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Sistemas de Comunicação Óptica

Acesso Óptico

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Arquitectura da rede de acesso
• A rede de acesso divide-se em sub-rede de transporte (entre a central local e a
unidade remota) e sub-rede de distribuição (entre a unidade remota e o
assinante). Na sub-rede de transporte a informação transmitida é multiplexada
e transmitida em formato digital sobre fibras ópticas. A topologia dessa rede
pode ser em estrela, no caso se se usar o PDH, ou anel no caso do SDH.
Rede de transporte Rede de distribuição

ADM
ADM

Unidade óptica de Unidade de


Unidade interface de rede
rede
Fibra óptica
remota
Assinante
Central ADM de protecção
ADM ADM ONU NIU
local ADM UR

ONU NIU
ADM Fibra óptica
ADM Fibra óptica Cobre
de serviço

Par de fibras de
fibras de serviço
UR

• Podem-se defínir várias topologias para a rede de distribuição:FTTCab,


FTTC/FTTB, FTTH, dependendo da distância entre a ONU e o assinante (NIU).

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Arquitecturas em fibra
• Na arquitectura FTTH (fibre to the home) a fibra óptica vai até às intalações do
assinante, e deste modo a ONU realiza as funções do NIU.

• Na arquitectura FTTC (fibre to the curb) ou FTTB (fibre to the building) cada
ONU serve entre 8 a 64 casas, ou edifício (tipicamente 100 m do assinante).
Neste caso, há uma rede de distribuição adicional entre a ONU e a NIU, em
cobre (par simétrico, ou par coaxial) ou via rádio. Notar que o sinal entre a
unidade remota e a ONU é um sinal multiplexer TDM (por exemplo um sinal
E1).

• A solução FTTCab (fibre to the cabinet) a ONU está mais afastada do


assinante, requerendo também uma rede de distribuição adicional.

• Outra arquitectura alternativa, designada rede óptica passiva ou PON


(passive optical network), substitui a unidade remota por um componente
passivo (acoplador em estrela, encaminhador de comprimentos de onda
óptico), de modo que toda a rede entre a central local e a unidade remota é
passiva. Tem como vantagem a fiabilidade elevada e fácil manutenção.

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TPON- PON para telefonia
• O tráfego descente (sinal TDM) proveniente da central local é difundido para todos os
ONUs, num único comprimento de onda, usando um derivador óptico.

• Cada ONU acede ao sinal multiplex e extrai o canal correspondente. Diferentes time-slots
podem ser atribuídos a cada ONU de acordo com as necessidades.

• A ligação ascendente opera num outro comprimento de onda e usa um protocolo da


acesso TDMA. A informação de cada ONU é inserida num intervalo de tempo pre-
determinado da trama TDMA.

• De modo a que a informação dos diferentes ONUs chegue à central no time-slot


apropriado é necessário sincronizar os relógios de todos os ONUs pelo relógio da central.
Para tal, cada ONU mede o seu atraso de propagação relativamente à central e ajusta o
seu relógio de acordo com esse atraso.

• Esta arquitectura permite que o equipamento relativamente caro da central seja partilhado
por todos os utilizadores, e faz uso de componente ópticos baratos. Quer a central local
quer os ONU podem usar LEDs ou Lasers de Fabry-Perot.

• A rede TPON pode servir até 128 ONUs, com um débito por ONU de 20.48 Mb/s (7x2 Mb/s+
cabeçalhos).

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Arquitectura TPON
• A ligação descendente (central-ONU) é feita no comprimento de onda de 1.55
µm e a descendente (ONU-central) no comprimento de onda de 1.3 µm.

Receptor
ONU 1
Laser
Unidade 1310/1550 nm
Central Local mux
Remota

1.55 µm
Laser Receptor
Derivador/ ONU k
combinador

Receptor Laser
1.3 µm

Receptor
ONU N
Laser

• Cada ONU deve operar ao débito binário agregado de todos os ONUs. As


normas das TPON baseadas em ATM especificam um débito descendente de
622 Mbit/s e um débito ascendente de 155 Mbit/s. Usando um derivador de
1/32 o débito descendente permite proporcionar a cada ONU cerca de 20 Mb/s.

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Sincronização de ONUs em redes TPON-ATM

• A sincronização entre as ONUs e a OLT (optical line termination) na central local é feita
em três fases: ajuste esparso (AE), ajuste fino estático (AFE) e ajuste fino dinâmico (AFD).

• O ajuste esparso é realizado através da medida rigorosa na OLT da fase de um sinal


sinusoidal (tom) de baixo nível transmitido pela ONU em processo de sincronização.
Potência óptica
Comando para activação do AE
Laser da
ONU
Envio do sinal sinusoidal Corrente de

Espectro
injecção Tom Dados
Medida da fase e cálculo do
atraso a introduzir pela ONU
Célula ATM para activação do AFE
com informação do atraso.
ONU Tom
OLT f
Dados

• Os ajustes finos estático e dinâmico são baseados na medida do tempo médio de


chegada das células ATM. Depois de activado o processo AFE a ONU envia uma célula
AFE, e depois de recebida pela OLT a sua posição temporal é comparada com um
referência, o que vai permitir obter o valor do atraso a introduzir pela ONU. Os
mecanismos AFD são baseados na posição de um preâmbulo enviado no início de células
especiais. Os processos AE e AFE têm lugar no início do funcionamento do sistema, ou
sempre que uma nova ONU é introduzida. O processo AFD ocorre continuamente.

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Arquitectura WPON
• Na arquitectura WPON (WDM PON) o laser transmissor na central local é
substituído por uma matriz de lasers emitindo na terceira janela.
λ1, λ2, ........ λN, λ1
banda de 1.55 µm Receptor
ONU 1
Laser
Unidade Filtro óptico
Central Local
Remota
Banda de
1.55 µm λk
Laser Receptor
Derivador/ ONU k
combinador

Receptor Laser
1.3 µm

λ1, λ2, ........ λN, λN


banda de 1.55 µm Receptor
ONU N
Laser

• Cada ONU recebe a informação da central local num comprimento de onda


dedicado. Para isso cada ONU tem um filtro óptico para seleccionar esse
comprimento de onda. Assim, é possível que a electrónica de cada ONU ,
trabalhe ao débito correspondente à informação recebida.

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Arquitectura WRPON
• Na arquitectura WRPON (wavelength routing PON) o derivador óptico é
substituído por um encaminhador óptico tipo AWG.

λ1
Receptor
ONU 1
Laser
λ1, λ2, ........ λN,
banda de 1.55 µm

λk
Laser AWG Receptor
ONU k

Receptor combinador
Laser

1.3 µm
Central Local Unidade
Remota λN
Receptor ONU N

Laser

• O encaminhador envia os diferentes comprimentos de onda para os diferentes


ONUs. A utilização do AWG vai eliminar as perdas de derivação da solução
WPON . A principal desvantagem desta solução reside na necessidade de
usar lasers DFB na banda de 1.55 µm, que a torna cara.

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LAN com tecnologia óptica (1)
• Nas LAN (local area network) o meio de transmissão e a largura de banda são
partilhadas por diferentes estações (computadores). As técnicas de acesso
múltiplo usadas podem ser dedicadas ou por contenção.

• As técnicas dedicadas fazem uso do TDMA, ou FDMA e as técnicas por


contenção de CSMA/CD (carrier-sense multiple access/collision detection) ou
troca de um testemunho (token). As últimas são as mais usadas nas LAN.

• O papel das fibras ópticas nas LAN consistem em substituir os meios de


cobre de modo a aumentar a largura de banda e distância de transmissão. As
topologias mais usuais são o bus ou estrela.
Topologia em Bus
P3
4 3
P1
AC1 AC2 ACN C = 10 log
1 2 P3
P1
P2 Conector
Acoplador
direccional P1  − Ad − 
C

10 log = −10 log 10 10 − 10 
10
Estação 1 Estação N P2  
 

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LAN com tecnologia óptica (2)

• A atenuação total entre a estação 1 e a estação N é dada por


Ad C
− −
A1N (dB) = 2 NAc + Ace + Acr + 2C − ( N − 2)10 log(10 10 − 10 ) +
10 Af

onde Ac é a atenuação de um conector, Ad são as perdas em excesso de um


acoplador direccional e Af é a atenuação da fibra óptica. O valor do
coeficiente de acoplamento C que minimiza a atenuação total é dado por
C = Ad + 10 log( N / 2 )
• Topologia em estrela
Conector (Ac)

P1
PN
1 2 N
Acoplador Conector (Acr)
Conector (Ace)
em estrela
1 2 N

Estação 1 Estação N

• Atenuação total entre a estação 1 e a estação N


A1N = 2 Ac + Ace + Acr + Ad log 2 N + 10 log N + A f

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Redes FDDI
• As redes FDDI (fibre distributed-data interface) são usadas para interligar
diferentes LAN e usam um topologia em anel duplo. Como fazem uso de fibras
ópticas permitem um débito binário máximo de 100 Mbit/s para distâncias
entre estações de vários quilómetros. O acesso múltiplo é do tipo token ring.
DAS DAS: double attachment station

Estação ligada aos dois anéis: com capacidade


DAS DAS de autorecuperação em presença de falhas.

SAS: single attachment station


DAS
LAN A LAN B
Estação ligada a um anel: sem capacidade de
autorecuperação em presença de falhas.

• A arquitectura de camadas do FDDI é a seguinte:

2
MAC PMD (physical medium dependent): Define funções associadas à transmissão física
PHY (physical layer protocol): Codificação\descodificação e sincronismo de relógio
PHY STM
1 MAC (medium access control): Define as regras para a formação das tramas e testemunho
PMD STM (station management): Controlo e gestão das diferentes camadas

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Camada física
• A camada PHY usa o código 4B/5B +NRZI (non-return to zero, with inverted
ones). A utilização destes códigos permite melhorar a recuperação de relógio
e detectar erros.

• O código 4B/5B transforma sequências de 4 bit provenientes da camada MAC


num símbolo com 5 bit (código de bloco). Permite elimiar sequências de 4
zeros seguidos, mas conduz a um aumento do débito de 5/4=1.25. O código
NRZI codifica o “0” mantendo o estado do bit anterior, enquanto 0 “1” é
codificado com uma transição de estado.

• Há diferentes opções possíveis para escolha do meio FDDI. Três opções


dizem respeito ao uso de fibra óptica: MMF-PMD, SMF-PMD e LCF-PMD. A
opção TP-PMD diz respeito ao uso de par simétrico.
Ligação Meio Distância Fonte
MMF-PMD Fibra Multimodal 2 km LED
SMF-PMD Fibra Monomodal 40 km Laser FP
LCF-PMD Fibra Multimodal 500 m LED
TP-PMD Par simétrico 100 m Tensão

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Operação do anel
• As ligações físicas da rede FDDI, quer no anel primário, quer no anel
secundário são implementadas através da camada PMD. A informação é
transferida de uma estação para outra numa dada direcção. O anel é fechado
através de ligações lógicas a nível da camada MAC. No entanto essas ligações
também podem ser realizadas a nível da camada PHY, usando um comutador
óptico.
MAC MAC As ligações no anel onde a informação flui no
SMT

Estação 1 Estação 2 sentido dos ponteiros do relógio são

SMT
PHY PHY
efectuadas a nível do MAC. No outro anel são
efectuadas a nível físico (PHY).
A B A B

• A recuperação em caso de falhas realiza-se estabelecendo um loopback com


um comutador óptico a nível da camada PHY.
DAS DAS

loopback

DAS DAS
DAS
DAS DAS
DAS

DAS
DAS
DAS DAS
DAS
DAS
loopback

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10 Gigabit Ethernet
• As versões actuais da Ethernet operam a 10 Mbit/s, 100 Mbit/s e 1 Gbit/s. 10
Gbit Ethernet (10GbE) é uma versão ultrarápida (10 Gbit/s) que está
actualmente em fase de normalização.

• As aplicações da 10GbE são: curta distância (<100m ): interligação de


equipamento de alta velocidade, e servers com volumes de disco elevados;
distância intermédia (<3 km): interligação de edíficios e campus; longa
distância (<10 km): redes metropolitanas, redes empresariais; ultra longa
distância (até 80 km): redes dorsais (backbones).

• Arquitectura da 10 GbE
4 canais @ 2.5 Gbit/s MDI
10GMII
(3.125 Gbaud com 8B10B)
Canais ópticos em paralelo ou em série
Relógio

PCS
MAC 32 linhas
de dados+ + PMD ou
10Gb/s 4 controlo
PMA
Relógio

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Camadas e interfaces do nível físico
• 10GMII (10-Gigabit Media Independent Interface) : interface normalizada entre
a camada MAC e a camada física. Permite que a camada MAC trabalhe com
diferentes implementações da camada física.

• PCS (Physical Coding Sublayer): responsável pela codificação/descodificação


da informação proveniente da camada MAC. Há vários tipos de códigos que
podem ser implementados: 64B66B, baralhamento (scrambling), PAM-5, etc. O
PAM-5 é um código multi-nível usado na norma 1000-Base T.

• PMA (Physical Medium Attachement): responsável pela conversão


série/paralelo e vice-versa. A sincronização dos relógios também é efectuada
ao nível desta camada.

• PMD (Physical Medium Attachment): responsável pela transmissão do sinal.


Têm-se diferentes dispositivos PMD de acordo com o meio de transmissão.

• MDI (Medium Dependent Interface): refere-se ao conector usado.

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Implementação a nível físico
• Há duas alternativas para implementar o 10GbE a nível físico: solução série e
solução paralelo.

• A solução série baseia-se no uso de um canal físico operando a 10 Gbit/s.


Sinal Óptico 10 Gbit/s (sem codificação)

MUX

Comando Laser
de laser

• Na solução paralelo há vários canais múltiplos, que podem ser implementados


usando diferentes fibras, ou diferentes comprimentos de onda (WDM).
Fibras em paralelo WDM

MUX

1 fibra óptica
Comando 4 Lasers 4 Fibras Ópticas Comando 4 Lasers MUX WDM
de laser de laser

Débito binário por fibra 2.5 Gbit/s Débito binário por fibra 4×2.5 Gbit/s
(sem codificação) (sem codificação)

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Propriedades das tecnologias usadas
• Na implemetação série a operação emissão/recepção é relativamente simples
e só requer um laser/receptor óptico. A principal desvantagem é que requer
electrónica de alta velocidade e lasers com larguras de banda elevadas. Para
reduzir a banda de transmissão requerida pode-se usar uma codificação PAM.

• Na solução paralelo a principal desvantagem é a necessidade de um módulo


colector/distribuidor dos diferentes canais e a necessidade de requerer várias
fontes/receptores ópticos. A electrónica e as fontes operam, contudo, a
débitos mais baixos, o que implica custos mais baixos.

• As diferentes interfaces para a 10 GbE são as seguintes:

Interface Meio Distância Fonte


10GBase-SX Fibra Multimodal 100-300 m VCSEL, ou FP laser
10GBase-LX Fibra Monomodal ou multimodal 5-15 km VCSEL, FP ou DFB laser
10GBase-Ex Fibra Monomodal >40 km DFB laser
10GBase-Cx Par de cobre <20 m Tensão eléctrica

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