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UFRJ – Faculdade Nacional de Direito

Sociologia Jurídica – Profo Luís Eduardo


Thiago Gomes dos Santos Barboza
Dissertação: A moralidade do aborto relacionado ao documentário
“À margem do corpo”

A complexidade da questão do aborto gera diversas discussões e


indagações sobre o tema. O texto de Maurizio Mori trata tal assunto como
uma analise da moralidade do aborto, e coloca como principal questão o
saber se o feto é ou não pessoa. Já o documentário apresentado sobre o
tema, que relata a vida de uma mulher que teria sido estuprada, mas não
pode abortar o filho, gerando varias conseqüências como o assassinato do
mesmo, traz uma questão interessante: se a Deuseli abortasse a criança ela
teria passado por tudo que ela passou e tiraria a vida do seu filho?
No texto do Maurizio são mostrados diversos pontos de vista a
respeito do aborto. Há aqueles que o condenam moralmente, como é o caso
da Igreja Católica, os que o condenam parcialmente, como o “Movimento
pela Vida”, e também aqueles que defendem a legalização do aborto
acreditando ser uma questão social devendo ser defendido pelo Direito,
mas controlado pelo Estado e por fim aqueles que defendem o aborto
acreditando ser um assunto privado da mulher e que esta pode realizar o
procedimento quando acreditar ser necessário.
Embora haja diversas opiniões diferentes sobre o aborto, o fato é que
a realidade social mostra que as mulheres que realmente querem abortar
procuram clinicas clandestinas e acabam muitas vezes sofrendo
conseqüências graves por isso. Portanto o assunto central é a legalização do
aborto, para remediar uma realidade social.
Há uma crença de que, se o aborto for legalizado as mulheres
poderiam realizar tal procedimento com orientação medica e evitar a
procura por práticas que coloquem sua vida em risco. Tal crença baseia-se
na premissa deque uma mulher que quer abortar hoje em dia no país ela
fará de qualquer forma, mesmo que não seja legalizado.
Essa é a questão que o documentário sobre o aborto quer trazer. Se o
aborto fosse legalizado talvez a Deuseli não passasse por tudo que ela
passou. Se ela pudesse abortar antes ela não tiraria a vida de seu filho. Há
aí uma fragilidade na argumentação daqueles que defendem que o feto deve
ser gerado e que a mulher deve cuidar dele, mesmo que esse filho não seja
desejável.
A questão apresentada por Maurizio, de saber se o feto é ou não
pessoa, busca o entendimento se o aborto é moralmente licito ou ilícito,
mas não resolve o sofrimento que uma mulher tem a se ver não posição de
abortar. O Direito tenta entender o assunto dentro do mundo jurídico
quando na verdade o assunto deve ser tratado como um problema de saúde
publica.
O caso de Deus Eli, serve como exemplo do que uma mulher tem
que passar para poder abortar uma criança. Toda a discussão acaba por
gerar um constrangimento para a mulher que se encontra em uma posição
fragilizada e acaba tendo que tomar decisões inconscientes ou como
acontece muitas vezes ter que gerar um filho indesejável.
Para que a discussão do aborto possa caminhar para uma solução,
deve-se, primeiramente, mudar tal decisão para o plano médico, como um
assunto de saúde publica e não apenas no plano do Direito. Mesmo que a
constituição afirme que o aborto só é aceito em condições especificas, o
assunto deve ser tratado de forma inversa. Deve-se observar quais são as
necessidades da sociedade e então regulamentar a pratica do aborto. O que
acontece hoje é que a leis ditam o que o cidadão deve ou não fazer e então
esse por não poder realizar seu objetivo passa a atuar na ilegalidade e
muitas vezes sofrer e se expor a situações constrangedoras
.

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