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ESPECIAL

Estratégias para
evitar a evasão
no Ensino Médio
Do acolhimento à avaliação, ações
para planejar e colocar em prática
com a comunidade escolar
Introdução
Mensagem a você 4

Capítulo 1
Como e por que cuidar dos
sentimentos dos jovens na escola 10

Capítulo 2
Como e por que repensar o ensino
para manter o engajamento 36

Capítulo 3
Como ressignificar a avaliação dos
estudantes 63

Consultoria pedagógica
Colaboradoras e créditos 87

3
INTRODUÇÃO

Cara educadora,
caro educador,
Entendemos que um dos principais
desafios de quem zela pelo Ensino
Médio é combater a evasão e o
abandono escolar. Esses problemas
motivaram a estruturação do Novo
Ensino Médio, que, ao respeitar
a autonomia, as escolhas e o
projeto de vida dos estudantes e ao
conectar o currículo com a vivência
cotidiana deles, tem o objetivo de
dar mais significado ao que os jovens
aprendem na escola.

A questão de crianças e
adolescentes fora da escola é
crônica e bem anterior à pandemia
da Covid-19, tanto que em 2010 o
Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef) e a Organização
para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco) iniciaram uma
campanha global para resgatar
jovens que estavam longe da sala de
aula. Hoje, o Unicef Brasil organiza
um dos mais robustos programas de
Busca Ativa Escolar, que conta com
a adesão de centenas de municípios
pelo país. O órgão também se
mantém atento para sistematizar
constantemente números e perfis de
quem se distanciou dos estudos.
Quem são os excluídos

Segundo dados da Pesquisa Nacional


por Amostra de Domicílios (Pnad)
Contínua 2019, no Brasil, 680 mil
jovens de 15 a 17 anos estão fora da
escola sem ter concluído a Educação
Básica, o que representa 7,1% dessa
faixa etária. A situação de isolamento
só agravou a exclusão de quem já
era mais afetado pelo problema. A
pesquisa Cenário da Exclusão Escolar
no Brasil, do Unicef, publicada em abril
de 2021, aponta que a maioria das
crianças e adolescentes que estão sem
estudar seguem sendo pretos, pardos
e indígenas e, proporcionalmente, as
regiões Norte e Centro-Oeste sofrem
mais com o problema. De cada dez
jovens fora da escola, seis sobrevivem
em famílias com renda familiar per
capita de até meio salário mínimo.
Para mudar esse retrato da exclusão
escolar, o esforço precisa ser
coordenado, e isso cabe a todos: a
família, os colegas, os professores
e os gestores podem e devem se
envolver. Com o objetivo de auxiliar
nesse processo, reunimos estratégias
potentes neste guia.

O primeiro capítulo ressalta a


importância do acolhimento
emocional e da escuta ativa para
que os jovens se sintam bem-vindos
e capazes de enfrentar desafios
no ambiente escolar. O segundo
aborda como fazer o replanejamento
pedagógico para conseguir, cada
vez mais, motivar os estudantes e
humanizar o contato com eles. Já
o terceiro e último explica como a
participação ativa e consciente dos
adolescentes nas avaliações abre
espaço para envolver e engajar a
turma na aprendizagem.

Preparamos blocos de informações


para leitura e compreensão rápida.
Neles, você vai encontrar:
• introdução à problemática
e caminhos para solucioná-la;
• glossário de palavras-chave para
cada tema;
• fichas explicativas para as
ferramentas de trabalho sugeridas;
• listas de estratégias testadas
e aprovadas;
• projetos sugeridos por educadores,
contados na voz deles mesmos.

Tudo indicado por consultores


especializados e profissionais
atuantes no chão da escola, com
trabalhos bem-sucedidos e olhar
crítico, que relatam pontos de
atenção e revelam quando uma
estratégia ou ferramenta corre o
risco de não funcionar.

Esperamos que este guia prático


não apenas ajude a trazer de volta
adolescentes que estavam fora
da sua escola, mas também faça
com que as ações de acolhimento,
envolvimento, engajamento e
avaliação planejadas pela equipe
pedagógica motivem os jovens a se
reconectarem à aprendizagem e a
encontrarem sentido nos estudos.

Comece agora e não deixe


ninguém para trás!
A C O L H I M E N T O E E S C U TA

1. Como e
por que
cuidar dos
sentimentos
dos jovens
na escola
Quando acolher é um dos
propósitos no Ensino Médio,
a convivência melhora,
o engajamento aumenta,
a sensação de pertencimento
se torna real e a turma se sente
respeitada e mais segura

A riqueza do verbo acolher reside no


próprio significado: oferecer ou obter
refúgio, proteção ou conforto físico;
abrigar(-se), amparar(-se). Diante
disso, fica claro que acolhimento
tem a ver com cuidado consigo
mesmo e com o outro, é uma via de
mão dupla. Ora podemos estar no
papel de quem acolhe, ora no papel
de quem é acolhido.
A cultura do acolhimento e
da escuta ativa é de extrema
importância quando se trabalha com
11
A C O L H I M E N T O E E S C U TA
turmas do Ensino Médio. Os jovens
sofrem grande influência do grupo
na construção da personalidade,
descobrindo quem são eles mesmos
e as pessoas com quem convivem
por meio de trocas. Além disso,
é natural sentirem a necessidade
de se verem representados e de
serem ouvidos.
Em geral, quando se pensa em
acolher, imagina-se estar diante de
momentos de crise, pessoas em
situação de vulnerabilidade ou com
a sensibilidade à flor da pele, que
precisam ser ouvidas, cuidadas e ter
suas queixas validadas. E é mesmo
por aí. Mas cenários como esse são
apenas pontos de partida. Acolher
não pode ser um movimento pontual,
isolado. Pelo contrário, tem de ser
sustentável, institucionalizado, fazer
12
A C O L H I M E N T O E E S C U TA
parte do projeto político-pedagógico
da escola e estar em constante
avaliação e revisão, para checar
se as ações colocadas em prática
estão funcionando ou se precisam
ser revistas.

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A C O L H I M E N T O E E S C U TA
A escola que institui
o acolhimento como cultura

I. proporciona um ambiente
solidário e cooperativo – e,
consequentemente, ético;

II. trabalha com foco na prevenção


de problemas socioemocionais
que podem se agravar, se
desapercebidos ou ignorados;

III. desenvolve e usa ferramentas


para identificar formas de ajudar
quem estiver precisando, como
canais de escuta, fortalecimento
dos pares e ações preventivas para
resguardar a segurança de todos;

14
A C O L H I M E N T O E E S C U TA
IV. potencializa a sensação
de pertencimento dos alunos
a uma comunidade;

V. coopera para o desenvolvimento


da aprendizagem de todos
e para a melhoria do clima escolar.

15
A C O L H I M E N T O E E S C U TA
Glossário

Acolhimento: postura ética que


implica na escuta do outro e no
reconhecimento de seu protagonismo.
Características: validação da
demanda e oferta de amparo livre de
julgamentos; não é a transferência do
problema para a escola.

Cuidado: preocupação e ações para


proporcionar segurança. Provoca
empatia e engajamento coletivo,
atua na prevenção e na manutenção
dessa segurança.

Escuta-empática: exercício
intencional de curiosidade pela
pessoa que fala. Toma tempo e ajuda
a identificar sinais para saber como é
possível ajudar.

16
A C O L H I M E N T O E E S C U TA
6 ferramentas
para o acolhimento
na escola

Guie-se pelas fichas explicativas para


escolher as opções que se adequam
à sua escola. Leve em consideração o
perfil dos estudantes e a capacidade
da equipe. É recomendável prever
uma formação específica para os
profissionais que farão a escuta
empática e a tutoria.

17
A C O L H I M E N T O E E S C U TA
1I Pote
do cuidado
O que é
Coleção de práticas
de autocuidado
que podem ser
realizadas de modo
aleatório.

Como organizar
Elaborar uma lista do que cada um
pode fazer para cuidar de si mesmo.
Registrar cada ação em um pedaço
de papel e colocar em um pote.
Sugerir que cada estudante pegue um
papelzinho de tempos em tempos e
pratique o autocuidado.
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POTE DO CUIDADO
Ponto de atenção
Podem ser feitos potes individuais,
com cada jovem criando o seu, ou
um só pote coletivo, organizado
pela turma.

Quando não funciona


Quando o pote chega
pronto e é “imposto” à
turma. O sujeito precisa
estar implicado na
construção do sentido,
de acordo com as ideias
de Piaget. O professor,
evidentemente, pode
ampliar o repertório
e sugerir a troca de
sugestões de autocuidado
entre a turma.

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POTE DO CUIDADO
II
2 Equipe
de Acolhimento
O que é
Grupo de
pessoas de
todas as
esferas da
escola (alunos,
professores,
equipe gestora
e funcionários)
que se
encarregam
de organizar,
implementar
e acompanhar
ações de
acolhimento.

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EQUIPE DE ACOLHIMENTO
Como organizar
Fazer uma reunião para apresentar
a necessidade de haver uma equipe
de acolhimento na escola e pedir
que cada esfera escolha e indique
representantes. Em seguida,
encaminhar um plano de ação
em conjunto, que inclui fazer o
diagnóstico da realidade da escola,
elaborar ações com base nele e
implementar e acompanhar essas
ações. A ideia é implantar de forma
sistêmica o acolhimento e a escuta
empática e estabelecer uma cultura
humanitária na escola.

21
EQUIPE DE ACOLHIMENTO
Ponto de atenção
É preciso planejar para que haja
tempo e espaço para as reuniões,
que devem ser feitas no horário
de trabalho, e estudar formas
de desenvolver as ações com a
comunidade escolar.

Quando não funciona


Quando a participação
na equipe é
simplesmente imposta
pela gestão, se a
equipe reunir pessoas
de uma só esfera ou
ainda quando as ações
de acolhimento são
voltadas apenas para
um grupo da escola.

22
EQUIPE DE ACOLHIMENTO
III
3 Agentes de
escuta-empática
O que é
Grupo de pessoas treinadas
para escutar e acolher
quem precisa por meio
da escuta empática. O
objetivo é criar um espaço
e um clima acolhedor, sem
julgamentos e com cuidados
compartilhados. Durante a
escuta, é preciso demonstrar
interesse e empatia pelo
que o outro tem a dizer,
validando os sentimentos
revelados por ele, e, caso
necessário e possível,
fazer algo a respeito,
encaminhando uma solução.
23
A G E N T E S D E E S C U TA - E M P ÁT I C A
Como organizar
Levantar os interessados em participar
e promover um encontro para ensinar
a escuta empática e como praticá-la.
Além disso, montar um cronograma
para que sempre haja alguém
disponível para escutar os estudantes
e divulgar a iniciativa na escola.

Ponto de atenção
É essencial ouvir com atenção,
a fim de sistematizar o que a
pessoa diz e garantir que ela
seja compreendida.

Quando não funciona


Quando a ferramenta é usada
para substituir a terapia com
um profissional (psicólogo,
psicanalista ou psiquiatra),
que pode ser necessária.
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A G E N T E S D E E S C U TA - E M P ÁT I C A
IV
4 Professor diretor
de turma (ou tutor)
O que é
Responsável pela garotada, é
quem está mais próximo dos
alunos. Promove momentos
de escuta individuais e
coletivos, como assembleias
de classe virtuais ou
presenciais, humanizando o
atendimento. É interessante
também que ele monitore
a participação de cada
estudante em atividades e
nas aulas e faça uma busca
ativa sempre que necessário
para não deixar ninguém
desistir da escola.

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PROFESSOR DIRETOR DE TURMA (OU TUTOR)
Como organizar
A coordenação escolar é quem define
quem será o tutor de cada turma,
mas os jovens também podem opinar.
A carga horária de cada profissional
indica se ele pode assumir a posição
de tutor. Geralmente, os professores
com muitas horas/aula não têm
como absorver a tarefa. O tutor
não precisa ser escolhido devido ao
vínculo afetivo que tem com a sala,
mas, quando isso acontece, a relação
é facilitada. Feita a distribuição de
turmas, é essencial organizar uma
reunião para esclarecer o que se
espera de cada um e manter uma
rotina de encontros entre tutores
para que se apoiem, troquem ideias e
pensem em estratégias interessantes
para apoiar os jovens.

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PROFESSOR DIRETOR DE TURMA (OU TUTOR)
Ponto de atenção
É fundamental que o tutor
busque conhecer a fundo
cada estudante para poder
apoiá-lo e que mantenha
um relacionamento
próximo com os jovens.

Quando não funciona


Se a função
fica restrita ao
monitoramento da
frequência escolar e
à gestão de outras
questões burocráticas,
o vínculo afetivo se
perde e os jovens
tendem a se afastar.

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PROFESSOR DIRETOR DE TURMA (OU TUTOR)
V
5 Oficinas
de história de vida
O que é
Oportunidade para que cada um se
apresente de forma voluntária para o
grupo, para que a turma se conheça.

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OFICINAS DE HISTÓRIA DE VIDA
Como organizar
Cada estudante é convidado
a preparar uma apresentação
para os colegas e o professor,
contando um pouco de sua
história e da história de sua
família. O objetivo é criar e
fortalecer laços entre os alunos
e gerar empatia, cooperando
para um clima emocional
positivo e respeitoso. Como
consequência, os alunos se
sentem acolhidos, acolhem os
colegas e desenvolvem o respeito
pelo outro.

29
OFICINAS DE HISTÓRIA DE VIDA
Ponto de atenção
Cuidar para que todos, mais do
que ouvir, saibam valorizar as
histórias contadas pelos colegas,
demonstrando empatia pelas
situações narradas. Outro aspecto
que merece zelo é garantir que todos
se sintam à vontade ao falar – para
tanto, o professor pode ser o primeiro
a contar sua história, mostrando que
aquele se trata de um espaço seguro.

Quando não funciona


Quando existem
comportamentos
desrespeitosos do
grupo em relação aos
sentimentos dos outros.

30
OFICINAS DE HISTÓRIA DE VIDA
VI
6 Baralho
dos Sentimentos

O que é
Cartas com nome
ou expressão facial
de sentimentos para
provocar reflexões
sobre situações
presentes na vida
dos alunos e para
compartilhar estratégias
para lidar com elas.

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BARALHO DOS SENTIMENTOS
Como organizar
Criar um baralho em que cada uma
das cartas apresente um sentimento
diferente, como raiva, medo e alegria.
Cada pessoa deve tirar uma carta,
dizer quais situações podem disparar
aquele sentimento nela e quais
estratégias utiliza quando se sente
assim. Todos podem comentar a
mesma carta ou cada um pode retirar
do baralho uma carta diferente.

Ponto de atenção
Compreender que todos temos
sentimentos, mas que a vivência
deles é subjetiva e nem sempre o que
acolhe um também acolhe o outro, ou
seja, nem sempre faz sentido a ideia
de “faço para os outros o que gostaria
que fizessem para mim”.
32
BARALHO DOS SENTIMENTOS
Quando não funciona
Quando o baralho é utilizado
em momentos de crise na
turma, no fervor das emoções,
como durante discussões. A
ideia é justamente o contrário:
lançar mão da ferramenta para
falar sobre os sentimentos,
criar hipóteses de estratégias
para lidar com eles e ampliar
o vocabulário para manifestar
verbalmente o que se sente.

33
BARALHO DOS SENTIMENTOS
"A voz da educadora
Na escola em que trabalho, fazemos ações
de acolhimento há dez anos. Mesmo com
tanto tempo, não podemos nos acomodar.
Essa é uma das maiores falhas que se pode
cometer. Não podemos ficar presos sempre às
mesmas ações e ideias. Temos de aprimorar
a escuta ativa e inovar, estar em busca
constante de novas estratégias. Cada aluno
tem questões próprias e elas mudam com o
passar do tempo. Alguns, mesmo estando na
escola, ficam distantes no que diz respeito
aos estudos ou emocionalmente. Isso é
delicado, exige estar junto com eles, resgatá-
los. Outra preocupação sempre presente é o
acolhimento dos novos estudantes, recém-
chegados à escola. Precisamos conhecê-los.
Geisiane Andrade, professora de Arte e de
Projeto de Vida da EEEP Alan Pinho Tabosa,
em Pentecoste (CE)
Para saber mais

»» Reportagem
Acolhimento: como trabalhar
competências socioemocionais para
enfrentar os desafios da pandemia

»» Curso
Combate à evasão no Ensino Médio:
replanejamento e resgate da
identidade escolar

»» Especial
Competências Socioemocionais
de Nova Escola

»» De volta à escola
Estratégias para a acolhida pós-
isolamento social – fichas do
Instituto Ayrton Senna

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO

2. Como e por
que repensar
o ensino para
manter o
engajamento
Prestar atenção na frequência dos
alunos do Ensino Médio e refletir
sobre a conexão deles com as
aulas, os professores e os colegas
são práticas que ajudam a enfrentar
a evasão

“Não deixar ninguém para trás” é


uma expressão que ganha contornos
bastante concretos quando se trata
de alunos desistindo da escola –
seja por motivos pessoais, seja em
momentos de crise coletiva. Até
mesmo porque a palavra “ninguém”
ganha rosto, nome, endereço e deixa
cadeiras vazias na sala de aula.
Diversos são os motivos da evasão
escolar. Pode ser que alguns
estudantes precisem começar a
trabalhar para complementar o
orçamento familiar, ou precisem se
37
R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
tornar o arrimo de família na falta dos
pais ou dos responsáveis. Pode ser
que outros tenham de assumir muitas
tarefas domésticas, cuidar de irmãos
menores ou de familiares doentes. Há
ainda aqueles que se desinteressam
pelos estudos porque não enxergam
conexão entre o que é proposto em
aula e a realidade. Não importa o que
leva os jovens do Ensino Médio
a pararem de frequentar a escola
– ir atrás deles de forma ativa,
resgatá-los e acompanhar a
frequência escolar depois disso, para
garantir a chamada matrícula de fluxo
contínuo, é imperativo.
Organizar a escola (envolvendo
os profissionais responsáveis
pela gestão, os docentes e os
alunos protagonistas) para se
empenhar na busca ativa e investir
38
R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
no fortalecimento da identidade
escolar requer tempo, dedicação e
replanejamento das aulas, tanto na
forma quanto no conteúdo. A respeito
dos conteúdos, especificamente,
uma das estratégias mais potentes é
conectar o que está no currículo com
o cotidiano dos alunos, o mundo do
trabalho e a vida em sociedade. Dessa
maneira, os jovens compreendem que
o que é visto na escola tem valor e
utilidade fora dela. Falar sobre ética
e moral em Filosofia, por exemplo,
ganha novos contornos quando o
professor propõe para a turma um
debate sobre o comportamento
das pessoas na fila do lanche,
justamente porque os estudantes têm
a oportunidade de se enxergar como
sujeitos ativos da aprendizagem.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
A escola que investe
no replanejamento pedagógico
e na busca ativa:

I. humaniza o atendimento
aos alunos e seus familiares,
fortalecendo os vínculos
escola-família;

II. resgata, fortalece e valoriza


a identidade escolar;

III. identifica, reconhece e respeita


a história de cada estudante;

IV. conecta o currículo à realidade


local e ao momento presente;

V. aproxima a gestão da sala de


aula e da prática docente.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Glossário

Busca ativa: conjunto de ações


planejadas para identificar, registrar,
controlar e acompanhar os alunos que
estão fora da escola ou em risco de
evasão, para levá-los a frequentar a
escola novamente de modo contínuo.

Replanejamento: reorganização do
planejamento escolar para atender
às necessidades impostas por
determinado momento ou situação.

Abandono: o aluno deixa de frequentar


as aulas durante o ano letivo.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Glossário

Evasão: o estudante que abandonou


a escola ou reprovou o ano letivo não
se matricula no ano seguinte para dar
continuidade aos estudos.

Identidade escolar: retrato de


como a escola é reconhecida pela
comunidade. A identidade escolar é
delineada pela história da instituição
e das pessoas que fazem parte dela,
pelas aprendizagens que ajuda a
construir, pelo contexto em que
está inserida, pelos projetos
desenvolvidos, pelas oportunidades
e vínculos gerados e pelo que a
instituição entende – e defende –
por convivência.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Iniciativas para
buscar quem está
fora da escola

Confira a seguir duas iniciativas


que buscam apoiar jovens
e combater a evasão.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
1I Projeto: Caçadores
de Pérolas

O que é
Ação de busca
ativa que valoriza
e faz uso do
protagonismo
juvenil.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Como organizar
Fica sob responsabilidade da gestão
montar uma planilha com nome,
situação familiar, residência e um
campo para constar a situação escolar
(datas em que faltou, principalmente)
de cada aluno que está sumido das
aulas, além do motivo da evasão
– para isso, os gestores podem
consultar os professores. Depois, é
preciso reunir estudantes que tenham
forte vínculo com a escola e convidá-
los para ajudar a encontrar os colegas
que não estão frequentando as
aulas e conversar com eles sobre a
importância de retomar os estudos.
A planilha explicada anteriormente
deve ser compartilhada com todos os
caçadores de pérolas e ser atualizada,
com frequência, com os resultados
dessas conversas entre os colegas.
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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Têm faltado por qual motivo?
Gravidez? Casamento? Está
trabalhando e não consegue estudar?
Em paralelo, é fundamental realizar
momentos formativos para explicar
aos alunos caçadores de pérolas o
que se espera deles nesse processo
de busca pelos colegas e o que
não é de sua responsabilidade
(por exemplo, resolver problemas
complexos, como violência
doméstica, que envolvem outras
esferas). Nesses casos, quando a
ajuda necessária não está ao alcance
deles, a gestão escolar deve ser
acionada para que tome providências.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Ponto de atenção
Organizar e realizar
com seriedade os
momentos formativos
e de acompanhamento
para explicar aos alunos
o que é esperado
deles, quais os limites
para conversar com
os colegas que estão
faltando às aulas e o
que é de competência
da gestão escolar.
Quando os estudantes
evadidos retornarem,
acompanhar de perto
a frequência de cada
um deles para que
a matrícula seja
considerada de fluxo
contínuo.
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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Quando não funciona:
Se a gestão escolar não apoia nem
coordena a atuação dos caçadores de
pérolas à frente das ações de busca
ativa, eles não terão respaldo para
levar os colegas de volta à escola. Por
isso, o tempo dos caçadores para se
dedicar à ação precisa ser planejado
e combinado com eles. É essencial
que a gestão dê devolutivas para os
caçadores sempre que acionada.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
1I Projeto:
Raízes
O que é
Projeto de resgate da história
pessoal e da autoestima de cada
um por meio da construção
da própria árvore genealógica.
As atividades propostas por
professores de diversas disciplinas
convidam os estudantes para
investigar a fundo suas raízes,
buscando informações com
familiares próximos e distantes
e se apoiando nas aulas para
compreender a importância de
documentos históricos, hábitos
culturais da região etc.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Como organizar
Primeiramente, é preciso reunir os
professores interessados em fazer
conexões entre a história de vida
dos estudantes e a disciplina que
lecionam e planejar atividades que
encaminhem os alunos na realização
de pesquisas sobre suas histórias
pessoais. Algumas possibilidades
são: consulta de fontes históricas
em História, formas de organização
das informações e técnicas artísticas
diversas em Arte (incluindo uso
de recursos digitais), elaboração
de questões para entrevistas,
organização de dados e escrita
dos textos em Língua Portuguesa e
identificação de marcos ou mudanças
na paisagem em Geografia.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Depois, os professores devem
acompanhar as entregas parciais e,
em paralelo, organizar momentos de
mentoria para a elaboração da árvore
genealógica. Para encerrar o projeto,
vale propor uma apresentação final,
em que cada um poderá contar um
pouco do que descobriu a respeito
de si, além de conhecer, valorizar e
respeitar a história dos colegas.

Ponto de atenção
Planejar o projeto de forma
interdisciplinar é fundamental
para que várias habilidades
sejam desenvolvidas e estejam
a serviço da aprendizagem de
itens curriculares.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
Quando não funciona:
Se elaborar a árvore genealógica
se transforma em uma tarefa
burocrática, sem conexão com o que
está sendo discutido na escola, e
não recebe atenção dos professores,
os jovens tendem a se desinteressar
pela tarefa. É preciso criar momentos
de trocas coletivas sobre os
aprendizados adquiridos no decorrer
do projeto e promover intercâmbio
de dicas de estratégias de pesquisa e
busca por fontes.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
7 estratégias para
humanizar o contato
com os jovens
1. Flexibilizar o horário das aulas no
modelo híbrido ou à distância
Se os alunos não estão
acompanhando a grade horária da
escola nas aulas virtuais, é preciso
entender os motivos e pensar em
alternativas. Vale considerar se aulas
em períodos diferentes ajudariam a
aumentar a frequência, permitir que
façam atividades fora do período
tradicional ou mesmo disponibilizar
aulas gravadas.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
2. Organizar encontros virtuais ou
presenciais para cada um falar sobre
si e saber dos colegas
Incentivar a criação de vínculos
entre os jovens e deles com a
escola é um dos trunfos para
garantir a frequência nas aulas.
Por isso, abrir espaço na agenda
para momentos de descompressão,
quando os alunos podem conversar
sobre outros assuntos que não
os curriculares, é importante e
acolhedor. Reservar 5 ou 10 minutos
finais das aulas para isso, por
exemplo, pode ser suficiente.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
3. Oferecer conteúdos
em suportes alternativos
Se a internet não funciona bem
ou se não existe acesso garantido
a computador ou celular, como
o aluno pode fazer as atividades
disponibilizadas pelos professores
ou participar de encontros online?
É essencial conhecer a situação de
cada estudante e permitir acesso
a materiais impressos ou disponíveis
em PDF, que podem ser baixados
e acessados a qualquer momento,
sem depender da conexão
de internet.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
4. Organizar atendimento individual
Os alunos podem enfrentar algumas
dificuldades com os conteúdos
trabalhados ou com a situação em
casa e nem sempre encontram
meios para sinalizar isso durante
as aulas. Por esse motivo, vale a
pena os professores reservarem um
tempo para atendimentos individuais
e conversas com os estudantes.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
5. Criar grupos de estudo
Propor que os jovens estudem se
organizando em trios ou quartetos,
por exemplo, é favorável para que
fortaleçam vínculos e valorizem
os próprios saberes para se
ajudarem. Grupos de estudo
também contribuem para desafogar
os atendimentos individuais, já
que a dúvida de um pode ser a de
vários alunos, e são valiosos para
acompanhar a frequência escolar
dos colegas e combater a evasão.
Além de organizar os grupos, é
importante acompanhar
o andamento dos momentos
coletivos para dar orientações
sempre que necessário.

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R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
6. Conhecer cada aluno
Reconhecer os estudantes pelo
nome completo e pelo rosto é
desejável, mas ainda melhor é
demonstrar interesse genuíno pela
vida deles. Você pode perguntar
como está a família de cada um de
tempos em tempos, se interessar
pelo que eles fazem fora do horário
de aulas, buscar conhecer os
planos que cada um tem para o
futuro etc. Assim, é mais fácil criar
vínculos com a turma e até mesmo
compreender o que pode estar
impactando o desempenho escolar
dos alunos.

58
R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
7. Nomear alunos tutores
Convidar os alunos mais engajados
com a vida escolar para serem
tutores de sala é uma estratégia
campeã para se aproximar da turma
valorizando o protagonismo juvenil
e para criar laços com todos os
estudantes de maneira sutil, sem
invadir o espaço deles de modo
abrupto. Os tutores podem ser
convidados a conversar com os
colegas que estão faltando às aulas,
para descobrir os motivos e como
a escola pode ajudá-los. É também
interessante pedir a ajuda dos
tutores para apoiar os grupos de
estudo, para mobilizar os colegas
a participarem dos momentos de
descompressão etc.

59
R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
"A voz da educadora
Contar com a parceria dos estudantes mais
engajados para fazer a busca ativa dos evadidos
é muito potente porque os jovens se entendem,
têm a mesma linguagem. Depois de realizar
o Caçadores de Pérolas por algum tempo,
aprendemos como aperfeiçoar nossas ações
para seguir com o projeto. Destaco que é preciso
buscar entender mais e melhor o que leva
um aluno a desistir dos estudos para resgatá-
lo. Reuniões mais frequentes para falar sobre
esses casos também ajudam, porque podemos
pensar como resolvê-los com mais rapidez.
Outra providência fundamental é cuidar de
quem cuida, ou seja, dos alunos caçadores.
Eles precisam ter acompanhamento emocional
porque se deparam com situações delicadas,
ficam sensibilizados demais, mas não podem se
sentir responsáveis por resolvê-las.
Teresa Cristina Abade, professora de Língua
Portuguesa do CE de Seabra, em Seabra (BA)
60
Para saber mais

»» Reportagem
Sem trégua contra a evasão: toda a
escola em ação para trazer jovens
de volta

»» Reportagem
Ressignificando a avaliação na
pandemia: como ir além das
tradicionais provas

»» Curso
Combate à evasão no Ensino
Médio: replanejamento e resgate
da identidade escolar

61
R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
»» Especial
Trilha Novo Ensino Médio,
de NOVA ESCOLA

»» Especial
Site Busca Ativa Escolar

62
R E P L A N E JA M E N TO C O N T R A A E VA S ÃO
AVA L I AÇ ÃO

3.Como
ressignificar
a avaliação
dos estudantes
Envolver os jovens é fundamental
para dar sentido ao processo
avaliativo e manter a turma
engajada na aprendizagem e nas
tarefas rotineiras

Foi-se o tempo em que avaliações


tinham como propósito pegar os
estudantes de surpresa ou punir
a turma por mau comportamento
durante as aulas. Foi-se o tempo em
que alguns professores se gabavam de
nenhum de seus alunos tirarem 10 nas
provas, comprovando que as questões
apresentadas eram muito difíceis de
serem respondidas. Hoje, sabe-se que
a avaliação não pode ter fim em si
mesma nem ser ameaçadora.
Avaliar tem de ser sinônimo de
diagnóstico para que sejam feitas
intervenções que melhorem a
64
AVA L I AÇ ÃO
aprendizagem e o ensino. Avaliar
também inclui analisar as atividades
que geraram resultados, conhecer
os níveis de aprendizagem da turma,
identificar as defasagens e planejar
os próximos passos em sala de aula.
Avaliar, mais do que nunca, precisa
ter a ver com a participação ativa
dos jovens, dando a eles a certeza de
que se trata de um processo que faz
sentido e tem uma finalidade maior.
Por conta dessa mudança de objetivos
e maneiras de avaliar os alunos, não
tem mais espaço na escola uma
prova mal elaborada, que verifica se
a resposta está certa ou errada, mas
não infere os saberes dos estudantes
por meio da resolução das questões.
A avaliação escolar atual é mais
complexa, completa e significativa
para todos. Pressupõe-se também
65
AVA L I AÇ ÃO
que a avaliação ressignificada tem
como foco o julgamento de um
objeto anteriormente trabalhado
com a turma e está apoiada em
medidas, escalas, critérios e juízos.
Com uso de técnicas, ferramentas
e procedimentos, levantam-se
informações a respeito do que e de
como avaliar. E, tendo a avaliação
sido realizada, é importante tomar
decisões e planejar encaminhamentos
com base nos resultados obtidos.
Para fazer essa reviravolta acontecer
na realidade, é essencial escolher
boas ferramentas e considerar os
alunos como atores centrais nesse
processo. É fundamental convidá-
los a mostrar o que sabem de forma
desafiadora (no entanto, sempre
possível de ser encarada) e com
propostas que tenham a ver com
66
AVA L I AÇ ÃO
o cotidiano deles, por exemplo,
conectando conteúdos curriculares
a questões que impactam na vida da
comunidade e propondo avaliações no
modelo de resolução de problemas.
Outros pontos-chave para incluir os
estudantes nas práticas avaliativas
são: compartilhar os critérios,
além de deixar que opinem sobre
eles e sugiram outros, e avaliar
os instrumentos e estratégias ao
final do período com a turma,
permitindo o anonimato dos
alunos durante as devolutivas.
Por fim, planejar autoavaliações e
avaliações pelos pares é valioso
para estimular a empatia e
aumentar a corresponsabilização e a
autorregulação da aprendizagem.

67
AVA L I AÇ ÃO
A escola que investe na
ressignificação das avaliações, varia
os instrumentos usados e inclui
a participação dos jovens:

I. dá sentido à prática docente de


planejar avaliações e desenvolver e
aperfeiçoar instrumentos;

II. impulsiona os alunos a se


empenharem para mostrar o que
sabem e no que precisam de apoio
para aprender, além de mantê-los
engajados, uma vez que recebem
devolutivas a respeito da avaliação;

III. valoriza o compartilhamento


de práticas avaliativas;

68
AVA L I AÇ ÃO
IV. aproxima estudantes e
professores no diálogo sobre
o que está sendo estudado;

V. valoriza a aprendizagem
cotidiana e a considera na avaliação
geral do aluno;

VI. respeita a diversidade de


maneiras de aprender e atende a
todos os estudantes levando em
conta seus diversos perfis.

69
AVA L I AÇ ÃO
Glossário

Avaliação diagnóstica: instrumento


para investigar o que o grupo sabe
sobre determinado objeto e como vai
lançar mão desse saber para seguir
em frente na aprendizagem. Para fazer
uma avaliação diagnóstica, não basta
perguntar aos alunos o que sabem
sobre o assunto; é preciso traçar uma
estratégia para que eles revelem o
que sabem de acordo com o que foi
apresentado, desestabilizando-os. O
diagnóstico pode ser feito por meio da
observação dos alunos e da análise do
material produzido por eles.

70
AVA L I AÇ ÃO
Glossário

Avaliação processual: sinônimo de


avaliação formativa ou contínua, indica
a prática de examinar a aprendizagem
ao longo das atividades realizadas
em sala de aula, como produções,
comentários, apresentações e
trabalhos em grupos. É interessante
porque liga o ensino à aprendizagem
e torna o aluno corresponsável pelo
processo. Ocorre de maneira contínua
e processual, possibilitando ajustes e
correção de rotas.

71
AVA L I AÇ ÃO
Glossário

Matriz avaliativa: documento no


qual consta o planejamento do que
avaliar e como. Na matriz, devem ser
descritos com clareza o objeto de
estudo, a expectativa sobre o que
se deseja que o aluno saiba e quais
critérios serão usados para avaliar
em que ponto o estudante está em
relação a essas expectativas.

72
AVA L I AÇ ÃO
Três ferramentas
de avaliação
significativa

Confira a seguir formas para


trabalhar uma avaliacão com
maior propósito.

73
AVA L I AÇ ÃO
1I Rubrica

O que é
ferramentas que comunicam
expectativas baseadas em critérios
e gradação qualitativa e contribuem
para clarear a comunicação entre
professores e alunos, se usadas
para dar um feedback informativo
e esclarecedor para os jovens e
para conferir transparência aos
critérios estabelecidos antes de a
turma começar a realizar a tarefa.
Primeiramente, é preciso selecionar
tarefas, situações ou habilidades
para serem avaliados. Depois, elege-
se o tipo de rubrica. Elas podem ser
de qualidade (totalmente adequado,
parcialmente adequado e insuficiente),
74
RUBRICA
de classificação (muito baixo, baixo,
médio etc.), de verificação (sim ou
não), descritiva (contém critérios
avaliativos acompanhados de níveis
de desempenho descritos de forma
detalhada, permitindo uma leitura
mais crítica e individualizada das
expectativas atingidas) e holística
(envolve critérios e apontamentos da
aprendizagem descritos, de forma
curta, em uma narrativa). Entenda
melhor esse assunto na live abaixo.
»» Live
Avaliação escolar no Ensino Médio:
função e ferramentas

75
RUBRICA
Pontos de atenção:
É fundamental descrever cada critério
em detalhes para evitar dúvidas dos
alunos. Igualmente importante
é evitar definir rubricas que só
tenham a ver com o cumprimento
e a entrega de tarefas.

76
RUBRICA
II
1 Autoavaliação

O que é
Processo no qual o aluno
avalia, problematiza e repensa
as próprias produções, ações,
habilidades e o próprio
desempenho, refletindo não
apenas sobre os resultados
que alcançou, mas também
sobre todo o percurso. Ajuda os
estudantes a desenvolverem o
autoconhecimento e a autonomia
e permite que o professor
acompanhe melhor o processo
de aprendizagem à distância.

77
AU TOAVA L I AÇ ÃO
Pontos de atenção:
Para confiar a autoavaliação
aos jovens, é preciso explorar
com eles, em detalhes, como a
ferramenta funciona. Só assim é
possível corresponsabilizá-los. Sem
informações suficientes e claras
sobre o que é, como e por que fazê-
la com responsabilidade, a turma não
tem autonomia nem condições de
responder pelo processo.

78
AU TOAVA L I AÇ ÃO
III
1 Item

O que é
Tarefa avaliativa,
pode estar
no formato
de múltipla
escolha (questão
objetiva), resposta
construída
(produção de
texto ou questão
dissertativa) e
atuação (produção
de maquetes,
dramatização,
composição
musical etc.).

79
PROJETO CAÇADORES DE PÉROLAS
Pontos de atenção:
Ao ser elaborado, o item precisa
apresentar uma contextualização
separada das questões (charge,
texto, vídeo, gráfico ou imagem)
e, em seguida, as questões a
serem respondidas pelos alunos. É
importante que os verbos usados
estejam no imperativo (identifique,
compare, explique) para evidenciar o
que se espera dos alunos.

80
A
1 Campanha de
conscientização
O que é
Proposta em que os alunos são
convidados a desenvolver uma
campanha apresentando informações
por meio de formatos e linguagens
diversos, com base em uma pesquisa.
Isso mobiliza diferentes competências
e tem como objetivo ajudar na
divulgação de conhecimento para a
comunidade escolar.

81
C A M PA N H A D E C O N S C I E N T I Z AÇ ÃO
Pontos de atenção:
Para funcionar de verdade, lançar
mão de uma campanha para avaliar
a turma implica em levar em conta o
contexto escolar e o conhecimento
prévio dos alunos. Além disso, é
importante possibilitar e orientar o
acesso aos materiais necessários e
ter um cronograma traçado para que
a turma se prepare, se apresente,
acompanhe a correção e receba
devolutivas do professor.

Como avaliar:
Por meio de rubricas
e da autoavaliação,
por exemplo.

82
C A M PA N H A D E C O N S C I E N T I Z AÇ ÃO
B
1 Projeto
interdisciplinar
sobre o cotidiano
O que é
Proposta que valoriza
o protagonismo dos
alunos e lança mão de
uma situação ímpar
vivida por eles no dia a
dia, como, por exemplo,
um apagão do sistema
elétrico da cidade. O
desafio consiste em
pedir à turma para
contar o que aconteceu,
como impactou a vida
de cada um e como a
situação foi enfrentada
83
PROJETO INTERDISCIPLINAR SOBRE O COTIDIANO
ou resolvida, sempre criando relações
com cada disciplina envolvida no
projeto. Os estudantes devem
recorrer a linguagens diversas, criando
histórias em quadrinhos, desenhos,
memes, paródias etc.

Pontos de atenção:
O contato entre as situações vividas
pelos alunos e o currículo precisa ser
discutido e explorado com a turma
durante todo o período de execução
do projeto, para além do trabalho em
si. Pesquisas para se aprofundar no
tema, conversas entre estudantes
e professores e entre os próprios
jovens são fundamentais para que
não sejam estabelecidos pontos de
contato rasos ou forçados, apenas
para cumprir a tarefa.

84
PROJETO INTERDISCIPLINAR SOBRE O COTIDIANO
"A voz do educador
“Aprendi técnicas para elaborar avaliações
com itens de múltipla escolha e reconheço
nas avaliações externas ótimos exemplos. É
importante pensar em avaliar habilidades, como
compreensão, análise e interpretação mais
aprofundadas, e não apenas os conhecimentos
geralmente memorizados pelos alunos. O
enunciado contextualizado precisa se reverter
em uma situação-problema e fazer o estudante
pensar. As alternativas têm de ser plausíveis,
revelar diferentes formas de pensar o objeto
de conhecimento em cena. Não basta que o
jovem localize a informação para responder à
questão.”
Ailton Carlos dos Santos, professor da EE
Rodrigues Alves, na capital paulista

85
Para saber mais

»» Reportagem
Ressignificando a avaliação na
pandemia: como ir além das
tradicionais provas

»» Curso
Avaliação escolar no Ensino Médio:
função e ferramentas

86
AVA L I A Ç Ã O
4.Consultoria
CAPITULO 1

Danila Di Pietro, pesquisadora da


área de Psicologia Moral e suas
relações com as competências
socioemocionais e a promoção da
convivência ética na escola;

Geisiane Andrade, professora de Arte


e de Projeto de Vida da EEEP Alan
Pinho Tabosa, em Pentecoste (CE).

87
C O N S U LT O R I A
CAPITULO 2

Dulcineia Amorim da Silva, diretora-


adjunta da EE Profa. Amélia Coelho,
em Vitória de Santo Antão (PE);

Teresa Cristina Abade, professora de


Língua Portuguesa do CE de Seabra,
em Seabra (BA);

Rute Pereira, formadora da


Comunidade Educativa CEDAC e
professora do CE Darcy Ribeiro, em
Açailândia (MA);

Adriana Tárcia de Souza Oliveira,


professora de Filosofia e de Projeto
de Vida da EE Maria do Carmo Viana
dos Anjos, em Macapá (AP).

88
C O N S U LT O R I A
CAPITULO 3

Filomena Siqueira, doutora em


Administração Pública e responsável
pela área de avaliação do Instituto
Reúna;

Veriana da Cruz Araújo, professora


de Língua Portuguesa da EEMTI Maria
Celeste de Azevedo Porto, em Trairi
(CE);

Adriana Furtuoso da Silva,


coordenadora pedagógica da EEMTI
Maria Celeste de Azevedo Porto, em
Trairi (CE);

89
Valéria Aparecida de Souza Siqueira,
formadora e pesquisadora do
Grupo de Estudos e Pesquisas em
Avaliação Educacional (GEPAVE), da
Universidade de São Paulo (USP);

Rodrigo Padilha, formador, autor


de cursos e consultor de materiais
produzidos por NOVA ESCOLA.

90
Texto
Beatriz Vichessi

Edição
Maggi Krause

Revisão
Leonardo Piana

Diagramação
Duda Oliva

Ilustrações
Nathalia Takeyama

Supervisão
Rosi Rico

N OVA E S C O L A • 2 0 2 1 91

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