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RESUMO: Este artigo foi construído em três momentos. O primeiro momento traz um PALAVRAS-CHAVE:
pouco da linha histórica do Professor Educador Paulo Freire: o educador que marcou Tecnologia Educacional; Educação
Libertadora; Educação Democrática
sua época com suas ideologias libertadoras presentes em seus métodos educacionais
inovadores. O segundo momento visa propiciar a discussão sobre as abordagens
metodológicas utilizadas em cursos a distância e por último a reflexão sobre a KEYWORDS:
qualidade de profissionais formados em curso de EaD Educational Technology; Liberating
Education; Democratic Education
ABSTRACT: This article was constructed in three stages. The first moment brings a bit
of storyline Teacher Educator Paulo Freire: the educator that marked his time with
his ideologies present in liberating their innovative educational methods. The second
phase aims to provide a discussion of the methodological approaches used in distance
learning courses and last reflection on the quality of graduates in distance education
course and if they are able to meet the current needs of the professional market in
globalized times. Literature search was used to having as a backdrop the relationship
between distance education and the ideas of Paulo Freire.
Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 25/07/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
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Paulo Freire e a Educação a Distância
[...] Em que ensinar já não pode ser este esforço de transmissão do chamado saber
acumulado, que faz uma geração á outra, e aprender não é a pura recepção do objeto
ou do conteúdo transferido. Pelo contrário, girando em torno da compreensão do
mundo, dos objetos, da criação, ela boniteza, da exatidão científica, do senso comum,
ensinar e aprender giram também em torno da produção daquela compreensão,
tão social quanto a produção da linguagem, que é também conhecimento.(FREIRE,
1997, p. 5)
Como quebrar o fazer pedagógico que ao longo dos anos, foi construído na linha
tradicionalista de que ensinar é o transmitir conhecimento que ao longo dos anos foi construído?
Olha-se para a maioria das salas de aulas das escolas hoje, século XXI, e o que se
percebe?À frente a professora que escreve no quadro negro e sentado em suas carteiras,
umas atrás das outras os alunos preocupados em fazer cópias. E na Educação a Distância,
como ocorre a aprendizagem?
Nos cursos em EaD, os alunos podem contar com vários recursos disponíveis no
ambiente de aprendizagem virtual: vídeos das tele-aulas, apostilas digitalizadas, fórum,
chats e entre outros e ainda podem contar com a mediação dos professores tutores a
distância e presenciais. Com toda esta riqueza de materiais, e este para obter sucesso se
faz necessário a reflexão sobre sua autonomia, responsabilidade, senso de organização e
compromisso. Sem estes atributos, o aluno corre o risco de perder o ritmo, e se perder ao
longo do curso.
Diferente das salas de aulas tradicionais, cabe ao aluno em EaD, uma reflexão crítica
em relação aos conteúdos apresentados pelas tela aulas, não podendo este apenas a ação
passiva de receber informações,mas segundo Freire (1996,p.13) “quanto mais criticamente
se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e se desenvolve na curiosidade
epistemológica”.
E de acordo com Freire (1996) cabe aos alunos aguçar e estimular sua curiosidade,
arriscando-se, aventurando-se e nesta força criadora do aprender, imune contra o poder
apassivador da Educação Bancária.
Na educação a distância, mesmo com todos os recursos disponíveis também corre-
se o risco da reprodução de um ensino totalmente instrucional, onde os alunos recebem
os materiais, assistem as aulas e respondem a um questionário em que se é cobrado as
“respostas prontas” das “perguntas prontas”. E depois a mera classificação da avaliação em
uma planilha automaticamente gerada.
Para Freire (1996, p.14), ”o ensino não se esgota no tratamento do objeto ou conteúdo,
superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente
é possível”. Então no processo, não cabe apenas o assistir por assistir as tele-aulas, ler por
ler, responder apenas por responder. Se faz necessário materiais e aulas que convidem aos
alunos a participarem de forma ativa e que promovam o conhecimento de forma colaborativa
e construtiva.
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O aluno que opta por cursar a modalidade em EaD, é adulto, e como tal, possui
um riquíssimo repertório de conhecimentos construídos no dia a dia de sua vida cotidiana
e através de suas relações do trabalho e segundo Freire (1996), é fundamental conhecer
o conhecimento existente quando o saber que estamos aberto e aptos a produção do
conhecimento ainda não existente.
E para a abordagem construcionista, em cursos de EaD, há o respeito pelos
conhecimentos já adquiridos pelos aprendentes, e o professor tutor ou professor presencial,
assumem o papel de mediadores , desafiadores, motivadores e também provocadores a
medida que fazem questionamentos, fazem indagações a partir de debates estimulantes
tanto em tempo real como através de fóruns e ou chats.
Segundo Almeida ( 2001 apud PERRENOUD, 2000, p.139),” o papel do professor é
mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender, concentrando-se na criação, gestão e na
regulação das aprendizagens cuja a mediação propicia a aprendizagem significativa aos
grupos e a cada aluno”. Mesmo sendo o professor em EaD, seu papel não é o transmissor de
informações, mas um gestor das aprendizagens.
Os fóruns disponíveis nos ambientes virtuais, são ambientes onde ocorrem a dialética
entre participantes, alunos e professores, a partir do compartilhar conhecimentos e nesta
troca há a construção e reconstrução dos saberes. E segundo Almeida (2001) pela abordagem
Construcionista o professor assume o seguinte posicionamento:
Cabe a ele criar uma situação de parceria e colaboração com os alunos e entre os
alunos, incitando o levantamento de perguntas ou elegendo coletivamente um
tema de estudos, questionando os alunos, propondo desafios que possamser
significativos, convidando-os a verbalizar suas expectativas, dificuldades e
descobertas, provocando a formalização de conceitos e sua evolução em relação às
intenções e metas atingidas.(ALMEIDA, 2001, p.12)
propicia a quebra dos obstáculos “da omissão da verbalização” e estes vão mais além
do previsível para suas aprendizagens. Viajam na construção do conhecimento de forma
prazerosa e significativa.
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saberes permanentes. Para Freire ninguém nos ensina a fazer essas coisas, mas também não
aprendemos a fazê-las sozinhos, aprendemos a fazê-las interagindo com os outros.
De acordo com Freire ( 1987) não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino e
que estes fazeres se encontram no corpo do outro e enquanto o aluno segue buscando e re-
procurando e indagando. Na busca pela informação, pelo conhecimento, para constatação
que compõem a ação de pesquisar, e ao pesquisar, o aluno apreende informações para
constatar a realidade, um fato, uma resposta e nesta composição compõem seu conhecimento,
e quando conhece é capaz e sendo capaz, modificar a si, ao meio e a sociedade.
Com a realização de atividades que promovam a ação do sujeito sobre o objeto, e não
o objeto sobre o sujeito, propicia a construção de saberes que são edificados na medida que
ocorre sua ação. Se faz necessário o compromisso das Universidades, em edificar seus cursos
a distância com compromisso e responsabilidade pela formação de futuros profissionais
que estarão edificando uma sociedade mais justa e democrática.
4. AS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Paulo Freire, conhecido mundialmente por sua pedagogia libertadora fundada na liberdade
do oprimido, em que o conhecimento liberta as pessoas para a vida digna de serem
respeitados pela sociedade, foi professor Educador e nos deixou mais que uma lição , deixou-
nos uma mensagem de vida! E numa visão Freireana de ser, olhamos para a Educação
a distância, como uma Educação de fato democratizadora, pois avança e atinge muitos
alunos, que em outras épocas se quer teriam a possibilidade de começar a graduação. Com
a era da Tecnologia, ampliam-se os cursos de EaD, mas o questionamento: O cursos de EaD
promovem de fato uma formação pronta para atender as exigências do mercado de trabalho
globalizado? A resposta foi encontrada nas metodologias, nos recursos, nos profissionais,
nas atividades que são fundamentas nos 4 pilares da Educação, e como Paulo Freire diria,
uma educação de fato libertadora!
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. E. B. Educação Projetos Tecnologia e Conhecimento. 1ª Edição. São Paulo: PROEM,
2001.
______. Tecnologia e educação a distância: abordagens e contribuições dos ambientes digitais e
interativos de aprendizagem. In: 23a Reunião Anual da ANPED, 2003, Poços de Caldas, 2003.
AQUINO, Mirian de Albuquerque. Educação para a autonomia: um diálogo entre Paulo Freire e o
discurso das Tecnologias da Informação e Comunicação. Disponível em <www.biblioteca.sebrae.
com.br/bds/BDS.nsf/.../NT000A3742.pdf.
Acesso em 19 de agosto. 2012.
BELLO, J.L.P. Paulo Freire ,E uma nova Filosofia para a Educação , Vitória – 1993. Disponível em:
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per01.htm> Acesso em: 14 de fevereiro.2012.
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