospedados nos Estados Unidos os brasileiros
recebem sanções referentes a esta lei, principalmente criadores de conteúdo para a internet,
haja vista que grande maioria destes utilizam-se de materiais de terceiros para embasar ou
criar outro tipo de conteúdo relacionado a determinado tema, em algumas ocasiões são
impedidos por violação de direitos autorais, tendo o trecho da obra removida automaticamente
pela DMCA e em alguns casos não é nem possível a publicação do material, evidenciando
que o conceito de Estado e fronteiras, no âmbito da internet é relativo, pois mesmo estando no
Brasil, recebe-se sanção baseada em uma lei americana.

Não obstante, os EUA também elaboram diversas medidas controversas e que


geram certo desconforto em toda a comunidade da internet, uma vez que essas colhem ou
abrem brechas para a retenção de diversos dados de usuários o que gera diversos
questionamentos acerca do motivo que esses dados são retidos, o Uol 38 discorre que, em 2018
a Lei apelidada de Cloud Act foi aprovada e entrou em vigor nos EUA, o objetivo desta lei é
facilitar a obtenção de provas visando assim a celeridade processual do pais, haja vista que
esta lei permite realizar a quebra do sigilo dos servidores de empresas americanas, mesmo que
estejam fora do pais, antes de 2018 o processo para obtenção de dados hospedados fora dos
Estados Unidos era imensa e em alguns casos demoravam-se anos para obtenção dos mesmos,
e agora com a possibilidade da quebra prevista em lei, esse processo será mais rápido e eficaz.
Os críticos desta lei alegam que, isso cria uma brecha para o governo obter dados sensíveis de
todos os usuários da rede, que estejam cadastrados no banco de dados da empresa, ou seja,
qualquer pessoa no mundo estaria vulnerável ao governo dos EUA, além de ferir as
soberanias alheias, tais dados estariam passiveis de serem utilizados em possíveis negócios

38
Nova lei permite que EUA acessem dados de usuários que estejam fora do país. Disponível em: <
https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2018/04/25/nova-lei-americana-de-obtencao-de-dados-traz-
perigos-a-soberania-de-paises.htm > . Acesso em: 10/07/2021
31

com nações aliadas e até mesmo para controle de entrada de estrangeiros ilegais em solo
americano. O senador Rand Paul39 foi contrário à lei à época acreditava que

“O Congresso deveria rejeitar o Cloud Act porque ele falha ao proteger os direitos
humanos ou a privacidade dos americanos... Ele abandona seu papel constitucional e
dá muito poder ao Procurador-Geral, ao Secretário de Estado, ao Presidente e aos
governos estrangeiros".

3.1.3 O CONTROLE DE REDE DA CHINA

A China é uma das nações que mais controlam o uso da internet, se não for a
que mais controla, o que os seus cidadãos consomem no ambiente virtual, existem
precedentes de bloqueios de personalidades, sites, termos, dentre outras coisas que o
governo censura e esconde dos seus usuários. O site Oficina da net 40 detalha a censura
chinesa exemplificando que o governo utiliza uma agência para realizar a censura na rede
chinesa, a Xinhua News Agency que além disso, é a responsável por transmitir as notícias
mais sensíveis aos cidadãos.

Além desta agência, existe também o “The Great Firewall of China” que é
basicamente um programa que filtra quais sites são permitidos e quais não são permitidos a
operar em solo chinês, por exemplo o Google, não opera mais desde 2010 no país, após
sofrer uma onda de ataques de hacker chineses, como eram muito sofisticados a gigante das
buscas desconfiou do governo chines e assim, encerrou suas atividades na china. Em relação
aos dados de usuários, não existe privacidade quando se fala neles, o governo tem acesso a
todos os dados, aplicativos de smartphone como WhatsApp não são utilizados lá, a
alternativa deles é o mensageiro chines We chat que engloba diversas funcionalidades como
pagamentos, ligações, GPS, miniprogramas entre outras funcionalidades, como o governo
controla todos os aspectos da internet, eles têm controle de todos os usuários em tempo real.

Entretanto alguns chineses até tentam burlar os firewalls do governo utilizando


VPN’s (Virtual Private Network), essas desviam o endereço IP da fonte, fazendo com que a
rede leia esse dispositivo como se estivesse em outro país do mundo, contudo não é certeza

39
Fala do senador Rand Paul. Disponível em: < https://twitter.com/RandPaul/status/976653262182080512?
s=20 >. Acesso em: 16/07/2021
40
MEYER, Maximiliano. Como funciona a censura e o acesso à internet da China. Disponível em: <
https://www.oficinadanet.com.br/tecnologia/19933-como-funciona-o-acesso-a-censura-na-internet-da-china
>. Acesso em: 16/07/2021
32

que essas redes são 100% não rastreáveis pelo governo, uma vez que o sistema de controle
chines é bem extenso e abrangente, e conta com milhares de profissionais trabalhando para
que continue a bloquear tudo que o governo ache nocivo ao regime. Um caso bem recente de
censura chinesa foi em 2019, onde diversas personalidades da internet começaram a se
posicionar para que Hong Kong ficasse livre do domínio chinês, haja vista que esta área era
locada pelos ingleses, desde então o governo tem censurado pessoas e sites que se
posicionem a favor da independência de Hong Kong.

Tendo em conta o cenário ditatorial acerca da internet, a área que mais se


desenvolveu economicamente, foi o campo das empresas de telefonia e tecnologia chinesas,
como Huawei, Xiaomi, Tencent dentre muitas outras. De certa forma fechar as fronteiras
invisíveis da internet fez com que as empresas tivessem que se desenvolver e criar
alternativas alinhadas com o governo, e assim é até hoje. Há quem diga que esse bloqueio
chines é estratégico e foi feito pensando em alavancar a economia do país, sem interferência
estrangeira, os chineses iriam ser obrigados a consumir produtos chineses, fazendo com que
a renda não saísse da China.

3.1.4 CERCEAMENTO DE SOCORRO CUBANO


De acordo com a revista Exame41, o Estado cubano só teve acesso à internet em
2008, no entanto era apenas para poucos moradores, raríssima, já em 2018 teve início a
informatização de cuba e em apenas 2 anos 66% da ilha toda já tinha acesso a rede apesar de
ser ainda um acesso caro, cerca de 7 dólares (algo em torno de R$36,46) por 600mb de
internet móvel.

Quando o acesso à internet teve início o governo publicou uma série de


recomendações para se utilizar a internet, dentre estes estava o “uso responsável”, uma
mensagem clara de que o governo estava supervisionando o acesso. A internet em Cuba é
considerada nacional devido a supervisão e controle do governo, podendo tirá-la do ar
quando quiser.

Nos anos de 2020 e 2021 o mundo vem enfrentando a pandemia do Covid-19,


milhões de pessoas morreram e outras milhões de pessoas ficaram doentes, em julho de
2021, a população cubana foi as ruas protestar pois estavam com falta de vacinas e o número
de casos no pais não parava de aumentar, diante dessa situação o governo cubano decidiu
41
Cuba amplia acesso à internet como ferramenta de defesa da revolução. Disponível em: <
https://exame.com/mundo/cuba-amplia-acesso-a-internet-como-ferramenta-de-defesa-da-revolucao/ >.
Acesso em: 22/07/2021
33

bloquear a internet no pais para conseguir controlar as ondas de protesto contra o regime,
pois estes estavam atacando o sistema de saúde cubano, do qual o pais é orgulhoso de ter.

Assim como o governo chines, o governo cubano optou por cortar todo o
acesso à internet principalmente ao WhatsApp e ao Facebook pois é o método mais eficaz
mundo afora para conter grandes ondas de protestos, cortando a comunicação instantânea e
futuramente para prevenir novas manifestações, segundo informações do site Poder 360.42

3.1.5 BRASIL COMPARADO A OUTROS PAISES

A relação entre o direito e a internet no Brasil, é um tanto quanto complexa já


que não existe legislação especifica acerca deste assunto, pois o Código Penal brasileiro é
deveras antigo, datando de 1949, sendo assim, os legisladores fazem adequações e
interpretações do código, e o aplicam aos crimes cometidos na rede mundial de computadores,
entretanto o crime de ódio no Brasil integra o art. 20 da lei N° 7.716, de 5 de Janeiro de
198943, esta versa sobre preconceito racial e define crimes e penas para os ali citados.

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor,


etnia, religião ou procedência nacional Pena: reclusão de um a três anos e multa
[...] § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos
meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa
I - O recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material
respectivo;
II - A cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou
da publicação por qualquer meio;
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede
mundial de computadores.

O inciso III do presente artigo, foi inserido pela lei N°12.288, de 2010, este
discorre explicitamente sobre divulgação de materiais e mensagens de cunho racista, ou que

42
CARVALHO, Mario Cesar. Cuba usa bloqueio da internet para enfrentar protestos por saúde e liberdade.
Disponível em: < https://exame.com/mundo/cuba-amplia-acesso-a-internet-como-ferramenta-de-defesa-da-
revolucao/ >. Acesso em: 22/07/2021.
43
Lei N° 7.716 de 5 de janeiro de 1989. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm >.
Acesso em: 22/07/2021.
34

contenha mensagens de ódio pela rede mundial de computadores, e desde então vem sendo
utilizado para fazer essa adequação do crime para a pós-modernidade.

Quanto ao que compete aos nossos dados sensíveis temos a LGPD44, que é em
alguns aspectos parecida com o Cloud Act, contudo, os dados de usuários somente são
cedidos em determinadas situações

1 Pelo controlador (art. 7º, II);


2 Pela administração pública, para o tratamento e uso compartilhado de dados
necessários à execução de políticas públicas previstas em leis e regulamentos ou
respaldadas em contratos, convênios ou instrumentos congêneres (art. 7º, III);
3 Para a realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que
possível, a anonimização dos dados pessoais (art. 7º, IV);
4 Quando necessário para a execução de contrato ou de procedimentos preliminares
relacionados a contrato do qual seja parte o titular, a pedido do titular dos dados (art.
7º, V);
5 Para o exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou
arbitral, esse último nos termos da lei de arbitragem (art. 7º, VI);
6 Para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro (art. 7º,
VII);
7 Para a tutela da saúde, em procedimento realizado por profissionais da área da
saúde ou por entidades sanitárias (art. 7º, VIII).

Ou seja, a lei brasileira é bem mais clara sobre quando e como informações
sensíveis de usuários serão manipuladas e utilizadas por 3°, até mesmo pela justiça,
transmitindo assim alguma sensação de segurança a mais que a Cloud Act. Este cuidado a
mais com os dados dos brasileiros é segundo o site da LGPD uma forma de proteger o crédito
e coibir fraudes.

Em síntese conclusiva, a internet brasileira é bem democrática e em diversos


aspectos difere de outros países com regime ditatorial em que a rede é controlada e pode ser
tirada do ar a qualquer momento pelos governantes, a legislação brasileira preza pela
liberdade de expressão garantida pela Constituição Federal.

O marco civil da internet é o garantidor dos direitos de todo brasileiro que


acessa a internet por meio de um smartphone ou computador pessoal. 82,7%45 dos lares
brasileiros tem acesso à internet, sendo essa oferecida a preço razoável e sem limitação de

44
Lei N° 13.709 de 14 de agosto de 2018. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/l13709.htm >. Acesso em: 25/07/2021
45
Pesquisa mostra que 82,7% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet. Disponível em: <
https://www.gov.br/mcom/pt-br/noticias/2021/abril/pesquisa-mostra-que-82-7-dos-domicilios-brasileiros-
tem-acesso-a-internet>. Acesso em: 25/07/2021
35

uso, seja para criticar ou apoiar o governo, o governo garante que todo cidadão exprima sua
opinião online, desde que esteja devidamente identificado com foto e nomes reais.

3.2 DESENVOLVIMENTO DO DIREITO DIGITAL BRASILEIRO

O direito digital é ainda inexplorado na legislação, abrindo inúmeras


possibilidades posto que é uma área do direito brasileiro em desenvolvimento, podendo assim
seguir em algumas direções, sendo mais progressista como a França, em relação a tópicos que
envolvam racismo ou qualquer tipo de discriminação nas redes, visando uma ação rápida e
eficiente por ambos judiciário e empresa acarretando em uma maior inclusão digital destes
grupos que muitas vezes se privam de interagirem livremente na internet, com medo de serem
reprimidos e discriminados de inúmeras formas por outros internautas.

Outro caminho viável para o Brasil, seria seguir o pioneirismo dos EUA,
criando diversas leis especificas, ou até mesmo um código elaborado especialmente para
situações que ocorrem somente no ambiente digital, adotando medidas punitivas e criando
crimes da internet, e empregar também as medidas previstas na LGPD e na LDA. A criação
de um capítulo no novo código penal, uma vez que este seja colocado em votação no
legislativo, sendo seu conteúdo voltado para a internet é de extrema importância, visto que
não é viável continuar emendando o CP criando crimes e fazendo adequações em diversos
outros para se encaixarem na era digital dos crimes.

Entretanto, a possibilidade de regular a rede é extremamente aterrorizante em


alguns aspectos, pois observando os precedentes de países em que se há algum controle a
mais da rede, vê-se uma forte inclinação à censura e ao controle de conteúdo que é
disponibilizado na mesma. Levando isto em consideração, é certo que o país necessita de leis
que estabeleçam sanções para crimes que são cometidos exclusivamente online, porém como
já houve no passado conversas sobre regulação de imprensa/mídia por parte do governo e
antes disso a censura na ditadura militar, o receio que aconteça novamente mesmo que de
forma diferente, o resultado é este “limbo” de adequações jurídicas e leis espaçadas em que se
encontra o direito digital brasileiro.
36

Nesse ínterim, em setembro de 2021 o presidente Jair Bolsonaro promulgou


uma MP que previa a modificação do Marco Civil da Internet, criando obstáculos para a
averiguação de notícias e exclusão de publicações que ameaçassem o estado democrático de
direito e que versassem sobre a veracidade das urnas eletrônicas e sua confiabilidade, a
Medida Provisória 1068/2021, apelidada de MP das Fake News, tinha como intuito principal
impedir a “censura” das redes sociais, todavia foi derrubada pelo Senado Federal e pelo
STF46, sendo considerada pelo Senado como um “abalo” ao processo eleitoral, pois torna
impraticável a verificação da veracidade de texto qualquer que seja. Tal MP apenas amplia a
confusão jurídica da internet brasileira e aumenta ainda mais a insegurança jurídica acerca
desta.

3.3 O LIMITE ENTRE A LIBERDADE E O CONTROLE DA REDE

John Locke estabeleceu que “Onde não há lei, não há liberdade”, acerca desta
afirmação Alberto Ribeiro Gonçalves de Barros47 explica que

“Locke adverte que a condição natural não se caracteriza por um estado de


licenciosidade ou de ausência total de restrições ou obrigações, uma vez que a
liberdade natural deve ser exercida dentro dos limites da lei natural, a qual governa e
obriga a todos igualmente”

Em outras palavras, Locke estabelece que o conceito de liberdade não é


absoluto, liberdade é um direito da pessoa humana todavia ele precisa de leis para o regularem
e para definirem onde essa liberdade termina sendo assim não é possível dizer e fazer o que se
bem entende, sem que haja consequências em qualquer esfera da sociedade, seja em relações
particulares ou no governo do pais, o estado regula a liberdade dos indivíduos e os indivíduos
controlam a do estado, estabelecendo assim uma via mão dupla, onde nenhum faz o que quer.
Esta situação é bem definida pelo pensador inglês Herbert Spencer quando este diz que “A
liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro”, tal limitação de liberdade é
feita pelo estado e pelas leis que esta cria. Fazendo um paralelo com a era moderna, os
humanos conquistaram mais formas e meios para se expressarem, sendo estas artísticas ou
não, modificando um pouco o conceito de liberdade e o adaptando a esta nova era, chamando-
o de liberdade de expressão.

46
SOARES, Ingrid e CARDIM, Maria Eduarda. Pacheco e Rosa dão fim à MP das Fake News. Disponível em: <
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/09/4949579-pacheco-e-rosa-dao-fim-a-mp-das-fake-
news.html >. Acesso em 20/09/2021
47
BARROS, Alberto Ribeiro Gonçalves de. As Concepções de liberdade em Locke Sidney. Disponível em: <
https://www.scielo.br/j/trans/a/HZgnXfygM8HSVJbcFfkQkyg/?lang=pt >. Acesso em: 20/09/2021
37

A liberdade de expressão é amplamente discutida na sociedade contemporânea


justamente por ser ambígua e reavivando o conceito de Herbert Spencer, afinal, a liberdade de
um termina onde começa a do outro realmente? O estado se esforça para abrandar esta
discussão e faz jus ao pensamento de John Locke, criando delimitações para a liberdade,
sendo ele o responsável por manter o pêndulo da liberdade equilibrado entre os indivíduos. Há
alguns anos era mais fácil resolver conflitos desta natureza, pois não eram tão amplamente
discutidos e difundidos entre a sociedade, porem com o advento da internet, nos dias atuais
com um simples clique, uma pessoa divulga suas ideias e opiniões para milhares e milhares de
pessoas ao redor do globo, tornando o trabalho do estado difícil e lento, uma vez que é muito
fácil mascarar sua identidade online, mas ai é que entra o questionamento, deveria o estado
regular o que se é falado e compartilhado na rede mundial de computadores? A partir de que
ponto os cidadãos perderiam sua liberdade de expressão, e sua privacidade online?.

Não existe um consenso mundial acerca destes questionamentos, pois em cada


pais é adotado uma política diferente em relação a liberdade que seus usuários detém no
ambiente online, países como China e Cuba, são extremamente proibitivos em relação a
conteúdos exibidos online, já países como EUA e França são liberais quanto a isso, o brasil
por outro lado, é um meio termo entre estes, posto que, o cidadão brasileiro detém total
liberdade para se expressar da forma que bem entende em suas redes sociais, uma vez que
esteja devidamente identificado com foto e nome reais, sendo assim, passível de “censura”
caso o estado ou a própria rede social interpretar que este ultrapassou a linha da liberdade de
expressão e esta somente disseminando ódio, racismo, discriminação, entre outros crimes
online.

A censura crescerá e diminuirá à medida que a inovação tecnológica e o desejo de


liberdade se choquem com Governos empenhados em controlar seus cidadãos,
começando pelo que leem, veem e escutam.48

Não é incomum em território brasileiro se escutar de casos em que o


Facebook, Instagram ou o Twitter tenham banido uma conta, ou excluído uma publicação pois
esta violava as famosas diretrizes da comunidade, e é menos incomum ainda escutar que
alguém foi a justiça para retirar conteúdo do ar, ou recuperar alguma conta que tenha sido
banida destas redes.

48
BENNET, Philip e NAIM, Moisés. A mordaça da era digital. Disponível em: <
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/20/internacional/1424461152_496757.html >. Acesso em:
20/09/2021
38

Convém ressaltar que, em comparação direta com os EUA, a legislação lá é


extremamente mais leniente com estes casos, onde o estado confere liberdade absoluta para
que qualquer usuário diga ou faça qualquer coisa que ache certo em sua rede social, estes
amparam-se na famosíssima Primeira Emenda49 que diz:

O congresso não deverá fazer qualquer lei a respeito de um estabelecimento de


religião, ou proibir o seu livre exercício; ou restringindo a liberdade de expressão,
ou da imprensa; ou o direito das pessoas de se reunirem pacificamente, e de fazerem
pedidos ao governo para que sejam feitas reparações de queixas

Em outras palavras, o congresso americano não interfere em questões


religiosas, de imprensa, nem cerceia qualquer tipo de expressionismo do povo de forma
alguma, em relação à internet, o governo americano, deixa a cargo das grandes corporações
decidirem o que estas consideram palpável para se ter postado sem ambiente, certo que
mesmo sendo estas redes americanas, esta lei não vale mundialmente, e assim sendo, a
empresa é obrigada a obedecer as leis dos países em que se situa, além do seu território natal.

Na história recente, o mensageiro WhatsApp já sofreu com bloqueios judiciais


em toda a extensão do país, por se recusar a entregar dados criptografados de usuários à
justiça brasileira, dizendo ir contra a política da empresa fornece quaisquer que sejam os
dados sem autorização do usuário a quem quer que fosse, o judiciário brasileiro então
decretou que fosse bloqueado o acesso a este por todos os provedores de internet brasileiros,
causando um “apagão” tecnológico no pais, à época estas ações geraram diversas críticas ao
poder judiciário, acusando-o de censura e abuso de poder, a medida logo foi derrubada pois o
Facebook que é dono do WhatsApp concordou em ceder os dados que eram pedidos pela
justiça brasileira, acordo este que se estendeu e nos dias atuais a política do WhatsApp para
com a justiça brasileira é responsiva e colaborativa, atuando diretamente para combater a
disseminação de mensagens falsas, e auxiliando em diversos casos e eventos, como as
eleições de 2020.50

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

49
BINICHESKI, Paulo Roberto. Liberdade de expressão na era da internet: O dilema das redes sociais. Adaptado.
Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2021-jun-09/garantias-consumo-liberdade-expressao-internet-
dilema-redes-sociais >. Acesso em 20/01/2021
50
SOPRANA, Paula. WhatsApp faz acordo com autoridades e usuário terá 90 dias para aceitar termos de uso.
Adaptado. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/05/whatsapp-faz-acordo-com-
autoridades-e-usuario-tera-90-dias-para-aceitar-termos-de-uso.shtml >. Acesso em: 20/09/2021.
39

Considerando que o direito para a internet é o futuro da legislação brasileira e


que o futuro da humanidade é digital, uma vez que se depende cada vez mais da internet,
computadores e celulares para cada vez mais realizar atividades cotidianas, como por exemplo
pagar contas, ou realizar movimentações bancarias, compra e venda, entre outras das milhares
de operações cotidianas que o cidadão contemporâneo faz, considerando também que os
criminosos se modernizaram para aplicarem golpes cada vez mais sofisticados utilizando-se
dos meios disponíveis na rede mundial de computadores, como estelionato, bullying,
compartilhamento de pornografia infantil, aliciamento de menores, hacking, phishing e
ataques de DDoS, entre outros diversos crimes que são exclusivamente praticados pela
internet, ou que utilizam aparelhos eletrônicos com conexão à rede e tendo em conta de que o
código penal brasileiro é defasado em relação aos crimes atuais, não se limitando apenas aos
crimes relacionados à internet, mas com crimes de pratica fora desta também, atentando-se à
liberdade e aos direitos individuais e coletivos do ser humano para com a rede, o ideal em
uma situação como a que o brasil se encontra seria uma reforma penal, com a atualização do
Código Penal existente, revisitando os artigos já existentes, alterando penas e inserindo
modalidades novas de pratica para determinados crimes.

Acrescenta-se ainda que, é de suma importância a criação de um capítulo


voltado aos crimes cibernéticos, com o estabelecimento de princípios, que iriam pavimentar e
orientar o legislador acerca da concepção dos tipos penais, uma vez que no Brasil, não se tem
definidos os princípios do direito para a internet, sendo assim necessária a criação destes, com
a incorporação de princípios já existentes na Constituição Federal bem como no Código
Penal, respeitando também a adesão do Brasil em tratados internacionais que versam sobre
internet. Assim como o respeito ou incorporações às leis pré-existentes, exemplo a Lei
Carolina Dieckmann e a LGPD. Esta atualização dos tipos penais seria importantíssima para
reprimir a ação dos criminosos que atuam exclusivamente na internet, visto que haveria
consequências reais quando estes fossem pegos sendo condenados pelos crimes que
cometeram, ajudando a desaparecer também com a sensação de impunidade que o anonimato
da internet proporciona aos criminosos.

Paralelamente, é importante também manter a neutralidade da rede, garantir


aos usuários que são livres para se expressar da forma que bem entenderem na internet e afins,
sendo esse direito garantido no marco civil da internet, haja vista que se o estado vir a
interferir na neutralidade da rede de forma a censurar qualquer que seja o conteúdo, estará
40

automaticamente violando o direito a liberdade de expressão que é garantido através do


Marco Civil, portanto é necessário se ter cautela para com a criação de leis que regulam de
alguma forma a internet.

CONCLUSÃO

Em virtude dessas considerações a vastidão da internet é deveras complicada,


especialmente tratando-se de temas extremamente amplos e abertos a diversas interpretações,
como a liberdade de expressão e os seus limites, pois se há um consenso de que o ser humano
deve ser livre para se expressar da forma que bem entender, da forma que achar pertinente
como previsto na Constituição Federal do Brasil, nesse sentido é pertinente atentar para o fato
que o Marco Civil da Internet é fundado com base no mesmo princípio constitucional,
contudo possui ressalvas quanto exercer tal liberdade irrestritamente, sendo essas ressalvas, a
identificação por nome real e foto do rosto.

Por outro lado, a não fiscalização, ou a auto delimitação do que pode ser
cerceado pelo estado é um ponto controverso, visto que há cada vez mais a proliferação de
ideias radicais pela rede, gerando assim a discussão, acerca da regulação da rede no Brasil,
não de forma vigorosa como faz a China, Cuba ou Coréia do Norte, porém é sim necessário
ter meios de repressão para realizar uma ação rápida e eficiente quanto a criminosos que agem
exclusivamente por intermédio da internet.

Desenvolver uma legislação penal direcionada exclusivamente para os crimes


virtuais, seus meios de atuação, suas formas qualificadas, modos de execução etc. Observando
sempre os princípios constitucionais e penais brasileiros e tomando estes como base para a
realização, como dito anteriormente a legislação brasileira é desatualizada e inadequada para
lidar com os problemas da sociedade da informação, sendo de extrema importância tal
atualização, apesar de já estar em processo de formalização o novo código penal.

REFERÊNCIAS
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