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Litoral

O litoral é a área de influência directa ou indirecta da acção do mar.

O termo litoral designa a faixa de terra junto à costa marítima, junto ao oceano que engloba
cerca de 50 km para o interior.

Neste espaço de inter-relação entre as áreas terrestre e marinha, a influência humana tem
hoje um importante papel, já que as áreas litorais são as mais densamente habitadas,
albergando cerca de 80% da população mundial em apenas 500 000 km de comprimento.

Portugal possui cerca de 1450 km de costa e mais de metade da população portuguesa vive em
concelhos do litoral.

É também no litoral que se situam a maior parte das indústrias, devido às disponibilidades
hídricas, à facilidade de transportes (melhores vias rodoviárias, acesso a portos de escoamento
de produtos e de entrada de matérias primas) e à proximidade dos maiores centros
económicos.

O mar é um poderoso agente erosivo cuja acção se faz sentir, principalmente, sobre a linha
de costa – área de contacto entre a terra e a mar.

A erosão marinha

Qual o Papel da Acção Erosiva do Mar na Evolução do Litoral?


A erosão provocada pelas águas do mar designa-se por erosão marinha ou abrasão marinha
(erosão mecânica das ondas e das marés contras as rochas ), levada a cabo com o material
arrancado à costa e novamente atirado contra ela, porque as ondas actuam fortemente
contra as rochas, desagregando-as. As águas do mar actuam sobre os materiais do litoral
( linha de costa) desgastando-os através da sua acção química e da sua acção mecânica.

A erosão marinha ou abrasão tende a regular a linha de costa, desgastando as áreas mais
salientes (cabos, arribas, etc.) e depositando materiais nas reentrâncias da costa, através dos
processos de:

desgaste ou erosão das arribas pela força do embate das ondas

transporte, pelas correntes costeiras, dos materiais resultantes do processo de desgaste, que
aumentam o poder da erosão marinha;

acumulação ou deposição dos materiais (areia, seixos...) arrastados pela força das ondas e
transportados pelas correntes.

A acção de desgaste está condicionada pelos seguintes factores:

a) reacções químicas entre a água e os materiais;

b) acção mecânica da água;

c) força e direcção das ondas;

d) natureza das rochas - dureza, constituição química e coesão.

O desgaste origina materiais soltos, de dimensões muito variáveis que as correntes marítimas
transportam, por vezes, a grandes distâncias. Quando a velocidade e força das correntes
diminuem os materiais transportados são depositados ou acumulados.

As correntes marítimas transportam materiais resultantes do desgaste da costa ou trazidos


pelos cursos de água ( rios que desaguam no litoral) que depositam quando a velocidade das
águas diminui devido à baixa profundidade.
Principais processos de evolução da linha da costa

Tipo de costas

A linha de costa, em Portugal Continental, apesar do seu traçado bastante regular, é variável
de acordo com a natureza dos materiais rochosos que a constituem.

Embora o litoral Português seja dominado essencialmente por praias, existem áreas de costa
predominantemente rochosa. assim Podemos concluir que, de um modo geral, podemos
detectar dois tipos de costa:

a costa de arriba - alta e escarpada - onde a linha de costa se insere num relevo alto
constituído por formações rochosas mais resistentes à erosão marinha. Como a costa a norte
de Espinho, Estremadura Meridional, Sudoeste Alentejano e Barlavento Algarvio.

a costa de praia - baixa e arenosa - onde a linha de costa se insere num relevo baixo ou as
formações rochosas são menos resistentes.
A erosão marinha manifesta-se, geralmente, com grande intensidade onde predomina a costa
alta, rochosa e escarpada (arribas). Nas áreas de costa baixa, o trabalho erosivo do mar é
menos intenso, procedendo à trituração e arredondamento dos sedimentos litorais, formando
as praias, resultante da acumulação dos sedimentos litorais.

A evolução da linha de costa pode também resultar de movimentos da crosta terrestre e de


alterações climáticas que provocam:

transgressões marinhas - avanço do mar sobre áreas continentais - fenómeno que poderá
voltar a acontecer se a temperatura média da superfície terrestre continuar a subir, o que terá
como consequência o degelo dos glaciares e a subida do nível médio das aguas do mar.

Aquando do degelo da última glaciação o mar subiu o seu nível médio tendo invadido as áreas
continentais (Transgressão marinha), esta é uma situação que nos deixa de prevenção pois
com o aumento da temperatura média global, corremos o risco do degelo das regiões polares
e dos glaciares de montanha e a consequente subida do nível médio do mar.

regressões marinhas - recuo do mar - devido a movimentos internos da Terra que provocam o
levantamento dos continentes ou a diminuição da temperatura media da superfície terrestre
que provoca a formação de glaciares e a descida do nível médio das aguas do mar, originando
o seu recuo.

A costa de arriba (Cabo S, Vicente)

Tipos de costa

A costa de praia ( Praia de Cacela - Algarve)


Formas de relevo litoral em Portugal Continental.

O aspecto da linha de costa depende das características das formações rochosas do litoral
sobre as quais actua a erosão marinha ou abrasão, que pode ser mais ou menos intensa
consoante as correntes marítimas, a velocidade do vento, etc. Assim podemos encontrar
algumas reentrâncias e saliências, dando origem à diversidade de formas de relevo ao longo
do litoral ou os chamados os chamados acidentes da linha de costa.
Os acidentes da linha de costa ou formas de relevo litorais resultam da predominância da
erosão marinha e outras da acumulação de sedimentos.As que resultam da erosão:

* Plataforma de abrasão

* Arriba

* Arriba Fóssil

* Cabo

* Baías/Enseadas As que resultam da acumulação:


* Praia

* Cordão litoral/Restinga

* Laguna/Ria/Haff Delta

* Tômbolo

Acidentes litorais que resultam da erosão:

Plataforma de abrasão - faixa, entre o mar e a arriba, que fica a descoberto na maré baixa.

Quando o mar contacta com o litoral em zona de costas de arriba dão-se fenómenos de recuo
da arriba.

As ondas escavam a base da arriba esta torna-se instável devido à perda da sua base de
sustentação. Essa instabilidade origina a fragmentação e queda de blocos. Se a arriba tem
fissuras, o ar situado nessas fissuras é comprimido. Quando a onda recua, dá-se um processo
de descompressão. Desta forma os interstícios da rocha são alargados e a rocha vai-se
fragmentando. Este desgaste provoca um escavamento no sopé das arribas, que , sem apoio,
se vão desmoronando. Assim, a arriba vai recuando, desenvolvendo-se, assim, uma plataforma
de abrasão ( faixa entre o mar e a arriba ), que fica a descoberto na maré baixa.

Arriba morta ou arriba fóssil - Arriba marinha que já não sofre a erosão activa das ondas do
mar. Resulta quer do abaixamento do nível do mar quer do levantamento dos continentes.

As arribas mortas são desgastadas pela erosão subaérea que muitas vezes dá origem a
vertentes relativamente suaves e muitas vezes cobertas de vegetação

Evolução e recuo de uma arriba.

Fonte: Gomes, A., Boto, A.; (2006).; "Fazer Geografia"; Porto Editora

Arriba fóssil

Baía ou enseada – Reentrância da costa bem aberta em direcção ao mar, com uma pequena
penetração dele. Forma-se quando existem formações rochosas menos duras que permitem a
penetração do mar. O termo enseada (que deriva da palavra seio) refere-se ao recorte da linha
costeira que forma uma pequena baía. É uma entrada aberta em direcção ao mar limitada por
dois promotórios (porções mais elevadas).É a reentrância bem aberta da costa, em direção ao
mar.

Baía é uma porção de mar ou oceano rodeada por terra, em oposição a um cabo.
Golfo é uma porção de água que avança em terra firme, desenha no litoral uma curva muito
ampla. O golfo é uma baía de grandes dimensões. As baías detiveram e detêm importância
económica e estratégica uma vez que são, normalmente, locais ideais para construção de
portos e docas.

Península é uma extensão de terra rodeada de mar por todos os lados menos por um,
relativamente estreito, pelo qual está unida a outra terra de maior extensão. A zona de união
entre a península e a terra designa-se por Ístmo.

Península

Acção das ondas – Quando a costa é formada por rochas de diferentes durezas, formam-se
reentrâncias (baías ou enseadas) e saliências no lado escarpado, de acordo com a resistência
dessas rochas à erosão marinha.

Golfo

Baía

Concha de S. Martinho, com a forma de crescente, era um antigo e vasto golfo, que se foi
reduzindo através da sedimentação marinha, não passando hoje de uma pequena enseada, em
comunicação com o mar por uma estreita passagem de paredes abruptas,

Concha de s. Martinho
Arco (A)- Forma-se quando se unem grutas de ambos os lados de um cabo ou promontório
(pequeno cabo).

Arribas ou falésias (C)- Formações rochosas, em escarpa sobre o mar,constantemente sujeitas


à força erosiva das ondas do mar.

Há arribas vivas quando o mar actua sobre elas e arribas mortas ou fósseis quando o mar deixa
de as desgastar.

Farilhão (D) – Quando a ponte de um arco cai, deixa no mar uma rocha isolada.

Cabo (E) – Formações rochosas mais resistentes que se projectam no mar, salientando-se em
relação à costa.

Gruta Litoral (F)- Fenda formada pelo desgaste de uma arriba provocado pelo mar.

Acidentes litorais que resultam da acumulação

As praias são depósitos de areia e seixos arrancados as arribas ou transportados de outros


troços do litoral que se cumulam nas áreas abrigadas da costa, onde as correntes litorais
exercem menos força. Quando o depósito de areia se acumula paralelamente à costa, formam-
se as barras ou barreiras ou bancos de areia.
Estuário - Parte terminal de um rio, constituída por um único braço, que se alarga e aprofunda
na foz e onde a influência das correntes e marés é importante. Os estuários formam-se em
locais onde a força das marés e das correntes marítimas é intensa. A água arrasta os aluviões
até zonas muito afastadas da foz e deposita-os no fundo do oceano.

Dunas - Areia transportada pelo vento para a parte superior da praia, formando cordões,
geralmente paralelos à costa.

As dunas litorais constituem uma zona de interacção entre o continente e o oceano.

O desenvolvimento de actividades, a intensificação de usos recreativos e a ocupação incauta


deste espaço do território, têm conduzido a situações de desequilíbrio e erosão costeira e
consequentemente à destruição dos ecossistemas dunares litorais.

As dunas deslocam-se a velocidades que podem ultrapassar 15 metros por ano. Quando o
avanço das dunas ameaça as populações humanas ou a plantação, colocam-se obstáculos, tais
como estacas, muros ou arbustos, para detê-las

As dunas são elevações móveis de areia, em forma de montes. Numa duna podem ser
distinguidas duas partes: uma área de declive suave ou barlavento, pela qual a areia é
empurrada, e uma área de declive abrupto ou sotavento, por onde a areia cai.
Estuário do Tejo e do Sado

Estuário do Tejo

Ilhas - barreira - Por vezes, a agua dos rios impede a formação de uma barreira contínua.
Restinga - Acumulação de areia e seixos que forma uma barra à entrada da baía

Barreira – Assemelha-se a uma restinga, mas é muito maior.

Laguna - Extensão de agua mais ou menos salobra separada do mar por ilhas - barreira

A ria de Aveiro - haff-delta de Aveiro, localizada entre Espinho e o cabo Mondego, é uma
laguna separada do mar por uma restinga formada pela acumulação de sedimentos , quer de
origem marinha, depositados por correntes marítimas de sentidos opostos, quer de origem
fluvial, transportados pelo rio Vouga, os quais foram formando um cordão litoral paralelo à
linha de costa, impedindo o contacto do rio com o mar, acelerando assim o seu
assoreamento;. Também se chama haff-delta, pois o rio desagua na laguna (haff), formando
um delta interior.

Lido ( Ria Formosa - Faro) -Trata-se de uma zona lagunar obstruída por numerosas ilhas e
cordões de areia. As correntes marítimas transportam materiais resultantes do desgaste da
costa ou trazidos pelos cursos de água (rios que desaguam no litoral) que depositam quando a
velocidade das águas diminui devido à baixa profundidade formando cordões litorais.

Delta - Forma-se quando um rio deposita sedimentos, na área da foz, mais rapidamente do
que o mar os consegue remover. Assim, as águas do rio desaguam no mar através de vários
canais. Formam-se geralmente em locais onde as marés e as correntes marítimas têm pouca
força. A escassa força das águias do mar faz com que a corrente vá depositando os aluviões
junto à foz, construindo um depósito de sedimentos de forma triangular.

Sapal - formações aluvionares periodicamente alagadas pela água salgada e ocupadas por
vegetação halofítica ou, nalguns casos, por mantos de sal. Por vezes atrás de cordões litorais
( restingas e ilhas barreira), em fundos marinhos baixos, formam-se lagunas e sapais com
muitas ilhotas e canais, povoados por uma vegetação adaptada às águas salobras. A ria
Formosa, no Algarve, é disso um bom exemplo.
Ria de Aveiro

Cordões litorais ( Ria Formosa - Faro)

Delta

Tômbolo - pequena ilha rochosa ligada ao continente por um istmo – faixa resultante da
acumulação de areias e seixos . Á acumulação de areia, como aconteceu em Peniche, dá-se
entre o litoral e uma ilha próxima. No caso dos manterias acumulados emergirem a ilha fica
ligada ao continente por uma faixa arenosa a que damos o nome de Tômbolo.

Tômbolo

Esquema de formação de um tômbolo. Repare-se que por acção das correntes marítimas se
acumulam , entre uma pequena ilha e a orla continental grandes quantidades de sedimentos
arenosos que, acabando por emergir, formaram um istmo que faz a ligação ao território
continental. É a este istmo arenoso, ligando uma ilha ao continente, que se dá o nome de
tômbolo.
Quais as diferentes utilizações que o ser humano faz do litoral?

Desde sempre, os países banhados pelo mar têm no litoral um recurso muito importante na
medida em que, associadas a ele, surgiram importantes actividades como a pesca, a extracção
de sal, a indústria, o comércio, o turismo, entre outras.

Desta forma, as várias actividades atraíram a população para o litoral, o que levou à
intensificação da acção humana, que se manifesta por diversas intervenções mais ou menos
próximas da linha de costa, e que contribuem para alterar o aspecto do litoral.

Os Riscos Efectivos/ As Ameaças eminentes no litoral

Quando não há a preocupação de preservar as condições naturais do litoral, estas


intervenções humanas geram impactos que, na maior parte das vezes originam conflitos entre
o desenvolvimento económico e o ambiente.
* A erosão da costa rochosa, provocada principalmente pela acção abrasiva do mar, o que
contribui para o recuo da linha de costa e consequente diminuição das praias, podendo
mesmo ocorrerem acidentes que lesem a vida humana.

* A pressão urbanística, resultante do turismo que invade os espaços litorais, pode ocasionar
problemas relacionados com a destruição do cordão dunar; dificuldades na movimentação de
areias, interrompendo assim o ciclo natural da deposição e do transporte destas pelo mar; As
águas que “desaguam” na praia, através dos efluentes domésticos, encontram-se muitas vezes
contaminadas com consequências negativas para a qualidade da praia e da água do mar, além
de se traduzir numa imagem pouco atractiva aos visitantes.

* A instalação de fábricas junto ao litoral pode, se não for acautelado o tratamento dos seus
efluentes, provocar a degradação ambiental dessas áreas pela libertação de fumos, águas
contaminadas e resíduos de vária ordem.

* A extracção de inertes, que diminui a sedimentação no litoral; recuo da linha de costa e


consequente diminuição das praias.

* A extracção petrolífera, que pode provocar graves problemas de poluição na área costeira.
Como proteger o Litoral?

Para proteger o litoral português é fundamental a elaboração de Cartas de Risco do Litoral e


Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), cujas acções incluam a recuperação das
dunas, a estabilização das arribas, a construção de esporões e de paredões de protecção das
praias, a alimentação artificial das praias, assim como a proibição de construção nas áreas de
risco.~

http://www.prof2000.pt/users/ildamac/geo/litora.htm

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