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ACONTECIMENTOS

Escatológicos
Numa perspectiva Bíblica, Teológica e
Cronológica

Vol. 1

N Costa
Todos os direitos reservados
Copyright © 2020 Neldson Costa

Ebook – NCosta – Olinda Nova - MA


Capa e projeto gráfico: Neldson Costa

CDD: 236 – Escatologia

neldsoncosta.blogspot.com

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neldsoncosta18@gmail.com
SUMÁRIO

Introdução.................................................5
Dedicatória...............................................4

O Arrebatamento da Igreja.................................7

O Tribunal de Cristo.........................................13
As Bodas do Cordeiro.......................................19
A Manifestação de Jesus em Glória..................28

A Destruição do Império do Anticristo.............34


DEDICATÓRIA

A todos os amantes das Sagradas Escrituras que


aguardam zelosa e amorosamente a gloriosa Vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo para arrebatar a sua amada
Igreja, pois esta é a nossa bendita Esperança.
INTRODUÇÃO

Escatologia é uma doutrina fascinante das


Sagradas Escrituras, pois trata de eventos que estão
prestes a acontecer. A palavra Escatologia deriva-se
da junção de dois termos gregos: “eschatos” –
“último”, e “logos” – “palavra”, “discurso”,
“mensagem”. Portanto, a palavra Escatologia, em
resumo, significa: estudos das últimas coisas.
Dentro do campo da escatologia bíblica, devido a
alguns diferentes métodos de interpretação, há muitas
divergências teológicas acerca dos eventos que se
desencadearão a partir da segunda Vinda de Cristo.
Em relação ao Arrebatamento da Igreja, por exemplo,
há três correntes teológicas que divergem quanto ao
“tempo” em que este evento ocorrerá envolvendo a
fase da Grande Tribulação: Pré-Tribulacionismo,
Mesotribulacionismo e Pós-Tribulacionismo (daremos
a definição de cada uma destas correntes no capítulo
1).
Há também três escolas escatológicas divergentes
quanto ao Arrebatamento da Igreja envolvendo o
evento do Reino Milenial de Cristo sobre a terra: Pré-
Milenismo, Amilenismo e Pós-Milenismo (definiremos
a interpretação destas três escolas no capítulo 7).
Dentro do cenário escatológico, há vários
acontecimentos previstos no programa divino que
envolverá diretamente os três povos considerados pela
Bíblia Sagrada, a saber: Judeus, Gentios e Igreja
(cf.1Co11.32). É consentâneo dizermos aqui que de
dois povos (Judeus e Gentios), Cristo fez um novo
povo: a Igreja (cf. Ef 2.14).

Neldson Costa
Olinda Nova – MA, Inverno de 2020

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CAPÍTULO 1

O ARREBATAMENTO DA IGREJA (1Ts 4.16,17)

INTRODUÇÃO

Em se tratando de escatologia bíblica, temos em


ordem cronológica os dez principais acontecimentos:
(1) O Arrebatamento da Igreja (1Ts 4.16,17), (2) O
Tribunal de Cristo (2Co 5.10), (3) As Bodas do
Cordeiro (Ap 19.7-9) e a Grande Tribulação (Mt
24.21, Dn 9.25-27), (4) A Manifestação de Cristo em
Glória (Mt 24.30, Zc 14.1-4), (5) O Fim do Império do
Anticristo (Ap 19.19-21), (6) O Julgamento das
Nações vivas (Mt 25.31-46), (7) O Milênio e a Prisão
de Satanás (Ap 20.1-6), (8) A Revolta de Satanás e
seu Julgamento (Ap 20.7-10), (9) O Juízo Final (Ap
20.11-15) e (10) Novos Céus e Nova Terra (Ap 21-
22).
1. A SEGUNDA VINDA DE CRISTO
Em sua primeira vinda, Cristo morreu para nos
resgatar do domínio do pecado (Rm 6.14), ressuscitou
para a nossa justificação (Rm 4.25) e ascendeu aos
Céus, deixando-nos a promessa de vir pela segunda
vez para buscar a sua igreja (Jo 14.1-3; At 1.11).

1.1 As três correntes teológicas sobre quando a


igreja será arrebatada:

1) Pós Tribulacionismo – ensina que Cristo arrebatará


a igreja somente depois da grande tribulação;

2) Mesotribulacionismo – ensina que Cristo arrebatará


a igreja no meio da grande tribulação (a grande
tribulação perdurará 7 anos, e de acordo com esta
linha teológica, a igreja só será arrebatada após ela
passar por 3 anos e meio na grande tribulação);

3) Pré Tribulacionismo – ensina que a igreja não


passará pelo período da grande tribulação; este ensino
é baseado em 1Ts 1.10 e Ap 3.10.

1.2 A Segunda Vinda é dividida em duas fases:

1a fase – Cristo virá invisível ao mundo, assim como


foi a sua ascensão (cf. At 1.11), para arrebatar a sua
Igreja (1Ts 4.16,17; 1Co 15.52). Nesta ocasião, Ele
ficará “nos ares” aguardando a sua noiva (1Ts 4.17);

2a fase – Cristo virá visível ao mundo (Mt 24.30) para


destruir o império do Anticristo (Ap 19.19-21) e
instalar o seu Reino Milenar (Ap 20.1-6). Nesta
ocasião, os seus pés tocarão na terra (Zc 14.3,4).
8
2. O ARREBATAMENTO
Jesus Cristo sabe o dia do Arrebatamento?
Ao tomar forma humana, Jesus Cristo “aniquilou-
se” (esvaziou-se) a si mesmo, ou seja, abriu mão de
parte de seus atributos divinos (Fl 2.6,7) – porém, não
deixou ser Deus (1Tm 3.16; Cl 2.9). Como Homem,
Jesus sujeitou-se às limitações humanas (Hb 2.14), e
foi nessa condição que Ele declarou não saber quando
se daria o Arrebatamento (cf. Mt 24.36).
Entretanto, após ter ressuscitado dentre os mortos,
Cristo reassumiu seus atributos divinos e declarou: “É-
me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18).
Ele é o todo-poderoso (Ap 1.8). Em apocalipse 3.11;
22.7,12 temos afirmações de Cristo que indicam o seu
pleno conhecimento sobre a sua vinda: “Venho sem
demora”; “presto venho”; “cedo venho”.
Falsas profecias sobre a Volta de Cristo
Houve na história da era cristã, alguns heresiarcas
(pais ou criadores de heresias) que ousaram marcar a
data da vinda de Jesus. Vejamos:
a) Guilherme Miller, fundador do Adventismo do 7 o
Dia, baseado erroneamente em Dn 8.14, marcou a data
da vinda de Jesus para 22 de março de 1843; como
não houve êxito em sua profecia, ele remarcou para 22
de outubro de 1844;
b) Charles Taze Russel, fundador dos TJ
(Testemunhas de Jeová) marcou a vinda de Jesus para
9
o ano de 1914; frustrado, ele remarcou para o ano de
1918;
c) Um “profeta” da Corea do Sul, fundador da Missão
Taberá, marcou a vinda de Jesus para o ano de 1992;
d) Alguns “teólogos” brasileiros, baseados na tomada
de Jerusalém pelos judeus na “Guerra dos Seis Dias”,
marcaram a vinda de Jesus para o ano de 2000;
e) Um Evangelista norte-americano marcou a vinda de
Jesus para o ano de 2010.
Jesus foi muito claro em sua afirmação: “Porém
daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos
céus [eles não são oniscientes] nem o Filho [em sua
humanidade], mas unicamente meu Pai” (Mt 24.36 – o
acréscimo é nosso).
AS DUAS RESSURREIÇÕES
Em Jo 5.29 e em Dn 12.2, temos afirmações sobre
duas ressurreições: 1) a dos justos (vida eterna) e 2) a
dos ímpios (castigo eterno). É interessante notar que
nas duas referências, as duas ressurreições são
colocadas juntas, entretanto, elas não acontecerão
simultaneamente. Cada uma acontecerá a seu tempo.
A ressurreição dos justos acontecerá quando Jesus
voltar para arrebatar a sua igreja (1Ts 4.16).
Já a ressurreição dos ímpios acontecerá somente
após o milênio, ou seja, no Juízo Final (Ap 20.12-15).
É por essa razão que Paulo diz: [...] e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts 4.16 – o grifo é

10
nosso). Por isso é dito em Ap 20.6: “Bem aventurado
e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição;
sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão
sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil
anos”.

COMO ACONTECERÁ O ARREBATAMENTO?

O apóstolo Paulo nos explica claramente como se


dará esse maravilhoso acontecimento:
1- Cristo descerá do céu com alarido (1Ts 4.16) – a
palavra grega para alarido é keleusma, cujo
significado é “voz de comando”. Isso implica dizer
que Cristo, ao descer do céu, dará voz de comando aos
crentes salvos que estiverem mortos para que estes
ressuscitem (Jo 5.28). Assim Ele fez a Lázaro (cf. Jo
11.43).
2- Os mortos ressuscitarão num corpo incorruptível, e
os que estiverem vivos serão transformados (1Co
15.52). Nesse exato momento cumprir-se-á Rm 8.23,
que fala sobre a redenção (libertação) do corpo. Paulo
compartilhou com os coríntios como se dará essa
fenomenal redenção: “Porque convém que isto que é
corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto
que é mortal se revista da imortalidade [...] então,
cumprir-se-á a palavra que está escrita: tragada foi a
morte na vitória” (1Co 15.53,54).
Os corpos terrenos dos santos serão transformados
em corpos celestiais (1Co 15. 49) semelhantes ao
11
corpo de Cristo (1Jo 3.2). A necessidade da
transformação do corpo é explicada em 1Co 15.50.
Após o processo de transformação dos corpos,
todos os santos serão conduzidos à presença de Cristo
nos ares, e assim estaremos sempre com Ele (1Ts
4.17).
MARANATA!

12
CAPÍTULO 2

O TRIBUNAL DE CRISTO (2Co 5.10)

“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal


de Cristo, para que cada um receba segundo o que
tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co
5.10).

INTRODUÇÃO
Após o Arrebatamento da igreja, todos os crentes
salvos hão de comparecer no Tribunal de Cristo. Não
devemos, de maneira alguma, confundir o Tribunal de
Cristo (2Co 5.10) (ocasião em que Ele irá galardoar os
seus servos pelo serviço prestado em sua Obra) com o
Tribunal do Grande Trono Branco (Ap 20.11-14)
(ocasião em que Ele irá julgar os ímpios – Juízo
Final).
No Tribunal de Cristo ninguém será condenado:
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus” [...] (Rm 8.1). Nesse
julgamento o que será levado a juízo não é a nossa
salvação, e sim a nossa condição como servos do
Senhor.
I. O QUE É O TRIBUNAL DE CRISTO?

O Tribunal de Cristo será o lugar onde haverá um


“ajuste de contas” de todas as obras praticadas pelos
crentes na Obra de Deus, cuja finalidade principal é a
premiação dos santos. A palavra grega para tribunal
em 2Co 5.10 é bema.
O bema era uma plataforma utilizada por oradores
(púlpito) e atletas (pódio). Os bemas históricos eram
usados por governantes ou juízes para fazerem
discursos (At 12.21) ou para julgar casos (At 18.12-
17). Nos jogos ístmicos (precursor dos jogos
olímpicos), o árbitro dirigia o evento a partir do bema.
Dele (bema), o juiz podia assistir aos jogos e premiar
os vencedores.

II. QUANDO E ONDE ACONTECERÁ O


JULGAMENTO?
Após o Arrebatamento da igreja, os crentes salvos
serão conduzidos ao Tribunal de Cristo para
receberem a recompensa dos seus feitos em prol da
Obra de Deus. Esta recompensa está associada à
ressurreição dos santos (Lc 14.14), e esta ressurreição
se dará no Arrebatamento (1Ts 4.16). Ou seja, o
Tribunal de Cristo ocorrerá depois do Arrebatamento
(1a fase) e antes da Manifestação de Cristo em Glória
(2a fase).
O Tribunal de Cristo ocorrerá, provavelmente,
ainda nos ares (1Ts 4.17), pois tal acontecimento
14
segue o Arrebatamento. Não devemos afirmar que o
Bema se dará no Céu, pois de lá Cristo descerá para
arrebatar a sua Igreja, e trará consigo o seu galardão.
Veja: “Eis que cedo venho, e o meu galardão está
comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap
22.12).

III. QUEM SERÁ O JUIZ DO BEMA?


Temos algumas referências bíblicas que afirmam
que o próprio Cristo será o Juiz do bema (cf. 2Tm 4.8;
Jo 5.22,23; 2Co 5.1-10; Rm 14.10). Devido à sua
exaltação, Cristo recebeu do Pai todo o Juízo (Jo 5.22;
Fp 2.6-11).

IV. O QUE SERÁ JULGADO?


O propósito do Tribunal de Cristo é determinar se
‘as obras’ de cada crente salvo foram dignas ou não.
Logo, não será a ‘pessoa’ do crente que será julgada,
mas sim seu trabalho ao Eterno. Jesus Cristo, o
Senhor, avaliará as obras de cada crente ao longo de
toda a sua vida cristã: [...] “para que cada um receba
segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem
ou mal” (2Co 5.10).
Assim disse Jesus: “Assim resplandeça a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas
obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”
(Mt 5.16). Paulo, na mesma linha teológica, diz:
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus
para as boas obras, as quais Deus preparou para que
15
andássemos nelas” (Ef 2.10). No Tribunal de Cristo
será revelada a qualidade das nossas obras.
V. COMO AS OBRAS SERÃO JULGADAS?
De acordo com o apóstolo Paulo, o julgamento das
obras será exercido com muita precisão: “E, se
alguém sobre este fundamento formar um edifício de
ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a
obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a
declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo
provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que
alguém edificou nessa parte permanecer, esse
receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar,
sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia
como pelo fogo” (1Co 3.12-15).
Acreditamos que o fogo, que revelará a qualidade
das obras, está intimamente relacionado aos olhos de
Cristo que a tudo perscruta (Ap 1.14), ao Espírito
Santo (Ap 4.5) e à Palavra de Deus, que é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração (Hb
4.12,13).
Os materiais que representam todas as obras:
a) Ouro, prata e pedras preciosas – estes materiais
representam as obras que serão aprovadas e
recompensadas. O ouro representa as obras feitas para
a glória de Deus, ou seja, feitas em Deus e para Deus
(Jo 3.21). A prata, que simboliza a redenção feita por
Cristo (1Pe 1.18; 1Co 6.20), representa as obras feitas
em Cristo e para glorificação de Cristo. Pedras
16
preciosas – que simbolizam os dons e o fruto do
Espírito Santo (1Co 12; Gl 5.22,23) – representam as
obras feitas pelo poder do Espírito (Fp 3.3; Tt 3.5; Jo
4.23).
As obras comparadas a esses três materiais (ouro,
prata e pedras preciosas) serão aprovadas, pois
resistirão ao fogo que avaliará as intenções do coração
do crente. Este receberá de Cristo o seu galardão.
b) Madeira, feno e palha – estes materiais representam
as obras que serão reprovadas e, consequentemente,
não serão galardoadas. A madeira, na Bíblia, é
símbolo das coisas humanas. Ou seja, as obras
comparadas a madeira são trabalhos que certos crentes
fazem buscando a autopromoção, isto é, glória para si
e não para Deus.
No julgamento, tais obras perecerão, afinal de
contas, a madeira não resiste ao poder do fogo. O feno
é o mesmo que capim; é erva seca. São obras feitas
por crentes com a finalidade de terem seus nomes na
mídia. Fazem para aparecer. São obras feitas com
quantidade, mas sem nenhuma qualidade. Estas, ao se
depararem com o fogo, desaparecerão imediatamente.
Quem faz a Obra de Deus para ser aplaudido e
para receber elogios dos homens, não receberão nada
no céu, pois como disse o Mestre: “Em verdade vos
digo que já receberam o seu galardão” (Mt 6.2) aqui
na terra. A palha não se mistura com o trigo (Jr 23.28).
O vento leva com facilidade (Sl 1.4; Jó 21.18).
17
A palha também não resiste à força do fogo. A
palha representa as obras feitas, não com amor, mas
com “segundas intenções”. Obras mortas, sem fé.
Obras feitas sem nenhuma dedicação ou alegria, pois
são feitas negligentemente. As obras comparadas a
esses três tipos de materiais (madeira, feno e palha)
não serão galardoadas. Todavia, os praticantes de tais
obras — mesmo recebendo a reprovação de suas
obras, pois não foi encontrada nenhuma qualidade —
serão salvos, todavia, como que pelo fogo (1Co 3.15).
Os Galardões dos Salvos
A recompensa, como já vimos, será baseada na
perda ou ganho do galardão e não na salvação em si
(Rm 14.12; 1Co 3.14). Haverá vários tipos de
recompensa no Tribunal de Cristo. Vejamos:
1) Coroa da vida (Tg 1.12; Ap 2.10);
2) Coroa da vitória (1Co 9.25);
3) Coroa de glória (1Pe 5.2-4);
4) Coroa de gozo (1Ts 2.19,20; Fp 4.1);
5) Coroa da justiça (2Tm 4.7,8);
6) Galardões de servos (Mt 10.41,42), etc.

Bibliografias
RENOVATO, Elinaldo. O Final de Todas as Coisas – CPAD
LAHAYE, Tim, HINDSON, Ed. Enciclopédia Popular de
Profecia Bíblica – CPAD
BATISTA, Rayfran. O Nosso Cremos - DWE Editora
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CAPÍTULO 3

AS BODAS DO CORDEIRO (Ap 19.9)


“E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que
são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-
me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus”

INTRODUÇÃO
Após a igreja passar pelo Tribunal de Cristo (2Co
5.10), ela será conduzida ao Céu para participar das
bodas do Cordeiro, o casamento entre Cristo e a igreja
(Ef 5.25-27; 2Co 11.2). O noivado entre a igreja e
Cristo deu-se na terra, mas o casamento será celebrado
no Céu (Ap 19.9). A Bíblia registra alguns casamentos
célebres, dentre os quais podemos destacar: o de
Isaque com Rebeca (Gn 24. 58-67), o de Jacó com
Raquel (Gn 29.28-30), o de Boaz com Rute (Rt 4), etc.
No entanto, o mais belo e maravilhoso dos casamentos
ainda está por vir.
I. O NOIVADO NO CONTEXTO BÍBLICO
Nos tempos bíblicos, o noivado durava 12 meses
(1 ano). Durante esse interregno o noivo preparava a
casa (Jo 14.1-3) e a noiva preparava o enxoval. Para
que o noivado fosse consolidado, era necessário o
pagamento de um dote conforme os registros bíblicos
abaixo:
a) Abraão pagou o dote para a família de Rebeca, que
seria a esposa de seu filho Isaque (Gn 24.53);
b) Davi pagou, a pedido do rei Saul, o dote de 100
prepúcios de filisteus (1Sm 18.25);
c) Jacó pagou o dote a Labão trabalhando 14 anos por
suas duas filhas, Leia e Raquel (Gn 31.41), etc.
Jesus Cristo também pagou o dote pela sua amada
noiva (cf. 1Co 6.20; 1Pe 1.18,19). Após a realização
do contrato pré-nupcial, o noivo voltava para a casa do
seu pai no afã de preparar uma casa para sua futura
esposa. Daí, entendemos as palavras de Jesus em Jo
14.1-3. O noivo só voltava para buscar a sua noiva
quando tudo já estava preparado (Jo 14.3; Mt 22.4).

I. O CASAMENTO NO CONTEXTO BÍBLICO


O casamento nos tempos bíblicos, também
envolvia os trajes a serem usados. A noiva era
praticamente adornada como uma rainha (Ap 21.2).
Depois de banhada, a noiva tinha os cabelos trançados
com todas as pedras preciosas que a família possuía ou
podia pedir emprestado (Sl 45.14,15; Is 61.10; Ez
16.11,12). As moças, que a ajudavam a vestir-se,
permaneceriam ao seu lado como “companheiras”. O
noivo também se vestia com elegância e se adornava
com jóias (Is 61.10), sendo acompanhado pelo seu
amigo (Jo 3.29).
O noivo saia com uma grande procissão de sua
casa para buscar a noiva na casa dos pais dela. Nesse
ponto, a noiva usava um véu. Em certo momento, o
20
véu era removido e colocado sobre o ombro do noivo,
e feita a seguinte declaração: “O governo está sobre os
seus ombros”. E assim, era consumado o casamento.
III. AS BODAS DO CORDEIRO
Quando do arrebatamento, Cristo Jesus clamará à
sua amada noiva: “Levanta-te querida minha, formosa
minha e vem” (Ct 2.10). Cristo, após o Bema,
conduzirá a sua noiva para o seu novo lar (Jo 14.1-3).
De acordo com Jr 16.9, enquanto o noivo e a noiva
iam se aproximando do novo lar para celebrarem as
bodas, havia cânticos ao longo do caminho.
Quando Cristo entrar triunfalmente com a sua
noiva no Céu, uma grande voz de uma grande
multidão ecoará: “Aleluia! Salvação, e glória, e honra,
e poder pertencem ao Senhor, nosso Deus” (Ap 19.1).
Depois que a Igreja entrar no Céu para as bodas, a
“Porta da Graça” se fechará para àqueles que foram
convidados, mas que rejeitaram deliberadamente o
convite de Cristo (cf. Mt 25.10-12; Mt 22.2-8).
O adorno da Noiva
Chegando ao Céu, a noiva será totalmente
adornada (cf. Sl 45.7-15; Ez 16.10-14). A Igreja será
vestida de linho fino, puro e resplandecente (Ap 19.8).
Suas vestes cheiram a mirra (resina odorífera extraída
da planta burserácea), a aloés (resina odorífera
extraída de plantas liliáceas) e a cássia (resina
odorífera extraída de plantas da família leguminosa
que pertencem às acácias) (Sl 45.8).
21
A Igreja exalará sobre si o bom cheiro do seu
amado (2Co 2.15). Para apresentar-se ao noivo para o
casamento, a igreja se encontrará “gloriosa, sem
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível” (Ef 5.27).
A Noiva diante do Pai e dos anjos – o casamento
Após se encontrar extremamente formosa, a noiva
será conduzida por Cristo à presença do Pai e dos
anjos (Mt 10.32; Ap 3.5; Ef 5.27), e assim terá inicio
ao casamento (Ap 19.7).
No ato do casamento, a noiva será coroada pelo
noivo (cf. Ez 16.12). É interessante notar que a partir
de Ap 19.7, a igreja não é mais chamada de “noiva”,
mas sim de “esposa”, isto é, o casamento já teve a sua
consumação.
A ceia das Bodas do Cordeiro
Depois da consumação do casamento, é feito um
convite para a ceia das bodas do Cordeiro: “Bem-
aventurados aqueles que são chamados à ceia das
bodas do Cordeiro” [...] (Ap 19.9). Nesse exato
momento o Esposo conduzirá a sua amada esposa à
sala do banquete (cf. Ct 2.4). Nessa sala entoar-se-ão
cânticos de adoração ao Cordeiro (Ap 5.9-11). Todos
os santos do AT e do NT estarão reunidos à mesa com
Abraão, Isaque e Jacó (Mt 8.11), e todos serão
“servidos” pelo próprio Cristo (Lc 12.37) em
cumprimento do que Ele havia dito em Mt 26.29: “E
digo-vos, desde agora, não beberei deste fruto da vide
22
até àquele Dia em que o beba de novo convosco no
Reino de meu Pai”.
As festas de casamento nos períodos bíblicos, no
geral, duravam sete dias (cf. Jz 14.12). Isto significa
dizer que, dentro do tempo dos homens (chronos), as
bodas do Cordeiro perdurarão sete anos. Enquanto a
igreja celebra nos céus as bodas com o seu amado
esposo, o mundo estará passando pelo período da
Grande Tribulação.
IV. A GRANDE TRIBULAÇÃO (Mt 24.21) –
Parte 1
“Porque haverá, então, grande aflição. Como nunca
houve desde o princípio do mundo até agora, nem
tampouco haverá jamais”
Enquanto a Igreja celebra as bodas do Cordeiro no
Céu, o mundo, simultaneamente, estará enfrentando o
período da Grande Tribulação. Este será o período
mais terrível da História da humanidade, pois Deus
derramará o seu Juízo sobre àqueles que rejeitaram o
seu Filho amado como Salvador e Senhor e que, por
sua vez, desprezaram também a sua bendita Palavra.
V. O QUE É A GRANDE TRIBULAÇÃO?
O AT e o NT referem-se a esse período por
diversos nomes, como “Tempo da angústia de Jacó”
(Jr 30.7), “Dia do Senhor” (Is 13.9-13), “Dia da
Vingança” (Is 61.2), “Tempo de Angústia” (Dn 12.1),
“Ira Futura” (1Ts 1.10), “Grande Aflição” (Mt 24.21),
“Hora da Tentação” (Ap 3.10), etc.
23
AS 70 SEMANAS DE DANIEL
O período da Grande Tribulação terá, literalmente,
sete anos de duração. Para entendermos melhor sobre
este período de duração (7 anos), precisamos recorrer
ao livro do profeta Daniel 9.24-27 (por favor, leia).
Foi revelado ao profeta Daniel que os acontecimentos
previstos nos versos 23-27 se dariam em 70 semanas.
Em se tratando de profecia bíblica, um dia equivale a
um ano (cf. Nm 14.34; Ez 4.6). Teremos então 7x70 =
490 (o 7 equivale aos dias de uma semana). O período
das 70 semanas está dividido em 3 partes. Analisemos
a primeira:
“Sabe e entende: desde a saída da ordem para
restaurar e para edificar Jerusalém, até o Messias, o
Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as
ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos
angustiosos” (v.25).
De acordo com o teólogo Antonio Gilberto, essa
ordem para restaurar e edificar Jerusalém, foi dada por
Artaxerxes a Neemias no ano 445 a.C. (Ne 2). Essa
obra foi concluída no ano 396 a.C. (a conclusão do
trabalho está no livro de Esdras). Entre esses dois
períodos temos 49 anos, que equivale a “sete
semanas”. Analisemos a seguir a segunda parte:
“E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o
Messias, e não será mais” (v.26).
Agora temos 62x7 que equivale a 434 anos. Desde
o decreto para a restauração de Jerusalém até a entrada
24
triunfal de Jesus, o Messias, em Jerusalém (Mt 21)
passaram-se exatamente 483 que equivalem a 69
semanas (62x7 =483). Para completar as 70 semanas
reveladas a Daniel, falta apenas uma semana, ou seja,
7 anos (1x7=7). Aqui temos, agora, a terceira parte da
divisão:
“E ele firmará um concerto com muitos por uma
semana [que equivale a sete anos]; e, na metade da
semana [equivale a três anos e meio], fará cessar o
sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das
abominações virá o assolador, e isto até a
consumação; e o que está determinado será
derramado sobre o assolador” (v.27 – o acréscimo é
meu).
De acordo com os cálculos, já se passaram 69
semanas. A semana que resta para completar as 70 se
dará no período da Grande Tribulação (7 anos).
Devido à era da Igreja, o “relógio” divino fez uma
pausa, ou seja, já se passaram mais de dois milênios.
Quando, porém, Cristo arrebatar a sua Igreja, o
“relógio” voltará a funcionar, e as 70 semanas da
profecia de Daniel cumprir-se-á cabalmente.

VI. MANIFESTAÇÃO DA FALSA TRINDADE


SATÂNICA
No período da Grande Tribulação, o Diabo terá
permissão para dominar sobre a terra. Após a Igreja
ser arrebatada, Satanás será precipitado de onde está
hoje – nas regiões celestiais (Ef 2.2; 6.12). Em Ap 12.
25
7-9, 12, fala como se dará essa precipitação do Diabo
e suas hostes. É importante notar que essa batalha não
acontecerá no Céu (morada de Deus) e sim nas regiões
celestiais (céu estratosférico).
De acordo com Ap 16.13, duas Bestas — uma que
sobe do mar (Ap 13,1-10), e outra que emerge da terra
(Ap 13.11-18) — se aliarão ao Diabo para enganar e
destruir os moradores da terra. De início, o Diabo trará
a Israel e as demais nações uma falsa paz. Essa falsa
paz está representada no cavalo branco e no
personagem encontrados em Ap 6.2. (contrastar com o
cavaleiro de Ap 19.11-16).
A tríade satânica (o Antideus, o Anticristo e o
Antiespírito) implantará uma falsa paz mundial (cf.
1Ts 5.3). O Anticristo, por causa dos seus feitos (cf.
2Ts 2.9), será intensamente adorado (Ap 13.12). Ele
fará ainda uma aliança com Israel durante os sete anos
(Dn 9.27).
Na metade dos sete anos, o Anticristo entrará no
Templo em Jerusalém (hoje este Templo não existe,
mas ele será reconstruído novamente. Inclusive,
rabinos judeus afirmam que já há recursos sendo
angariados para a reconstrução do mesmo), e se
autodenominará divino, ou seja, proclamará ser ele o
próprio Deus (cf. 2Ts 3,4).
Isso causará um grande impacto nos judeus. Pois
eles não assimilam a ideia de um ser humano se
autodenominar divino. Eles, por várias vezes, tentaram
apedrejar Jesus por afirmar ser o Filho de Deus (cf. Jo
26
5.18). Mediante a tal atitude, Israel quebrará a aliança
com o Anticristo, e isso causará grande ira na tríade
satânica. Acontecerão coisas horrendas nos últimos
três anos e meio...

27
CAPÍTULO 4

A MANIFESTAÇÃO DE JESUS EM GLÓRIA

“Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do


Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e
verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do
céu, com poder e grande glória” (Mt 24.30)

INTRODUÇÃO
Após o período da Grande Tribulação, Jesus Cristo
voltará para implantar o seu Reino Milenial sobre a
terra. Na primeira fase da Segunda Vinda, Cristo virá
“para os seus” (1Ts 4.17); já na segunda fase de sua
vinda, Cristo virá “com os seus” (1Ts 3.13; Cl 3.4). Na
primeira fase, Jesus Cristo virá “como o ladrão” (Mt
24.42,43), sendo visto apenas pela Igreja. Na segunda
fase, Ele virá de forma deslumbrante à vista de todos
os habitantes da terra (Ap 1.7; Mt 24.30).
I. A MANIFESTAÇÃO GLORIOSA DE CRISTO

Devido ao rompimento com o Anticristo, Israel


será ferrenhamente perseguido por este (leia 1Ts 2.4;
Dn 9.27). O Anticristo decretará guerra contra o povo
de Israel; nessa ocasião, muitas nações estarão aliadas
ao déspota mundial. Os exércitos da Besta se unirão
contra o povo de Deus (Israel) na planície do
Armagedom. Vejamos o que profetizou Zacarias a
respeito de tal acontecimento:
“E acontecerá, naquele dia, que farei de Jerusalém
uma pedra pesada para todos os povos; todos os que
carregarem com ela certamente serão despedaçados,
e ajuntar-se-ão contra ela todas as nações” (Zc 12.3).
“E acontecerá, naquele dia, que procurarei destruir
todas as nações que vierem contra Jerusalém” (Zc
12.9).
“Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja
contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas
serão saqueadas, e as mulheres, forçadas; e a metade
da cidade sairá para o cativeiro, mas o resto do povo
não será expulso da cidade. E o Senhor sairá e
pelejará contra estas nações, como pelejou no dia da
batalha” (Zc 14.2,3).
Temos ainda uma forte luz em Ap 16.13,14 e 16
sobre este acontecimento profético:
“E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca
do falso profeta vi saírem três espíritos imundos,
semelhante a rãs, porque são espíritos de demônios,
29
que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos
reis de todo o mundo para os congregar para a
batalha, naquele grande Dia do Deus Todo-Poderoso.
E os congregaram no lugar que em hebreu se chama
Armagedom”.

O termo Armagedom, de acordo com o Dicionário


Wycliffe, “é interpretado normalmente como o “monte
(heb. har) Megido”. O caminho de Megido conduz ao
monte Carmelo, que foi o cenário de muitas batalhas
famosas. Quando Israel estiver cercado pelas nações
inimigas, cumprir-se-á Mt 24.30.
De acordo com o profeta Zacarias, Jesus descerá
sobre o monte das Oliveiras (o mesmo lugar onde Ele
ascendeu aos céus), e nessa ocasião — quando Ele
tocar no monte com os seus pés — o monte se fenderá
causando um grande vale (Zc 14.4); e é exatamente
nesse vale que ocorrerá a Vingança do Todo-Poderoso
(Mq 5.15; Is 63.4), cumprindo assim as palavras do
profeta Joel:

“Congregarei todas as nações e as farei descer ao


vale de Josafá; e ali com elas entrarei em juízo, por
causa do meu povo e da minha herança, Israel, a
quem eles espalharam entre as nações, repartindo a
minha terra” (Jl 3.2)
30
II. ISRAEL RECONHECE QUE JESUS É O
FILHO DE DEUS
Quando se manifestou em carne, Jesus Cristo foi
rejeitado por Israel (cf. Jo 1.11). Entretanto, após a sua
descida gloriosa no monte das Oliveiras em socorro do
seu povo, Jesus será reconhecido por Israel, e desta
vez haverá um grande arrependimento por parte desta
nação. Vejamos o que profetizou Zacarias:
“E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de
Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de
súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram;
e o prantearam como quem prateia por um unigênito;
e chorarão amargamente por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito. Naquele dia, será
grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de
Hadada-Rimom no vale de Megido” (Zc 12.10,11).
Tudo indica que uma das coisas pela qual Cristo
será reconhecido por Israel, serão as marcas dos
cravos nas mãos e nos pés (cf. Zc 13.6). Ao ver Cristo
vindo em seu socorro, o povo de Israel então cantará
com grande alegria esta sacra canção:
“Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt 23.39).

Quem sabe se parte do Salmo 46 não se enquadra


nesse grande acontecimento?! Veja:
31
“Deus está no meio dela; não será abalada; Deus a
ajudará ao romper da manhã. As nações se
embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a
sua voz e a terra se derreteu. O Senhor dos Exércitos
está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
Vinde, contemplai as obras do Senhor; que desolações
têm feito na terra! Ele faz cessar as guerras até o fim
da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os
carros no fogo. Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus;
serei exaltado sobre a terra. O Senhor dos Exércitos
está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (Sl
46.5-11).
Nessa ocasião cumprir-se-á também as palavras do
profeta Joel em relação à conversão de Israel:
“E há de ser que todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo; porque no monte de Sião haverá
livramento, assim como o Senhor tem dito, e nos
restantes que o Senhor chamar” (Jl 2.32)

O retrato da grande batalha do Armagedom está


registrado em Apocalipse 19.11-21; 14.20 (leia as
referências citadas). Após a grande batalha do
Armagedom, haverá três prisões:

1 - As almas das nações destruídas por Cristo, na


ocasião da batalha do Armagedom, irão ser lançadas
32
no Hades (inferno prisão – Lc 16.23) até o Julgamento
Final (Ap 20.11-15). No Julgamento do Trono Branco,
essas almas serão lançadas no Geena (inferno
Penitenciária ou Lago de Fogo e Enxofre – Ap 20.15).
2 – O Anticristo e o falso profeta serão lançados no
Geena (lago de fogo). Estes dois irão inaugurar o
“inferno dos infernos” (Ap 19.19,20).
3 – O Diabo será preso no abismo (este não é o
inferno propriamente dito – o Geena) por um período
de mil anos (Ap 20.1-3). Em relação ao poço do
abismo leia Jd 6; 2Pe 2.4; Lc 8.31.
Somente depois destes acontecimentos é que
Cristo irá instalar na terra o seu Governo Milenial.

33
CAPÍTULO 5

A DESTRUIÇÃO DO IMPÉRIO DO
ANTICRISTO

“E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que


diante dela, fizera os sinais com que enganou os que
receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem.
Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de
fogo e de enxofre” (Ap 19.20).

INTRODUÇÃO
Jesus Cristo, de acordo com Mt 24.30, virá do céu
com poder e grande glória. Nessa ocasião, Ele será
visto por todas as nações. Na primeira vinda, Ele veio
humilde; na segunda vinda, Ele virá cheio de glória.
Na primeira vinda, Cristo foi humilhado; na segunda,
Ele virá exaltado. Na primeira vinda, Ele veio como o
servo sofredor; na segunda, Cristo virá como o Rei
dos reis e Senhor dos senhores. Na primeira vinda,
Cristo montou num simples jumentinho; na segunda,
Ele virá glorioso e montado em um cavalo branco. Na
primeira vinda, Jesus foi exposto ao vitupério; na
segunda vinda, Ele virá para prestar contas com todos
os homens impenitentes, e consequentemente dar fim
ao império do Anticristo.
I. O ANTICRISTO
O império do Anticristo terá a duração de sete
anos. Ao emergir, a Besta fará com que a nação
hebraica acredite ser ela o Messias prometido.
Como já sabemos, muitos hebreus não acreditaram no
messiado de Cristo (cf. Jo 1.11). Ou seja, a nação
israelita ainda aguarda a vinda do Messias (Jo 5.43).
Quando o Anticristo se manifestar sob “a eficácia
de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios de
mentira, e com todo engano da injustiça (2Ts 2.9,10),
persuadirá Israel, e este o seguirá. Jesus já havia
previsto isso: “Eu vim em nome do meu Pai, e não me
aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse
aceitareis” (Jo 5.43).
De acordo com Mal Couch, “o Anticristo deverá
ser o mais poderoso e repulsivo ser humano sobre a
terra. Ele agirá como ferramenta do Diabo para a
destruição física e espiritual da humanidade”1.
Champlin diz que “O nome anticristo, sem dúvida
alguma, tem a idéia moderna normal emprestada ao
35
termo anti, ou seja, contra, e não em lugar de, que é
um sentido que o grego pode ter, mas que não é
tencionado neste caso. Naturalmente, em certo
sentido, também se pode aceitar a idéia de
substituição, pois a lealdade que a nação de Israel e
outros deveriam prestar a Cristo, será recebida
temporariamente pelo anticristo” 2.
O Anticristo é chamado de “a Besta” 32 vezes no
livro do Apocalipse. A palavra “besta”, do grego
therion , significa “fera selvagem”. Definindo também
a personalidade do Anticristo, Antonio Gilberto diz
que ele “será uma personagem de uma habilidade e
capacidade desconhecidas até hoje. Será o maior líder
de toda a história; acima mesmo de qualquer famoso
general ou governante mundial conhecido.
Sua sabedoria e capacidade serão sobrenaturais,
quando considerados à luz do relato bíblico. Além da
ação diabólica direta, outros fatores contribuirão
decisivamente para a implantação do governo do
Anticristo, como poderio bélico, alta tecnologia e
poder econômico”3.
O Anticristo é conhecido também como “o homem
do pecado”, “o filho da perdição”, “o iníquo” (2Ts
2.3,8), “o príncipe que há de vir” (Dn 9.26), e o
“chifre pequeno” (Dn 7.8).
36
II. OBJETIVOS DA VINDA DE JESUS EM
GLÓRIA
Ele virá para castigar os ímpios
De acordo com Judas, o meio irmão do Senhor,
Cristo virá “para fazer juízo contra todos os ímpios,
por todas as suas obras de impiedade que impiamente
cometeram e por todas as duras palavras que ímpios
pecadores disserem contra Ele” (Jd 15).
Ele virá para livrar Israel do extermínio
Quando Jesus voltar em glória, os judeus estarão
no auge de sua maior agonia. Os exércitos belicosos
do Anticristo se reunirão, e cercarão o povo de Deus
no vale do Armagedom (Ap 16.16 – este vale é
chamado de vale de Megido (Zc 12.11), vale de Josafá
(Jl 3.2) e também vale da Decisão (Jl 3.14)) na
tentativa de destruí-los definitivamente. Jesus virá em
socorro do seu povo (cf. Zc 14.3-5).
Ele virá para julgar as “nações vivas”
Jesus irá julgar todas as nações que se levantarão
contra Israel no dia da batalha do Armagedom (Jl
3.2,12,14; Zc 12.3; Mt 25.41-46).
Esse julgamento está bem detalhado em Mateus
25.31-46. As nações que lutarão a favor de Israel são
comparadas com “ovelhas” (v.33); estas receberão de
37
Cristo o privilégio de participarem do Milênio (v.34);
já as nações que pelejarão contra Israel são
comparadas com “bodes” (v.33); estas irão para o
“tormento eterno” (v.46). Os “pequeninos irmãos”
(v.40) são o povo de Israel.
Ele virá para destruir o poder da tríade satânica – o
Anticristo, o Falso Profeta e o Diabo
Cristo virá montado em um cavalo branco
acompanhado pelo seu belicoso exército celestial para
vencer a tríade satânica. João contemplou, de
antemão, esse glorioso dia. Vejamos:

“E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que


estava assentado sobre ele chama-se Fiel e
Verdadeiro e julga e peleja com justiça. E os seus
olhos eram como chamas de fogo; e sobre a sua
cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome
escrito que ninguém sabia, senão ele mesmo. E estava
vestido de uma veste salpicada de sangue, e o nome
pelo qual se chama é a Palavra de Deus. E seguiam-
no os exércitos que há no céu em cavalos brancos e
vestidos de linho fino, brando e puro. E da sua boca
saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações;
e ele as regerá com vara de ferro e ele mesmo é o que
pisa o lagar do vinho do furor e da ira de Deus Todo-

38
Poderoso. E na veste e na coxa tem escrito este nome:
REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES. E vi um
anjo que estava no sol, e clamou com grande voz,
dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu:
Vinde e ajuntai-vos à ceia do grande Deus, para que
comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a
carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que
sobre eles se assentam, e a carne de todos os homens,
livres, pequenos e grandes. E vi a besta, e os reis da
terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem
guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e
ao seu exército. E a besta foi presa e, com ela, o falso
profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que
enganou os que receberam o sinal da besta e
adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados
vivos no ardente lago de fogo e enxofre. E os demais
foram mortos com a espada que saía da boca do que
estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se
fartaram das suas carnes” (Ap 19.11-21).

Esta será a maior de todas as batalhas. O juízo de


Cristo sobre a Besta e seus seguidores será tão
aterrorizante que eles clamarão pela morte (cf. Ap
6.15-17). Comentando sobre essa grande batalha,
Bergstén diz que “quando o Anticristo vir Jesus e o
exército celestial vindo ao encontro, todos em cavalos
39
brancos, se encherá de ódio e furor e convocará os
seus exércitos para combater contra Jesus (cf. Ap
19.19).

Jesus aceitará esse desafio (cf. Ap 17.14). Então


se cumprirá a primeira profecia da Bíblia acerca dos
acontecimentos dos últimos dias, pois Enoque, o
sétimo depois de Adão, viu a Jesus chegando com
milhares de santos para fazer justiça e castigar os
ímpios (cf. Jd 14,15)”4.
O referido autor argumenta ainda que esse será “o
momento em que o império universal do Anticristo
será esmiuçado pela pedra cortada sem mãos (cf. Dn
2.44,45). E essa pedra é Jesus (cf. At 4.12). Esse será
o dia da vitória do Messias sobre aqueles que se
levantam contra Ele (cf. Sl 2.1-12).
O Senhor sairá contra o Anticristo como um fogo,
e os seus carros como uma tempestade (cf. Is
66.15,16). Ele brandirá a sua foice (cf. Jl 3.13; Ap
14.17,18). Ele vem para limpar a sua eira (cf. Mq
4.12,13; Mt 3.12; Sl 110.5,6)”5.

Serão tantas mortes, que os judeus levarão sete


meses para sepultar os cadáveres (cf. Ez 39.12-17).
Nesse período, todas as armas serão destruídas (Is 2.4;
Mq 4.3).
40
III. CRISTO VERSUS AS NAÇÕES ÍMPIAS, O
ANTICRISTO, O FALSO PROFETA E O DIABO
Cristo versus Nações ímpias
Como já vimos, as nações ímpias serão destruídas
(Ap 19.21) e lançadas no hades (gr. ά҆δης = inferno
prisão – cf. Lc 16.22,23), onde aguardarão o Tribunal
do Trono Branco (Ap 20.11-13). Depois da sentença
condenatória no Juízo Final, os ímpios serão lançados
no Geena (gr. γέννα) ou Lago de Fogo e Enxofre
(inferno penitenciária – Ap 20.12-15).
Cristo versus Anticristo e o Falso Profeta
O Anticristo e o Falso Profeta serão os primeiros a
inaugurarem o Geena ou Lago de Fogo e Enxofre. Os
ímpios mortos já encontram-se no inferno Hades, no
entanto, o inferno Geena ainda encontra-se vazio.
Cristo, de acordo com o apostolo Paulo, vencerá o
Anticristo apenas com o “sopro da sua boca e com o
esplendor da sua vinda” (2Ts 2.8).
Após a vitória de Cristo sobre o Anticristo e o
Falso Profeta, estes dois serão lançados vivos no Lago
de Fogo e Enxofre: “E a besta foi presa e, com ela, o
falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que
enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram
a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no
ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap 19.20).
41
É importante observar que os dois falsários serão
lançados diretamente no Geena ou lago de fogo e
enxofre (inferno penitenciária), e não no hades
(inferno delegacia). Os que se encontram no hades, no
dia do Juízo Final, sairão para enfrentar o Justo Juiz
no STTB (Supremo Tribunal do Trono Branco). Ali,
eles receberão a justa sentença, e serão lançados no
Geena, onde já estarão o Anticristo e o Falso Profeta
(Ap 20.15).

Cristo versus Diabo


Para instalar o seu Reino Milenar na terra, Cristo
irá fazer primeiramente uma limpeza sobre ela. Como
já vimos, as nações ímpias serão “varridas” para o
hades, e o Anticristo e o Falso Profeta serão
“varridos” para o Geena.
Chegará também a vez de Belial (o Diabo). Cristo
ordenará a um poderoso anjo, o qual descerá do céu
com a chave do abismo (Ap 1.18; 9.1) e uma cadeia
em sua mão, e prenderá nela o Diabo, lançando-o
agrilhoado no poço do abismo (Ap 20.1,2).
Nesse outro inferno (gr. abussos = abismo sem
fundo) que é totalmente diferente do Hades e do
Geena, Satanás ficará preso e amarrado durante mil
anos (Ap 20.1-3). Desse modo, a terra estará

42
totalmente limpa para receber o Reino Milenial de
Cristo.
Quero aqui, à título de informação, dizer que no
inferno Geena ou lago de fogo e enxofre, que ainda se
encontra vazio, serão lançados o Anticristo e o falso
profeta (Ap 19.20), o Diabo (Ap 20.10), a morte e o
inferno (hades) (Ap 20.14), e todos que não tiverem
seus nomes escritos no livro da vida (Ap 20.15).
Como bem disse o autor anônimo da carta aos
Hebreus: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deu
vivo” (Hb 10.31).

NOTAS
1
Enciclopédia Popular de profecia Bíblica, p.104
2
CHAMPLIN, R. Norman. Enciclopédia de Bíblia,
Teologia e Filosofia, p. 181
3
GILBERTO, Antonio. O Calendário da Profecia, p.48.
4
BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática, p.350
5
Ibidem, p.350

43
Dentro do cenário escatológico, há vários
acontecimentos previstos no programa divino que
envolverá diretamente os três povos considerados pela
Bíblia Sagrada, a saber: Judeus, Gentios e Igreja
(cf.1Co11.32). É consentâneo dizermos aqui que de
dois povos (Judeus e Gentios), Cristo fez um novo
povo: a Igreja (cf. Ef 2.14).

Neldson Costa – é Diácono, Missionário,


Bacharel em Teologia pela Faculdade
HOKEMÃH – FATEH, Escritor (autor dos
livros: O Plano Divino da Salvação, A Igreja
e Suas Sete Lâmpadas e A Verdadeira
Adoração), Blogueiro, casado com Gilmara da S. Mendes
Costa, com quem tem duas filhas: Lanna Sahra M. Costa e
Hanna Hadassa M. Costa

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