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PROCESSO PENAL

Prof.: Américo Bedê


Eduarda Tolomei – 5º BM

Surge para o Estado o direito (dever) de punir – jus puniendi –, no entanto deve observar regras
jurídicas para punir alguém, uma vez que não se pode punir de qualquer modo, pois se deve
respeitar os Direitos Fundamentais – o Estado tenta punir de modo civilizado.

GARANTISMO PENAL INTEGRAL – Luigi Ferrajoli


A ideia de garantismo central se baseia no respeito aos Direitos Fundamentais, é preciso
encontrar um equilíbrio entre a vitima e quem realizou. Ser garantista não é somente defender o
réu, inclui também a punição de culpados. Nenhum inocente condenado, mas também não
posso ter uma tolerância com culpados impunes. Mas não posso culpar o culpado de
qualquer modo, devo respeitar os Direitos Fundamentais. Direito Fundamental do réu X o dever
de punir. É preciso encontrar um equilíbrio entre essas duas questões.

SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS


Dois grandes sistemas processuais penais:
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o Inquisitivo
O réu é tratado como objeto, logo posso fazer com ele o que eu bem entender, uma vez que ele
não possui direitos (ex.: posso torturar para conseguir a verdade). Além disso, ocorre a
concentração das funções de acusar e julgar na mesma pessoa, que é o inquisidor, ou seja,
se eu digo que você é culpado, eu devo te julgar. Quem acusa não vai se contradizer não
condenando.
O sistema inquisitivo é típico de ditaduras.
o Acusatório
Mudança da visão em relação ao réu, ele não é mais uma coisa, ele é sujeito de direitos
fundamentais. Não se pode tratar o homem como coisa. Ocorre a separação das funções de
acusar e julgar, ou seja, quem acusa não julga e vice-versa. O Estado é um só, mas possui
diferentes órgãos (ex.: MP acusa e juiz julga).

Pedida a absolvição pelo promotor, o juiz pode condenar?


o Majoritária no STF: defende que o juiz deve condenar, uma vez que quem julga é o juiz,
logo quem tem que decidir quem é culpado ou inocente é o juiz.
Art. 385.  Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o
Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora
nenhuma tenha sido alegada.
o Defende que quando o MP pede a absolvição o juiz não pode condenar. O argumento
central da corrente é o sistema acusatório. Se o MP pede absolvição, ele retirou a
acusação. O juiz somente pode julgar se tiver alguém que acuse. Nessa corrente, o MP já
entendeu que o réu é inocente. Exige para a acusação a concordância entre MP e juiz.

PRINCIPIOS DO PROCESSO PENAL


AMPLA DEFESA
Significa que o Estado tem que dar ao réu todo o direito de se defender. A ideia de ampla defesa
se divide em duas:
o Autodefesa: a possibilidade do próprio acusado falar, o réu tem direito de falar perante ao
juiz. É uma opção do réu, uma vez que possui o direito de ficar calado.
o Defesa técnica: é obrigatória a defesa técnica, que é feito pelo advogado – caso o réu não
venha a possuir um advogado, o juiz deve nomear um advogado para ele vez que o
processo não pode prosseguir se o réu não tiver o advogado. Quando se fala em defesa
técnica não se pode reduzir a defesa em culpado e inocente, pois é importante a
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dosimetria da pena.

A citação no processo penal é pessoal. Quando não se sabe onde está o réu, é citado por edital.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
o Há uma divergência entre STJ e STF, o STF por enquanto entende que é até achar o réu.
No entanto, o STJ entende que o tempo que o processo ficar parado depende do crime
(súmula 415).

Colidência de defesas: defesas contraditórias. Quando a defesa do réu acusa o outro. Nessas
hipóteses os juízes devem nomear advogados diferentes para cada réu.

No Brasil, é permitido que se advogue em causa própria, logo se o advogado for réu, ele pode
atuar no processo.
CONTRADITÓRIO
Não é apenas para a defesa, a acusação também tem direito ao contraditório.
Esse será realizado no segundo momento.
Ex.: interceptação telefônica, eu produzo a prova e garanto a interceptação depois, sendo um
contraditório diferido.
Possui contraditório na fase do inquérito?
o 1ª corrente: não há contraditório no inquérito, vez que não há acusação, a fase do inquérito
é apenas investigativa. Ou seja, para se defender e consequentemente ter contraditório, a
pessoa deve ser acusada. A policia deve ter agilidade para produzir provas, a necessidade
de ciência prévia iria atrapalhar as investigações, o Estado precisa desse tempo para
colher as provas mais rápido e dar o contraditório atrapalharia.
o 2ª corrente: deve ter contraditório pelo no inquérito, pois a ampla defesa não é só
processual, começando no inquérito – pessoas são presas na parte da investigação, não
dá para esperar só o processo.
o 3ª corrente majoritária: súmula vinculante 14 do STF. Em relação as provas que já foram
produzidas, são possíveis o contraditório. No que tange as provas que estão sendo ou
serão produzidas, não há necessidade do contraditório.
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Testemunho oculto: lei 9807/99. Vale desde o inquérito

NEMO TENETUR SE DETEGERE


DIREITO AO SILÊNCIO
Está expresso na Constituição. O preso será informado de seus direitos, inclusive o de
permanecer calado. O direito de ficar calado não é só para pessoas presas, mas também para
qualquer investigado no inquérito e qualquer réu, ou seja, vale tanto no inquérito quanto no
processo.
O silencio do réu é neutro, não é confissão.
O delegado ou o juiz, antes de interrogar o réu ou o investigado, deve informar a ele que possui o
direito de ficar calado, caso não seja avisado, tudo o que for falado, será nulo.
 O direito à silencio envolve o direito a mentir?
O crime de perjúrio (USA) não está previsto no Brasil, ou seja, se você mente em frente ao juiz ou
ao delegado, você está cometendo um crime. No Brasil, excepcionalmente algumas mentiras são
punidas, como acusar algum inocente de ter realizado o crime.
CUIDADO! A regra é que a testemunha não tem direito ao silencio. A regra é que se a
testemunha ficar calada, ela comete o crime de falso testemunho.
Art. 342. A testemunha tem a obrigação de falar.
Exceção: quando para falar a testemunha se incriminar. O juiz deve avisar a testemunha que a
pergunta pode incriminar a pessoa.
Quando se é parente, você será ouvido em forma de informante, no entanto, o crime de falso
testemunho não irá existir.
Qualquer pessoa pode ser testemunha.
DNA
No Direito Civil, há a presunção da paternidade, no entanto no Direito Penal, não pode haver a
presunção da paternidade.
Aplicando o princípio da proporcionalidade, o Estado pode obrigar a fazer o teste de DNA
CUIDADO! Cadeia de custódia da prova: tenho que garantir a integridade desde a obtenção até o
resultado final do DNA.
Todas as provas são relativas no processo, inclusive o próprio DNA.
O Estado não pode obrigar o réu a produzir provas contra si mesmo.

Obrigatoriedade de bafômetro:
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Temos que fazer uma distinção entre penal e administrativo.
Administrativamente não há correntes, não há direito fundamental dirigir embriagado, ou seja,
caso recuse a fazer o bafômetro, sofre sanções administrativas. No entanto, do ponto de vista
penal, não pode obriga-lo a fazer, dessa forma, devo provar que ele estava embriagado a partir
de outros meios de prova.

PUBLICIDADE – Art. 93, CF. Art. 792, CPP


A regra no processo penal brasileiro, é que o processo é público.
Publicidade pode ser:
 Interna é a publicidade feita para as partes, ou seja, não é limitada, a parte terá acesso a
tudo. É o próprio elemento do contraditório.
 Externa é a publicidade para toda a sociedade, sofrendo algumas limitações. É aquilo que
chamamos de ‘’segredo de justiça’’.

CUIDADO! Diferente do processo penal, a fase do inquérito policial, é sigilosa. Na fase de


investigação, não deve ser divulgado para a imprensa, uma vez que pode atrapalhar na
investigação e não tem réu e acusado.
PRESUNÇÃO DE INOCENCIA (NÃO CULPABILIDADE)
O Estado só pode punir depois do processo. Tenho que tratar o réu no processo, não como
culpado.
Para prender alguém durante o processo, seu argumento para deixa-lo preso, não deve ser ‘’você
está preso porque cometeu o crime’’, pois se uso esse argumento violo o princípio da presunção
de inocência.
Duração da presunção de inocência:

2ª corrente: está relacionado a um processo e não há vários (há a dificuldade de estabelecer a


quantidade desse ‘’vários processos’’)

CUIDADO! A questão da alienação de bens do réu durante o processo, então o juiz criminal
determina que durante o processo criminal, a alienação dos bens do réu. A venda desses bens do
réu, alguns autores acham que viola a presunção da inocência. O CNJ e o Supremo entendem
que o juiz pode fazer isso, pois apesar de ser o juiz criminal, quando eu falo em venda antecipada
de bens, é uma medida cível, está relacionada com a indenização que o crime gera (quem pratica
o crime não é condenado só criminalmente)

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INDUBIO PRO REO
Caso o juiz fique na dúvida, esse deve absolver. A presunção se inocência somente pode ser
derrubada, caso tenha-se certeza. Ou condena o inocente ou absolve o culpado. Nada justifica
condenar o inocente. O sistema processual foi feito para que a dúvida favoreça o réu.
CUIDADO! Quando eu falo em indubio pro reo, estou dizendo que essa dúvida é em matéria
fática, e não sobre matéria de direito.
No final do processo não há correntes, sempre indubio pro réu
ATENÇÃO! No início do processo, se há uma dúvida se a pessoa deve ou não virar réu, a
jurisprudência majoritária ainda aplica indubio pro societate, ou seja, se eu estou na dúvida se a
pessoa é ou não réu, a força majoritária é que se deve transforma em réu, mas se permanecer
essa dúvida, deve absolver. Mas a doutrina aplica o indubio pro réu a qualquer momento, mas no
início do processo aplica-se o indubio pro societate.
Na fase de pronuncia, no final da primeira fase, o juiz tem 4 possibilidades e a pronuncia é a
decisão do juiz que permite ir para júri, aplicando-se o indubio pro societate.

VERDADE REL X AUSÊNCIA DE DÚVIDA RAZOAVEL


A doutrina tradicional ainda fala do princípio da verdade real. Ou seja, ideia de que no processo
penal deve-se buscar de fato a verdade, exatamente aquilo que acontecer, não se deve contentar
apenas no que as partes alegaram. O juiz penal procura a verdade. E quando o juiz condena
alguém, ele tem 100% de certeza.
Acontece que a doutrina brasileira caminha para adotar o modelo americano, ou seja, saímos da
ideia de verdade real para a ideia de ausência de dúvida razoável.
Diferença: agora não encontro mais a verdade, não vou buscar a verdade. Quando o juiz
condena alguém, não é porque ele tem certeza, é porque não tem uma dúvida razoável.
A lógica do sistema é porque há a ausência de uma dúvida razoável que não foi ele, pois o
conceito de verdade é complexo.

PROPORCIONALIDADE
Qualquer decisão de um juiz penal precisa ser proporcional. A grande dificuldade é que isto é
usada como coringa argumentativa. Tenha que ver se a medida é:
 Adequada
 Necessidade – não posso restringir direitos se posso conseguir resultado de outro modo.
 Proporcionalidade em sentido estrito – vantagens e desvantagens, tenho que ver se os
afeitos colaterais contentam.
O juiz precisa ser um garantidor dos direitos fundamentais.

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VEDAÇÃO DE PROTEÇÃO INSUFICIENTE/DEFICIENTE
CUIDADO! Na verdade este é o único princípio que será contra o réu.
O Estado tem que fazer uma proteção eficiente, não pode proteger direitos de modo ineficaz.
Então, o juiz poderia declarar inconstitucionais obstáculos para a proteção real dos direitos
Ex.: até 2005 o nosso direito, se o estuprador casasse com a vítima, a pena é extinta. Caso real –
menina foi estuprada e passa a viver em união estável, dessa forma, a tese da defesa é que a
pena deve ser extinta, mas a tese do Supremo, seria a vedação de proteção insuficiente, não
equiparando a união estável com o casamento, sendo o réu considerado culpado.

BOA – FÉ (VEDAÇÃO DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ)


O Código de Processo Penal não apresenta esse princípio, está apenas no CPC.
 1ª corrente defende que a omissão significa que não é possível sancionar a litigância de
má-fé no processo penal.
 2ª corrente que o Supremo adotou no Mensalão é que o juiz pode reconhecer a má-fé,
mas não pode sancionar a má-fé.
 3ª corrente acredita que uma vez que há uma omissão do CPP, posso aplicar
subsidiariamente o CPC, no entanto com as devidas adaptações.
A litigância de má-fé não é somente da defesa, pode ser também do MP
PROIBIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE PROVAS ILICITAS
Prova ilícita é a prova produzida com violação da nossa lei.
Ex.: promotor não pode mandar realizar busca domiciliar, de acordo com a lei.
Dois tipos de provas ilícitas:
1) Prova ilícita em sentido estrito: é quando violo uma norma de direito material
2) Prova ilegítima: é quando violo uma norma de direito processual.
Ex.: art. 479, CPP
CUIDADO! A prova ilícita, em sentido amplo, não anula o processo, salvo no júri, pois não sei se
o jurado vai usar a prova. A prova que não pode ser usada, mas o processo é válido.

PROVAS ILICITAS X PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE


A corrente minoritária no brasil, defende a possibilidade de provas ilícitas em situações de crimes
graves.
A corrente majoritária no Brasil acredita que não se combate crime, praticando crimes. O Estado
precisa respeitar os direitos fundamentais.

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FRUTOS DA ARVORE ENVENADA
A prova ilícita anula ela e todas as provas que derivarem dela.
Exceções:
1- Teoria da fonte independente – STF : a prova chega no processo de dois modos: uma
forma ilícita e outra licita, logo posso desconsiderar o ilícito e ainda vai sub existir a prova
licita.
2- Teoria da descoberta inevitável ou prova que seria obtida de qualquer modo – STF : prova
chega ao processo de um único modo, portanto já não é fonte independente, esse modo é
ilícito, mas foi uma ilicitude de vacilo do Estado, pois mesmo que o Estado não tivesse feito
isso, iria surgir naturalmente por meio de confissões. Se consigo demonstrar que a prova
iria surgir naturalmente no curso, é válido.
3- Ilicitude feita por particular: prova ilícita existe para impedir abuso do estado, se o estado
não abusou não há motivos para considerar aquela prova ilícita. Quem adota essa
exceção, essa prova poderia ser adotada no processo.
Ex.: motel filmava as pessoas dentro
4- Boa-fé: para a prova ser ilícita, não basta a violação da lei, é preciso que o Estado/pessoa
esteja de má-fé, tenho que fazer uma analise subjetiva. Se a pessoa estiver de boa-fé,
essa possibilidade de evitar abuso não vai acontecer.
ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS – SERENDIPIDADE
Não estava procurando a prova e encontrei (parecido com a boa-fé). Eu posso estar de má-fé no
encontro fortuito de provas. É fundamental saber se o sujeito está de boa-fé ou não, caso tenha
começado de má-fé, encaixa-se no ‘’fruto da árvore envenenada’’.
Pode ser de pessoas ou de crimes.
Ex.: se tenho um mandado para entrar na casa da pessoa e encontro drogas, estou agindo de
boa-fé. Caso tenha entrado para roubar e encontro as drogas, estou agindo de má-fé.
Correntes:
1- Majoritária na Alemanha: toda restrição a direitos fundamentais deve ser interpretada
restritivamente, então a policia esta autorizada a encontrar X, só está válida para encontrar
X. Proíbe o encontro fortuito de provas
2- Majoritária no Uruguai: se aquilo que encontrei tem conexão com o que eu procurava, será
válido, caso contrário será prova ilícita. A validade da prova é condicionada a saber se já é
objeto da investigação ou não.
3- Majoritária no Brasil: prova ilícita é prova com violação à lei, no entanto o Brasil não tem lei
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que proíbe o encontro fortuito de provas, logo é permitido. Dessa forma, a prova
encontrada será licita. Salvo, encontro fortuito em escritório advocatício, pois tem uma lei
que proíbe (lei 8.906/94) – se o advogado está praticando crimes, pode haver uma busca
no escritório.

A policia ao prender alguém, é válido pegar o celular da pessoa? Não pode pegar celular
sem uma ordem judicial.
Serendipidade
1 Grau: tem relação com o que você estava procurando
2 Grau: não tem relação com o que você estava procurando

IMPARCIALIDADE E FUNDAMENTAÇÃO
O juiz deve ser imparcial, é requisito da jurisdição a imparcialidade.
CUIDADO! Neutralidade não existe. O juiz leva sua pré-compreensão para o julgamento.
Há um regime de prerrogativas e de proibição aos juízes, com o objetivo de ter um juiz imparcial.
A imparcialidade é subjetiva e objetiva:
 Subjetiva: juiz se considerar imparcial
 Objetiva: como as demais pessoas analisam a imparcialidade do juiz.
Fundamentação das decisões judiciais – art. 93, IX:
O juiz tem a obrigação de explicar o porque da decisão.
Fundamentar é explicitar todas razões.
Aplica-se ao CPP o novo artigo do CPC sobre fundamentação (art. 489, §1º)
DURAÇÃO RAZOAVEL DO PROCESSO – art. 5º, LXXVIII
Também chamado de processo sem dilações indevidas.
Todo processo demora um tempo, quanto mais rápido uma decisão, menos segura ela é. É
preciso encontrar um equilíbrio entre o tempo e a busca pela verdade
A doutrina pacificou que não é possível determinar uma duração razoável do processo, tem que
ser resolvida a luz do caso concreto. 3 critérios para a duração razoável do processo:
1- Complexidade da causa – causas mais complexas demoram mais
2- Comportamento das partes – as vezes a demora do processo não é da justiça, é das
partes.
3- Comportamento do Estado/juiz
Quais as consequências do não cumprimento do prazo razoável?
1- Indenização (uma ação de indenização contra o Estado)
2- Atenuante do art. 66, CP (atenuante inominada – a lei da ao juiz o poder de conhecer a
atenuante – o Estado violou o direito fundamental do réu, e o melhor jeito de reparar é a
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diminuição de pena)
3- A possibilidade de o Tribunal marcar um prazo para o juiz julgar o processo – as partes
recorrem ao tribunal impetrando um mandado de segurança para o julgamento do
processo, caso o juiz não cumpra, aplica-se uma sanção administrativa cabível (ex.: o juiz
que não observa a duração razoável não pode ser promovido)

DIREITO DO PRESO DE SER APRESENTADO IMEDIATAMENTE PERANTE UM JUIZ


Está mencionado no Pacto Sun Jose da Costa Rica.
N prática é muito recente no Brasil através da audiência de custódia.
O pacto fala que o preso deve ser apresentado imediatamente. O CNJ, regulou imediatamente
como sendo 24h. A corte interamericana dos direitos humanos, entende que imediatamente é 3
dias. Caso passe o prazo de 24h, deve soltar o preso.
Por enquanto, a audiência de custódia, é somente para saber se sua integridade física foi
preservada pela policia e confirmar sua identidade. Não é possível hoje fazer perguntas sobre o
crime em si (há propostas de mudança).
ATENÇÃO! A regra é soltar em audiência de custódia, salvo se o juiz tiver elementos para
decretar a prisão preventiva. A regra é responder ao processo solto.
UNIDADE II SISTEMA DE INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR

É um sistema de investigação antes da ação penal


O objetivo desta faz é evitar que alguém vire réu sem que exista um mínimo de provas. Se eu não
investigasse antes, somente iria investigar quando a pessoa é ré. Esse mínimo de provas são
os indícios de autoria e prova da materialidade delitiva. Ou seja, tenho que provar que houve
o crime e tenho que provar quem matou, quem matou o sujeito, etc.
CUIDADO! Essa fase não é indispensável, caso já exista esses elementos, o MP já pode iniciar
direto o processo. A regra é não ter os elementos. Deve-se depender da fase de investigação.
CUIDADO! Não se aplica ‘’ne íbis in idem’’. Ou seja, a pessoa pode ser investigada mais de uma
vez pelo mesmo fato. O máximo depende da prescrição de cada crime, não ocorrendo a
prescrição, pode reabrir.
CUIDADO! Não existe ainda acusação, não posso chamar de réu. Devo chamar de ‘’investigado’’,
10 ‘’suspeito’’. PROCESSO PENAL

Espécies de investigação:

CPI – art. 58, §3º COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO


Tem por finalidade apurar um fato determinado.
Fatos de interesse público e não particular.
CUIDADO! A CPI tem os mesmos poderes de juiz, salvo os sujeitos a reserva de jurisdição
(determinadas matérias são determinadas para o juiz (ex.: mandado de busca e apreensão,
mandado de prisão e interceptação telefônica))
CUIDADO! CPI pode quebrar sigilo telefônico. Na intercepção eu irei gravar as conversas,
somente o juiz pode mandar interceptar. O que a CPI faz é somente quebrar o sigilo, ou seja, não
tenho acesso as conversas, irei ver para que o sujeito ligou e quem ligou para ele.
O juiz é responsável por preservar as garantias. O Estado pode punir, mas não pode punir de
qualquer modo, deve-se observar os direitos fundamentais.

INVESTIGAÇÃO DIRETA PELO MP


O próprio MP investigaria sem a polícia.
Há correntes, pois, a Constituição não fala expressamente sobre o tema.
 MP não pode investigar, uma vez que quem investiga é a polícia, o MP fiscaliza a polícia,
se o próprio MP que vai investigar, ele fica sem controle, pois ninguém fiscaliza a si
mesmo. Teoria tridimensional do sistema acusatório: investigar – policia, acusar – MP e
julgar – juiz. Essa corrente também alega (art. 144, §1º, IV, Constituição) que a
Constituição não tem palavras inúteis, então para essa corrente, se a constituição alega a
palavra ‘’exclusividade de polícia judiciaria’’.
 Majoritária no STF: o MP pode investigar diretamente, através da teoria dos poderes
implícitos, se a constituição da os fins, deve dar os meios (a Constituição fala que o MP
tem os poderes de acusar, deve também dar os meios de acusar). Art. 129, VIII: o MP
pode requisitar (dar ordem) diligencias para a polícia, ou seja, se ele pode mandar que
uma testemunha seja ouvida pela polícia, porque não pode ouvir sozinho? Na prática, o
MP só vai investigar crimes relevantes que ele teria condições de fazer isso sozinho.
Teoria bidimensional do sistema acusatório: art. 144, §4º: só a policia investiga. Não é
verdade que a investigação do MP ficará sem controle, pois o juiz anulará abusos do MP e
além do juiz anular esse abuso, existe o CNMP, que eventuais abusos, ele pode ser
punido.
 O MP só deve investigar quando for crime praticado pela polícia, salvo se for crimes
praticados pela própria policia ou se a investigação não está andando pela policia por
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forças ocultas

ATENÇÃO! Mais importante que definir quem investiga, é discutir quais direitos devem ser
observados na fase de investigação.

INQUÉRITO POLICIAL
Um processo/procedimento presidido pelo delegado de policia que tem poder objetivo conseguir
indícios de autoria e prova de materialidade delitiva.

5 formas diferentes de se começar um inquérito policial:


 Próprio delegado instaurar de oficio - quando há um flagrante, o inquérito começa;
 O ministério público faz uma requisição à polícia;
 Requisição do juiz (majoritária), para vários autores o juiz deve aplicar o artigo 40 do CPP
e apenas comunicar ao MP e se o MP vai instaurar/requisitar a polícia não é problema
mais do juiz. Para essa corrente, o inquérito é uma fase preliminar que vai acusar.
 Comunicação da vítima – vítima vai até a delegacia é fazer a notitie criminis (é um
requerimento, caso o delegado se recuse a instaurar o inquérito, a vítima pode recorrer do
indeferimento de instauração do inquérito) CUIDADO! a palavra ‘’queixa’’ no processo
penal é uma petição inicial feita por advogado direcionada a um juiz nos casos de ação
penal privado, portanto é erro rude falar que fulano fez uma queixa na polícia.
 Qualquer pessoa do povo do comunicar a polícia. Claro que isso não vale para os crimes
de ação privada, somente para os crimes de ação pública incondicionada, uma vez que se
depender de representação, somente a vitima pode comunicar.

Uma questão polemica nesse caso é o caso da notícia criminis anônima/’’disque


denúncia’’:
1) Disque denuncia é inconstitucional, porque a constituição veda o anonimato no
art. 5º, pois é um método típico de ditaduras e facilita abusos da policia que pode
falsear a noticia
2) A constituição proibida o anonimato dentro da liberdade de expressão, o ‘’disque
denúncia’’ não tem a ver com liberdade de expressão, mas é uma forma de
exercício/de dever fundamental – o principio da proporcionalidade protege o
‘’disque denúncia’’
CUIDADO! É pacifico que não é possível a partir de uma notícia anônima interceptar telefone,
pois noticia anônima você investiga e posteriormente, se for muito grave, realizar a interceptação
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telefônica.

Característica do inquérito policial:


1) Documentado, ou seja, ter responsabilidade/deixar rastro, pois não posso investigar
alguém clandestinamente
2) Sigiloso (art. 20, CPP)
Obs.: a fortiori – com muito mais razão
No estado de defesa, eu posso restringir direitos fundamentais, mas não posso deixar o preso
incomunicável. Se no estado de defesa, eu não posso deixar um preso incomunicável, com muito
mais razão ‘’a fortiori’’, eu não posso deixar um preso incomunicável no estado de normalidade.
No RDD (regime disciplinar diferenciado) o preso não fica incomunicável.
3) Inquisitivo – esta característica esta sendo cada vez mais relativizada, como por exemplo
na sumula vinculante 14 do STF, o qual a defesa já tem acesso as provas já produzidas.
4) Discricionariedade: é diferente de arbitrariedade. O delegado tem margem de escolha de
como ele irá atuar – art. 6, CPP
A corrente majoritária é no sentido de que não é preciso advogado, eu posso ouvir o suspeito
sem que ele esteja acompanhado de seu advogado. Já a corrente minoritária, diz que se é
obrigatório na presença de um juiz, advogado, a fortiori tem que ter na polícia, porque é um
ambiente mais opressor. Na prática, só vai a policia depor sem advogado quem é pobre.
Reconhecimento de pessoas e coisas: colocar o suspeito com pessoas parecidas, para que seja
apontado quem realizou o crime. Quando coloca só o suspeito, está induzindo a apontar que ele
seja culpado. Uma corrente minoritária defende que o investigado tem direito de não participar do
reconhecimento como forma do direito ao silencio. A corrente majoritária defende que não, quem
produz a prova no reconhecimento, é quem vai reconhecer, não é o suspeito, logo não posso
alegar o direito à silencio – art. 260 foi parcialmente recepcionado. A condução coercitiva é
somente para fins de reconhecimento. Acareação parte sempre dá esperança de quem está
mentindo volte atrás.
O exame de corpo de delito serve para que se tenha comprovação da materialidade delitiva.
NENHUMA NULIDADE DO INQUÉRITO CONTAMINA O PROCESSO, então se aconteceu algum
vicio isso não contamina o processo. Como eu vou compatibilizar essa frase com a teoria do fruto
da arvore envenenada? Mesmo no fruto da arvore envenenada não há nulidade do processo,
então se não há nulidade do processo, não incompatibilidade com a frase. O processo é
independente em relação a esses vícios.
NÃO É POSSIVEL CONDENAR COM PROVA EXCLUSIVA DO INQUÉRITO. Prova exclusiva do
inquérito é aquela que somente foi produzida no inquérito.
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CUIDADO! O art. 155, CPP traz 3 exceções:
1- Se a prova for irrepetível eu posso somente condenar com a prova do inquérito
2- Se a prova for antecipada – momento em que a prova é antecipada. Ex.: testemunha vai
morrer
3- Se a prova for cautelar

Art. 15.  Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.

Prazos para terminar o inquérito


 Polícia civil: se tiver todo mundo solto, o prazo será de 30 dias. Caso tenha alguém preso,
10 dias. (art. 10, CPP)
 Polícia federal: se tiver todo mundo solto, o prazo será de 30 dias. Caso tenha alguém
preso, 15 dias, podendo ser prorrogado por mais 15. (art. 66, lei 5010/66)
A consequência de passar o prazo para o solto é nenhuma. Mas se tiver preso, a OAB quer que
no primeiro dia seguinte, solte, mas o STF criou uma teoria da duração razoável da prisão

Indiciamento: é o ato do delegado que aponta que existe indícios contra o suspeito. Mas esse
ato não vincula ao juiz e ao promotor.
Relatório: o delegado irá relatar. É o último ato do delegado. Resumo dos principais atos que
aconteceram. Na prática, o relatório vai direto para o MP, mas de acordo com a lei, deveria ser
encaminhado para o juiz que encaminharia para o MP.

O inquérito chega na mão no promotor e ele tem 4 possibilidades, a regra é que uma exclui a
outra
1- O inquérito conseguiu trazer o indicio de autoria e prova de materialidade, dessa forma, o
promotor oferece a denúncia.
2- Falta alguma coisa (indicio de autoria ou prova de materialidade), dessa forma, o promotor
pode requisitar do delegado novas diligencias.
3- O promotor pede ao juiz para que esse encaminhe o inquérito para quem tiver atribuição
para atuar.
4- Pedido de arquivamento, todas as diligencias já foram feitas e não se conseguiu provas de
materialidade ou indícios de autoria. Nesse caso, em que tudo foi feito e não há elementos
para a denúncia. O delegado não arquiva inquérito, ele somente começa a investigação.
Quem arquiva é o juiz.
Súmula 524 o MP pede o arquivamento e quem decide é o juiz.
14 PROCESSO PENAL
Concordo com o promotor, logo arquivo o inquérito. Mas se o juiz não concorda – dizendo que
tem elementos para oferecer a denúncia, aplica-se o art. 28, ou seja, irá mandar o inquérito
para o procurador geral de justiça (chefe do MP), esse tem 3 possibilidades: 1. Concorda com
o promotor, insistindo no arquivamento. 2. O procurador irá dizer que o juiz está certo,
oferecendo, ele mesmo, a denúncia. 3. Ou designa outro membro do MP para oferecer a
denúncia. Esse promotor (2 correntes): 1. Ele pode se recusar a oferecer a denúncia, pois tem
dependência funcional. 2. Ele é obrigado a denunciar, porque ele está atuando por delegação
do procurador geral.
O fundamental do art. 28 é que o juiz funciona como um fiscal anômalo do princípio da
obrigatoriedade da ação penal pública.
Toda vez que o promotor entender que não tem crime, ele pode pedir o arquivamento.
Regra: a regra da sumula 524 é que o arquivamento de inquérito não faz coisa julgada. Mas, a
denúncia só pode ser oferecida com novas provas.
CUIDADO! O STF entende que arquivamento de inquérito fundado na atipicidade, faz coisa
julgada.
CUIDADO! Há uma discussão sobre o arquivamento com base em excludentes (ex.: legitima
defesa) se também faz coisa julgada. Duas correntes: 1. essa excludente é um tema de direito
material, e, portanto, faz coisa julgada. 2. Não faz coisa julgada porque não tem processo.
CUIDADO! Nas justiças federais, o art. 28 é para câmara de coordenação e revisão criminal do
MPF
CUIDADO! O art. 28 somente é aplicável no 1º grau quando se investiga uma autoridade com
prerrogativa de foro, o pedido de arquivamento vincula ao Tribunal. Ou seja, não aplica o art. 28
em investigações feitas perante o Tribunal.
CUIDADO! O STF pacificou que não existe arquivamento implícito, já que toda decisão judicial
deve ser fundamentada.
CUIDADO! Situação de arquivamento que não é arquivamento, mas a doutrina chama de
arquivamento. Arquivamento indireto: situação em que o membro do MP entende que o inquérito
tem que ser encaminhado para outro órgão e o juiz entende que é para aquele mesmo.

O projeto do novo CPP cria uma figura chama juiz de garantias, ou seja, seria um juiz exclusivo
para a fase de inquérito. No Brasil hoje, a regra é que o juiz que atuar na fase de inquérito é o juiz
que vai atuar no processo. A corte europeia ade direitos humanos entende que o juiz que atua no
inquérito tende a ficar parcial, então que que não seja o mesmo juiz do processo.
CUIDADO! Hoje, o Supremo já entende que juiz deve atuar o mínimo no inquérito, não
produzindo nada de oficio
CUIDADO! Em tese, o art. 654, §2º, CPP autoriza o juiz a conceder habeas corpus de oficio
15 PROCESSO PENAL

UNIDADE III AÇÃO PENAL

CONDIÇÕES DA AÇÃO
Apesar de o Novo CPC não falar em condições da ação, a doutrina majoritária penal ainda usa
esse termo. A doutrina aponta 4 possibilidades de ação penal:
 Legitimidade: ativa, em regra é o MP, mas em alguns casos é a própria vítima. Já a
legitima passiva, é o réu, mas intransmissível, ou seja, a pena não passa da pessoa do
condenado.
 Possibilidade jurídica do pedido: isso é a tipicidade em abstrato. Em tese, isso é
crime
 Interesse de agir: a regra no processo penal é que sempre há o interesse de agir, pois
sempre é necessário o processo para punir o reu, então o estado, em regra, tem
legitimidade de agir. CUIDADO! Perdão judicial: a pessoa já sofreu tanto com o crime
que toma desnecessária a punição. A sumula 18 do STJ fala que o perdão judicial é
declaratório, ou seja, é ex tunc (retroage) e está perdoado desde sempre, não tendo
interesse de agir. O promotor nesse caso, deve pedir o arquivamento do inquérito, pois
não há condições da ação penal.
A doutrina entende quando é possível projetar a possível pena que o réu irá sofrer e se
verifica que ocorrerá prescrição retroativa – O Supremo e STJ não aceitam essa
corrente.
 Justa causa: a doutrina aponta como justa causa indícios de autoria e prova de
materialidade delitiva

MODALIDADES DA AÇÃO PENAL


AÇÃO PENAL PÚBLICA – AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA
O direito de ação de toda ação penal sempre é público
Princípios:
1- Obrigatoriedade: quer dizer que o promotor não pode escolher se vai ou não propor a ação. A
regra é o MP ser obrigado a propor a ação.
Exceções: 1. Delação premiada (o promotor entra em acordo com o réu). 2. Transação penal
nos juizados especiais. 3. Acordo de não persecução penal, que é uma resolução do conselho
nacional do MP, prevê que para alguns crimes, o promotor possa negociar com o suspeito
para não propor a ação penal, em crimes em que a pena máxima é de até 4 anos. A critica é o
principio da legalidade, vez que esse acordo não está previsto em lei, apenar em uma
resolução.
16 PROCESSO PENAL
CUIDADO! O modelo dos EUA é um modelo da total negociação do promotor e réu. No
entanto, o nosso direito ainda trabalha com a lógica de não acordo (da obrigatoriedade), mas
essas autorizações de delação premiada, transação penal e acordo de não persecução penal,
demonstram que o Brasil está migrando para o modelo do acordo.
2- Indisponibilidade: uma vez proposta a ação, não é possível que o promotor desista da ação.
Ele pode pedir a absolvição de réu inocentes.
3- Indivisibilidade: é uma consequência da obrigatoriedade: se sou obrigada a propor, sou
obrigada a propor a todos. Sou obrigada a propor contra todos, caso tenha provas contra
todos. Alguns autores falam que não existem, justamente porque posso realizar o fatiamento
(denunciar somente um)
4- Intranscendência: a pena não passa da pessoa do réu.

Tipos de ação penal pública:


 Incondicionada: é a regra, portanto quando a lei não falar nada será incondicionada. O
principal significado é que a vontade da vitima é irrelevante. CUIDADO! Não ocorre
decadência na ação pública incondicionada, uma vez que não depende da vontade da vítima.
 Condicionada: para o MP agir ele está sujeito a algo
 Representação do ofendido: lei terá que falar ‘’somente se procede mediante a
representação’’. A representação é uma condição de procedibilidade, ou seja, o Estado
somente pode agir se a vítima representa. Art. 39. Não há uma forma relevante da
representação, a jurisprudência é pacifica que o fato da vítima fazer a notícia criminis, já
vale como representação, podendo ser na polícia, juiz e etc. Ex.: a regra no estupro é
essa, mas temos caso em que há a ação pública incondicionada.
A representação é retratável (art. 25) até o promotor oferecer a denúncia, até porque
depois que oferece ela é indisponível. No entanto, cabe retratação da retratação?
A corrente minoritária defende que não cabe, pois, por analogia, a retratação equivale a
extinção de punibilidade, então você só pode se retratar uma vez. Já a corrente
majoritária, acredita que causas extintivas de punibilidade devem estar previstas na lei,
e a lei não trouxe a questão da retratação, portanto, dentro do prazo de 6 meses, a
vitima pode representar e se retratar, quantas vezes quiser, desde que o MP não
ofereça a denúncia. CUIDADO! A vitima tem um prazo de 6 meses contados da data
em que a vitima sabe quem praticou o crime, para representar, passado o prazo,
ocorre a decadência (perda do direito de representação). CUIDADO! O prazo de
decadência não se interrompe nem se suspende nem prorroga. CUIDADO! Inclui-se o
dia em que descobriu, não importando a hora.
17 PROCESSO PENAL
CUIDADO! Vítima menor de 18, quem representa são os representantes legais. Caso a
vitima tenha mais de 18, somente ela pode representar. CUIDADO! A primeira corrente
defende que o prazo de decadência é uno. Já para a segunda corrente, defende um
principio em latim chamado actio nata, ou seja, não pode ocorrer decadência contra
quem não está inerte.
Obs.: a vítima é maior e morreu, o direito de representação passa para o CADI
(cônjuge, ascendente, descendente e irmão).
Eficácia objetiva da representação:
 Requisição do Ministro da Justiça: crime contra honra do presidente da república, em
tese, é crime. É um crime que para a ação ser proposta, depende de o ministro da
justiça realizar a requisição/representação. O titular da ação continua sempre do MP. A
lei é omissa sobre a retratação dessa requisição e sobre a decadência da requisição.
Como a lei não fala nada, tem-se 2 correntes: 1. A tendência majoritária é falar que não
justifica um tratamento diferente da requisição e a representação, portanto, se lá tem
decadência e cabe representação, aqui também cabe. 2. Utiliza-se a teoria do silencia
relevante (silencio eloquente), defende que o silencio tem um sentido, é relevante, ou
seja, se lá precisou falar expressamente, e aqui ficou calado, nesse caso não cabe, vez
que a lei não falou nada.
AÇÃO PENAL PRIVADA – INICIATIVA PRIVADA
O direito de ação sempre é público, apenas a iniciativa que é privada. Quem tem que propor a
ação é a vítima, essa deve contratar um advogado. E se a vitima for pobre, tem-se a defensoria
pública.
Princípios:
1- Oportunidade: a vitima é livre para decidir
2- Disponibilidade: a qualquer momento, até a sentença, a vitima pode dispor da queixa. No
entanto, há casos que precisam do consentimento.
3- Indivisibilidade: esse princípio é um limite aos dois primeiros. Se a vitima dolosamente,
exclui um dos coautores ou participes, perde a ação contra todos. A exclusão voluntária
contra um, se estende contra todos. No caso de exclusão involuntária, o MP pode requerer
que a vítima inclua, e se a vítima não incluir, acontece a renúncia em relação a todos.
4- Intranscendência: a ação privada não se transmite em relação ao réu.

Modalidades de ação penal privada:


 Ação penal privada propriamente dita: é a regra. Nesse tipo a lei tem que falar ‘’somente
se procede mediante queixa’’. Ex.: crimes contra honra. Caso a vitima morra, o direito de
18 PROCESSO PENAL
oferecer queixa, passa para o CADI.
 Ação privada personalíssima: essa não se transmite, somente a pessoa pode propor. No
Brasil, agora tem-se somente um crime como exemplo, que é o art. 236, CP, ou seja, eu
casar com uma pessoa, escondendo dela que não posso casar com ela (ocultar do
cônjuge o impedimento para casar).
→ Esses dois tipos de ação são extintos pelo novo CPP, pois está ligado com ‘’última racio do
direito penal’’, não justifica utilizar o direito penal se posso utilizar outras vias. Ou a ação é grave
e precisa de representação pelo o MP ou não é e depende de representação só das vítimas.
CUIDADO!:
 Ação penal privada subsidiária da pública: essa terceira modalidade é clausula pétrea.
A lei não fala ‘’somente se procede mediante queixa’’, pois essa ação originariamente era
uma ação pública. O que aconteceu é que o MP não propôs a ação no prazo legal.
Somente só pode ser proposta depois do prazo do MP. Quem pode propor: a vítima, e
caso ela morra CADI. Existem autores que acham que aqui tenho um exemplo de ação
penal popular (corrente minoritária), pois a constituição não diz que é a vítima – ex.: crime
ambiental, pois atinge a todos.
Obs.: não vai tirar o MP, mas dá direito a vítima entrar em litisconsorte.
O MP terá o prazo de 5 dias se tiver alguém preso e 15 dias se tiver solto. Logo, a vitima
pode propor a ação subsidiária no 6º dia ou no 16º. Essa vitima terá o prazo de 6 meses
para propor e o MP pode propor a ação durante todo o tempo até o crime prescrever.
CUIDADO! Existe nessa ação privada uma pegadinha relacionada a decadência, que é uma
decadência peculiar. O prazo é de 6 meses, mas há duas diferenças: 1. Relacionada ao termo ‘’a
quo’’ (quando começa a contar o prazo) – dia em que eu sei quem é o autor da ação. Mas nesse
caso, o termo ‘’a quo’’ é a partir da inercia do MP, sendo 6º dia ou 16º dia. 2. Excepcionalmente
aqui, a decadência não extingue a punibilidade, acontece que apenas a vítima não pode propor a
ação penal.
Obs.: não existe decadência para o MP, somente para vítima.
CUIDADO! Se o MP pede o arquivamento do inquérito, cabe privada subsidiária? 1. (STF) A
corrente majoritária, acredita que não cabe pois o MP não está inerte. 2. Defende que a
Constituição fala da inafastabilidade da jurisdição, para essa corrente a última palavra deveria ser
o judiciário e não do MP.

Causas extintivas de punibilidade da ação penal privada (menos da privada subsidiária):


Anteriormente a queixa
19 PROCESSO PENAL
 Renuncia: é unilateral, ou seja, depende exclusivamente da vítima. A renuncia feita para
um, a todos se estende. Ela pode ser expressa ou tácita
 Decadência: deixar passar o prazo de 6 meses da data de conhecimento
Posteriores a queixa
 Perdão do ofendido: ≠ perdão judicial. O perdão do ofendido é bilateral, então depende
de que o réu aceite. Se ofereço perdão para um réu, tenho que oferecer para todos. Caso
um não aceite, excepcionalmente pode se quebrar a indivisibilidade.
 Perempção: estão elencadas no art. 60. I - Quando, iniciada esta, o querelante deixar de
promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o
querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber
fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer,
sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de
formular o pedido de condenação nas alegações finais (extingue a punibilidade);
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, está se extinguir sem deixar sucessor.

Petição Inicial no Processo Penal


Denuncia (ação pública) ou Queixa (ação privada) – art. 41, CPP
 Tem-se que identificar/qualificar completamente o réu (normalmente vai o nome do réu,
do pai, da mãe, apelido, etc.)
 Narrativa dos fatos – imputação – denuncia genérica é nula, a narrativa deve ser
individualizada: quando se narra um fato deve dizer: quem, quando, onde, como, com
auxilio de quem, de que modo, por qual motivo.
ATENÇÃO! O réu se defende dos fatos e não do tipo.
CUIDADO! No processo penal o juiz não está vinculado ao tipo, mas sim aos fatos.
CUIDADO! Fato novo, processo novo!
Criptoimputação: É PROIBIDA A CRIPTOIMPUTAÇÃO, ocorre quando o promotor ao
invés de narrar um fato, narra um tipo. Ex.: Marcelo injuriou Matheus – está errado, devo
dizer: Marcelo xingou Matheus – não pode, pois, o réu se defende de um fato. A
DENUNCIA/QUEIXA QUE NÃO NARRAR FATOS, É INEPTA
 O promotor tem que tipificar, ou seja, tem que dizer onde está acusando a pessoa.
A corrente majoritária é contra a chamada imputação/narração alternativa, ou seja, ou
fulano fez isso ou fulano fez aquilo. Se eu não sei o que você fez, a investigação está mal
feita, devo continuar investigando.
ATENÇÃO: se tenho dois réus, cada um responde na medida de sua punibilidade, tenho
que descrever o que cada um dos investigados fez.
20 PROCESSO PENAL
 Tenho que trazer o rol de testemunha para o processo.
Na queixa tem que ser feita por advogado, a procuração tem que ter poderes especiais,
sendo que a procuração tem que narrar o fato, para se proteger. A jurisprudência aceita
que se a vitima assina a queixa com o advogado, supre a falta de poderes especiais

Foi proposta a queixa/denuncia, o juiz tem 3 possibilidades:


1) Receber a denúncia – interrompendo a prescrição – agora a pessoa vira réu de verdade.
CUIDADO! O STF ainda entende que este recebimento da denúncia não precisa ser
fundamentado, pois isso não é uma decisão, somente um mero despacho, MAS claro que
o juiz deve fundamentar (o stf está louco por pensar assim!!!!!).
CUIDADO! Recentemente o STF entendeu que a regra é que ao receber a denúncia o juiz
não deve alterar o tipo que o promotor enquadrou, salvo quando esta tipificação causa
prejuízo para o réu.
2) Emendar a denúncia/queixa (igual no processo civil)
3) Rejeitar a denúncia: no processo penal usamos ‘’rejeitar a denúncia ou queixa) – art. 395:
quando a denúncia for inepta (todos as vezes que não preencher o art. 41), falta de
pressuposto processual e condições da ação, faltar justa causa para a ação penal (indícios
de autoria e prova de materialidade delitiva). É QUASE pacífico que este rol é
exemplificativo, esse rol somente tem questões processuais. Hoje a jurisprudência aceita
que o juiz pode rejeitar a partir de fatos insignificante/questões materiais.

Súmula 714 do STF: crimes contra a honra de funcionário público, em razão das funções. Pela
lei, a regra, é que crime contra honra a ação é privada. No caso de funcionário público em razão
das funções, a lei entende que é pública condicionada, pois agora tem-se o interesse do Estado
(ex.: quando eu chamo o sujeito de corrupto).
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada
à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em
razão do exercício de suas funções.
O STF entendeu que nesse caso, a vítima pode escolher entre oferecer queixa ou representar. A
escolha uma vez feita, não pode ser alterada.

UNIDADE IV AÇÃO CIVIL EX DELICTO


Ação civil decorrente de um crime. A regra, com raras exceções, é que todo crime gera uma
21 PROCESSO PENAL
indenização civil. Por óbvio, o contrário não é verdade, pois o direito penal é a ultima ratio legis.
Ex.: Ticio com a intenção de matar Melvio, atira 3 vezes, mas o tiro passa longe. No ponto de
vista penal, há a tentativa de homicídio, mas na esfera civil, não gera dano, não posso indenizar o
‘’susto’’.
ATENÇÃO! usuário de droga não paga indenização.
A ação civil ex delicto serve tanto para ação de conhecimento quanto para ação de execução.

No ponto de vista da vítima – art. 63 e 64:


1. A vítima pode esperar transitar em julgado a sentença penal condenatória, nesse caso,
quando for para a esfera civil, ela espera o valor, pois já está certo que o réu terá que
realizar a indenização. Pensando nisso, o art. 387 CPP diz que o juiz penal quando
condena deve fixar o valor mínimo de indenização – o STJ pacificou que tem que ter o
pedido para colocar o valor mínimo. A regra é não fixar dano moral, salvo violência
doméstica.
2. Entrar com uma ação de conhecimento pedindo a reparação do dano. Só que não se
discute somente o valor, nessa ação terei que discutir a responsabilidade. Vantagem: 1.
não preciso esperar o trânsito em julgado. CUIDADO! Na ação civil de conhecimento
posso incluir responsáveis civis, enquanto na execução não posso por causa do
contraditório. CUIDADO ATENÇÃO! Art. 200, CC ‘’termo a quo’’ é quando começo a
contar o prazo. A prescrição de um ato ilícito cível começa a contar da data do fato – no
caso da ação civil ex delicto, o prazo só começa a contar quando transitar em julgado a
ação penal.

No ponto de vista do réu:


REGRA: a absolvição penal não vincula juiz civil, ou seja, o fato de ser absolvido não impede a
ação civil.
Exceções: toda absolvição penal o juiz deve enquadrar o art. 386 – a fundamentação do processo
penal, faz coisa julgada. Deve levar para a fundamentação para o ‘’dispositivo’’.
I – Está aprovado a inexistência do fato;
Se o fato não existiu, não aconteceu para penal nem para o civil, simplesmente não existe. Esta
primeira hipótese é quando não existir o fato e estar provado que o fato não existiu.
II – Não haver prova da existência do fato;
Não é uma exceção – jamais uma absolvição por falta de provas vincula o civil.
III – Não constituir o fato infração penal – Não há vinculação
IV – Estar provado que a pessoa não concorreu para a infração
VI – excludentes da ilicitude – se eu agir de acordo com o direito, não tem porque indenizar –
22 PROCESSO PENAL
exceção: 3 hipóteses de excludente de ilicitude que irão absolver no penal mas não irá vincular o
civil: 1. Legitima defesa putativa. 2. Legitima defesa com aberratio ictus (legitima defesa com erro
de execução) 3. Estado de necessidade agressivo (quando atinge bens de terceiros)

CUIDADO! A questão do art. 68. Se a vitima por pobre o MP entra com a ação civil ex delicto. A
lógica do Supremo é que esse artigo está no processo de não recepção: nos lugares que existem
defensoria é que essa deve entrar, mas quando não tem é MP. Para o prof. A constituição não
falou em legitimidade exclusiva da defensoria, deveria viabilizar o acesso do pobre a justiça,
então qualquer um pode entrar, ambos têm legitimidade em várias hipóteses.

CUIDADO! Na hipótese de absolvição do júri, o STJ entende que como o jurado não fundamenta,
esta absolvição jamais vincula o civil, mesmo agindo em legitima defesa.

Efeito pan-processual – para além daquele processo: as vezes nós temos a ação civil coletiva
em crimes ambientais
UNIDADE V COMPETÊNCIA
Tem-se 5 justiças, mas 1 poder judiciário. Então, quando acontece um crime, a minha primeira
pergunta terá que ser: qual justiça é competente?
Tem-se 3 justiças especiais e 2 comuns. A competência da justiça federal é expressa e da
estadual é residual.

Justiça especial:
1. Justiça do Trabalho: não tem competência penal
2. Justiça Eleitoral: julga somente crimes eleitorais que estão no código eleitoral
CUIDADO! Não confundir crime eleitoral com crime político e crime por motivações
políticas. Crime político são os crimes previstos na lei de segurança nacional, é julgado
pelo juiz federal de primeiro grau e o recurso irá direto para o Supremo (recurso ordinário)
CUIDADO! As competências de justiça estão previstas na Constituição. Crime por
motivação política a única diferença é o motivo, essa motivação política não altera a
competência.
Não existe concurso para Justiça Eleitoral
3. Justiça Militar: única que pode aplicar pena de morte – em caso de guerra declara. Divide-
se em duas: Militar estadual (policial militares e membros do corpo de bombeiro e federal.
23 PROCESSO PENAL
CUIDADO! Jamais a militar estadual julga civil. A emenda 45 deixou claro que crime doloso
contra vida de civil praticado por policial militar vai a júri.
Competência da Justiça Federal – art. 109, CF:
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
CUIDADO! O Banco do Brasil e Petrobras são sociedades de economia mista federal. Os crimes
praticados contra essas entidades são de competência estadual. Porque a Lava Jato esta na
justiça federal? Principalmente por causa de serviços e interesses, pois o crime de corrupção foi
praticado por funcionário público.
Sumula 42: crimes contra sociedade de economia mista federal são julgados pela justiça
estadual.
Sumula 147: crimes praticados contra/por funcionário público federal, em razão das funções, são
de competência da Justiça Federal.
OBS.: o júri não é exclusivo da Justiça Estadual, existe júri da justiça federal também.
Crimes praticados a bordo de aeronave é de competência federal.
Crime de moeda falsa é julgado pela justiça federal, pois a união que emite moeda. CUIDADO! O
crime de moeda falsa é federal, desde que esta moeda não seja grosseira. O crime de moeda
falsa atinge a fé publica da União, se a falsificação é grosseira não atinge essa fé pública,
podendo ser de competência da justiça estadual.
CUIDADO! Existe uma lenda urbana que crimes praticados dentro da UFES são federais, mas o
fato de ser praticado dentro da UFES, não torna federal. Agora, eu furtei o bebedouro que
pertence a UFES, é justiça federal, pois é um bem de autarquia federal.

V- Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no


País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
OBS.: tráfico de drogas e tráfico de pessoas só são crimes federais se tiverem caráter de
internacionalidade
CUIDADO! Crimes praticados através da internet, a regra é que o STJ pacificou que continua
sendo crime de competência estadual.
‘’Pedofilia na internet’’ que são os crimes do estatuto da criança e do adolescente, esse crime é
competência federal, pois o Brasil se comprometeu em Tratado.

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;


§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com
a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de
24 PROCESSO PENAL
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de
Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência
para a Justiça Federal. 
Crimes relacionados a grave violação a direitos humanos. Em tese, todo homicídio é uma grave
violação, a abertura do texto é positiva, vai de cada caso concreto.
Só o procurador geral da república pode pedir ao STJ para que esse desloque um inquérito ou
processo da Estadual para Federal.
CUIDADO! O fundamento desse artigo é que no plano internacional, a União pode ser
responsabilizada por grave violação a direitos humanos. Só pode federalizar se a justiça estadual
está inerte, relacionada a uma grave violação dos direitos humanos.

VI - Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
Crimes contra o sistema financeiro federal é competência federal (lei nº 7492/86), são crimes
específicos, sempre serão federais. Ex.: gestão fraudulenta feita pelo diretor do Banco Banestes.
Porque o sistema financeiro é federal.
Os crimes contra a organização do trabalho só são federais se atingirem uma coletividade de
trabalhadores.
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento
provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

IX - Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça


Militar;
Navio é embarcação de grande porte.

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória,


após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
Se a pessoa ingressa irregularmente no país, o crime é federal.
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
Sumula 140: os crimes praticados por/contra índio, só serão federais se atingir o interesse da
tribo como um todo.

Prerrogativa de foro ou foro privilegiado:


1. Só existe prerrogativa de foro em penal
25 PROCESSO PENAL
2. A prerrogativa de foro é só quando a autoridade for réu.
3. Hoje a prerrogativa de foro é para qualquer crime, mesmo que não tenha relação com as
funções. O Supremo já tem 7 votos para restringir a prerrogativa para os crimes
relacionados a função – seria uma mudança substancial caso ocorra.
CUIDADO! Só a constituição pode dar prerrogativa de foro, pois é matéria constitucional. Mas, o
STF admitiu que constituições estaduais, possam criar outras hipóteses de prerrogativas de foro.
O Supremo pacificou que prerrogativa de foro não significa julgamento pelo plenário, ou seja, uma
turma de um Tribunal pode julgar a autoridade. Inclusive na Lava Jato, é a 2º Turma que está
julgando.

Prerrogativa de foro X coautoria:


Sumula 704 STF: estabelece que, em regra, a prerrogativa de foro atrai coautor e participe. Por
isso que no Mensalão, tinham 40 réus no Supremo.
O ideal é que coautores e participes sejam julgados no mesmo processo, pois a testemunha vai
falar uma vez em relação aos três, seria uma questão de celeridade e para evitar decisões
contraditórias.
Exceção:
CUIDADO! O art. 80 do CPP prevê a possibilidade de separação do processo. Então, por
exemplo, na Lava Jato o Moro e o STF aceitaram o art. 80, quem não tinha prerrogativa de foro
foi julgado por ele, e quem tinha prerrogativa de foro foi julgado pelo Supremo.
Esse fatiamento ele é feito, não matematicamente igual no processo civil, fica a critério do poder
judiciário.

Prerrogativa de foro X júri:


1. A prerrogativa de foro esta prevista exclusivamente nas Constituições Estaduais
(constituição estadual pode dar prerrogativa de foro).
Ex.: a constituição federal não dá prerrogativa de foro para vice-governador, porém a
constituição estadual prevê prerrogativa. No entanto, o que vale mais é a constituição
federal (critério hierárquico), se o vice-governador matar alguém (crime doloso contra a
vida), ele vai a júri.
2. Quando a prerrogativa de foro está na constituição federal: caso o prefeito mate alguém,
não posso mais usar o critério hierárquico, pois a prerrogativa e o júri estão na constituição
federal, nesse caso, o que prevalece na prática é a ideia do princípio da especialidade, júri
é regra geral e prerrogativa é regra especial. Dessa forma, prerrogativa prevalece.
CUIDADO! Nessa situação, no caso de prerrogativa e júri, o entendimento majoritário é que quem
26 PROCESSO PENAL
não tiver prerrogativa, o júri prevalece.

Prerrogativa de foro X ex autoridade:


ANTES DO MANDATO DURANTE DO MANDATO DEPOIS DO MANDATO
Se uma ex autoridade 1º momento: até o ano 2000, era sumula Se uma ex autoridade
pratica um crime ANTES 394 do STF, então se entendia que se o pratica um crime DEPOIS
do mandato, o processo crime foi praticado durante o mandato, ele do mandato, não tem
sobe para o Supremo na continuava com prerrogativa depois. Pois, de prerrogativa de foro
hora que tomar posse. qualquer modo estou julgando um ato que foi
praticado por uma autoridade.
2º momento: no ano 2000, revoga-se a
sumula, pois, a prerrogativa é do cargo, se é
ex autoridade, não tem prerrogativa.
3º momento: em 2002, altera-se o art. 84,
CPP, com o objetivo de criar uma situação
intermediária: depende se o crime está ou
não relacionado a funções.
4º momento: considera o 3º momento
inconstitucional, pois deveria ser alterado na
constituição. Portanto, na prática funciona o
2º momento.

CUIDADO! Os juízes e promotores são vitalícios. A discussão é: juízes e promotores


aposentados tem prerrogativa de foro? O supremo entendeu que a prerrogativa é do cargo, logo
não há prerrogativa.
CUIDADO! Caso Cunhalima: Ronaldo Cunhalima era governador da Paraíba, foi a um
restaurante e deu 4 tiros no inimigo político. Passou a ser deputado federal, e passou a ser
julgado pelo Supremo. O julgamento foi marcado e um dia antes ele renuncia o cargo de
deputado federal e se renúncia, passa a ser ex e o processo não pode ser julgado pelo STF,
deveria ser julgado em 1º grau e nunca foi julgado, a Paraíba era governada pelo seu filho. Foi
uma fraude.
O STF entendeu que se o julgamento estiver marcado, a renuncia é válida para todos os efeitos,
menos o de alterar a competência. Excepcionalmente, nesse caso, o Supremo irá julgar a ex
autoridade.

27 PROCESSO PENAL
ARTIGOS DA CONSTITUIÇÃO
Art. 102, I, b, c
Ministro de Estado: CUIDADO! Presidente do Banco Central e Advogado Geral da União tem status de
ministro. Significa dar prerrogativa para eles por meio indireto.
O tribunal de contas da união não é poder judiciário, mas LEGISLATIVO
Art. 105, I, a
CUIDADO! No STJ não está o vice-governador
II- desembargador estadual, federal, do trabalho e eleitoral
III – conselheiros dos tribunais de contas do estado ou do município: STJ
IV- membros do MPU que atuam perante tribunais:
CUIDADO! Advocacia pública (procuradores do estado, advogado da união, procurador da fazenda
nacional, procurador federal e municipal) não tem prerrogativa na constituição
Art. 108, I, a
O TRF julgam juizes federais
Tribunais Regionais federais:
1. fica em Brasilia + 14 Estados – é residual
2. Fica no RJ, abrange RJ e ES
3. Fica em SP, abrange SP e MS
4. Fica em RS, abrange o SUL
28 5. Fica em RE, abrande PE, PB, AL, CE, SE, RN PROCESSO PENAL
O juiz federal de SC pratica um homicídio na praia de Fortaleza, será julgado pelo tribunal da 4º região.

Art. 96, III


Juizes estaduais e MP: cada estado tem um TJ
CUIDADO! Se um juiz estadual de Goiás for réu por tráfico de drogas internacional em SP,
excepcionalmente o TJ julga crimes federais

Competência territorial
A competência territorial é fixada nos termos do artigo 70, no local onde o crime se consumou.
Então, o que vai importar é o local do resultado.
Há dois argumentos para o código ter adotado isso: facilitar a colheita de provas e que a pena
sirva de exemplo para a sociedade.
O juiz de oficio pode se julgar incompetente territorialmente
Se o crime ocorre e se consuma em mais de uma cidade, todas são competentes para julgar.
Terei que adotar o critério de prevenção.
CUIDADO! A prevenção no processo penal ocorre desde a fase de inquérito.
CUIDADO! Atos do juiz de plantão não geram prevenção.
CUIDADO! Na hipótese de ter mais de uma vara na cidade, tem que ter distribuição

Conexão (art.76) e continência (art.77)


Há duas razões para existis conexão e continência: celeridade processual e evitar decisões
contraditórias
Art. 77:
1. Se eu tenho várias pessoas (coautoria ou participação) praticando um crime, é continência
2. CUIDADO! Artigo 70, 73 e 74 nessas hipóteses serão julgados no mesmo processo por
regra de continência
Art. 76:
1. Se ocorrendo vários crimes praticados por várias pessoas reunidas, poderiam colocar
todos eles como réu devido a conexão
2. Várias pessoas praticam crimes embora diverso tempo e diverso o lugar
3. Várias pessoas
29 PROCESSO PENAL
4. CUIDADO! É possível ir a júri uma lesão, estupro, etc., desde que seja conexo a um crime
doloso contra a vida.
5. Toda vez que a prova de um crime pode de qualquer pode influenciar o julgamento de
outro, pode ter conexão

Separação facultativa ou obrigatória:


Eu tenho conexão e tenho continência, mesmo assim posso separar o processo
Art. 79 a separação é obrigatória:
1. Se existir um crime miliar, quem julga é a justiça militar. Ex.: um militar e um civil roubam o
quartel, o civil será julgado pela justiça estadual e o outro pela justiça militar. Em nenhuma
hipótese a justiça militar estadual julga um civil.

Exceção da verdade e prerrogativa de foro – art. 85, CPP (somente para crimes de calúnia)
Ticio calunia o governador. O governador entra com uma queixa crime contra ticio na Justiça
Estadual de 1º Grau. Quando Ticio oferecer a exceção da verdade, quem se torna réu é o
governador. Dessa forma, a exceção irá para o STJ, mas o processo continua em 1º grau.
ATENÇÃO! A injuria não tem exceção da verdade. Já no caso da difamação, cabe, mas não
altera a competência.
Ministro do STF calunia a governador. O processo já está no STF. É oferecida a exceção da
verdade. Nesse caso, a exceção da verdade continua no STF. O Tribunal ‘’de cima’’ não pode
estar vinculado com o Tribunal ‘’debaixo’’. A exceção só sobe.
ATENÇÃO! o que importa na exceção da verdade é ver a prerrogativa de foro da vítima.

Perpetuatio Jurisdiciones – perpetuação da jurisdição


O CPP é omisso quanto a questão de criação de vara com os processos que já estão em
andamento.
A corrente majoritária (STF) fala que na omissão do CPP, aplica-se subsidiariamente o CPC. E o
CPC fala que o processo continua em vitória, pois se adota o princípio da perpetuatio
jurisdiciones.
A corrente minoritária (Pacelli) defende que a lógica do processo penal faz com que o processo
vá para Guarapari.

Súmula STJ
 38  151: contrabando e descaminho são
 42 de competência da justiça federal –
 48: falsificação de cheque – é o local não importa como entrou no país,
30 PROCESSO PENAL
da obtenção da vantagem importa onde foi apreendida.

 53  165: justiça do trabalho não julga

 59 crime de falso testemunho, vai para a

 62 justiça federal.

 73  192

 75  200

 78  208

 90  209

 104  244: cheque sem fundo é aonde você


tem a conta e não onde obteve
 107
vantagem.
 122: crime federal conexo a um crime
 546: se eu estou dirigindo com carteira
estadual – tudo vai para federal,
de motorista falsa e sou parada numa
mesmo que o crime da estadual seja
blitz da policia rodoviária federal, será
mais grave. A federal atrai os conexos.
de competência da justiça federal.
A competência da federal é expressa.
Mas se for uma blitz do DETRAN, será
 140
da justiça estadual. O que importa é
 147
onde apresento a carteira de motorista falsa.

UNIDADE VI PROVAS – art. 155 a 250, CPP

Tanto o autor quanto o réu têm direito constitucional de produzir provas. O normal é provar fatos,
mesmo fatos incontroversos precisam de provas, não há presunção de veracidade.
Exceção: fatos públicos e notórios não precisam ser provados
Em regra, não vou provar matéria de direito, mas se for direito municipal, estadual ou estrangeiro,
devo provar
Não há hierarquia entre as provas, todas são relativas.

Cadeia de custódia da prova: desde a obtenção da prova até sua produção é garantida que não
haja nenhuma contaminação da prova.
Se o suspeito altera a cena do crime e consegue comprovar isso, é motivo para prisão preventiva.

Sistema de apreciação da prova:


1. Prova tarifada: a lei já diz o peso de cada prova, então as partes já sabem que por

31 exemplo um documento vale 10 testemunhas. Esse sistema diz quanto cada prova vale.
PROCESSO PENAL
2. Intima convicção: dá a possibilidade de o juiz julgar como bem entender
3. Livre convencimento motivado ou persuasão racional: entende que o juiz é livre para
valorar prova. Esse sistema parte da premissa de que todas as provas são relativas, não
existe hierarquia entre as provas. Todas as provas têm um peso que o juiz terá que
explicar. O juiz terá que analisar o caso concreto para verificar qual o peso de cada prova,
analisando-a.
Exceção: 1. No júri o sistema é a intima convicção. 2. Em relação ao estado de pessoas, ou seja,
casamento, maioridade, o §ú do art. 155 determina que seja observada a lei civil (sumula 74
STJ), por exemplo a maioridade é provada com a certidão de nascimento e o casamento é a
partir da certidão de casamento. 3. Não é possível aceitar a confissão como prova de
materialidade delitiva, com base no art. 158, mas pode comprovar autoria (ex.: caso dos irmãos
naves, dois irmãos foram condenados por matar um policial com base na confissão, mas 10 anos
depois o policial apareceu vivo). 4. Art. 4º, §16, lei 12. 850/13 não é possível condenar apenas
com a palavra do delator, e mais, o supremo já pacificou que não é possível somar varias
palavras de delatores para condenar (a delação não é meio de prova, mas meio de obtenção da
prova, ou seja, não posso condenar com base na palavra do delator, o que eu quero é que ele me
traga o meio para obtenção dessa prova). 5. Laudo definitivo dos crimes de entorpecentes: a
jurisprudência entende que o juiz fica vinculado ao laudo. A regra é que o juiz não está vinculado
a perícia, mas no caso de drogas o juiz fica vinculado a perícia química. A regra é que eu só
posso condenar por entorpecentes se eu prender a droga. CUIDADO! existe uma decisão do STJ
isolada admitindo uma condenação por tráfico de drogas com base em interceptação telefônica e
sem a perícia.
Provas atípicas e típicas:
Nossa legislação estabelece vários meios de provas, mas deixa claro que esse rol é
exemplificativo, porque existem provas inominadas, aquelas que não estão previstas na lei.
Exemplo:
1. Reconhecimento fotográfico: nossa lei não prevê a possibilidade do reconhecimento
fotográfico, a jurisprudência admite o reconhecimento por foto como prova inominada.
Alguns autores acreditam que essa prova é falível, pois as pessoas mudam com o tempo.
2. Prova psicografada: tem uma corrente que admite desde que a favor do réu, para
absolver. A segunda corrente acredita que o estado é laico e essa prova seria por uma
crença religiosa, dessa forma não admite a prova psicografada.

Momentos da prova:
Proposição: normalmente as partes proponham uma prova
Admissão: depois o juiz admite ou não a prova
32 PROCESSO PENAL
Produção: a prova é produzida
Valoração: deve explicar porque tal prova tem mais valor que a outra, acontece na sentença.

Princípio da comunhão da prova: a prova é para o processo e não para a parte, não
importando quem produziu a prova.

Observação (art. 156, CPP)


 Ônus da prova no CPP: primeira corrente: defende a aplicação do art. 156 e portanto, o
ônus da prova é de quem alega, igual ao processo civil, ou seja, se a defesa levantar
estado de necessidade, por exemplo, ela que deve provar o estado de necessidade. A
segunda corrente (STF), não aplica o art. 156, no CPP em razão do indubio pro reo, o ônus
da prova é todo da acusação, não preciso comprovar a legitima defesa, devo comprovar
uma dúvida razoável. O ônus da prova é todo do MP.
 Poderes instrutórios do juiz: seria a discussão se o juiz pode ou não pode determinar a
produção de uma prova de oficio. A primeira corrente (doutrina é majoritária) diz que não
pode, pois violaria o sistema acusatório, prejudicando o réu, quem tem que produzir provas
são as partes e não o juiz. Além disso, poderia ferir a imparcialidade do juiz, pois se estou
pedindo para produzir provas, já estou pensando que aconteceu algo. Já a segunda
corrente (Supremo), majoritária, acredita que o juiz não só pode, mas deve produzir prova,
pois não se sabe qual será o resultado da prova, ela pode beneficiar o réu, não tendo
sentido em falar de limitação do juiz na produção de provas. A terceira corrente defende
que o juiz pode produzir prova de oficio, desde que ele não esteja suprindo uma omissão
do MP. O juiz não deve sanar erros do MP, mas precisa sanar erros da defesa, pois nada
justifica condenar o inocente.

Provas típicas:
1. Exame de corpo de delito:
Corpo de delito é o crime em si, ou seja, num roubo de relógio o corpo de delito é o relógio. Já o
exame de corpo de delito prova a materialidade delitiva. Tenho crimes que deixam vestígios e
crimes que não deixam vestígios. Para aqueles que deixam vestígios em abstrato é obrigatório
exame de corpo de delito. Só que esse exame pode ser direto ou indireto.
Se o crime deixa vestígio, em tese, é obrigatório ter exame de corpo de delito, caso não tenha,
não posso condenar.
 Exame direto: é feito no próprio corpo de delito (ex.: no próprio cadáver)
 Exame indireto: independente da corrente que siga, posso provar a materialidade de
3 formas (exame direto, exame indireto – pericia – e testemunha). A primeira
33 PROCESSO PENAL
corrente entende que o exame indireto continua sendo uma perícia, mas uma
perícia feita sob algum elemento que permita extrair conclusões sobre o corpo de
delito (algum elemento que não seja o próprio corpo de delito). A segunda corrente
vai utilizar o art. 157, posso chamar de exame indireto a testemunha (qualquer outra
prova menos confissão).
 Perito – art.159: a regra é que quem faz a perícia é o perito oficial. Existe o crime de
falsa perícia do art.343 do CP, quando ele mente deliberadamente na perícia.
Existem dois peritos não oficiais, que tem que ter curso superior.
A lei prevê que o assistente técnico atua no processo depois que o laudo for
entregue. Posso nomear quantos peritos forem necessários.
O exame de corpo de delito pode ser feito em qualquer dia e qualquer hora, pois os
vestígios podem desaparecer.
Exame complementar: há duas hipóteses: 1. Quando o primeiro exame for insuficiente. 2.
Quando a lei exige
Casos peculiares:
- Drogas: no caso de drogas são duas pericias, a primeira é o chamado laudo provisório ou de
constatação, é feito na policia e é suficiente para a denúncia. Já o laudo definitivo ou químico,
deve ser feito por dois peritos oficiais (exceção), é o laudo químico que irá dizer qual é a droga.
- Exame de corpo de delito em armas (exame de eficiência da arma): arma que não funciona
é um pedaço de metal, então há uma discussão da necessidade desse exame de eficiência. O
supremo por maioria, entendeu que prova testemunhal pode suprir falta de exame de eficiência
da arma.
2. Interrogatório:
É a oportunidade de o réu falar com o juiz. A posição majoritária é que o interrogatório é ao
mesmo tempo meio de prova e meio de defesa. É o último ato da instrução, pois agora quando o
réu for falar, sabe o que já foi produzido, reforçando a ideia do interrogatório como meio de
defesa. Obrigatoriamente, esse interrogatório deve ser feito na presença de um advogado.
O interrogatório vai se dividir em duas partes:
 Interrogatório de identificação: perguntas sobre nome, profissão, nome do pai, da
mãe. A corrente majoritária entende que não há direito ao silencio nessa fase.
 Interrogatório de mérito: são perguntas do fato.
Deve ser feito numa língua que o réu conhece, devendo ser contratado um interprete. Se for
surdo e mudo, perguntas e respostas por escrito.
Consequências ao réu se não comparecer ao interrogatório: alguns autores defendem a
aplicação do art. 260, que é a condução coercitiva. Já a segunda corrente defende que o não
comparecimento voluntário do réu consiste no direito ao silencio. Não tem correntes que é
34 PROCESSO PENAL
obrigatório oportunizar o interrogatório, o que se discute é quando ele não vai.
Interrogatório do réu preso: na teoria, que nunca acontece, a lei prevê que o juiz deve ir em
presídio interrogar, mas na prática a regra é trazer o réu ate a justiça. Exceção: o juiz precisa
fundamentar, com 10 dias de antecedência, que é o interrogatório por vídeo conferência
(interrogatório online). Na nossa lei, a hipótese de interrogatório online é taxativa, por exemplo
quando há risco de fuga.
Obs.: Quando tenho vários réus, tenho que interrogar cada um separadamente e não é possível
que assistam o depoimento do outro.

3. Confissão:
É considerada uma prova relativa como todas as outras, pois não existe uma prova absoluta. O
réu confessa o fato. Não é normal a pessoa confessar, por isso a lei fala que é uma atenuante.
A confissão prova autoria, não pode provar a materialidade delitiva. Tem-se a confissão
simples, que é quando você assume por inteiro o que estão te acusando. Já a confissão
qualificada, você assume a autoria, mas alega uma excludente.
CUIDADO! O art. 200 tem duas características muito importante da confissão: 1. Divisibilidade: só
posso fracionar a confissão justamente porque ela é divisível, por exemplo alego ter matado sob
estado de legitima defesa, logo o juiz pode acatar eu ter matado, mas pode não acatar a legitima
defesa. 2. Retratável: é direito do réu voltar atrás. CUIDADO! esta retratação deve ser expressa.
Não tem limite para a retratação, mas deve ser feito somente até a sentença.
Se a pessoa se retrata antes da sentença, a pena é extinta.
Sumula 545: toda vez que o juiz usar a confissão ele tem que atenuar.
4. Delação:
Você entrega um coautor ou participe. O delator é alguém que está envolvido com o crime.
Há uma grande divisão na doutrina sobre existir ou não a delação como instituto. Quem não
acredita, possui os seguintes argumentos: 1. A delação seria imoral. 2. O estado não deve
negociar nem confiar em criminosos, ele deve punir. 3. A delação pode violar a proporcionalidade
das penas, pois o delator pode ficar com uma pena menor de quem delata. Já a doutrina
favorável: 1. acredita que a delação é feita no interesse do estado, não possuindo nada de
imoral, se houve imoralidade é com o crime. 2. O estado pode negociar com criminosos, pois faz
isso na transação penal (juizados especiais) e é claro que deve ter cautela com a palavra do
delator, mas no Brasil, não se condena com a palavra do delator, o que importa são as provas
que ele vai trazer. 3. A delação é um mau necessário, o principio da proporcionalidade é atendido,
porque a regra é que se o estado tivesse como punir sem o delator seria melhor, mas admite-se
pois ficará com mais pessoas impunes.
A delação é um meio de obtenção de prova. A palavra em si do delator não serve.
35 PROCESSO PENAL
Art. 4º da lei 12. 850: lei geral de delação.
É uma espécie do gênero colaboração premiada – posso colaborar com a justiça sem entregar
ninguém.
Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3
(dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde
que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - A identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações
penais por eles praticadas;
II - A revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III - A prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV - A recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
V - A localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

Benefícios: redução de pena de 1 a 2/3 e até o perdão judicial.


O STF tem um precedente importante que aceitou que o relator, além desses benefícios, ficar
com parte do produto do crime.
CUIDADO! O rol de benefícios é taxativo ou exemplificativo? Para uma corrente seria o principio
da legalidade, dessa forma, o rol seria taxativo. Já a segunda corrente defende que o rol é
exemplificativo. Se eu tenho poder para oferecer perdão, poderei oferecer menos que seria uma
punição que não está prevista na lei.
CUIDADO! O STF já pacificou que a pessoa delatada não pode impugnar acordo de delação.
O juiz não participa das negociações. A negociação é entre MP e delator e policia e delator. Isso
para garantir a imparcialidade.
Há uma ADI no Supremo contra a possibilidade de a polícia negociar a delação, porque o titular
da ação é o MP, devendo ser ele que deve negociar.
CUIDADO! Existe uma corrente minoritária que defende que como o juiz é quem fixa a pena, os
acordos de delação teriam que ser benefícios em branco (saber que vai ter o benefício, mas será
definido pelo juiz). Mas a corrente majoritária fala que até para a segurança jurídica de todos,
digam qual é o benefício, aí isso vincula o juiz.
Eu posso me retratar da delação? Sim. Uma vez retratado da delação, as provas retratadas
contra você, não podem ser usadas.
CUIDADO! mesmo que o acordo não seja homologado, mas houve de fato uma colaboração do
réu, o juiz pode dar o beneficio da lei.
Fases da delação:
36 PROCESSO PENAL
A delação pode ser no inquérito, na fase do processo ou até mesmo na fase de execução da
pena. Só que a lei prevê que na execução da pena, o beneficio é somente redução e não isenção
de pena.

5. Palavra da vítima:
Vítima não é testemunha, então não comete falso testemunho. Então se acusa alguém que sabe
que é inocente, comente o crime de denunciação caluniosa. É obvio que a vitima é suspeita, ela
quer punir alguém, ou seja, a palavra da vitima tem uma carga mais forte de suspeição. Por outro
lado, em muitos casos, a única prova que você terá é a palavra da vítima, como por exemplo em
crimes sexuais. Então, isso provoca situações complexas, a jurisprudência entende que
casuisticamente você entende o peso que será a palavra da vítima. Tem-se que analisar cada
prova de modo isolado.

6. Prova testemunhal:
Hoje a testemunha é uma prova como todas as outras, uma vez que é uma prova relativa. A regra
é que qualquer pessoa pode ser testemunha. Exceção:
1. menores de 14 anos ou os doentes mentais (art. 208, CPP), mas serão ouvidos na condição de
informantes. A diferença de ser testemunha ou informante, é que informante não comete crime de
falso testemunho.
2. ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o
pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-
se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
3. Art. 207. Pessoas que são proibidas de depor: aquilo que a pessoa sabe em razão do seu
oficio, profissão ou ministério, pois eles têm segredo profissional. Quando essas pessoas podem
depor? Somente quando ela mesma quer depor, quem lhe contou deve autorizar.
4. Depoimento de policiais: a primeira corrente fala que policiais são suspeitos e não podem
depor, eles querem justificar a conduta deles. Já a segunda corrente, é que esse depoimento é
possível e tem peso maior pois são agente públicos. Já a terceira corrente, majoritário, acredita
que é possível o depoimento de policiais mas é uma prova relativa como todas as outras.
5. testemunha que já foi condenada por falsa testemunha e prostitutas: existia uma corrente
preconceituosa que quem já mentiu uma vez, pode mentir de novo. As prostitutas podem depor
de qualquer forma. E em relação aquele que já foi condenado por falso testemunho, pressupõe
que terá um cuidado maior, uma vez que já foi condenado, o que o juiz poderá analisar é a
credibilidade.
37 PROCESSO PENAL
CUIDADO! testemunha é quem viu, ouviu ou presencial o crime. O testemunho indireto também
chamado de testemunho de ‘’ouvir dizer’’ é proibido nos EUA e aceito com ressalva no Brasil.
Testemunha fala de algo que já aconteceu, mas há uma preocupação com o futuro.
Depoimento sem danos: vai para uma sala que o psicólogo irá fazer as perguntas para tentar não
ser aquela coisa tradicional
Características: 1. Retrospectividade, ou seja, prova testemunhal fala do passado, de algo que já
aconteceu. 2. Objetividade, a testemunha não deve tecer considerações pessoais, o depoimento
deve ser objetivo. 3. Judicialidade, quer dizer que as testemunhas devem depor perante um juiz,
é por isso que a testemunha fala no inquérito e deve falar de novo no processo. 4. Oralidade,
como o nome esta dizendo, o depoimento deve ser prestado de modo oral, o primeiro detalhe é
que a lei autoriza a testemunha consultar documentos, é claro que esses documentos tanto a
acusação como a defesa tem acesso a isso, mas existem exceções: testemunha muda não tem
como prestar depoimento oral; tem-se 6 autoridades que tem a prerrogativa de não fazer
depoimento oral (art. 221, §1º: presidente e vice, presidente da câmara, senado e Supremo)
CUIDADO! o art. 221, caput, tem um rol de autoridades que prestam depoimento oral, mas tem
direito de combinar com o juiz o dia, hora e local. ATENÇÃO! No Mensalão, o Supremo entendeu
que isso vale por 30 dias. Caso não tenha marcado durante esses dias, será tratado como
testemunha comum, não tendo mais privilégio de escolher dia, data e hora. No Novo CPC já foi
colocado o prazo de 30 dias. CUIDADO! os membros do MP têm o privilégio do caput, de
combinar dia, hora e local durante 30 dias. Algumas leis estaduais têm estenderam essa
prerrogativa para outros cargos, o Supremo entendeu que essas leis eram formalmente
inconstitucionais, pois são matérias de processo penal, devendo ser tratado em lei federal.
Quais as consequências para a testemunha que falta (injustificável): o juiz deve analisar se a
falta é ou não justificada. Pode conduzir coercitivamente a testemunha. As custas do
deslocamento do oficial e etc., é a testemunha. O juiz pode aplicar uma multa de até 10 salários
mínimos. Em tese, a testemunha que falta comete crime de desobediência.
Testemunha que não mora na comarca: se morarem no Brasil, é por Carta Precatória, se
morarem no estrangeiro, é por Carta Rogatória.
Na justiça federal há uma recomendação para que ao invés de fazer por isso, seria melhor por
vídeo conferência. Quem manda a precatória, é o deprecante, e quem recebe é o deprecato.
Caráter itinerante da carta precatória
Quando eu mando uma precatória, a instrução do processo continua
Se passar o prazo sem que a precatória tenha voltando, o juiz pode julgar o processo sem a
precatória ter voltado.
Sumula 155: toda vez que eu mandar uma precatória, tenho que intimar a defesa que eu mandei
Sumula 273:
38 PROCESSO PENAL
CUIDADO! Na rogatória tem-se uma diferença importante (art. 222-A): fala que só vai expedir
uma carta rogatória se provar que é imprescindível, além disso a parte deve pagar os custos.
É direito da parte consignar a pergunta que foi indeferida pelo juiz
Contraditar é alegar que uma testemunha é suspeita
CUIDADO! o momento para fazer a contradita é antes do depoimento. Feito isso, o juiz tem 3
possibilidades: 1. A contradita é negada. 2. Acolher, mas fazendo isso abra-se duas
possibilidades: ouvir como informante

7. Reconhecimento de pessoas e coisas:


Pessoas parecidas que a vitima ou a testemunham apontam quem é o acusado. A lei fala,
primeiramente, que quem vai reconhecer deve descrever a figura do crime. O ideal é colocar com
várias pessoas, pois se eu colocar somente com o suspeito, induzo a vítima a apontar quem é o
suspeito, mas não viola a lei colocar só o suspeito.
§ú, art. 226. Pela lei, na polícia, é garantido que o suspeito não veja quem está reconhecendo ele,
como forma de preservar a pessoa que vai reconhecer. Mas o problema, é entender que no
processo o réu tem direito de ver quem está o reconhecendo.
Esse reconhecimento de pessoas também se aplica a coisas.
Se eu tiver que reconhecer vários réus, terei que conhecer de modo individualizado
8. Acareação:
É colocar ‘’cara a cara’’. É feito toda vez que eu tiver uma divergência relevante. É a vitória da
esperança sobre a experiencia, ou seja, a esperança é que colocado cara a cara, quem está
mentindo é que volte atrás, porque foi confrontado com a verdade. Dessa forma, o juiz terá que
julgar com a mentira.
Quem pode ser acareado? Qualquer um que presta o depoimento. Então, não é somente para
testemunha. É claro que o réu tem o direito de não participar da acareação. Em tese, é possível
acareação por Carta Precatória (art. 400).
É possível acareação por vídeo conferência (art.185, §8º).

9. Indícios – art. 239:


Circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução,
concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
Sempre será uma prova indireta
Ex.: álibi
CUIDADO! a mesma palavra ‘’indícios’’ tem dois tratamentos diferentes do Código, uma coisa é o
indicio para denuncia (art. 41), que quer dizer prova mínima, e o indício do art. 239 que é um meio
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de prova
Eu posso condenar com indícios? Há duas correntes:
1. É pouco, não sendo possível condenar por indícios, pois nunca gera certeza, então é uma
prova frágil e indireta.
2. O indicio é uma prova como qualquer outra, é uma prova relativa. Caso eu
preventivamente eu excluísse o indicio, eu transformaria o indicio numa prova de 2ª
categoria. Reconhece que é possível condenar com o indicio, é uma prova como qualquer
outra, depende que quantos indícios tem e qual forte é o indicio. Se há indícios é in dubio
pro reo.
OBS.: o indicio para a denúncia não necessariamente é suficiente para condenar
ATENÇÃO! nos crimes financeiros os indícios têm um peso muito importante.

10. Prova documental:


Consideram-se quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. Mas,
considera-se documento como sendo o §ú do art. 479:  Parágrafo único.  Compreende-se na
proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de
vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo
conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados.    
Diferente do Processo Civil, o art. 231, estabelece que a regra é que eu posso juntar documento
em qualquer momento, não há preclusão, salvo quando a lei proibir.
CUIDADO! A exceção é o júri, pois o art. 479 prevê que qualquer documento no júri tem que estar
nos autos com pelo menos 3 dias de antecedência. Se for uma prova fundamental, deve ser feito
o pedido de adiamento do júri.
Cartas – art. 233: se eu mando uma carta para Ticio, a carta pertence ao destinatário, logo ele
pode apresentar essa carta contra a minha vontade. Carta é diferente de correspondência.
CUIDADO! no caso de presídios, o STF entendeu que é possível o controle das cartas. Quando
alguém é preso, a liberdade é o direito restringido, mas também atinge o direito de privacidade.
ATENÇÃO! Interceptação de e-mail: tem uma corrente minoritária que quis equiparar e-mail a
cartas, pois é correio eletrônico, portanto se a carta era imune, o e-mail também era. No entanto,
a posição majoritária é que o e-mail pode ser interceptado. A regra é que todos os meios de prova
são validos. CUIDADO! A corrente majoritária faz uma distinção (art. 5º, X). Há que se fazer uma
distinção no e-mail que tem, no e-mail profissional não precisa de ordem judicial, o próprio
empregador pode ter acesso, mas o e-mail pessoal precisa de ordem do juiz, não precisa ser juiz
penal, o juiz civil também pode.
Filmagens – expectativa razoável de privacidade. A privacidade não é um direito absoluto.
CUIDADO! na hipótese de flagrante de delito, a constituição autorizou a qualquer pessoa do povo
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a prender em flagrante. A fortiori posso filmar o flagrante. E isso será muito importante na questão
das câmeras ocultas.
A filmagem só documenta o crime, mas não o torna impossível. Também não é absoluta, pois
pode manipulá-las.
Interceptação de whatsapp: ainda não é interceptado, o wpp se nega a entregar. Mas dá acesso
a localização e a foto do perfil. CUIDADO! a policia prende o suspeito, ela pode acessar o wpp?
Duas correntes:
1) STJ e Supremo Corte do EUA: entendem que a polícia não pode acessar o celular, o que
pode fazer é pedir para o juiz realizar o acesso.
2) Canada: a polícia pode acessar, não precisando de ordem judicial.
O suspeito não é obrigado a fornecer a senha.

Requisitos para interceptar telefone (3 requisitos cumulativos): art. 2º da lei 9.296/96


1) Deve existir algum indicio de autoria, corresponde a ideia de adequação, ou seja, só
adiante interceptar o telefone se houver um mínimo de suspeita de alguém
2) Não existir outro meio de prova, que é o requisito da necessidade. Se eu posso alcançar a
prova sem interceptar o telefone, não deve interceptar. Fica como último meio de prova.
3) Investigar um crime punido com reclusão, é o requisito da proporcionalidade em sentido
estrito. Se for um crime punido com detenção, o crime ficará impune.
Se intercepto crime por reclusão e a partir dai encontro um crime punido por detenção,
pode também é valido – Serendipidade.

Há uma decisão isolada contra o texto constitucional que o STJ admitiu uma interceptação pelo
juiz de família, mas somente o juiz penal pode interceptar.
Jamais é possível uma interceptação telefone retroativa. Ou seja, a policia fez um grampo e
descobre um crime gravíssimo. O grampo significa um crime.
Uma vez feita a interceptação para penal, pode emprestar a prova para o juiz cível, pois ajuda na
indenização.

Prazo para interceptação telefônica: 15 dias, mas é possível prorrogar. Quantas vezes é
possível prorrogar?
1. A corrente minoritária acredita que só pode prorrogar uma vez, então o prazo máximo seria
30 dias. Argumenta que o direito penal é do fato e não do autor, se intercepto por 2/3 anos,
estou investigando a pessoa. Além disso, usa como argumento o estado de defesa, que
dura no máximo 30 dias.
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2. A corrente majoritária acredita que não há a prazo, tudo depende do caso concreto, mas
as prorrogações devem ser feitas de 15 a 15 dias e a cada esse prazo deve ter uma nova
decisão fundamentada.

A lei prevê que a interceptação ocorra no inquérito ou no processo de oficio por requerimento do
MP ou da polícia. Mas a lei não prevê, mas é pacífico pela doutrina que pode, a defesa pedir a
interceptação, pois é uma técnica de defesa.
Pela lei, o certo, é quando termina a interceptação é marcar uma audiência para destruir o que
não interessar para o Estado.

CUIDADO! O supremo pacificou que não é necessário degravar (transcrever para o papel) as
conversas, basta entregar uma mídia com as conversas.
A conversa criminosa precisa estar preservada na sua integralidade.
CUIDADO! O art. 10º prevê dois crimes, que é o grampo (interceptação sem ordem do juiz) e
vazar a interceptação telefônica.
Depois que a defesa teve acesso e foi retirada o que não interessa para o Estado, ai sim pode
divulgar a interceptação.
11. Agente infiltrado:
Lei 12.850/13
Tem autores que consideram como meio de prova o agente infiltrado como sendo
inconstitucional, pois o Estado não pode dar uma autorização para a prática de crimes. Qualquer
crime que ele possa fazer ele não é punido, a doutrina coloca que esta em estado de
necessidade (se for descoberto será assassinado com crueldade). A lei é expressa: só pode ser
agente infiltrado policial. Precisa de ordem de juiz.
O art. 14 fala quais são os direitos do agente, a crítica da nossa lei é não haver bônus e estímulos
reais. O STF já pacificou que ninguém é obrigado a ser agente infiltrado.
O prazo é de 6 meses.

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