Thiago Gomes dos Santos Barboza Dissertação: A moralidade do aborto relacionado ao documentário “À margem do corpo”
A complexidade da questão do aborto gera diversas discussões e
indagações sobre o tema. O texto de Maurizio Mori trata tal assunto como uma analise da moralidade do aborto, e coloca como principal questão o saber se o feto é ou não pessoa. Já o documentário apresentado sobre o tema, que relata a vida de uma mulher que teria sido estuprada, mas não pode abortar o filho, gerando varias conseqüências como o assassinato do mesmo, traz uma questão interessante: se a Deuseli abortasse a criança ela teria passado por tudo que ela passou e tiraria a vida do seu filho? No texto do Maurizio são mostrados diversos pontos de vista a respeito do aborto. Há aqueles que o condenam moralmente, como é o caso da Igreja Católica, os que o condenam parcialmente, como o “Movimento pela Vida”, e também aqueles que defendem a legalização do aborto acreditando ser uma questão social devendo ser defendido pelo Direito, mas controlado pelo Estado e por fim aqueles que defendem o aborto acreditando ser um assunto privado da mulher e que esta pode realizar o procedimento quando acreditar ser necessário. Embora haja diversas opiniões diferentes sobre o aborto, o fato é que a realidade social mostra que as mulheres que realmente querem abortar procuram clinicas clandestinas e acabam muitas vezes sofrendo conseqüências graves por isso. Portanto o assunto central é a legalização do aborto, para remediar uma realidade social. Há uma crença de que, se o aborto for legalizado as mulheres poderiam realizar tal procedimento com orientação medica e evitar a procura por práticas que coloquem sua vida em risco. Tal crença baseia-se na premissa deque uma mulher que quer abortar hoje em dia no país ela fará de qualquer forma, mesmo que não seja legalizado. Essa é a questão que o documentário sobre o aborto quer trazer. Se o aborto fosse legalizado talvez a Deuseli não passasse por tudo que ela passou. Se ela pudesse abortar antes ela não tiraria a vida de seu filho. Há aí uma fragilidade na argumentação daqueles que defendem que o feto deve ser gerado e que a mulher deve cuidar dele, mesmo que esse filho não seja desejável. A questão apresentada por Maurizio, de saber se o feto é ou não pessoa, busca o entendimento se o aborto é moralmente licito ou ilícito, mas não resolve o sofrimento que uma mulher tem a se ver não posição de abortar. O Direito tenta entender o assunto dentro do mundo jurídico quando na verdade o assunto deve ser tratado como um problema de saúde publica. O caso de Deus Eli, serve como exemplo do que uma mulher tem que passar para poder abortar uma criança. Toda a discussão acaba por gerar um constrangimento para a mulher que se encontra em uma posição fragilizada e acaba tendo que tomar decisões inconscientes ou como acontece muitas vezes ter que gerar um filho indesejável. Para que a discussão do aborto possa caminhar para uma solução, deve-se, primeiramente, mudar tal decisão para o plano médico, como um assunto de saúde publica e não apenas no plano do Direito. Mesmo que a constituição afirme que o aborto só é aceito em condições especificas, o assunto deve ser tratado de forma inversa. Deve-se observar quais são as necessidades da sociedade e então regulamentar a pratica do aborto. O que acontece hoje é que a leis ditam o que o cidadão deve ou não fazer e então esse por não poder realizar seu objetivo passa a atuar na ilegalidade e muitas vezes sofrer e se expor a situações constrangedoras .