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Dilo Anelidios
Dilo Anelidios
Contrariamente aos filos anteriormente discutidos, os anelídeos (annelus = pequeno anel),
apresentamo corpo dividido em segmentos ou metâmeros, essencialmente semelhantes entre
si e em forma de anel. Estes animais são bastante antigos na Terra, existindo fósseis deste o
período Pré-Câmbrico, embora os primeiros vermes segmentados indubitáveis sejam do Câmbrico
médio. Considera-se que terão evoluído a partir de um ancestral do tipo platelminte.
Caracterização do filo
O corpo segmentado é visível externamente na forma de anéis, com sulcos bem marcados
separados um dos outros. Algumas estruturas, como os órgãos excretores e os gânglios do
sistema nervoso, se repetem internamente em cada segmento, também chamado de metâmero.
Dizemos por isso que o corpo dos anelídeos é metamerizado. Internamente, os metâmeros são
separados uns dos outros por paredes divisórias conhecidas como septos.
Nas minhocas existem 4 fileiras de cerdas, enquanto nos poliquetas existem muitas mais,
aplicadas em expansões da parede do corpo designadas parápodes, localizadas lateralmente em
cada segmento e consideradas esboços de órgãos locomotoras.
Os anelídeos terrestres apresentam uma epiderme com células sensoriais, coberta por uma
cutícula fina e transparente, que os protegem da dessecação. Existem igualmente glândulas
mucosas que ajudam a manter a superfície umedecida, fundamental para a respiração cutânea.
Por este motivo a epiderme é muito vascularizada.
O sistema nervoso tem na parte anterior um par de gânglios cerebrais ligados a um anel
circunfaríngico e gânglios em cada segmento, que se ligam a um cordão nervoso duplo e maciço
ventral. No seu conjunto, o sistema nervoso assemelha-se a uma escada de corda.
Na região anterior, alguns (quatro ou cinco, dependendo da espécie) desses vasos laterais estão
rodeados por células musculares, funcionando como corações laterais ou arcos aórticos.
A Reprodução
A reprodução é sexuada, sendo os animais frequentemente (oligoquetos e irudíneos)
hermafroditas e com desenvolvimento direto, através de uma larva trocófora. Existem, no
entanto, formas com sexos separados e desenvolvimento indireto, geralmente poliquetas. A
fecundação é sempre externa.
Na zona anterior ventral existem 3 ou 4 pares de aberturas para bolsas musculosas
designadasreceptáculos seminais. Estas bolsas armazenam o esperma recebido de um parceiro
durante a cópula. Na região do clitélo existe um par de gonóporos femininos, ligados internamente
a oviductos em forma de funil. Estes captam do celoma os óvulos produzidos pelos ovários.
Os espermatozóides produzidos pelos testículos migram para as vesículas seminais, onde sofrem
maturação e aguardam o acasalamento. Durante a cópula, passam pelas glândulas prostáticas,
misturando-se com os líquidos nutritivos por elas produzidos, e são eliminados pelos gonoporos
masculinos.
Para facilitar o alinhamento dos animais durante a cópula, existem estruturas semelhantes a
ventosas designadas papilas genitais, associadas às aberturas sexuais masculinas. O clitelo tem,
igualmente, função a esse nível, com as suas secreções mucosas a manterem os animais juntos.
A cópula decorre entre dois animais unidos ventralmente e orientados em sentidos opostos. Deste
modo os gonoporos masculinos estão alinhados com as aberturas dos receptáculos seminais. Após
a troca recíproca de esperma, as minhocas separam-se.
Cada animal irá, então, produzir um anel mucoso a partir do clitelo. Por contrações do corpo, este
anel é empurrado para a zona anterior, passando pelas aberturas sexuais femininas, que libertam
os óvulos, e pelas aberturas dos receptáculos seminais, que libertam os espermatozóides.
De seguida, o anel será libertado pela extremidade anterior do animal e formará um casulo
protetor onde decorre a fecundação externa. Este casulo tem cerca de 1 cm de comprimento e
parece um pequeno anel branco. Dele surgirão diretamente pequenas minhocas, sem estágios
larvares.
Os anelídeos podem ser terrestres (solo húmido) como as minhocas, marinhos como os vermes
poliquetas, que podem ser encontrados junto das praias ou em águas profundas, ou de água doce,
como as sanguessugas. Podem, ainda, ser de vida livre, comensais de outros animais aquáticos ou
ecto e endoparasitas. Alguns dos menores representantes deste filo medem menos de 1 mm de
comprimento, mas as minhocas gigantes do Brasil e Austrália medem 2 m de comprimento e 2,5
cm de diâmetro. Igualmente gigantescos são alguns vermes poliquetas com 3 m de comprimento
e algumas sanguessugas com 20 cm.
Dos três grupos principais de animais protostômios, os anelídeos são o filo menor, conhecendo-se
apenas cerca de 15000 espécies. No entanto, são o grupo mais avançado e mais bem sucedido de
vermes, tendo sofrido a sua maior radiação adaptativa no mar, embora sejam abundantes em
terra e na água doce.
A maioria das sanguessugas, como o nome deixa claro, atua como ectoparasita de outros
animais. Algumas espécies são predadoras de pequenos invertebrados. Quanto a locomoção, ela
se dá com a utilização das duas ventosas alternadamente, em um mecanismo conhecido por
"mede-palmos", embora muitos hirudíneos possam nadar por ondulações dorsiventrais do corpo.
Em alguns lagos e riachos do nosso país, é muito comum ver animais vertebrados e mesmo
pessoas saindo da água com sanguessugas, presas nas mucosas bucal e nasal ou na pele.
Uma sanguessuga é capaz de ingerir um peso de sangue três vezes maior que seu próprio peso.
Dessa forma o animal pode ficar bastante tempo sem se alimentar, podendo, muitas vezes, levar
até 9 meses para nutrir-se novamente.