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A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

Quero falar sobre a importância da família na ótica espiritual,


aos olhos de Deus e à luz do que a Bíblia ensina.
Muitos de nós só enxergamos o valor emocional, sentimental da
família; mas o problema desta avaliação é que a família somente
é boa quando as circunstâncias também são. Quando há crise,
problemas de relacionamento e uma série de outros fatores que
contribuem para que as emoções se desgastem, o valor
atribuído à família é seriamente comprometido. Atribuir à
família apenas o valor sentimental pode ser algo muito perigoso.
Precisamos ir além disso e entender o valor que nosso Pai
Celestial agregou à família. E a partir disso, poderemos trabalhar
o valor emocional permitindo que ele se alinhe ao que as
Escrituras Sagradas nos ensinam.
DEUS PENSA EM TERMOS DE FAMÍLIA
O Senhor não trata apenas com indivíduos, mas também com
famílias. É claro que a salvação e a fé são individuais. A Palavra
de Deus declara: “Assim, pois, cada um de nós dará conta de si
mesmo a Deus” (Rm 14.12). Contudo, quando falamos a respeito
de propósito (não de responsabilidade), percebemos que a Bíblia
apresenta um Deus que pensa em termos de famílias, e não
apenas de indivíduos.
Quando o Senhor chamou o patriarca Abraão (na ocasião ainda
chamado de Abrão), e fez com ele uma aliança, ainda que
estivesse tratando com um indivíduo, estava também focando a
família:

“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua


parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei
o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te
abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti
serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12.3)
Observe que o Senhor fala de multiplicar a família de Abrão com
o propósito de abençoar TODAS as famílias da terra. Ou seja,
Deus está prometendo abençoar uma família para, através dela,
poder abençoar todas as demais famílias do planeta (em todas
as épocas). É evidente que o Criador, em seus planos e
propósitos para a humanidade, pensa em termos de família.
Encontramos este padrão (salvação individual, mas propósito
familiar) nas histórias bíblicas. Basta recordar o que aconteceu
com Noé:
“Porque eis que eu trago o dilúvio sobre a terra, para destruir, de
debaixo do céu, toda a carne em que há espírito de vida; tudo o
que há na terra expirará. Mas contigo estabelecerei o meu pacto;
entrarás na arca, tu e contigo teus filhos, tua mulher e as
mulheres de teus filhos.” (Gênesis 6.17,18)
Noé chamou a atenção de Deus com sua integridade. Ele,
sozinho, conseguiu isso. Mas o livramento se estendeu a toda a
sua família. Vemos o mesmo com Ló:
“Então disseram os homens a Ló: Tens mais alguém aqui? Teu
genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens na cidade,
tira-os para fora deste lugar; porque nós vamos destruir este
lugar, porquanto o seu clamor se tem avolumado diante do
Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo. Tendo saído Ló, falou
com seus genros, que haviam de casar com suas filhas, e disse-
lhes: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de
destruir a cidade. Mas ele pareceu aos seus genros como quem
estava zombando. E ao amanhecer os anjos apertavam com Ló,
dizendo: Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui
estão, para que não pereças no castigo da cidade. Ele, porém, se
demorava; pelo que os homens pegaram-lhe pela mão a ele, à
sua mulher, e às suas filhas, sendo-lhe misericordioso o Senhor.
Assim o tiraram e o puseram fora da cidade. Quando os tinham
tirado para fora, disse um deles: Escapa-te, salva tua vida; não
olhes para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície;
escapa-te lá para o monte, para que não pereças.” (Gênesis
19.12-17)
O que podemos dizer da família de Ló? Sua mulher, ao sair de
Sodoma, olhou para trás (desobedecendo à ordem divina e
demonstrando saudade daquele lugar) e foi julgada por Deus.
Seus futuros genros não creram em sua mensagem e ainda
zombaram dele. Suas filhas o embebedaram para cometer
incesto. Você consegue enxergar uma grande justiça na vida
destes familiares? Eu não! Aliás, vale ressaltar que quem foi
chamado de justo pelas Escrituras foi o próprio Ló, assim ele é
chamado em 2ª Pedro.
Mas ainda que a salvação seja individual, Deus, em termos de
propósito, também trata com as famílias. Continuamos
encontrando este fato nas páginas do Novo Testamento:

“E ele nos contou como vira em pé em sua casa o anjo, que lhe
dissera: Envia a Jope e manda chamar a Simão, que tem por
sobrenome Pedro, o qual te dirá palavras pelas quais serás salvo,
tu e toda a tua casa.” (Atos 11.14)
“Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua
casa.” (Atos 16.30)
Precisamos compreender esse propósito divino para a família.
Entender o projeto de Deus nos ajudará a discernir o valor que
Ele atribui à família.
MANDAMENTOS FAMILIARES
Desde que instituiu a família, o Criador a protegeu, dando aos
homens leis que deveriam proteger a instituição chamada
família. Nos Dez Mandamentos, temos dois deles diretamente
ligados à questão familiar (a ordem de honrar os pais e a de não
adulterar – sem contar o de não cobiçar a mulher do próximo).
As Sagradas Escrituras estão repletas de mandamentos
familiares – ordens divinas acerca da vida familiar.
Esses mandamentos, se obedecidos, trazem bênçãos sobre a
vida daqueles que os praticam. Por outro lado, a quebra desses
mandamentos, que podemos chamar de “pecados familiares”,
também trarão consequências. A ordem divina de honrar os
pais, por exemplo, é chamada de “o primeiro mandamento com
promessa”:
“Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto
é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro
mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de
longa vida sobre a terra.” (Efésios 6.1-3)
Obedecer aos mandamentos que protegem a família nos farão
ser bem-sucedidos em tudo e ainda aumentar nossos dias de
vida. Prosperidade e longevidade num pacote só!
Os filhos devem a seus pais não apenas obediência, mas
também honra. Ao se casarem, os filhos deixam pai e mãe e se
unem ao seu cônjuge; isso põe fim à necessidade de obediência,
mas não de honra:
“Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam eles
primeiro a exercer piedade para com a sua própria família, e a
recompensar seus progenitores; porque isto é agradável a Deus.”
(1 Timóteo 5.4)
Os filhos devem recompensar seus pais (que os criaram) quando
esses chegam à velhice; devem suprir seus progenitores não só
em suas necessidades materiais. Ainda que não devam mais a
obediência de quando viviam sob seu teto, devem honra.
Sempre!
Além dos mandamentos que determinam a conduta dos filhos
para com os pais, também encontramos na Bíblia os
mandamentos que determinam a conduta dos pais para com os
filhos, especialmente a ordem de criá-los no temor do Senhor:

“E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na


disciplina e admoestação do Senhor.” (Efésios 6.4)
“Que [o bispo] governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos
em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe
governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)”
(1 Timóteo 3.4,5)
Também há mandamentos dados por Deus para os cônjuges. O
marido deve amar sua mulher, honrá-la e trata-la de forma
correta; a esposa deve submeter-se e respeitar seu marido:
“Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como
a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si
mesmo.” (Efésios 5.28)
“Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis
asperamente.” (Colossenses 3.19)
“Vós, mulheres, submetei-vos a vossos maridos, como ao Senhor;
porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a
cabeça da igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo. Mas,
assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as
mulheres o sejam em tudo a seus maridos.” (Efésios 5.22-24)
A FAMÍLIA EM NOSSA ESCALA DE VALORES
A escala de valores de muitos cristãos está desordenada. Alguns
estão vivendo de modo desordenado porque não fazem a menor
ideia do que as Escrituras ensinam a respeito do assunto; outros
porque, não conseguem mantê-los na prática.
Para quem deseja viver no lugar correto de importância à família
atribuída por Deus, a primeira coisa a ser feita é conhecer a
escala de valores do ponto de vista de Deus, ou seja, aquilo que
a Bíblia ensina. Depois, é lutar para fazer funcionar.
Deus em primeiro lugar
Não há nada, absolutamente nada, que possa ocupar o primeiro
lugar de nossas vidas, a não ser Deus. O mandamento dado a
Moisés foi lembrado e enfatizado pelo próprio Senhor Jesus ao
ser questionado sobre o primeiro de todos os mandamentos:
O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda
a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas
forças.
Amar ao Senhor de todo o nosso coração, alma, entendimento e
forças, é colocá-lo em primeiro lugar nas nossas vidas. Jesus
deixou bem claro a qualquer que quisesse segui-lo como
discípulo, que deveria reconhecê-lo em primeiro lugar em suas
vidas, na frente das pessoas que normalmente nos são as mais
amadas e queridas:
“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e
filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não
pode ser meu discípulo. Quem não leva a sua cruz e não me
segue, não pode ser meu discípulo. Assim, pois, todo aquele
dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser
meu discípulo.” (Lucas 14.26,27 e 33)
O Senhor deve estar à frente dos pais, cônjuge, filhos e qualquer
outro familiar. Ele deve ser o primeiro valor em nossa lista ou
escala de prioridades. Deve vir antes de nossa própria vida.
Deve vir antes de nossos bens ou qualquer outra coisa. Quando
falamos sobre Deus vir antes, não é porque as coisas que nos
dispomos a renunciar não têm mais lugar em nossas vidas;
apenas elas vêm depois.
Por exemplo: se o meu cônjuge, incomodado com minha fé me
dá um ultimato e me manda escolher entre ele ou o Senhor, me
disponho a sacrificá-lo e ficar com Deus, pois Deus é o maior
valor de minha vida. Mas se, mesmo não sendo cristão, meu
cônjuge não se importa que eu busque ao Senhor, então ele
passa a ser meu segundo maior valor ou prioridade (1 Co
7.12,13). O primeiro lugar de nossa vida, indiscutivelmente, é de
Deus:
“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6.33)
Repetindo: isso não quer dizer que as outras coisas não caibam
em nossas vidas; tão somente que elas vêm depois de Deus.
Família em segundo lugar
Muita gente tem errado ao pensar que a igreja ou o ministério
vem logo depois de Deus. Na verdade, a família vem em segundo
lugar.
Como declarou Dwight L. Moody, o grande evangelista: “Acredito
que a família foi estabelecida muito antes da igreja, e o meu
dever é primeiro com minha família. Não devo negligenciar
minha família”.
Veja o que as Sagradas Escrituras ensinam acerca do lugar da
família na nossa escala de valores:
“Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua
família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo.” (1 Timóteo
5.8)
Não há dúvida de que a família é nossa segunda prioridade
depois de Deus. Se alguém negligenciar sua família por causa da
igreja, do ministério, ou de qualquer outra coisa, por mais
“espiritual” que pareça, estará contra a Palavra de Deus. Paulo
disse que tal pessoa está negando a fé e é pior do que um
incrédulo. Neste texto que acabei de ler o apóstolo Paulo estava
falando com os crentes que iam à igreja, mas estavam
negligenciando o lar. Logo, concluímos que a família vem antes
da igreja na nossa escala de valores. Há um outro texto que
mostra claramente a família como uma prioridade antes da
igreja e do ministério. É o conselho pastoral que Paulo queria
estender a todos os ministros debaixo da supervisão de
Timóteo:
“É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de
uma só mulher, …que governe bem a sua própria casa, tendo
seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não
sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de
Deus?)” (1 Timóteo 3.2,4 e 5)
Observe que o homem de Deus deve ser exemplar quanto à sua
família. Fiel à sua esposa, e governando bem sua casa e seus
filhos; caso contrário, não poderá cuidar de igreja e ministério.
A Palavra de Deus não deixa a menor sombra de dúvida quanto
ao lugar que nossa família deve ter na nossa escala de valores.
Mas muitos cristãos têm negligenciado a sua família. Muitos pais
que não dão tempo e atenção aos seus filhos se queixam de vê-
los desviados, mas não percebem que estão andando em
desordem. Há esposas perdendo seus maridos e vice-versa,
porque não os colocaram no lugar certo na escala de valores. É
hora de ordenarmos nossos passos e darmos atenção, honra e
dedicação devidas à família.
Trabalho em terceiro lugar
Infelizmente existem pessoas que são viciadas em trabalho e
cujas vidas não estão em ordem, pois desrespeitaram a escala
bíblica de valores, pondo o trabalho em primeiro lugar (muitos
perdem o eixo nisso tentando ser bem sucedido em cuidar da
família). Mas também existem aqueles que colocam o trabalho
no último lugar na sua escala de valores, ou que nem mesmo
colocam o trabalho em suas prioridades.
Quando a Bíblia fala daquele que não cuida da sua família sendo
pior do que o descrente (1 Tm 5.8), está falando, no contexto,
sobre sustento material, sobre provisão das necessidades
físicas. Um cristão que não leva a sério o trabalho, ao ponto de
deixar sua família passar necessidade, está violando os dois
valores mais importantes que vêm logo depois de Deus.
(entenda que deixar os filhos passarem necessidades é diferente
de uma vida simples).
O trabalho é uma ordem bíblica. É o meio do homem sustentar
sua casa e viver dignamente.
O mandamento de Deus é claro: quem não trabalha, não deve
ser sustentado pelos outros. Cada homem tem a obrigação e a
responsabilidade de se envolver com o trabalho; isto não apenas
o proverá quanto às suas necessidades, mas ocupará
corretamente o seu tempo, livrando-o de outros problemas.
Paulo se orgulhava de nunca ter sido um peso para ninguém, e
de suas próprias mãos (seu trabalho) terem lhe provido o
sustento (At 20.34).
Alguns estudantes crentes não sabem onde devem colocar seus
estudos nesta escala. Considerando que o estudo é um meio de
profissionalização e preparo para melhores trabalhos, deve ser
colocado no mesmo lugar que o trabalho. Porém, algumas
famílias conseguem manter seus filhos somente estudando sem
que trabalhem, mas a maioria não. Portanto, devemos
aconselhar e encorajar nossos jovens que enfrentem a correria
de exercer as duas atividades, pois, independentemente da
necessidade financeira, o trabalho engrandece e amadurece a
pessoa.
Se dermos o valor devido a cada uma destas atividades,
mantendo-as em ordem na escala de valores e respeitando esta
ordem em nosso dia a dia, deixaremos de ter muitos dos
problemas que já tem nos incomodado.
O trabalho tem o propósito de servir ao cuidado familiar; mas
requer muita atenção e equilíbrio de nossa parte, uma vez que
alguns, por se dedicar demais ao trabalho, acabam perdendo a
própria família da qual deveriam cuidar, enquanto outros, por
sua vez, negligenciam o cuidado básico.
Durante muito tempo eu acreditei que o Senhor abençoava a
família porque ela era importante para nós. Portanto, como
forma de nos agradar, pelo valor que nós damos à família, o Pai
Celeste a abençoava. Contudo, descobri que Deus não abençoa a
família apenas por ser importante para nós. É muito mais do que
isso, uma vez que a família é importante para Ele!

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