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Gustavo Franco - um dos criadores do Plano Real e ex-presidente do Banco Central do Brasil
O giro financeiro acumulado do bitcoin no Brasil ultrapassou R$1,6 bilhão de janeiro a agosto
deste ano, segundo o site bitvalor.com. Considerando os preços em reais, no mesmo período, o
bitcoin havia valorizado 390%, rentabilidade que perde apenas para a performance registrada
pelas ações da Magazine Luiza na Bovespa.
Setembro registrou uma nova máxima e testou os US$5000 no mercado internacional, enquanto
que nas negociações feitas via corretoras brasileiras o preço atingiu os R$18 mil.
Sempre que um ativo sobe muito rapidamente, é natural que as pessoas levantem a recorrente
questão: "estamos diante de uma bolha?". Antes de tentar responder a essa pergunta, é preciso
No final de agosto, a Bloomberg publicou o gráfico abaixo, produzido pela Bespoke Investments:
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Fonte: Bloomberg
Uma pesquisa divulgada na primeira semana de setembro revelou que 58% dos entrevistados
acreditavam, durante o segundo trimestre de 2017 (quando o preço do bitcoin não estava nem
perto dos patamares atuais), que o valor de mercado dos ativos digitais estava em um momento
de bolha.
A enquete, realizada pela CoinDesk, agência de notícias especializada do setor, foi feita com 1300
participantes do mercado de todo mundo. Segundo a pesquisa, 30% dos entrevistados não
acreditava que os ativos digitais estavam em uma bolha e 12% se declararam neutros em relação
ao tema.
Esses dados nos obrigam a lembrar de um momento com muitas similaridades com o atual. Entre
1995 e 2001, a Internet ganhava escala comercial e dava origem às primeiras empresas
milionárias do mercado. Esse período ficou conhecido como a "bolha ponto com", em razão de
uma série de ofertas públicas de ações de empresas de tecnologia que proliferou no mercado.
Em 1999, aconteceram 457 IPOs, sendo a maioria relacionada à internet. 117 desses lançamentos
dobraram de preço no primeiro dia que foram disponibilizados para negociação.
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Nesse período, o Federal Reserve (Fed) reverteu a política monetária americana, promovendo um
ciclo de seis aumentos na taxa de juros entre 1999 e 2000. O efeito dessa mudança foi a
desaceleração do ritmo da economia, o que afetou especialmente o consumo.
Quando foram publicados os resultados fracos do e-commerce na temporada de Natal de 99, ficou
evidente que a valorização das empresas não era sustentável e que muitos investidores pagariam
O estouro da bolha das ".com" começou em março de 2000, após o índice Nasdaq ultrapassar 5
Empresas que haviam aberto capital recentemente, ignoravam preceitos básicos de economia,
presumindo que, graças à internet, qualquer coisa poderia ser vendida on-line. Esse período de
crescimento durante o governo de Bill Clinton foi chamado por Alan Greenspan, então presidente
Em 2001, a bolha estourou rapidamente e a maioria das "ponto com" encerrou as atividades sem
Ao final da bolha, o número de IPOs despencou para 76, nenhum deles dobrou de valuation no
primeiro dia e as empresas reportaram prejuízos gigantescos, o que afetou negativamente vários
setores da economia americana.
A bolha ".com" cresceu principalmente nos Estados Unidos, mas teve efeitos espalhados ao redor
do mundo. Houve um tempo que bastava um domínio (.com ou .net), escritório na Vila Olímpia e
uma apresentação de slides bonita para captar dinheiro com os primeiros fundos de investimento
em tecnologia. A oportunidade era tamanha que não se podia pagar o preço de ficar de fora.
negócios ultrapassados.
Ao mesmo tempo em que centenas de empresas faliram, nasceram gigantes do mercado, com a
Amazon e o Google.
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Estaríamos vivendo algo parecido no mercado de criptomoedas?
Isso posto, vamos imaginar um cenário extremo: o que poderia acontecer com a economia global
caso o preço do bitcoin e das demais criptomoedas fosse a zero subitamente?
Haveria uma nova crise financeira por isso? Setores inteiros da economia seriam afetados?
Haveria governos aprovando pacotes de resgate? Pessoas perderiam o emprego?
Temos diversos outros ativos com sinalização mais clara de bolha. Bolsas no mundo todo operam
Para acompanhar em tempo real uma bolha inflada com força desde 2008, recomendo
acompanhar a situação da dívida pública americana que ultrapassou a marca assustadora de 20
trilhões de dólares.
Ao contrário da maior parte dos investimentos tradicionais, as criptomoedas têm fatores de risco
independentes dos mercados tradicionais e muitas vezes tiram proveito das incertezas da
economia global.
Diversos estudos apontam que o mercado tem potencial para atingir valor de mercado na casa
dos trilhões de dólares nos próximos anos. O atual patamar em torno dos 150 bilhões de dólares
abre espaço para uma valorização substancial antes que se possa atestar sinais de bolha.
Por enquanto, ainda vivemos a fase inicial de formação do mercado de criptomoedas. É natural
que isso seja acompanhado de riscos elevados. Do contrário, não teríamos a valorização sem
precedentes observada recentemente.
Esse é um dos principais mandamentos de qualquer investimento: não existe retorno sem risco.
À medida que o tempo passa e aumenta o interesse e utilização das criptomoedas, forma-se um
efeito de rede virtuoso que torna o sistema como um todo mais resiliente.
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Enquanto tivermos aumento consistente no interesse de novos usuários, quantidade crescente de
transações e aumento do poder de processamento, não vejo nada que afete negativamente a
lógica de investimento em criptomoedas.
O caminho será feito de momentos de euforia e desespero, mas o pote de ouro no final do arco-
íris promete ser grande o suficiente para distribuir riqueza para aqueles que tiverem método e
A proliferação dos IPOs durante a bolha da internet se assemelha muito ao caso das Initial Coin
Offers (ICOs). Somente em 2017, cerca de US$1,5 bilhão foi captado, segundo dados do ICO
Tracker. É quase impossível acompanhar a proliferação de novas ofertas.
Praticamente todas as moedas digitais subiram forte em 2017, mas o fator decisivo para o
crescimento do mercado e diminuição da participação do bitcoin foi a popularização das ICOs.
A situação fez com que até mesmo Vitalik Buterin, criador do Ethereum, afirmasse que as ICOs
estão passando por um período de bolha e que provavelmente muita gente perderá dinheiro ao
investir em projetos ruins. Vale lembrar que a maioria das ICOs lança tokens por meio da
plataforma Ethereum.
Na China, as ICOs tiveram grande destaque durante este ano até que, no dia 4 de setembro, o
Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) anunciou a proibição completa dessas ofertas
em território chinês.
A notícia gerou uma mudança de humor no mercado, puxando significativamente para baixo o
No dia 8 de setembro, uma nova notícia, desta vez veiculada por um site chinês, caiu como uma
Durante a semana, a notícia chegou a ser considerada falsa, gerando muita especulação em torno
Contudo, na manhã do dia 14 de setembro, a BTCC China, uma das maiores exchanges chineses,
A restrição da China às empresas que operam criptomoedas preocupa no curto prazo, afinal de
contas estamos diante do país que por muito tempo foi o mais importante mercado de negociação
e que controla a maioria dos bitcoins minerados.
No entanto, as negociações com bitcoin no país asiático continuarão sendo legais, se feita de
maneira peer-to-peer, segundo informações do próprio PBoC.
O alerta fica para o desenrolar de possíveis outras regulamentações, principalmente nos Estados
Unidos, que podem nos trazer surpresas positivas nos próximos meses.
O efeito das mudanças regulatórias tende a ser maior no Ethereum e nos tokens lançados via ICOs,
Como o mercado ainda é essencialmente comprador, o pequeno investidor fica muitas vezes
perdido com a volatilidade. Como quase tudo, operar no Brasil tem as suas particularidades.
O movimento do dólar, que agora opera entre R$3,10 e R$3,20, tem impacto direto sobre o preço
O grande fator de risco particular do mercado brasileiro de bitcoin é o spread, a taxa calculada
No Brasil, temos uma demanda muito maior do que a oferta por bitcoins, o que gera uma série de
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corretoras espalhadas pelo mundo, o que gera distorções constantes de preço e oportunidades
Como a oferta disponível de bitcoins por reais não tem acompanhado o crescimento da demanda,
vemos o aumento substancial do spread e do risco de operações de curto prazo, com o preço do
bitcoin no Brasil descolado do preço internacional.
Esse movimento tem o efeito positivo de amortecer eventuais quedas mais fortes do bitcoin, mas
também encarece o custo de aquisição para os investidores brasileiros.
O preço despencou de R$18 mil para mínimas abaixo dos R$13 mil entre 2 de setembro e 14 de
setembro. A dinâmica local segue independente das cotações internacionais com o spread
variando entre 10% e 25%, sustentado pela demanda crescente por parte de investidores
brasileiros, mesmo com mercado em viés temporário de baixa.
Os últimos meses foram incríveis para o mercado, com grande atração de novos investidores. O
grande problema disso é que iniciantes tendem a cometer alguns erros muito comuns:
Evitar erros como esses já é boa parte do caminho andado para os lucros.
Por isso, recomendo cautela para novos aportes e paciência para quem acabou
de se posicionar em bitcoin.
Além da cotação no mercado internacional, o preço será influenciado pela volatilidade do dólar e
O mercado entrou em viés de baixa, sob influência das mudanças regulatórias na China, e o
bitcoin passou a ser negociado em torno de US$3550, depois de uma forte realização dos lucros
recentes.
O aumento da aversão ao risco reduziu o valor de mercado das criptomoedas para US$120 bilhões,
uma redução superior a 30% em relação ao pico do início de setembro.
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Fonte: coinmarketcap.com
O mercado no Brasil depende do comportamento dos investidores que entraram nas últimas
semanas, muitos posicionados perto dos R$15 mil, sendo o preço de entrada uma barreira
psicológica tanto para embolsar lucros quanto para realizar perdas.
Enquanto isso, vamos aproveitar esse momento de queda para aproveitar novas oportunidades.
Temos hoje uma nova recomendação, que publicamos em um relatório separado para facilitar a
leitura.
Safiri Felix
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