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INTRODUÇÃO

A gravidez na adolescência é uma temática que remonta desde associedades


antigas e vem conhecendo o seu incremento com as dinâmicas dassociedade
de hoje. Ela, traz consequências de ordem mental, físico, sociais einclusive
académico na vida da adolescente. No entanto se a gravidez na adolescência
desencadeia inúmeras consequência, destacando as de nível escolar, faz
sentido refletir a maneira como os professores têm encaminhado o processo de
ensino- aprendizagem diante das adolescentes gravida.

Nesta perspetiva Fenaup, sustenta que a gravidez na adolescência é:

Aquela que admite tanto a imaturidade do corpo da


adolescente (sob o ponto de vista biológico) para uma gravidez
como a imaturidade emocional da adolescente como pessoa,
considerando a indefinição de muitos aspectos da vida, como o
estudo, trabalho, autos sustentos. (2004, p. 76).

Face a esta afirmação os autores da presente investigação enfatizama ideia


segundo a qual a gravidez na adolescência representa um desafio à
maturidade e à estrutura da personalidade da adolescente, entendendo a
mesma como a concepção da mulher numa idade compreendida entre 12 a 18
anos cujo impacto afecta a estrutura ora já referida, isto é, psicológica,
biológica e bem como no âmbito escolar.

Assim, no âmbito escolar o impacto da gravidez na adolescência se reflete em


pouco desempenho académico e com grande relevo no abandono escolar.
Esta prática é possível tendo em conta que o processo de ensino e
aprendizagem é uma actividade meramente intelectual, e como já se fez
menção o fenómeno afecta também nesta área provocando assim, uma
redução de assimilação.

Neste sentido voltando para a indecência da gravidez na adolescência


emsociedade actual,na que vivemos, é comum encontrar adolescentes que
começam com a prática sexual muito cedo, isto é, a partir dos 12 a 13 anos de
idade, período este que coincide com a entrada dos alunos no Iº Ciclo de
Ensino Secundário. Infelizmente muitas adolescente se engravidam nesta
mesma fase dificultando dessa forma o seu processo de escolarização assim
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como o seu projecto de vida.

Nesses pressupostos ao ver dos autores do presente trabalho consideram que


na base desta triste realidade está a falta da verdadeira educação sexual por
parte da família e da escola sendo estas duas instâncias responsáveis pelo
desenvolvimento afectivo e intelectual do indivíduo. Com efeito importa referir
que a educação sexual hoje na família é ainda incipiente senão mesmo um
assunto proibido, na escola a educação sexual é dada de uma maneira muito
superficial, o que quer dizer não objetiva, cujo conteúdos se alojam na
disciplina de Educação Moral e Cívica.

Assim, importa Salientar que no universo de vários temas o que mais


despertou atenção dos autores da presente investigação é o impacto da
gravidez na adolescência no processo de ensino-aprendizagem. O motivo de
pautar por este tema nasce no decorrer das nossas carreiras profissionais
como docentes nas escolas primária e do Iº ciclo lecionando as cadeiras de
Língua portuguesa e Biologia, nas quais tem-se verificados algumas situações
que suscitam grande interesse, inerentes ao processo de ensino e
aprendizagem (sucesso escolar ou insucesso) das adolescentes grávidas.

Paradoxalmente com o acima teorizado, e de acordo com a realidade do


Complexo Escolar em estudo apraz-nos afirmar que o interesse de educar
sexualmente as adolescentes bem como acompanhar o processo de ensino
-aprendizagem das adolescentes gravidas está muito distante do desejado
uma vez que as mesmas apresentam um comportamento diferente dos demais
colegas (introvertidas as aulas, pouco assíduas, tristes, desmotivadas),
indicadores que favorecem aferir o desenvolvimento Psicossocial destas
adolescentes. Por este motivo anuncia-se a seguinte situação problemática:

 Índice elevado de adolescentes gravidas na escola;


 Pouca informação sobre as consequências da gravidez na adolescência
por parte das adolescentes;
 Fraco rendimento escolar das adolescentes grávidas;
 Elevado número de adolescentes gravidas que abandonam a escola;
 Insuficiente acompanhamento das adolescentes grávidas por parte dos

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professores;

Tendo-se identificado a situação problemática, formulou-se o seguinte


problema científico:

Como contribuir a fortalecer o processo de ensino e aprendizagem das


adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo Escolar nº 13, Francisco
Chimbungo no Municipio do Cuito/Bié para terem um bom desempenho
escolar?

Objecto de estudo: processo de educação sexual

Campo de acção: gravidez na adolescência no processo de ensino e


aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo Escolar
nº 13 Francisco Chimbungo no Município do Cuito/ Bié.

Objectivo geral: propor acções educativas para fortalecer o processo de


ensino e aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo
Escolar nº 13 Francisco Chimbungo no Município do Cuito/Bié.

Perguntas Científicas

1. Que fundamentos teóricos e metodológicos são os que sustentam a gravidez


na adolescência em Angola e no mundo para fortalecer o processo de ensino e
aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo Escolar
nº 13 Francisco Chimbungo no Município do Cuito/ Bié?

2. Qual ajuda metodológico tem recebido as adolescentes gravidas da 7ª


Classe, do Complexo Escolar nº 13 Francisco júlio Chimbungo no Município do
Cuito/Bié para fortalecer os seus processos de ensino e aprendizagem quando
se encontram no estado de gravidez?

3. Quê princípio didactico deve respeitar as acções educativas que se vai


propor para fortalecer o processo de ensino e aprendizagem das adolescentes
gravidas da 7ª Classe, do Complexo Escolar nº 13 Francisco Chimbungo, no
Município do Cuito/ Bié, tendo em conta o contexto em que se vai aplicar?

Tarefa de investigação

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1. Fundamentar Teórica e metodologicamente as diversas teorias que
sustentam a gravidez na adolescência em Angola e no mundo para fortalecer o
processo de ensino e aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe,
do Complexo Escolar nº 13 Francisco Júlio Chimbungo no Município do Cuito/
Bié.

2. Caracterizar o estado actual da ajuda metodológico que tem recebido as


adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo Escolar nº 13 Francisco
Júlio Chimbungo no Município do Cuito/Bié para fortalecer os seus processos
de ensino e aprendizagem quando se encontram no estado de gravidez.

3. Aplicar o princípio de acessibilidade de modo a respeitar as acções


educativas que se vai propor para fortalecer o processo de ensino e
aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo Escolar
nº 13 Francisco Júlio Chimbungo, no Município do Cuito/ Bié, tendo em conta o
contexto em que se vai aplicar.

Modelo da Investigação

Para o desenvolvimento efectivo desta investigação selecionou-se o modelo de


investigação qualitativo, porque considera-se como um processo activo,
sistemático e rigoroso de indagação dirigida, em que se tomam decisões sobre
o investigado.

Tipo de Investigação
Com vista à efectivar o processo de investigação tendo em conta o abjectivo da
investigação pautou-se pelo tipo de pesquisa explicativa, já que permite ir
mais além da descrição e reflectir as regularidades gerais, estáveis, essenciais
que regem a dinâmica e desenvolvimento dos fenómenos estudados, também
mostra as qualidades que não são observáveis directamente; está dirigida a
responder as causas dos eventos.

Métodos empregues:
Nesta pesquisa, utilizou-se os métodos teóricos e empíricos.

Métodos teóricos:

A análise- síntese este método serviu para fazer a interpretação das diversas

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literaturas especializadas no campo da gravidez na adolescência e
posteriormente unir o essencial de cada teoria para se obter um resultados
comum.

Indutivo- Dedutivo: foi utilizado para constatar como se manifesta o fenômeno


da gravidez na adolescência no contexto angolano sua regularidade e
irregularidade bem como compreender o comportamento do fenômeno de
forma genérica em outras paradas a fim de se ter uma conclusão universal.

Métodos Empíricos:
A Observação: este método permitiu observar o comportamento das
adolescentes gravidas na escola assim como identificar a ajuda metodológica
que as mesmas têm recebido dos professores a fim de se alcançar um bom
desempenho escolar ao longo do processo de ensino e aprendizagem.

Análise documental- este método foi utilizado para fazer a revisão dos
documentos normativos que regem a docência no país a fim de identificar a
normalização a respeito da gravidez na adolescência.

A Entrevista: com esta técnica foi possível colher a opinião do corpo directivo
da escola no que diz respeito à gravidez na adolescência e suas implicações
no processo de ensino e aprendizagem.

O Questionário: esta técnica foi utilizada para explorar de forma massivo a


informação que os professores e os alunos têm sobre o fenômeno da gravidez
na adolescência o apoio pedagógico que estes têm dados e recebido ao longo
do processo de ensino e aprendizagem das adolescentes gravidas.

Métodos Estatísticos- matemáticos

Este método serviu para proceder à classificação, interpretação, tabulação e


apresentação dos dados de forma percentual de modo a obter uma melhor
compreensão das situações que representam.

Contributo teórico: a presente investigação serve de base para a proposta de


um conjunto de acções educativas para fortalecer o processo de ensino e
aprendizagem das adolescentes grávidas da 7ª Classe, do Complexo Escolar

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nº 13 Francisco Chimbungo, no Munícipio do Cuito/ Bié.

Estrutura do trabalho:

De acordo aos critérios metodológicos o presente trabalho está composto em


Introdução, dois capítulos, conclusões, recomendações, bibliografia e anexos.
Assim sendo no primeiro capitulo faz-se referencia aos fundamentos teóricos
de modo geral, para mostrar como este tem sido estudado em Angola em
particular e no mundo em geral. No segundo capítulo abordam-se todas as
questões inerentes à metodologia usada, destacando-se a utilização do modelo
qualitativo, com todos os seus referentes, o tipo de pesquisa explicativa que
facilita o conhecimento do fenómeno estudado, também estão patentes os
métodos utilizados, bem como os critérios de aplicação, faz-se ainda a
referencia a critérios de amostragem.

CAPÍTILO I- FUNDAMENTOS TEÓRICOS QUE SUSTENTAM O IMPACTO


DA GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA

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Neste capítulo constam os principais pressupostos teóricos relacionados com a
gravidez na adolescência no processo de ensino e aprendizagem como
Antecedentes históricos da gravidez na adolescência no processo de ensino e
aprendizagem das adolescentes gravidas do Ensino Secundário. ; Gravidéz na
adolescência como um dos factores que influencia no abandono escolar,
Factores e consequências da gravidez na adolescência, no contexto escolar e
finalmente a Educação Sexual, responsabilidade da família e da escola.

1.1 Antecedentes históricos da gravidez na adolescência no processo de


ensino e aprendizagem das adolescentes gravidas do Ensino
Secundário.
A questão da gravidez na adolescência não é um fenómeno recente, mas um
assunto que vem preocupando os pais, os professores, psicólogos, sociólogos
da época antiga e não só. Nesses termos importa relatar que desde a
Antiguidade, contratos de casamento eram feitos quando a menina possuía
ainda13-14 anos de idade. No século XVII, já havia relatos médicos de
gestações precoces e, no início do século XX, a gravidez na adolescência era
um acontecimento habitual para os padrões sociais e culturais do passado e
muitas sociedades.

Para tal, a gravidez na adolescência começou a ser estudada nas décadas de


1960 e 1970, um momento histórico em que ocorreram mudanças nas normas,
com o movimento feminista e dos gays, pelos quais os conceitos de sexo e
género começaram a ser questionados e debatidos (Foucalt 1997).

Neste quadro segundo os autores da presente investigação, apesar dos


contratos de casamentos serem feito num período que corresponde o início da
adolescência, importa recordar que o começo da atividade sexual pelas
mesmas adolescentes quase era limitado ou condenado pela moral social da
quela época, o que quer dizer as relações sexuais nesta faixa etária era um
assunto raro.

De modo a clariar a compreensão do assunto em causa convida-se os leitores


a fixarem-se no mundo do século XVII, onde a sexualidade era confinada ao
quarto dos pais, dentro de casa e na família. Este era o modelo de reprodução:
as crianças eram tidas como sem sexo, havendo silêncio total e repressão em

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torno do assunto. Esse período da história é visto como a “Idade da
Repressão”, segundo Foucalt (1997), que coincide com o desenvolvimento do
capitalismo, quando a verdade passou a ser condicionada politicamente.

Nessa época, explorava-se a força de trabalho e o sexo era reprimido, salvo


quando para reprodução; sentir prazer e falar de sexo eram transgressões das
leis impostas pela burguesia.

Somente em meados do século XVIII iniciou-se a discussão em torno do sexo e


do desejo de se conhecê-lo. A partir de então, os discursos ilícitos sobre o
sexo, ao invés do pudor, tiveram efeito de incitação e valorização. Por que a
censura sobre o sexo? Falar de sexo é falar da taxa de natalidade, de união
entre casais, de relações sexuais, de métodos contraceptivos, de doenças etc.
Conforme Foucault: “O sexo não se julga apenas, administra-se” (1997a, p.
27).

Neste sentido na compreensão dos autores do presente trabalho, as


repressões feitas pela burguesia da época parece que funcionou como um
travão de mão para impedir o crescimento da gravidez na adolescência. Por
outro lado, a razão óbvia em ser analisada é a própria evolução e a dinâmica
da sociedade que era tão reduzida, este factor pude contribuir para pouca
propagação da gravidez no período em estudo.

Atualmente a sociedade conheceu uma evolução dinâmica acima da média,


com a entrada da televisão que invade a maioria dos lares, onde a mesma
passou, ser o modelo de educação de várias crianças influenciando assim as
relações sexuais em vários adolescentes. Esta prática fez com que a gravidez
na adolescência atingisse uma proporção muito elevada na sociedade de hoje.

Mediante este facto o que preocupa os autores deste trabalho é o silêncio da


sociedade diante deste fenómeno, o que dá entender que a mesma olha ou
encara o assunto como uma espantosa frivolidade,se esquecendo de que a
gravidez na adolescência a carreta consigo problemas que pode obstruír os
projectos de vida da adolescente em particular o projecto escolar.

Desse modo a gravidez na adolescência parece funcionar (na maior parte dos
casos) como uma interrupção na vida da adolescente, que se vê obrigada a

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trocar o papel de aluna pelo de mãe (por vezes, mãe e esposa). A gravidez em
adolescentes hoje está ocorrendo a partir dos 10-14 anos de idade e tem sido
atribuída à ausência de informação, ou a informação ineficaz, a falta de
educação e ao “descuido”; ainda, as dificuldades de acesso a um sistema de
saúde e o precário nível de educação da mulher jovem apresentam-se como
factores coerentemente relacionados com a probabilidade de uma mulher
engravidar durante a adolescência. Em parte, a promoção da educação sexual
desde a infância pode ser o meio eficaz para orientar as adolescentes a
lidarem com a sua sexualidade e com a gravidez.

Os comportamentos do indivíduo e seus hábitos permitem que se conheça e,


com isso, se perceba a interpretação que dá aos factos. Assim, poder-se-á
orientar e conduzir as acções, pois as actitudes dos adolescentes têm sido
consideravelmente formadas e fundamentadas em normas
socioeconômicas e culturais da sociedade vigente, que transmite
mensagens diversas com respeito à sexualidade e impõe diferentes normas de
comportamento para as adolescentes.

Além disso, a ausência de programas de planeamento familiar adequados, à


demanda dos adolescentes nos serviços públicos de saúde também tem sido
discutida como factor importante na etiologia da gestação das adolescentes
(Gonçalves e col., 2001; Godinho e col., 2000; Lima e col., 2004).

Partindo deste pressuposto autores como (Dimenstein, 2004; Corrêa &Ferriani,


2006; Monteiro &Yazlle, 2006; Silva &Tonete, 2006; e col., 2007; Lira
&Altmann, 2007; Moreira & col., 2008) enfatizam que na actualidade, os
estudos que identificam as causas mais frequentes para a ocorrência e
recorrência da gravidez na adolescência mostram uma contínua relação entre a
gestação e o abandono escolar, o apoio da família e o apoio do pai do bebê.

Contudo, sabe-se que a criação de programas e projectos que sejam


específicos para os adolescentes têm sua importância cada vez mais
destacada dada as consequências sociais e econômicas da gravidez na
adolescência e a maior intensidade dos prejuízos de uma atenção precária à
gestação nessa fase da vida (Monteiro & col., 2008).

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Assim sendo, os autores deste trabalho percebem a importância de um estudo
que atente para o que tem sido feito com relação ao crescente número de
gestações na adolescência, bem como a forma com que essas acções se
apresentam para os adolescentes, ampliando a discussão sobre o modo como
se tem dado o cuidado e a atenção à gestação na adolescência nos âmbitos
mais citados pela literatura, os quais são: familiar, escolar, político e na
sociedade.

Nas últimas décadas, a gravidez na adolescência tem sido considerada um


importante assunto de saúde pública, em virtude da prevalência com que
esse fenômeno vem ocorrendo ao redor do mundo. A chamada epidemia da
maternidade na adolescência só foi reconhecida por volta do século XX,
quando as taxas de fecundidade nesta faixa etária já começavam a cair
nos Estados Unidos e em outros países do primeiro mundo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a gravidez na adolescência


como gestação de risco. A grande dificuldade encontrada na análise de
trabalhos publicados na literatura nacional e internacional se deve ao facto de
se atribuir um possível pior desempenho obstétrico e repercussões sobre o
recém-nascido simplesmente à idade materna, com um cortejo de situações de
risco como: pobreza, baixo nível de escolaridade, falta de assistência pré-natal
adequada, entre outras.

Assim, no entender dos autores da presente investigação o conhecimento dos


factores relacionados à gravidez na adolescência dentro de cada realidade
social pode se constituir em um importante caminho para a implementação de
medidas que possam modificar esse quadro e favorecer o exercício pleno e
saudável da sexualidade desses adolescentes.

Por outro lado a preocupação com a gravidez na adolescência vem de longa


data, mas a questão da repetição das gestações nesta faixa etária não
recebeu, por muito tempo, a mesma atenção. Assim, são ainda escassos os
trabalhos sobre reincidência de gravidez na adolescência, o que dificulta,
inclusive, o conhecimento da sua frequência, com variação entre 25 e 50% na
literatura mundial. O empenho em compreender este estudo decorre do facto
de que o cuidadoso diagnóstico de situação representa o caminho para

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orientar intervenções apropriadas capazes de surtir um desejado efeito
preventivo.

É importante compreender que nesta fase pode ocorrer uma necessidade de


experiências novas e então diante desta busca, o uso de drogas, bebidas
alcoólicas, cigarros, iniciação da vida sexual, bem como o desenvolver de
uma gestação enquanto se completa a definição de EU a qual se
subordinam as identificações infantis, que diz ser a adolescência “um período
de moratória Psicossocial por ser uma época na qual o jovem se sente
livre para experimentar papéis e estilo de vida adulta" (Takiutt, 2009, p. 127 )

De acordo com Santos, (2009) havia pouca preocupação com contexto


social no qual a mãe adolescente vivia, mas isto mudou nos anos 70. Os
especialistas reconheceram que as jovens do ponto de vista biológico poderiam
ter um filho por ano, já que a partir dos 15 a 16 anos, sem representar
qualquer risco reprodutivo, mas alertam para o fato de maior risco por conta
das precárias condições sociais em que, via de regra, vivem as adolescentes.

A população alvo passou a ser mulheres em idade reprodutiva, pertencentes às


classes sociais menos favorecidas economicamente.“Mais recentemente, o
critério para definir risco não é mais o nível de renda, pois se considera
somente que o fator económico não explica as determinações do processo
saúde- doença. Na maioria dos casos, a caracterização de gravidez de alto
risco está ligada a pressão psicológica por que passa a jovem e as dificuldades
psíquicas e financeiras de acesso a profissionais de saúde.

“Do ponto de vista psicológico, a adolescente precisa de uma atenção maior, e


a falta de orientações gera riscos”. (Cavalcanti, 2010, p.124). Na prática
médica associa-se à gravidez na adolescência a probabilidade de aumento
das intercorrências clínicas e morte materna, assim como os índices maiores
de prematuridade, mortalidade neonatal e baixo peso de recém-nascidos, entre
outras.

Assim, para se tiver uma compreensão cabal do assunto em debate é


necessário conceituar o que venha ser a adolescência, de modo que se tenha
uma visão holística que resume a importância e a pertinência do presente

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tema.

1.2 Gravidéz na adolescência como um dos factores que influencia no


abandono escolar.

A gravidez na adolescência tornou-se uma questão inquietante tendo em conta


o número de adolescentes que ao engravidarem, abandonam os estudos. Esta
surge normalmente, numa fase da vida em que pode interferir nos seus
projectos de vida e num momento que se encontram na total dependência dos
pais em termos financeiros e afetivos.

Neste sentido importa saber que a expressão adolescência tem sua


procedência etimológica no Latim o “adolescere” e quer dizer, crescer,
portanto, adolescência significa crescimento. (Cordeiro, 2007), diz que um dos
grandes problemas da definição do conceito de adolescência é a delimitação
etária deste período de vida, pois diferentes contextos culturais, geográficos,
condições económicas e o gênero, acabam por ser factores condicionantes
desta fase.

Na verdade a posição do autor acima mencionado considera-se como uma


realidade indubitável visto que a periodicidade da adolescência varia de acordo
a região, clima, cultura e aspecto economico; só para se ter uma ideia
objectiva, compara-se uma criança que nasce ou se desenvolve numa região
climaticamente tropical humido esta chega mais cedo a dolescencia que uma
criança que se desnevolve numa região tropical seco.

Contudo, para a Organização das Nações Unidas (1986), adolescência é uma


fase de vida de um indivíduo onde se percebe o amadurecimento biológico
durante o qual vivencia um conjunto de transformações físicas, biológicas,
cognitivas e socio-emocionais. Ela começa por volta dos 10 a 13 anos e
termina por volta dos 18 a 20 anos, dependendo dos factores culturais e
educacionais.

Deste modo os autores da presente investigação enfatizam que


independentemente da personalidade do indivíduo a dolescência é uma fase
inerente a vida humana e seu termino pode variar tendo em conta a chamada a
dolescencia tardia, (amadurecimento dos órgãos depois dos 18 a 19 anos de

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idade) por isso concordam com a Organização das Nações Unidas.

Nesta conformidade a Organização Mundial da Saúde (OMS), (2002), define a


adolescência baseada no aparecimento inicial das características sexuais
secundárias para a maturidade sexual, pelo desenvolvimento de processos
psicológicos e de padrões de identificação que evoluem da fase infantil para a
adulta, e pela transição de um estado de dependência para outro de relativa
autonomia.

Desse modo, percepciona-se que a organização Mundial da Saúde tem uma


explicação exaustiva de adolescencia voltada para a sexualidade, sendo esta o
ponto de partida do desenvolvimento biológico e emocional. Assim, apesar
deste rico conceito, o mesmo não tira mérito a outras defições, pelo contrário
complementam-se para se encontrar uma delimetação meramente holística na
tranjectoria do conceito a dolescência.

No entanto, diferentes sentidos vêm ocupando os espaços de adolescência, os


quais, muitas vezes, não refletem os ideais que impulsionam as adolescentes
grávidas a reivindicar esse princípio para o campo educacional,
desencadeando, assim, a necessidade de uma análise crítica em torno dessa
questão.

Portanto, diante das inúmeras alterações que vêm sendo processadas no


âmbito educacional, torna-se necessário o esforço de compreender os
pressupostos que norteiam o processo de ensino e aprendizagem das
adolescentes grávidas na sala de aula, a fim de não recairmos em
nomenclaturas vagas que não repercutem em transformações expressivas para
a educação, não ultrapassando a mudança de nomes.

No entanto os autores deste trabalho conceituam a adolescência como um


processo evolutivo do ser humano marcado pelo desenvolvimento e
transformações a diversos níveis, em que a estruturação de valores e a
maturidade estão em consolidação. Neste sentido a adolescência se
caracteriza como um processo gradual de obtenção da identidade adulta, no
qual o principal objectivo do adolescente é adquirir sua autonomia e
independência.

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Assim sendo, Pina, (2014) defende que a adolescência é um período de
grandes alterações onde a descoberta do sexo tem como procedência a
atração, em parte, pelo desenvolvimento dos órgãos reprodutores e dos
impulsos sexuais, que através de suas primeiras revelações corporais levam o
adolescente a uma situação ao mesmo tempo de satisfação e timidez. Desse
modo é neste momento que o adolescente já não consegue mais ficar
indiferente às transformações, tenta entender as mudanças no seu corpo e faz
as primeiras descobertas em relação à sua sexualidade.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, (OMS, 2003), gravidez na


adolescência define-se como a gestação que ocorre entre os 10 e os 19 anos
de idade. Assim sendo, denomina-se gravidez na adolescência a gestação
ocorrida em adolescentes antes dos 20 anos. Nesta lógica os autores do
presente trabalho corraboram com o teor da Organização Mundial de Saúde
uma vez que toda gravidez que surge antes dos vinte anos é considerada
gravidez na adolescência e na maioria dos casos coincedem com a entrada ou
fequência da aluna no Ensino secundário.

Desta feita a gravidez na adolescência mais do que apenas factos biológicos


abrange as dimensões culturais, sociais, históricas e afetivas. Essa fase é
destinada às escolarizações, as adolescentes ao engravidarem, muitas vezes
acabam por abandonar a escola por não conseguirem conciliar o estudo com
as novas responsabilidades que têm que assumir.

Neste sentido os mesmo autores acrescentam ainda que a chegada de uma


criança nessa fase transforma também as relações familiares, à medida que
tanto a adolescente quanto a criança precisam de apoio, financeiro, afectivo e
nos cuidados para com ambos. Dessa forma é neste pressuposto que se
chama atenção aos professores e a escola, no sentido de dobrarem a sua
atenção de prestação de serviço por forma ajudar as adolescentes grávidas
vigentes no processo de ensino e aprendizagem de modo que não venha
abandonarem a escola por motivo de fraco rendimento escolar advinda das
consequências da grávidez.

Por outro lado, Pina, (2014) refere que existem gravidez que são desejadas,
conforme a cultura e o costume das famílias, muitas adolescentes acreditam

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que esta é a fase propícia para se casar e ter filhos, e seguem o exemplo da
mãe. Contudo, como a vida não termina com agravidéz é necessário estimulá-
la de tal sorte que prossiga com os seus estudos para garantir um projecto de
vida futura. Como se pode perceber esta prática não é uma tarefa fácil tanto
para a escola assim como para o professor mais sim, não é impossível.

Neste sentido além da gravidez ser um grande problema para a saúde


geralmente, limita o exercício de actividades laborais ou educacionais e a
adolescente passa a ter poucas expectativas em relação ao futuro. Assim, vale
ressaltar que a sociedade actual é baseada numa competitividade que carrega
um conhu científico assente na formação académica e profissional, o que quer
dizer que se adolescente falhar num destes binómios formativo compromente a
suas expectativas em relação ao futuro.

Segundo, Dias e Teixeira (2010), citado por Pina (2014) a ausência de uma
perspetiva profissional futura, associada à escolaridade errática fomenta a
recaída da gravidez na adolescência e impede a reconquista da questão
escolar. Face a posição do autor vale frisar que qualquer trabalho ou ofício
passa por uma formação seja ela profissional ou acdémica nesta perspectiva
parece pouco acertiva atribuir a culpa da graviez na adolescencia por
enexistência de uma profissão futura associada a escolarização conforme foi
referido pelo autor acima.

Diante disto, os autores do presente trabalho advogam que a gravidez na


adolescência tem criado constrangimentos no funcionamento quotidiano das
escolas, pois coloca problemas específicos na maior parte das vezes
incompatíveis com as regras do sistema educativo, uma vez que as escolas
não estão em condições em termos de estrutura física e equipamentos, nem no
que concerne a apoios e aconselhamento psicológico para fazer face a tal
situação.

Além disso, os mesmos autores subsídiam que muitos professores, famílias e


incluindo a própria adolescente apresentão pouca preparação para lidar com a
situação tendo em conta as mudanças fisiológicas, psicológicas e económicas
por que passam e acabam por deixar de lado os estudos. Como é obvío a
gravidéz na adolescência arrasta consigo enes consequências, pior ainda se a

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adolescente for de uma família de classe social desfavorecida, esta com
certeza, acabam por abandonar a escola e ir atrás do sustento para a sua
sobrevivência.

Por isso, outras pesquisas referidas por Cordeiro, (2007) citado por Pina,
(2014) indicam que a gestação na adolescência seria uma das causas da
evasão escolar e efetivamente, professores, pais e jovens consideram que a
gravidez, neste momento da vida, diminui as oportunidades da adolescente e
dificulta no aprendizado ou mesmo, impossibilita aproveitar as experiências que
a juventude poder-lhe-ia proporcionar.

Nesta ordem de ideia os autores do presente trabalho concordam com Cordeiro


citado por Pina uma vez que o que ele propoêm remete-nos a reflectir que com
a gravidez, as possibilidades de estas adolescentes concluírem uma boa
formação ficam claramente diminuídas verificando-se, com frequência,
problemas escolares, o seu rendimento tende a ser inferior e abandono dos
estudos é muitas vezes inevitável.

Diante disto, o abandono verifica-se, mesmo, quando controlado o rendimento


académico das grávidas, as suas aspirações educativas e as características
demográficas, o que acarreta importantes consequências a nível social e
económico. É provável que venham a ter piores trabalhos e rendimento escolar
mais reduzido no futuro.

Como se pode perceber na realidade, o baixo nível de formação e a


inexistência ou escassa experiência profissional, aliadas às responsabilidades
parentais (inalienáveis), aumentam a possibilidade de não encontrarem
trabalho ou de que este seja mal pago.

Assim sendo, a gravidez na adolescência e a iniciação das relações sexuais


devem ser analisadas tendo em atenção os factores sociodemográficos e,
sobretudo a questão cultural.

Nesta linha de ideias, segundo Cordeiro, (2007) para muitos adolescentes,


sobretudo de meios rurais a gravidez é considerada, na maior parte das vezes
como ideal de vida, pois é um meio de passagem da fase jovem para adulta.
Contudo esse processo requer a saída da escola e a entrada no mercado de

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trabalho. Assim a gravidez na adolescência pode ser uma gravidez programada
pela determinação do casal, ou adiantada por uma falha no método de
contracepção.

No entanto, para a medicina, toda a gravidez até os 19 anos de idade é


considerada uma gravidez de risco, uma vez que os ossos da bacia ainda não
estão completamente formados e as consequências ao corpo podem ser
sérias.

Desta feita, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (1986) as


consequências psicológicas de uma gravidez na adolescência são tão
preocupantes quanto às consequências fisiológicas. A começar pelo facto de
que na grande maioria das vezes a gravidez é indesejada.

Assim, os conflitos familiares, com o pai do bebé e possível rejeição de círculos


sociais são consequências que podem trazer várias sequelas à mãe, incluindo
as temíveis recusas ao bebé e depressão pós-parto esta atitude pode também
contribuir negativamente para os estudos da adolescente.

Deste modo, falar na gravidez na adolescência é falar, simultaneamente, numa


realidade excessivamente complicada, ligada a diversas dimensões, pois a
gravidez na adolescência é um problema da saúde pública, é
reconhecidamente, uma gravidez de alto risco documentado em OMS, (2003),
quer para a mãe, quer para o filho, com maior probabilidade de ocorrerem
problemas durante a gestação, parto e pós-parto – o que acentuará as
dificuldades naturais de uma gravidez nesta etapa.

1.3 Factores e consequências da gravidez na adolescência no contexto


escolar.

Sempre que gravidez e adolescência coexistem, a crise da adolescência


anuncia uma outra crise: a da gravidez. Muito mais do que expor
exaustivamente este fenómeno, procurar-se-á descrever o que representa a
gravidez na adolescência, as suas principais causas, consequências e as
mudanças mais representativas (fisiológica, psicológica e sociocultural) e tentar

17
responder a questões do estudo e avaliação da problemática sobre o processo
de ensino aprendizagem.

Deste modo, entre os factores que contribuem para a gravidez na


adolescência, destaca-se o nível sócio-economico das famílias, falta de
educação sexual a existência da actividade sexual precoce. Com efeito,
segundo Lourenço, deve notar-se que: a este “fenómeno não é indiferente a
contextualização numa sociedade cada vez mais erotizada, nomeadamente
pelos meios de comunicação social, com a proliferação cultural de conteúdos e
estímulos sexuais”. (Lourenço 1998, p. 51) É notória a mudança de valores
relativos à sexualidade aumentando a permissividade e valorizando-se as
dimensões comunicacionais e do prazer.

Na verdade, olhando para a realidade angolana e especificamente no contexto


bieno, constata-se que muitos adolescentes passam grande parte do seu
tempo a frente da televisão assistindo várias séries de novelas consideradas
como expoente pulcionadora do prazer sexual, sem a capacidade de discernir
o positivo do negativo e sem a presença dos pais para antecipar algumas
irregularidades.

De acordo com Halbe (2010), os principais factores da gravidez na


adolescência são: o aumento da erotização precoce, a redução da idade do
início da vida sexual e a fragilidade de um projecto de vida. São muitos factores
que podem levar a uma gravidez na adolescência, mas uma das questões é o
adiantamento da menstruação e, com isso, as meninas iniciam uma vida sexual
muito cedo, seja ela por pouco conhecimento sobre o assunto ou simplesmente
curiosidade, e estão menos preparadas para enfrentar uma possível gravidez.

No entanto, muitas vezes, a gravidez na adolescência está relacionada com


uma situação de vulnerabilidade social, por falta de informação ou acesso aos
serviços de saúde. Damiani (2005) diz que a gravidez na adolescência é
resultante da falta de informação, de medo de assumir a vida sexual e da falta
de espaço para discussão de valores no meio familiar.

Contudo, percebe-se que são vários os factores que levam a adolescente


engravidar, mas a falta de orientação, seja essa dada pela família, escola ou

18
sectores de saúde, contribui para aumentar este problema. A literatura tem
tratado a gravidez na adolescência como um problema de saúde pública,
especialmente pelo facto de propiciar riscos ao desenvolvimento da criança
gerada e da própria adolescente gestante (Gontijo & Medeiros, 2004).

Neste contexto fazendo uma análise profunda do sistema de saúde verifica-se


que o mesmo se limita somente atender outras patologias ou prestar
assistência médica na adolescente já grávida menos pautar pelas palestras de
prevenção quer nas escolas quer na comunidade. Outro factor importante
prende-se com a realidade das nossas organizações escolares que não
dispões um gabinete ou posto para saúde escolar.

Neste segmento segundo o estudo feito por Cerqueira-Santos (2010), o avanço


nas taxas de gravidez na adolescência pode ser esclarecido por distintas
causas, podendo modificar-se de país para país. Por isso é através do
complexo de factores de risco para considerar esta questão, destacam-se os
aspectos socioeconómicos. Apesar de fenómeno alcançar e estar crescente
em todas as classes sociais, ainda há uma forte semelhança entre pobreza,
baixa escolaridade e a baixa idade para gravidez. Além disso, factores como a
redução global para a idade média para menarca e da primeira relação sexual
compõem um panorama de risco que contribui para o avanço dessas taxas.

Outro estudo não menos importante é de Moura (1991) mostrou que, na


maioria dos países, a idade média para a menarca diminuiu significativamente
de 13 para 11 anos de idade em uma década. De forma similar, o estudo de
Cerqueira-Santos (2007), realizado em quatro capitais de países, assinalou que
a idade média de iniciação sexual dos jovens de nível socioeconómico baixo
está por volta dos 13 anos. Estudos anteriores, da década de 90, revisados por
Santos Júnior (1999), revelavam médias entre 15 a 16 anos para a primeira
relação sexual desta população.

Neste procedimento os autores do presente trabalho paralelamente com os


estudos fornecidos acima enfatizam que fazendo uma análise retrospetiva dos
pilares que sustentam a gravidez na adolescência no contexto angolano em
particular bieno facilmente se percebe que no passado os adolescentes no
geral começavam muito tarde com as relações sexual. Hoje por hoje devido o

19
desenvolvimento, a evolução e crescimento populacional é frequente encontrar
meninas com idade mínima de 10 anos experimentar a primeira relação sexual.

Dessa forma, Aquino & colaboradores (2003), em estudo multicêntrico,


encontraram que a prevalência de gravidez antes dos 18 anos de idade, foi
relatada por 8,9% dos homens e 16,6% das mulheres. O mesmo estudo
descreveu que a maior parte dos casos de gravidez para esta população
adveio do contexto de um relacionamento afetivo, sendo maior o relato
masculino sobre a gravidez de uma parceira casual do que um relato feminino
sobre esta situação. Destacou-se, ainda, neste estudo o caso de que a
ocorrência de uma gravidez antes dos vinte anos alterou propriamente com a
renda e a escolaridade.

Hoga (2010) afirma em sua pesquisa que a prematuridade do namoro foi citada
como uma das razões da ocorrência da gravidez. Estudos mostram que o
namoro está profundamente coligado ao início da vida sexual na adolescência,
especialmente por ser o relacionamento afeticvo e amoroso mais característico
da adolescência, assim como o “ficar”. É possível analisar que o namoro
necessitaria estar entre os assuntos abordados nas intervenções realizadas
com os adolescentes exatamente por se constituir em um espaço de exercício
das relações entre homens e mulheres que sejam mais igualitárias ou
hierarquizadas, podendo ser adaptadas as atitudes e práticas sexuais e
contraceptivos.

Segundo o estudo feito por Dias (2010), a gestação na adolescência é


considerada uma situação de risco biológico tanto para as adolescentes como
para os recém-nascidos. Estes autores citados anteriormente observam que
características fisiológicas e psicológicas da adolescência fariam com que uma
gestação nesse período se caracterizasse como uma gestação de risco.

Em termos psicológicos, Dias (2010), citando Levandowski, Piccinini e Lopes


(2008), afirma ainda que a gestação na adolescência está associada à noção
de risco na medida em que implica na vivência simultânea de dois fenómenos
importantes do desenvolvimento: o ser adolescente e o ser mãe. Dias (2010)
também faz referência a ideia de Erikson (1968/1976), que diz que, em geral,
no que se refere as jovens oriundas de famílias em situação de vulnerabilidade

20
social, a adolescência é considerada uma fase do ciclo vital na qual os jovens
deveriam, na medida do possível, avaliar possibilidades antes de tomar
decisões que exigem maior comprometimento, como escolher uma profissão,
casar e ter filhos.

Assim, é de realçar que estes factores acima relatados desencadeiam várias


consequências inclusível de ordem escolar. Deste modo as consequências no
decorrer de uma gestação na fase da adolescência são diversa etiologia,
podendo ter efeitos significativos para o futuro destas. A gravidez na
adolescência acarreta muitas consequências na aprendizagem, pois as
adolescentes grávidas perdem o interesse, sofrem preconceitos, enfrentam
problemas de natureza social e muitas delas abandonam a escola ou diminuem
drasticamente o seu envolvimento e rendimento no processo de ensino-
aprendizagem.

Ao mesmo tempo, estas adolescentes também são consideradas um grupo de


risco na questão da gravidez não planificada, assim como nas doenças as
adolescentes, pode ter a sua origem em múltiplos factores de diversas índoles:
física, sociocultural e emocional.

Nesta perspectiva, Esteves & Meandro (2005) apontam que a gestação na


adolescência está relacionada com a impossibilidade de completar a função
adolescente, antecipando escolhas e abreviando experiências. Também
provoca abandono escolar, maior probabilidade de qualificação profissional e
consequentemente, menos oportunidade de inserção no mundo do trabalho,
além de afastamento do grupo de pares amigos, culpabilização, agressividade
familiar, perda de oportunidades de trabalho, diminuição da probabilidade de
relacionamentos maduros, duradouros e felizes.

Nesta linha de pensamento subcreve-se também Godinho et al. (2000, p. 28)


elucidam que: o “expressivo número de adolescentes que abandonam seus
estudos devido à gravidez pode ter relação com a vergonha destas meninas
mais jovens em assumirem-na, de enfrentarem os colegas e professores, pois
estão muitas vezes sozinhas”. A saída mais fácil acaba sendo o abandono
escolar já no início da gravidez.

21
Neste quadro os autores do presente trabalho concordam com o referido acima
justificando que em quanto educadores têm observado este facto das alunas
desistirem da escola em quanto grávidas outras ainda permanecem, mas
fracassam ao longo do processo tendo assim, a consequência maior que é a
reprovação. Diante destes pormenores, os autores afirmam que é pouco
conhecido alguns casos de adolescentes gravidas com um bom sucesso
escolar.

Assim, além destas, Damiani (2005, p. 17) enfatiza outras consequências


negativas de uma gravidez na adolescência referindo-se que “uma gestante
jovem pode apresentar insatisfação, baixa autoestima, rejeição social,
ansiedade, depressão e frustração”.

Os autores deste trabalho partilham com as ideias dos autores acima focados
reparando que a gravidez na adolescência acarreta consequências amargas
para as adolescentes que se encontram neste estado sobretudo no processo
de ensino e aprendizagem e a vergonha constitui o primeiro sentimento a
seguir da ansiedade, depressão e frustração que são consequências
psicológicas.

1.4. Educação Sexual, responsabilidade da família e da escola

Para se ter uma noção clara da importância da educação sexual torna-se


necessário definir o que é a sexualidade. Assim, no entender dos autores do
presente trabalho a sexualidade é um conjunto de expressões, de valores,
atitudes, comportamentos, uma necessidade individual, independentemente da
idade ou do sexo, que o ser humano desenvolve e manifesta através da sua
personalidade.

A palavra “sexo” é muitas vezes utilizada com referência a actividades físicas


que envolvam os órgãos genitais (“fazer sexo”), porém tem sentido mais amplo,
envolvendo todos os fenomenismos da vida sexual. Sexo e o conjunto de
caraterísticas, estruturas funcionais segundo os quais um ser vivo e
classificado como macho ou fêmea.

A sexualidade, sendo um factor biológico, controla o desenvolvimento sexual


em todas as etapas do crescimento e o funcionamento e satisfação sexual;

22
também éresponsável pelas diferenças de comportamentos, estimulação
sexual entre os sexos, produzindo efeitos biológicos diversos, como, por
exemplo, pulso acelerado, e outros.

Desta feita, face estes pressupostos os investigadores do presente trabalho


levantam uma série de problematização tais como: A quem cabe a
responsabilidade por essa educação sexual adequada? Aos pais? À
sociedade? O que transmitem a média e a televisão para os adolescentes de
hoje? Liberalidade, prazer, erotismo. E ele está preparado para assimilar tudo
isso? E a escola, qual é o seu papel? Está exercendo a sua função de
educadora, juntamente com a família e a comunidade?

Como se sabe, a questão não é identificar responsáveis, culpados pela


ineficácia da orientação sexual nas diferentes instituições (escolas, famílias,
igrejas, entre outras). Acredita-se que é preciso uma acção conjunta, continua
e articulada, entre tais instâncias ao longo da trajetória de vida dos
adolescentes.

Percebe-se, no dia-a-dia da profissão de docente, que a educação sexual,


quando iniciada precocemente na família, traz resultados positivos para a vida
futura, principalmente no enfrentamento da crise puberal. Para
Matarazzo&Manzin (1988, p. 10-12),

a orientação sexual deve ser iniciada nos primeiros anos de vida da


criança e deve continuar durante todo o seu processo de crescimento e
amadurecimento [...] assim, o propósito da educação sexual, é indicar a
imensa riqueza da sexualidade humana e seu valor, mais do que
controlar ou suprimir as suas manifestações.

Partindo deste pressuposto os autores deste trabalho entendem que o lugar


onde a criança se desenvolve desde os primeiros anos de vida é na família, daí
a razão da responsabilidade da educação sexual recair nela. Sendo que a
família é o local onde criança aprende as primeiras normas de vida, valores e
consequentemente a socialização.

Nesta ordem de conceito Diogo (1998, p.37) salienta que:


A família, espaço educativo por excelência, é vulgarmente considerada
o núcleo central do desenvolvimento moral, cognitivo e afetivo, no qual

23
se criam e educam as crianças, ao proporcionar os contextos
educativos indispensáveis para cimentar a tarefa de construção de uma
existência própria. Lugar em que as pessoas se encontram e convivem,
a família é também o espaço histórico e simbólico do qual se
desenvolve a divisão do trabalho, dos espaços, das competências, dos
valores, dos destinos pessoais de homens e mulheres. A família
revela-se, portanto, um espaço privilegiado de construção social da
realidade em que, através das relações entre os seus membros, os
factos do quotidiano individual recebem o seu significado.

Segundo Souza (1999, p. 33), a educação sexual precisa ser aprimorada


“durante a adolescência, quando, pelas transformações físicas determinadas
pelo comando hormonal e pelo estímulo de factores psicossociais, o interesse
sexual passa a dominar o pensamento e as acções dos jovens”.

De acordo com os autores deste trabalho face o acima referido observa-se que
os adolescentes de hoje se encontram diante de inúmeras dificuldades, pois os
governantes e as instituições citadas fecham os olhos à educação ideal. Mas
cabe aos professores, pais, organizações sociais e aos profissionais da área
de saúde em se consciencializar e ter a sensibilidade de se unir para ajudar
os adolescentes a terem uma educação e prática sexual sem riscos, sem
repressões, sem culpa e medo.

Neste quadrante importa salientar que maioria das pesquisas que pautam pela
explicação da gravidez na adolescência e educação, refletem apenas sobre a
necessidade de prevenção da gravidez, e do aprofundamento da educação
sexual na escola.

Nesta conformidade chama-se atenção de que apesar da gravidaz


adolescentes devem continuar sendo alunas, o que na maioria das vezes não
acontece, por estas evadirem-se, portanto deve-se pensar neste acolhimento
no ambiente escolar, pelos/as docentes, de forma a fomentar que as
adolescentes percebam que as suas vidas terão mudanças, mas estas
alterações não representam que a sua vida está encerrada com a gravidez, e
que não existe possibilidade de conciliação com os estudos, esta investigação
quer olhar para o papel da escola como instrumento também de contribuição

24
para significação dos sonhos destas adolescentes e das suas respectivas
contribuições futuras na sociedade.

Assim, sendo analisando a gravidez na adolescência, de forma mais


aprofundada, fugindo do senso comum, a escola assume um papel importante
na orientação e construção de novas perspectivas para esta adolescentes que
na maior das vezes encontra–se sem apoio, tanto da família, como do possível
parceiro,e ainda da sociedade que julga e acusa, e além disso, deixa de
considera –la jovem em desenvolvimento, por ser mãe.

Dessa forma, a temática da gravidez na adolescência, é antes de tudo um


debate sobre a sexualidade juvenil, e o tratamento e o lugar que esse debate
tem na sociedade, na família e na escola. Por isso é importante destacar:

A sexualidade talvez se constitua um dos tópicos mais


importantes e mais difíceis tanto para o próprio adolescente e
para seus pais, como para a sociedade como um todo,
particularmente na cultura ocidental, herdeira da tradição
judaico cristã e do culto da “culpa” e do “pecado”. (ALMEIDA,
2003 p.125)

Estes elementos relacionados a sexualidade, e a dificuldade dos/as


adolescentes em pautar estas questões na sociedade e na família, reforçam
ainda mais a importância da escola tratar desta temática, de forma
aprofundada, sem moralismo e de forma aberta como lidar com a sexualidade,
sendo no intuito da prevenção da gravidez na adolescência, como também de
modo a garantir cuidados com o corpo e com as DST´s, entre outras questões
relacionadas a sexualidade. Os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais,
destacam a necessidade de a escola trazer esse debate da prática educativa:

Ao tratar do tema Orientação Sexual, busca-se considerar a


sexualidade como algo inerente à vida e à saúde, que se expressa
desde cedo no ser humano. Engloba o papel social do homem e da
mulher, o respeito por si e pelo outro, as discriminações e os
estereótipos atribuídos e vivenciados em seus relacionamentos, o
avanço da AIDS e da gravidez indesejada na adolescência, entre
outros, que são problemas actuais e preocupantes (BRASIL, 2000, p.
73).

25
Além disso, o destaque para a necessidade da escola pautar a educação
sexual, não se pode perder de vista, o lugar do/a professor/a nesta orientação,
pois a depender da concepção e da prática docente os adolescente pode se
sentir reprimido e julgado em colocar as suas dúvidas e angústias, portanto o/a
professor/a tem um papel crucial para que a educação sexual se dê de forma
livre ampla desde o auto-conhecimento e percepção do próprio corpo, bem
como a relação com a afetividade e a sexualidade, reafirma:

A educação sexual nas escolas, portanto, é fundamental para que os


adolescentes possam falar sobre sua sexualidade, sem preconceito,
separando os tabus, para tanto, é fundamental o papel do professor
nesta mediação. Além disso, a sala de aula deve ser um espaço que
possibilite o autoconhecimento e a descoberta de outras formas de
relacionamento afetivo que não se limite as relações sexuais.
(DOMINGOS 2010, p.21)

Diante desta afirmação os autores da presente investigação enfatiza que o


professor/a tem um papel fundamental na escola e na referência dos/as
adolescentes, por isso que é fundamental pautar a formação de professores
neste aspecto bem como favorecer a sua relação com espaços ligados a saúde
e ao serviço social que de alguma forma possam contribuir para uma
abordagem mais ampla da questão da gravidez na adolescência e dessa forma
propiciar espaços que orientem a jovem que engravida, ter apoio e orientação
para reconstrução dos seus projectos e perspectivas futuras, de forma
autónoma e plena.

Dessa forma olhando para o nosso contexto educacional observa-se que o


Ministério da Educação que, num dos seus temas transversais, apresenta a
educação sexual a ser trabalhada no interior das disciplinas escolares.
Todavia, a experiência como educadores no contexto escolar mostra que essas
propostas não ocorrem na prática, permanecendo, na maioria das vezes, ainda
no papel.

Além disso,as dificuldades por parte do corpo docente para trabalhar com a
educação sexual, em parte, são explicáveis porque a sexualidade sempre
foi envolvida em tabus e preconceitos pela sociedade, de modo que nas
escolas é um assunto renegado. Neste sentido às escolas caberia ensinar

26
sobre o aparelho reprodutor masculino, feminino e genética nas aulas de
Biologia e Educação Moral e Cívica; apenas esporadicamente desenvolveria
noções sobre educação sexual, por meio de palestras com profissionais da
área da saúde (especialmente médicos).

Sobre esta perspectiva Cordeiro (2009, p. 498) refere que é “cada vez mais
importante que os pais participem na vida escolar dos filhos, não só mostrando
preocupação e interesse relativamente às actividades escolares, mas adotando
também uma atitude pro-activa e participando realmente dentro e fora da
escola”.

Portanto os autores deste trabalho, salientam que cabe à escola e a família,


como instituições responsáveis pela formação integral e pela socialização do
conhecimento construído ao longo da história, a organização curricular e
pedagógica da discussão sobre a sexualidade, com vista a ampliar o
entendimento da sexualidade humana, desmistificar os tabus e preconceitos e
possibilitar espaço para reflexão contínua. Assim, pode-se promover a
prevenção da gravidez na adolescência e das doenças sexualmente
transmissíveis, norteando pela compreensão da sexualidade enquanto
fenómeno humano e pelo reconhecimento das necessidades dos adolescentes.

Conclusões parciais do capítulo I

A sistematização deste capítulo permitiu concluir que a gravidez na


adolescência não é uma temática recente na história da humanidade, os seus
relatos remontam desde o século XVIII onde os contratos de casamento eram
feitos antes da menina completar 18 a 19 anos.

O estudo permitiu concluir tabém que a gravidez na adolescência deixa as


adolescentes vulneráveis não somente no âmbito biológico, mas também no
escolar, pelos momentos de ausência e exaustão dos cuidados da mesma,
além disso, tendo em conta as mudanças fisiológicas, psicológicas e
económicas por que passam, acabam por deixar de lado os estudos.

Concluiu-se que a gravidez na adolescência requer um método educativo sério


por parte da família e da escola que visa conscientizar as adolescentes da
importância da prevenção, não somente da gravidez, mas também das demais

27
doenças sexualmente transmissíveis.

Ainda este estudo permitiu concluir que, os programas (conteúdos)


desenvolvidos nas escolas, concernente os temas que tratam de sexualidade,
gravidez não englobam os aspetos sociais, culturais e econômicos da
comunidade em que são desenvolvidos.

CAPÍTULO II. ANÁLISE DOS RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO E A


ELABORAÇÃO DA PROPOSTA

Neste capítulo constam os principais resultados do diagnóstico identificado na


etapa inicial da investigação, se apresenta a população e amostra bem como a
propor de acções educativas para fortalecer o processo de ensino e
aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo Escolar
nº 13 Francisco Chimbungo no Município do Cuito/Bié. Na perspectiva de
encontrar a solução do problema que visam melhorar actuação dos professores
diante das alunas gravidas.

Caracterização do Complexo Escola nº 13 Francisco Júlio Chimbungo

28
O Complexo escolar Francisco Júlio Chimbungo nº 13 onde se realizou a
investigação, está situado no Bairro Kambulucuto na Rua Gaugo Goutinho, a
este da cidade do Cuito na Avenida Joaquim Kapango.

Este complexo Escolar abriu ao público em abril de 1984 data da sua


inauguração oficial. É uma construção de raiz e definitiva composta por nove
(9) salas de aulas, tendo sido actualmente ampliada com matérias descartáveis
e adobe de argila, perfazendo assim um total de vinte e seis (26) salas de
aulas.

De referir ainda que o mesmo Complexo Escolar possui três gabinetes todos
apetrechados com o devido mobiliário, uma secretária geral, uma sala de
reuniões, uma recadação, doze (12) casas de banhos sendo seis (6) para os
alunos, seis (6) para os professores juntamente ao corpo directivo. Deste modo
contablizam-se novecentas e cinquenta (950) Carteiras individuais e mais de
mil e trezentos (1300) assentos adaptados.

Quanto ao funcionamento é de salientar que o complexo escolar tem um


funcionamento normal distribuído em três períodos cujo horários variam de
acordo a cada turno sendo que o período manhã
abre as 7:30 a 12: 15; tarde das 13:00 a 17:55; noite das 18: 00 a 22: 10
minutos. Este por sua vez, atende os alunos da iniciação a 9ª classe e é uma
instituição pública.

A direcção está constituída por 3 membros, um Director que responde a todos


aspectos funcionais da escola, sendo a autoridade máxima responsável pela
organização, cumprimento e controlo de tarefas escolares e extraescolares de
acordo com a política educacional. Ainda assim o Director é coadjuvado por
dois Subdirectores, pedagógico e administrativo respectivamente, que são
responsáveis perante o órgão de tutela e da gestão pedagógica, administrativa,
financeira e patrimonial da escola. Para a boa coordenação e coesão das
acções da escola, existem 12 (doze) coordenadores de disciplinas, 7 (sete)
coordenadores de classes, 1 (um) de turno noturno e um coordenador do
círculo de interesse.

O quadro docente do complexo escolar está composto por cento e três

29
professores (103) sendo 62 do sexo feminino, alocados em dois (2) níveis de
ensino primário e 1º Ciclo do Ensino Secundário. No que diz respeito o grau
académico constatou-se que 4 são técnicos básicos; 57 técnicos médios; 11
são bacharéis, 30 licenciados e um mestre.

Quanto à caracterização dos alunos, neste complexo Escolar estão


matriculados um total de 4059 alunos, distribuídos por 2 níveis, 2404 alunos
estão matriculados no ensino primário, de iniciação a 6ª Classe, sendo 1241 do
sexo feminino e 1655 alunos matriculados no 1º ciclo da 7ª a 9ª Classes, sendo
894 são do sexo feminino.

O corpo não docente é constituído por 9 auxiliares da acção educativa deles


uma (1) chefe de secretaria, quatro (4) são dactilógrafos, duas (2) auxiliares de
limpeza, dois (2) guardas que são de responsabilidade financeira da comissão
de pais e encarregados de educação.

Desta feita percebeu-se que os alunos que frequentam este complexo escolar
revelam diferentes níveis de heterogeneidade: socio-económico, cultural-étnico,
cognitivo e comportamental. Apesar da existência de alunos pertencentes a
famílias carenciadas, cujos pais ou encarregados de educação estão, no
desemprego, uma grande parte dos alunos pertencem a um estrato social
médio.

2.1- Análise dos resultados do diagnóstico.

A população está constituída por noventa e quatro (94) unidades destes 3


directores, 56 professores e 35 alunas; usando o critério acidental foram
selecionados dezoito (18) professores e doze (12) alunas selecionados de
forma sistemática.

População e amostra

Extracto Populaçã Amostra Percentage Tipo de Critério de


o m amostra amostragem
Corpo 3 100%
directivo

30
Professores 56 18 32% Não Acidental
probabilística
Alunas 35 12 34,28% Probabilístic Sistemática
a
Total 94

2.1. Análise dos resultados do diagnóstico

Resultados da observação (apendise nº 1)

Ao longo da investigação foram obsevadas cinco (5) aulas nas seguintes


disciplinas: Língua Portuguesa, Biologia, Matémática, História, e Educação
Moral e Cívica. Nelas de acordo com a observação feita as aulas dos
professores foi possivel constatar que durante as aulas as adolescentes
grávidas apresentaram um comportamento atípico tais como introvertidas as
aulas, pouco assíduas, desmotivado; tanto que os professores também usam
pouca metodologia que visa estimular o interesse das alunas. Esta atitude pode
levar não só as alunas grávidas e assim como no geral a ter um rendimento
escolar reduzido e consequentemente a bandonar à escola.

Resultados da análise documental (apendise nº 2)

Durante a investigação foram consultados os seguintes documentos: Currículo


do Iº Ciclo do Ensino Secundário (Reforma Educativa), Lei de Bases do
Sistema Educativo (Lei nº 17/16 de 7 de outubro de 2016).

Ao analisar o Currículo do Iº Ciclo do Ensino Secundário, notou-se que o


mesmo tem na sua grelha curricular (12) doze disciplinas que constam no
plano de estudos, tais como: Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Matemática,
Biologia, Física, Química, Geografia, História, Educação Física, Educação
Moral e Cívica, Educação Visual e Plástica e Educação Laboral. Estas
disciplinas poderão possibilitar aos alunos após a conclusão da 9ª classe, o
prosseguimento dos seus estudos no IIº Ciclo do Ensino Secundário ou nos
Institutos Médios Técnicos e Normais, uma vez que os conteúdos e temas
desse ciclo de estudos apresentem uma articulação horizontal e vertical em

31
função dos cruzamentos que os mesmos possam conter.

Olhando para este conjunto de disciplinas descritas anteriormente, os autores


do presente trabalho entendem que a fortaleza recai na disciplina de Educação
Moral e Cívica, isto é, por ser a mais específica para abordar temas ligado a
educação sexual. Já que quando procurava-se saber das causas da gravidez
na adolescência várias ideias estavam inclinas na falta de uma verdadeira
educação sexual não somente por parte dos pais encarregados de educação
como também da escola concretamente nos currículos e da prática docente.

Nesta perspectiva, a causa maior recai a escola visto que os professores que
leccionam estas disciplinas não têm consciência de que eles são figuras
privilegiadas para o trabalho de educação sexual dos alunos. No entanto nas
maiorias das vezes os professores têm receio em abordar profundamente esta
temática com os seus alunos tendo feito de uma forma superficial e isto faz
com que a disciplina pode apresentar fortaleza, mas não serão aproveitadas
por falta de preparação do professor para o efeito.

Outrosim, a prática educativa dos professores observados demonstra que os


mesmo poucos estão preparados, porque o professor nesta disciplina limita-se
apenas a instruir o aluno sobre os ideiais constitucional e politico para a
compreensão dos órgãos de soberania com um conteúdo completamente
dissociado da educação sexual propriamente dita, o que pode impedir o aluno
a obter um conhecimento peculiar sobre a sexualidade.

A Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 17/16 de 7 de outubro (2016, p.2)


no seu artigo 2º, considera a “educação como um processo planificado e
sistematizado de ensino- aprendizagem, que visa preparar de forma integral o
indivíduo para as exigências da vida individual e colectiva”.

Visa por outro lado preparar o indivíduo para as exigências da vida política,
económica e social do país e que se desenvolve na convivência humana,
círculo familiar, relações de trabalho, instituições de ensino e de investigação
científico-técnica, órgãos de comunicação social, organizações comunitárias,
nas organizações filantrópicas, religiosas e através de manifestações culturais
e gimnodesportivas.

32
Assim, analisando o mesmo documento no seu Artigo 31º percebe-se queo Iº
Ciclo do Ensino Secundário Geral compreende a 7ª, 8ª e 9ª classe e é
frequentado por alunos dos 12 (dozes) aos 14 (Catorze) anos de idade. Desta
feita as idades acima referidas coincidem com a etapa da adolescência. E
fazendo uma análise profunda deste documento que orienta o sistema
Educativo de Angola não se achou nenhuma lei que proíbe a participação de
alunas grávidas no processo de ensino e aprendizagem, assim não havendo a
proibição o documento deveria precaver as medidas ou os procedimentos das
adolescentes que venham a conceber ao longo do processo o que não se
verificou na presente lei.

No entender dos autores da presente investigação, era preciso deixar aberto o


procedimento nos currículos para que os professores tenham conhecimentos
pedagógico-didácticos de como lidar com as adolescentes grávidas no
processo de ensino e aprendizagem, uma vez que, fora da escola, no contexto
bieno, não existe mais nenhum lugar para além da família onde se possa
educar sexualmente os adolescentes em geral de forma técnica, planificada,
coordenada, controlada ou mesmo sistematizada. O melhor lugar para abordar
assuntos sexualmente sem tabu na lógica dos autores deste trabalho primeiro
deveria ser na escola para depois ser na família já qui muito pai ainda sente
vexame a bordar assuntos relacionados com a sexualidade com os seus filhos.

A observação utilizada como método no presente trabalho possibilitou


constatar que no decorre das aulas as adolescentes gravidas referente ao
Complexo Escolar em estudo apresentam comportamentos diferenciados
como, falta de assiduidade, pouca participação as aulas, desinteressadas,
tímidas, sonolentas e diante desta conduta, foi possível verificar que os
professores quase nada fazem para motivar, incentivar estas alunas gravidas
no sentido de converter esta situação, de modo a terem um bom rendimento
escolar; pelo que presumimos que os mesmos não estão capacitados para lidar
com o fenómeno na sociedade em geral especialmente na sala de aula.

Resultados da entrevista aplicada ao corpo directivo (apendise n. 3)

Para o presente estudo, enveredou-se pela metodologia qualitativa, fazendo


uso da entrevista semiestruturada. A entrevista é uma técnica que exige um

33
relacionamento entre partes, entrevistado e entrevistador (Freixo, 2009, p.
191). É um método de recolha de informações que consiste em conversas
orais, individuais ou de grupo com pessoas selecionadas, a fim de obter factos
ou representações cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade é analisado
na perspetiva dos objetivos e recolha de informações (Ketele & Rogieres, 1999,
p. 22). Portanto, o principal instrumento utilizado consistiu num guião de
entrevista aplicado ao director da escola, com adaptações específicas e
realizado de modo a ter em consideração os objetivos da pesquisa.

Os guiões foram construídos a partir da estrutura da Life Story Interview de


D. P. Mc Adams (1996) que cobre a “história de vida”, distinguindo
diversos episódios significativos do passado, a antecipação do futuro e a
“ideologia pessoal” (valores e ideais definidores da identidade pessoal),
traduzindo-se o instrumento, adaptando-se ao conteúdo próprio da “gravidez na
adolescência” e incluindo-se diversas questões novas em função dos objetivos
relacionados com a elucidação da experiência e das perceções e atitudes dos
sujeitos.

Procedimentos

Nos procedimentos para a realização e aplicação dos instrumentos da


pesquisa foi apresentada uma solicitação à direcção do Complexo escolar nº
13 Francisco Chimbungo, elucidando os objetivos do estudo em causa, e
pedindo autorização para se contactarem as adolescentes com vista à sua
participação. A Direção assumiu que o primeiro contacto com as adolescentes
seria efetuado pelo diretor pedagógico e respetivos chefes de turno.

Assim se procedeu, inicialmente, o objetivo era também de entrevistar os


professores, os alunos e encarregados de educação, mas estes não mostraram
disponibilidade para tal, sugerindo antes que um questionário por escrito seria
a melhor via, tendo-se, portanto, optado por esse método. Deste modo o
referido questionário chegou a ser aplicado aos professores bem como as
alunas menos os encarregados de educação.

Antes de se proceder às entrevistas, foi explicado ao director da escola


detalhadamente os seus objetivos, garantindo proteção da sua privacidade,

34
através de anonimato e confidencialidade, solicitando a permissão para que as
mesmas fossem gravadas em áudio para recolha de dados válidos. A
entrevista foi transcrita verbalmente na sua íntegra e realizada a leitura
exaustiva e atenta das informações obtidas para se estabelecer classificações,
agrupando os aspetos com relação entre si, denominando-os de categorias.
Estas foram obtidas de modo dedutivo, a partir da teoria da personalidade
narrativa (Jesus, 2010, 2013; McAdams, 1996, 2001) e da revisão teórica sobre
Psicologia da Adolescência, e de modo indutivo, a partir dos conteúdos mais
recorrentes nos discursos do entrevistado.

Durante a entrevista realizada ao corpo directivo da escola em referência, os


investigadores deste trabalho, na primeira pergunta aperceberam-se que o
director da escola tem 40 anos e possui uma carreira docente de mais de dez
anos de experiência. É formado em psicologia pedagógica e quadro definitivo.
Quanto ao cargo, possui muita experiência, visto que assume o cargo á cinco
anos.

Relativamente à segunda pergunta, onde os autores desse trabalho


procuravam saber se escola tem um bom ambiente que permite a socialização
dos alunos foi notório um bom ambiente que permite a socialização, mas
verificou-se que há pouca socialização por parte das adolescentes gravidas.

Quanto à pergunta número três, foi possível compreender que a escola tem
matriculado as adolescentes gravidas e segundo o director da escola das
alunas gravidas são matriculadas no período ou turno nocturno, esta situação
pode colocar em risco aprendizagem das adolescentes gravidas nesta escola.

A quarta pergunta procurava, saber sobre o rendimento escolar das


adolescentes gravidas na escola, nas declarações do senhor director o
rendimento das adolescentes gravidas é baixo tendo em conta os resultados
que se tem obtido nas avaliações. Na análise dos autores do presente trabalho
o baixo rendimento deve-se também com o período do qual as adolescentes
gravidas são colocadas.

Já a quinta pergunta, procura saber se os professores estão preparados ou


capacitados para lidar com esta situação, em resposta o cadeirão máximo da

35
escola afirma que nem todos professores estão preparados para responder
este fenómeno entendendo que alguns professores não são dotados de
agregação pedagógica.

Analisando a sexta pergunta onde os autores do presente trabalho procuravam


saber será que a gravidez constitui um obstáculo para o processo de ensino-
aprendizagem das adolescentes na escola em causa. Teve-se uma resposta
positiva a que dá entender que a direcção da escola tem consciência de que a
gravidez é um grande risco para o processo de ensino - aprendizagem.

No que toca a setima pergunta, sobre que tratamento, abordagem ou proposta


a escola apresenta face a este problema. Notou-se que a escola não esta
preparada para dar respostas adequada a este problema porque poucos são
os especialista que se preocupam dirigirem as suas investigações neste campo
do saber.

No que tange a oitava pergunta, que buscava saber que estratégias os


professores utilizam para a motivação das adolescentes grávidas o director
da escola não mencionou nenhuma o que levou os autores desta investigação
presumirem que a direcção da escola desconhece as estratégias que possa
resolver este problema.

Com relação a nona questão, que procurava saber que importância as


adolescentes grávidas atribuem ao seu percurso, o director foi claro e feliz em
afirmar que não consegue fazer uma inferência a cerca da questão colocada,
pelo que, o assunto em investigação não é familiar.

Resultados do questionário aplicado às alunas (apendise 4)

Idade das alunas

Extracto Frequência Percentagem


11 a 14 anos 0 0%
15 a 18 12 100%
Total 12 100%

A partir da tabela podemos constatar que 100% de alunas gravidas têm idade
compreendida entre 15 a 18 anos, período que respeita a adolescência.

36
A tua escola tem um bom ambiente escolar?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 10 83,33%
Não 2 16,66%
Total 12 100%

Questionadas se a tua escola tem um bom ambiente escolar, sim é a resposta


de 83,33% em quanto que para 16,66% o ambiente não é favorável. Este
ambiente é um indicador que pode levar as alunas terem uma vida
sexualmente activa muito cedo na escola.

Qual é a distância que percorres de casa para à escola ?

Extracto Frequência Percentagem


1 Quilometro 3 25%
2 Quilometro 3 25%
3 Quilometro 0 0%
4 Quilometro 0 0%
Mais de 5 Quilometro 6 50%
Total 12 100%

Relativamente a distância o quadro acima monstra que a metade das alunas


inqueridas 50% percorrem mais de 5 quilometros para à escola. Neste sentido
tendo em conta o estado em que se encontram pode colocar em causa a sua
assimilação.

Estás satisfeita com a maneira como os teus professores te tratam na


sala de aula em quanto gravida?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 4 33,33%
Não 8 66,66%
Total 12 100%

Os resultados obtidos mostram-nos que a maioria das alunas 66,66% não

37
estão satisfeitas com a forma como os professores lhes tratam na sala de aula
e a tabela ilustra que somente um número reduzido responderam
satisfatoriamente. Isto mostra que os professores não estão preparados para
lidarem com as adolescentes gravidas na sala de aula.

Achas que é difícil estudar gravida?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 12 100%
Não 0 0%
Total 12 100%

De acordo com o quadro acima 100% das inqueridas afirmam que é muito
difícil estudar gravida. Esta afirmação tão absoluta deve- se pelo facto das
consequências que uma gravidez na adolescência pode desencadear.

Como avalia o teu desempenho escolar?

Extracto Frequência Percentagem


Alto 2 16,66%
Médio 3 25%
Baixo 7 58,33
Total 12 100%

Quando questionadas sobre como avalia o seu desempenho escolar 58,33


respondeu que é baixo e 25% afirmaram que tem sido médio já 16,66%
consideram o seu rendimento escolar como alto. Fazendo uma análise do
quadro a maioria tem um desempenho baixo cuja razões podem estar
relacionado com a falta de atenção pelos professores ou então das
consequências que uma gravidez traz.

Acreditas que se o teu professor te prestasse mais atenção terias um bom


sucesso escolar?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 12 100%
Não 0%
Total 12 100%

Analisando a tabela acima percebe-se que 100% das adolescentes


questionadas afirmam que teriam um bom sucesso escolar se os professores
lhes prestassem mais atenção. Este resultado chama atenção dos professores
38
no que respeita a sua conduta na sala de aula diante das adolescentes
gravidas.

A tua escola tem transporte escolar?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 0 0%
Não 12 100%
Total 12 100%

Em relação esta variável, verifica-se que todas as inqueridas 100% negam


categoricamente. Como podemos constatar a maioria das adolescentes
gravidas percorrem uma distância de mais 5 quilometro a pé ou de táxi para as
que têm possibilidade. Assim fica claro que a escola não tem nenhuma política
a respeito da temática.

De que forma os membros da escola tem conversado convosco para


prevenir a gravidez na adolescência?

Extracto Frequência Percentagem


Através de Gincana 0 0%
Palestres de 4 33,33%
sensibilização
Conferencia

Reunião com os pais e 8 66,66%


encarregados de
educação
Total 12 100%

A partir deste quadro podemos verificar que, no que diz respeito a prevenção
da gravidez na adolescência 66,66% afirmam que a escola tem conversado
com os pais e encarregados de educação, 33,33% diz ter sido através de
Palestres de sensibilização. Na opinião dos autores do presente trabalho,

39
sugerem que as palestras e conferências directa com as adolescentes é mais
ideal, uma vez que olhando para o contexto, os pais parecem estarem longe de
abordar o assunto sexualmente sério com seus filhos.

Na sua opinião qual é a causa de se engravidar muito cedo?

Extracto Frequência Percentagem


Falta de informação 4 33,33%
Início de relação sexual 4 33,33%
muito cedo
Ilusão 0 0%
Falta de recursos 4 33,33%
financeiros.
Total 12 100%

Quando procurou-se saber as causas da gravidez na adolescência uma porção


igual 33,33% reparte opiniões afirmando que a causa reside na falta de
informação, Início de relação sexual muito cedo, bem como falta de meios
financeiros.

Resultados do questionário aplicado aos professores (apendise nº 5)

Na escola onde trabalhas tem adolescentes gravidas?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 18 100%
Não 0 0%
Total 18 100%

Pela análise do quadro verifica-se que 100% dos inqueridos concordam que na
escola onde trabalham existem adolescentes gravidas.

O professor (a) está preparado (a) para lidar com as adolescentes


gravidas na sala de aula?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 6 33,33%
Não 12 66,66%
Total 18 100%

40
A partir da tabela acima, pode-se constatar que a maioria dos professores não
estão preparados para lidar com as adolescentes que se engravidam ao longo
do processo de ensino-aprendizagem, pré fazendo 66,66% dos mesmos. O
que indica que a adolescente que se engravidar neste processo, não deve
esperar a ajuda profissional do professor, visto que o mesmo não está
capacitado profissionalmente para dar esta resposta.

Qual é o rendimento escolar das adolescentes gravidas?

Extracto Frequência Percentagem


Alto 0 0%
Médio 3 16,66%
Baixo 15 83,33%
Total 18 100%

Questionados sobre o desempenho académico das adolescentes gravidas, 1


6,66% respondeu que é médio e 58,33% afirmam que é baixo. Este resultado
clama por uma ajuda profissional adequada dos professores, por que estar
gravida não é sinonimo de fracasso, mas é apenas um estado e que com um
bom acompanhamento pode se chegar a um rendimento excelente.

A escola tem promovido seminário ou estratégias que visam capacitar os


professores (as) para intervir neste aspecto?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 8 44,44%
Não 9 50%
Às vezes 1 5,55
Total 18 100%

Relativamente as estratégias que visam preparar o professor para intervir neste


factor, a evidência do quadro acima nos ilustra que a escola pouco faz em
relação esta questão. Neste sentido acha-se que a escola como uma instituição
social peca por não se prevenir contra este fenómeno tão assente na nossa
realidade escolar.

Quais é a metodologia que a escola utiliza para minimizar o impacto da


gravidez na adolescência no processo de ensino-aprendizagem?

Extracto Frequência Percentagem


Através de Gincana 0 0%
Palestres de 14 77,77%

41
sensibilização
Conferencia
Reunião com os pais e 4 22,22%
encarregados de
educação
Total 18 100%

Em relação esta variável, verifica-se que 77,77% afirma que a estratégia mais
significativa nada é mais que palestras de sensibilização. Neste caso na
qualidade de autores deste trabalho, concordam com esta estratégia, desde
que seja transmitida pela direcção da escola ou pelos professores (a) de uma
maneira séria, isto é, sem tabu e preconceito para com os adolescentes.

O professor (a) tem intervindo no processo de ensino -aprendizagem das


adolescentes gravidas?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 5 27,77%
Não 4 22,22%
Às vezes 9 50%
Total 18

Quando questionados, se têm intervido no processo de ensino-aprendizagem


das adolescentes gravidas, 27,77% respondeu que sim, e 22,22% negam
categoricamente, numa altura que 50% dos professores, afirmam ter intervido
de vezes em quanto. O que indica que a ajuda do professor (a) diante das
adolescentes gravidas ainda é incipiente.

A escola tem transporte escolar para apoiar os adolescentes?

Extracto Frequência Percentagem


Sim 0 0%
Não 18 100%
Total 18

De acordo com os resultados a escola em investigação não possui uma viatura


com objectivo de dinimuir a distância dos adolescentes em geral, este dado é
confirmado por 100% dos professores que responderam o questionário.

42
Na sua opinião quais são as acções adequadas que visam banir este
impacto?

Consultada a opinião dos professores, constatou-se que a maioria é de opinião


em advertir os jovens a usarem preservativo no momento do acto sexual de um
lado, por outro os pais e encarregados de educação devem conversar
seriamente com os filhos e apontar os riscos ou seja os perigos que uma
gravidez na adolescência traz não só na vida escolar como também na vida
social.

2.2. Propor acções educativas para fortalecer o processo de ensino e


aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo
Escolar nº 13 Francisco Chimbungo no Município do Cuito/Bié.

Partindo dos principais fundamentos teoricos e dos resultados do diagnostico


realizado, se apresenta a proposta de estratégias psicopedagógicas, que
resulta da análise as aulas observadas, da entrevista aplicada ao corpo
directivo e do questionário dirigido aos professores e adolescentes da presente
investigação em suas diferentes etapas, com a intenção de melhorar a
actuação dos professores no processo docente educativo com o intuito de
minimizar o impacto da gravidez na adolescência atráves do processo de
ensino - aprendizagem das adolescentes da 7ª classe do Complexo Escolar nº
13 Francisco Chimbungo Cuito/ Bié.
Objectivo geral da proposta:

Fortalecer aos professores, pais e encarregados de educação algumas


qualidades técnico-pedagógico para intervir no processo de ensino e
aprendizagem das adolescentes gravidas do Complexo nº13 Francisco
Chimbungo.

Fundamentação da proposta

A proposta, de um conjunto de acções educativa, para fortalecer o processo de


ensino e aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo
Escolar nº 13 Francisco Júlio Chimbungo no Município do Cuito/Bié.

Os autores do presente trabalho colocam no centro de suas atenções os


professores e a família por serem figuras por excelência na educação sexual

43
dos adolescentes em particular as adolescentes e faze-los adquirir condições
propícias no processo de ensino-aprendizagem das adolescentes que se
engravidam ao longo do processo. Bem como adquirirem competências
indispensáveis para a realização e intervenção com vista a melhorar este
fenómeno no âmbito escolar e social.

Deste modo os autores do presente trabalho estão de acordo com Sousa


(2010), quando afirma que o fenómeno da massificação do ensino caraterizar-
se por nela existirem adolescentes com caraterísticas, necessidades e
interesses distintos e por esta razão, o professor tem que ser formado para ser
capaz de dar resposta à diversidade de adolescentes e às exigências sociais,
estruturando o ensino com situações pedagógicas que permitam aos alunos
construírem a aprendizagem, gerindo o currículo escolar de forma flexível, em
função das necessidades e dos interesses e apostando na utilização de
estratégias pedagógicas diferenciadas que conduzam a uma igual mestria do
maior número possível deles.

Destaca-se aqui o professor e a família por exercerem um papel essencial nos


processos de mudança da sociedade ao contribuir com seu saber, valores e
experiências na difícil tarefa de intervir no processo de ensino- aprendizagem
dos adolescentes.

De acordo com o anteriormente referido, pensa-se que se os professores e


famílias tiverem sido capacitado metodologicamente para este trabalho de
intervir no processo de ensino-aprendizagem das adolescentes gravidas, isto
faria com que as mesmas tenham, mas desempenho escolar.

Entretanto, a fundamentação do conjunto de estratégias psicopedagógicas tem


seu sustento no enfoque histórico-cultural de Vygostsky, (1987) porque na sua
execução haverá envolvimento dos professores, os autores do presente
trabalho e dos actores sociais para que por meio de debates, argumentação e “
discussão” teórico-metodológicos se busquem alternativas para os problemas
relacionados com a gravidez na adolescência para que sejam capazes de
atingirem um rendimento escolar satisfatório.

Deste modo, o conjunto de estratégias psicopedagógicas elaboradas


desenvolver-se-á tendo em conta quatro momentos específicos:

44
• Formação do grupo de trabalho;

• Apresentação do assunto em abordagem;

• Apresentação da norma de cada grupo a volta do assunto em causa; e

• Os facilitadores darão um parecer final que vai marcar o encerramento da


actividade.

Na indicação da actividade os facilitadores iniciarão por apresentar o assunto


em abordagens que concebem em função do tema da estratégia a desenvolver
e os possíveis procedimentos que serão posteriormente apresentados.

O essencial para este conjunto de estratégias psicopedagógica é de favorecer


um espaço de debates aberto, onde se promovam análises e reflexões de
forma a desenvolver e transformar a prática pedagógica dos professores na
escola em estudo. Para se poder atingir estes objectivos pretende-se utilizar as
seguintes estratégias psicopedagógicas:

1. Como educar sexualmente a minha filha/adolescente?

2. Como motivar adolescente grávida no processo de ensino- aprendizagem?

3. Como, a escola deve tratar as adolescentes gravidas?

Conjunto acções educativas para fortalecer o processo de ensino e


aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo
Escolar nº 13 Francisco Júlio Chimbungo no Município do Cuito/Bié.

Assim, as estratégias que se propõem, apresentam a seguinte estrutura: Título,


Objectivo, Forma de execução, Participantes, Facilitador, Local, Tempo de
duração, Método e orientação de estratégias.

Acções educativa nº1.

Título: Como educar sexualmente a minha filha/adolescentes?

Objectivo: Explicar a consequência da gravidez aos pais/encarregado de


educação de modo a ter conhecimento do fenómeno.
Forma de execução: apresentar um texto que reflete a gravidez na
adolescência.
Participantes: professores, directivos, adolescentes e pais/encarregados de
educação.

45
Facilitadores: os autores da presente pesquisa, ou especialista na matéria em
abordagem.
Local: escola.
Tempo de duração: 45 minutos.
Método: elaboração conjunta.
Orientações da estratégia:
Para a realização da estratégia apresenta-se um texto que reflete a gravidez na
adolescência.
Inicialmente os facilitadores devem formarem o grupo de trabalho que
seja composto pelos directores, professores, adolescentes e os pais
encarregados de educação;
Após a organização os facilitadores apresentam o assunto em
abordagem, isto é, o título da estratégia para que os participantes
tenham noção do tema a tratar;
A seguir os facilitadores solicitam os presentes com realce os
professores e pais encarregados de educação para esporem os seus
pontos de vista sobre como educar sexualmente as adolescentes/ filhas;
No final os facilitadores devem dar uma explicação exaustiva sobre a
temática, como:

Para educar sexualmente a sua adolescente ou filha, é preciso que se quebre o


preconceito e tabu, para isso é necessário falar ou conversar abertamente com
ela, isto é, explicar as diferentes etapas do desenvolvimento e as suas
transformações físicas.

Partindo do pressuposto de que adolescência começa aos 12 anos, é muito


importante, informar a adolescente as transformações que está suposta a
atravessar por simples palavras: filha esta idade que atingiste logo te vai a
parecer pela primeira vez um fenómeno que se chama menarca (1ª
menstruação) e quando a mulher chega nesta fase está pronta para procriar
(nascer) no entanto qualquer envolvimento sexual nessa etapa é muito
provável o surgimento de uma gestação ou gravidez.

E toda uma gravidez que ocorra nesta idade, tem muitas consequências
porque considera-se que o corpo ainda não está maduro para suportá-la, dessa
forma para evitar esta tragédia não se deve praticar relações sexuais muito

46
cedo. Ainda que atingires uma idade compreendida aos 18 anos não fazer o
acto sexual desprotegido, isto é, sem usar o preservativo. Esta medida é muito
importante uma vez que evita a gravidez indesejável e acabando assim, trazer
muitos problemas no seu aprendizado.

Depois da exposição segue a reflexão e debate por grupo onde cada


equipa apresentará seu critério.
No final do debate, os facilitadores darão um parecer que vai indicar o
desfecho e o juízo moral do texto.

Como forma de controlo os participantes deverão simular reproduzir o que foi


anteriormente dito.

Acções educativas nº2

Título: Como estimular a motivação da adolescente gravida no processo de


ensino- aprendizagem?

Objectivo: Desenvolver a capacidade cognitiva dos professores e pais


encarregados de educação.
Forma de execução: procedimentos didácticos pedagógico que respeita o
estado da adolescente.
Participantes: professores, directivos, adolescentes e pais/encarregados de
educação.
Facilitadores: os autores da presente pesquisa, ou especialista na matéria em
abordagem.
Local: escola.

47
Tempo de duração: 45 minutos.
Método: elaboração conjunta.
Orientações da estratégia:
Para a realização da actividade faz-se uma caraterização psicológica da turma
sobre as adolescentes gravidas.
Inicialmente os facilitadores devem formarem o grupo de trabalho que
seja composto pelos directores, professores, adolescentes e os pais e
encarregados de educação;
Após a organização os facilitadores apresentam o assunto em
abordagem, isto é, o título da estratégia para que os participantes
tenham noção do tema a tratar;
Em primeiro lugar o professor na sala de aula deve fazer uma vistoria a
fim de identificar as adolescentes grávidas;
Se a identificação não for possível através da vistoria o professor deve
efetuar uma caracterização psicológica nas adolescentes para se ter a
certeza das que estão grávidas;
A pós a identificação das mesmas, o professor deve ter uma atenção
especial, destas na sala de aula;
O professor deve pautar por uma metodologia que facilita aquisição e
assimilação dos conteúdos por parte das adolescentes grávidas;
A avaliação dos conteúdos das adolescentes grávidas deve ser
específica e respeitar o princípio de acessibilidade.
Depois da exposição segue o debate por grupo onde cada equipa
apresentará seu critério.
No final do debate, os facilitadores darão um parecer que vai indicar o
desfecho e o juízo moral do texto.

Como forma de controlo os participantes deverão simular, reproduzir o que foi


anteriormente dito.

Acções educativas nº3:

Título: 3. Como a escola deve tratar as adolescentes grávidas?

Objectivo: analisar com os presentes sobre algumas formas possíveis de

48
motivação para estimular as adolescentes gravidas.

Forma de execução: debater com os participantes sobre o assunto em causa.


Participantes: professores, directivos, adolescentes e pais encarregado de
educação.
Orientadores: os autores do trabalho presente com a participação de outras
pessoas experientes na matéria.
Local: escola.
Tempo de duração: 45 minutos.
Método: elaboração conjunta.
Orientações de acções:
Para a realização de acções é necessário:
Inicialmente os facilitadores devem formarem o grupo de trabalho que
seja composto pelo directores, professores, adolescentes e os pais
encarregados de educação;
Após a organização os facilitadores apresentam o assunto em
abordagem, isto é, o título da estratégia para que os participantes
tenham noção do tema a tratar;
A escola deve prestar atenção das adolescentes gravidas no acto das
matrículas;
As adolescentes grávidas detectadas no momento das matrículas não
deveriam estudar no período noturno;
Capacitar os professores com conhecimentos técnico-pedagógico com
objectivo de estarem preparados para intervirem no aprendizado das
adolescentes gravidas ou das que se engravidam ao longo do processo
de ensino e aprendizagem;
A escola deve acompanhar o desempenho das adolescentes grávidas e
inspecionar as artes pedagógicas dos professores diante destes
fenómenos no processo de ensino-aprendizagem;
Depois da exposição segue o debate por grupo onde cada equipa
apresentará seu critério.
No final do debate, os facilitadores darão um parecer que vai indicar o
desfecho e o juízo moral do texto.

Como forma de controlo os participantes deverão simular e reproduzir o que foi

49
anteriormente dito.

Conclusões parciais do capítulo II

Os resultados do diagnóstico contextualizado no presente capítulo revelam que


o rendimento escolar das adolescentes grávidas é baixo e os professores
apresntam pouca preparação para lidar com as adolescências grávidas de uma
forma específica.

O conjunto das acções educativa propostas apresenta-se como viavel na


resolução dos problemas que as adolescentes grávidas a presenta no processo
de ensino e aprendizagem.

CONCLUSÕES GERAIS

1- Muitas adolescentes referem-se à infância evocando algum sofrimento


emocional (à separação dos pais, “adoção” por outros familiares,
violência física, verbal, e comportamentos poligâmicos paternos).
Portanto, há uma grande discrepância emocional entre as adolescentes
que viveram sempre com os pais e as que sofreram separação parental.
Em geral, as adolescentes identificaram a gravidez como sendo o
negativo mais marcante da sua biografia, mostrando sofrimento pela
“perda de liberdade”, “vergonha” de enfrentar famílias, amigos e colegas,
e consequente “evitamento” e “exclusão e isolamento social”.
2- Na declaraçãode pais, verifica-se uma notável heterogeneidade de
respostas que revelam diferentes reações emocionais (entre a tristeza e

50
a “normalidade”), actitudes ambivalentes e diversos modos de
“descoberta”, que se integram num processo de aceitação e negação
de esforço de aproximação empática, orientados pela primazia dos
“valores da família”..
3- A proposta de de acções educativa, previamente elaboradas pode
constituir uma via fundamental para fortalecer o processo de ensino e
aprendizagem das adolescentes gravidas da 7ª Classe, do Complexo
Escolar nº 13 Francisco Júlio Chimbungo no Município do Cuito/Bié.

RECOMENDAÇÕES

1. Que o Complexo escolar nº 13 Francisco Chimbungo do cuito/ Bié, crie


condições para a implementaçao do trabalho metodológico das
adolescentes para a intervenção do insucesso escolar das mesmas no
espaço das actividades docentes.
2. Que a Escola Superior Pedagógica do Bié incentive os estudantes para
a realização de pesquisas sobre este campo do saber na minimização
do problema de genéro, no contexto Angolano em particular biéno dada
a sua importância.

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