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Anelídeos

 
Contrariamente aos filos anteriormente discutidos, os anelídeos (annelus = pequeno anel),
apresentamo corpo dividido em segmentos ou metâmeros, essencialmente semelhantes entre
si e em forma de anel.  Estes animais são bastante antigos na Terra, existindo fósseis deste o
período Pré-Câmbrico, embora os primeiros vermes segmentados indubitáveis sejam do Câmbrico
médio. Considera-se que terão evoluído a partir de um ancestral do tipo platelminte.

Caracterização do filo
 

O corpo segmentado é visível externamente na forma de anéis, com sulcos bem marcados
separados um dos outros. Algumas estruturas, como os órgãos excretores e os gânglios do
sistema nervoso, se repetem internamente em cada segmento, também chamado de metâmero.

Dizemos por isso que o corpo dos anelídeos é metamerizado. Internamente, os metâmeros são
separados uns dos outros por paredes divisórias conhecidas como septos.

A compartimentalização do celoma aumenta a


precisão dos movimentos pois pode-se aplicar
pressão sobre diferentes zonas do líquido.
Ondas de contração muscular, controladas pelo
sistema nervoso, passam pelo corpo,
alongando e contraindo alternadamente grupos
de segmentos, forçando o corpo do animal a
  deslocar-se.
O deslocamento dos anelídeos é, ainda,
ajudado pela presença de cerdas, na parte
ventral dos animais (exceto em sanguessugas).
Estas cerdas quitinosas impedem o animal de
deslizar para trás, reforçando o movimento
para diante das camadas musculares circulares
e longitudinais. 
 

Nas minhocas existem 4 fileiras de cerdas, enquanto nos poliquetas existem muitas mais,
aplicadas em expansões da parede do corpo designadas parápodes, localizadas lateralmente em
cada segmento e consideradas esboços de órgãos locomotoras.

A metamerização apresenta a vantagem adicional de permitir a especialização de segmentos ou


grupos de segmentos para diferentes funções, embora este aspecto não tenha sido muito
desenvolvido nos anelídeos (ao contrário dos artrópodes).

Os anelídeos terrestres apresentam uma epiderme com células sensoriais, coberta por uma
cutícula fina e transparente, que os protegem da dessecação. Existem igualmente glândulas
mucosas que ajudam a manter a superfície umedecida, fundamental para a respiração cutânea.
Por este motivo a epiderme é muito vascularizada.       

Os anelídeos apresentam sistema excretor segmentado, com pares de metanefrídeos em cada


segmento. Os nefrídeos são túbulos finos e enovelados (em contato com os vasos sanguíneos, de
onde retiram excreções), com um funil ciliado aberto numa extremidade – nefróstoma – que se
abre no líquido celômico (de onde retiram igualmente excreções) de cada segmento. A outra
extremidade – nefridióporo ou poro excretor – abre na superfície corporal.      

  O sistema nervoso tem na parte anterior um par de gânglios cerebrais ligados a um anel
circunfaríngico e gânglios em cada segmento, que se ligam a um cordão nervoso duplo e maciço
ventral. No seu conjunto, o sistema nervoso assemelha-se a uma escada de corda.       

O sistema digestivo é completo e apresenta diferentes regiões especializadas, nomeadamente:


 faringe sugadora;
 papo; 
 moela - esmaga o alimento, actuando como os dentes, realizando uma digestão
mecânica;
 intestino - onde se realiza a digestão, extracelular e química. No intestino existe,
caracteristicamente, uma prega dorsal, designada tiflosole, que permite um aumento da
área de absorção de nutrientes.

             
 

A maioria dos anelídeos alimenta-se de partículas em decomposição, microrganismos e larvas.

O sistema circulatório é fechado e complexo, apresentando vasos longitudinais dorsal, onde o


sangue circula em direcção á parte anterior, e ventral, onde o sangue circula para a região
posterior, ligados por vasos transversais em cada segmento.

Na região anterior, alguns (quatro ou cinco, dependendo da espécie) desses vasos laterais estão
rodeados por células musculares, funcionando como corações laterais ou arcos aórticos.

A Reprodução
A reprodução é sexuada, sendo os animais frequentemente (oligoquetos e irudíneos)
hermafroditas e com desenvolvimento direto, através de uma larva trocófora. Existem, no
entanto, formas com sexos separados e desenvolvimento indireto, geralmente poliquetas. A
fecundação é sempre externa.

A reprodução sexuada pode ser ilustrada com o processo em minhocas hermafroditas:

 
Na zona anterior ventral existem 3 ou 4 pares de aberturas para bolsas musculosas
designadasreceptáculos seminais. Estas bolsas armazenam o esperma recebido de um parceiro
durante a cópula. Na região do clitélo existe um par de gonóporos femininos, ligados internamente
a oviductos em forma de funil. Estes captam do celoma os óvulos produzidos pelos ovários. 

O aparelho masculino consiste em dois pares de testículos, associados a 2 a 4 pares de vesículas


seminais através de um par de tubos seminíferos ou espermiductos. Existe ainda um par de
glândulas prostáticas. Este sistema abre no exterior, no segmento seguinte ao das aberturas
femininas, em gonoporos masculinos. 

Os espermatozóides produzidos pelos testículos migram para as vesículas seminais, onde sofrem
maturação e aguardam o acasalamento. Durante a cópula, passam pelas glândulas prostáticas,
misturando-se com os líquidos nutritivos por elas produzidos, e são eliminados pelos gonoporos
masculinos.

Para facilitar o alinhamento dos animais durante a cópula, existem estruturas semelhantes a
ventosas designadas papilas genitais, associadas às aberturas sexuais masculinas. O clitelo tem,
igualmente, função a esse nível, com as suas secreções mucosas a manterem os animais juntos.

A cópula decorre entre dois animais unidos ventralmente e orientados em sentidos opostos. Deste
modo os gonoporos masculinos estão alinhados com as aberturas dos receptáculos seminais. Após
a troca recíproca de esperma, as minhocas separam-se.

Cada animal irá, então, produzir um anel mucoso a partir do clitelo. Por contrações do corpo, este
anel é empurrado para a zona anterior, passando pelas aberturas sexuais femininas, que libertam
os óvulos, e pelas aberturas dos receptáculos seminais, que libertam os espermatozóides. 

 
 

De seguida, o anel será libertado pela extremidade anterior do animal e formará um casulo
protetor onde decorre a fecundação externa. Este casulo tem cerca de 1 cm de comprimento e
parece um pequeno anel branco. Dele surgirão diretamente pequenas minhocas, sem estágios
larvares.

Os vermes poliquetas são a maior e mais diversificada classe de anelídeos


mas embora abundantes e freqüentemente de cores marrons raramente são
vistos pois vivem quase sempre enterrados e fogem rapidamente quando
perturbados. Existem dois principais, os de vida livre como o nereis,
carnívoros de vida ativa e com parápodes, e os tubícolas, sedentários que
vivem em túneis ou tubos por eles segregados, filtrando o seu alimento com
parápodes especializados.         
 
Os clitelados compõem o outro grande grupo de anelídeos e incluem as
minhocas e as sanguessugas. O nome deriva da presença do clitelo, uma
banda glandular, que segrega um casulo onde se desenvolvem os ovos
fertilizados. Esta estrutura é, obviamente, uma adaptação á vida em meio
terrestre, onde as larvas aquáticas não sobreviveriam. Ao contrário dos
poliquetas, os clitelados não apresentam parápodes nem tentáculos na
cabeça.

Os anelídeos podem ser terrestres (solo húmido) como as minhocas, marinhos como os vermes
poliquetas, que podem ser encontrados junto das praias ou em águas profundas, ou de água doce,
como as sanguessugas. Podem, ainda, ser de vida livre, comensais de outros animais aquáticos ou
ecto e endoparasitas.  Alguns dos menores representantes deste filo medem menos de 1 mm de
comprimento, mas as minhocas gigantes do Brasil e Austrália medem 2 m de comprimento e 2,5
cm de diâmetro. Igualmente gigantescos são alguns vermes poliquetas com 3 m de comprimento
e algumas sanguessugas com 20 cm.

A presença de alguns tipos de minhocas vermelhas em zonas lodosas é um indicador positivo da


presença de poluição por detritos orgânicos.  

Dos três grupos principais de animais protostômios, os anelídeos são o filo menor, conhecendo-se
apenas cerca de 15000 espécies. No entanto, são o grupo mais avançado e mais bem sucedido de
vermes, tendo sofrido a sua maior radiação adaptativa no mar, embora sejam abundantes em
terra e na água doce.    

Os Hirudíneos: Sugadores de Sangue


 
As sanguessugas pertencem à classe dos hirudíneos e são
encontrados no mar, na água doce e em meio terrestre
úmido. Do mesmo modo que as minhocas, possuem corpo
segmentado, clitélo e não tem cabeça diferenciada e muito
menos parapódios. São hermafroditas e a reprodução
sexuada inclui os mesmos passos descritos para as minhocas.
Diferentemente das minhocas, porém não possuem cerdas
nos segmentos, sendo por isso também chamadas de
anelídeos aquetas (= sem cerdas). O corpo é levemente
achatado dorsiventralmente.  

A principal diferença, porém, entre as sanguessugas e outros


anelídeos é a presença de ventosas fixadoras que funcionam
como "desentupidoras de pia" e que se localizam nas duas
extremidades do corpo. A da região anterior abriga a boca e
Sanguessuga
possui alguns dentículos raspadores. A da extremidade
posterior não abriga o ânus, que se abre dorsalmente, antes
da ventosa.

A maioria das sanguessugas, como o nome deixa claro, atua como ectoparasita de outros
animais. Algumas espécies são predadoras de pequenos invertebrados. Quanto a locomoção, ela
se dá com a utilização das duas ventosas alternadamente, em um mecanismo conhecido por
"mede-palmos", embora muitos hirudíneos possam nadar por ondulações dorsiventrais do corpo.
Em alguns lagos e riachos do nosso país, é muito comum ver animais vertebrados e mesmo
pessoas saindo da água com sanguessugas, presas nas mucosas bucal e nasal ou na pele.

Uma sanguessuga é capaz de ingerir um peso de sangue três vezes  maior que seu próprio peso.
Dessa forma o animal pode ficar bastante tempo sem se alimentar, podendo, muitas vezes, levar
até 9 meses para nutrir-se novamente.

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