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Curso de Psicologia

Psicologia e Organizações
Docente: Rebeca
Turma: 6º Semestre - Manhã

Filme – A classe operária vai ao paraíso

Kilson Pinheiro de Sena

Fortaleza
2011
O filme aborda a questão das lutas operárias na Itália dos anos 70. Década
de muita efervescência social, o diretor procura mostrar as contradições do
capitalismo italiano (ainda em desenvolvimento) na figura de Lulu, um operário
exemplar para os capitães da industria, até que sofre um acidente de trabalho e Lulu
passa a ver seu trabalho de outra maneira e conscientiza-se de sua situação
mecânica. O filme é ilustrativo por discutir diversas questões históricas e
sociológicas, tais como os modos de produção (taylorismo, fordismo).
A primeira cena já é ilustrativa para o que irá se desenvolver ao longo do
filme. Lulu, personagem principal do filme, operário exemplar da fábrica e aspirante
a pequeno burguês da classe média, já acorda pensando em seu trabalho fazendo
diversas analogias entre a fisiologia humana e a fábrica na qual trabalho. Para ele
seu cérebro é a administração central da fábrica, aonde tudo fica guardado, e seu
corpo funciona conforme os movimentos das máquinas as quais lida – em uma
alusão ao sistema digestivo, que, segundo ele, funcionaria como uma espécie de
máquina triturada feita por diversas engrenagens.
Isto demonstra, de certa maneira, a primeira crítica que o filme faz ao modo
de produção do sistema capitalista, que obriga o trabalhador, em sua perspectiva, a
viver sempre pensando no trabalho. De categoria central da vida social do homem, o
trabalho toma no filme a categoria de totalidade da vida social de Lulu, ele vive
somente para o trabalho, até que um evento inusitado acontece com ele.
Outra cena que fala por si só, é o momento em que os operários estão
almoçando e Lulu está conversando com seus dois novos colegas (estudantes). Na
conversa Lulu vai falando algumas coisas sobre como ele se concentra e a
centralidade que tem dentro da fábrica a questão do ritmo de trabalho para o
aumento da produtividade. Nessa pequeno momento de conversa, então, os
estudantes indagam Lulu sobre no que ele está trabalhando, qual é afinal de contas
o produto (ou mercadoria) final no qual ele dá tanto de si para fazer. Lulu diz que é
alguma espécie de motor ou algo tipo, demonstrando claramente que não sabe qual
é o resultado final de seu trabalho, representando aquilo que Marx chamou de
alienação. Outra cena que denota tal alienação é quando Lulu vai visitar Militina no
manicômio. Lulu pergunta a Militina porque o internaram. Militina fez a pergunta que
muitos trabalhadores gostariam de fazer: “O que produzimos na fábrica?”, ao ver
que Lulu tem dificuldade em responder o que passa anos de sua vida a produzir,
Militina afirma: “Um homem tem o direito de saber o que fabrica, para que serve. Sim
ou não?”
Questão importante é a dos modos de produção (fordismo, taylorismo) na
qual aparece no filme a transição do modo que Taylor chamou de “administração
empírica” no qual o trabalhador é o responsável por tudo o que é produzido, tendo
assim total domínio sobre o modo pelo qual é desenvolvido seu trabalho, ou seja,
tendo o poder de promover greves e protestos na fábrica uma vez que os gerentes e
capitães de fábrica não detém o conhecimento sobre os processos de trabalho. Na
segunda parte do filme quase no final, já podemos notar o aparecimento da esteira
de produção organizada agora pela “administração científica” aonde as
responsabilidade, segundo Taylor, são compartilhadas entre patrões e empregados
e, além disso, o processo de trabalho, ou melhor dizendo, o conhecimento do
trabalho é documentado e por isso cientifico.

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