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III - No entanto não se pode concluir que terminada uma licença não se
possam solicitar e ser concedidas novas licenças sem vencimento,
bastando para tanto que estejam preenchidos os pressupostos para o efeito.
Relatório
A Caixa Geral de Aposentações recorre da sentença proferida pelo TAF
de Leiria, em 16.3.2021, na ação administrativa especial que C…
instaurou a pedir a anulação do despacho que, em 10.9.2014, lhe indeferiu
o pedido de aposentação antecipada, a condenação à prática do ato devido,
de reconhecimento do direito do autor a efetuar descontos para a CGA
entre 8.2005 a 4.2011 e a deferir o pedido de aposentação antecipada
formulado pelo autor, por este reunir os requisitos legais do art 37º A do
Estatuto da Aposentação.
A ação foi julgada procedente e a CGA foi condenada na prática: (a) de
um ato que reconheça o direito do autor a efetuar descontos para a CGA
entre agosto de 2005 e abril de 2011 e b) de um ato que defira o pedido de
aposentação antecipada formulado pelo autor.
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07/01/22, 00:17 Acordão do Tribunal Central Administrativo
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Objeto do recurso:
A questão suscitada pela recorrente, delimitada pelas alegações de recurso
e respetivas conclusões, traduz-se em saber se o autor tem direito à pensão
de aposentação antecipada, que formulou a 17.8.2011, por reunir os
pressupostos legais do art 37º A do Estatuto da Aposentação,
designadamente, por ser subscritor da CGA. A sentença recorrida deu
resposta positiva, mas a CGA imputa-lhe erro de julgamento de direito.
A título de questão prévia, suscitada pelo recorrido nas suas contra-
alegações, cumpre conhecer da inadmissibilidade do recurso por falta de
apresentação de conclusões.
Fundamentação
De Facto
Pelo Tribunal foi julgada provada a seguinte matéria de facto, a qual não
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De direito
Da inadmissibilidade do recurso por falta de apresentação de
conclusões.
O recorrido pugna pela rejeição liminar do recurso por as «conclusões»
serem uma cópia integral das alegações da CGA. Assim defende, com
apoio em jurisprudência que cita, que a repetição integral da motivação
do recurso nas conclusões, equivale à falta destas, constituindo motivo de
rejeição do recurso.
Diga-se que a reprodução integral, ipsis verbis, das alegações nas
conclusões do recurso não cumpre a função de síntese e de delimitação do
objeto do recurso, daquilo que o recorrente pretende obter do tribunal
superior.
E neste caso a CGA, sem qualquer preocupação de síntese, aventa uma
quantidade de conclusões, tantas quantas as respetivas alegações, como se
isso fosse sinónimo de qualidade e de necessidade de apreciação de tudo
quanto vem dito e arguido no recurso.
O que de todo não é exigido na lei (cfr art 144º, nº 2 do CPTA ou art 639º,
nº 2 do CPC).
Como ensina a doutrina, rigorosamente, as conclusões devem (deveriam)
corresponder a fundamentos que, com o objetivo de obter a revogação,
alteração ou anulação da decisão recorrida, se traduzam na enunciação
de verdadeiras questões de direito (ou de facto) cujas respostas interfiram
com a decisão recorrida e com o resultado pretendido, sem que jamais se
possam confundir com os argumentos de ordem jurisprudencial ou
doutrinal, os quais não devem ultrapassar o setor da motivação (cfr CPC
anotado, por Abrantes Geraldes e outros, vol I, 2019, pág 767).
Sucede que a deficiente apresentação das conclusões, notória no presente
caso, em nosso entender, não significa falta de conclusões, permitindo a
lei uma solução paliativa, que possibilita um convite ao aperfeiçoamento
(cfr art 146º, nº 4 do CPTA e art 639º, nº 3 do CPC). (cfr art 146º, nº 4 do
CPTA e art 639º, nº 3 do CPC).
Neste caso ainda, pese embora a irregularidade cometida pela recorrente
Caixa Geral de Aposentações, porque a questão em discussão e
controvertida [de saber se o recorrido era subscritor da CGA à data em
que requereu a aposentação antecipada], que a recorrente pretende obter
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deste tribunal ad quem, mais não é do que a repetição dos argumentos que
já tinha invocado na contestação em defesa do ato impugnado, os quais
não foram acolhidos pelo Tribunal a quo, que diversamente da tese
sustentada pela apelante, considerou o ato ilegal e condenou a demandada
na prática do ato administrativo devido, nem mesmo se dirige convite ao
aperfeiçoamento das conclusões do recurso.
Avançamos, por isso, para o conhecimento do mérito do recurso, julgando
improcedente a questão prévia da inadmissibilidade do recurso.
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11/93, de 15 de janeiro.
Ou seja, como decidiu a sentença sob recurso, por força da norma
transitória contida no artigo 35.º, do Decreto-lei n.º 17/2009, os efeitos do
disposto no artigo 22.º mantiveram a sua aplicabilidade a situações a
constituir ulteriormente à sua revogação e até ao decurso do prazo de 24
meses, o que abrange em pleno o ato de concessão de licença proferido
em 08.04.2010.
O que ocorreu na situação do autor/ recorrido, com os atos de concessão
de licença sem vencimento deliberados em 8.4.2010 e em 2.6.2010, ambos
posteriores à data da entrada em vigor do DL nº 177/2009, isto é,
9.8.2009, mas dentro do prazo de 24 meses a contar dessa data (com termo
a 4.8.2011).
A que se soma o facto de estas licenças, concedidas ao autor/ recorrido em
8.4.2010 e em 2.6.2010, se destinarem a regularizar a situação do
trabalhador, designadamente, junto da Caixa Geral de Aposentações.
Pois, por ter optado por continuar a efetuar descontos para a aposentação
durante o tempo da licença sem vencimento, o autor/ recorrido durante a
duração das licenças continuou a efetuar descontos para a Caixa Geral de
Aposentações, entre 31.7.1995 e 31.7.2005, entre 1.8.2005 e 31.5.2010,
entre 31.5.2010 e, pelo menos, 31.10.2010 (cfr als E), L) e M) dos factos
provados). Lê-se inclusive na al M) do probatório que os pagamentos
foram efetuados no âmbito de um acordo de pagamento feito com a Caixa
Geral de Aposentações para regularizar quantias em dívida.
Do exposto resulta que a licença sem vencimento atribuída ao autor/
recorrido, em 7.6.1995, vigorou entre 31.7.1995 e 31.7.2005, durante dez
anos e, portanto, de acordo com o art 22º, nº 1 do DL nº 11/93, a mesma
findou sem possibilidade de renovação, em 31.7.2005.
E esta licença não foi renovada, nem mesmo de facto, pela Administração
Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Antes tendo esta entidade
concedido duas novas licenças sem vencimento ao autor/ recorrido, em
momento posterior a 2005 (uma que vigorou entre 1.8.2005 e 31.5.2010 e
outra que vigorou entre 31.5.2010 e 31.5.2011). Como corretamente frisa
o recorrido nas contra-alegações e resulta dos factos provados nas als F) e
H), estas duas novas licenças sem vencimento concedidas ao autor pela
ARSLVT, entidade com competência para o efeito, são perfeitamente
distintas e autónomas umas das outras, cada qual com o seu pedido
individual, conteúdo específico e autorização própria.
Permitindo-nos transcrever as conclusões do recorrido na parte em que
enfatizam:
O que está em causa nos presentes autos não é a renovação de uma
licença sem vencimento (a licença primitiva que vigorou entre 1995 e
2005), mas antes a concessão de novas licenças, absolutamente
autónomas e distintas das anteriores.
Na verdade, os únicos requisitos que o artigo 22.º do Decreto-Lei nº 11/93
impunha para a concessão da mencionada licença era que a licença sem
vencimento tivesse a duração máxima de 10 anos; que terminasse quando
cessasse os pressupostos da sua concessão; que pudesse ser renovada até
ao limite máximo fixado (10 anos); que a duração da mesma relevasse
para todos os efeitos legais, podendo o funcionário optar por continuar a
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Decisão
Atento o exposto, acordam os juízes que compõem este Tribunal em negar
provimento ao recurso, mantendo a sentença recorrida.
Custas a cargo da recorrente.
Notifique e registe.
*
Lisboa, 2021-12-16,
(Alda Nunes)
(Lina Costa)
(Ana Paula Martins).
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