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Questão 1

O que é e quais são os elementos de conexão em direito tributário internacional? Como se caracteriza a residência fiscal de uma
pessoa jurídica na legislação brasileira?

Os principais elementos de conexão utilizados nas Convenções contra bitributação internacional são: domicílio, residência, sede,
direção, estabelecimento permanente situação do bem, fonte do rendimento, país de origem ou do destino, e em eventuais
casos a nacionalidade.

O artigo 127 do CTN, estabelece as regras para caracterizar a "Residência fiscal da pessoa jurídica", considerando-se como tal
"às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem
origem à obrigação, o de cada estabelecimento;".

Já o artigo 202 do RIR/18 prevê em seu § 1º que "O domicílio fiscal da pessoa jurídica procuradora ou representante de residentes
ou domiciliados no exterior é o lugar onde se situar o seu estabelecimento ou a sede de sua representação no País ( Decreto-Lei
nº 5.844, de 1943, art. 174, caput )."

Para fins de tributação internacional, deve-se observar as regras da convenção da OCDE para evitar situações de dupla residência,
mediante a aplicação de regras definidas neste documento ou em tratados específicos entre os países. Na ausência deste é
possível que se verifiquem casos de dupla residência ou dupla sujeição pela utilização por um dos estado de um outro critério
como nacionalidade.

Fontes de Pesquisa complementar:


https://www.conjur.com.br/2012-jun-19/interpretacao-qualificacao-direito-tributario-internacional
http://cursocead.com.br/wp-content/uploads/2015/05/Artigo-4.pdf

Questão 2
Diferencie “matching credit” do “tax sparing”. De exemplos.

Conforme vimos na aula n. 3, matching credit ocorre quando o Estado Fonte se compremete a não tributar determinados
rendimentos e o Estado de residência pressupõe que aquele valor superior foi pago e não foi tributado na fonte, gerando assim
um credito tributário.

Já o tax sparing, por outro lado, gera crédito fictício que servirá como parâmetro para a dedução fiscal no Estado de residência.
Ou seja, o Estado de residência irá deduzir de sua arrecadação valor equivalente àquele que seria pago no Estado fonte caso não
houvesse benefício fiscal algum.

O exemplo disso é quando dois Estados assumem um acordo internacional para evitar bitributação onde há uma empresa
investindo e um outro Estado que é classificado como o país fonte da renda a ser tributada. A renda obtida nessa filial será
tributada e sobre essa renda incidirá o imposto de renda. Em um cenário normal, a empresa investidora deixaria de pagar
montante do tributo em seu Estado de residência. Utilizando-se da cláusula de matching credit prevista no acordo internacional
o crédito gerado não será apenas aquele efetivamente tributado, mas os Estados fixam crédito presumido sobre o valor da renda
auferida. Neste cenário, a empresa investidora sofreria isenção no percentual definido pelo tratado, mesmo que nesse fosse
aplicada uma alíquota superior. Adicionalmente, o crédito presumido independe da política tributária interna de cada Estado.
Sua utilização é definida por tipo de renda, sendo os dividendos a categoria mais comum, mas também é possível sua aplicação
sobre juros e royalties.

Fonte de pesquisa: https://jus.com.br/artigos/56694/clausulas-de-matching-credit-e-tax-sparing-em-acordos-internacionais-


contra-a-bitributacao-da-renda
Questão 3
Em que momento e qual ato normativo faz com que os tratados e convenções internacionais tenham validade no direito interno
brasileiro, permitindo que os interessados exijam o cumprimento das disposições constantes na norma internacional?
Considerando o ingresso de um tratado no direito interno, ele ocupa qual posição hierárquica? É possível falar que um tratado
internacional revoga uma norma de direito interno? E, ao contrario, uma norma de direito interno pode revogar um tratado?

- Em que momento e qual ato normativo faz com que os tratados e convenções internacionais tenham validade no direito interno
brasileiro, permitindo que os interessados exijam o cumprimento das disposições constantes na norma internacional?
Para que os tratados e convenções internacionais tenham validade no direito interno brasileiro este deve ser incorporado ao
nosso ordenamento e algumas fases são exigidas: fase de assinatura; fase de aprovação do congresso ou um decreto legislativo;
fase de ratificação; fase do decreto presidencial ou do decreto de promulgação.

- Considerando o ingresso de um tratado no direito interno, ele ocupa qual posição hierárquica?
Sendo silente a Constituição Federal sobre a questão dos tratados no direito interno, coube ao STF, através do Recurso
Extraordinário 8004/1977 julgar a questão e posicionou-se no sentido da aplicação da Teoria Dualista Moderada.

A Teoria Dualista destaca que o Direito Internacional e o Direito interno dos Estados são duas ordens jurídicas distintas e
independentes. Já a Teoria Dualista Moderada, se posiciona no sentido de que, havendo conflito entre tratado e lei
infraconstitucional, tendo elas o mesmo nível hierárquico, adota-se o posicionamento de que a ‘lei posterior derroga a anterior’.
Dessa forma, se houver um conflito entre uma lei anterior à promulgação do tratado e o próprio tratado, prevalece o tratado.
Na situação inversa, qual seja, um conflito entre tratado e lei posterior, prevalece a lei posterior, independentemente das
consequências pelo descumprimento do tratado no plano internacional.

- É possível falar que um tratado internacional revoga uma norma de direito interno?
As regras sobre tratado internacional variam de acordo com cada país. No Brasil o tratado internacional revoga a norma de
direito interno e esta previsão é destacada expressamente no CTN, artigo 98:

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam


a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.”

- E, ao contrario, uma norma de direito interno pode revogar um tratado?


Parte significativa da doutrina brasileira entende que uma norma de direito interno não pode "revogar" o tratado internacional.
Embora não haja um dispositivo constitucional expresso determinando a prevalência do tratado internacional pretérito em face
da lei superveniente, sustenta a maior parte da doutrina brasileira que a prevalência da norma internacional reside no critério
da especialidade, ou seja, a norma internacional é norma especial em relação à lei interna e no princípio de que os contratos
devem ser cumpridos..

Fontes de pesquisa:
https://jus.com.br/artigos/49604/conflitos-de-direito-internacional-com-o-direito-interno
https://jus.com.br/artigos/76548/o-supremo-tribunal-federal-se-posicionou-no-sentido-da-aplicacao-da-teoria-dualista-
moderada

Questão 4
A Convenção para Evitar a Dupla Tributação entre Brasil e Itália firmada em 06 de maio de 1981 (Decreto Legislativo n.º 77/79 e
Decreto Presidencial n.º 86.985/81), estabelece em seu art. 2, n.º 2, que “A Convenção também se aplica, a quaisquer impostos
idênticos ou substancialmente semelhantes que forem introduzidos após a data da assinatura da presente Convenção, seja em
adição aos impostos existentes, seja em sua substituição. As autoridades competentes dos Estados Contratantes notificar-se-ão
mutuamente de qualquer modificação que tenha ocorrido em suas respectivas legislações tributárias.”. Considerando esse
dispositivo, é possível aplicar os dispositivos desta Convenção à Contribuição Social sobre o Lucro - CSLL? Fundamente

No Brasil a tributação sobre a renda incide sobre os seguintes tributos: IRPF, IRPJ e CSLL. Esses dois primeiros são mencionados
de forma expressa nos tratados. Já a CSLL pode estar prevista ou não, já que foi instituída somente em 1988, pela Lei 7.689.
Haviam diversas discussões no passado questionando se a CSLL seria abrangida pelos tratados já que esses documentos, quando
assinados pelo Brasil, garantiam a aplicação dos tratados a tributos substancialmente semelhantes – caso do IRPJ e da CSLL.

Para dirimir a questão, foi publicada a Lei 13202/2015, e em seu artigo 11 estabeleceu-se, em caráter interpretativo (e, portanto,
retroativo), que os TDT são aplicáveis à CSLL:

Art. 11. Para efeito de interpretação, os acordos e convenções internacionais celebrados pelo Governo da
República Federativa do Brasil para evitar dupla tributação da renda abrangem a CSLL.

Parágrafo único. O disposto no caput alcança igualmente os acordos em forma simplificada firmados com
base no disposto no art. 30 do Decreto-Lei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 .

Fonte de pesquisa: https://swisscam.com.br/publicacao/doing-business-in-brazil/11-tributos/11-22-aspectos-gerais-dos-


tratados-para-evitar-a-dupla-tributacao/

Questão 5
Mick Richards é natural da Inglaterra, e frequentemente viaja ao Brasil a trabalho, sempre com visto temporário de negócios, lhe
sendo assim possibilitado ficar até 3 meses no território brasileiro. Passado algum tempo, quando voltava à Inglaterra a Policia
Federal constatou através de seus registros que o Sr. Mick Richards permaneceu no Brasil por 205 dias não consecutivos - durante
suas várias visitas ao Brasil – dentro de um período de 12 meses – entre os meses de maio de abril de 2010 e março de 2012.
Durante esse período de tempo, Mick auferiu rendas tão somente de fontes inglesas. Em razão aos fatos, explique quais são as
consequências tributárias da constatação da permanência mencionada.

A presença de um funcionário de empresa estrangeira no Brasil com visto de negócios por um período superior à 183 dias o
classifica como um "estabelecimento permanente" no país.

Para classificação de sua "não-residência" seria necessário que ele tivesse entrado no país com visto temporário e aqui
permanecido por até 183 dias, consecutivos ou não, por um período de doze meses. Nesse caso não haveria qualquer tributação
local, pois Mark Richards, como não-residente seria tributado apenas com relação aos rendimentos recebidos de fonte brasileira,
o que não ocorreu já que somente auferiu renda de fontes inglesas. É bem comum que empresas de tecnologia que enviam
consultores para viagens internacionais façam esse controle de dias para evitar impacto na subsidiária do outro país ou na
classificação da pessoa física como "estabelecimento permanente".

Caso a regra acima tenha sido descumprida, a pessoa física será considerada "residente" e por consequência contribuinte para
fins locais tendo seus rendimentos tributados pela renda auferida tanto no território nacional como no exterior, com base na
Tabela Progressiva do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, admitidas eventuais deduções pela legislação brasileira.

Fonte de pesquisa: http://www.molina.adv.br/2018/10/08/caracterizacao-da-residencia-no-brasil-e-nao-residencia-para-fins-


tributarios/
Questão 6
O pagamento de juros efetuado por um fonte brasileira, cujo beneficiário seja um não-residente está sujeito ao IRFonte de 15%,
segundo a legislação brasileira. A empresa brasileira PRAIAS tem juros a pagar para uma sociedade alemã BAVARIA, e ao mesmo
tempo a PRAIAS detém um crédito a receber junto a uma outra sociedade, também alemã, PROST. Com o objetivo de evitar o
pagamento do IRFonte, PRAIAS solicita à PROST que esta faça o pagamento do valor equivalente aos juros devidos à BAVARIA
diretamente a esta última, por conta e ordem da própria empresa brasileira. Com base nos fatos apresentados, haveria a incidência
do IRFonte nesta operação? Explique.

As operações entre as empresas são independentes e o "encontro de contas" entre as empresas BAVARIA e PROST situadas no
exterior pouco importam para fins locais.

As importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no
exterior, por fonte localizada no Brasil, a título de juros e comissões, inclusive os remetidos em razão de compra de bens a prazo
ficam sujeitas à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte. O prazo para recolhimento ocorrerá na data de
ocorrência do fato gerador, ou seja, no momento do pagamento, do crédito, da entrega, do emprego ou remessa das
importâncias ao beneficiário domiciliado ou residente no exterior.

Durante o julgamento do REsp 1864227, o STJ manteve o entendimento de que o fato gerador do Imposto de Renda Retido na
Fonte (IRRF) a ser recolhido pela empresa brasileira em razão de pagamento feito a pessoa jurídica domiciliada no exterior se dá
no vencimento ou no pagamento da dívida – o que ocorrer primeiro. Sendo assim, caberá a empresa PRAIAS emitir um contrato
de câmbio para pagamento da dívida e reter na fonte, através de um DARF, o percentual de 15% do valor bruto dos juros.

Fontes de Pesquisa:
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/13102020-Fato-gerador-de-IRRF-em-remessa-ao-exterior-
se-da-no-vencimento-ou-pagamento-da-divida--o-que-ocorrer-primeiro.aspx

https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?guid=I618C441CE526E44AE040DE0A24AC4640&no
ta=0&tipodoc=3&esfera=FE&ls=2&index=1

Questão 7
A sociedade DEFAULT, localizada no Canadá, tem uma subsidiária no Brasil, chamada SOL E CALOR. A sociedade canadense decide
alienar as ações da subsidiária brasileira à empresa italiana CANOLO. Apesar de o contrato ter sido assinado no Brasil, o foro eleito
para dirimir dúvidas é o de Montreal, e o valor da venda é pago diretamente no exterior, por meio de transferência para uma conta
localizada no Bank of Mountain, em Montreal. O valor da operação entre as partes é 4 vezes maior do que o custo de aquisição
pela DEFAULT das ações da SOL E CALOR, que havia sido registrado no Banco Central do Brasil a época da constituição da empresa
brasileira. Diante do caso proposto, haveria ou não tributação pelo IR brasileiro sobre o ganho de capital obtido pela DEFAULT, com
a operação de alienação?

A operação entre a empresa DEFAULT situada no Canadá e a CANOLO situada na Itália geram um reflexo no Brasil quando a
compra e venda das ações ocorre. Isso por que a empresa brasileira SOL E CALOR possui como sócia estrangeira a entidade
Canadense e ao comunicar às entidades brasileira sobre a modificação do grupo societário, informa-se também que houve a
operação de compra e venda e isso resultará em um ganho de capital que é determinado pela diferença positiva entre o valor
de alienação e o custo de aquisição do bem ou direito.
Neste caso o responsável pela retenção e recolhimento do imposto sobre a renda na fonte será o "adquirente, pessoa física ou
jurídica, residente ou domiciliada no Brasil" ou "procurador do adquirente, quando este for residente ou domiciliado no exterior"
conforme determinação da Instrução Normativa RFB nº 1.455.

Questão 8
TWE localizada na Áustria e constituída de acordo com as leis austríacas, celebra contrato de compra e venda, no ano de 2005,
para aquisição das quotas da empresa BR Ltda localizada no Brasil e constituída de acordo com as leis brasileiras, com a empresa
FLORA, localizada no Panamá e constituída de acordo com as leis panamenhas, na qualidade de vendedora. A empresa FLORA é a
titular das quotas da empresa nacional BR Ltda. Nessa operação de compra e venda, há diferença positiva entre o valor registrado
pela empresa FLORA quando da constituição da empresa BR Ltda. no Brasil, e o valor da venda para a empresa TWE. Diante dessa
situação pergunta-se: a) Haverá tributação nessa operação? Qual? Por que? b) Em caso positivo quem será o contribuinte e o
responsável tributário pela alienação de bens localizados no Brasil em relação a essa operação? c) Caso a operação tivesse ocorrido
em 2003 haveria diferença para fins de tributação? Fundamente

Neste caso constatou-se que houve ganho de capital tributável que é a diferença positiva entre "o valor de alienação, liquidação
ou resgate e o respectivo custo de aquisição ou valor original, na alienação de bens e direitos adquiridos em moeda estrangeira
e na liquidação ou resgate de aplicações financeiras realizadas em moeda estrangeira com rendimentos auferidos
originariamente em reais e/ou em moeda estrangeira" conforme instruções de preenchimento do "Programa Ganhos de Capital"
disponibilizado pela Receita Federal.

O responsável pela retenção e recolhimento do imposto sobre a renda na fonte será o "procurador do adquirente, quando este
for residente ou domiciliado no exterior" conforme determinação da Instrução Normativa RFB nº 1.455.

Fosse em 2003 ou 2005 a tributação ocorreria da mesma forma já que a Instrução Normativa 208/2002 entrou em vigor na data
de sua publicação.

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