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Aula-8

Campo magnético
Curso de Física Geral F-328
1o semestre, 2013

F328 – 1S2013 1
Diferenças campos magnéticos e elétricos

Campo elétrico E
• Devido a cargas elétricas*
• Carga isolada
• Linhas de campo da carga + para a carga -


Campo magnético B
• Devido a polos magnéticos* Nunca foram observados
• Pare de polos (norte e sul) monopolos magnéticos!
• Linhas de campo do norte até o sul (fechadas)

* Obs: campos elétricos (magnéticos) Quando se quebra um imã, sempre se


também podem ser produzidos por obtêm dois novos polos
campos magnéticos (elétricos)
variáveis no tempo.
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Desenvolvimento histórico
Há mais de 2000 anos (Grécia):
• Existência de um certo tipo de pedra (hoje chamada de magnetita) que
atraía pedaços de ferro (limalhas)

1269 (Pierre de Maricourt):


• Descoberta que uma agulha liberada em vários pontos sobre um imã
natural esférico orientava-se ao longo de linhas que passavam através
de pontos nas extremidades diametralmente opostas da esfera
• Ele chamou esses pontos de polos do ímã

Em seguida:
• Verificações experimentais que todos os ímãs de qualquer formato
possuíam dois polos, chamados de polos norte e sul.
• Polos iguais de dois ímãs se repelem e polos diferentes se atraem
mutuamente
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Desenvolvimento histórico
1600 (William Gilbert):
• Descoberta que a Terra era um ímã natural com polos magnéticos
próximos aos polos norte e sul geográficos.
• Uma vez que o polo norte de uma agulha imantada de uma bússola
aponta na direção do polo sul de um ímã, o que é denominado polo
norte da Terra, é na realidade, um polo sul magnético.

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Campo magnético B

(Na verdade, B se chama vetor indução magnética)
Linhas de campo
• Não são reais
• Direção do campo tangente à linha Como

• Intensidade do campo  densidade de linhas E
• Não podem se cruzar
• Formam ciclos fechados entre os polos:
• No exterior: vão do polo norte ao polo sul
• No material magnético: vão do sul ao norte

Unidades
Ns N
• SI: Tesla (T) T 
Cm A.m
• Outra unidade usada (não SI): Gauss (G) 1 T = 10 000 G
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Força magnética

Definição do vetor indução magnética B :
A existência de um campo magnético em uma dada região pode
ser demonstrada com uma agulha de bússola. Esta se alinhará na
direção do campo.
Por outro lado, quando uma partícula carregada com carga q e 

velocidade v entra em uma região onde existe um campo magnético B,
ela é desviada transversalmente de sua trajetória sob ação de uma
força magnética que é proporcional à carga da partícula, à sua
velocidade, à intensidade do campo magnético e ao seno do ângulo
entre a direção da velocidade da partícula e a direção do campo.

FB  qvBsen
Surpreendente ainda é o fato de que esta força é perpendicular
tanto à velocidade quanto ao campo magnético
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Força magnética
   

FB  qv  B
FB
Vetorialmente:

Módulo de FB: FB | q |v Bsen 


B
Módulo do vetor 
FB v
indução magnética: B
q v sen
Regra da mão direita
  
FB FB
v
 
B B 
v

  B
v v

 FB
FB
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 
Movimento de uma partícula carregada  
em um campo magnético uniforme v B

  
B Como FB  v  v  constante  MCU


v v2 mv
FB
 FB  m ac  qvB  m ou r 

FB r qB
v O período do movimento circular é o

FB
 tempo para se percorrer uma volta:
v
2 r 2 mv 2 m
T  
v v qB qB
Frequência de cíclotron:
1 qB qB
f      2 f 
T 2 m m
elétrons num campo magnético T e f são independentes de v.
Movimento de uma partícula carregada
em um campo magnético uniforme 
 
v B 
   

B Velocidade: v  v||  v (em relação a B )

v Movimento circular

v|| Constante (força magnética nula)

Resultado: Trajetória helicoidal da partícula

2 m
Passo: d  v||T  v||
qB

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Movimento de uma partícula carregada
em um campo magnético não uniforme

Garrafa Magnética:
Quando uma partícula carregada
se move em espiral em um campo
magnético não uniforme, que é mais
forte em ambas as extremidades e mais
fraco no meio, ela fica aprisionada e se
desloca para frente e para trás em uma
trajetória espiral em torno das linhas
de campo.
Desta maneira, elétrons e prótons
ficam aprisionados pelo campo magnético
terrestre não-uniforme, formando os
cinturões de radiação de Van Allen. Cinturões de radiação
de Van Allen
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Combinação de campos elétrico e magnético

Que força age sobre uma carga que está numa região onde
existem um campo elétrico e uma campo magnético?

Força total = soma das forças elétrica e magnética


   
Força de Lorentz: F  qE  q v  B

• Filtro de velocidades
Aplicações • Espectrômetro de massa
•Efeito Hall

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Combinação de campos elétrico e magnético
Filtro de velocidades
 
• Região do espaço com BE
• Equilíbrio entre as duas forças (a partícula
não sofre desvio) se: qE  qvB
E
Velocidade das partículas saindo v
B

B2 Espectrômetro de massa
• Filtro de velocidades (E, B1) seguido de apenas
um campo magnético B2
• Separa as partículas carregadas seguindo m/|q|

B1 m B1 B2
 r (separação de isótopos)
|q| E
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Efeito Hall
l
Um condutor achatado conduz uma corrente
na direção x e um campo magnético é aplicado 
i  B
na direção y. A corrente pode ser devida tanto a FB


portadores positivos movendo-se para direita vd FB
como a portadores negativos movendo-se para  i
 vd
a esquerda. B


B Medindo-se a ddp de Hall (VH) entre os pontos a e
i c, pode-se determinar o sinal e a densidade
i
volumétrica (n) dos portadores.
FB  qvd B  qEH  EH  vd B

B EH J i A = dl, onde l é a
i
i
vd    espessura do condutor
B nq nqA
iB iB iB
n  
F328 – 1S2013 EH qA EH qdl VH ql 13
Exemplo 1
Por uma placa de prata com espessura de 1 mm passa uma
corrente de 2,5 A em uma região na qual existe campo magnético
uniforme de módulo 1,25 T perpendicular à placa. A tensão Hall é
medida como 0,334 V. Calcule:
a) a densidade de portadores;
b) compare a resposta anterior com a densidade de portadores na
prata, que possui uma massa específica  = 10,5 g/cm3 e massa
molar M = 107,9 g/mol.
iB (2,5A)(1,25T)
Solução: a) n    5,8510 28
elétrons/m 3

qVH l (1,610 19 C)(3,3410 7 V)(0,001m)


3 6,0210 átomos/mol
23
NA
b) na    (10,5g/cm )  5,861028 átomos/m3
M 107,9 g/mol

Esses resultados indicam que o número de portadores de carga na


prata é muito próximo de um por átomo.
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Força magnética sobre um fio com corrente
 Corrente = fluxo de cargas, então:

 B     dl     
d dF  dq v  B  idt   B   dF  idl  B
 dt 
A força infinitesimal pode ser escrita como: dF  i dl B sen

 onde  é o ângulo entre a direção do segmento do fio l 
i v
dq (direção da corrente) e a direção do campo magnético B

d
A força sobre o fio é:
   
F   dF   idl  B
fio fio
   
Para fios finitos e B uniforme: F  i L  B
Num caminho fechado:
     
F   idl  B e se B é uniforme  F  0
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Exemplo 2
Um fio curvo na forma de uma espira semicircular y
de raio R está em repouso no plano xy. Por ele
passa uma corrente i de um ponto a até um ponto i
x
b, como mostra figura. Existe um campo
 ˆ
magnético uniforme BBk, perpendicular ao plano a
b 
da espira. Encontre a força que atua sobre a parte B
do fio na forma de espira semicircular.
z
  
dF  idl  B
 y
As componentes de dF paralelas ao eixo x

cancelam-se. Então: idl 
  dF

F  Fy   i dl B sen   iBR sen d  2iBR

B 
0 0 b a x

Vetorialmente:
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F  2iBR yˆ 16
Torque em espira com corrente

• Uma espira transportando uma corrente F1

 
em um campo magnético uniforme sofre A F4
a ação de um
 torque
 que tende a girá-la.
• As forças F1 e F3 formam um binário, de
tal modo que o torque é o mesmo em i
 
torno de qualquer ponto. F2 B

F3
Temos:
   

F2   F4 (e têm mesma linha de ação) F1
 
F1  F3  ibB μ  NiAAnˆ

B
A força líquida sobre a espira é nula

F3
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Torque em espira com corrente

F1
Torque em relação ao ponto O  
A F4
a
  2 F1 sen
2
 iaBb sen
 NiAB sen
A  ab 
F2
i 
B
N voltas

F3

Momento de dipolo magnético da  


F1 
espira
  
μ  NiAnˆ μ  NiAAnˆ

   B
τ  μ B

F3
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Energia potencial de um dipolo magnético
em um campo magnético

Quando um dipolo magnético gira de um ângulo d a partir


de uma dada orientação num campo magnético, um trabalho dW é
realizado sobre o dipolo pelo campo magnético:

dW   τ dθ   μ B senθ dθ 
F1


dU  dW   μ B senθ dθ  
μ  NiAAnˆ
U   μB cosθ  U 0 
θ  90 0  U 0  0 B

  
U   μB cos θ   μ  B
F3

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Exemplo 3
Em um enrolamento quadrado de 12
voltas, de lado igual a 40 cm, passa uma
corrente de 3 A. Ele repousa no plano xy
na presença de um campo magnético
uniforme B  0,3T iˆ  0,4T kˆ .
Encontre:
a) O momento dipolo magnético do
enrolamento;
b) O torque exercido sobre o enrolamento;
c) A energia potencial do enrolamento.

a)   NiA kˆ  (12)( 3A)( 0,40m2 )kˆ  5,76A.m 2kˆ
  
b)     B  (5,76A.m 2 kˆ)  (0,3T iˆ  0,4T kˆ)  1,73N.m ˆj

 
c) U   .B  (5,76A.m 2kˆ).( 0,3Tiˆ  0,4Tkˆ)  2,30J
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Efeito Hall quântico
O efeito Hall quântico (Prêmio Nobel de 1985) é observado em
estruturas semicondutoras especiais, geralmente com altos valores
de mobilidade e a baixas temperaturas. No efeito Hall clássico a
variação da tensão Hall (VH) com o campo magnético é linear,
enquanto que no quântico esta variação resulta numa série de
patamares como ilustra a figura abaixo.
Na teoria do efeito Hall
quântico, a resistência RH
é definida como:
VH RK
RH   ; n1,2,3,...
i n

RK 25.812,807 (Constante de von Klitzing)


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Resumo
• Força magnética:
  
FB  qv  B Sobre uma carga
  
FB  iL  B Sobre um fio com corrente
   
F  q( E  v  B) Força de Lorentz

• Movimento das partículas carregadas num campo magnético


uniforme

 
v B  Circular   
v B  Helicoidal

• Espira com corrente:


   
μ  NiAnˆ
Momento
Torque τ  μ B de dipolo
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Lista de exercícios do capítulo 28

Os exercícios sobre Campo magnético estão na página da disciplina :


(http://www.ifi.unicamp.br).
Consultar: Graduação  Disciplinas  F 328 Física Geral III

Aulas gravadas:
http://lampiao.ic.unicamp.br/weblectures (Prof. Roversi)
ou
UnivespTV e Youtube (Prof. Luiz Marco Brescansin)

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