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EQUIPE DO CEL-ITAICI (CENTRO DE ESPIRITUALIDADE INACIANA DE ITAICT) Pe, Claudio Werner Pires, 8) — Secretdrio Pe, Francisco Rinaldo Romanelli, $) — Diretor Pe, Luis Gonzilez-Quevedo, $} — Redator Ir, Maria de Fatima Carvalho, ASC} It Maria Fétima Maldaner, SND Ir, Maria Thereza Thiele, FSC) Pe, Paulo Pedreira de Freitas, S} Pe, Pedro Américo Maia, SJ EXPEDIENTE. Maria Carolina Jurca Freitas CAPA: Amanda Aparecida Cabrera (Foto: Fachada da Vila Kostka, Itaici) DIAGRAMAGAO Maurélio Barbosa COMPOSIGAO E IMPRESSAO; Edigdes Loyola Rua 1822 n° 347 (04216-000 — Sao Paulo — SP — Brasil Caixa Postal 42335 (04299-970 — Sao Paulo — SP CENTRO DE ESPIRITUALIDADE INACIANA DE ITAICE Caixa postal 09 — Vila Kostka 1330-970 — Indaiatuba — SP — Brasil Tels.: (0192) 75-0055 — 75-0776 — 75-0587 FAX (0192) 759966 ITAICI — Revista de Fspiritualidade Inaciana” é uma publicagio de Edig6es Loyola, sob a responsabilidade do CEL-ITAICL. Nowteros Avutsos Brasil RS.2,00 Exterior USS 5,00 Assinatura para 1995 (4 NOMEROS): Brasil RS 8,00. Exterior US$ 15,00 PAcAMENTO BM NOME Sociedade Brasileira de Educagdo — Vila Kostka Caixa Postal 09 1830-970 — Indaiatuba — SP (Brasil) y ITAICI REVISTA DE ESPIRITUALIDADE INACIANA N°e18 Dezembro de 1994 (no 5) 2 [noice APRESENTAGAO ent ol ARTIGOS Perleigao ou Santidade Pe. jos6 AntOnio Netto de Oliveira, § imericana, Os Exercicios de Santo Indcio e a Teologia Latino: Daniel M. Agacino, S} Uma mistica de servico: as inspiragoes trinitérias na espiritualidadeinaciana... 33 Fercinand Azevedo, SJ Apostolado da Oragio, 150 anos de lutas, a2 Pe, Pedro Américo Maia, S) Aquele que mantém 0 sonho: 0 educador como profeta.. 48 R. Paiva, SI A caminho da madureza espiritual Pe. Jodo A. Mac Dowell, SJ MISTAGOGIA DOS EXERCICIOS Pequenos “avisos” sobre a orlentagao espiritual. Um roteiro.. Ulpiano Vazquez, SJ ‘TEXTO INACIANO ‘Autodisciplina e confianga mditua.. Pe, Pedro Arrupe, S] ‘ORAGAO INACIANA 0 Sermao da montanha.. R, Paiva, $} PERFIS ‘em-aventurado Alberto Hurtado, SJ Pe, Peter-Hans Kolvenbach, S} COMUNICAGAO ‘Uma experiéneia que alimentou minha esperanga su. Ir. Maria de Fatima Carvalho, ASC} SUBSIDIO “Ninguém fot ontem. Léon Felipe Livros JAER, Andeé de, A cause de Jésus et de 'évangile: des prophetes pour notre temps (Luis Gonzilez-Quevedo) BARREIRO, Alvaro, Do Jorddo a Betania — contemplando os Mistérios da vida paiblica de Jesus (R. Paiva) VALENCA DE PREITAS, I. Luctia Maria, Reaviva o dom de Deus que hd em ti (Paiva). CHAMPAGNE, René, O muro e o poema— a vida e 0 pensamento de Sao Joao snones OF a 6 77 dda Cruz (R. Paiva) i. 7 HUBAUT, Michel, Os caminhos do siléncio (Ir. Mildred Mac Phersse Mendes Barbosa) ad 7% CONFEDERAGAO NACIONAL DAS CONGREGAQOES MARIANAS DO BRASIL, — As Congregagoes Marianas do Brasil (Pe. Paulo José de Souza) 73 ARQUIDIOCESE DE BELO HORIZONTE, PROJETO PASTORAL “CONSTRUIR A ESPERANGA' Em busca de uma nova espirituatidade (Luis Gonzalez-Quevedo) wrens 80 SANTOS, Bento Silva, Teologia do Evangelho de Sao Joao (Luis Gonzilez~ Quevedo) en Avnesentacio Cano de 1994, que encerramos com © presente nsimero, foi um ano de mui- tas mudangas na equipe do Centro de Es- wualidade Inaciana de Itaici (CEI- -ITAIC. Basta comparara lista de mem- bbros do CEI, em dezembro do ano passa- do (Ttaicil14, pag. 2), com a deste ano (contracapa 2a. deste n. 18) As mudangas na equipe do CEL-ITAICL atingicam, inevitévelmente, nossa revis- ta, Noentanto, a experiéncia acumulada «dos anos passados ea fidelidade com que antiges membros do CEI continuam co laborendo conosco tomnaram possivel a continuidade e o creseimento da revista ‘Anovidade mais visivel de Itaic-Re- vista de Espiritwalidade Inaciana, neste ano, foi a introdugao de algumas iustra {G0es, em preto e branco. Iss0 foi possivel, sem aumento dos custos de impressao, ‘gracas aos atuais recursos de editoraga0 grafica, A revista, sem perder seriedade, ficou mais préxima e convidativa para as graces habituadas a cultura da imagem, AAs reegoes dos leitores foram, em geral, Positivas, confirmando o caminhoiniciado, No sée. XVI, Inécio de Loyola, “se- guindo uma bela tradicao da iconografia crista", sugeriu a organizagao de um li- ‘ro que reunisse os evangelhios das mis- sas dominicais, lustrados com imagens apropriadas. O livro foi preparado cuida- APRESENTAGAU, dosamente pelo Pe. Nadal, vindo a ser pu- blicado somente em 1593. Aquelas ilus- tragdes foram reproduzidas, no nosso século, pelo Dom Celso Costantini, no seu belo livro Gesit Cristo, Via, Verita, Viea, Roma, Tumminelli Editore, s.d. Isso confirma nossa disposigao ina: ciana de usar, com moderagao, as bele- zas artisticas, de ontem ou de hoje, como ‘caminho para it a Deus, fonte de toda beleza. Veja-se a este propésito o final do artigo do Pe. Ferdinand Azevedo, publi cado no presente niimero. On. 18 de haic-Revista de Espiritua- dade maciana inicia com um artigo mere- cedor da maior atengao. O Pe. Netto, con- ‘tape, com originalidade e bom senso, os conceitos de “perfeicio” e “santidade”. A confusio desses conceitos tem causado grande prejuizo, na nossa vida espiritual Do vizinho Uruguai, um trabalho mais analitico, relacionando os Exercicios Espirituais com a teologia latino-ameri cana. A "teologia da libertagao" parece atravessar um momento menos criativo que nas duas décadas passadas. No en- tanto, ninguém Ihe pode negar 0 mérito de ter tentado responder, a partir da fé ctista, & clamorosa situagao social do “nosso continent. 0 Pe, Maia lembra o sesquicentend- rio do Apostolado da Oracao. 0 Pe. Paiva, fy nos fala do educador como profeta. E 0 Pe, Mac Dowell far uma bela reflexao Sobre a madurezaespiital Constatamos, hoje, em diversos am- bientes eclesais, umn crescenteinteresse pela *diregdo", ofientagao ou acompa Rhamento espirlual Por isto, pareceu- hos aportuno inci, no presente nime to, uma seqao com o nome de “Mista- fogia dos Exercicios Espietuals™ A pala- ra “mistagogia"(nilagao ao misterio) nos é menos familiar do que j4 foi nos primeiros séculos crstdos. Lembremos das Catequesesmistagdgica, de Sto Cislo de Jerusalém, Limitar-nos-emos, por en quanto transmit, em pequenas entee- 25,0 contetido do curso de capacitacdo Permanente paca orientadores de Exer- {cios (CAP-PERMANENTE), ministrado pelo Pe. Ulpiano Véeques ‘Acresoentamos as sees habituas de “Textos inacianos", "Oragio inaciana”, “Perf, "Depoimento”, “Comunicagao" ¢ ~Subsidios” Na segao “Los” aprenenta- ‘mos diversas recensOes ou breves not bibliograficas de obras que consideramos de interesse para os nossos leitores. Mais uma vez, convidamos todos os leitores da revista, para que participem da sua continuidade e progresso: envian- do-nos colaboracio de interesse, no cam- po da espiritualidade inaciana (artigo, experiéncia ou depoimento); fazendo observacbes, sugest0es ou criticas. Serao contribuigdes proveitosas: para o leitor porque se sentiré parte integrante da re- ‘vista; para nés, porque estaremos atin- gindo um dos nossos objetivos priorita- s: estabelecer uma rede de pessoas ou inieleos de pessoas interessadas na espi ritualidade inaciana. Este ntimero chegaraé as mos dos nos- sos assinantes na proximidade do Natal. ‘Tenham todos felizes festas natalinas, nao ‘esquendo de renovaraassinatura desta sua revista. aici, 1° de novembro de 1994 TTALCL — Revs oe Hsrusununane tuscan (Dezevsn0 — 19) Anricos © Pe Netto foi Mestre de Novgos, asstssr da CRB e da CLAR ¢ Direlor do CELITAICL ‘Alualmente,dedica-se@ orienta espritual dos estudantesjsutas, em Bla Horizonte, No presen artigo, contrapie 0 conceto de santidade ao de “perfigGo", no sonido que esta palavra tem “aos nossas owiles, fe”. Surpreendene, talver, para alguns, 0 artigo ser de ‘muito proveto para todos. PERFEIGAO OU SANTIDADE INTRODUGAO: Nao é necessario um grande esforgo de observacao para notar ue muitos cristos e, particularmente c tos consagrados, nao vivem sua {6 com alegria, nao dao um testemunho existen: cial de que o Evangelho € uma alvigareira Boa Notfcia para todo ser humano, uma libertagao de todo medo, dante da revela ‘¢do, em Jesus Cristo, da inexplicavel mise- ric6rdia, perdao, amor incondicional de Deus para com suas criaturas, Ciistaos e cristios consagrados pare- com vver um interminavel sentimento de culpa siante de Deus, sempre sentindo-se em divida e conseqiientemente experi- ‘mentando uma separagao ou pelo menos ‘uma distancia e frieza no relacionamento ‘com Ele. O Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, revelado como infinita ternura, misericér- dia, amor, proximidade para com o ho- ‘mem pecador nao &entao percebide como Pai, mas como um juiz mal humorado, eternamente esquadtinhando nossa vida atras de infidelidades, desobediéncias fra: quezas. Em vez da intimidade, da proxi: midade e da alegria que Jesus manifesta hho seu relacionamento com 0 Pai, nds, ‘como Adao no Paraiso, sentimos medo de Deus e procuramos esconder-nos, ARTIGOS, Provera ou Ssxmoaoe Pe, José Antonio Netto de Oliveira, SU 'Nés, cristaos, nem sempre temos sa- bido refletir em nossos préprios rostos a alegtia de Deus: desde 0 escrapulo até & sta, desde a estreiteza de espfrito até izade para com 0 corpo, desde um 10 ndo integrado até ur legalismo sem calor... damos demasiadas vezes a impressao de que somos pessoas mais presas do que libertadas por nosso Deus. {As causas esses sentimentos e com- portamentos dos cristaos, pouco revela dores da Boa Noticia de Jests, podem ser procuradas em miltiplas diregoes: no t po de educacao religlosa recebida, na psi cologia pessoal mais ou menos propensa a sentimentos de culpa e de eseruptosi dade, na experiéncia dese ter sido ou nao amado com gratuidade, na experiéneia pessoal de Deus, nas méltiplas camadas {eoldgicas e ideoldgicas que se foram su- perpondo, obscurecendo muitas vezes a experiencia original do cristianismo e conseqiientemente a alegria erista etc No presente artigo gostarfamos de ressaltar um aspecto dessa problemati- a, uma confusao que fazemas entre san. tidade e perfeicao, em parte responsavel, em nossa opinido, por essa distancia & frieza no telacionamento com Deus e pot Exanies ov Sas Intend © 9 Tec Lani Adaans rigncia de oragao..." (Pe. Kolvenbach, Aos Procuradores, 1987, n° 24), Por fim, advirto que o “itinerdtio" se apresenta somente como um guia de orientagao para um futuro desenvolvi- mento dos temas de BE. Nao como exp! cago completa dos mesmos, pois isto cabe & iniciativa de cada acompanhante da experiéncia, 2 —PRINCIPIO E FUNDAMENTO (EE 23) CONTEUDOS 4) — Objetivo (tema): 0 projeto ou desfgnio salvifico de Deus: a cosmovisio crista de tudo o que existe ede como tudo sai de Deus ea Deus retorna em um pro- ccesso harmonioso para sua Gl6ria. b) —Subjetivo (finalidade): chegar & consciéncia sobrenatural desse designio salvifico para levé-lo & prética na aplica- ‘¢40 da norma do “tanto quanto", com um, desejo sincero e eficaz de adquitir a “in- diferenga”. NOTAS EXPLICATIVAS 1. Dos Exercicios: 0 Principio e Fundamento 6 a chave IntrodutGria de todas os Exercicios ea fonte dde duas das suas idéias mais fundamen. tais: 0 designio salvifico de Deus ea neces sidade do esforgo para superar os obsté- culos que se poem a sua realizagao, £ fundamental clarificar nessa medi- tagao 0 conceito de “afeicdes desordena- das" e de *indiferenga” (pode ser feito ago- ra, ou — como vem indicado nessas notas — no momento da exposicao do tema), 2, Da TAL: ATAL-trata do mesmo Deus quea‘Teo- logia do Primeiro Mundo, porém Ele nos é apresentado de uma nova maneira a partt da situagao dos pobres e marginalizadas: — um Deus libertador "Exod — um Deus que deseja 0 “direito & a justica’, que "defende o pobre, a vitiva, 0 6rfao e € defensor dos que nao tém quem os defenda" (Is 58). — um Deus Pai de todos, que dese- ja bem de todos, — um Deus da Vida Jo 1,1-4), que 6 autor da vida, que salva da morte e dé a vida (Jo 10,10). (grande perigo hoje—o mesmo que no tempo de Israel e de sempre —¢ a ido- latria do dinheiro, do prestigio, do poder (Jo 2,16). Por isso a TAL nos ajuda a des- ccobrir uma série de afeigdes desordenadas ‘que uma Teologia do Primeiro Mundo, ou nao levaria em conta ou nao ¢ capaz de perceber. Enumero algumas: — Afeigbes desordenadas pelo lugar: ‘a situagao de cada um em relagao & edu: ‘cago, cultura, “status” e que tanto dificul- taa sensibilidade para com os problemas de pobreza, fome, injustiga; pelo poder econdmico, politico ou social; pelas postu ras (eol6gicas ou pastorais da lgteja; pelas atitudes pessoais (radicalismos, conserva- dorismo, imobilismos) que opdem uma barreira is mudangas de idélas, de progra- ‘mas; pelas concepedes da vida crista ou re- ligiosa que no se alinham com a op¢ao preferencial pelos pobres. Textas: Documento de Puebla, nn. 306, 311 313, @ 1138-1140. [APRESENTAGAO DO TEMA ‘Textos biblicos bisicos dessa consi- deragao inicial dos EE e aos quais se re- corre como recurso para desenvolver, segundo a Palavra de Deus, 0 contetido inspirado do que propde os Exercicios: — Ef 1,3-10: 0 designio de Deus em relagao ao homem ea toda a criagao "in laudem et gloriam Dei" (para louvor & Gloria de Deus) (v. 6); cel Yraicl Rost ne Bs Jo 1, 1-18: 0 “projeto" do Pai (seu Verbo) e a realidade da criagdo, da qual Filho "6 a revelagao” (v. 18) — Rom 5, 1-11: a esperanga em Deus ¢ 0 amor de Deus, razio de nossa esperanga (v. 5); — Jo 17, 20-23: somos chamados a reproduzit em nés, em nossas relacoes para com Deus e para com os demais, a tunifio que existe eternamente na Trinda- de (ver GS 2488). Uma ver descobertas, & luz da Pala- vra de Deus, as duas idéias basicas do io e Fundamento, o que interessa do problema suscita- do pelas “afeigoes desordenadas”, em geral, e mais concretamente pelo que nos revela a TdL, suspeitando que algumas delas entravam nossa resposta ao desig rio de Deus. Por enquanto, sem nos de- ‘morarmos em um exame profundo, fa- amo-lo suficientemente sincero para orientar o esforgo purificador que inau- ‘gura a Primeira Semana de EE. {preciso saber descobrir toda a rique- za dos textos, conforme as contribuigoes da TdL. Mas, sem pretender de nenhum modo sairmos da finalidadeoferecida pelo Principio e Fundamento: isto é, que che- ‘guemos a aceitar a necessidade da “indife renga” e a nos dispor a superar as “afei- ‘goes desordenadas". Vamos examinar 0 {que poderia ser objeto de suspeita: — As “afeigdes desordenadas" sao tendéncias, inclinagbes, ou recursos de determinados objetos (pessoas ou coisas) devido ao amor ou a aversdo que desper- tam, Podem chegar a ser 0 centro dos proprios sentimentos. Nesse caso, no se trata de afetos passageiros: englobariam fe um apego efetivo de grande influéncia em nossas faculdades (lembranga insen- sivel, porém continua ou quase continua, ‘busca de motivos racionais para chegar & posse ou & eliminagao de tal objet suman cs (Deano — 1894) sejos cue impelem a favor do que se ama ou contra o que se detesta..); —A™“indiferenga” nao éinsensibili- dade, pouco se Ihe dando uma coisa ou outta. liberdade diante das inclinagoes ou dasaversdes, disponibilidade para nio se tomar nenhuma resolucao, enquanto nao se perceber a vontade de Deus, ape- sar da inclinagao ou da aversio. E, a0 mesmo tempo, 0 deseja viva de s6 querer ‘0 que Deus quer. Santo Inécio compara essa atitude a balanga em equilfbrio, que no se inclina para um lado, nem para 0 ‘outro, mas sem que deixe de ser sensivel, fe quarto mais assim o for, maior a preci sao de tal balanga a0 menor peso que possa suportar em algum de seus pratos; — Com essas clarficagées, iniciar 0 ‘exame das possiveis “aleigdes desordena- das", para ter presente desde o inicio dos EE, 6 nosso problema pessoal particular, que, ras sucessivas fases do. processo, serd retomado sempre que necessétio. 3. — PRIMEIRO E SEGUNDO EXERCICIO ‘SOBRE OS PECADOS (EE 45-54 E 55-61) conTEMDOs a) Objetivo: o pecado em toda a sua tealidede e extensao (mortal, venial, pe- cado pessoal, pecado social) ) Subjetivo: chegar ao verdadei arrependimento do pecado, NOTAS EXPLICATIVAS. 1. Dos Exercicios 0s BE, acima dos aspectos antropo: l6gicos de inegavel valor (“ainda que 0 pecado nio fosse proibido”: abuso da li berdade e das criaturas, degradagio da dignidade humana...) oferecem a visdo twoldgica do pecado como ofensa a Deus. Afastando 0 mérbido “complexo” de culpa, valorizar 0 verdadeiro sentido do arrependimento (penitencia ou “reda- matio' reparadora) de todo pecado, isto ARTIGOS, 05 Fuancioos ve Sato Inoo & 4 Tiotnai Lanno- Anse 6, alastamento eficaz. do pecado, de suas ralzes e de sua ocasiao, juntamente (inse- paravelmente!) com a confianga na mi- sericdrdia de Deus. Para conseguir essas gragas propoem ‘0s Dois Coléquios com Jesus Crucificado (EE 53: “O que tenho feito por Cristo, 0 {que fago por Cristo e o que devo fazer por Cristo?" e EE 61: “Coloquio da Miseriesr- dia"), como causa de stiplica e peniténcia, por estar totalmente orientada para a pratica e a transforma- ‘gao (= mudanga radical) das realidades injustas, leva & tomada de consciéncia da influéncia dos pecados de injustiga face a situagao de pobreza no mundo. Por sua ver, sem prescindir em abso- luto do nivel pessoal do pecado, dé énta. se especial ao seu sentido social, desta cando importantes aspectos desse outro nivel da responsabilidade humana. Em conereto, no que se relere aos pecados de injustiga e sua influencia ne- gativa no mundo, se atém ao desequilf- brio na distribuigao da riqueza, na mul- tidao de formas de opressio e injustiga e nos pecados dentro das estruturas sociais, Por sua atuacdo, a nivel social, nos diver- 80s aspectos da responsabilidade huma- ra, acentua 0 seguinte: — A quota-parte de participagao responsdvel que nos pecados de injustiga (tanto quanto em outros pecados da so: ciedade) cortesponde a cada membro da sociedade e a cada cristao, por causa da solidariedade no corpo social e da comu- nhao do Corpo Mistico. Joao Paulo Il, Reconciliagao ¢ Peniténcia, n. 16). —A repercussao na sociedade e na Igreja de qualquer pecado pessoal, por mais secreto e oculto que se queira manté-lo, em virtude dessa solidarieda- de e da comunhao do Corpo Mistico, Teva-nos a dizer que todos somos respon- saveis pela injustical wv] 3, Textos: Joao Paulo, documento citado. Congregacao Geral S} 32, Decr. 1.20. Documento de Puebla nn, 29 € 30 4— TERCEIRO EXERGICIO: OS “TRES COLOQUIOS" (EE 62-69). ‘CONTEUDOS: a) — Objetivo: Oragao gradual de sit- plica, através dos "Mediadores", em um movimento duplo “ascencionat” e “descen- dente": Maria Mediadora auxiliadora e se cundéria, associada a Mediagao de seu Filho, e Jesus 0 Mediador tinico para com o Pai, 'b) — Subjetivo: conseguir o verdadei ro sentido do pecado em seus dois niveis, pessoal e social. E 0 verdadeiro arrepen- dimento, detestando todo pecado e con- fiando na Misericérdia de Deus. NOTAS EXPLICATIVAS 1. Dos Exercicios: As tr@s petigdes dos "Trés Coléqui- 8" — através dos “Mediadores” — apés ‘conseguir um clima de oragao confiante. 2, Da Tal: A interpretagao que se pode dar & triplice petigao a partir da perspectiva dos pobres. A saber: Primeira e Segunda petigdes: © conhecimento interno — devido ‘aos dons de sabedoria e de entendimen- to —do pecado como ofensaa Deus, nos dois niveis pessoal e social. Isto é, um conhecimento nao s6 do sentido fntimo do pecado, mas de suas repercussoes so- ciais que também sao ofensa a Deus & nao uma simples situacao dolorosa © ‘menos ainda, inevitavel (Mt 25,40-45). Pede-se também um arrependimen- to eficaz, isto 6, que leve ao afastamento de toda culpa pessoal e social, dando a Deus 0 amor que, por causa de nossos pecados, Ihe negamos (a redamatio re- paradora) e para extirpar as raizes do proprio pecado e dos pecados da socie- dade, Confiando sempre na Misericérdia ‘de Deus — Pai que perdoa (Jo 16,8-10). Terceira petigao: © conhecimento, igualmente inter- no dos fermentos de morte ¢ de injusti ‘ga, que existem nas estruturas do mundo (Estado, negécios, cultura, politica, tra- balho, familia.) para lwzar com toda cenergia pela sua erradicagao (reparagao efetiva) e nelas promover a Justiga como servigo comprometido com a Fé. 3, Textos: Joao Paulo II, Sollictudo Rei Socialis 1, 36; Reconciliagao e Peniténcia, n. 16; Discurso em Melo — Uruguai, 8/5/1988, 121. NOTA SOBRE A RECONCILIAGAO SACRAMENTAL. ‘A confissio geral, de toda a vida ou de um periodo, parece plenamente justi- ficavel, pois nao é fécil encontrar uma preparagéo melhor para o Sacramento, do que & propiciada por essa prim semana de EE. Ao abundante material e as motivagbes que se oferecem (EE nn. 32-44), podem ser acrescentadas outras igualmente proveitosas.' E também como instncia alternativa e complementar — ‘0 Exame indicado em seguida. 1. vera Carta de Jodo Paulo I, Revonelllagdae Peniténcla, nn, 2-94 Frac eI] Ronsr ne Estweruquoane facia (Deze — 194) EXAME PARA O SACRAMENTO DA RECONCILIAGAO 1.Como base para o Exame, posso ‘me perguntar: Tenho verdadeiro sentido do peca- do? (Percep¢ao sobrenatural dos “fer- ‘mentes de morte” que existem em tantas formas de pecado). Como ofensa a Deus? Como atitude injusta em relagto ao préximo? 2.A partir de minhas principais “afeicoes desordenadas": uais sa0 minhas principais omissoes? — dos meus deveres para com Deus: adora;ao, louvor, siplica, agao de gragas, reparagao pelos meus pecados € pelos dos outros, culto paiblico (issa domini: cal), freqiténcia dos sacramentos (Buca: ristia, Reconciliagao), — dos meus deveres para com os demais: familia, profissao, patria, bem — dos meus deveres de justiga: im- postos, salérios e didtias segundo a justi- «ga social — de uma comunicagao crista de ‘meus bens com o necessitado. ‘em relagio 4 opgio preferencial pelos pobres... Guais atitudes descubro por detras dos meus comportamentos? : — busca de dinheiro e prazer (co- modidade, preguiga, gula). — busca de prestigio (vaidade, ser 0 centro, depreciagao do outro). — busca de poder (ansia de domi. nio, raiva, nervosismo, alligto, falta de conflanga em Deus, nao deixar espago para 0 outro). ARTIGOS, 0s Bxrncicos nr Soo sco & Tenkocs Larso-Axencse 3. A partir da perspectiva da “co- munhdo” no pecado (Corpo Misti- 0) e da *solidariedade” social: Tenho o sentido da minha cota de res- ponsabilidade pessoal nos pecados do ‘mundo? (Consciencia sobrenatural da pré: pria participagao no pecado dos dem: ‘membros da sociedad e da Igreja).. — falta de Fé, Esperanga e Amor a Deus e ao préximo, — insinceridade, mentira, hipocti- sia, orgulho, omiss6es do dever. — injustiga social, escandalos pabli- cos, fraude na administragao dos bens comuns, ou dos particulares, nos saléi- s-jornadas. — afronta dos direitos humanos, aborto, infidelidade conjugal, escandalo para criangas e adolescentes ou para os, ‘mais fracos, pecados estruturais. = distribuigao injusta da riqueza no mundo, de onde provem a pobreza, a fome, a escassez de moradia e de traba- Iho digno, o analfabetismo. Tenho o "sentido" do nivel social dos meus proprios pecados? (Consciéncia sobrenatural da tepercussao negativa, no corpo social ¢ na Igreja, de todo pecado, mesmo 0 mais secreto e oculto). 5 — 0 EXERCICIO DO REINO (EE 91-99) ‘CONTEUDOS a) — Objetivo: A pessoa de Jesus € 0 ‘chamado para segui-Io e compromisso missionétio. Isto é: — Jesus €0 Caminho para a realiza- gio do designio de Deus e 0 enviado do ai para anunciar e promover o reino. — Jesus chama para realizar uma Miss que 6 sua em primeiro lugar, mas também de todos 0s que sao chamados a se identificar com Ele pelo Batismo. ) —A resposta crista: pela intensifica- {G80 da Fé na adestio pessoal a pessoa do Salvador, por quem nos foi revelado o Pai da Misericérdia, e pelo compromisso missionério. b) — Subjetivo: Nao ser surdo a0 chamado, mas pronto e diligente para ‘cumprir sua vontade concreta sobre a minha vida e a minha pessoa, 0 que Ele '4 me manifestando. Isso significa: — nao dizer simplesmente “sim, porque 6 légico, coerente e digno, tendo a garantia de éxito que vem d'Ele, —mas entregar-se a Jesus, ainda que seja uma loucura e um fracasso, somen- te porque Ele morreu e ressuscitou por ‘mime 36 posso desejar estar junto d'Ele, intencionalmente, enquanto ndo mostra sua vontade concreta a meu respeito. A entrega que 0 texto propoe & um gesto sincero, cujo valor é a manifestagao da minha boa disposicao: “queita Vossa di vvina Majestade escolher-me e receber-me em tal vida e estado"; estar sinceramente disposto a aceitar qualquer que seja a vontade do Senhor. NOTAS EXPLICATIVAS 1. Dos Bxeretcios: © Exercicio do Reino a chave inter- pretativa do resto dos EE. Isto é, do cris tocentrismo dinamizador de tudo 0 que viré pela mesma experiencia e em sua projecao posterior, Concretamente, € rnesse momento que se oferece ao exer- citante: — 0 verdadeiro sentido e significa do do “seguimento” de Jesus Cristo e da "misao" que todo cristo recebe como batizado. — A forca poderosa para lancar-se, sem condigdes, no seguimento de Jesus Cristo & maneira de Paulo (Fl 3,12-14 “langando-se” para Fle...). Sem davida, trata-se do elemento fundamental do Ee Pecegrinos em (llr, Cusco, Pert. Foto: Paul 185, conceito de "indiferenca” que persegui- mos: 0 “magis” = "sempre desejando o que ‘mais conduz” por impulsos do amor in- timo a Jesus Cristo. 2, Da Tal: ‘Também podemos dizer que esse exercicio € 0 momento decisivo para orientar o resto dos EE a pattit da pers- pectiva dos pobres. Com efeito, tanto 0 “seguimento” Cristo, como a “missao” de todo cristo, pressupdem: — 0 julzo critico da reatidade de Injustiga social que penaliza os pobres € a conviceao de que a situagao de pobreza do mundo nao é casual, mas produto da mé distribuigdo da riqueza, e nem é irreformével. — Leva a dentineia protética do pe- cado de injustiga, a0 antincio da Boa “AICI — Resta og Booman tacos (Deana — 1904) Nova do reino, & conversdo pessoal e 20 compromisso de mudanca radical das 3, Textos: Puebla, 28; 31-39; 1154 Peulo VI, Evangelii Nuntiandi, 30. 6 — CONTEMPLAGOES DA VIDA DE CRISTO: SEGUNDA SEMANA (EE 101 SS. E 261 SS. conTEGDos 4) Objetivor Os feitos e os pronuncia- mentos de Jesus, comegando pela Encar- naga, Nascimento, Infancia, Vida Pabli- ‘ca, até os umbrais da Paixio, Embora a matéria seja tao variada, trata-se do mes- ‘mo contedido com unidade clara de sig nificado em seu conjunto. ) Subjetivo: “Conhecimento interno do Senhor que por mim se fez Homem, para melhor amé-lo e segui-lo”; no sen- {ido teolégico do termo "seguimento", deve-se enfatizar a identificagio com Cristo por amor. NOTAS EXPLICATIVAS 1. Dos Exercicios: 5 Fxercicios, respeitando seu proces- s0 e seus contetidos, levam ao interior de Jesus Cristo, naquilo que o termo biblico coragio” expressa: bondade, mansidao, ternura, enfim, a Miseric6rdia de Deus a nds revelada em Jesus Cristo (0 1,18). £0 que afirma com toda clareza 0 Pe, Kelvenbach: "Os Exerefcios Espirituais conduzem conaturalmente ao “cor ad cor Joquitur” (0 coragao fala ao coracao), & intimidade com 0 Coragao de Jesus”.* 2. Homi em Paray-le-Monil, 2/7/1888, ARTIGOS, 0: Bascios 9 Sotro hd #4 Thowa Lar AMEMCAN recurso que oferecem os EE é a contemplagdo do Evangelho, em espacos prolongados de oragao, com a finalidade de fazer-me presente ao Mistério “como equeno escravo indigno” (EE 114), ven- do, ouvindo, observando 0 que o texto da Palavra de Deus — autenticamente interpretado e de acordo com a orienta: ‘cao indicada — permite compreender. essa forma, é possivel penetrar nos sentimentos de Jesus e, a partir deles, conhecer 0 mistério do Verbo de Deus encarnado. Isso lembra 0 que a psicolo- gia atual ensina a respeito do que se cha- ma “empatia” ou tentativa de “colocar- se na pele do outro” pata chegar a com: preendé-Io. Porém na orientacaio dos EE, em virtude do olhar contemplative, dom interior de oragao, e visando o seguimen- to € 0 servigo na missao. 2 Da Tal: Entendo que é exatamente aqui, que a Tal, a partir da perspectiva dos pobres, oferece uma contribuicao original e defi nitiva ao cristocentrismo dos Exercicios de Santo Indcio. As contribuigdes fundamentais sao: — Trata-se, em primeiro lugar, de penetrar nos sentimentos de Jesus para conhecer seu Mistério. Porém, nao so- ‘mente isso, mas ao fazé-lo saber que ndo existe outro Jesus, senao 0 Filho de Deus {que se fez. pobre entre os pobres. Portanto: — que esse Jesus entra no mundo pelo reverso da historia: isto €, escolhe hascer em um pafs pobre e submetido & dominagao estrangeira, nasce em um. lugar desconhecido, vive em uma cidade “de onde nada de bom pode sair"; — que, desde o principio, inicia um messianismo pobre e humilde, “anuncia lay ‘a Boa Nova aos pobres”, vence a tenta~ ‘¢4o da riqueza e do poder, — que o Reino por Ele anunciado é um projeto maravilhioso de Deus, a ver- dadeira utopia de uma humanidade fra- tema e filial, envolvendo extremos: inclui ‘5 bens do Espirito e também os da ter- ra, “6 pessoal ¢é coletivo, é transcenden- te e se inicia na hist6ria", € uma Boa noticia para todos, porém de maneira preferencial para os que vive sob qual- quer tipo de escravidao e de morte: para aqueles que s6 recebem males nessa vida (Le 16,25). — que esse Jesus, pobre, humilde e humilhado, se confronta com os podero- sos desse mundo, causadores da opres- sao religiosa e politica do povo, denun- cia os fermentos de morte e os fdolos que ‘corrompem e matam: isto 6, as imagens falsas de Deus, 0 poder, o dinheiro... e, por isso, 0 assassinam em nome da reli- gidio e do império romano, — porém, morrendo, vive para sem- pre ressuscitado para alegria de todos os cerucificados desse mundo: porque Ele faz riunfar a Verdade e a Justica sobre o mal ea mortel? Esse trata de lembrar algo mais impor- tante, sem diivida: que, a partir da sua ex periéncia de pobreza, de humilliagao, de tnuz e de ressurreicao, a partir do seu Co- ragao dle pobre entre 0s pobres, de sua 0p- ‘cao preferencial, cheguemos a conhecer, ¢gragas a um olhar contemplativo, todo seu Mistério, isto é, que a partir dessa pers- pectiva tinica e singular, cada vez mais a nossa identificagao com Ele nos leva a fazer perguntas como essas: —0 que nos diz o seu Coragao aber- to, sem segredos para os que 0 sabem contemplar e desejaso de derramar so- bre todos, especiaimente sobre os mais pobres, as torrentes de sua misericérdia® 3.Cfr. V, Codina, Csep, Bolivia, 1885. — 0 que nos diz. 0 seu Coragao feri- do por nossa frieza e ingratidao, pela fal- ta de valorizagao de seus dons, pela nos- sa recusa? — 0 que nos diz a situagao de po- breza dos milhdes de nossos irmaos que padecem a injustica? — 0 que poderiamos fazer, a que nos comprometer, quando e como, para encarar hoje a {uta pela Justiga de modo {que seus resultados praticos sejam um servigo da F& — Inclusive o te6logo eo agente de pastoral poderia perguntar: como fazer hoje verdadeira Teologia da Libertacao? ‘como evitar na prdica pastoral, que nos desviemos para uma simples ideolo politica ou social? 3, Textos: Joao Paulo II, Mensagem aos Car- deais, 25/12/1984. Joao Paulo II, Encontro com 0 clero e com as religiosos, Montevideu, 31/3/ 1987, n. 22, 30 e 31. Congregagio para a Doutrina da Fé, Instrugio sobre A liberdade crista e a lic bertacao, 1986, nn. 67 e 89. 7 — AS *MEDITAGOES INACIANAS” BANDEIRAS, SINARIOS, TRES MODOS DE HUMILDADE: (EE 196-157 E 164-168). conteD0s ssa ts MeditagBes constituer um bioco unitério dentro da Segunda Sema- nna dos EE, Com seus propros contetidos, bjetivo e subjetivo, elas conservam uma fraagao entre si, objeto de explicagoes fportunas, Como indieagio de sua clara finalida- de sobrensatural,€ imprescindivel que se VTAICT — Rewsra ve Byomiunuinue Guciaes Dezewano — 1994) {aga nes trés a insistente oragao de siplica. Explicitamente, através do "Triplice Col ‘quio” que assume sentido particular e sig- nificagio propria em cada uma delas NOTAS EXPLICATIVAS 1. Dos Exeretcios: Bandeiras, Resumem com grande clareza os cri- térios do seguimento de Cristo, em con- traste com os critérios do mau espitito. lente sua relagdo com as regras de discernimento dos EE, das quais sao con- firmagio, e em parte complement, Bindrios: Pardbola, antes de tudo, pré- tica para examinar-se sobre a “indiferen- {¢a", que € a condigao indispensdvel para 0 Seguimento de Cristo. referencia explicita ‘a um« das “afeigbes desordenadas” mais ‘comuns, 0 amor & riqueza, facilta 0 exa- me des proprias afeicdes, que sao obsta- culo 8 “indiferenca’; pata isso € suficiente ‘um exame apenas sobre dois ou trés ape- ‘208 (=inclinagdes) ou aversdes. Aconselha- se ter presente o n, 157 dos FE, Também pode ajudar um catdlogo das “afeiges desordenadas”, como foi apresentado na ‘Meditagao do Principio e Fundamento. ‘Trés Modos de Humildade. Constituem ‘0 “nervo" da trilogia e apresentam a meta 0 aipice do seguimento de Cristo no ideal da perfeitaidentificagao com Ele, por amor de amizade, Embora no texto dos EE elas sejam apresentadas como simples conside- racao, sem destinar-lhes espago explicito (EE 164), € claro que o critério para 0 seu temprego ¢ dedicar-Ihe bons momentos de ‘oragao e ainda um tempo especial. 2, Da Tal: ‘A partir da opgio preferencial pelos pobres, e sem forgar a finalidade que se atvibui as trés “Meditagdes inacianas”, € possfvel interpreté-las como referidas ex- clusivamente & "pobreza" ow a fazer-se ARTIGOS, 05 Buanciaoe ne Sus Iolo #4 Teor Lari AMEICAN pobre com Cristo. Quer dizer, que — se- {undo esta interpretagaio — esse tnico si- nal evangélico 6 0 ertéro, a condigao in- dispensdvel, metaeo dpice do seguimen- to de Jesus ‘© quadto sindtico, que vem a seguir, pode facilitar a apresentagao da interpre- taglo indicada Bandeiras: crtérios de Cristo e do mau espirio. ‘azer-se pobre com Cristo", €: —aceitar a pobreza evangélica —e suas conseqiiencias: desprezo, marginalizagao social — entrar na “espiral” da pobreza evangélica — romper com o sistema. — passar para a senda ou fileira do pobre: mudanga de lugar social Nao “se fazer pobre com Cristo” &: — absolutizar 0 poder, 0 prestigio, © ter sobre o ser. —e suas conseqiiéncias: fama, éxi- to, estima do poderoso.. — desvintuar 0 conceito do reino. — buscar 0 exibicionismo, o sucesso. — depreciar 0 fraco, 0 marginaliza- do, 0 pobre, Bindrios: “Eazer-se pobre com Cris- to, “condigdo para 0 seguimento de Cris- to. — Considerar duas ou trés “afeicoes, desordenadas” concretas (apegos, aversoes, a pessoas, coisas, critérios, profissdes...) sabendo, por experiéneia, que constituem dificuldade para a “indiferenga”. — Considerar algumas das “afeigdes desordenadas" do catélogo apresentado na ‘meditagdo do Principio e Fundamento. — Situé-las entre Deus ¢ a propria consciéncia: Sinto-me livre diante delas? Estou como o terceito Bindrio, ou como (J

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