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FUNDAÇÕES RASAS (SUPERFICIAIS OU DIRETAS)
Urbano Rodriguez Alonso
1) Definição e tipos
São aquelas que transmitem a carga da estrutura ao solo pelas tensões distribuídas sob a
base e em que a profundidade de assentamento, em relação ao terreno adjacente, é inferior a
duas (ou três) vezes a menor dimensão da fundação.
Bloco: elemento de concreto simples (ou até ciclópico) dimensionada de maneira que as
tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto sem
necessidade de armadura (Figuras 1 e 2). Este elemento de fundação só tem sido
usado para obras de pequeno porte/responsabilidade. Este tema é aqui abordado,
pois seu dimensionamento estrutural também é usado no dimensionamento das
bases de tubulões a céu aberto e a ar comprimido a serem estudados no capítulo de
fundações profundas.
Sapata: elemento de concreto armado, dimensionado de tal modo que as tensões de tração
sejam resistidas pela armadura (Figuras 3 e 4).
Nota: O caso da sapata corrida mostrada na Figura 5 não será aqui analisada, visto que não
se deve adotar, concomitantemente largura b e tensão σs constantes, pois se assim
se proceder o valor do produto b.σs conduz a reações de apoio Ri provavelmente
diferentes das cargas Pi e, portanto, conclui-se que para b = constante a tensão no
solo não poderá ser uniforme. Para que a hipótese de tensão uniforme no solo conduza
a resultados estaticamente possíveis, a largura b deverá ser variável. Entretanto uma
análise mais profunda deste assunto foge aos objetivos deste curso.
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Radier: elemento de fundação superficial que abrange parte ou todos os pilares, não
dispostos linearmente, da estrutura (Figura 7).
A Figura 8 mostra montagens de provas de carga em placa a partir das quais se obtém a
curva tensão x recalque que permitirá, devidamente interpretada, fornecer a tensão admissível.
Geralmente a prova de carga é realizada em placa circular de 80 cm de diâmetro. Por esta razão
há que se tomar cuidado levando-se em conta duas situações:
5
m a n ô m e tro d e f le c t o m e tr o
bom ba m a caco
v ig a d e
r e f e r ê n c ia
D ≅100 cm
z≅2D
tr a d o h e lic o id a l
1 σ
0,
=
p
is ó b a r a 1 0 % σ
D ≅ 1 00 cm
4 m
tre c h o
a n c o ra d o
O ensaio de placa requer uma adequada interpretação pois, como já expusemos acima, os
bulbos de tensão da sapata são maiores do que o da placa. Por esta razão a curva tensão x
recalque da placa deverá ser ajustada para as dimensões da sapata. Em primeira aproximação
(Figura 10) esse ajuste na curva tensão x recalque pode-se ser feito pelas expressões abaixo,
respectivamente, para os solos granulares e os argilosos.
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Figura 11: Relação entre o recalque da fundação (rf) e da placa (rp)
2
2.B f
solos granulares (Terzaghi 1955) rf = rp
B +B
f p
Af Bf
solos argilosos (Timoshenko 1951) r f = rp ≅ rp (sapatas quadradas)
Ap Bp
Exemplo: Calcular os recalques que sofrerá uma sapata quadrada com 2,40 m de lado a partir do
resultado de uma prova de carga realizada em placa circular com 80 cm de diâmetro
cujo resultado é apresentado abaixo:
7
b) solo de argila rija
2,4
r f = rP x
0,8
tensão (kN/m2) 90 180 270 360 450
recalque placa (mm) 2 4 7 11 20
recalque fundação 6 12 21 33 60
b) correlações
Teixeira (1996) apresentou as fórmulas mais usadas entre nós, usando o NSPT, mostrando
sua origem e limitações.
N SPT N SPT
σs = (kgf/cm2) ou σ s = (MPa) com 5< NSPT < 25
5 50
Para solos arenosos, Teixeira se baseia na fórmula de Terzaghi, também com coeficiente
de segurança 3 e considera fundações quadradas de lado B ≤ 10m assentes em solo com peso
específico γ = 1,8 tf/m3 (18 kN/m3), a uma profundidade H = 1,5 m.
Esta equação, em que B é expresso em metros, foi obtida a partir da correlação empírica
entre o ângulo de atrito interno das areias ϕ e o índice de resistência à penetração NSPT:
Para os solos com NSPT <5 deve-se tomar cuidado verificando-se se são porosos (portanto
sujeitos a excessivos recalques) e, principalmente se são colapsíveis, Cintra (1998). Nestes casos,
a fundação rasa não é recomendável, conforme se mostra na Figura 12.
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Figura 12: Danos causados à estrutura apoiada em fundação rasa
Quando se dispõe de ensaios de cone pode-se adotar σs = qc/10 ≤ 8 kgf/cm2 (800 kN/m2)
d) métodos teóricos
Os métodos teóricos baseiam-se nos valores da coesão e do ângulo de atrito interno do solo.
1 σ rup
σ rup = c.N c .S c + γ .B.N γ S γ + q.N q S q σs =
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Tabela 1: Fatores de capacidade de carga
Forma da sapata Sc Sq Sγ
Corrida 1,0 1,0 1,0
Retangular 1+(B/L)(Nq/Nc) 1+(B/L)tgφ 1-0,4(B/L)
Quadrada/circular 1+(Nq/Nc) 1+tgφ 0,6
Nc* = 5
b
S c = 1 + 0,2 (b = menor dimensão da sapata)
a
D
1 + 0,2 para D/b ≤ 2,5
b
dc =
1,5 para D/b > 2,5
c.N c
Sapatas quadradas, corridas e corridas: σ s = +q
FS
c.N c* .d c
Sapatas retangulares: σ s = +q
FS
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1o Exemplo: Calcular o fator de segurança da sapata quadrada de lado 2 m indicada abaixo
usando o método teórico e o método de Skempton.
Solução:
a) Método teórico:
φ = 0o Nc = 5,14 (Cuidado! O valor de φ refere-se ao solo onde se apoia a sapata)
Nγ = 0
Nq = 1
Sc = 1 + (1/5,14) = 1,2
Sq = 1 + tg 0o = 1
b) Método de Skempton:
D/b = 1/2 = 0,5 Nc = 7,1
80 x 7,1
250 = + 49 FS = 2,8
FS
2o Exemplo: Determinar o lado de uma sapata quadrada usando o método teórico com FS = 3.
Desprezar o peso próprio da sapata.
Solução:
c=0 c.Nc .Sc = 0
Nγ = 35
φ = 33o
Nq = 26
Sγ = 0,6
Sq = 1 + tg 33o = 1,65
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σrup = 3 x σs 3σs =0 + 0,3x17,5xbx35 + 1,65x17,5x26 σs = 61,25.b + 250
P 4 x550 700
Por outro lado, σ s = = σs ≅
A π .b 2 b2
700
Portanto: = 61,25.b + 250 ou 61,25.b3 +250.b2 = 700
b2
A solução desta equação é feita por tentativas chegando-se ao valor b = 145 cm.
b (m) 61,25*b^3 250*b^2 SOMA
1 61 250 311
1,3 135 423 557
1,4 168 490 658
1,5 207 563 769
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Solução:
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σz = = 0,3 MPa = 300 kN/m2
50
A área da sapata será A = 1920/300 = 6,4 m2, ou seja, b ≈ 2,50 m e, portanto, 2xb = 5 m.
Como pode ser visto na sondagem, até a profundidade (5 + 2) = 7 m vale a média NSPT = 15,
portanto o valor σs = 300 kN/m2 é a resposta.
3) Referências Bibliográficas
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