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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DISCIPLINA: Tópicos em Metafísica 1

PROFESSOR: Gabriel Reis de Oliveira

HORÁRIO: 16h

OBJETIVO

Introduzir aos alunos os argumentos ontológicos de Anselmo de Cantuária (1033-1109),


René Descartes (1596-1650) e Alvin Plantinga, bem como às suas principais objeções.

PROGRAMA

Provar a existência de Deus é uma ambição filosófica muito grande. Uma prova que não
recorre a nenhuma experiência empírica é uma ambição maior ainda, e os argumentos
ontológicos prometem isso. O que é intrigante é que o argumento ontológico seria uma
prova a priori a favor da existência de Deus. Em outras palavras, diferente dos
argumentos cosmológicos e de design, que apelam para evidências empíricas sobre o
início do universo ou o ajuste fino das leis da natureza, o argumento ontológico é um
argumento que independe de quaisquer observações empíricas particulares e pode ser
feito pelo pensamento, apenas. E, curiosamente, esse tipo de argumento conta a favor da
existência de um tipo de Deus entendido como todo poderoso, todo conhecedor e
sumamente bom, que corresponde com a concepção divina das tradições judaica, cristã e
muçulmana. Dessa forma, o argumento ontológico responderia também à grande questão
filosófica acerca da existência: por que existe algo em vez de nada? Existe algo em vez
de nada porque Deus existe, e ele não poderia deixar de existir, uma vez que o argumento
ontológico prova que Deus existe independentemente da existência ou da configuração
do mundo. Embora existam filósofos que rejeitem o projeto do argumento ontológico, os
argumentos nos enredam em divertidos quebra-cabeças filosóficos, desde a filosofia da
linguagem à metafísica.

Este curso explorará os argumentos ontológicos mais famosos de Anselmo, Descartes e


Plantinga. Embora esses argumentos contem com outros defensores notáveis como os
matemáticos Gottfried Leibniz (1646-1716) e Kurt Gödel (1906-78), há também críticos
notáveis, como Tomás de Aquino (1225–74), David Hume (1711–1776) e Immanuel
Kant (1724–1807). Os proponentes contemporâneos de argumentos ontológicos incluem
Jonathan Lowe e Yujin Nagasawa, e os críticos contemporâneos incluem Bertrand
Russell, Graham Oppy, William Rowe e Peter van Inwagen. O detrator Bertrand Russell
nos diz que “[o] argumento não parece, para uma mente moderna, muito convincente,
mas é mais fácil se sentir convencido de que deve ser falacioso do que descobrir
precisamente onde está a falácia” (2004: 536). E o defensor Plantinga também nos diz
que “À primeira vista, o argumento de Anselmo é incrivelmente convincente, se não
totalmente irritante ... é profundamente difícil dizer o que, exatamente, há de errado com
ele” (1974: 85–86). Debateremos algumas das principais objeções históricas e
contemporâneas dos argumentos ontológicos à medida que prosseguirmos em nossas
aulas.

AVALIAÇÃO

Um trabalho escrito defendendo ou criticando o argumento ontológico. Entregar até o dia


05/01. Pontos extras podem ser obtidos por participação em aula.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ANSELMO DE CANTUÁRIA. Proslógio (coleção Os Pensadores). Tradução de Ângelo


Ricci. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. Tradução de Aldo Vannucchi et al. São Paulo:
Loyola, v. I, 2002.

DESCARTES, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

PLANTINGA, Alvin. Deus, liberdade e o mal. São Paulo: Vida Nova, 2012.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ANSELM. Proslogion: With the Replies of Gaunilo and Anselm. Indianapolis: Hackett,
2001.

KANT, Immanuel. Critique of Pure Reason. Cambridge: Cambridge University Press,


1998.

MALCOLM, Norman. “Anselm’s Ontological Arguments,” Philosophical Review 69


(1): 41–62, 1960.
MATTHEWS, Gareth; BAKER, Lynne Rudder. “The Ontological Argument
Simplified,” Analysis 70 (2): 210–12, 2010.

MILLICAN, Peter. “Ontological Arguments and the Superiority of Existence: Reply to


Nagasawa,” Mind 116 (464): 1041–105, 2007.

NAGASAWA, Yujin. Maximal God: A New Defence of Perfect Being Theism. Oxford:
Oxford University Press, 2017.

OPPY, Graham (ed.). Ontological Arguments. Cambridge: Cambridge University Press,


2018.

PLANTINGA, Alvin. God, Freedom, and Evil. Grand Rapids: Eerdmans, 1974.

RUSSELL, Bertrand. History of Western Philosophy. London: Routledge, 2004.

SZATKOWSKI, Miroslaw (ed.). Ontological Proofs Today. Frankfurt: Ontos Verlag,


2012.

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