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O QUE É FAMÍLIA?

Entidades familiares legisladas e não legisladas


NOVO CONCEITO DE FAMÍLIA

“Não há unanimidade a respeito do conceito de família no Brasil e é bom que não haja. A
diversidade indica que, cada vez mais, se admite família como sendo um fato social que se
identifica e se protege, respeitando-se a opção sexual, inclusive, de seus integrantes.”

(Simão, José Fernando. Questões polêmicas: qual o conceito jurídico de família?

In direito de família: novas tendências e julgamentos emblemáticos, p. 224).


Entidades familiares legisladas e não legisladas
NOVO CONCEITO DE FAMÍLIA

Os tipos de entidades familiares explicitados nos parágrafos do art. 226 da Constituição são
meramente exemplificativos, sem embargo de serem os mais comuns, por isso mesmo merecendo
referência expressa. As demais entidades familiares são tipos implícitos incluídos no âmbito de
abrangência do conceito amplo e indeterminado de família indicado no caput. Como todo
conceito indeterminado, depende de concretização dos tipos, na experiência da vida,
conduzindo à tipicidade aberta, dotada de ductilidade e adaptabilidade.

Lôbo, Paulo Luiz Neto. Entidades familiares constitucionalizadas: para além do numerus clausus”. Teresina: Jus Navigandi. Ano 6, n.53, jan:
2002. Disponível em: https://ibdfam.org.br/artigos/128/Entidades+familiares+constitucionalizadas:+para+al%C3%A9m+do+numerus+clausus.Acesso
em: 15/08/2020.
DADOS

O censo de 2010 do IBGE mostra que a família brasileira se multiplicou,


trazendo 19 laços de parentesco, contra 11 presentes no censo de 2000. O
conceito tradicional de família, composta por um casal heterossexual com
filhos, esteve presente em 49,9% dos lares visitados, enquanto que em 50,1% da
vezes, a família ganhou uma nova forma. As famílias homoafetivas já somam 60
mil, sendo 53,8% delas formada por mulheres. Mulheres que vivem sozinhas
são 3,4 milhões, enquanto que 10,1 milhões de famílias são formadas por mães
ou pais solteiros.
Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras Nº absoluto aumenta
entre 2005 e 2015, mas o percentual em relação a todos os tipos de família é menor, já que houve aumento
de casais sem filhos e de pessoas morando sozinhas. Maior escolaridade entre mulheres e menores taxas de
fecundidade estão entre os motivos.

https://g1.globo.com/economia/noticia/em-10-anos-brasil-ganha-mais-de-1-milhao-de-familias-formadas-por-maes-solteiras.ghtml
CONCEITO DE FAMÍLIA

❖ E s t a d o , Ig re j a e Fa m í l i a ;
❖ Bem comum.
❖ A família representa o espaço natural de pertencimento do indivíduo a um
grupo pelo nascimento ou adoção. É no seio dela que o homem cresce,
desenvolve seu caráter e adquire as habilidades para se portar na sociedade. A
discussão sobre os modelos de família vem à tona devido aos impactos da pós-
modernidade, que criou uma geração diversificada e capaz de transformar-se
rapidamente em um curto período de tempo. Assim sendo,
concomitantemente ao lado da família tradicional, - formada pelo casamento
entre um homem, uma mulher e a procriação, predominantemente eivada de
morais religiosos-, constituíram-se novos modos de relação familiar,
igualmente consolidados pelo afeto entre os membros.
Entidades familiares legisladas

FAMÍLIA FAMÍLIA FAMÍLIA


INFORMAL
MATRIMONIALIZADA MONOPARENTAL
decorrente da união
decorre do casamento constituída pelo vínculo
estável entre homem e
entre homem e mulher existente entre os
mulher não oficializada
(art. 226, §1º, 2º e 5º); genitores e sua prole (art.
(art. 226, §3º);
226, §4º). .
Famílias para Rodrigo Cunha

CONJUGAL PARENTAL* UNIPESSOAL MULTIESPÉCIE


estabelecida a partir dos
Formada por cônjuges ou vínculos de parentescos, Formado por apenas um Formada pelo vínculo
companheiros que não sejam consanguíneos, indivíduo. afetivo constituído entre
desejam ter filhos. socioafetivos ou por seres humanos e animais
afinidade. de estimação.

*Família parental é o gênero que comporta várias espécies, tais como, anaparental, extensa, adotiva, ectogenética,
multiparental, homoparental e coparental (CUNHA PEREIRA, Rodrigo. Dicionário de Direito de Família e Sucessões –
Ilustrado. Ed. Saraiva, p. 310).
Famílias para Maria Berenice Dias
“Difícil encontrar uma definição de família de forma a dimensionar o que, no contexto dos dias de hoje, se
insere nesse conceito. Sempre vem à mente a imagem da família patriarcal: o homem como figura central,
tendo a esposa ao lado, rodeado de filhos, genros, noras e netos. Essa visão hierarquizada da família sofreu
enormes transformações. Além da significativa diminuição do número de seus componentes, houve
verdadeiro embaralhamento de papéis. A emancipação feminina e o ingresso da mulher no mercado de
PLURIPARENTAIS
trabalho a levaram para fora do lar. Deixou o homem de ser o provedor exclusivo da família, e foi exigida
sua participação nas atividades domésticas.”
Tipos exemplificativos de famílias:
❖ Matrimonial;
❖ Informal;
❖ Homoafetiva;
❖ Paralelas ou simultâneas;
❖ Poliafetiva;
❖ Monoparental;
❖ Parental ou anaparental;
❖ Composta, pluriparental ou mosaico;
❖ Natural (art. 25, ECA);
❖ Extensa ou ampliada (art. 25, p. único, ECA);
❖ Substituta;
❖ Eudemonista.
Monogamia é princípio jurídico?
Monogamia = Fidelidade?
STJ – Família Anaparental
Adoção Póstuma. Família Anaparental.
Para as adoções post mortem, vigem, como comprovação da inequívoca vontade do de cujus em adotar, as mesmas
regras que comprovam a filiação socioafetiva, quais sejam, o tratamento do menor como se filho fosse e o
conhecimento público dessa condição. Ademais, o § 6º do art. 42 do ECA (incluído pela Lei n. 12.010/2009) abriga a
possibilidade de adoção póstuma na hipótese de óbito do adotante no curso do respectivo procedimento, com a
constatação de que ele manifestou, em vida, de forma inequívoca, seu desejo de adotar.(...) Consignou-se, ademais,
que, na chamada família anaparental – sem a presença de um ascendente –, quando constatados os vínculos
subjetivos que remetem à família, merece o reconhecimento e igual status daqueles grupos familiares descritos no art.
42, § 2º, do ECA. Esses elementos subjetivos são extraídos da existência de laços afetivos – de quaisquer gêneros –,
da congruência de interesses, do compartilhamento de ideias e ideais, da solidariedade psicológica, social e financeira
e de outros fatores que, somados, demonstram o animus de viver como família e dão condições para se associar ao
grupo assim construído a estabilidade reclamada pelo texto da lei. Dessa forma, os fins colimados pela norma são a
existência de núcleo familiar estável e a consequente rede de proteção social que pode gerar para o adotando. Nesse
tocante, o que informa e define um núcleo familiar estável são os elementos subjetivos, que podem ou não existir,
independentemente do estado civil das partes. Sob esse prisma, ressaltou-se que o conceito de núcleo familiar
estável não pode ficar restrito às fórmulas clássicas de família, mas pode, e deve, ser ampliado para abarcar a noção
plena apreendida nas suas bases sociológicas. Na espécie, embora os adotantes fossem dois irmãos de sexos opostos,
o fim expressamente assentado pelo texto legal – colocação do adotando em família estável – foi plenamente
cumprido, pois os irmãos, que viveram sob o mesmo teto até o óbito de um deles, agiam como família que eram,
tanto entre si como para o infante, e naquele grupo familiar o adotando se deparou com relações de afeto,
construiu – nos limites de suas possibilidades – seus valores sociais, teve amparo nas horas de necessidade físicas e
emocionais, encontrando naqueles que o adotaram a referência necessária para crescer, desenvolver-se e inserir-se
no grupo social de que hoje faz parte. Dessarte, enfatizou-se que, se a lei tem como linha motivadora o princípio do
melhor interesse do adotando, nada mais justo que a sua interpretação também se revista desse viés. REsp 1.217.415-
RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012.
Qual a natureza jurídica do Direito de
Família?
Sugestões, dúvidas e frustrações…

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