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Mestrado em Recursos Florestais

Ano letivo 2020/2021


Semestre Par

Gestão de Espécies Invasoras

Perímetro Florestal do Bussaco


“Proposta de Gestão de Invasoras”

Docente:
Hélia Marchante
Discente:
Ângela Fraga, N.º 2007019853

Coimbra, 6 de dezembro de 2021


Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Índice
Resumo ......................................................................................................................................... iii
1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4
2 - MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................... 9
2.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .......................................................................... 9

2.2 - CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL ....................................................................................... 10

2.3 - DIAGRAMA BIOCLIMÁTICO ............................................................................................. 10

2.4 - TRABALHO DE CAMPO .................................................................................................... 11

2.4.1 - Visita às áreas de intervenção e seleção de metodologias ...................................... 11

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................... 12


3.1 - Identificação e Caracterização das espécies invasoras presentes nas áreas de estudo . 12

3.2 - Caracterização da situação de invasão observada .......................................................... 16

3.3 - Propostas de intervenção para a área em estudo .......................................................... 18

4 – DISCUSSÃO E CONCLUSÃO ................................................................................................... 21


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 22

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Índice de Figuras
Figura 1 – Etapas do processo de invasão desde a introdução de uma espécie não nativa até à
estabilização num território, passando por diversas fases, a naturalização, facilitação, aumento de
distribuição.. ........................................................................................................................................................ 5
Figura 2 - Ciclo de Gestão e Controlo de Plantas Invasoras. ............................................................................. 8
Figura 3 – Localização da RPFGC relativamente ao PF do Bussaco. ................................................................. 9
Figura 4 - Diagrama bioclimático da temperatura e da precipitação anual no concelho de Penacova........ 11
Figura 5 – Acacia dealbata Link. ....................................................................................................................... 13
Figura 6 – Distribuição de Acacia dealbata em Portugal................................................................................. 14
Figura 7 - Acacia melanoxylon R. Br.................................................................................................................. 15
Figura 8 – Mapa de distribuição da Acacia melanoxylon em Portugal. .......................................................... 16
Figura 9 – Presença de Acacia dealbata e Acacia melanoxylon na área de estudo....................................... 17

Índice de Tabelas
Tabela 1 - Metodologias de controlo de espécies invasoras lenhosas na área de estudo. .......... 18
Tabela 2 – Calendarização das várias intervenções propostas, os gastos implicados e possíveis
fontes de financiamento. ................................................................................................................. 20

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Resumo

As espécies invasoras são uma das principais ameaças à biodiversidade causando impactes
ecológicos, económicos e nos serviços dos ecossistemas, sendo consideradas uma das principais
ameaças à biodiversidade. Das espécies de plantas invasoras em Portugal, várias acácias, entre
as quais a Acacia dealbata e a Acacia melanoxylon, encontram-se entre as mais dispersas no
território, tendo sido introduzidas pelo seu potencial económico e comercial, para recuperação
de áreas degradadas ou até como fonte de matéria-prima.
O presente trabalho tem como objetivo proceder à dentificação de áreas invadidas por Acacia
spp; à caracterização das espécies presentes na área de estudo; propor metodologias de
controlo para as espécies identificadas e, propor intervenções enquadráveis nas diferentes
fases da gestão.
Para isso, procedeu-se à caracterização da área de estudo, a qual se insere no Perímetro
Florestal do Bussaco, mais concretamente na rede primária de faixas de gestão de combustível
(RPFGC) implementada, onde a dispersão de Acacia dealbata e de Acacia melanoxylon é
evidente, com tendência a acentuar-se.
Uma vez conhecida e identificada a realidade da área de estudo, tendo em conta as limitações
existentes na aplicação de fitocida, foram ponderadas e propostas as metodologias que
poderiam ser mais eficazes e com menores impactes ambientais.

Palavras-chave: plantas invasoras, metodologias de controlo.

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

1 - INTRODUÇÃO
As invasões biológicas são consideradas uma das maiores causas de perda de biodiversidade à
escala global, constituindo uma ameaça às comunidades naturais, com impactes negativos
significativos para a conservação da biodiversidade.
Nas últimas décadas as invasões biológicas ganharam relevância significativa, estando muito
ligadas às atividades humanas, podendo ser promovidas ou facilitadas, por exemplo, pelas
alterações climáticas, perturbações associadas a tempestades, incêndios, alteração do uso do solo,
etc. (Marchante, 2011).
A invasão biológica ocorre quando um organismo se estabelece numa área muito para além da sua
área de distribuição normal, quer isto dizer, quando uma determinada espécie coloniza e persiste
numa área onde não havia ocorrido (Luengo et al., 2003 cit. in Pinto, 2014).
Espécies exóticas são espécies que se fixam para além da sua área de distribuição natural, depois
de serem transportadas e introduzidas pelo Homem, ultrapassando as suas barreiras
biogeográficas (Elton, 1958).
Pensa-se que em Portugal, a agricultura e os Descobrimentos dos séculos XV e XVI foram os
principais impulsionadores da introdução de espécies exóticas. Em 1500 estavam já referenciadas
onze espécies de plantas exóticas em jardins botânicos, para uso agrícola e/ou ornamental. No
entanto, ocorreram também introduções acidentais, que aumentaram progressivamente ao longo
dos dois últimos séculos (Marchante & Marchante, 2007).
A introdução é a primeira etapa do processo de invasão biológica (Figura 1), sendo o momento em
que a planta é introduzida num local onde não existia (Gil, 2017). A naturalização é a segunda
etapa, e acontece quando uma espécie se consegue reproduzir, afastar-se das plantas-mãe e
manter populações estáveis, mantendo-se em equilíbrio com as outras espécies (Gil, 2017). Para
Marchante et al. (2014) algumas espécies que se naturalizam podem depois tornar-se invasoras,
aumentando muito a sua distribuição, em resultado de um estímulo ou perturbação. A fase
seguinte ocorre depois de um estímulo, que pode ser uma tempestade, alteração do uso do solo,
um incêndio, ou inclusive o controlo de outra espécie invasora, uma população constituída pela
espécie exótica estabelecida, consegue aumentar em número e expandir-se no território (Duarte,
2016).

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Figura 1 – Etapas do processo de invasão desde a introdução de uma espécie não nativa até à estabilização
num território, passando por diversas fases, a naturalização, facilitação, aumento de distribuição.
(Fonte: Marchante, 2001).

As espécies que conseguem proliferar e dispersar para longe das áreas de introdução, ocupando
áreas extensas e atingindo abundâncias elevadas podem representar um risco significativo que se
reflete na homogeneização dos ecossistemas (Genovesi & Shine, 2011 cit. in Duarte, 2016)
provocando prejuízos económicos e ecológicos (Lockwood et al., 2007 cit. in Duarte, 2016). Foi o
que aconteceu, por exemplo, com várias espécies de acácia (Acacia spp.) em Portugal (Marchante
et al. 2014).
Das espécies de plantas invasoras em Portugal, várias acácias, entre as quais a Acacia dealbata e a
Acacia melanoxylon, encontram-se entre as mais dispersas no território. Foram introduzidas pelo
seu potencial económico e comercial, para recuperação de áreas degradadas ou até como fonte de
matéria-prima.
As acácias invadem atualmente áreas de elevado valor de conservação, proteção e paisagístico,
bem como áreas de produção. Esta espécie apresenta características como o crescimento rápido,
produção de milhares de sementes que se acumulam em bancos de sementes numerosas no solo,
apresentando grande capacidade de dispersão e elevada capacidade de regeneração (Marchante
et. al, 2010 cit. in Duarte, 2016).

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Várias espécies de acácias encontram-se listadas como invasoras pelo Decreto-Lei n.º 92/2019, de
10 de junho, o qual estabelece o regime jurídico aplicável ao controlo, à deteção, à introdução na
natureza e ao repovoamento de espécies exóticas.
As acácias causam enormes impactos ao nível dos ecossistemas, nomeadamente nas propriedades
biológicas e químicas do solo e nas taxas de crescimento das espécies nativas, provocando a
diminuição da biodiversidade; impactos económicos, devido aos custos elevados na aplicação de
metodologias de controlo; impactos na alteração dos regimes do fogo e, impactos ao nível da
transformação da paisagem (Marchante, 2021).
No Perímetro Florestal do Bussaco (PF) a invasão por Acacias spp. é uma das ameaças à
preservação e à integridade do ecossistema nativo. Não foi possível conseguir registos sobre a
introdução das espécies presentes no local. De acordo com a informação obtida junto do técnico
do ICNF responsável pelo PF do Bussaco, pensa-se que a introdução desta espécie seja anterior ao
ano de 1999, tendo proliferado após o incêndio de 2005.
Apesar da área objeto de estudo apresentar elevada proliferação de acácias, potenciada pelos
incêndios que deflagraram no concelho de Penacova, o interesse do seu estudo está relacionado
com o facto de naquela área estar implementado um troço de rede primária de faixas de gestão de
combustível. Este troço tem tido intervenção anual com recurso a equipamentos mecânicos e
moto-manuais, no âmbito do serviço público das equipas de sapadores florestais do Programa
Nacional de Sapadores Florestais, no entanto, a estratégia de controlo não se apresenta eficaz,
devido à capacidade de proliferação destas espécies.
A gestão de espécies invasoras é de extrema importância no território onde aparecem, de modo a
evitar/diminuir os seus impactos negativos (económicos, ecológicos e sociais), sendo a prevenção
uma das estratégias de gestão mais eficazes e com uma razão custo/benefício mais favorável
(Marchante et al., 2017), de modo a evitar a entrada de novas espécies potencialmente invasoras.
Para Marchante et. al (2017) podem ser consideradas várias ações de prevenção, nomeadamente:
a criação e aplicação de instrumentos legislativos que permitam a interceção a nível das fronteiras;
o controlo de vias de introdução; a sensibilização de diferentes atores e públicos-alvo; e/ou o
desenvolvimento de projetos que envolvam a comunidade.
A deteção precoce de novos focos de invasão, quando as populações apresentam ainda uma
distribuição restrita, é fundamental, sendo necessário a intervenção o mais rapidamente possível
para a sua erradicação, contenção e controlo (Marchante et. al, 2017). A probabilidade de deteção
precoce de uma espécie invasora é baixa, devido à grande diversidade de organismos
potencialmente invasores que podem ser introduzidos, as dificuldades de identificação taxonómica
e de deteção de indivíduos em números reduzidos, e ainda as extensas áreas que carecem de

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monitorização (Marchante et. al, 2017). Para Gil (2017) se a população estiver sensibilizada é mais
fácil estar atenta a novas espécies exóticas e/ou invasoras, atuando nesta fase, com espécies ainda
pouco dispersas, os custos quer económicos quer ambientais são muito mais reduzidos.
A erradicação consiste na remoção de todos os indivíduos de uma determinada espécie exótica,
incluindo o banco de sementes, de um dado local (Marchante, 2011). Quando a erradicação deixa
de ser viável, a solução passa pela contenção ou o controlo, normalmente a longo prazo (Duarte,
2016). A contenção e o controlo têm como objetivo restringir a expansão da planta invasora e
mantê-la dentro de um determinado limite geográfico, realizando ações de controlo numa área
tampão em torno da área onde a planta deverá ficar contida (Duarte, 2016).
O controlo das espécies de acácia identificadas na rede primária de faixas de gestão de combustível
(RPFGC) do PF do Bussaco constitui um grande desafio, uma vez que formam uma área extensa e
densa, competindo com as espécies nativas presentes, prejudicando o seu desenvolvimento.
Assim, torna-se necessário proceder à elaboração de um plano de gestão seja eficaz, com objetivos
bem definidos (conservação, recuperação) e com um orçamento previsível para a execução das
diferentes intervenções.
A mitigação foca-se sobretudo sobre as espécies nativas afetadas pela invasão biológica e associa-
se muitas vezes a ações de restauro do ecossistema, ainda que este também possa aplicar-se na
sequência das outras alternativas de gestão (Marchante et. al, 2017). Esta fase pode incluir
plantações, sementeiras, intervenções de engenharia natural, reintroduções de espécies extintas a
nível local e até mesmo translocações de populações em risco para áreas não invadidas
(Marchante et. al, 2017). Deve sempre ter em conta as alterações que as espécies invasoras geram
nos ecossistemas e no meio físico, mesmo após a sua remoção, como, mudanças no solo a nível
nutritivo, favorecimento do aparecimento de outras espécies exóticas com potencial invasor ou até
mesmo um impacte negativo ao nível das espécies autóctones que podem ter desenvolvido uma
relação de dependência com a espécie invasora (Marchante et. al, 2017). Para (Costa, 2019), caso
se constate alguma falha ao nível das ações ou procedimentos delineados deverá ser feita uma
revisão e efetuadas as devidas alterações no plano de intervenção (Figura 2).

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Figura 2 - Ciclo de Gestão e Controlo de Plantas Invasoras.


(Adaptado de Marchante, 2001).

Uma vez definidos os objetivos de gestão, dever-se-á avaliar as ameaças à sua concretização. Além
disso, deve fazer-se uma avaliação do risco e com os recursos disponíveis dever-se-á definir
prioridades de intervenção, bem como propor metas realistas para que se consiga minimizar os
efeitos da presença da(s) espécie(s) invasora(s) e controlar a sua progressão. Independentemente
da metodologia escolhida, para que se atinja um nível de controlo satisfatório é fundamental que
sejam sempre incluídas as seguintes fases sequenciais: 1) Controlo inicial - visa a redução drástica
das populações, sendo a fase que implica normalmente os custos mais elevados; 2) Controlo de
seguimento - consiste no acompanhamento frequente das áreas controladas, para deteção e
controlo, se necessário, da regeneração por rebentamento de touça ou raiz, germinação de
sementes, etc.; 3) Controlo de manutenção - visa o controlo eficaz de focos esporádicos da espécie
invasora a longo prazo, sendo a fase que envolve, por norma, os custos mais baixos. Ignorar o
controlo de seguimento e de manutenção pode culminar no agravamento da invasão (Duarte,
2016).
Com este trabalho pretende-se atingir os seguintes objetivos:
- Identificar áreas invadidas por Acacia spp;
- Caracterizar as espécies presentes na área de estudo;
- Propor metodologias de controlo para as espécies identificadas;
- Propor intervenções enquadráveis nas diferentes fases da gestão.

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

2 - MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo localiza-se no Perímetro Florestal do Bussaco, nos concelhos da Mealhada,
Mortágua e de Penacova, NUT III – Região de Coimbra. Este PF ocupa uma área de 962,36 ha, e nos
termos da Lei n.º 11A/2013, de 28 de janeiro, que estabelece a reorganização administrativa do
território das freguesias, é inserido em 5 freguesias, Luso – Mealhada, Trezói – Mortágua, Carvalho,
Sazes do Lorvão e Penacova - Penacova.
A rede primária de faixas de gestão de combustível (RPFGC) foi implementada parcialmente em
2017 pelo Município de Penacova, encontrando-se a sua manutenção anual sob a responsabilidade
do ICNF, como entidade co-gestora do PF do Bussaco. E é sobre esta área que se pretende realizar
este estudo, para posterior replicação na restante área, caso o mesmo venha a ser eficaz.
Na Figura 3 assinala-se a localização da rede primária de faixas de gestão de combustível objeto de
estudo relativamente ao Perímetro Florestal do Bussaco.
A área total de intervenção é de 22 ha e insere-se nas freguesias de Carvalho e Sazes do Lorvão,
concelho de Penacova. Esta área está integralmente ocupada por Acacia dealbata, Acacia
melanoxylon e regeneração natural de Ilex aquifolium e Pinus pinaster Ait. com bom vigor
vegetativo.

Figura 3 – Localização da RPFGC relativamente ao PF do Bussaco.

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2.2 - CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL


Relativamente às características biofísicas em que se enquadra a área de estudo, é possível
verificar que os declives são inferiores a 20º, com cotas de altitude entre os 370 e os 490 metros
aproximadamente, não condicionando a definição das diferentes metodologias de controlo de
espécies invasoras.
As boas acessibilidades, poderão contribuir para facilitar a implementação das metodologias de
controlo a definir.
Importa relevar o facto de nesta área não ser possível a aplicação de fitocida uma vez que se insere
na área de abrangência das águas do Luso e de Penacova.

2.3 - DIAGRAMA BIOCLIMÁTICO


Os fatores climáticos afetam diretamente o crescimento e o desenvolvimento das plantas sob
diferentes formas e nas diversas fases do ciclo da cultura. Assim, conhecendo a variação da
precipitação e da temperatura poderemos planear de forma mais eficaz quais as metodologias de
controlo e melhor época de realização.
As metodologias de controlo podem ser condicionadas pelas condições de clima: a época ideal
para realizar descasques de invasoras lenhosas coincidem com períodos de temperatura amena e
relativa abundância hídrica
De acordo com o PMDFCI Penacova (2020) e, de acordo com o verificado na Figura 4, constata-se
que a temperatura aumenta progressivamente de janeiro (9,7 °C) até julho (21,5 °C),
correspondendo este ao mês em que se regista a temperatura média mais elevada, sendo que a
amplitude térmica anual é de 11,8 °C. Observa-se ainda que a partir do mês de agosto a
temperatura média do ar volta a decrescer, atingindo os seus valores mais baixos nos meses de
inverno, particularmente nos meses de dezembro (10,7 °C) e janeiro (9,7 °C). Os meses em que as
temperaturas são mais elevadas correspondem aos meses de junho, julho, agosto e setembro,
correspondendo, portanto, aos períodos com maior probabilidade à ocorrência de incêndios
florestais.
Podemos ainda verificar que, os valores de precipitação no concelho de Penacova, são
característica dos regimes pluviométricos torrenciais, sendo esta distribuída de uma forma desigual
ao longo de todo o ano, apresentando um total anual médio da ordem dos 1346 mm. Os meses
que apresentam valores mais elevados de precipitação são janeiro e fevereiro. Em contrapartida,
os meses de julho e agosto são os meses mais secos, com 14,2 mm e 15,9 mm, respetivamente.

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Figura 4 - Diagrama bioclimático da temperatura e da precipitação anual no concelho de Penacova.


Fonte: Normais Climatológicas para a Estação de Bencanta/Coimbra (1971-2000).

De acordo com a classificação de Köppen o concelho de Penacova tem um clima do tipo Csb –
clima mediterrânico com verões quentes, evidenciando assim alguma continentalidade no
contexto português (IPMA, 2021).
A área de intervenção e toda a envolvente era ocupada por povoamentos adultos de pinheiro-
bravo, o qual entrou em declínio a partir do ano de 2003, aquando da identificação de exemplares
afetados pelo Nemátodo da Madeira do Pinheiro.
De acordo com o PDM de Penacova (2021), a área objeto de estudo insere-se em solo rural –
espaços florestais de produção, em áreas de máxima infiltração e em áreas de risco de erosão
(100% REN) e sem condicionantes de RAN.

2.4 - TRABALHO DE CAMPO


2.4.1 - Visita às áreas de intervenção e seleção de metodologias
Foram efetuadas duas vistorias de campo ao local de estudo, de modo a proceder à caracterização
da mesma, à identificação das espécies invasoras recorrendo ao guia prático para a identificação
de plantas invasoras de Portugal Continental (Marchante et. al, 2014), à escolha das melhores
metodologias de controlo, tendo em conta quer as características das espécies, quer o local, quer
as condições de acessibilidade.

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Não foram efetuadas medições uma vez que a área de estudo apresenta exemplares com dap
(diâmetro à altura do peito) inferior a 7,5 cm, tendo-se verificado no local que os exemplares
existentes se distribuíam homogeneamente ao longo de toda a área, espaçadas entre si
aproximadamente 5*5 cm.
Relativamente à seleção das propostas de intervenção para controlo das espécies invasoras
presentes na área de estudo, teve-se em conta as seguintes fases: a) controlo inicial; b) controlo de
seguimento ou continuidade; e c) controlo de manutenção.
Teve-se em atenção as metodologias de controlo adequadas a cada uma das espécies identificadas,
optando-se por técnicas que provocassem menor impacto em termos ambientais, sobretudo na
não aplicação de fitocida, bem comos os custos associados.
O controlo de espécies invasoras exige uma atenção cuidada e controlada, atendendo a todas as
características da espécie desde a época de produção de fruto, a libertação de sementes, as alturas
de maior stress, entre outros, para que intervenção tenha sucesso (Costa, 2019).

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 - Identificação e Caracterização das espécies invasoras presentes nas áreas
de estudo
Na área de estudo foram identificadas duas espécies invasoras: Acacia dealbata e Acacia
melanoxylon, recorrendo-se, conforme mencionado anteriormente, ao guia prático para a
identificação de Plantas Invasoras de Portugal Continental (Marchante et. al, 2014).

Acacia dealbata Link


Vulgarmente conhecida como mimosa (Figura 5), a Acacia dealbata pertence à família Fabacea
(leguminosae) e é originária do sudeste da Austrália e Tâsmania (Invasoras, 2021). Segundo o
Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10 de julho esta espécie está listada como invasora.
Apresenta um nível de risco de 31, o qual foi obtido de acordo com um protocolo adaptado do
Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017) cit. in Invasoras
(2021), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter
comportamento invasor no território Português (Invasoras, 2021).

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Figura 5 – Acacia dealbata Link. (Invasoras, 2021).

A Acacia dealbata é uma árvore de 12 a 15 m de altura e apresenta ritidoma liso e acinzentado.


Tem folhas recompostas, verde-acinzentadas, com 10 a 26 pares de pínulas, por sua vez com 20 a
50 pares de folíolos e com ráquis central da folha com glândulas apenas nas zonas de inserção das
pínulas (Marchante et al., 2014). As suas flores apresentam uma cor amarelo-vivo e estão reunidas
em capítulos de 5-6 mm de diâmetro, formando grandes panículas, ocorrendo a sua floração
normalmente de janeiro a abril (Invasoras, 2021), ocorrendo a maturação das sementes 5 a 6
meses depois (Maslin & McDonald 2004 cit. In Duarte, 2016). Os frutos são vagens castanho-
avermelhadas comprimidas e pruinosas com sementes que apresentam um funículo curto e
esbranquiçado (Marchante et al., 2014).

Esta espécie tem uma enorme capacidade de produção de sementes e o banco de sementes que
permanece acumulado no solo apresenta um enorme período de viabilidade; a germinação é
estimulada pelo fogo, percebendo-se que após a ocorrência de um incêndio, a probabilidade de
invasão por Acacia dealbata é superior (Marchante et al., 2014).
Apresenta uma vigorosa capacidade de rebentação por toiça e raiz, que lhe confere grande
resiliência ao corte, quebra ou arranque parcial do sistema radicular (Marchante et al., 2014).
Também se reproduz por via seminal produzindo muitas sementes, que se acumulam em bancos
de sementes muito numerosos, que se acumulam debaixo da árvore-mãe, permanecendo viáveis
no solo por 50 anos ou mais (Fernandes, 2008 cit. In Duarte, 2016). As sementes são dispersas por
animais, sobretudo por pássaros e formigas, e, por vezes, por ventos fortes e por ação humana
(por exemplo aquando de transporte de solos ou agarradas aos sapatos e outros materiais) o que

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

leva à formação de focos de invasão dispersos e/ou afastados das áreas invadidas (Invasoras,
2021).
A Acacia dealbata adapta-se bem a ambientes com precipitação média anual entre os 600 a 1000
mm, climas temperados e tem a capacidade de sobreviver ao frio e ao gelo (Fernandes, 2008 cit. In
Gil, 2017). É uma espécie bastante tolerante à secura e resiste a temperaturas que podem oscilar
entre os -10ºC (desde que por períodos de tempo curtos) até temperaturas na ordem dos 40ºC
(Tavares et al., 1999 cit. in Rodrigues, 2014).
Em Portugal invade sobretudo zonas montanhosas, margens dos cursos de água e das vias de
comunicação (Marchante et al. 2014), áreas agrícolas abandonadas e áreas florestais.
Acacia dealbata invade sobretudo os terrenos frescos dos vales, zonas montanhosas e margens de
recursos hídricos superficiais, zonas ribeirinhas e margens de vias de comunicação antrópicas
(Marchante, et al., 2014).
Foi introduzida para fins ornamentais e cultivada para a fixação de solos e como espécie florestal
(Marchante et al., 2014).
A Acacia dealbata Link está distribuída em todo o território continental e ilha da Madeira, como
poderemos observar pela Figura 6.

Figura 6 – Distribuição de Acacia dealbata em Portugal (Invasoras, 2021).

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Acacia melanoxylon R. Br.


Vulgarmente conhecida como austrália (Figura 7), acácia-da-austrália, acácia-negra-da-austrália,
acácia-negra ou acácia-austrália (Invasoras, 2021), esta espécie pertence à família Fabaceae
(Leguminosae), sendo originária do sudeste australiano e da Tasmânia (Marchante et al., 2014).
Tal como a Acacia dealbata, esta espécie listada como invasora pelo Decreto-Lei n.º 92/2019, de
10 de julho. Conforme definido pelo protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment,
(Pheloug et al. 1999), esta espécie tem potencial invasor no território Português, tendo obtido um
valor de 28 (Morais et al., 2017 cit. In Invasoras, 2021).

Figura 7 - Acacia melanoxylon R. Br. (Invasoras, 2021).

Acacia melanoxylon é uma árvore de até 30 m de altura, de ritidoma castanho-escuro


profundamente fendido (Marchante et. al, 2014). Segundo os mesmos autores esta espécie possui
folhas perenes, reduzidas a filódios; enquanto jovem têm folhas recompostas e filódios, enquanto
em adultas apenas têm filódios laminares, geralmente falciformes, com várias nervuras
longitudinais (Garcia Gallo, 2008 cit. In Gil, 2017). Em Portugal, a sua floração ocorre geralmente de
fevereiro a junho, apresentando as suas flores uma cor amarelo-pálido ou esbranquiçado, reunidas
em capítulos de 10-12 mm de diâmetro dando origem a vagens castanho-avermelhadas,
comprimidas, contorcidas; sementes completamente rodeadas por funículo alaranjado (Marchante
et. al, 2014).
Reproduz-se por via seminal produzindo muitas sementes, que permanecem viáveis no solo mais
de 50 anos. As sementes podem ser disseminadas por aves, vento, água e roedores. As sementes
germinam após abertura de espaço e/ou ocorrência de fogo (Marchante et. al, 2014),
reproduzindo-se igualmente por via vegetativa, formando rebentos vigorosos de touça e raiz.

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Invade preferencialmente margens de vias de comunicação e de linhas de água, orlas ou


subcoberto de espaços florestais ou espaços abertos (Marchante et. al, 2014). Além disso, prefere
terrenos graníticos, evitando calcários. Tolera bem a seca, ventos marítimos, locais poluídos e
temperaturas extremas (Marchante et. al, 2014).
Acacia melanoxylon produz muitas sementes, podendo permanecer viáveis no solo durante mais
de 50 anos; podem ser disseminadas por aves, roedores, vento e água; rebenta vigorosamente de
touça e raiz; a germinação é estimulada pelo fogo, formando povoamentos muito densos
impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa; produz muita folhada rica em azoto, que
promove a alteração do solo (Marchante et. al, 2014).
Esta espécie está distribuída em todo o território continental e ilhas, como poderemos observar
pela Figura 8.

Figura 8 – Mapa de distribuição da Acacia melanoxylon em Portugal (Invasoras, 2021).

3.2 - Caracterização da situação de invasão observada


O trabalho de campo foi efetuado em outubro de 2021. Foi percorrida toda a área, sendo possível
identificar duas espécies de acácias: Acacia dealbata e Acacia melanoxylon.
Não foram efetuadas medições de diâmetro à altura do peito dos indivíduos presentes, por se
trataram de plantas jovens, provenientes de rebentação de touça e/ou germinação, após corte
efetuado no decorrer do primeiro semestre de 2021. A área encontra-se ocupada em cerca de 90%
com estas espécies.

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Nesta área houve controlo de Acacia spp. em anos anteriores, decorrente da atividade das equipas
de sapadores florestais, tendo-se verificado o rebentamento por touça ou raiz após o corte. Tem-
se verificado ao longo dos anos uma ligeira diminuição da re(invasão) destas espécies, pelo que as
intervenções que têm vindo a ser efetuadas uma vez por ano, têm contribuído para essa
diminuição.
De seguida apresentam-se algumas imagens que ilustram a presença das espécies existentes na
área de intervenção.

Figura 9 – Presença de Acacia dealbata e Acacia melanoxylon na área de estudo.

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

3.3 - Propostas de intervenção para a área em estudo


Atendendo ao facto da propagação observada ocorrer quer por via seminal quer por rebentos de
raiz e touça; uma vez que estas espécies se encontram disseminadas em toda a área de estudo;
atendendo às diferentes etapas no planeamento da gestão destas invasoras; atendendo aos
recursos disponíveis; importa delinear um plano de gestão eficaz com propostas de intervenção
cujas probabilidades de sucesso sejam maiores.
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da
área invadida, identificação das causas de invasão, avaliação dos impactes, definição das
prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação
(Invasoras, 2021). Assim, tendo em conta características da área de estudo, foram consideradas as
metodologias de controlo para as duas espécies identificadas, conforme se poderá observar na
Tabela 1, as quais tiveram em conta a minimização dos impactes negativos das mesmas.

Tabela 1 - Metodologias de controlo de espécies invasoras lenhosas na área de estudo.

Tipo de controlo Metodologias

Corte motomanual e/ou mecânico (com corta-matos)

Controlo Físico Arranque manual

Fogo controlado

Plantação Adensamento com Ilex aquifolium e Pinus pinaster Ait.

O control físico recorrendo a trator com corta-matos e/ou com motorroçadoura deverá ser feito
em duas épocas anuais: o primeiro na primavera e o segundo no outono. O corte deverá ser feito o
mais rente possível ao solo. Ambas as intervenções serão efetuadas pelas equipas de sapadores
florestais no âmbito do serviço público.
Propõe-se o arranque manual anualmente (outono) em aproximadamente 10% da área. As plantas
podem ser arrancadas manualmente, recorrendo, ou não, a ferramentas (sachola, plantador ou
enxada). A planta deve ser agarrada junto ao colo (separação do caule com a raiz) de forma a
prevenir que apenas a parte aérea seja removida. O arranque deve ser realizado de forma a que
não fiquem raízes de maiores dimensões no solo já que podem regenerar novos indivíduos a partir
daí. Para esta ação pretende-se sensibilizar a comunidade escolar, os escuteiros, as autarquias
locais, bem como empresas, para participação em ações de voluntariado.

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

Prevê-se ainda que seja feita uma parcela de estudo (onde a regeneração natural de azevinho e
pinheiro bravo seja inexistente) recorrendo à técnica de fogo controlado. Esta ação será realizada
entre outubro a março, desde que as condições atmosféricas sejam propícias à realização da
mesma. Será executada em áreas estratégicas com o objetivo de estimular a germinação do banco
de sementes. O fogo controlado será efetuado no âmbito do serviço público das equipas de
sapadores florestais. Também se prevê o envolvimento dos gabinetes técnicos florestais, dos
bombeiros voluntários locais e da proteção civil.
Atendendo ao facto de na área de estudo ser abrangida pela área de proteção das águas do Luso e
de Penacova, não é possível o recurso ao controlo químico, pelo que este método de controlo não
será considerado no âmbito deste estudo.
Ambas as espécies de acácia apresentam um grande banco de sementes, pelo que se propõe
igualmente, recorrer à técnica de fogo controlado, com o objetivo de destruir, ou estimular a
germinação das sementes que estão solo, e posteriormente proceder ao arranque ou corte das
plantas jovens que daí se venham a desenvolver.
Na área de estudo é possível observar regeneração natural de azevinho e pinheiro bravo, pelo que
se propõe ainda o adensamento da área com estas espécies, de modo a privilegiar o
ensombramento. Esta intervenção deverá ser feita manualmente evitando as mobilizações de solos
(a qual poderá aumentar ainda mais a germinação de sementes do solo). Propõe-se a realização da
mesma em outubro. Para tal, será necessário obter financiamento quer para a aquisição de plantas
quer de mão-de-obra, junto do PDR2020 ou outro programa de financiamento.
Relativamente à prevenção, na área de estudo pouco há a fazer, pois as espécies presentes já se
encontram bastante disseminadas. No entanto, torna-se fundamental estabelecer medidas de
prevenção para evitar a introdução de novas espécies, atuando junto da população escolar,
população em geral, proprietários e/ou produtores florestais, operadores económicos, através de
ações de sensibilização alertando-as para a deteção precoce de outras espécies potencialmente
invasoras, e onde seja possível agir rapidamente. Para além da elaboração de folhetos
informativos, torna-se fundamental a realização de seminários e workshops, com vista a dotar os
intervenientes de capacidades técnicas para a identificação das espécies.
Seguidamente apresenta-se o cronograma com as propostas de calendarização das várias
intervenções propostas, os gastos implicados e possíveis fontes de financiamento para as executar
(Tabela 2).

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Tabela 2 – Calendarização das várias intervenções propostas, os gastos implicados e possíveis fontes de financiamento.
Fontes
Local Área (ha) Intervenções Metodologia Época Objetivo Custos (€/ha) Total (€/ha)
Financiamento

Corte
Controlar a
motomanual e/ou
Primavera rebentação e/ou 575,04 12628,88 PSF
mecânica (com
germinação
corta-matos)

Outubro a março
1.ª Intervenção
(desde que as
(controlo inicial) Estimular o banco
Fogo controlado condições 233,68 5140,85 PSF
de sementes
climatéricas o
permitam)
PF Bussaco
22 Promover o
RPFGC Plantação Outono 2064,76 45424,76 PDR2020
ensombramento

Corte
Controlar a
motomanual e/ou
Primavera rebentação e/ou 575,04 12628,88 PSF
2.ª Intervenção e mecânica (com
germinação
posteriores corta-matos)
(controlos de Arranque manual
Controlar a
continuidade) (a efetuar Voluntariado
Outono rebentação e/ou 702,12 1544,66
anualmente em PDR2020
germinação
10% da área)

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A monitorização deve ser feita regularmente em toda a área de intervenção, de forma a detetar
e controlar novas plantas invasoras que possam surgir, e impedir que o investimento feito no
controlo inicial tenha que ser reiniciado, com custos que poderão ser superiores aos efetuados.
Além disso, importa verificar se as metodologias adotadas foram as mais acertadas e, caso se
verifique o oposto, retificar essas mesmas metodologias até se obter o sucesso desejado.

4 – DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
As espécies invasoras identificadas na área de estudo foram a Acacia dealbata Link e a Acacia
melanoxylon R. Br..
Considerando as limitações existentes na área de estudo relativamente à impossibilidade de
aplicação de fitocida, as metodologias propostas para as duas espécies incidiram sobretudo no
controlo físico com posterior adensamento com Ilex aquifolium e Pinus pinaster Ait., presentes
na área de estudo por regeneração natural, pretendendo-se com esta ação promover o
ensombramento, criando condições para a diminuição da germinação das sementes.
As metodologias identificadas deverão ser bem planeadas, de modo a garantir o sucesso das
mesmas. Além disso, deve seguir-se o plano de gestão para a área invadida, garantindo que os
recursos e o financiamento sejam suficientes.
O controlo de Acacia dealbata e Acacia melanoxylon é bastante oneroso e difícil. Os custos
estão sobretudo relacionados com mão-de-obra necessária ao controlo e à aquisição de plantas
e plantação.
De referir que, embora todo o Perímetro Florestal do Bussaco se encontre extremamente
invadido por acacias, optou-se apenas por limitar o estudo à rede primária de faixas de gestão
de combustível, pelas condicionantes que a sua implementação/manutenção exigem.
Apesar de nos últimos 4 anos após a primeira intervenção se ter observado uma ligeira
diminuição da rebentação/germinação das espécies invasoras presentes naquela área, torna-se
fundamental a importância de assegurar os controlos de seguimento nos próximos anos, tendo
presente que para a concretização das propostas deste trabalho, o financiamento tem um papel
fulcral. Atualmente o financiamento dos cortes está garantido no âmbito do Programa de
Sapadores Florestais, no entanto, para o sucesso desta proposta de gestão, dever-se-á procurar
outro tipo de financiamentos, quer ao abrigo do Fundo Ambiental, quer ao abrigo do PDR2020.
As ações de voluntariado também serão uma mais-valia, pelo que se deverá sensibilizar as
comunidades escolares, autarquias, entre outras entidades, a participar ativamente.
Na área de estudo não foi prevista qualquer ação de prevenção e deteção precoce, uma vez que
a mesma já se encontra numa fase de invasão avançada.

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Proposta de Gestão de Invasoras – PF do Bussaco

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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através da análise da recuperação de áreas intervencionadas e do potencial de (re) invasão –
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Escola Superior
Agrária
Politécnico de Coimbra

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