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O Poder do Mito

Joseph Campbell com Bill Moyers

Emerson F. Santos - Vinícius Alberti – Wagner E. Inácio


8/10/2010
Sumário

Obs. Atribuições e responsabilidades pertinentes ao resumo.

Capítulo 1 – 3 , Responsabilidade: Vinícius Alberti


Capítulo 5 – 7 , Responsabilidade: Emerson Fernando dos Santos
Capítulo 4 e 8 , Responsabilidade: Wagner Eduardo Inácio

Capítulo 1 – O mito e o mundo moderno...............................................................................................3


Capítulo 2 – A jornada interior...............................................................................................................7
Capítulo 3 – Os primeiros contadores de histórias.................................................................................9
Capítulo 4 – Sacrifício e Bem-Aventurança...........................................................................................11
Capítulo 5 - A saga do Herói.................................................................................................................12
Capítulo 6 – A Dádiva da Deusa............................................................................................................14
Capítulo 7 - Histórias de Amor e Matrimônio.......................................................................................16
Capítulo 8 – Máscaras da Eternidade...................................................................................................18
Considerações Finais Pertinente ao livro – Resp. Emerson.................................................................21
Considerações Finais Pertinente ao livro – Resp. Vínicius...................................................................21
Considerações Finais Pertinente ao livro – Resp. Wagner...................................................................22
Capítulo 1 – O mito e o mundo moderno

“Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso assim. Penso que
o que estamos procurando é uma experiência de estar vivo, de modo que nossas experiências de
vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade
mais íntima, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos”
Campbell, um sábio conhecedor e pesquisador da mitologia, acreditava que o mito de uma
maneira ou de outra é capaz de influenciar a vida das pessoas. Não necessariamente que o mito iria
mudar a vida de uma pessoa, o importante era viver a vida, é uma boa vida.
No mundo moderno, as tradições estão sendo deixadas para traz. Um dos nossos
problemas é não estar familiarizado com a literatura do espírito, o que nos importa é apenas as
notícias do cotidiano que nos cercam. Antigamente a vida interior era mais intensa e de mais
conteúdo, herdados da literatura grega e latina e de livros sagrados como a Bíblia, faziam parte da
educação. Quando história está em nossa mente, percebemos a relevância dos fatos que esteja
acontecendo em nossas vidas. Com a perda disso, perdemos o sentido do que realmente somos, da
onde vimos e para onde queremos ir.
A História nos guia, nos conforta e nos ensina a viver uma vida harmoniosa. Romances por
exemplo, nos instruem a como devemos comportar e agir em um relacionamento, como conquistar
uma mulher, saber conviver com o sentimento de dor, saudade, perda, amor, conquistas e derrotas.
Histórias mostram fatos e comportamentos do nosso cotidiano.
Campbell diz que “o escritor deve ser verdadeiro para com a verdade”. E ele é assassino,
porque a única maneira de você descrever verdadeiramente um ser humano é através de suas
imperfeições. O ser humano perfeito é desinteressante. As imperfeições da vida é que são
apreciadas.
A perfeição tende a ser algo tedioso, pois se sabe que tudo é previsível e que nada de
errado vai acontecer. É por essa razão que algumas tem dificuldade em amar Deus, pois nele não há
imperfeições. Porém, só sentimos amor quando nos relacionamos com o sofrimento, como é o caso
de Cristo na Cruz, que desperta nosso amor, pelo fato de ter morrido para salvar a humanidade do
pecado.
Mitos são histórias de nossa busca da verdade, do sentido, de significação, através dos
tempos. Todos nós precisaríamos contar nossa história e compreende-la. Precisamos compreender
as perdas, com a morte, e enfrentar-la. Precisamos que a vida tenha um significado para
compreender quem realmente somos.
Tudo na vida, as coisas que nos cercam, uma flor, uma pulga, tem um sentido de estar
exatamente ali. Estamos tão empenhados a realizar determinados feitos que no esquecemos do
simples fatos que estamos vivos, é o que realmente conta.
O mito nos ajuda a colocar nossa mente em contato com a experiência de estarmos vivos.
O casamento é um ritual mitológico, onde duas vidas, com a benção de Deus, se unem para viver
uma só vida, como se fosse uma só pessoa.
Moyers referencia a situação precária do casamento. Se o casamento não é magna
importância em suas vidas, você não está casado. O casamento significa dois em um, uma só carne e
se você se amolda constantemente a ele, em vez de ceder caprichos pessoais, os dois realmente são
um.
O casamento não é um simples caso de amor, é uma provação, e essa provação é o
sacrifício do ego em benefício mútuo.
O ritual do casamento perdeu sua força. O ritual, que antes representava uma realidade
profunda, virou mera formalidade. É primordial uma preparação espiritual sobre o que casamento
significa, e a sociedade deveria nos ajudar a tomar consciência disso. O homem não deveria estão a
serviço da sociedade, esta sim é que deveria estar a serviço do homem. Quando o homem está a
serviço da sociedade você tem um estado monstruoso, e é exatamente isso que ameaça o mundo.
Atualmente, as notícias só mostram atos destrutivos e a violência praticados por jovens que
não sabem comportar numa sociedade civilizada.
A sociedade não lhes forneceu rituais nos quais eles se tornariam membros da comunidade.
No passado e ainda em diversas tribos, ocorrem rituais da puberdade, como dolorosas escarificações,
dentes são arrancados, para que passem a ser algo inteiramente diferente.
No passado, o fato de deixar de usar calça curta e passar a usar calça longa, era uma
demonstração que deixava de ser criança. Porém, tudo evolui e o comportamentos também, e na
verdade acabam perdendo o costume e o significado.
Segundo Campbell, os adolescentes fabricam seus mitos por sua conta. Eles têm suas
próprias gangues, suas próprias iniciações e sua própria moralidade.
Numa cultura que tenha se mantido homogênea por algum tempo, há uma quantidade de
regras subentendidas pelas quais as pessoas se guiam. Uma mitologia não expressa.
Hoje existe um mundo desmitologizado. Os estudantes buscam entender as mensagens
que os mitos lhe trazem.
O que é ensinado nas escolas não é sabedoria de vida. Ensina-se tecnologia e acumula-se
informações.
Campbell foi educado no catolicismo romano onde o mito era encarado com seriedade e foi
ensinado a viver em função desses motivos míticos.
Mais tarde, interessou-se pela cultura indígena onde concluiu que as lendas e narrativas
dos índios americanos eram muito ricas e desenvolvidas.
A mitologia ensina o que está por trás da literatura e das artes, ensina sobre a sua própria
vida. A mitologia tem muito a ver com os estágios da vida, como por exemplo, do estágio da vida,
como por exemplo o estágio de solteiro para o de casado.
Moyers relatou que é o que é por causa de suas crenças do passado e de suas estrelas fixas
e que lhe deram um horizonte conhecido.
Campbell complementa que, os modelos tem que ser adaptado do tempo em que se está
vivendo, porém o tempo em que muito depressa. O que era aceitável a 50 anos atrás não é mais. As
virtudes dos passados são vícios de hoje. E a maioria dos vícios do passado são necessidade de hoje.
Os jovens de hoje perdem a fé nas religiões que lhe foram ensinadas, e vão para dentro de
si. Buscam o que não encontram nas suas famílias desestruturadas no caminho das drogas, da
prostituição e uma vida sem muitos esforços, vale a lei do menos esforço.
Para Campbell consciência e energia são a mesma coisa, de algum modo.
Transformamos nossa consciência quando meditamos. Muitas pessoas gastam quase todo
o seu tempo meditando de onde vem e para onde vai o seu dinheiro.
Os mitos servem para nos conduzir a um tipo de consciência que é espiritual. Algumas
preces ou meditações são concebidas para manter sua consciência em um determinado nível, em vez
de deixá-la cair aqui, o tempo todo.
Quando as pessoas se tornam lendas, tornam-se também modelo para a vida dos outros, a
pessoa se move para uma esfera tal que se torna passível de ser mitologizada.
Quando você assiste a um filme descobre um mundo mágico. Se um ator de cinema chega a
uma casa de espetáculos, todos se viram e contemplam o ator de cinema. Ele é o verdadeiro herói do
evento. Está em outro plano. É uma presença múltipla.
Com o avanço da tecnologia e do conhecido a vida acaba se tornando mais prática.
Tornamo-nos dependentes das máquinas.
Há uma história sobre o presidente Eisenhower e os primeiros computadores. Ele entrou
numa sala repleta de computadores e propôs às máquinas a seguinte questão: “Existe um Deus?”
Após o funcionamento do computador ele disse: “ Agora existe”.
Deus está em toda parte, inclusive no computador. As pessoas só desenvolveram as
máquinas e computadores utilizando os dons que receberam de Deus, mas não reconhecem isso.
A mitologia é a música da imaginação, inspiração nas energias do corpo.
Os mitos de participação e amor dizem respeito apenas aos do grupo, os de fora são
totalmente outros.
Um Deus é a personalização de um poder motivador ou de um sistema de valores que
funciona para a vida humana e para o universo – os poderes do próprio corpo e da natureza. Os
mitos são metáforas da potencialidade espiritual do ser humano, e os mesmos poderes que
animaram nossa vida, animam a vida do mundo. Há dois tipos de mitologia . Há a mitologia que
relaciona você com a própria natureza e com o mundo natural. E há a mitologia estritamente
sociológica, que liga você a uma sociedade em particular.
Segundo Campbell, precisamos de novos mitos que identifiquem o indivíduo, não com o
seu grupo regional, mas com o planeta. Um modelo para isso são os EUA, onde havia treze pequenas
nações coloniais distintas, que decidiram agir no interesse comum, sem desconsiderar os interesses
particulares de cada uma delas.
A mente humana, aliada de preocupação secundária e meramente temporal reproduz o
reflexo da mente racional de Deus.
Todos os homens são dotados da razão de razão. Esse é o primeiro fundamental da
democracia.
Como toda mente é capaz de adquirir um conhecimento verdadeiro, não é preciso que uma
autoridade especial lhe diga como as coisas deveriam ser.
No que tange a mitologia, símbolos representam idéias como por exemplo as pirâmides de
Gizé no Egito. Ela representa a colina primordial, que após a cheia anual, quando as águas do Nilo
começam a recuar. A primeira colina simboliza o renascimento do mundo. A maioria desses
símbolos, eram símbolos maçônicos, fundados na época do iluminismo do século XVIII, eles era
cavalheiros cultos.
Cada indivíduo deve encontrar um aspecto do mito que se relacione com sua própria vida.
Os mitos tem basicamente quatro funções. A mística, a da dimensão cosmológica, a da função
sociológica e pedagógica.
A população moderna não respeita a natureza como divindade. Campbell cita que essas
características é a condenação bíblica da natureza, que eles herdaram de sua religião. Deus está
separado da natureza, e a natureza é condenada por Deus. Cita ainda, que está todo lá no Gênesis:
estamos destinados a ser os senhores do mundo.

Capítulo 2 – A jornada interior

Uma coisa que se revela nos mitos é que no fundo do abismo, desponta a voz da salvação.
O momento crucial PE aquele em que a verdadeira mensagem de transformação está prestes a
surgir. No momento mais sombrio surge a luz.
O homem de hoje, tem o mesmo corpo, com os mesmos órgãos e energia que o homem de
Cro-Magnon tinha, trinta mil anos atrás. Viver numa metrópole ou em cavernas é passar pelos
mesmos estágios da infância à maturalidade sexual, pela transformação da dependência da infância
em responsabilidade e posteriormente a decadência física até a morte.
Uma coisa que se revela nos mitos é que, no fundo do abismo, desponta a voz da salvação.
O momento crucial é aquele em que a verdadeira mensagem de transformação está prestes a surgir.
No momento mais sombrio surge a luz.
Céu e inferno estão dentro de nós, e todos os deuses estão dentro de nós.
A base do ser é a base do nosso ser, e, quando simplesmente nos voltamos para fora,
vemos todos esses pequenos problemas, aqui e ali. Mas. Quando olhamos para dentro, vem os que
somos a fonte deles todos.
O sono é o estado que você ingressa quando vai dormir e tem um sonho que fala das
relações entre as condições permanentes, no interior da sua própria psique, e as condições
particulares da sua vida, no momento. O sonho é uma fonte inexaurível de informação espiritual
sobre você mesmo. O sonho é uma experiência pessoal daquele profundo, escuro fundamento que
dá suporte às nossas vidas conscientes, e o mito é o sonho da sociedade. O mito é o sonho público, e
o sonho é o mito privado.
Um dos grandes problemas da mitologia é conciliar a mente, com essa pré-condição brutal
de toda vida que sobrevive matando e comendo vidas. A essência da vida, pois é esse comer-se a si
mesmo. A vida vive de vidas e a conciliação da mente e da sensibilidade humana com esse fato
fundamental é uma das funções de alguns daqueles ritos brutais, cujo ritual consiste em matar.
Campbell e Moyers relacionam dois textos distintos, Gênesis e uma lenda de índios prima
do Arizona:
- Gênesis 1: “ No início Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia e a
escuridão vagava sobre a face do abismo”.
- Lenda do índios – Canção do Mundo: “ No início havia apenas escuridão por toda parte,
escuridão e água. E a escuridão se reuniu e se tornou espessa em alguns lugares, acumulando-se e
então separando-se, acumulando e separando...”.
Os relatos descritos em Gênesis, possui conteúdo e crenças similares com mitos de outros
povos e culturas.
Como na Bíblia e em outros livros,a serpente é citada com um símbolo. Na Bíblia, foi ela
quem trouxe o pecado ao mundo. No entanto a serpente é um animal sagrado e representa o poder
da vida, engajando na esfera do tempo e o da morte. O mundo não é senão a sua sombra – a pela
rejeitada.
A mulher representa a vida. O homem não chega à vida senão através da mulher; é a
mulher, portanto, que nos trás a este mundo de pares opostos e de sofrimento.
O mistério da vida é limitado pela terminologia dos conceitos de ser ou não-ser, plural e
singular, verdadeiro ou falso. Sempre pensamos em termo opostos, pois não podemos pensar de
outro modo. É a natureza de nossa experiência de realidade.
O jardim do Éden é uma metáfora para aquela inocência que desconhece o tempo,
desconhece os opostos, e vem a ser o centro primordial a partir do qual a consciência se dá conta das
mudanças.
Campbell acha que buscamos no mito, uma forma de experimentar o mundo, que nos abra
para o transcendente que o enforma, e que ao mesmo tempo nos enforma, dentro dele. Isto é o que
as pessoas querem. Isso é o que a alma pede. Buscando para adquirirmos uma espécie de
aprendizagem que nos habilitará a experimentar a presença divina.
Os grandes mitos, como o da Bíblia, por exemplo, são os mitos do templo ou dos grandes
rituais sagrados. São explicativos dos ritos por meio dos quais as pessoas vivem em harmonia entre si
e como o universo.
Existe uma história única, que nós procedemos de um só fundamento de ser como
manifestações na esfera do tempo, que é uma espécie de jogo de sombras sobre um fundamento
atemporal. O segredo é encarar a vida como um poema, e a você mesmo como participante de um
poema, é o que o mito faz por você.
E a poesia atinge a realidade invisível. É aquilo que está além do próprio conceito de
realidade, que transcende todo pensamento. O mito coloca você lá, o tempo todo, fornece um canal
de comunicação com o mistério que você é.
As civilizações se baseiam em mitos. A civilização da Idade Média se baseia no mito da
Queda do Paraíso, na redenção pela Cruz, e na doação ao homem da graça da redenção por meio dos
sacramentos.
A cultura também pode ensinar-nos a passar ao largo dos seus conceitos. Isto é conhecido
como iniciação. A verdadeira iniciação aconteceu quando o guru lhe diz: “Papai Noel não existe”
Em sua verdadeira essência e teor, a vida é um terrível mistério – todo esse esforço de viver
através de matar e comer. Mas é uma atitude infantil dizer não a vida, como todo o seu sofrimento,
dizer que a vida é algo que não deveria existir. Só a morte está isenta de dificuldades.
O bem e o mal são relativos à posição em que você se coloca. O que é bom para um é mau
para o outro.
A vida é cheia de alegria, tal como é. E experimentar a eternidade aqui mesmo e agora, em
todas as coisas, não importa se encaradas como boas ou más, esta é a função da vida.
Capítulo 3 – Os primeiros contadores de histórias

A humanidade, com a evolução, tenta deixar aos poucos o primitivismo de lado, coloca em
jaulas os animais que antes nos ensinavam a viver num mundo selvagem, esquece-se daqueles que
os quais foram nossos ancestrais. No entanto, essa herança é indelével. O mundo é outro, mas ainda
hoje lutamos pela sobrevivência, por uma condição de trabalho, por um teto. Essas habilidades
primitivas despertam em nós, cada vez que somos colocados frente a um desafio.
Os mitos antigos foram criados para sintonizar a mente, a consciência, com o corpo, sujeito
a degeneração e morte. A mente evolui com o passar do tempo, o ser humano passa de um estado
de dependência na infância para um estado de autonomia na vida adulta. Dessa forma, a evolução da
mente é essencial para nos adequarmos ao desenvolvimento do corpo, que traz com sigo a idéia da
maturidade e preparação para enfrentar as diversidades do meio. Somos seres mutáveis. A distonia
corpo-mente é evidente durante o envelhecimento, pois o corpo declina das funções previamente
evoluídas. Nesse momento, a consciência, na esperança da morte, deve se desengajar da matéria e
focar em si mesma, no invisível aos nossos olhos.
Os mitos sobre a morte se desenvolveram a partir do momento em que o indivíduo se deu
conta da fragilidade humana. Os sepultamentos sempre implicaram a idéia de permitir que a vida
continuasse após a anulação da matéria, dependentes da existência de um plano invisível
sustentando o visível, a que estaríamos inexoravelmente vinculados.
Isso se aplica também aos povos primitivos, que sepultavam a caça, visando a devolver a
terra aquele animal que entregou sua vida voluntariamente. Os papéis de caça e caçador fazem parte
da vida, mas a caçada é um ritual, em que aquele que abate se reconhece dependente da doação
voluntária daquele animal, de entregar sua própria carne. Além disso, o ritual justifica o ato como
necessário à vida e não decorrente de um impulso. Dessa forma, matar um animal de estimação e
depois sepultá-lo ou empregar qualquer outro mito abole a culpa do matador. Um fator complicador
era a crença da origem divina do animal, que só não perturbava o caçador porque novamente os
ritos eram praticados, assim, a pacificação do animal morto justificaria sua morte. Por outro lado,
matar com raiva representaria um ato pessoal e condenável.
Algum tempo depois, o homem branco violou a divindade do animal e exterminou-o a fim
de obter riquezas, vendo os como “coisas” inferiores, ao passo que o índio os via como seres
superiores. Esse comportamento se baseia na noção do branco de possuidores da terra, em relação à
idéia de que a terra era daqueles seres interceptores de Deus.
A expressão da natureza em forma de arte se inicia com os caçadores. A pintura das
cavernas não somente ilustra os animais com que se relacionavam, mas toda a simbologia espiritual
e mística neles contida. Eram usadas como templos para rituais de transição do menino-homem,
iniciação da caça e o desprendimento da mãe, seguido por experiências duras que seriam as marcas
físicas e psicológicas da maturidade.
O ritual é o cumprimento de um mito. Atualmente, os rituais são escassos e quando
presentes não se associam mais à dura provação contida nos antigos. Dessa forma, a eficácia quanto
à geração de mudanças psicológicas dependerá muito da sensibilidade do indivíduo.
Quanto às mulheres, a transição para a maturidade é marcada naturalmente pela menarca
e ela deve buscar sozinha se conscientizar da importância dessa evolução.
Dentre as funções dos rituais estão: fazer do indivíduo um membro da sociedade, capaz de
obedecer a regras; trazer o indivíduo para uma realidade interior. No entanto, percebemos
importantes alterações nos rituais que visaram a trazê-los para o cotidiano (missa: tradução do latim,
uso guitarra, sacerdote voltado para o povo), tais fatores tiveram o efeito negativo de dificultar o
mergulho no interior do ser que deveria ser seu objetivo, reduzindo-o a mera formalidade. Por outro
lado, o mito para se manter vivo deve ser um espelho do ambiente em que vivemos hoje, não se
limitando a experiências obtidas num ambiente distante do nosso. Essa mitologização do ambiente
deve ser elaborada por pessoas capazes se voltar inteiramente para o seu íntimo, interpretando a
herança mitológica, tornando-se aptos a projetar para a eternidade as experiências temporais.

Capítulo 4 – Sacrifício e Bem-Aventurança

O ambiente sempre foi essencial na criação do mito. Sua sacralização nos leva a refletir
sobre a vida, a nossa e a de todos os seres da natureza. Assim, percebemo-nos como parte
integrante da natureza. Os lugares sagrados que criamos permitem que esqueçamos todos os
pensamentos do cotidiano, todos os problemas, e, entrando em contato com o nosso íntimo,
desfrutemos da paz. Nesse local vivenciamos o respeito pela vida.
O homem age sobre o ambiente criando sítios sagrados, locais espiritualmente relevantes e
mais tarde reivindica essa terra. Mas esses lugares estão cada vez mais raros, por isso hoje os focos
de visitação se concentram em poucos lugares, no entanto, qualquer lugar poderia ser uma terra
sagrada.
Os princípios espirituais de um povo geralmente são representados através de seu prédio
mais alto (catedral, palácio do governo, edifícios), sendo assim, a visitação desses lugares nos faz
manter consciência permanente da crença que defendemos. Lá percebemos o conhecimento não só
pela arquitetura, mas pelo silêncio respeitoso que vigora.
Tais locais remetem a idéia do sobrenatural, que se constitui um pensamento perigoso na
medida em que o povo se sente submisso às leis sobrenaturais, obrigados a seguir propósitos
impostos como leis inescapáveis.
A transmissão dos mitos se faz por artistas que compreendem a mitologia e a humanidade.
Estes devem ser distinguidos dos vulgares por meio de uma intensa pesquisa e leitura de suas obras
e daquelas obras lidas por eles próprios, afim de que se perceba ou não a coerência de seu ponto de
vista. Esses artistas se assemelham a sacerdotes, com uma diferença, sua autoridade não vem de
uma ordenação, mas de uma experiência pessoal. Eles trazem para os rituais as visões, experiências
interiores para o exterior. Essa transformação psicológica de alguém, contada ao povo e praticada
nos rituais, tem potencial para originar novas crenças e por fim uma religião.
O ambiente molda uma imagem divina, especial para cada povo e cultura, dependendo de
suas condições geográficas. Quando materializamos essa imagem para algo que pertence ao exterior,
chamamo-lo Deus. A restrição a um só Deus é Hebraica, além disso, muitas divindades eram
femininas, representando o importante papel que era desempenhado pela mulher no plantio e nas
colheitas, já que ele era símbolo da fertilidade e sustento. Mais tarde, o homem deixa de ser caçador
para guiar o arado e ocupa o lugar da mulher. Ou seja, os símbolos mudam a cada época. Com a
mudança da caçada para o plantio, o homem passou a ter uma idéia de que a vida não acaba com a
morte, como abater um animal, mas continua, como quando se poda uma planta e ela dá novos
brotos.
A morte e a vida se fazem constantes nos mitos. A morte de um Deus é sucedida pelo
surgimento do alimento, tanto na religião cristã (comunhão) como nos rituais indígenas
(canibalismo). Então, espera-se que essa carne atue em cada um que a recebe. Além disso, a perda
da vida significaria ganhar a vida, morrer em sacrifício como um deus, encaminhando-se para a vida
eterna. Após a morte vem a vida, uma geração morre para o nascimento de outra. Dar a vida pelo
outro representa a consciência de que somos um, deixar o outro morrer nos impede de viver porque
parte de nós foi perdida. Isso reflete a crença cristã do Deus que morreu pela salvação de uma
humanidade pecadora.
A morte representa a passagem de uma vida para outra, muitos querem ingressar em um
mundo melhor por isso cometem o suicídio físico. Embora muitos acreditem que basta morrer
espiritualmente e renascer para um modo de vida diferente.
Portanto, deve-se caminhar na bem-aventurança, seguindo aquele caminho que o seu
corpo e sua mente desejam. De nada vale ter sucesso se não pudermos obedecer às nossas
vontades. Não podemos permitir que ninguém nos desvie de nossa bem-aventurança. Cada um de
nós é capaz de encontrá-la, através da consciência, das experiências vividas e do conhecimento de
nós mesmos. Embora alguns religiosos acreditem que ela só seja alcançada de modo completo no
céu.
Ao perseguirmos a bem-aventurança podemos ser ajudados por mãos invisíveis.
Percebemos estar no caminho certo quando podemos desfrutar da vida intensamente, todo o
tempo.

Capítulo 5 - A saga do Herói

Segundo Joseph Campbell, o herói ou heroína é sempre o protagonista de uma história,


alguém que está disposto a sacrificar a sua vida em prol de grandes feitos para a humanidade.
Somo todos os heróis quando enfrentamos qualquer transformação, seja física ou
psicológica sobre algo, portanto desde o nascimento estamos passando por um momento constante
de transformação, pois quando criança temos sempre o amparo e proteção de alguém, que será
compelida a sair da infância e se tornar um adulto. Neste momento estaremos passando por
transformações de morte e ressurreição para uma nova fase em sua vida. Os meninos têm uma
maior dificuldade em aceitar esta passagem em relação às meninas, pois as meninas se tornam
mulheres naturalmente, elas têm a concepção da vida, dar a luz, a família e assim realizar
incontestavelmente uma proeza heróica, que é abrir mão da própria vida em benefício do outro, já
os meninos precisão ter a intenção de se tornarem homens.
Existem as pessoas que escolhem ser heróis intencionalmente como, por exemplo, a
historia sumeriana da deusa do céu Inanna que desceu aos mundos subterrâneos e enfrentou a
morte para trazer seu amado de volta a vida ou como a historia de Telêmaco que foi em busca de
seu pai por ordem de sua mãe Atena, essa aventura é um ato heróico.
Já outros precisam ser impulsionados para realizar certos feitos como se alistar no exército,
que não era seu objetivo, mas de repente você se transforma e aceita essa nova realidade como
sendo seu objetivo de vida.
Porem vale ressaltar que os grandes religiosos ensinam que as provações das jornadas
heróicas, são partes significativas da vida, pois não há recompensas sem renuncias e um preço a
pagar por ela, onde consta escrito no alcorão que somente terá o acesso ao jardim das delicias
somente quando já se passou pelas provações, a cultura judaica diz em enfrentar duros testes antes
de chegar à redenção e assim também para Jesus que diz que a porta grande e estreita é o caminho
que conduz a vida eterna, mas são poucos a que encontraram.
Um herói sempre vence, se o mesmo fracassa será representado por um palhaço que julgou
ser um herói por ter pretensões maiores do que poderia realizar. Neste momento vale compreender
e diferenciar o herói de um líder, onde o líder é a pessoa que percebe o que pode ser realizado e o
faz, porem o líder pensa em apenas na sociedade em que vive e não leva em conta a humanidade
como um todo como o herói.
Você pode ser considerado um herói ou um monstro, isto dependerá de sua consciência,
pois em uma guerra o povo conquistado o julgará como inimigo enquanto para quem conquistou
você será o herói. O que vale comentar é que neste caso de guerra o soldado que morre é tão
heróico quanto o soldado que foi mandado para matá-lo.
Na civilização moderna reverenciamos celebridades como se fossem heróis, pois a
sociedade é complexa e muda constantemente, sendo assim as pessoas só querem ser conhecidas e
ter fama, pois normalmente os que eles realizam hoje se deterioram graças à inabilidade de seus
seguidores.
Um herói evolui a medida a que a cultura evolui, o herói é normalmente o fundador de uma
nova religião, cidade ou modalidade de vida para fundar algo novo, o que consiste em abandonar o
velho e partir para uma nova aventura, o qual consistirá em uma partida, realização e posterior
retorno.
Também somos heróis quando buscamos o nosso próprio estilo de vida e não acatamos ou
aceitamos uma cópia de outra pessoa, estamos neste momento sendo os criadores de nosso destino,
que é único, sendo assim é importante termos um objetivo de vida para que a mesma possa ter
sentido.
É preciso descobrir o seu caminho sozinho, as pessoas podem sugerir dar pistas, porem
somente você saberá qual é o sentido para sua vida, desejo e medo são as duas emoções pelas quais
é governada a nossa vida na terra.
Quando descobrimos o que está nos bloqueando, podemos também descobrir a nossa
dificuldade de passagem de uma etapa para outra, é preciso se livrar dos parasitas que tentam sugar
sua vida.
A única certeza que temos na vida é a morte, por isso quando aceitamos e perdemos o
medo da mesma, podemos encontrar uma completa felicidade, é importante viver a vida
potencialmente que há em você e nunca esteve em ninguém mais, pois somos uma criatura única e
completa e, portanto se for para oferecermos algo ao mundo, que seja algo extraído da nossa
própria experiência de vida.
Não há nenhum mito que garante que você não irá sofrer ao longo de sua vida, porem nos
ajudará a enfrentar, suportar e a interpretar o sofrimento, os mitos podem formular as coisas para
você, mas será você quem irá precisar sentir o momento certo para buscar seu objetivo de vida.
Mitologia é algo metafórico e a penúltima verdade, pois a ultima não pode ser transposta
em palavras, ela lança a mente para o alem do desconhecido e não contado, o importante é viver a
vida em termo de experiência intrínseca, pois a saga do herói é a aventura de estar vivo.

Capítulo 6 – A Dádiva da Deusa

Poderíamos considerar na oração do Pai Nosso, como sendo Mãe Nossa, por ela ser a
progenitora mais próxima em relação ao pai, pois o nosso primeiro contato é com ela, nós nascemos
dela. A mãe é sempre representada na mitologia como Mãe da Terra, no Egito Mãe-Céu, a deusa Nut
representada como sendo toda esfera celeste.
A idéia da Deusa está relacionada ao fato de ser mãe, de nascer do seu ventre, ela o
amamentará, o educará e acompanhará o seu crescimento até a fase adulta, para partir em busca de
seu pai que será a descoberta do seu destino e o encontro do seu caráter. Nas histórias mitológicas,
quando o herói nasce, seu pai já faleceu ou está em outro lugar e após o seu crescimento o herói irá
à procura dele como na historia de Telêmaco.
Na história de Jesus, seu pai era o Pai do Céu, na crucificação Jesus está a caminho do pai e
deixando sua mãe, a cruz simboliza a terra que é o símbolo da mãe. Desse modo Jesus deixa sua vida
sobre a mãe de quem nasceu e vai para o pai que é fonte transcendente do mistério.
Nenhuma tradição da Deusa é celebrada mais esplendida e maravilhosamente do que a
figura da Virgem na tradição católica romana, pois Cristo nasceu de uma referência simbólica
espiritual, pois é a mulher a fonte do universo. A então um poder espiritual também que devemos
considerar que a história de poder dar a luz quando virgem teve origem na tradição Grega como nas
lendas de mitos de nascimentos virginais como também na história de Leda e o cisne ou Perséfone e
a serpente.
Você nasce da mãe, é a mulher quem dá a luz assim como da terra se originam as plantas, a
mãe o alimenta como fazem as plantas e assim a magia entre a mãe e a terra são as mesmas.
A Deusa é a figura mítica dominante no mundo agrário da antiga Mesopotâmia, do Egito e
dos primitivos sistemas de cultura e do plantio, existe centenas de variações da Deusa primitiva na
Europa neolítica, mas nada ligado à figura masculina, o touro e certos animais como o javali e o bode
podem até aparecer como sendo símbolos masculinos, mas a Deusa é a única divindade considerada
e o seu corpo é identificado como universo, a criadora de tudo que você vê e aquilo que possa
pensar.
Na Índia e em quase todo o mundo a concepção sexual é um mistério da geração de uma
vida, um ato cósmico e sagrado.
A mulher representa o tempo, o espaço, as formas de sensibilidade e o mistério que existe
para o além dela, dos pares de opostos, não é macho nem fêmea, portanto a mulher é quem da vida
as formas e sabe de onde as provêm, que está além do masculino e feminino, do ser ou não ser, do
que é e não é, da mente e dos pensamentos e também por fim de todos os deuses que tiveram
passagens mitológicas são seus filhos.
A mãe é capaz de amar todos os seus filhos independentemente do que eles são não
importa para ela o caráter particular de cada um, assim o feminino representa um amor intrínseco
pela progênie enquanto o pai tem a visão de ser mais disciplinador, a associação entre ordem e o
caráter social.
Essa história nos mostra a importância da mulher e suas contribuições para o mundo, pois
a maior dádiva foi dada a mulher que é o poder de conceber uma vida. Todos os heróis e ou deuses
nasceram de uma mulher.

Capítulo 7 - Histórias de Amor e Matrimônio

Na mitologia o amor era conhecido por Eros, que era o deus do apetite sexual, um impulso
biológico, um ato impessoal e por Ágape, que refletia uma maneira diferente pois, amar era “amar o
próximo como a ti mesmo” um amor espiritual.
Para os Minnesingers ou os Trovadores, o amor era visto como uma experiência entre duas
pessoas que surge numa troca de olhares, pois os olhos são o reflexo da alma e os espiões do
coração, cujo qual é possível conhecer muito sobre uma pessoa somente pelo olhar, os trovadores
foram os primeiros a pensar no amor do modo como ainda fazemos hoje no Ocidente.
Os casamentos que eram arranjados e que em alguns lugares ainda acontecem, era o
oposto do que os trovadores pensavam, um amor escolhido pela igreja ou progenitores e sem um
contato entre os noivos, mas que em alguns casos poderiam ter certo tipo de amor, mas nunca um
reconhecimento da contraparte da sua alma no outro.
Na idade média o casamento santificado pela igreja é o mesmo tipo de idéia trovadoresca
do amor verdadeiro, o verdadeiro matrimônio é aquele que brota da identificação com outro, já a
união física é apenas o sacramento pelo qual foi confirmado, pois o início do amor é o impacto
espiritual.
Podemos comparar com a História de Tristão e Isolda, cuja qual estava prometida ao rei
Mark, mas nunca haviam se encontrado, Tristão havia sido mandado para buscá-la e trazê-la para
conhecer o rei. A mãe de Isolda preparou uma poção para que Isolda e Mark se apaixonassem, sem
saber Tristão e Isolda bebem a poção e se apaixonam, mas não apenas pela poção, pois já havia um
encantamento entre eles, percebendo o que havia ocorrido, Tristão notou que havia bebido sua
morte. Mas ele não se importava de morrer por Isolda, pois o amor que sentia por ela era mais
importante que sua própria vida e nenhuma punição nem mesmo o risco de ir para o Inferno o
deixava apreensivo.
Para compreendermos melhor a relação de amor por outra pessoa, é interessante conhecer
a lenda do Santo Graal da versão monástica que está associado à paixão de Cristo, o cálice da última
ceia o sangue que foi retirado da cruz na crucificação de Cristo, que é um caminho espiritual e se
estende entre os pares opostos entre o bem e o mal, que representa a potencialidade da consciência
humana, um ato de compaixão que é uma abertura natural de um ser humano para outro ser
humano.
O Santo Graal foi trazido por anjos neutros do céu na luta que ocorreu entre Deus e Satã,
onde alguns anjos ficaram ao lado de Deus e outros ao lado de Satã.
Para Cristo todo amor arranjado pela sociedade e não pelo coração se torna um casamento
violado. A função da sociedade é promover o indivíduo e não é função do indivíduo sustentar uma
sociedade, pois é importante conhecer as culturas de uma sociedade para facilitar o convívio entre as
pessoas, porém mudar seus valores para agradá-la vai contra seus princípios, ou seja, devemos nos
adaptar as regras, mas sem mudar nossos valores.
Cabeça e coração devem andar sempre juntos para escolher o melhor caminho a seguir, a
cabeça deve comandar e o coração precisa ouvir em algumas ocasiões, pois às vezes o coração deve
comandar que seria uma condição desejável na maior parte das vezes.
O casamento é encontrar sua outra metade é ter compromisso com aquilo que você é, uma
relação que duas vidas se tornam apenas uma, um compromisso para a vida e quando não há essa
preocupação primordial, significa que não há um casamento. Já o caso de amor é uma relação entre
duas vidas vivendo uma só relação, mais ou menos bem sucedida enquanto estiver agradável para
ambos. Visa somente o prazer e acaba quando o mesmo deixa de existir.
Para prolongar o romance no casamento deve haver lealdade, ou seja, não trair, trapacear,
manter-se verdadeiro a qualquer provação ou sofrimento que possa ocorrer durante a vida juntos.
Não há como ocorrer um matrimônio e um caso de amor juntos, pois fere a lealdade e destrói o
relacionamento. O casamento é um ato contínuo de sacramento “amor e perdão”.
Podemos relacionar o amor romântico a Deus, o amor é uma visitação divina e por isso é
superior ao matrimônio. Se Deus é amor bem, então o amor é Deus. Para Mestre Eckhart “o amor
não conhece dor” como na história de Tristão que estava disposto a aceitar as dores do inferno por
seu amor. Outro ponto que posso destacar na história de Tristão é que a dor do amor não é outra
espécie de dor e sim a dor da vida. Como a história de Satã que foi condenado ao Inferno por amar
Deus demasiadamente.
Quando Deus criou os anjos pediu a eles que se curvassem apenas a ele, mas após criar os
humanos, Deus pediu aos anjos que se curvassem diante deles também, como Satã não aceitou Deus
o expulsou do Paraíso e disse “Vá para o Inferno”. Satã ficou desapontado quando Deus pediu que
ele se curvasse diante dos humanos, pois para ele Deus era seu amor e ele deveria se curvar apenas
diante dele, após ter sido mandado para o Inferno a sua punição era ficar longe de Deus e o que ele
sempre se lembrava era a frase que Deus o havia dito “vá para o Inferno. O pior padecimento do
amor é ficar separado de que ama.
Quanto mais amor mais dor, a dor do amor não é outra espécie de dor é a dor da vida, uma
dor que não pode ser curada por nenhum médico e sim pela pessoa que a provocou é uma ferida
que se cura apena por quem a faz. O amor suporta tudo. Alegria e sofrimento se reúnem no amor.
Amor é a dor de estar verdadeiramente vivo.

Capítulo 8 – Máscaras da Eternidade

“As imagens dos mitos são reflexos das potencialidades espirituais de cada um de nós. Ao
contemplá-las, evocamos seus poderes em nossas próprias vidas.”
Campbell, ao ser perguntado se todas as religiões levam em comum a necessidade de
deuses, respondeu que na cultura oriental, não são a fonte de energia, mas sim o veiculo dela.
Ao conhecer diversas culturas, religiões e civilizações, Campbell comenta que a imagem de
Deus é diferenciada nas culturas orientais e ocidentais, onde para nós ocidentais, Deus é fonte única,
causa das energias e do mistério do universo. Já os orientais, acreditam que os deuses são
manifestações e provimento de uma energia impessoal.
Questionado, Campbell responde sobre a influência da religião ou crença na vida de cada
um, onde comenta que se sua divindade norteadora for brutal, provavelmente sua decisão será
brutal, devido aos princípios considerados.
Ao ser questionado sobre o que a fé interfere neste ponto, Campbell vai direto ao ponto.
Não preciso ter fé... tenho experiência. Experiência do desejo de viver, do amor, da malicia, da
autocrítica.
Ao comentar da onde vem sua vida, ele rapidamente responde: Da energia ultima, que é a
vida do universo. O mistério final não pode ser impessoal? Moyers então pergunta se homens e
mulheres podem viver com a impessoalidade?
-Claro que sim, é assim que se vive em toda a parte. Jeová pode ser um deus de justiça,
vingança, punição; mas também pode ser um deus benéfico, suporte de nossas vidas, assim como
escrito nos Salmos.
Ao definir se a reza é uma forma de meditação, Campbell comenta: A reza quer dizer ligar-
se ao mistério e meditar a respeito.
Comentando sobre a reza que conhecemos como terço, ele explica sobre a semelhança
entre o catolicismo romano e sânscrito, onde a repetição afasta os demais interesses, podendo
concentrar-se e a partir dai experimentar a profundidade deste mistério.
Ao comentar sobre como experimentar desta tal experiência profunda, Moyers questiona
como podemos ficar amedrontados diante de nossa própria criação. Sobre essa indagação, Campbell
cita uma frase do psiquiatra Jung: “A religião é uma defesa contra a experiência de Deus”.
Ao ser questionado sobre a expressão Cristo em nós, Campbell comenta que você deveria
viver de acordo com o que você chamaria de senso de humanidade. Devemos nos identificar com
nosso principio espiritual, que deus nos represente a fim de venerá-lo adequadamente e viver de
acordo com a palavra dele.
Campbell comenta que o objetivo é ultrapassar a si mesmo, e não tornar-se narcisistas
obsessivos pelo próprio ego, distorcendo a visão sobre nós mesmos e sobre o mundo.
Ao ser questionado sobre o que pensa sobre Jesus Salvador, Campbell comenta:
Não sabemos muito sobre Jesus. Tudo o que sabemos está escrito em quatro textos
contraditórios que pretendem nos contar o que ele disse e fez. O principal ensinamento de Cristo é:
“Amai vossos inimigos”. Ao receber essa resposta, Moyers indaga: Como podemos amar nossos
inimigos sem endossar o que eles fizeram, sem confirmar sua agressão?
Campbell comenta: Não tire o cisco do olho de seu inimigo, mas tire a trave dos seus
próprios olhos. Ninguém tem o direito de condenar o modo de vida de seu inimigo.
Questionado como seria Jesus nos dias de hoje, Campbell opina que provavelmente muito
próximo do que conhecemos hoje como monges, que estão em contato com os altos mistérios
espirituais.
Moyers comenta no seu credo, e na sua visão sobre o novo testamento, onde acredita,
porém não tem respostas para suas questões, mas acredita na questão: Há um Deus?
Sobre isso, Campbell comenta sobre uma divertida experiência, aonde um padre vem ao
seu encontro e lhe questiona sobre sua formação espiritual, sobre sua religião e se Campbell
acreditava em uma existência de um deus pessoal. Campbell respondeu que não e o padre replicou:
suponho que não há como provar pela lógica a existência de um deus pessoal. Campbell então
respondeu: se houvesse, qual seria o valor da fé?
O Padre, rapidamente respondeu: Bem Sr. Campbell, foi bom tê-lo conhecido.
Campbell viu naquela reação, uma possibilidade da existência de um deus impessoal.
Ao ser questionado qual é a fonte dessa vida, Campbell responde: Deus é a imagem para
essa única vida, onde muitos concluirão: “Bem, Deus a fez” Então Deus é a fonte de tudo.
Ao comentar sobre religião, Moyers e Campbell comentam da figura do circulo nas
religiões, onde está sempre presente em forma de anéis, coroas e metáforas. A visão do circulo por
religiões e crenças é que tudo esta dentro do circulo, que se torna o processo.
Ao comentarem sobre diversas religiões, Campbell e Moyers chegam a uma comum
percepção, onde comentam sobre uma historia africana de um deus Exu que caminhava com um
chapéu pintado de um lado em azul, e em outro em vermelho. Ao verem Exu, duas pessoas começam
a brigar, pois cada um comenta ter visto porem cada um com uma cor diferente de chapéu. Entre
brigas, os dois são levados a frente do rei para julgamento, onde Exu aparece e comenta que foi ele o
culpado pela briga e que sua intenção era realmente alimentar disputas.
Os dois concordam que é através da discórdia que nascem todas as grandes coisas. Na
religião cristã, a Serpente é a figura da discórdia, onde lança a maçã no cenário.
Campbell, perguntado sobre “experiências culminantes” (Maslow) e Epifanias (J. Joyce),
respondeu que ambas são a mesma coisa, onde se referem a momentos reais em sua vida, em que
você experimenta sua relação com a harmonia do ser. Campbell comenta que todas as suas
experiências culminantes vieram todas de jogos esportivos.
Ao comentar de uma delas, Campbell cita uma de suas corridas na Colômbia, onde apesar
de estar na 2ª posição bem distante do líder, tinha plena certeza que iria ganhar, onde realmente
considerou a corrida como seu ponto Maximo e desempenho perfeito.
Ao conversarem sobre a experiência do eterno, Campbell comenta que ela esta aqui,
somente aqui, ou em qualquer outro lugar. Se não conseguir vivenciar aqui, não a conseguirá no céu.
O céu não é eterno, apenas duradouro, comenta Campbell.
Ao ser questionado o porquê das pessoas quererem viver eternamente, Campbell comenta
que não entende o porquê disto. Já Moyers cita o medo do inferno.
Já Campbell, comenta que esta é a convencional doutrina cristã, onde ao final da vida
teremos o juízo final, onde os que tiveram postura e atitudes positivas vão para o céu, e os opostos a
isto irão para o inferno.
Ao questionar Campbell sobre se ele acredita que nossa vida tem um propósito, Moyers
tem uma resposta onde não concorda, pois Campbell cita a vida como uma porção de protoplasma
com um impulso para se reproduzir e continuar a ser.
Sua resposta para a vida é “Siga a sua bem aventurança”. Moyers gosta da essência onde
não é o destino que conta, mas sim sua trajetória.
Ao falarem sobre o Éden, Moyers diz que ainda não foi, mas sim, ainda será. Já Campbell
discorda, dizendo que o Éden é. “O reino do pai esta disseminado pela terra e os homens não o
vêem.”
Já Moyers indaga... O éden é... nesse mundo de dor, sofrimento, morte e violência?
Campbell emenda: Sim, essa é a sensação que ele desperta. O fim do mundo não estar por vir, é um
acontecimento de transformação psicológica, de transformação visionaria. Você não vê um mundo
de coisas solidas, mas um mundo de radiância.
Perguntado sobre o significado do “AUM”, Campbell a descreve como o som da energia do
universo, da qual todas as coisas são manifestações. AUM, a silaba de quatro elementos, onde o
quarto elemento é o silencio do qual brota AUM e ao qual retorna. Moyers complementa, dizendo
que o significado é essencialmente indizível.
Nesse capitulo, Campbell e Moyers dialogam e conversam sobre vários aspectos religiosos,
citando crenças egípcias, cristãs, africanas, budistas e outras também de origem oriental. Todas as
perguntas são respondidas por Campbell, que alem de responder, justifica suas respostas, mesmo
quando Moyers não concorda. Tudo é visto, desde religião, a existência de um só Deus ou mais,
segundo Campbell, estados de espírito e crenças sobre o Éden, onde Campbell comenta que
vivenciamos nele. Para alguns fanáticos, como o padre citado por Campbell que assistia a uma
palestra sua, dizendo ser blasfêmia sua opinião, discordam ou não concordam plenamente com o
autor.

Considerações Finais Pertinente ao livro – Resp. Emerson

A sua vida é feito do seu próprio fazer, ninguém será responsável a não ser você mesmo.
É preciso ter um objetivo de vida para viver intensamente esta passagem neste plano, somos únicos,
ninguém alem de nós mesmos pode fazer a diferença para buscar nossas realizações pessoais e
profissionais, é preciso viver a vida e procurar fazer a diferença, não aceitando apenas o que querem
que sejamos condicionados a ser.
Precisamos descobrir o que nos bloqueia inconscientemente, para que possamos abrir
nossa mente para o desconhecido e assim compreendermos melhor os nossos pontos positivos e
principalmente os negativos para que de derrotar o nosso maior inimigo “nós mesmos”.
Joseph Campbell comenta que somos um Deus e a mitologia nos refere hoje através de
símbolos, para que possamos refletir espiritualmente, pois morremos de uma natureza animal e
voltamos à vida como encarnação humana. Portanto é preciso compreender os atos e passagens
mitológicas para facilitar a origem e o caminho da vida espiritual para viver plenamente esta
experiência de vida e o quanto é importante encontrar nosso verdadeiro amor “contraparte”, para
poder compartilhar todos os momentos de alegrias e tristezas ao lado da pessoa amada, sentimentos
puros e verdadeiros que se estende além de explicações em palavras, que quando feridos, não há
ninguém capaz de curar a não ser a pessoa que feriu.

Considerações Finais Pertinente ao livro – Resp. Vinícius

Confesso que antes de ler este livro, quando se falava em mitologia, a única coisa que vinha
em minha mente era a mitologia grega, não relacionava os costumes e culturas a uma mitologia .
É muito interessante o relato de Campbell sobre a relação entre os mitos, que por mais
distinta que seja o conteúdo e crenças, a estrutura é a mesma.
O casamento como é citado do texto, é notável a que ponto chegou, todo aquele ritual
cheio de glamour e juramentos, mera simbologia, pois não existe mais respeito, compreensão e
principalmente a fusão espiritual de duas pessoas em uma .
A sociedade está carente de cultura, apenas o que importa é o acumulo de conhecimento e
apenas o que importa é o acúmulo de conhecimento, sem saber o porquê acumular conhecimento e
apenas acreditar em si próprio.
Todos os valores que aprendi em minha educação familiar, foram essenciais para minha
formação e estruturação de caráter. É muito importante ter um rumo para onde seguir, e saber
enfrentar os obstáculos que surgiram e surgirão em nossa vida. E a espiritualidade é fator decisivo
para nos dar equilíbrio emocional.
Fato interessante mencionado por Campbell é que, somente as imperfeições e sofrimento
vividos por outras pessoas. As coisas perfeitas são um tédio.

Na minha opinião, o mito está na nossa mente, na vida cotidiana e mesmo irracionalmente
temos comportamentos que fazem parte do conteúdos dos “livros sagrados”.
Considerações Finais Pertinente ao livro – Resp. Wagner

Em minha opinião, tudo que foi abordado por Campbell tem coerência, desde que o céu e
inferno são aqui mesmo, dependendo de como encaramos a vida. Apenas discordo quando ele
aborda a eternidade, onde acredito que estamos aqui sim de passagem e com algo para agregar e
aprender por possíveis vidas anteriores. O céu é cada um que cria, onde a paz de espírito dita se você
esta nele ou não.
Quando comecei a ler o livro, pensei que se tratava apenas de abordagens da mitologia
grega, porém me impressionei com o conteúdo do livro. O capitulo que mais me chamou a atenção,
é o 8º, pois entre o dialogo de Moyers e Campbell, vários assuntos são abordados, como a tal
“experiência culminante”, onde é relatada uma historia de Campbell em um determinado esporte,
onde apesar das dificuldades, ele sabia que a vitoria seria dele, passando por cima de qualquer
obstáculo que atravessasse seu caminho.
O livro me deu uma perfeita concepção de como encarar os chamados mitos, pois esta
dentro de cada um esse poder de encarar e dar a volta por cima, basta você traçar a sua meta e
correr atrás do seu objetivo.
As vezes, é necessário deixar os medos e incertezas de lado, para que podemos seguir em
frente, superando todos e o mais importante: A nós mesmos e nossos medos.

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