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🪐Sciens-Cripto🌑

Guia completo para iniciantes sobre Finanças


Descentralizadas (DeFi) Pt.2
Na parte 1 do guia você aprendeu a base das finanças descentralizadas, uma introdução mais leve
acerca deste complexo tema. Mas atenção, se você ainda não leu a primeira parte, acesse o canal o
canal do telegram (https://t.me/SciensCripto) e baixe a arquivo (ele esta nos fixados).Boa leitura!
Quais são os potenciais casos de uso do DeFi?
Empréstimos
Os protocolos de empréstimo aberto são um dos tipos mais populares de aplicações que fazem parte
do ecossistema DeFi. Os empréstimos abertos e descentralizados apresentam muitas vantagens
sobre o sistema de crédito tradicional como liquidação instantânea de transações, garantia de ativos
digitais, nenhuma verificação de crédito e possibilidade de padronização no futuro.
Como esses serviços de empréstimo são construídos em blockchains públicas, eles minimizam a
quantidade de confiança necessária e garantem os métodos de verificação criptográfica. Mercados
de empréstimos na blockchain reduzem o risco de contraparte e fazem com que os empréstimos
sejam mais baratos, mais rápidos e estejam disponíveis para mais pessoas.
Serviços bancários monetários
Como as aplicações DeFi são, por definição, aplicações financeiras, os serviços bancários
monetários são um óbvio caso de uso para elas. Dentre esses serviços podemos incluir a emissão de
stablecoins (moedas estáveis), hipotecas e seguros.
À medida que a indústria blockchain amadurece, existe um foco maior na criação de stablecoins.
Elas são um tipo de criptoativo normalmente vinculado a um ativo do mundo real, mas que pode ser
transferido digitalmente com relativa facilidade. Como os preços das criptomoedas podem flutuar
muito rapidamente, as stablecoins descentralizadas podem ser adotadas para uso diário como um
dinheiro digital que não é emitido nem monitorado por uma autoridade central.
Principalmente por conta do número de intermediários que precisam ser envolvidos, o processo de
obtenção de uma hipoteca é caro e demorado. Com o uso de contratos inteligentes, as taxas legais e
de subscrição podem ser reduzidas significativamente.
Os seguros na blockchain poderiam eliminar a necessidade de intermediários e permitir a
distribuição dos riscos entre muitos participantes. Isso pode resultar em prêmios menores mas com
a mesma qualidade de serviço.
Mercados descentralizados
Essa categoria de aplicações pode ser muito difícil de avaliar, pois é o segmento de DeFi que
oferece mais espaço para inovação financeira.
Indiscutivelmente, algumas das aplicações DeFi mais cruciais são as exchanges descentralizadas
(DEX). Essas plataformas permitem que os usuários negociem ativos digitais sem a necessidade de
um intermediário confiável (a exchange) para manter seus fundos. As trades são feitas diretamente
entre carteiras de usuários com a ajuda de contratos inteligentes.
Como exigem muito menos trabalho de manutenção, as exchange descentralizadas geralmente têm
taxas de trading mais baixas do que as exchanges centralizadas.
A tecnologia Blockchain também pode ser usada para emitir e consentir a propriedade de vários
instrumentos financeiros convencionais. Essas aplicações funcionariam de maneira descentralizada,
eliminando pontos únicos de falha e a necessidade de usuários custodiantes.
As plataformas de emissão de tokens de segurança, por exemplo, podem fornecer as ferramentas e
os recursos para emissores lançarem títulos tokenizados na blockchain com parâmetros
personalizáveis.
Outros projetos podem permitir a criação de derivativos, ativos sintéticos, mercados de previsão
descentralizados e muito mais.

Qual o papel dos contratos inteligentes no DeFi?


A maioria das aplicações de finanças descentralizadas envolve a criação e execução de contratos
inteligentes. Enquanto um contrato comum usa terminologia legal para especificar os termos do
relacionamento entre os participantes de um contrato, o contrato inteligente usa código
computacional.
Como seus termos são escritos em código de computador, os contratos inteligentes também têm a
capacidade exclusiva de impor esses termos por meio de códigos. Isso permite a execução e
automação confiáveis de um grande número de processos de negócios que atualmente exigem
supervisão manual.
O uso de contratos inteligentes é mais rápido, fácil e reduz o risco para ambas as partes. Por outro
lado, contratos inteligentes também introduzem novos tipos de riscos. Como o código de
computador é propenso a ter bugs e vulnerabilidades, o valor e as informações confidenciais
bloqueadas nos contratos inteligentes podem estar em risco.

Quais os desafios enfrentados pelo sistema DeFi?


• Baixo desempenho: blockchains são mais lentas que suas contrapartes centralizadas e isso
se reflete nas aplicações criadas sobre elas. Os desenvolvedores de aplicações DeFi precisam
levar em conta essas limitações e otimizar seus produtos adequadamente.
• Alto risco de erro de usuários: aplicações DeFi transferem a responsabilidade dos
intermediários para o usuário. Este pode ser um aspecto negativo para muitos. Projetar
produtos que minimizem o risco de erro do usuário é um desafio particularmente difícil
quando os produtos são implantados em blockchains imutáveis.
• Má experiência do usuário: atualmente, o uso de aplicações DeFi requer um esforço
adicional por parte do usuário. Para que aplicações DeFi sejam um elemento central do
sistema financeiro global, elas devem fornecer um benefício tangível que incentive os
usuários a migrar do sistema tradicional para o novo sistema.
• Ecossistema desorganizado: encontrar a aplicação mais adequada para um caso de uso
específico pode ser uma tarefa muito difícil e os usuários precisam ter a capacidade de
encontrar as melhores opções. O desafio não é apenas construir as aplicações, mas também
pensar em como elas se encaixam em um ecossistema DeFi mais amplo.

Qual é a diferença entre DeFi e Open Banking?


O sistema bancário aberto (Open Banking) refere-se a um sistema bancário no qual os prestadores
de serviços financeiros terceirizados recebem acesso seguro aos dados financeiros através de APIs.
Isso possibilita a existência de uma rede de contas e dados incluindo bancos e instituições
financeiras não bancárias. Essencialmente, isso possibilita novos tipos de produtos e serviços no
sistema financeiro tradicional.
O DeFi, no entanto, propõe um sistema financeiro totalmente novo, independente da infraestrutura
atual. O sistema DeFi também é conhecido como open finance (finanças abertas).
Por exemplo, o sistema bancário aberto pode permitir o gerenciamento de todos os instrumentos
financeiros tradicionais em uma única aplicação, extraindo dados de vários bancos e instituições de
forma segura.
Por outro lado, as finanças descentralizadas poderia permitir o gerenciamento de novos
instrumentos financeiros e novas maneiras de interagir com eles.

Críticas
As transações que acontecem em uma blockchain são irreversíveis, o que significa que se uma
transação incorreta for consolidada em uma plataforma DeFi, ou até mesmo se um contrato
inteligente for executado com erros em seu código, nem sempre será possível corrigir facilmente.
Erros de programação e ataques cibernéticos são comuns. Em 2020, uma plataforma conhecida
como Yam Finance recebeu 750 milhões de dólares em depósitos logo antes de ficar fora do ar, dias
após o lançamento, por causa de um erro de programação. Além disso, o código dos contratos
inteligentes das plataformas DeFi é geralmente um software de código aberto que pode ser
facilmente copiado para o desenvolvimento de plataformas concorrentes, o que cria instabilidades
conforme os fundos se deslocam de plataforma para plataforma.
A pessoa ou a empresa por trás de um protocolo DeFi pode ser desconhecida e há a possibilidade de
desaparecer com o dinheiro dos investidores. O investidor Michael Novogratz descreveu alguns dos
protocolos DeFi como um tipo de esquema ponzi.
O DeFi não está em conformidade com regras de Know Your Customer (KYC) e outras de combate à
lavagem de dinheiro (AML, do inglês Anti-Money Laundering).
O DeFi foi comparado à moda das ICOs em 2017, parte da bolha de criptomoedas que ocorreu
naquele ano. Investidores inexperientes correm o risco de perder dinheiro usando as plataformas
DeFi devido à sofisticação e ao conhecimento necessários para interagir com essas plataformas e à
falta de um intermediário com um departamento de suporte ao cliente.
Considerações finais
O foco das finanças descentralizadas é a criação de serviços financeiros separados do sistema
financeiro e político tradicional. Isso possibilita um sistema financeiro mais aberto e poderia
potencialmente impedir precedentes de censura e discriminação em todo o mundo.
Embora seja uma ideia tentadora, nem tudo se beneficia da descentralização. Encontrar os casos de
uso mais adequados para as características das blockchains é fundamental na construção de um
conjunto útil de produtos de sistema financeiro aberto.
Se o sistema DeFi for implantado com sucesso, ele irá assumir o poder de grandes organizações
centralizadas e o colocará nas mãos da comunidade de código aberto e dos usuários. Se isso vai ou
não criar um sistema financeiro mais eficiente, só saberemos quando a DeFi estiver pronta para ser
adotada globalmente.

Produtor
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Referências
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dezembro de 2019. Consultado em 6 de outubro de 2020
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