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REGIME JURÍDICO DAS SOCIEDADES

GESTORAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO

(Ante-projecto de Decreto Legislativo Presidencial)


RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO

INTRODUÇÃO

Com a entrada em vigor da Lei n.º 13/05, de 30 de Setembro – Das Instituições


Financeiras, as sociedades gestoras de fundos de investimento, surgem como um dos principais
actores do mercado de capitais. Estas são instituições financeiras não bancárias, que têm por fim
exclusivo a gestão de um ou mais fundos de investimento mobiliário ou imobiliário.

Deste modo, as sociedades gestoras de fundos de investimento, encontram a sua razão de


ser apenas na gestão de fundos de investimento, e por força deste fundamento, encontram-se
exclusivamente destinadas a exercer esta actividade. A especialidade destas instituições permite
considerar que são, em grande medida, as grandes impulsionadoras dos fundos de investimento
imobiliários, mobiliários e instituições afins. A sua existência dinamiza o surgimento dos
depositários dos valores dos fundos e aumentam a transparência da sua gestão.

Por serem instituições financeiras não bancárias, submetem-se ao regime de autorização


de constituição e funcionamento previsto tanto na referida lei, como na Lei n.º 12/05, de 23 de
Setembro – Dos Valores Mobiliários. Isto é, a sua constituição obedece as normas de prestação
de informação sobre a sua actividade, o regime sancionatório e as normas emanadas pelo
organismo de supervisão, ou seja pela Comissão do Mercado de Capitais.

OBJECTIVOS A ATINGIR

A introdução, no sistema financeiro nacional das sociedades gestoras de fundos de


investimento, exige que se regimente a constituição e funcionamento destas sociedades. Assim, o
presente Decreto Legislativo Presidencial tem por finalidade estabelecer regime jurídico
fundamental destas sociedades, estabelecendo, entre outras, as regras aplicáveis ao objecto
social, bem como definir o tipo societário que as estas devem adoptar, a quando da sua
constituição, as regras de remuneração, e todos os actos sujeitos a aprovação da Comissão do
Mercado de Capitais.

Pretende-se igualmente, estabelecer todo um conjunto de operações que são vedadas a


estas sociedades, no exercício das suas actividades, bem como as situações de potencial conflito
de interesses, onde intervenham os trabalhadores e os administradores das sociedades e os casos
em que uma mesma sociedade tenha sob sua gestão dois ou mais fundos.

Uma vez estabelecido o regime jurídico fundamental, a Comissão do Mercado de


Capitais, enquanto órgão responsável regulação e supervisão de todos os intervenientes no

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mercado de capitais, fixará por regulamento, as regras necessárias para a efectivação do presente
Decreto. Neste âmbito, caem as regras quanto o limite mínimo do capital social, os fundos
próprios, as normas específicas para a prevenção e solução de conflitos de interesses.

SISTEMATIZAÇAO E ESTRUTURA

O presente Decreto está estruturado com 12 (doze) artigos. O Artigo 1.º versa sobre o
objecto do diploma, o âmbito de aplicação encontra-se desenvolvido no Artigos 2.º e o 3.º, 4.º e
5.º estabelecem, respectivamente o objecto social das sociedades gestoras de fundos de
investimento, bem como a forma de gestão de fundos mobiliários e imobiliários.

A forma e a denominação social vêm previstas no Artigo 6.º. O limite mínimo de capital
social vem estabelecido no Artigo 7.º e o Artigo 8.º enumera as operações que são vedadas às
sociedades gestoras de fundos de investimento.

O Artigo 9.º dispõe sobre os actos sujeitos a prévia autorização da CMC, nomeadamente
as alterações ao contrato das sociedades gestoras de fundos de investimento, incluindo a
transformação, fusão e cisão, bem como a dissolução voluntária. O Artigo 10.º estabelece o
regime de autorização e registo destas instituições e o Artigo 11.º está reservado as regras de
remuneração para a actividade de gestão.

O Artigo 12.º dispõe sobre as situações de conflito de interesse e, por último o Artigo
13.º está reservado período de vacatio legis.

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INDICE
ARTIGO 1.° ................................................................................................................................................. 5

(ÂMBITO) ................................................................................................................................................... 6

ARTIGO 2.° ................................................................................................................................................. 6

(OBJECTO SOCIAL) .................................................................................................................................. 6

ARTIGO 3.° ................................................................................................................................................. 6

(GESTÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO) ............................................................... 6

ARTIGO 4.° ................................................................................................................................................. 7

(GESTÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO) ............................................................. 7

ARTIGO 5.° ................................................................................................................................................. 7

(FORMA E DENOMINAÇÃO)................................................................................................................... 7

ARTIGO 6.° ................................................................................................................................................. 8

(CAPITAL SOCIAL E FUNDOS DA SOCIEDADE)................................................................................. 8

ARTIGO 7.° ................................................................................................................................................. 8

(OPERAÇÕES VEDADAS) ........................................................................................................................ 8

ARTIGO 8.° ................................................................................................................................................. 9

(ACTOS SUJEITOS A AUTORIZAÇÃO) .................................................................................................. 9

ARTIGO 9.° ................................................................................................................................................. 9

(AUTORIZAÇÃO E REGISTO JUNTO DA COMISSÃO DE MERCADO DE CAPITAIS) ................... 9

ARTIGO 10.° ............................................................................................................................................... 9

(REMUNERAÇÃO) .................................................................................................................................... 9

ARTIGO 11.° ............................................................................................................................................. 10

(CONFLITOS DE INTERESSES) ............................................................................................................. 10

ARTIGO 12.° ............................................................................................................................................. 10

(ENTRADA EM VIGOR) .......................................................................................................................... 10

4
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
_________

DECRETO LEGISLATIVO PRESIDENCIAL n.º __ /12


de ___ de _______

Os fundos de investimento mobiliário e imobiliário encontram-se regulados nos Decretos


Legislativos Presidenciais nºs (…) /12, de (….) de (…) – Dos Fundos de Investimento
Mobiliário e (…) /12, de (….) de (…) – Dos Fundos de Investimento Imobiliário,
respectivamente.
Nos termos dos supra referidos diplomas, a gestão dos fundos é assegurada por uma
sociedade gestora, excepto nos casos em que os fundos de investimento são dotados de
personalidade jurídica, sob a forma de sociedade comercial, situação em que a gestão pode ser
assegurada directamente pelo próprio fundo.
As sociedades gestoras de fundos de investimento são assim instituições financeiras não
bancárias, previstas na alínea g) do n.º 3 do artigo 5.º da Lei n.º 13/05, de 30 de Setembro – Lei
das Instituições Financeiras, sujeitas a supervisão da CMC, vocacionadas para assegurar a gestão
eficiente e profissional de fundos de investimento. No presente diploma cria-se o regime jurídico
fundamental de tais sociedades.
O Presidente da República decreta, no uso da autorização legislativa concedida pela
Assembleia Nacional ao abrigo do artigo 1.º da Lei n.º __ de ____ de ____ e nos termos do n.º 2,
do artigo 99.º e do n.º 1, do artigo 125.º, todos da Constituição da República de Angola, o
seguinte:

REGIME JURÍDICO DAS SOCIEDADES GESTORAS DE FUNDOS DE


INVESTIMENTO

Artigo 1.°
(Objecto do diploma)
O presente diploma tem por objecto a constituição e funcionamento das sociedades
gestoras de fundos de investimento.

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Artigo 2.°
(Âmbito)

1. As sociedades gestoras de fundos de investimento regem-se pelas normas do presente


diploma e pelas disposições aplicáveis do Decreto Legislativo Presidencial n.º …. /12, de ….
– Dos Fundos de Investimento Mobiliário, do Decreto Legislativo Presidencial n.º …. /12, de
…. – Dos Fundos de Investimento Imobiliário e ainda das Leis n.º 12/05, de 23 de Setembro
– Dos Valores Mobiliários e 13/05, de 30 de Setembro – Das Instituições Financeiras.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a Comissão do Mercado de Capitais por
regulamento estabelece as regras técnicas, prudenciais e comportamentais, a que as
sociedades gestoras de fundos de investimento estão sujeitas.
3. O presente diploma aplica-se, com as necessárias adaptações, as sociedades corretoras e
distribuidoras de valores mobiliários habilitadas, pela Comissão do Mercado de Capitais, a
gerirem fundos de investimento.

Artigo 3.°
(Objecto social)

1. As sociedades gestoras de fundos de investimento têm por objecto a actividade de gestão de


um ou mais fundos de investimento.
2. A sociedade gestora de fundos de investimento pode, mediante autorização da CMC, gerir
simultaneamente fundos de investimento mobiliários e imobiliários.
3. Sem prejuízo das hipóteses de subcontratação prevista na lei, as sociedades gestoras não
podem transferir totalmente para terceiros os poderes de administração e gestão que lhe são
conferidos por lei.

Artigo 4.°
(Gestão de fundos de investimento mobiliário)

1. Na prossecução do seu objecto social, e observadas as limitações legais, as sociedades


gestoras de fundos de investimento têm poderes para, na gestão de fundos de investimento
mobiliários:
a) Praticar todos os actos necessários à gestão da carteira do fundo;
b) Exercer todos os direitos inerentes aos activos que os integrem;
c) Administrar os activos do fundo, em especial:
(i) Prestar os serviços jurídicos e de contabilidade necessários à gestão do fundo, sem
prejuízo da legislação específica aplicável a estas actividades;
(ii) Esclarecer e analisar as reclamações dos quotistas;

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(iii) Avaliar a carteira e determinar o valor das quotas e emitir declarações fiscais;
(iv) Observar e controlar a observância das normas aplicáveis, dos documentos
constitutivos dos fundos e dos contratos celebrados no âmbito dos mesmos;
(v) Proceder ao registo dos quotistas;
(vi) Distribuir rendimentos;
(vii) Emitir e resgatar quotas;
(viii) Efectuar os procedimentos de compensação e liquidação;
(ix) Enviar certificados;
(x) Conservar os documentos;
(xi) Comercializar as quotas dos fundos que gere.
2. As sociedades gestoras de fundos de investimento mobiliário podem também comercializar,
em Angola, quotas de fundos geridos por outrem, domiciliados ou não no território nacional.
3. A CMC pode ainda autorizar as sociedades gestoras a exercer outras actividades compatíveis
com o seu objecto e natureza.

Artigo 5.°
(Gestão de fundos de investimento imobiliário)

1. As sociedades gestoras de fundos de investimento imobiliário têm por objecto principal a


administração, em representação dos quotistas, de um ou mais fundos de investimento
imobiliário, podendo ainda levar a cabo:
a) A prestação de serviços de consultoria para investimento imobiliário, incluindo a
realização de estudos e análises relativos ao mercado imobiliário;
b) A gestão individual de patrimónios imobiliários em conformidade com as disposições
legais e regulamentares aplicáveis à gestão de carteiras por conta de outrem.
2. A CMC pode ainda autorizar as sociedades gestoras de fundos a exercer outras actividades
compatíveis com o seu objecto e natureza.

Artigo 6.°
(Forma e Denominação)

1. As sociedades gestoras de fundos de investimento constituem-se sob a forma de sociedades


anónimas, sendo o capital social titulado por acções nominativas.
2. O disposto no número anterior não se aplica às sociedades já constituídas sob forma
diferente.
3. A firma das sociedades gestoras de fundos de investimento deve conter a expressão
«Sociedade Gestora de Fundos de Investimento» ou a abreviatura «SGFI».

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Artigo 7.°
(Capital social e fundos da sociedade)

1. A CMC fixa, por regulamento, o limite mínimo de capital social para as sociedades gestoras
de fundos de investimento.
2. A CMC pode ainda, por regulamento, sujeitar a prática de determinados actos à verificação
de certo montante de capital social ou património líquido da sociedade.
3. A CMC fixa ainda, por regulamento, os fundos próprios exigidos às sociedades gestoras de
fundos de investimento, tendo em conta o valor líquido global do património mobiliário ou
imobiliário sujeito a gestão.

Artigo 8.°
(Operações vedadas)

1. Às sociedades gestoras de fundos de investimento é especialmente vedado:


a) Contrair empréstimos e conceder crédito, salvo em modalidade regulada pela CMC;
b) Prestar garantias ou co-obrigar-se sob qualquer outra forma;
c) Efectuar, por conta própria, vendas a descoberto de valores mobiliários;
d) Prometer rendimento predeterminado aos quotistas;
e) Vender quotas a prestações;
f) Adquirir, por conta própria, quotas de fundos, com excepção daqueles que sejam
enquadráveis no tipo de fundo de tesouraria ou equivalente e que não sejam por si
geridos;
g) Adquirir, por conta própria, outros valores mobiliários de qualquer natureza, com
excepção dos de dívida pública e obrigações definidas em regulamento da CMC.
h) Adquirir imóveis para além do indispensável à prossecução directa da sua actividade e até
ao limite dos seus fundos próprios.
2. A sociedade gestora não pode efectuar quaisquer transacções entre diferentes fundos de
investimento que administre.
3. O previsto na alínea a) do n.º 1 do presente artigo não impede as sociedades gestoras de
fundos de investimento de contraírem empréstimos por conta dos fundos que gerem, com a
duração máxima de 120 dias, seguidos ou interpolados, num período de um ano e até ao
limite de 10 % do valor líquido global do fundo.
4. A aquisição de crédito, pelas sociedades gestoras de fundos de investimento, por conta dos
fundos que administre, deve estar expressamente prevista no regulamento de gestão do
fundo.

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Artigo 9.°
(Actos sujeitos a autorização)

1. Estão sujeitas a prévia autorização da CMC, as alterações ao contrato das sociedades gestoras
de fundos de investimento, incluindo a transformação, fusão e cisão, bem como a dissolução
voluntária.
2. As alterações ao contrato e a dissolução voluntária das sociedades gestoras de fundos de
investimento estão sempre sujeitas a escritura pública, a qual não pode ser celebrada antes da
obtida a autorização da CMC.
3. Está ainda sujeita a prévia aprovação da CMC:
a) A instalação ou encerramento de dependência;
b) A aquisição ou alienação de participação qualificada; e
c) A participação estrangeira no capital social.

Artigo 10.°
(Autorização e registo junto da Comissão de Mercado de Capitais)

1. A constituição das sociedades gestoras de fundos de investimento está sujeita à autorização


prevista no artigo 93.º da Lei n.º 13/05, de 30 de Setembro – Lei de Instituições Financeiras.
2. Antes de iniciar a sua actividade, as sociedades referidas no número anterior devem obter
junto da Comissão de Mercado de Capitais a sua inscrição do registo especialmente previsto
no artigo 104.º da Lei n.º 13/05, de 30 de Setembro – Lei de Instituições Financeiras.
3. É havida como prática não autorizada de operações reservadas a instituições financeiras, o
exercício da actividade encontrando-se a autorização suspensa ou revogada.

Artigo 11.°
(Remuneração)

1. O exercício da actividade de gestão é remunerado através de uma comissão de gestão.


2. Apenas podem ser receitas das sociedades gestoras de fundos de investimento, nessa
qualidade:
a) A comissão de gestão, nos termos estabelecidos nos documentos constitutivos;
b) As comissões de subscrição, resgate ou transferência de quotas relativas aos fundos por si
geridos, na medida em que os documentos constitutivos lhas atribuam, nos termos
previstos em regulamento;
c) Outras como tal estabelecidas em regulamento.

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Artigo 12.°
(Conflitos de interesses)

1. Os trabalhadores e administradores das sociedades gestoras de fundos de investimento que


exerçam decidam ou executem decisões de investimentos não podem exercer funções em
outra sociedade gestora de fundos de investimento.
2. Os administradores da sociedade gestora de fundos de investimento agem de modo
independente e no exclusivo interesse dos quotistas dos fundos por si geridos.
3. Cada fundo gerido pela sociedade constitui-se, para todos os efeitos, como um seu cliente.
4. Sempre que sejam emitidas ordens conjuntas para vários fundos, a sociedade gestora de
fundos de investimento efectua a distribuição proporcional dos activos e respectivos custos.
5. A sociedade gestora de fundos de investimento mobiliário autorizada também a exercer a
actividade de gestão discricionária e individualizada de carteiras por conta de outrem, não
pode investir a totalidade ou parte da carteira de um cliente em quotas do fundo que gere ou
cujas quotas comercializa, salvo com o consentimento prévio do cliente, ainda que conferido
em termos genéricos.
6. A CMC pode, por regulamento, estabelecer normas específicas para a prevenção e solução de
conflitos de interesses.

Artigo 13.°
(Entrada em vigor)

O presente Decreto Legislativo Presidencial entra em vigor na data da sua publicação.

Apreciado em Conselho de Ministros aos ____ /_____/_____.

Publique-se.

Luanda, aos ________ de __________________ de 2012.

O Presidente da República

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