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Atenea de Pireu

(Maria Angeles Fernandez)

Vem, toma a minha mão.


Eu a estendo em demanda da tua,
Para levar-te a mundos novos, que apenas entrevês.
Levar-te-ei para a luz.
Essa luz brilhantíssima da Sabedoria,
que sou eu mesma.
Levar-te-ei para o amor,
porque o amor nasce do saber,
do conhecer outras almas,
de guardar a união entre todo o criado.
Se olha meus olhos, a inefável doçura do meu rosto,
como poderias não acudir
à chamada de minha mão?
Às vezes me rejeitam.
Penso que me veem distante,
inacessível, e me temem.
Quiçá creem que nunca poderão
alcançar minha mão,
que nunca poderão saber.
E, contudo, tu tens roçado meus dedos...
Não te deste conta?
Quando leste aqueles livros,
que falavam de beleza, honra e valor,
eram meus dedos os que passavam as páginas.
Quando fechaste teus olhos ao feio
e teus ouvidos ao sujo,
eram meus dedos que roçavam a pele de teu rosto.
Quando sorriste ao amor,
e sentiste que teu coração era o espelho
de toda a felicidade do mundo,
estavas segurando minha mão, forte, muito forte.
Quando, em qualquer lugar do mundo, num salão,
em um templo ruidoso, sob as estrelas,
escutaste as palavras de teu Mestre
até fundi-las em tua alma,
e ao seu som, sentiste abrirem-se as portas escuras,
então, agarravas minha mão,
com a força de um menino que aprende a andar.
Nunca a soltes.
E, quando chorares,
pelo que alguma vez tiveres perdido,
aperta-a e dá a outro tua mão.
Forma uma cadeia de Amor, de Vontade, de Vida, de Inteligência, de
Sabedoria.
Guiar-te-ão os olhos de Atenea.
 

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