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Física III

Halliday - Capítulo 32
Young e Freedman - Capítulo 28

Propriedades Magnéticas da Matéria


32.7 O Magnetismo e os Elétrons: O Modelo da Espira

O módulo do momento dipolar magnético da


espira mostrada na figura 32-11 é dado por

onde A é a área envolvida pela espira.

e como

temos:
32.7 O Magnetismo e os Elétrons: Modelo da Espira em um Campo Não Uniforme

(a) Modelo da espira para um elétron em órbita em um átomo e submetido a um campo


magnético não uniforme. (b) Se uma carga e está se movendo no sentido anti-horário, a
corrente convencional i associada tem o sentido horário. (c) As forças magnéticas exercidas
sobre as extremidades da espira, vistas do plano da espira. A força total que age sobre a espira
aponta para cima. (d) A carga e está se movendo no sentido anti-horário. (e) A força total que
age sobre a espira aponta para baixo.
32.7 O Magnetismo e os Elétrons: Momento Dipolar Magnético de Spin

e
S   S
m

Os elétrons também possuem um momento


angular intrínseco, conhecido como 𝑠𝑝𝑖𝑛 ,
que não é relacionado ao movimento orbital,
mas que pode ser descrito classicamente
como oriundo da rotação do elétron em torno
de seu próprio eixo. Esse momento angular
também tem um momento magnético
associado que é chamado de
𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑖𝑝𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑝𝑖𝑛 𝜇𝑆 .
(O spin 𝑆 é um efeito relativístico quântico)
32.8 Materiais Magnéticos
O momento magnético total de um átomo é obtido da soma vetorial dos momentos
magnéticos orbital e intrínseco de todos os seus elétrons. Essa resultante para cada átomo
e para cada material como um todo pode ser ou não diferente de zero. Conforme o valor
dessa resultante, pode-se classificar os materiais em três grandes grupos.

1. Diamagnetismo: Nos materiais diamagnéticos, os átomos não possuem um momento


dipolar magnético diferente de zero, porém um campo magnético
externo induz um pequeno campo magnético no sentido oposto ao do
campo aplicado.
2. Paramagnetismo: Nos materiais paramagnéticos, os átomos possuem um momento dipolar
magnético diferente de zero, mas esses momentos estão orientados
aleatoriamente e o campo magnético resultante é nulo. Um campo
magnético externo alinha esses momentos, induzindo um pequeno
campo magnético no mesmo sentido que o campo aplicado.

3. Ferromagnetismo: Nos materiais ferromagnéticos, existem regiões inteiras, chamadas


domínios, nas quais os momentos dipolares magnéticos dos átomos
estão naturalmente alinhados. Um campo magnético externo alinha
esses domínios, induzindo um grande campo magnético no mesmo
sentido que o campo aplicado.
Magnetização

Considere um solenoide formado por N voltas e comprimento total ℓ


sendo percorrido por uma corrente 𝐼
𝜇 𝑁𝐼
𝐵0 = 0

I
Um núcleo de certo material é colocado na porção central do 𝑩𝒂𝒑𝒍𝒊𝒄 𝑩𝒎𝒂𝒈
solenoide. Consequentemente, o campo magnético aplicado irá interagir x
𝑀
com seus momentos de dipolo magnéticos atômicos e o material ficará
magnetizado. Para avaliar como os momentos de dipolo magnéticos ℓ
atômicos de um material interagem com um campo magnético externo núcleo paramagnético
define-se a grandeza vetorial magnetização 𝑀. ou ferromagnético

O vetor 𝑀 é definido como o momento de dipolo magnético resultante por


unidade de volume:
𝜇 A.m2
𝑀= 3 = A.m1 I
𝑉 m 𝑩𝒂𝒑𝒍𝒊𝒄 𝑩𝒎𝒂𝒈
x
𝑀
A magnetização produz um campo magnético no interior do material:

𝐵𝑚𝑎𝑔 = 𝜇0 𝑀
núcleo diamagnético
O campo magnético total 𝐵𝑇 no interior do material é dado por:

𝐵𝑇 = 𝐵0 + 𝜇0 𝑀
Permeabilidade do material
O campo magnético proveniente da magnetização é proporcional ao campo magnético
aplicado para materiais paramagnéticos e diamagnéticos, portanto:

𝜇0 𝑀 ~ 𝐵0  𝜇0 𝑀 = 𝜒𝑚 𝐵 0

sendo 𝜒𝑚 uma constante adimensional chamada suscetibilidade magnética. Portanto,


tem-se que:
𝐵𝑇 = 𝐵0 + 𝜇0 𝑀

𝐵𝑇 = 1 + 𝜒𝑚 𝐵0

O campo magnético total também pode ser escrito em função de outra constante
adimensional chamada permeabilidade relativa,

𝐾𝑚 = 1 + 𝜒𝑚

𝐵𝑇 = 𝐾𝑚 𝐵0

A adoção de 𝐾𝑚 é conveniente para a introdução da permeabilidade do material :

𝜇 = 𝐾𝑚 𝜇0
Suscetibilidade magnética de alguns materiais a 20 °C, quando não especificado.
Diamagnéticos Paramagnéticos
Material 𝝌𝒎 𝟏𝟎−𝟓 Material 𝛘𝐦 𝟏𝟎−𝟓
Bismuto 16 Oxigênio (1 atm) 0,19
Ouro 3,4 Alumínio 2,1
Prata  2,4 Tungstênio 7,8
Cobre  0,97 Platina 28
Água 0,90 Oxigênio líquido (200°C) 390

B total (mT) 1,60

𝐾𝑚 = 1
1,20

0,80

0,40

0,00
-1,60 -1,20 -0,80 -0,40 0,00 0,40 0,80 1,20 1,60

-0,40 B0 (mT)

-0,80

-1,20

-1,60

Comparação entre materiais paramagnéticos (linha sólida) e diamagnéticos (linha


tracejada) em relação ao vácuo (linha pontilhada). A permeabilidade relativa 𝐾𝑚 de
cada material é obtida através do coeficiente angular da reta.
32.9 Diamagnetismo

Quando 𝐵𝑒𝑥𝑡 é removido, o momento dipolar


magnético e a força magnética desaparecem.

O diamagnetismo existe em todos os materiais,


mas é tão fraco que, em geral, não pode ser
observado se o material for paramagnético ou
ferromagnético.

A magnetização em materiais diamagnéticos


praticamente não varia com a temperatura.
32.10 Paramagnetismo

Em 1895, Pierre Curie observou que a magnetização M


de um material paramagnético é diretamente proporcional
ao módulo B0 do campo magnético externo e
inversamente proporcional à temperatura absoluta T (K).

𝑩𝟎
𝑴=𝑪
𝑻

A equação acima é conhecida como lei de Curie e a


constante C é chamada de constante de Curie e possui
valores diferentes para materiais diferentes.
Exercício:
Um toroide é preenchido com oxigênio líquido que tem uma suscetibilidade magnética
de 4,00 ∙ 10−3. O toroide tem 2000 voltas e conduz uma corrente de 15,0 A. Seu raio
médio é 20,0 cm e o raio de sua seção transversal é 8,00 mm. (a) Qual é o módulo da
magnetização? (b) Qual é a intensidade do campo magnético total no núcleo do
toroide? (c) Qual é a variação percentual no campo magnético total produzida pelo
oxigênio líquido?
Resp.: (a) 95,5 A/m; (b) 30,1 mT; (c) 0,398 %
Exemplo: Energia Potencial de um Gás Paramagnético
Submetido a um Campo Magnético
32.11 Ferromagnetismo

Os sólidos puros contendo ferro,


cobalto, níquel, gadolínio, samário e neodímio 𝐵𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 = 0 𝐵𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜
apresentam ferromagnetismo, bem como os sólidos
que contenham suas ligas com outros metais. Nestes
materiais, um pequeno campo magnético externo, 𝜇 𝜇

pode produzir um grande alinhamento dos


momentos de dipolo magnéticos atômicos. Isto é
possível por causa dos domínios magnéticos. (a) (b)
A origem dos domínios está ligada ao (a) Representação de um material ferromagnético
fato dos momentos magnéticos de átomos vizinhos, (desmagnetizado). Note que os domínios são formados sem a
provenientes principalmente dos spins eletrônicos, presença de 𝐵𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 , porém, o momento de dipolo magnético

se alinharem espontaneamente em grande resultante é nulo ∆𝜇 = 0 .


quantidade, porém isto ocorre em pequenas
(b) Representação de um material ferromagnético na presença de
extensões do sólido. Cada domínio possui bilhões um campo magnético externo vertical apontando para baixo. Os
de dipolos magnéticos, todos alinhados, mas a domínios que possuem a mesma orientação do 𝐵𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 crescem à
disposição dos domínios no sólido é aleatória, custa dos outros domínios. Assim, este material apresenta uma
fazendo com que o campo magnético originado pela magnetização resultante não nula ∆𝜇 ≠ 0 .
magnetização seja nulo.
32.11 Ferromagnetismo: Histerese
𝐵𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝐵𝑟𝑒𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐴

𝐾𝑚 𝑖

𝐵0

Perceba que 𝐵𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 não varia linearmente com


𝐵0 , portanto a permeabilidade relativa 𝐾𝑚 não é
constante. 𝐴′ −𝐵𝑟𝑒𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑑𝐵𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝐾𝑚 = = reta tangente à curva inicial
𝑑𝐵0 Curva de histerese hipotética de um material
ferromagnético. A permeabilidade relativa inicial
𝐾𝑚 𝑖 = permeabilidade relativa inicial 𝐾𝑚 𝑖 do material é obtida a partir da reta tangente à
curva inicial para 𝐵0 → 0.
𝐾𝑚 𝑚á𝑥 = permeabilidade relativa máxima
32.11 Ferromagnetismo
Informações importantes de alguns materiais ferromagnéticos
Material Composição 𝑲𝒎 inicial 𝑲𝒎 máximo Perda por ciclo de
(em massa) histerese (J / m3)

Ferro recozido comercial 99,95% Fe 150 5500 270

Ferro-silício 97% Fe, 3% Si 1400 7000 40


Permalloy 45 55% Fe, 45% Ni 2500 25000 120

A área delimitada pela curva de histerese é proporcional à energia dissipada na forma de calor
durante o ciclo de magnetização e desmagnetização do material ferromagnético. Um material é
chamado de magneticamente macio se os efeitos de histerese nesse material são relativamente
pequenos, tais como, um campo remanente de intensidade baixa e curva de histerese estreita. Os
materiais apresentados na tabela acima são todos magneticamente macios. Entre eles deve-se
destacar o Ferro-silício, devido a sua baixa perda de energia por ciclo de histerese. Muitos
transformadores utilizam núcleos laminados de Ferro-silício para diminuir a perda de energia por
aquecimento, melhorando assim seu rendimento.

Um eletroímã de um guindaste consiste


basicamente de uma bobina cujo núcleo é
preenchido com um material magneticamente
macio. Utilizando uma dezena de ampères o
guindaste consegue elevar cargas superiores a
uma tonelada.
Exercício:
28.49 (Young-Freedman) Um solenoide longo, com 60 espiras por centímetro, conduz uma
corrente igual a 0,15 A. O fio das espiras é enrolado em torno de um núcleo de aço com silício
(Km = 5200) (a) Para um dado ponto do no interior do núcleo, determine o módulo (i) do campo
magnético 𝐵0 produzido pela corrente que passa no solenoide, (ii) da magnetização 𝑀 e (iii) do
campo magnético resultante 𝐵 . (b) Faça um esboço mostrando o solenoide, o núcleo e indique
as direções e sentidos dos vetores 𝐵0 , 𝑀 e 𝐵 no interior do núcleo.
A
Resp.: (a) 1,13 ∙ 10−3 T ; 4,68 ∙ 106 m ; 5,88 T
Exemplo: Momento Dipolar Magnético de uma Agulha de Bússola
Exercícios para casa:
P3 1º sem14 – manhã: Considere um solenoide toroidal que conduz uma P3 1º sem15 – noturno: A figura abaixo mostra um cilindro
corrente i através de N espiras enroladas compactamente em torno de um metálico de comprimento infinito, com raio a = 2,0 cm,
núcleo em forma de anel (toro). percorrido por uma corrente espacialmente uniforme I = 10 A,
(a) Considere que o toro seja maciço e feito de uma liga especial de que sai do plano do papel. O cilindro apresenta permeabilidade
bismuto (diamagnética). Para uma corrente 𝑖 = 5,000 A através das 500
magnética 0, igual à do vácuo. Este cilindro é envolto por um
espiras da bobina do solenoide toroidal, a magnetização que ocorre no
material magnético de permeabilidade relativa K = 1000,
centro do toro (𝑟𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 4,000 𝑐𝑚) é 50,00 A/m. Calcule a permeabilidade
relativa da liga de bismuto. representado pela região mais escura. Entre o cilindro e o
(b) Este material obedece a Lei de Curie? A magnetização irá aumentar ou material magnético há uma capa isolante, que faz a corrente
diminuir, caso a temperatura do núcleo seja abaixada em 100 °C? fluir apenas pelo cilindro.
Resp.: (a) K m = 0,9952 ; (b) Não obedece a Lei de Curie. A
Determine o vetor campo magnético no ponto P, indicado
magnetização praticamente não varia com a temperatura. no interior do material magnético.

Resp.:
𝐵 = −4,0 𝑖 + 5,3 𝑗 ∙ 10−2 T

Extra:
Considere um átomo de hidrogênio, formado por apenas um próton e um elétron. Conforme o modelo de
Bohr, o elétron em seu estado de energia mais baixa (fundamental), executa uma trajetória circular de raio
𝑅 = 5,29 𝑥 10−11 m (raio de Bohr) em torno do próton com uma velocidade linear de 2,19 𝑥 106 m/s. (a)
Determine o valor médio da corrente elétrica 𝑖 devido ao movimento do elétron. (b) Qual é o módulo do
momento dipolar magnético correspondente ao movimento orbital desse elétron?
J
Resp.: (a) 𝑖 = 1,05 mA; (b) 𝑜𝑟𝑏 = 9,27 ∙ 10−24 T (magneton de Bohr)

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