Cada marca tem uma imagem, uma identidade, uma história a ser contada que os
consumidores precisam perceber e reconhecer com facilidade. E é o design que
tangibiliza visualmente a alma, a essência, o DNA de uma organização ou produto. Nesse
processo, o logotipo é um componente de grande importância porque deve estar alinhado
com a narrativa da história que se pretende contar, e ainda comunicar com precisão a
forma como a empresa precisa ser percebida pelo mercado. Projetar um logotipo é,
portanto, uma das tarefas mais desafiadoras de um designer e requer muito mais que
habilidade e senso artístico. Desenhar um logotipo é uma atividade complexa que exige
técnica, horas de pesquisa, estudo e muita experiência.
Além de único e singular, um logotipo bem resolvido precisa ser esteticamente agradável,
equilibrado e tecnicamente viável. Deve ser simples, sem ser, entretanto, simplório.
Deve atrair, seduzir e encantar. Precisa permanecer atual mesmo com o passar do
tempo, sem elementos que caracterizam-se por épocas ou por modismos, a menos que
esse seja o seu propósito. Deve ser claro e atraente, tanto colorido como em preto e
branco, e ter a capacidade de manter íntegros e legíveis todos os seus elementos, mesmo
sofrendo alta redução. Detalhes excessivos ou efeitos rebuscados com grande quantidade
de cores podem dificultar a reprodução e encarecer a impressão. Um bom logotipo deve
ainda ser facilmente reproduzido em mídias diferenciadas como papel, plástico, vidro,
relevo em couro, bordado, aplicação em peças de metal fundido, etc.
Apesar do estágio avançado da tecnologia de impressão que permite reproduzir com
consistência desenhos extremamente complexos, ainda trabalhamos com processos de
reprodução limitados, especialmente fora do universo do off-set e das impressões
digitais. A realidade para muitas empresas brasileiras ainda esbarra no orçamento como
fator impeditivo para optar pelos melhores fornecedores de impressão, especialmente em
mídias diferenciadas como derivados do plástico e metal. Por esse motivo, além de levar
em conta o potencial econômico do cliente, o designer precisa prever antecipadamente
os meios mais prováveis de aplicação do logotipo, criar versões alternativas para
determinados tipos de reprodução e desenvolver o Manual da Marca com todas as
recomendações, especificações e normas essenciais para a utilização e preservação das
suas propriedades visuais em todas as suas manifestações.
Outro fator estratégico e que não é levado em consideração por muitos designers diz
respeito ao registro da marca junto ao INPI. O designer, com o apoio de um escritório
especializado, deve identificar a linguagem predominante na categoria e os principais
elementos limitadores de registro. A capacidade do designer de entender o processo de
registro, de orientar o cliente e de propor soluções originais (e aqui se inclui também a
escolha do nome) pode ser determinante para o sucesso ou o fracasso na proteção e
defesa da marca contra plágios, imitações e concorrência desleal.
Desenvolvimento | Criação
Isso geralmente acontece quando a empresa percebe que sua marca não comunica
adequadamente seus valores e sua organização ao público-alvo ou ao mercado, não
permite a reprodução adequada com boa legibilidade e qualidade e, apesar de todo
esforço e investimento em comunicação, os resultados são pouco produtivos porque sua
marca faz o papel de vilão, transmitindo insegurança, amadorismo e desorganização.
A expressão gráfica de uma marca deve ser o resultado de uma ampla discussão sobre a
empresa, sua missão e valores, sobre a definição clara a respeito do posicionamento
estratégico dos seus produtos ou serviços.
A marca em si também não trabalha sozinha para expressar graficamente os conceitos
estabelecidos na estratégia da comunicação. Todos os elementos visuais e pontos de
contato com a marca devem ser pensados e projetados, tática, estrategic e
operacionalmente para agir como agentes que se complementam para atingir os objetivo
traçados. Aqui se inclui todo tipo de papelaria, fachadas, embalagens, etiquetas, tags,
crachás, anúncios, outdoors, site para Internet e Intranet, uniformes, frota de veículos, e
qualquer outra peça que represente visualmente a empresa nos mais diversos níveis.
[Enio Souza]
ARTIGO
LOGOTIPO OU LOGOMARCA?
Embora nós brasileiros entendamos o que esse termo quer dizer, e não é lá também um
pecado mortal utilizá-lo, tecnicamente só existem logotipo, símbolo, assinatura e marca.
Símbolo é o sinal gráfico (ícone ou signo) que acompanha alguns logotipos. A janelinha do
Windows e a concha amarela da Shell, por exemplo, são símbolos.
O logotipo ou o conjunto equilibrado e harmonioso (pelo menos deveria ser...) de um
logotipo e um símbolo pode também ser chamado de assinatura.
Esse processo, que na verdade começas mas nunca termina, vem sendo tratado há muitos
anos nos países desenvolvidos, especialmente nos Estados Unidos e recentemente no
Brasil, pelo termo "Branding", ou "Gestão de Marcas".