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Manual para Uma Educação de Direitos Humanos
Manual para Uma Educação de Direitos Humanos
OS DIREITOS HUMANOS
MANUAL DE EDUCAÇÃO PARA OS DIREITOS HUMANOS
© 3ª edição em Língua Inglesa: European Training and Research Centre for Human Rights
and Democracy (ETC) Graz, 2012
Grafismo:
JANTSCHER Werberaum
www.werberaum.at
3
sessões de trabalho, com o intuito de di- Para um centro de direitos humanos como
fundir o método de trabalho do manual. o IGC, dedicado ao ensino e à formação
Pareceu-nos, portanto, um enlace natural em direitos humanos, a educação em di-
a associação da organização da Comuni- reitos humanos é em si mesma um direito
dade dos Países de Língua Portuguesa a fundamental de todos e de cada um. Daí a
este projeto, cujo apoio institucional e fi- importância deste livro.
nanceiro muito nos honra.
Coimbra, 25 de Abril de 2013.
Por fim e acima de tudo, pretende-se com
este projeto contribuir para uma difusão
de informação teórica, prática e de aces-
so fácil relativa aos direitos humanos, na
senda do artº 1º, nº 1, da Declaração das
Nações Unidas sobre Educação e Forma-
ção em Direitos Humanos, de 2011, segun- Vital Moreira
do a qual “Todas as pessoas têm direito a
saber, procurar e receber informações sobre
todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais e devem ter acesso à edu-
cação e formação em matéria de direitos
humanos”1.
Carla de Marcelino Gomes
1
Tradução livre da equipa técnica.
7
Agradecemos à Comunidade dos Países de Ribeiro Sales, ao Dr. Caíque Thomaz Leite
Língua Portuguesa, que não só viabilizou da Silva, à Drª Cátia Duarte, à Drª Isabel
financeiramente esta 1ª edição em língua Gomes, à Drª Rita Perdigão e ao Engº Pa-
portuguesa do Manual, como nos auxiliou trício Figueiredo pelo seu precioso contri-
na revisão final e, neste particular, o agra- buto, em sede de revisão final das provas
decimento recai nas pessoas do Dr. Ma- e pela sua pronta disponibilidade, mesmo
nuel Clarote Lapão, Dr. Philip Baverstock com um prazo tão limitado. Agradecemos,
e Dr. Mário Mendão. ainda, às nossas famílias pela infindável
Este Manual não teria sido possível sem a paciência e apoio, ao longo destes anos.
colaboração de inúmeras pessoas que nos Alguns dos colaboradores responsáveis
auxiliaram em várias fases do processo. pelo capítulo das Referências Bibliográ-
Desde logo, gostaríamos de demonstrar a ficas e Informação Adicional em Língua
nossa gratidão ao Professor Doutor Wolf- Portuguesa gostariam, igualmente, de for-
gang Benedek, que nos honrou com o con- mular agradecimentos pelo auxílio que
vite para nos associarmos a este projeto e obtiveram na recolha da informação ne-
pela sua sempre pronta disponibilidade ao cessária. Infra, encontraremos os agradeci-
longo destes anos de trabalho. Agradece- mentos pela colaboração externa relativos
mos igualmente à Drª Barbara Schmiedl a Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau
e à Drª Sarah Kumar, pelo apoio na trans- e Moçambique.
missão de documentos e informações in- Angola: Secretaria de Estado para os Di-
dispensáveis. reitos Humanos, representada pela Dr.ª
Devemos um agradecimento muito sentido Ana Januário, e Centro Cultural Mosaiko,
ao Senhor Professor Doutor Jónatas Macha- representado pelo Frei Mário Rui Marçal,
do pelo seu aconselhamento sempre lúci- aos quais se endereça, desde já, os devidos
do e pelo acompanhamento constante ao agradecimentos.
longo das várias fases deste projeto. Agra- Brasil: Agradecimentos especiais ao Dr.
decemos à Drª Maria Natália Neves, pelo Francisco Prado de Paula Avelino, Auditor
auxílio no que respeita à língua inglesa e à Federal de Controle Externo do Tribunal
revisão final das provas. À Drª Ana Paula de Contas da União, Brasília-DF, pela sua
Silva agradecemos o inestimável auxílio na importante e imprescindível colaboração
criação da página web dedicada ao livro, nas pesquisas elaboradas desde Brasília.
bem como a elaboração da capa e contra- Agradecimentos ao Centro de Pesquisas e
capa para esta edição. À Drª Bárbara Alves Estudos Jurídicos de Mato Grosso do Sul
agradecemos o seu sempre pronto apoio, pela disponibilização de sua biblioteca, à
nomeadamente, em matérias de formata- Dra. Vanívia Zanuzzo pelo seu zeloso au-
ção e revisão gráfica. Um agradecimento xílio com pesquisas realizadas no Mara-
especial é ainda dirigido à Drª Ana Amélia nhão, e ao Professor Doutor Fábio d’Ávila
8 AGRADECIMENTOS DA VERSÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA
Rights and Democratisation. Foi bolseira man Rights Fellowship por Harvard Hu-
deste Centro Inter-Universitário na Dele- man Rights Program. Trabalhou como
gação da União Europeia junto da ONU advogada em Lisboa e em Bissau. Na
e de outras organizações internacionais Guiné-Bissau, foi Assessora Jurídica no
em Genebra. Colabora com o Ius Gentium Ministério da Educação e Assessora para
Conimbrigae/Centro de Direitos Humanos Assuntos Políticos no Gabinete Integrado
como investigadora associada e foi consul- das Nações Unidas para a Consolidação
tora internacional na Provedoria dos Direi- da Paz na Guiné-Bissau.
tos Humanos e Justiça de Timor-Leste.
Délia Imaculada Costa Ximenes Belo
(Timor-Leste)
NOTAS BIOGRÁFICAS DOS CO- Estudante da Faculdade Direito Universi-
LABORADORES DE ANGOLA, dade de Coimbra (frequência do 4º ano do
curso de Direito). Integrou a equipa técni-
BRASIL, CABO VERDE, GUINÉ- ca do Ius Gentium Conimbrigae/Centro de
-BISSAU, MOÇAMBIQUE, SÃO Direitos Humanos da Faculdade de Direito
da Universidade de Coimbra, no âmbito
TOMÉ E PRÍNCIPE E TIMOR- de uma parceria estabelecida entre o IGC/
-LESTE: /CDH, o Ministério da Justiça de Timor-
Leste e a UNICEF-Timor Leste.
Alcindo Júlio Soares (Cabo Verde)
Licenciado em Direito pela Faculdade Eugénia Marlene Reis de Sousa (Moçam-
de Direito da Universidade de Coimbra. bique)
Pós-graduado em Direito da Comunicação, Frequência do 2º ano do Mestrado em Po-
pelo Instituto Jurídico da Comunicação, da líticas de Desenvolvimento de Recursos
Faculdade de Direito da Universidade de Humanos no Instituto Superior de Ciên-
Coimbra. XV Curso Norma de Formação cias Sociais e Políticas da Universidade
de Magistrados do CEJ (Centro de Estudos Técnica de Lisboa (2012/2013). Frequên-
Judiciários) de Lisboa. Magistrado do Mi- cia da XV Pós-Graduação em Direitos Hu-
nistério Público de Cabo Verde, exercendo manos (2013), Ius Gentium Conimbrigae/
funções de Procurador-Geral Adjunto. /Centro de Direitos Humanos da Faculda-
de de Direito da Universidade de Coim-
Aua Baldé (Guiné-Bissau) bra. Licenciada em Relações Internacio-
Advogada; atualmente a trabalhar na nais pelo Instituto Superior de Ciências
missão de manutenção da paz da ONU Sociais e Políticas da Universidade Técni-
na Costa do Marfim. Pós-graduada em ca de Lisboa.
Direitos Humanos, Ius Gentium Conim-
brigae/Centro de Direitos Humanos da Helena Silves Ferreira (Cabo Verde)
Faculdade de Direito da Universidade Licenciada em Direito e Tradutor/Intérpre-
de Coimbra. Mestre em Direito, com te (Inglês) pelo Centro Universitário Ad-
especializaçao em Direito Internacional ventista de São Paulo – UNASP, campus
dos Direitos Humanos, pela Faculdade Engenheiro Coelho. Tradutora e intérprete.
de Direito da Universidade de Harvard. Advogada e Consultora Jurídica. Respon-
Distinguida com o prémio Henigson Hu- sável pela coordenação e elaboração dos
NOTAS BIOGRÁFICAS DOS COLABORADORES DE ANGOLA, BRASIL, CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, MOÇAMBIQUE 11
A equipa técnica deparou-se com alguns Um outro importante princípio que ado-
desafios de tradução de algumas palavras, támos foi o de envidarmos esforços para
umas vezes porque elas ainda não estão que todos os vocábulos fossem traduzidos
oficialmente reconhecidas no vocabulário para a língua portuguesa, mesmo aqueles
em língua portuguesa, outras porque nos que já adquiriram o estatuto de uso cor-
preocupámos em fazer uma correspondên- rente na nossa língua (ex. accountability,
cia exata de conceitos que nem sempre são advocay, bullying, etc.) pelo que nos so-
coincidentes, nos vários ordenamentos ju- corremos de traduções possíveis junto de
rídicos, nacionais e internacional. Assim, documentos e páginas oficiais de todos
houve opções genéricas que fizemos, ex- os países de língua oficial portuguesa, de
plicadas abaixo, e, noutros casos, procede- organizações internacionais intergoverna-
mos ao estudo caso a caso da palavra ou mentais que tenham documentos traduzi-
conceito em questão. dos para língua portuguesa, bem como das
ferramentas oficiais de tradução da União
A primeira opção de tradução que fizemos Europeia. Por vezes acrescentámos entre
foi dar preferência, sempre que possível, parêntesis o termo inglês originário, como
a linguagem utilizada nos documentos já referência auxiliar. Sobretudo no que res-
traduzidos para português e reconhecidos peita à descrição de algumas metodologias
oficialmente. Daí que tenhamos sempre aplicadas e nas secções relativas às ativi-
recorrido às páginas oficiais dos vários dades selecionadas, utilizámos o léxico
países de língua oficial portuguesa, no próprio das Ciências da Educação. Foram
sentido de encontrar as traduções ofi- poucas as exceções ao princípio acima
ciais. No que respeita a informação rela- enunciado: é o caso da palavra internet e o
tiva às Convenções, Declarações e outros de algumas abreviaturas (ex. UEFA, CIA),
documentos internacionais, utilizámos que mantivemos na língua inglesa, dado o
essencialmente as versões em português seu uso corrente e generalizado e o facto
contidas na página oficial do Gabinete de de as suas correspondentes em língua por-
Documentação e Direito Comparado da tuguesa não serem, de todo, comummente
Procuradoria-Geral da República, Portu- reconhecidas.
gal. No caso da Declaração das Nações Em casos excecionais, deparámo-nos com a
Unidas sobre Educação e Formação em utilização de palavras diferentes em países
Direitos Humanos, de 2011, não encon- diferentes para descrever a mesma realida-
trámos qualquer versão oficial traduzida de. É o caso da palavra “Tribunal” que, no
para língua portuguesa, pelo que fizemos Brasil, em alguns contextos, é também de-
uma tradução livre da mesma que, não signada por “Corte” e é também o caso das
sendo oficial, é da nossa inteira responsa- palavras “investigação”/”investigador” em
bilidade e não faz fé pública. âmbito académico que, no Brasil, correspon-
NOTAS DE TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO DA VERSÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA 13
pelo seu contínuo apoio, valiosos comen- Manfred Nowak – Instituto Ludwig Boltz-
tários assim como sugestões conducentes mann de Direitos Humanos (BIM) – Viena,
e indispensáveis à finalização do manual: Monique Prindezis – CIFEDHOP – Gene-
Shulamith Koenig – PDHRE – Nova Ior- bra, a Liga Anti-Difamação – Nova Iorque,
que, Adama Samassekou e a equipa do o Comité Internacional da Cruz Vermelha
PDHRE – Mali, Manuela Rusz e a equipa – Genebra.
do Instituto de Direito Internacional e Re- Finalmente, gostaríamos de agradecer ao
lações Internacionais da Universidade de Departamento de Direitos Humanos do
Graz, Anton Kok – Centro de Direitos Hu- Ministério Federal dos Negócios Estrangei-
manos da Universidade de Pretória, Yan- ros austríaco, agora denominado de Minis-
nis Ktistakis – Fundação Marangopoulos tério Federal para os Assuntos Europeus e
para os Direitos Humanos – Atenas, Debra Internacionais, e à Agência Austríaca para
Long e Barbara Bernath – Associação para o Desenvolvimento, pela cooperação e
a Prevenção da Tortura (APT) – Genebra, apoio prestados.
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humanos, poderá começar pela primeira ber comentários e sugestões e onde estão
parte do Manual que contém a introdução. disponíveis as versões nas várias línguas.
Para os que procuram exemplos de ques- Também elaborámos apresentações em po-
tões específicas de direitos humanos, po- werpoint, para todos os módulos, que po-
derão começar a sua pesquisa pela parte dem ser descarregadas da nossa página de
dos módulos “convém saber”. Se procura internet. Além disso, podem ser encontra-
uma exploração mais sistemática e de aná- dos recursos adicionais, em todos os módu-
lise mais aprofundada de direitos humanos los, com materiais didáticos e atualizações
específicos, poderá começar com a parte em http://www.manual.etc-graz.at, em lín-
“a saber” dos diferentes módulos. E os in- gua inglesa. Os mesmos materiais podem
teressados em investigar e ensinar direitos ser encontrados traduzidos para língua
humanos, através de metodologias educa- portuguesa em www.fd.uc.pt/igc/manual/
tivas inovadoras, tanto a jovens, como a index.html.
adultos, poderão consultar diretamente a Agradecemos o envio de sugestões e co-
parte “atividades selecionadas” dos mó- mentários, pois estes ajudar-nos-ão a me-
dulos e, adicionalmente, ter em conside- lhorar o Manual de acordo com o objetivo
ração as notas gerais sobre a metodologia de ser útil aos educandos, educadores e
da educação para os direitos humanos. formadores, oriundos de contextos cultu-
Pretende-se que este Manual seja uma rais diversos e com níveis diferentes de co-
narrativa aberta e, deliberadamente, op- nhecimentos em direitos humanos.
tou-se por contemplar apenas um número Esperamos que lhe agrade a leitura e não
selecionado de temas essenciais. Gosta- hesite em contribuir para este projeto em
ríamos de o encorajar a, continuamente, curso, com as suas boas e melhores prá-
complementar o Manual com exemplos e ticas, com as preocupações da sua comu-
histórias, questões e experiências do seu nidade e encorajando mais pessoas a ler
próprio contexto local e agradecemos os e a compreender a atualidade vibrante
seus comentários. e o incessante fascínio dos direitos hu-
Com este propósito, o ETC criou, na sua manos.
página de internet, uma secção para rece-
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LISTA DE ABREVIATURAS
Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher FARE – Football Against Racism in Europe
CMSI – Cimeira Mundial sobre Sociedade Network (Rede de Futebol contra o Racis-
da Informação mo na Europa)
CNU – Carta das Nações Unidas FDC – Freedom from Debt Coalition (Coli-
CNUMAD – Conferência das Nações Unidas gação Contra o Endividamento)
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento FLO – Fairtrade Labelling Organizations
CPDF – Convenção Internacional para a International (Organizações para a Etique-
Proteção de Todas as Pessoas Contra os tagem do Comércio Justo)
Desaparecimentos Forçados FMI – Fundo Monetário Internacional
CPLP – Comunidade dos Países de Língua FUEN – Federalist Union of European Na-
Portuguesa tional Minorities (União Federalista das
CPT - Comité Europeu para a Prevenção Minorias Nacionais Europeias)
da Tortura e Penas ou Tratamentos Desu-
manos ou Degradantes GATS – Acordo Geral sobre o Comércio de
CQMN - Convenção Quadro para a Prote- Serviços
ção das Minorias Nacionais GC – Global Compact
CSCE – Conferência sobre a Segurança e a GDM – Grupo Internacional de Direitos
Cooperação na Europa
das Minorias (Minority Rights Group Inter-
national)
DDPA – Declaração de Durban e Programa
GELMD – Gabinete Europeu para Línguas
de Ação
Menos Divulgadas (European Bureau for
DH – Direitos Humanos
Lesser Used Languages)
DIH – Direito Internacional Humanitário
DUDH – Declaração Universal dos Direitos
Humanos HREA – Human Rights Education Associ-
DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis ates (Associados para a Educação para os
Direitos Humanos)
EAPN – European Anti Poverty Network
(Rede Europeia Anti-Pobreza) ICG – International Crisis Group (Grupo
ECOSOC – Conselho Económico e Social para a Prevenção e Resolução de Conflitos)
EDH – Educação para os Direitos Huma- ICSW – International Council on Social
nos (Human Rights Education) Welfare (Conselho Internacional de Bem-
EFA – Education for All (Programa “Educa- -Estar Social)
ção para Todos”) IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
EPIC – Electronic Privacy Information Cen- IGC/CDH – Ius Gentium Conimbrigae/
tre (Centro de Informação sobre Privacida- Centro de Direitos Humanos da Faculdade
de Eletrónica) de Direito da Universidade de Coimbra
ERRC – European Roma Rights Centre (Cen- IHF – International Helsinki Federation
tro Europeu para os Direitos dos Roma) (Federação Internacional Helsinki para os
ET – Empresas Transnacionais Direitos Humanos)
ETC – European Training and Research Cen-
tre for Human Rights and Democracy (Cen- LAD – Liga Anti-Difamação
tro de Formação e Investigação em Direitos
Humanos e Democracia, Graz, Áustria) MT – Medicina Tradicional
EUA – Estados Unidas da América MGF – Mutilação Genital Feminina
26 LISTA DE ABREVIATURAS
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE DESENVOLVIDO
direitos humanos?” ele respondia: “Dei- vidos, guiados pelos direitos humanos no
xem que as pessoas os conheçam”. Rosa sentido da sua realização plena.
Parks, cujo protesto silencioso acendeu o O quadro abrangente dos direitos huma-
movimento dos direitos civis nos EUA, dis- nos, se conhecido e reivindicado, é o mais
se que os seus atos colocaram poder nas importante guia para se traçar o futuro
mãos das pessoas para insistirem por par- por que todos ansiamos. É um sistema de
ticipação aquando da tomada das decisões apoio fundamental e uma ferramenta po-
que determinam as suas vidas. A isto, nós derosa para a atuação contra a atual desin-
acrescentamos: sermos guiados pelos di- tegração social, pobreza e intolerância que
reitos humanos como uma forma de vida. prevalece no mundo. É muito simples: os
A aprendizagem e a integração dos direi- direitos humanos estão todos relacionados
tos humanos referem-se ao conhecimento, com a igualdade sem discriminação. Com
apropriação, planeamento e ação. O edu- o conhecimento dos direitos humanos po-
cando assume a responsabilidade única de demos todos juntarmo-nos na mudança
se juntar ao esforço nobre para que todas do mundo, onde o sistema patriarcal pre-
as pessoas no mundo, mulheres, homens, valece, onde a justiça é injusta e onde as
jovens e crianças, possam conhecer os mulheres, assim como os homens, trocam
direitos humanos como inalienáveis, per- a igualdade pela sobrevivência. Não temos
tencentes a todos e como uma excelente outras opções!
ferramenta de organização, uma estratégia Tem nas suas mãos a história do milagre
única para o desenvolvimento económico, dos direitos humanos, criado pelas Nações
humano e societário. Unidas. É uma dádiva à humanidade de
Gota a gota, passo a passo, através de si e muitas nações que também se comprome-
das suas organizações, temos de nos en- teram em implementá-los. Infelizmente,
volver num trabalho de amor pela mudan- milhões de pessoas nascerão e morrerão
ça do mundo integrada em todos os níveis sem nunca saberem que são titulares de
da sociedade, uma aprendizagem signifi- direitos humanos e, por esse facto, inca-
cativa dos direitos humanos que conduza pazes de apelarem aos seus governos para
ao planeamento e a ações positivas. Na que cumpram com as suas obrigações e
realidade, o conhecimento dos direitos hu- compromissos (www.pdhre.org/justice.
manos é inerente a cada um de nós. Todos html). Nós dizemos, corretamente, que a
sabemos quando a injustiça está presente ignorância imposta é uma violação dos di-
e que a justiça é a expressão última dos di- reitos humanos e constitui uma falha que
reitos humanos. Todos nós nos afastamos mina a sua realização.
da humilhação de forma espontânea, po- É esta “violação de direitos humanos” e
rém, frequentemente devido ao medo da muitas outras, a ignorância sobre os direi-
humilhação, nós humilhamos os outros. tos humanos que este livro pretende elimi-
Este círculo vicioso pode ser quebrado se nar. Gota a gota, passo a passo - para que
as pessoas aprenderem a confiar e a res- as pessoas saibam, interiorizem e viven-
peitarem-se mutuamente, interiorizando ciem o desenvolvimento dos direitos hu-
e vivenciando os direitos humanos como manos e assegurem a sua realização para
uma forma de vida. Aprender que os di- todos.
reitos humanos apelam ao respeito mútuo À medida que prossegue nesta viagem,
e que todos os conflitos têm de ser resol- tente imaginar os direitos humanos como
PREFÁCIO DE SHULAMITH KOENIG 41