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CENTRO UNIVERSITÁRIO APARÍCIO CARVALHO

CURSO DE PSICOLOGIA

IDENTIFICAÇÃO

Disciplina: Psicologia e Políticas Públicas de Assistência Social


Alunos/as: Victor Soares da Silva, Vitória Carvalho da Silva
Professor/a: Vanessa Fernandes
Data da entrega: 31/03/2021

NOTAS DE LEITURA OU FICHAMENTO

Referência: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências técnicas para atuação de


psicólogas (os) nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS. Brasília: CFP,
2013, p. 57-80.

P. Citação literal entre aspas ou paráfrase (de Reflexão, comentário, ideia de aplicação
conceitos ou ideias relevantes à temática que prática, implicações sociais, etc.
merecem ser destacadas do texto)

Para discutir a atuação de psicólogas (os) junto Os Centros de Referência Especializado


ao CREAS, faz-se necessário retomar, ainda que em Assistência Social é onde é feito o
sucintamente, algumas bases conceituais atendimento em contextos de ameaça e
importantes da Política de Assistência Social: a violação de direitos e posta em prática as
59 centralidade na família enquanto espaço orientações da Política de Proteção Social
privilegiado de proteção e cuidado, e os referentes ao atendimento dos indivíduos e
territórios, como base de organização dos famílias, objetivando a superação da
serviços, com suas especificidades, situação de violação. O foco no
singularidades, complexidades e dinâmicas. atendimento são as famílias e os territórios
Parágrafo 3º abrangidos pelo Centro de Referência.

Agrega ao desenvolvimento das metodologias O psicólogo deve promover a consciência


60 de trabalho, a necessidade da construção dos usuários do serviço sobre suas
participativa, trazendo aqueles que eram objeto realidades, sendo esse um fator importante
da ação do outro, para o lugar de sujeitos. Neste no seu trabalho, mas para que isso ocorra
sentido, exige análises mais aprofundadas dos não deve ver os usuários como um agente
contextos singulares das famílias e dos coletivos passivo que somente recebe e aceita tudo,
em que estão inseridos. A intervenção da e sim como pessoas com potencialidades,
psicologia deve contribuir para a capacidade de reflexão e ação, que podem
ressignificação, pelos sujeitos, de suas histórias, ser desenvolvidas com auxílio dos
ampliando sua compreensão de mundo, de profissionais do Centros de Referência.
sociedade e de suas relações, possibilitando o
enfrentamento de situações cotidianas.
Parágrafo 3º

A psicologia, ao compor as equipes de Não levar em consideração a relação do


referência dos CREAS, contribui para um olhar indivíduo com a sociedade, como fonte das
na perspectiva do sujeito em sua relação na situações vivenciadas e sua constituição,
família e na sociedade. Ao refletir sobre a pode fazer com que se veja o indivíduo
dimensão subjetiva dos fenômenos sociais tenta como único responsável pelas condições
61 superar a dicotomia existente em que de sua existência, culpabilizando-o. O
historicamente apenas aspectos individuais eram psicólogo deve compreender como a
considerados. interação do indivíduo com o meio social
pode promover construções,
transformações e continuidade de aspectos
Parágrafo 3º em ambos.

Ao profissional de psicologia cabe revisitar seu Um olhar crítico para as teorias e


fazer, traduzir e transmitir seu compromisso, atividades presentes na atuação, possibilita
apontar para um posicionamento ético-politico. estar atento para evitar que a atuação da
Cabe ainda romper com pressupostos teóricos Psicologia seja mais uma fonte de
que servem à manutenção da desigualdade opressão e culpabilização das famílias
posta, partindo para novas concepções no campo atendidas pela Política de Assistência
62 dos conceitos, metodologias e intervenções, Social. Estar aberto a aprimoramentos e
abrindo espaço para ação contextualizada na mudanças, faz com que seja possível que o
vivência de pessoas e grupos. profissional ofereça um serviço de
qualidade que atenda às necessidades dos
usuários e que esteja de acordo com os
princípios e normas que orientam seu
Parágrafo 1º trabalho.
É preciso aprofundar o conhecimento e A possibilidade de compreensão dos
compreensão de pessoas, famílias e/ou grupos aspectos subjetivos dos indivíduos e
inserindo os diferentes aspectos de constituição grupos e as interações decorrentes das
individual e grupal e seus reflexos na sociedade. relações estabelecidas, justifica a presença
Esta contribuição da Psicologia coaduna com os do profissional de psicologia como parte
objetivos da atenção ofertada no CREAS, que da equipe multiprofissional presente nos
deve orientar-se pela garantia das seguranças Centros de Referência Especializado em
64 socioassistenciais, viabilizando intervenções Assistência Social.
especializadas no âmbito do SUAS, na busca de
romper com situações de violação e promover o
fortalecimento da função protetiva da família, a
partir das ações desenvolvidas no seu
acompanhamento.
Parágrafo 1º

As principais ações descritas para o trabalho O conhecimento dessas ações e o seu


social essencial a ser desenvolvido junto aos detalhamento nos documentos oficiais da
Serviços de Proteção Social Especial Média Política de Proteção Social, permite aos
Complexidade são: acolhida; escuta; estudo profissionais perceberem de modo claro
social, diagnóstico socioeconômico, quais são suas atividades e competências
monitoramento e avaliação do serviço; para realizarem suas práticas, como
orientação e encaminhamentos para a rede de também identificar ações que vão contra o
serviços locais; construção do plano individual que é determinado ou que não faz parte de
e/ou familiar de atendimento; orientação sua atuação.
sócio-familiar; atendimento psicossocial;
65 orientação jurídico-social; referência
comunicação e defesa de direitos; apoio à
família na sua função protetiva; acesso à
documentação pessoal; mobilização,
identificação da a família extensa ou ampliada;
articulação da rede de serviços
socioassistenciais; articulação com serviços de
outras políticas setoriais; articulação
interinstitucional com demais órgãos do Sistema
de Garantia de Direitos; elaboração de relatórios
e/ou prontuários; estímulo ao convívio familiar,
grupal e social; mobilização e fortalecimento do
convívio e de redes sociais de apoio (BRASIL,
2009, p.20)
Parágrafo 1º

As principais atividades relacionadas ao A acolhida é uma prática de contato direto


atendimento direto, atividades fins, da entre o profissional e o público. O
população no CREAS são: Acolhida: É o profissional neste momento deve ter uma
contato inicial com a pessoa e/ou família que postura receptiva e sem preconceitos,
será atendida e inserida no acompanhamento. gerando confiança no usuário e
Momento de estabelecimento de vínculos, exige possibilitando o seguimento do
67 do profissional escuta sensível das demandas. É atendimento que envolverá outras
o momento também de apresentar o serviço e atividades.
fornecer informações sobre o que é ofertado,
esclarecendo possíveis dúvidas. Deve
possibilitar a aproximação do usuário com
serviço.
Parágrafo 4º

Acompanhamento Psicossocial - Diz respeito à A atuação conjunta e diálogo entre as


atuação conjunta de profissionais cujo objetivo é diferentes especialidades profissionais e
direcionar a ação de maneira mais abrangente usuários presentes no CREAS, permite
com conhecimentos e habilidades específicas de uma maior compreensão dos indivíduos e
diferentes áreas, "sem que com isso aconteça famílias em todos os seus aspectos e
68 uma justaposição das práticas profissionais e relações e desenvolvimento mais efetivo
com isso possa existir a construção de das intervenções.
alternativas junto com a família" (Simionato et
al. 2002). Exige frequência e sistematização dos
atendimentos, utilizando-se de diferentes
metodologias instrumentais.
Parágrafo 3º

É da troca cotidiana que surge a ação Durante o acompanhamento com a família


psicossocial, com o compromisso de levantar ou indivíduo, é fundamental que haja
competências e estabelecer responsabilidades, diálogo na relação, para mostrar o que está
69 num processo de compartilhamento, além dos problemas e das dificuldades, e
viabilizando a soma de saberes e o sim incentivar uma participação ativa no
estabelecimento de estratégias de intervenção. seu contexto social, motivando o despertar
de novas habilidades e repertórios para
lidar com as dificuldades, e através de um
planejamento intervir de forma eficaz,
objetivando transformações, como a
Parágrafo 1º autonomia.

A entrevista não se esgota num único momento, Outro método de criação de vínculo é a
sendo também uma oportunidade de interação entrevista, e também é um contato
com o serviço e suas ações/atividades, bem importante para que o indivíduo conheça o
como de estabelecer vínculos favorecendo serviço ofertado, nesse período também é
confiança e segurança. importante entender as demandas e coletar
70 informações relevantes para o processo de
acolhimento, é importante que na
entrevista se tenha privacidade, gerando
um contexto de segurança que pode
determinar a participação ou não do
Parágrafo 3º indivíduo.

A visita domiciliar se constitui em uma das A visita domiciliar pode ser usada para
estratégias de aprofundamento do aproximar a família ou indivíduo,
acompanhamento psicossocial. possibilitando um acolhimento mais
71 próximo, tendo um aprofundamento na
relação do profissional com os indivíduos,
o que gera uma compreensão maior da
Parágrafo 1º realidade da família.

O trabalho com grupos propicia a construção e Na prática a intervenção grupal é uma


troca de conhecimento, oportunidade de estratégia eficaz para trabalhar o coletivo,
construir enfrentamento de situações reflexões e discussões coletivas, geradas
vivenciadas, fortalecimento e identificação de pelos próprios participantes, lhes dando
72 potencias, fortalecimento de autonomia e autonomia de expressar suas opiniões, e
vínculo. com esse compartilhamento de
experiências se cria uma relação com
objetivos semelhantes, de superação,
Parágrafo 1º ressignificação e aprendizado.

A articulação de rede tem como princípios a infelizmente existe grande dificuldade em


73 flexibilidade e a horizontalidade e quanto mais articular o trabalho das redes, pois como é
dinâmica for, mais atrai novas conexões. citado no texto, as pessoas que chegam no
CREAS já passaram por outras redes e as
experiências não são boas, pois nem todas
as redes são inclusivas e chegam a ser
opressoras a quem busca o serviço, então
chegar em um consenso entre elas é um
Parágrafo 2º desafio.

A noção de articulação aparece detalhadamente Como benefício dessa articulação se tem a


descrita na referida Norma, como uma garantia dos direitos do indivíduo, se todos
importante estratégia para a efetivação do direito os órgãos trabalhassem em conjunto diante
ao acesso às outras políticas públicas e sociais e das necessidades e demandas do social
74 a integração com órgãos. teria uma sociedade muito mais assistida,
através de ações que oferecessem atenção
e proteção aos direitos humanos do
Parágrafo 2º indivíduo.

Registro de informações - Procedimento Para que a intervenção através de ações


presente em todo processo de funcionamento do seja eficaz é necessário conhecer o público
CREAS e do acompanhamento às famílias e/ou para definir o que será ofertado enquanto
indivíduos, imprescindível para a construção de serviço, sendo assim fundamental para o
75 informações e para subsidiar a definição e planejamento das técnicas usadas, esse
construção das ações. registro tem que ser presente em todas as
intervenções para se ter em nota aspectos
Parágrafo 3º importantes resultantes das ações.

Nos prontuários estarão registradas as Esse método de registro possibilita uma


informações de cada indivíduo/família contendo compreensão do caso , o diferenciando de
especificidades de cada caso. outros, já que apresenta características,
76 demandas e evolução do caso, como cada
família é diferente, cada prontuário deve
Parágrafo 1º apresentar o planejamento utilizado.

Reunião de Equipe – Tem como objetivo Ná prática essas reuniões podem auxiliar
debater e problematizar o trabalho articulado e para que as equipes tenham um melhor
integrado, avaliar e definir caminhos possíveis desenvolvimento nos casos, já que avalia o
77 para seu desenvolvimento. trabalho desenvolvido, possibilita que se
identifique erros e seja corrigido, é
importante rever as técnicas utilizadas. Em
reuniões novas perspectivas podem ajudar
a identificar e revisar algum aspecto que
poderia não ser apropriado para
Parágrafo 2º determinado caso.

Reunião para Estudo de Caso – Espaço para Na prática esse método deve auxiliar
estudo e análise dos casos em acompanhamento muito nas intervenções, pois com as
no serviço. O objetivo é ampliar a compreensão discussões dos casos novas possibilidades
de indivíduos e famílias em suas relações, de intervir podem surgir para se obter os
particularidades e especificidades. resultados esperados, em parceria se cria
78 um ambiente cooperativo com o objetivo
de oferecer um serviço eficaz, esse
integração entre a equipe e outros
envolvidos, pode evitar problemas, já que
aponta várias perspectivas do que pode ou
Parágrafo 1º não dar certo em determinado caso.

Tem-se como mais um dos desafios Ser psicólogo vai muito além de só ter
problematizar a formação que deve estar empatia, é necessário ação consciente e
embasada na realidade de atuação do embasada nas reais necessidades da
profissional de psicologia. sociedade, entendendo que cada contexto
79 tem sua realidade, que cada indivíduo tem
sua luta, é importante problematizar essas
questões na formação para que se tenha
profissionais que consigam enxergar o
indivíduo em contextos sociais, e como os
Parágrafo 2º acontecimentos nesse contexto o afetam.

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