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1º (Incumprimento)
Excelentíssimos,
E bem decidiu o tribunal pois, tendo as partes eleito o direito angolano aplicável ao
presente litígio, tratando-se de um CONTRATO PÚBLICO com o valor de MIL
MILHÕES DE DÓLARES, é de se aplicar os artigos 22º e 24.º da Lei n.º 9/16, Lei da
Contratação Pública.
NULIDADE
Com isso, sendo o Concurso Público um elemento essencial do contrato nos termos do
nº 1 do art. 76.º I parte do Dec.-Lei n.º 16-A/95, bem como do art. 381.º da Lei n.º 9/16,
a sua preterição em detrimento da adopção do procedimento de contratação simplificada
traduzida numa adjudicação directa tem como consequência a nulidade do contrato.
Por outro lado, o Professor MOREIRA LOPES entende que ocorrerá também a nulidade
do contrato quando por aplicação dos princípios gerais do Direito Administrativo se
chegue a conclusão de que a sanção do vício em causa deve ser a nulidade nos termos
do artigo 382.º, n.º 2 da LCP. Entendimento também suportado pelos Professores
Freitas do Amaral e Carlos Feijó.
No caso em concreto, o contrato foi conseguido graças às comissões indevidas de UM
MILHÃO DE DÓLARES pagas ao Ministro das Infra-estruturas do Botswana, Sr.
Julian Nganunu, e ao Chefe do Gabinete do anterior PR, Sua Excelência Sr. Eric
Kwape,
Cumpre reforçar que as comissões indevidas foram prestadas a estes na fase pré-
contratual não nas vestes de representantes da empresa, mas nas vestes de
representantes do Executivo aquando do início das negociações de 1 de Junho de 2019,
sendo que na altura a 1ª Demandada ainda não encontrava-se constituída, ferindo deste
modo os princípios da legalidade, transparência, interesse público e boa governação,
devendo o contrato ser considerado nulo.
Assim, ainda que o contrato fosse válido não produziria quaisquer efeitos jurídicos por
não ter tido o visto do Tribunal de Contas, uma vez que o visto é conditio sine qua non
para produção de efeitos jurídicos em obediência ao n.º 7 do art. 8.º da Lei 13/10, bem
como do art. 10.º da Lei n.º 18/19 - que aprova o OGE de 2019, e do n.º 1 do art. 23.º
da Lei n.º 1/14 – Lei do Regime Jurídico da Emissão e Gestão da Dívida Pública
Directa e Indirecta.
ANULABILIDADE
Excelentíssimos
É impreterível que no comércio jurídico as partes procedam de boa-fé, a qual faltou por
parte da Demandante, tendo esta, se aproveitado da situação crítica vendendo os bens a
um preço superior ao do mercado para de forma excessiva e injustificada lucrar,
reconduzindo-se para figura do negócio usurário nos termos do art. 282.º do CC. tendo
como consequência a anulabilidade,
Ora vejamos, será justo excelentíssimos que, se subtraia do erário público e até se onera
a população com um avultado empréstimo avaliado em MIL MILHOES para receber
materiais velhos e em péssimas condições? Pelas condições dos equipamentos em nada
beneficiariam a população e até a colocariam em risco a vida, é evidente que este tipo
de negociação feriria o interesse publico cuja teleologia remete-nos para o bem comum
que é rigorosamente abraçada pela constituição apostólica Gaudium et Spes bem como
pela encíclica Populorum Progressio do Papa Paulo VI. (explicar o que aconteceu)
RESOLUÇÃO
Excelentíssimos,
Gostaríamos também que referir … ainda que o contrato não estivesse viciado e fosse
eficaz é legítima a resolução contratual unilateral pela primeira demandada pelos
fundamentos previstos no n.º 1 do art. 432.º do Cód. Civil bem como do n.º 2 do art.
376º, al. b) da LCP, pois a inobservância das regras procedimentais do concurso
público, a entrega de comissões ilegais e a não prossecução do interesse público
constituem fundamento bastante para a resolução unilateral do contrato, nos termos do
artigo supracitado da LCP, excluindo-se no caso subjudice o direito a indemnização em
razão do concurso de culpa (n.º 1 do art. 570.º do CC).
Importa realçar que os efeitos da resolução do contrato são equiparados aos da nulidade
do negócio jurídico (art. 433.º do CC), não produzindo, deste modo, o referido contrato
qualquer efeitos jurídicos.