Painéis de madeira
aglomerada (MDP)
(parte 1)
Apostila
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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL
PAINÉIS DE MADEIRA
BOTUCATU / 2021
Painéis de Madeira
Hernando Alfonso Lara Palma
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1. DEFINIÇÃO
2. CLASSIFICAÇÃO
a) Densidade
b) Tipo de partículas
No Brasil são produzidas somente painéis aglomerados convencional (MDP) de 0,4 a 0,8
g/cm3 de densidade, em prensas contínuas e painéis OSB.
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d) Evolução do MDP
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Melhorias nos processos produtivos: parâmetros relacionados aos adesivos, emulsão de
parafina, granulometria das partículas, ao controle do perfil de densidade, distribuição de umidade
no colchão, controle da pressão e temperatura, etc.
Produção painéis de partículas com o conceito de três camadas (colchão formado com
partículas grossas no miolo e camadas de partículas finas nas faces) transformando-o em um painel
homogêneo, uniforme e com alta densidade das camadas superficiais → assegura um acabamento
superior nos processos de impressão, pintura e revestimento.
O MDP pertence a uma nova geração de Painéis de partículas de média densidade com
características superiores e totalmente distintas dos painéis de madeira aglomerada de antigamente.
Definição – painel com densidade entre 551 kg/m3 e 750 kg/m3 construído de partículas de
madeira, aglutinadas com resina sintética termofixa, que se consolidam sob a ação conjunta de calor
e pressão (Figura 3).
Trata-se de um painel formado por três camadas de partículas de madeira, uma grossa no
miolo e duas finas na superfície.
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3. MATÉRIA-PRIMA
Hoje a indústria utiliza, quase que exclusivamente, toretes de pequenos diâmetros das mais
variadas origens e espécies, provenientes de plantios exclusivos para estes fins e também toretes
produto de desbastes, resíduos de exploração, árvores caídas e não comerciais, etc.
Quanto ao tamanho, muitas fábricas utilizam diâmetros que flutuam entre 8 a 12 cm como
mínimo e 25 cm como máximo. Em relação ao comprimento, é possível produzir partículas de
toretes de 1,5 a 6,0 m de comprimento, sendo o mais comum utilizar toretes de 2,0 a 2,5 m.
É importante considerar a densidade da madeira que será empregada, uma vez que está
associada à compressibilidade da madeira e a quantidade de cola a ser empregada no processo, de
modo que o painel tenha uma boa adesão interna.
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4. USOS DOS PAINÉIS MDP
Na comercialização dos painéis deve-se cumprir com certos níveis de resistências mecânicas e
físicas que garantam a qualidade do produto para um determinado uso, especificados em normas
específicas para estes produtos (Figura 5 e 6).
Figura 6 – Painéis estruturais para uso em condições severas de carga, em ambientes secos
(Tipo P6) - ABNT NBR 14810-2:2013.
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b) Principais usos das chapas de partículas MDP
Na indústria moveleira é indicado para confecção de móveis retilíneos e planos, onde não há
usinagem, tais como: tampos de mesas, armários, caixas, prateleiras lineares e portas de armários,
tampos de mesas, mobiliário (cozinha, quarto, sala e área de serviço).
Na construção civil em divisórias internas, contra pisos, contra tetos, pisos laminados, paredes
internas, etc.
Usos diversos - chapas comercializadas em revendas, usos para reparos caseiros, brinquedos,
prateleiras, etc.
A participação dos painéis MDP por segmentos de mercado no Brasil é apresentada na Figura 7.
• Painel cru ou natural - permite mais criatividade no design de móveis ou outras formas de
uso (painéis para decoração). Pode indicado para os processos de pintura e impressão, que exigem
superfícies uniformes e de baixa absorção e para o revestimento com qualquer material (BP,
laminados de PVC, laminados de alta pressão (AP), lâminas de madeira, lâminas pré-compostas,
etc.).
• Painel com revestimento melamínico (BP) - consiste em uma lâmina de papel decorativo ou
incolor impregnada com resina melamínica e prensada em uma ou ambas as faces do painel, por
meio de um processo de prensagem com temperatura. Aplicações na indústria moveleira em geral
(confecção de móveis de cozinhas, escritório, banheiros, lojas, restaurantes, hotéis, laboratórios e
hospitais, armários, estantes, racks, etc) e na construção civil em divisórias.
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• Painel com revestimento FF - painel revestido em uma ou ambas as faces com lâminas
decorativas "finish foil" (papel com padrões madeirados ou monocromático) coladas à chapa e
tratadas com verniz. Aplicações na indústria moveleira em geral, especialmente na confecção de
armários, estantes e racks. Não se recomenda sua aplicação em superfícies horizontal sujeitas à
abrasão
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5. PRODUÇÃO MUNDIAL E NACIONAL DE CHAPAS DE PARTÍCULAS
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Tabela 2 - Produção e consumo de painéis MDP e OSB no Brasil, em 2019.
(Fonte: IBÁ, 2020)
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6. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS CHAPAS DE PARTÍCULAS
As partículas são produzidas pela ação de picadores ou moinhos de madeira, os quais geram
pequenas peças de geometria de dimensões pré-determinadas.
A forma ou geometria das partículas, tem uma grande influência na qualidade das chapas, e
depende da ferramenta de corte e das propriedades da madeira. O ideal é produzir partículas
homogêneas e uniformes, o que na prática consegue-se com razoável exatidão nos equipamentos
acima mencionados.
As dimensões ótimas das partículas são muito difíceis de determinar, devido que existem
diversos fatores que regulam o processo de colagem e prensagem, como também o tipo de chapa que
se deseja produzir. A Tabela 4 apresenta um exemplo de valores médios utilizados na confecção de
diferentes painéis de partículas.
A forma da partícula desejada, que se deve obter no gerador de partículas (picador), varia
segundo o tipo de chapa que se quer produzir. Dimensões das partículas que eram utilizadas na
prática, para a produção de painéis de partículas convencionais e que pode ser extrapolada para os
painéis MDP, são apresentados na Tabela 5.
Geralmente, nos painéis MDP o comprimento das partículas utilizadas em sua confeição
(paralelo às fibras) fica determinado pelo corte nos geradores (picadores de discos e de tambor), e a
largura normalmente se processa por efeito da movimentação na periferia do picador no movimento
rotatório e o transporte do material, especialmente por ventiladores e equipamentos de remoção e se
for necessário, utilizam-se moinhos especiais antes do processo de secagem. Posteriormente à
secagem das partículas se realiza a classificação destas, com o objetivo de separar as partículas úteis
e grossas e eliminar o material excessivamente fino e o pó. Um exemplo de limites de cada tipo de
material classificado, é mostrado na Tabela 6.
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Tabela 5 - Forma das partículas para a produção de aglomerados tradicionais.
(Fonte: INDUMA, 1967).
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7. INFLUÊNCIA DE DIVERSOS PARÂMETROS NAS PROPRIEDADES DAS CHAPAS DE
PARTÍCULAS (MDP)
Basicamente o processo de composição dos painéis MDP, é uma operação de laminação que
se reduz à combinação de um número de variáveis introduzidas pela matéria-prima, o adesivo e
aditivos e pelo processo de transformação.
Na secagem, a forma e tamanho das partículas têm uma influência direta na quantidade de
calor necessária para atingir a umidade final requerida. O aumento no tamanho da partícula precisará
de grandes quantidades de calor para remover um determinado peso de água adicional. No caso
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contrário, partículas pequenas apresentam uma grande área superficial de exposição, o que resulta
em uma maior quantidade de evaporação de água.
Cabe ressaltar, que na tomada de decisão sobre a forma da partícula, a relação entre a
espessura e o comprimento desta, exerce uma influência determinante na resistência final da chapa.
Nos compensados e nas vigas laminadas, as linhas de cola contribuem relativamente pouco
para a maioria das propriedades elásticas e mecânicas destes produtos, devido à continuidade de
suas lâminas, mas nas chapas de partículas, onde as lâminas são descontínuas as linhas de cola
precisam transmitir tensões de uma partícula para outra. A Figura 9, mostra um modelo simplificado
das forças atuantes numa chapa de partículas sob tração.
Se a linha de cola falhar em cisalhamento antes que a resistência final da partícula seja
atingida, a resistência final da partícula é de importância secundária.
Na Figura 10, se observa que o balanço da resistência pode ser direcionado tanto no sentido
de ruptura em cisalhamento como em tração, variando-se a geometria da partícula. Assim,
aumentando-se o comprimento de sobreposição entre as partículas (maior área de contato) resultará
em forças maiores transmitidas pela linha de cola e consequentemente em maior resistência em
tração da chapa, até o ponto em que as forças de cisalhamento fiquem iguais à resistência final em
tração das partículas. Além deste ponto uma maior sobreposição não aumentará a resistência à
tração da chapa.
Pt
Ps
P P
Figuras 9 - Modelo simplificado de uma chapa de partículas sob tração. Pt – força de tração
da partícula; PS - força de cisalhamento na linha (Fonte: Suchsland,1968).
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de esbeltez S = c/e). Partículas mais compridas se sobrepõem mais que as curtas. A Figura 11 sugere
que em uma variação bastante grande da razão de esbeltez, a linha de cola é o ponto mais fraco na
composição, e o ponto de achatamento da curva cai fora de valores práticos de dimensões das
partículas.
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7.1.2 Efeito de “S” nas propriedades das chapas
A Figura 12 indica que um aumento na razão de esbeltez até um limite, resulta em chapas
mais rígidas e resistentes à flexão, com menor absorção de água e estabilidade dimensional. A
resistência ao arrancamento de parafusos é constante a partir de um valor característico de “S”
(Figura 13).
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Das Figuras 12 e 13 conclui-se:
• Valores de S 150 a 200 têm efeitos desejáveis sobre a absorção de água, expansão
linear, inchamento em espessura e resistência à flexão nas chapas de partículas;
• As diferenças nas propriedades físicas e mecânicas, são muito pequenas e sem interesse
prático ao passar S de aproximadamente 150 para 300. Um aumento de S implica em um
aumento do comprimento, ou uma diminuição da espessura da partícula, o que pode
influir no processo de produção.
Espessura muito pequena das partículas implica num aumento na quantidade de finos
(partículas muito pequenas e pó de madeira) no picador, moinhos e na manipulação, aumentando
assim a perda no rendimento e o consumo de resina. Também há perda de resistência mecânica das
partículas.
Ensaios industriais têm mostrado que na prática é suficiente uma relação entre comprimento
e espessura de 60 a 120.
Alguns pesquisadores têm recomendado valores de “S” de 120 a 200 para as partículas das
faces. Para estes valores as partículas são compridas e finas e possuem um alto grau de flexibilidade,
em especial quando são de madeira de média e baixa densidade.
Valores de “S” menores são recomendados para as partículas que fazem parte do miolo. Para
chapas de várias camadas valores de “S” de aproximadamente 60 têm demonstrado ser suficiente.
Em geral estes valores não são regras, eles dependem da prática industrial e do perfeito
conhecimento da(s) espécies, densidade da madeira, conteúdo e tipo de adesivo e de todo o processo
de fabricação.
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0,2
S .E.(m 2 / 100 g ) =
ed
Em geral as partículas mais finas garantem à fabricação de chapas de boa qualidade, mas se a
espessura ultrapassar limites mínimos, as vantagens obtidas por um lado passam a produzir alguns
inconvenientes, tais como:
- aumento da área superficial das partículas, originando uma redução da quantidade de cola
disponível por metro quadrado de superfície, o que dificulta a dispersão necessária das gotículas de
cola (na superfície ou área disponível para colagem das partículas (influi também a densidade da
madeira)
d er
R.E.( g / m 2 ) =
0.2
onde:
d - densidade (g/cm3)
e - espessura da partícula (mm)
r - quantidade de resina ou adesivo que se aplica às partículas (%)
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Exemplo de cálculo de S.E e R.E:
1) Calcular S.E e R.E para partículas de 0,05 mm e 1,0 mm de espessura, 0,43 g/cm3 de
densidade e 8% de cola.
Solução:
A densidade da madeira tem uma influência significativa sobre as propriedades das chapas e
também no processo de produção. Chapas de partículas feitas com espécies de baixa densidade têm
maior resistência à flexão, módulo de elasticidade, ligação interna e resistência à tração.
Na Figura 14, se observa que madeiras de baixa densidade (ex. Aspen e White pine)
produzem chapas de partículas com maior resistência, que as feitas com madeiras de alta densidade
(ex. Beech e Oak). A razão disto, é que um determinado peso de partículas de uma de madeira de
baixa densidade, ocupa maior volume e, portanto, produzem mais partículas que uma mesma
quantidade de madeira de alta densidade. Quando estes volumes de madeira (partículas) são
comprimidos às dimensões de uma chapa, ocorre um maior contato relativo entre as partículas de
madeira de baixa densidade (devido à maior taxa de compressão média ou compactação), pois
existem mais ligações por unidade de volume e maior comprimento de “sobreposição” entre as
partículas, portanto, ocorrem maiores uniões adesivas entre elas.
A Figura 14 mostra a relação que existe entre a resistência à flexão de uma chapa de
partículas e a densidade da madeira com que a chapa foi feita. Esta figura pode ser utilizada para
estimar como muda a resistência de uma chapa, quando são utilizadas espécies de diferentes
densidades na sua manufatura. Por exemplo, se uma chapa de partículas é feita com 60 % de
“beech” (densidade 0.68 g/cm3) e 40 % de “pine” (densidade 0.43 g/cm3) a densidade média das
partículas misturadas (dM) é 0,4 (0,43) + 0.6 (0,68) = 0,58 g/cm3. Da figura 14, se observa que uma
chapa de partículas de 0.60 g/cm3 de densidade, feita somente com madeira de pinus, tem uma
resistência à flexão de 275 kg/cm2. Para fazer uma chapa de igual resistência que a chapa de pinus a
densidade da chapa feita de partículas misturada (MOR = 230 kg/cm2) deve ser aumentada para 0,65
g/cm3.
Em resumo, para produzir chapas de partículas com madeiras de alta densidade e resistência
igual que chapas feitas com madeira de baixa densidade, deve-se aumentar obrigatoriamente a
densidade da chapa, isto implica um maior peso da chapa para o mesmo nível de resistência.
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O gráfico da Figura 15 pode ser utilizado também para observar a variação das propriedades
nas chapas feitas de uma mistura de partículas de diferentes densidades.
n
d M = d1 P1 100 + d 2 P2 100 + + d n Pn 100 = 1 100 di Pi 100
i =1
dM - densidade média (base seca) das partículas misturadas
dI’ - densidade da enésima espécie na mistura
PI - percentagem da enésima espécie na mistura para produzir o volume unitário da
chapa.
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Densidade da chapa
RC =
Densidade da madeira
Devido que uma maior compressão permite um melhor contacto entre as partículas e uma
maior eficiência do adesivo, sem importar a densidade da espécie empregada, a razão de compressão
sempre deve ser maior que um. Quando a razão de compressão for menor que um, a chapa terá uma
densidade menor que a da madeira utilizada e, portanto, não haverá compactação do material. De
uma forma geral recomendam-se valores de RC entre 1,5 e 2,2.
Um maior contato entre as partículas implica em uma maior eficiência da resina, fato crítico
em chapas de baixa densidade. O maior contato relativo entre as partículas é o fator controlador das
propriedades de resistência nas chapas de partículas de média densidade.
Portanto, a densidade de uma chapa de partículas pode ser modificada de duas maneiras: pela
utilização de madeiras de diferentes densidades (variação de espécies), e variando-se a densidade da
chapa.
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7.3.1 Utilização da taxa de compressão na produção de chapas de partículas
Cálculo:
onde:
RF = rendimento da fábrica, em %
Cálculo:
A casca das árvores tem uma estrutura completamente diferente a da madeira, é um corpo
volumoso, que em alguns casos contém até 45% de impurezas e materiais corantes. Quanto maior a
qualidade desejada numa chapa de partículas, maior é a exigência de se eliminar a casca. No
processo de corte das partículas, a maioria da casca transforma-se em partículas finíssimas e pó,
influindo negativamente na colagem das partículas, que leva a uma diminuição da resistência da
chapa e maior consumo de adesivo, aumentando os custos.
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8. LITERATURA RECOMENDADA
IPT. Manual de colagem de madeira. São Paulo, IPT – Divisão de Madeiras, 1989. 59p.
MOSL EMI, A.A. Particleboard: Materials. Illinois, Gary Gore, 1974. V.1. 245p.
MOSLEMI, A.S. Particleboard: Technology. Illinois. Gary Gore, 1974. V.2. 245p.
NOCK, H.P.; RICHTER, H.G. Adesão e adesivos. Curitiba, Universidade Federal do Paraná, 1978.
93p.
POBLETE, H.W. Tableros de partículas. Valdivia, el Kultrún - Universidad Austral de Chile, 2001.
177p.
SUCHSLAND, O.; WOODSON, G.E. Fiberboard Manufacturing Practices in the Unites States.
Forest Products Research Society - FPRS /US. 1990. 263 p.
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