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http://dx.doi.org/10.5007/2177-7055.

2017v38n76p115

Do Ministério Público como Superego da


Sociedade: design institucional e legitimidade na
atuação judicial e extrajudicial

The Prosecution Service as Superego of Society: institutional design and


legitimacy in judicial and extrajudicial proceedings

Rafael de Oliveira Costa


Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo, São Paulo - SP, Brasil
University of California, Berkeley - CA, Estados Unidos

Resumo: O presente artigo pretende analisar a Abstract: This article analyzes the expansion
expansão da função juspolítica protagonizada of the juspolitical function carried by Prose-
pelo Ministério Público sob o marco teórico de cutors under the theoretical framework of In-
Ingeborg Maus, em decorrência da recente pro- geborg Maus. It uses hypothetical-deductive
jeção da moralidade pública na função exercida reasoning, drawing on data from primary and
por Promotores/Procuradores de Justiça. Trata-se secondary nature, concluding that, to avoid ar-
de pesquisa que faz uso de raciocínio hipotético- bitrariness restrictions of popular sovereignty,
-dedutivo, valendo-se de dados de natureza pri- it is indispensable that the Prosecution Service
mária e secundária, permitindo concluir que, adopts a new institutional design, enhancing its
para evitar o arbítrio cerceador da soberania performance by focusing on the efficient exer-
popular, o Ministério Público adote um novo de- cise of the role of superego of society.
sign institucional que potencialize a sua atuação,
Keywords: Institutional Design. Superego of
com foco na preparação para o exercício eficien-
Society. Expansion of Juspolitical Function.
te da condição de superego da sociedade.
Palavras-chave: Design Institucional do Mi-
nistério Público. Superego da Sociedade. Ex-
pansão da Função Juspolítica.

Recebido em: 06/11/2016


Revisado em: 10/04/2017
Aprovado em: 20/05/2017
Do Ministério Público como Superego da Sociedade: design institucional e legitimidade na atuação judicial e extrajudicial

1 Introdução

Com o advento da Constituição de 1988, o Ministério Público pas-


sou a ser não apenas o titular da ação penal pública, mas a desempenhar
outras funções essenciais para a defesa dos interesses da sociedade. Como
exemplo, o Parquet passou a ser responsável por zelar pelo efetivo respei-
to dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública, a promover
o inquérito civil e a ação civil pública, a defender judicialmente os direi-
tos e interesses das populações indígenas, a exercer o controle externo da
atividade policial, entre outras atribuições (BRASIL, 1988, art. 129).
Essa alteração no campo normativo, contudo, tem implicado na mo-
dificação do papel social exercido pelo Ministério Público. Segundo enten-
de-se, a intensa atuação na defesa dos direitos coletivos, especialmente na
seara da improbidade administrativa, tem levado ao aumento da confiança
da população na instituição e, consequentemente, à projeção pela socieda-
de da moralidade pública na função exercida por Promotores/Procuradores
de Justiça1. O presente estudo pretende, nesse contexto, traçar os primeiros
passos na árdua análise da expansão da função juspolítica protagonizada
pelo Ministério Público sob a égide do conceito psicanalítico de imago pa-
terna, em conformidade com a proposta de Ingeborg Maus (2002).
No intuito de evitar superficialismos e primar pela objetividade,
faz-se indispensável, primeiramente, atentar para a função de superego
desempenhada pelo Ministério Público para, então, nos debruçar sobre o
design institucional desejado para a instituição.
A seguir será vista a concretização de nosso plano de estudos.

1
A título de exemplo, em recente diagnóstico realizado pela Praxian Business &
Marketing Specialists e disponibilizado pelo http://www.justocantins.com.br/, constatou-
se que a população possui a percepção de que o CNMP e o MP são “muito importantes
para a Sociedade” e a maioria dos entrevistados vinculou a atuação do Ministério Público
DRVLGHDLVGHMXVWLoD¿VFDOL]DomRHFRPEDWHjFRUUXSomR$OpPGLVVRDSHVTXLVDËQGLFH
GH&RQ¿DQoDQD-XVWLoD GLVSRQtYHOHPKWWSELEOLRWHFDGLJLWDOIJYEUGVSDFHELWVWUHDP
handle/10438/10282/Relat%C3%B3rio%20ICJBrasil%202%C2%BA%20e%20%20
3%C2%BA%20Trimestre%20-%202012.pdf?sequence=1>) realizada pela Fundação
Getúlio Vargas, revelou que o Ministério Público é a terceira instituição que recebe a
PDLRUFRQ¿DQoDGDVRFLHGDGH

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Rafael de Oliveira Costa

2 Do Ministério Público como Superego da Sociedade

Hodiernamente, o Ministério Público passou a desempenhar tarefas


que diversas vezes excedem suas atribuições e que não lhes são, ao menos
sob a égide da concepção clássica de separação dos poderes, precípuas.
A expressão “Estado Democrático de Direito” não significa que
Promotores e Procuradores apenas apliquem o Direito “preexistente”
(SHAPIRO, 1994, p. 155-156). O Ministério Público, especialmente ao
propor demandas ou resolver conflitos por meio da atuação extrajudicial,
também cria o Direito. O paradoxo, contudo, está no fato de que, embora
criem o Direito, Promotores e Procuradores normalmente não assumem
fazê-lo (SHAPIRO, 1994, p. 155-56), sustentando serem parte de uma
“instituição peculiar” e que “segue os ditames constitucionais e legais”.
Contudo, o Ministério Público exerce parcela da autoridade política
do Estado, embora a natureza política dessa atividade nada tenha a ver
com o exercício de atividade “política partidária”. Isso porque a condição
de agente político, a “filtragem” das circunstâncias fáticas no momento
de ajuizamento de demandas judiciais e a função “criadora” que vem sen-
do desempenhada pelos feitos coletivos ultrapassam a visão do proces-
so como “um bloco de papel”, compreendendo-o como fruto pulsante da
vida em julgamento, de modo a exigir uma nova forma de atuar de Pro-
motores e Procuradores de Justiça.
Assim, sob o argumento de se manter a ordem e a credibilidade na
Justiça, os membros do Ministério Público têm se imiscuído cada vez
mais no âmbito tradicionalmente demarcado para o exercício da função
política.2 Temas que relacionam Direito e Política têm sido recorrentes

2
Não existe consenso na doutrina acerca da distinção entre Direito e Política. Dentre as
mais respeitadas proposições teóricas acerca do tema e de buscando ir além da análise de
Ingeborg Maus realizada no presente trabalho, encontra-se a proposta de Niklas Luhmann
(1990). Segundo Luhmann, o sistema do Direito é o conjunto de todas as comunicações
SURGX]LGDVQDVRFLHGDGHTXHVHUH¿UDPDR'LUHLWR8WLOL]DRDXWRUD³UHJUDGHDWULEXLomR´
que permite indicar se uma comunicação possui referência ao Direito. Essa comunicação
se dá por meio de um código binário que, no sistema do Direito, é baseado na oposição
lícito/ilícito (LUHMANN, 1994, p. 92). O código, então, garante a autonomia do sistema
do Direito, a sua diferença em relação ao seu ambiente, o seu fechamento operacional

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Do Ministério Público como Superego da Sociedade: design institucional e legitimidade na atuação judicial e extrajudicial

nas sessões dos tribunais em razão das demandas coletivas ajuizadas pelo
Ministério Público. A título de exemplo, a ação civil pública, como ins-
trumento idôneo e apto a viabilizar a concretização de políticas públicas,
torna cada vez mais necessária a revisão da teoria clássica da separação
dos poderes em razão da intervenção do Ministério Público em temáticas

(LUHMANN, 1998). Por mais paradoxal que possa parecer, o fechamento operacional
do sistema em Luhmann permite a sua abertura cognitiva e, desse modo, o Direito se
porta como um sistema aberto para as demandas sociais, que podem vir de qualquer outro
sistema (Política, Economia, entre outros) (LUHMANN, 1985).
O sistema da Política possui estrutura similar e também exerce uma função que o
diferencia no interior da sociedade, ao formular decisões que vinculam a coletividade
por meio do código situação/oposição. Assim, a diferenciação entre Direito e Política
QmRVLJQL¿FDRLVRODPHQWRGHVVHVGRLVVLVWHPDV([LVWHXPFDQDOGHFRPXQLFDomRHQWUH
eles, que segue os limites traçados pela Constituição. A Constituição, na modernidade,
surge como o meio adequado para a comunicação entre a Política e o Direito, fornecendo
“os critérios de organização Política do poder e os critérios de geração do Direito”
(CORSI, 2001, p. 173). Em princípio, o Legislativo, o Judiciário e o Ministério Público
GHVHPSHQKDP DWULEXLo}HV GLYHUVDV H EHP GH¿QLGDV 2 /HJLVODWLYR VH HQFRQWUD LPHUVR
em um contexto com um alto grau de complexidade, em que é vasto o plexo de matérias
que se pode tornar objeto de seleção/decisão. Daí a necessidade de uma programação
teleológica, própria da produção legislativa, canalizando o desejo de mudança do Direito
vigente (LUHMANN, 1985, p. 34-42). A programação condicional, tipicamente utilizada
na aplicação das leis pelo Judiciário e pelo Ministério Público, diverge diametralmente
desse estado de coisas. Ela assume uma relação de se/então, ou seja, ocorrida uma
hipótese, tem-se uma determinada consequência (CORSI, 2001, p. 173).
Devemos ressaltar que essa associação entre programação teleológica e Poder Legislativo,
de um lado, e programação condicional e Poder Judiciário/Ministério Público, de outro,
não se dá de forma hermética. É claro que o Judiciário e o Ministério Público operam
com programações teleológicas, como acontece com os princípios constitucionais ou com
DVQRUPDVFODVVL¿FDGDVSHODGRXWULQDFRQVWLWXFLRQDOEUDVLOHLUDGHSURJUDPiWLFDV2TXH
se pretende deixar claro, contudo, é o primado da atuação de cada uma das espécies de
programação nas diferentes instituições. No Legislativo, há um primado operacional de
programações teleológicas. No Judiciário/Ministério Público, ao contrário, prevalecem
as programações condicionais. Assim, é possível concluir que: “No transcurso
GR SURFHVVR KLVWyULFR GH D¿UPDomR GR FRQVWLWXFLRQDOLVPR R QRYR WHORV MXUtGLFR
FLYLOL]DFLRQDOGR2FLGHQWHVHFRQ¿JXUDGRHPWRUQRGD&RQVWLWXLomRFRPRUHIHUHQFLDOGH
fundação, preservação, validação, legitimação, dinamização e atualização do sentido e
do alcance do senso de juridicidade/antijuridicidade do Direito. E, ao longo das fases
do constitucionalismo, as normas, os atos e as omissões passaram a ser aferíveis, no
Direito, pela sua adequação ou inadequação com o senso de juridicidade/antijuridicidade
decorrente da Constituição.” (OLIVEIRA, 2013, p. 230)

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Rafael de Oliveira Costa

até então afetas à agenda política (v.g., tratamentos de saúde, implemen-


tação de políticas públicas na seara da infância e juventude, controle da
qualidade da educação, entre outros).
Desse modo, o Ministério Público vem se tornando – juntamente
com o Poder Judiciário – o último reduto político-moral da sociedade.
É o que Ingeborg Maus convencionou chamar de “superego da socieda-
de órfã” no contexto da expansão do papel dos atores judiciais (MAUS,
2002, p. 186-187). A instituição exsurge com novas atribuições e compe-
tências que até então não lhe eram afeitas, aumentando progressivamente
seu espaço de atuação, num movimento em que procura substituir fun-
cionalmente a figura da imago paterna, responsável por ditar os valores
morais da sociedade, que o Executivo e o Judiciário até então desempe-
nharam (MAUS, 2002, p. 186-187).
Com efeito, a figura do “pai” desempenha o papel de “superego” da
sociedade, visto que esta última encontra-se carente de um órgão central
que fixe os “valores socialmente adequados” (MAUS, 2002, p. 186-187).
Se por um lado percebe-se a descrença no Executivo e no Judiciário como
concretizadores dos direitos fundamentais, a ampliação do papel exercido
pelo Ministério Público brasileiro implica na transferência de parcela do
ônus moral da sociedade, passando a atuar como “superego”. A título de
exemplo, pode-se mencionar a recente rejeição da Proposta de Emenda
Constitucional n. 37, que acrescentaria o § 10 ao artigo 144 da Consti-
tuição Federal, para definir a competência exclusiva para a investigação
criminal pelas polícias federal e civis dos Estados e do Distrito Federal.3
O que se observa, portanto, é a ascensão do Ministério Público4
à qualidade de responsável pela moral na sociedade brasileira (MAUS,

3
Conforme ressaltado anteriormente o Ministério Público está entre as três instituições
PDLVFRQ¿iYHLVHKRQHVWDVSDUDDSRSXODomREUDVLOHLUDGHDFRUGRFRPSHVTXLVDUHDOL]DGD
pela Fundação Getúlio Vargas.
4
O embate pela condição de superego entre o Ministério Público e o Poder Judiciário
pode ser facilmente percebido com a edição da Súmula 34, pelo Conselho Superior
do Ministério Público do Estado de São Paulo. Com efeito, dispõe o enunciado que:
“O Conselho Superior homologará arquivamento de inquéritos civis ou assemelhados
cujo objeto autorize apenas a propositura de ação de reparação de danos ao erário, nos
termos do art. 5º da Lei 8429/92, quando, cumulativamente (1) o prejuízo não alcançar

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2002, p. 192). Por meio da introdução de “pontos de vista de valores” na


argumentação e com ampliação dos limites do processo coletivo, confe-
re-se não só maior grau de legitimação – imunizando as manifestações
e decisões contra qualquer crítica que possa advir da sociedade –, como
também acaba por desvincular o Ministério Público de amarras legais que
poderiam garantir a conformidade da decisão com os anseios sociais.

expressão econômica relevante, assim entendido aquele que não seja superior ao previsto
no art. 20 da Lei Federal n. 10.522/02; (2) houver prova de que o órgão do Ministério
Público tenha comunicado o co-legitimado para a propositura da ação de ressarcimento,
WUDQVPLWLQGRRVHOHPHQWRVGHSURYDQHFHVViULRVDWDO¿QDOLGDGH´$HGLomRGRHQXQFLDGR
veio embasada na conhecida sobrecarga de trabalho na área dos interesses difusos e
no argumento de que é indispensável a racionalização do serviço para alcançar maior
H¿FiFLDQDDWLYLGDGHPLQLVWHULDO3DUDWDQWREXVFRXVHFRQVLJQDUTXHQRVFDVRVGHGDQRV
ao erário de pequena expressão econômica, a atuação do Ministério Público deve voltar-
se para o zelo de que a pessoa jurídica lesada tome as providências necessárias para o
ressarcimento. Ocorre, no entanto, que o entendimento vem contrapor jurisprudência do
6XSHULRU7ULEXQDOGH-XVWLoDQRVHQWLGRTXHQmRVHDSOLFDRSULQFtSLRGDLQVLJQL¿FkQFLDjV
hipóteses de improbidade administrativa. Vejamos o teor do julgado: “Se o bem jurídico
protegido pela Lei de Improbidade é, por excelência, a moralidade administrativa,
GHVDUUD]RDGRIDODUHPDSOLFDomRGRSULQFtSLRGDLQVLJQL¿FkQFLDjVFRQGXWDVFRQVLGHUDGDV
LPRUDLV SHOR SUySULR PDJLVWUDGR 1mR H[LVWH LPSURELGDGH DGPLQLVWUDWLYD VLJQL¿FDQWH H
LPSURELGDGHDGPLQLVWUDWLYDLQVLJQL¿FDQWH2TXHKipLUUHJXODULGDGHLQVLJQL¿FDQWH HSRU
LVVRQmRFRQVWLWXLLPSURELGDGH HLUUHJXODULGDGHVLJQL¿FDQWH HSRULVVRLPSURELGDGH
administrativa). No campo dos valores principiológicos que regem a Administração
3~EOLFDQmRKiFRPR¿VFDOL]DUDVXDREHGLrQFLDFRPFDOFXODGRUDQDPmRH[SUHVVDQGRRV
QDIRUPDGHUHDLVHFHQWDYRV/RJRRSULQFtSLRGDLQVLJQL¿FkQFLDQmRVHSUHVWDSDUDDSyVR
juízo positivo de improbidade, exonerar, por inteiro e de forma absoluta, o infrator
da aplicação das sanções – até da multa civil – previstas na Lei. Nesse âmbito, outros
DVSHFWRVSUHFLVDPVHUOHYDGRVHPFRQWD$LQVLJQL¿FkQFLDFRPRUHJUDH[FOXLDWLSLFLGDGH
da conduta. Ora, no Direito da Improbidade Administrativa a marca é a tipicidade aberta,
a começar pelo próprio sentido de moralidade administrativa. A Lei de Improbidade não
lista, nem descreve, em numerus clausus, as condutas e tipos puníveis, ao contrário do que
o fazem o Código Penal e as normas que prevêem ilícitos administrativos e disciplinares.
Nem poderia fazê-lo, pois o legislador não teria como antecipar exaustivamente todas
DV Do}HV FRQWUiULDV j ERD$GPLQLVWUDomR´ 5(VS »$/ 5HO 0LQLVWUR *,/621
',3348,17$7850$MXOJDGRHP»»'-»»SJULIHL  5(VS
n. 892.818 – RS – 0LQ+(50$1%(1-$0,1± (VVHFRQÀLWRUHÀHWHR
delicado equilíbrio dinâmico que vem surgindo no diálogo Ministério Público / Poder
Judiciário, diante da disputa pela condição de superego da sociedade.

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Assim, enriquecido por pontos de vista morais, o âmbito das “proi-


bições” legais pode ser arbitrariamente estendido ao campo extra-
jurídico das esferas de liberdade. Somente a posteriori, por ocasião
de um processo legal, é que o cidadão experimenta o que lhe foi
“proibido”, aprendendo a deduzir para o futuro o “permitido” (ex-
tremamente incerto) a partir das decisões dos tribunais. Os espa-
ços de liberdade anteriores dos indivíduos se transformam então em
produtos de decisão judicial fixados caso a caso. (MAUS, 2002, p.
186-187)

Com isso, a moral torna-se produto da interpretação do Promotor


de Justiça. E mais: a parcial “absorção” da Ética pelo discurso jurídico
adotado pelos membros da instituição busca imunizar a atividade judicial
e extrajudicial do Ministério Público da crítica moral a que deveria se su-
jeitar (MAUS, 2002).
Frise-se que, ao contrário do que ocorre na Alemanha – país no qual
Maus vislumbra o Judiciário como “superego” da sociedade –, no Bra-
sil, o Ministério Público, atuando como responsável pela “filtragem” das
principais demandas coletivas levadas ao conhecimento do Poder Judi-
ciário – especialmente na seara da improbidade administrativa – e con-
tando com amplo apoio popular, tornou-se verdadeiro órgão de confiança
da sociedade, dizendo, a partir de um juízo de violação ao ordenamento
– e consequente propositura de demandas, celebração de termos de ajus-
tamento de conduta ou expedição de recomendações – aquilo que é ou
não honesto, probo ou moralmente adequado. Assim, na condição de re-
presentante da sociedade e fiscal do cumprimento das leis, a instituição
passou a ter a função de superego. As medidas adotadas por Promotores e
Procuradores, embasadas em argumentos de natureza moral (honestidade,
probidade, entre outros), passaram a ditar valores a serem seguidos pela
sociedade.
Ora, essa condição de superego não foi conquistada instantanea-
mente, mas é fruto de uma construção institucional que se iniciou no perí-
odo de constitution-building pré 1988 e encontra-se, ainda, em progresso.
Trata-se de verdadeira transformação na distribuição de atribuições e que

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vem sendo paulatinamente construída em verdadeiro equilíbrio dinâmico


da separação dos poderes.
Contudo, é preciso ponderar que, quando o Ministério Público –
como ocorre com o Poder Judiciário – ascende à condição de mais alta
instância moral da sociedade, atuando como verdadeiro “superego”, passa
a escapar de importante mecanismo de controle social (MAUS, 2002, p.
186). Em outras palavras, o Direito, a Política e a Moral encontram-se
sujeitos ao crivo de Promotores e Procuradores, seja na atuação extraju-
dicial, seja no âmbito judicial. A emergência de um Direito “que abarca
a própria noção de Moral e Política” faz com que o Ministério Público e
os Tribunais Superiores se considerem competentes para controlar o sen-
tido de Constituição e esta passa a ser produto daquilo que Promotores e
Procuradores – com a homologação do Judiciário – dizem que é (MAUS,
2002, p. 186).
Veja-se, a título de exemplo, a temática da improbidade administra-
tiva. Hodiernamente, administradores públicos tentam, antes de implantar
uma dada política pública ou escolher aqueles que irão assumir cargos de
confiança5, estabelecer um diálogo com o Ministério Público, objetivando
evitar a futura propositura de demanda fundada na Lei n. 8.429/92. Trata-
-se de verdadeira inversão de papéis: se até então a busca se dava pela
jurisprudência sobre o tema, hoje a posição dos membros do Parquet,
verdadeiro órgão responsável pelas demandas levadas ao conhecimento
do Judiciário, ditam as regras para atuação da Administração Pública, in-
clusive por meio da expedição de recomendações e celebração de termos
de ajustamento de conduta.
Portanto, uma reconstrução da função juspolítica desempenhada
pelo Ministério Público apresenta-se oportuna e apropriada para compre-
ender a atuação do órgão no Brasil, objetivando a adoção de medidas ex-
trajudiciais e judiciais racionalmente adequadas com o Estado Democrá-
tico de Direito.

5
A título de exemplo, pode-se mencionar a “consulta” que pretendia elaborar a Presidente
Dilma Roussef ao Ministério Público para a nomeação de ministros no início do mandato
corrente, em razão das repercussões da Operação Lava-Jato.

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3 Por um novo Design Institucional do Ministério Público

Acreditar que seja possível racionalizar o debate acerca da atuação


do Ministério Público, pois, ao invés de ser um defeito – do qual há de se
livrar o aplicador do Direito –, o exercício da função juspolítica por Pro-
motores e Procuradores de Justiça constitui-se em uma qualidade essen-
cial, que deve ser exercida sob determinadas balizas.
Anteriormente vinculado ao Executivo, a instituição adquiriu auto-
nomia funcional, distinguindo-se dos demais poderes e passando a exer-
cer a função de imago paterna da sociedade brasileira. Assim, esse novo
papel desempenhado pelo Ministério Público vem a demandar um novo
desenho institucional capaz de enfrentar com eficiência e dinamismo os
desafios impostos à instituição.
Até que ponto a atuação criativa do Promotor cinge-se ao campo
jurídico e a partir de que instante esse controle perpassa conteúdos de de-
liberação eminentemente Política? Qual deve ser o desenho institucional
do Ministério Público, responsável por ditar os valores a serem seguidos
pela sociedade?
Tradicionalmente, o legislador traça programas e metas pensando
nas consequências de suas decisões. Promotores e Juízes se colocam em
face dessa seleção prévia, olhando para o caso concreto (LUHMANN,
1985): não trabalham apenas com os interesses políticos e econômicos,
mas com os conceitos em que se converteram aqueles interesses, uma
vez que o sistema do Direito encontra-se relativamente fechado para o
exterior. Daí resulta que o Juiz e o Promotor atuam com fatores jurídicos
autorreferenciais transformados em conceitos, os quais são extraídos das
leis (DERZI, 2009, p. 27). Já o legislador atua sobre a heterorreferência,
criando as leis e conciliando interesses diversos (DERZI, 2009, p. 27).
Nesse liame, o Ministério Público é responsável pelo exercício de
parcela significativa do poder político do Estado (ALMEIDA, 2010).
A condição de agente político e a conduta independente de seus Membros
é instrumento de atuação da própria sociedade, garantindo a efetiva apli-
cação e a observância da Constituição. Nesse sentido:

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Do Ministério Público como Superego da Sociedade: design institucional e legitimidade na atuação judicial e extrajudicial

Se a tarefa de elaborar leis é nitidamente política, a de dar efeti-


vidade a essas mesmas leis tem, necessariamente, igual dimensão
política. Obrigado a zelar pela aplicação da lei, com todas as suas
consequências, o Parquet é um órgão estatal cuja atuação repercute
diretamente no exercício do poder por todos os atores políticos da
sociedade. (LOPES, 1997, p. 96)

Tratando-se de instituição responsável por ditar os valores a serem


seguidos pela sociedade, faz-se preciso redesenhar a engenharia insti-
tucional até então estabelecida, para que seja possível uma atuação que
atente para a verdadeira função do Parquet, com foco na preparação para
o exercício eficiente da condição de superego. Ao conceder autonomia
funcional aos seus Membros e delegar a Promotores e Procuradores, além
da função tradicional no âmbito criminal, a de exigir o cumprimento da
lei e a fiscalização de políticas públicas e de direitos coletivos, a insti-
tuição passou a desempenhar um novo papel, razão pela qual não pode o
desenho institucional permanecer o mesmo.
O Ministério Público do futuro, em grande medida, depende de um
novo design institucional e do que fazem hoje seus próprios integrantes,
para além das tendências do cenário jurídico. Orientar-se pelas tendências
das outras instituições seria perder de vista o que o Ministério Público
tem de mais precioso na sua história: os valores ético-morais peculiares
de Promotores e de Procuradores que estão ditando o ritmo de toda a so-
ciedade.
O cenário atual, com o sentimento de democratização e o fortaleci-
mento da transparência, é produto da atuação articulada de seus membros
e demanda resposta à altura.
Não se pode compactuar, assim, com o teor da revogada Súmula
53, do Conselho Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo.
É possível observar que:

Não é dever do órgão do Ministério Público instaurar inquérito civil


ou outro procedimento investigatório para mero acompanhamento
da criação ou execução de programas ou políticas públicas, quando

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não houver notícia concreta de dano ou risco de lesão a interesses


difusos, coletivos ou individuais homogêneos6.

Como superego da sociedade, o Ministério Público é responsável


pela implementação e acompanhamento de políticas públicas, sendo no
mínimo contraditório sustentar que pode o Promotor de Justiça deixar de
atuar porque não há lesão imediata a bens jurídicos ou pelo fato de que al-
guns procedimentos não possuem objeto claro e definido. Ao contrário, os
Membros do Ministério Público devem assumir verdadeiramente a condi-
ção de agentes juspolíticos e passarem a acompanhar os interesses mais
lídimos da sociedade, suas reais prioridades e carências mais profundas.
Assim, a juridicização da política e os debates sobre temáticas po-
liticamente carregadas para o Ministério Público decorre da abertura de
um espaço em que a deliberação passa a ser “técnica” e “despolitizada”,
impulsionando, segundo a “filtragem ministerial”, o protagonismo do Po-
der Judiciário e, por via de consequência, minimizando os entraves do
processo político. O papel de “superego” está a exigir daquele que tem a
função de tutor dos interesses da sociedade que leve em conta as deman-
das sociais, reivindicando e acompanhando a implementação de políticas
públicas, especialmente em searas de reconhecida importância, como a
saúde, a educação e a infância.
Para tanto, o Ministério Público precisa promover um novo desenho
institucional que afaste a burocratização e promova o interesse público,
apresentando-se como abertura de possibilidades a serviço da construção
de uma sociedade justa.
Frise-se, por oportuno, que a “racionalização do serviço” não pode
ser a lógica adotada pela instituição, uma vez que a redistribuição dos fei-

6
O Conselho Superior fundamentava a proposta em dois aspectos: 1) o inquérito civil é
procedimento destinado a apurar lesão ou ameaça de lesão a direito coletivo em sentido
DPSORSDVVtYHOGHVHUWXWHODGRDWUDYpVGDDomRFLYLOS~EOLFDQmRVHMXVWL¿FDQGRLPSRUDRV
Promotores de Justiça a rigidez procedimental própria do inquérito civil para hipóteses nas
quais não há indício de lesão ou ameaça de lesão aos bens jurídicos, cuja defesa incumbe
ao Ministério Público; e 2) a instauração de IC ou PPIC para mero acompanhamento de
programas ou políticas públicas, não raro, tem resultado em inquéritos civis obscuros ou
FRQIXVRVTXHVHHWHUQL]DPVHPREMHWRFODURHGH¿QLGRHPSUHMXt]RGRVHUYLoR

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Do Ministério Público como Superego da Sociedade: design institucional e legitimidade na atuação judicial e extrajudicial

tos de forma adequada, a partir de um design institucional que privilegia


a homogeneidade – e, não, que venha a garantir diferenças entre os diver-
sos cargos existentes – potencializa a produtividade e, consequentemente,
o adequado acompanhamento das políticas públicas a serem devolvidas
em prol da sociedade. Em outras palavras, é preciso, em primeiro lugar,
racionalizar a divisão de trabalho interna da instituição e, apenas em um
segundo momento, deixar de atuar em setores indispensáveis para a so-
ciedade.
Não se pode admitir, ainda, o silêncio daquele que atua como supe-
rego, uma vez que, desse modo, estará ausente a voz da própria socieda-
de. A atuação descompromissada, por exemplo, na seara da improbidade
administrativa e das políticas públicas, não mais se conforma com o mo-
delo independente e proativo assentado na Constituição, incumbindo-lhe
realizar a “filtragem” dos valores a serem seguidos pelos cidadãos, seja
por meio do inquérito civil, seja por meio de qualquer outro procedimento
de natureza investigatória ou até mesmo pela via jurisdicional. O Minis-
tério Público deve ser capaz de estender uma ponte pelo abismo que se-
para os discursos éticos, jurídicos e políticos, fomentando uma verdadei-
ra revolução a partir da consciência de seus integrantes, responsáveis por
exercer poder político e ditar os valores sociais na permanente construção
da Constituição.
Não se pode desconsiderar, nesse liame, nem mesmo a indispen-
sável contribuição trazida pelos mecanismos de governança corporativa.
Assim, não apenas se mostra necessária mudança substancial nos ideais
e normas que regem a atuação de Promotores e Procuradores de Justiça,
mas também a adaptação da estrutura física da instituição, a adoção de
políticas internas mais consistentes, a avaliação de desempenho de seus
membros e o incentivo à formação continuada dos agentes ministeriais
(BIBAS, 2009). O Ministério Público precisa abraçar as novas tecnolo-
gias da informação para tornar a atuação de seus membros mais transpa-
rente, coerente e responsável, em conformidade com a novo papel que lhe
vem sendo conferido pela sociedade (BIBAS, 2009, p. 996).
Por fim, o atendimento ao público e os inúmeros meios disponíveis
para a participação do cidadão –como as audiências públicas, as ouvido-

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rias, entre outros – devem ser vistos como importantes manifestações do


direito de acesso à justiça social, uma vez que, como responsável por di-
tar os valores, o Ministério Público deve estar completamente aberto para
receber o jurisdicionado e garantir voz àquele que representa.

4 Conclusão

Atualmente, o Ministério Público passou a desempenhar tarefas que


diversas vezes excedem suas atribuições e que não lhes são, ao menos sob
a égide da concepção clássica de separação dos poderes, precípuas.
Ao exercer parcela da autoridade política do Estado, ao realizar a
“filtragem” das circunstâncias fáticas no ajuizamento de feitos e diante
da função criadora das demandas coletivas, o Ministério Público vem se
tornando o último reduto político-moral da sociedade.
A instituição exsurge, nesse liame, com novas atribuições e compe-
tências que até então não lhe eram afeitas, aumentando progressivamente
seu espaço de atuação, num movimento em que procura substituir funcio-
nalmente a figura da imago paterna, responsável por ditar os valores morais
da sociedade, que o Executivo e o Judiciário até então desempenharam.
Nesse contexto, o Ministério Público do futuro, em grande medida,
depende de um novo design institucional e do que fazem hoje seus próprios
integrantes, para além das tendências do cenário jurídico. Conforme ressal-
tado, orientar-se pelas tendências das outras instituições seria perder aquilo
que a instituição tem de mais precioso: os valores ético-morais de Promoto-
res e Procuradores e que estão ditando o ritmo de toda a sociedade.
Nesse contexto, não se pode desconsiderar a indispensável contri-
buição trazida pelos mecanismos de governança corporativa, responsá-
veis pela incorporação de novas tecnologias da informação capazes de
tornar a atuação dos membros mais transparente, coerente e responsável.
Em suma, o papel de “superego” está a exigir da instituição que
leve em conta as demandas sociais, reivindicando e acompanhando a
implementação de políticas públicas. E, para tanto, o Ministério Público
precisa promover um novo desenho institucional que afaste a burocrati-

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Do Ministério Público como Superego da Sociedade: design institucional e legitimidade na atuação judicial e extrajudicial

zação e promova o interesse público, apresentando-se como abertura de


possibilidades a serviço da construção de uma sociedade que privilegia o
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Rafael de Oliveira Costa é professor visitante na Universidade da Califórnia-


Berkeley (EUA) e professor na Escola Superior do Ministério Público do Estado
de São Paulo, mestre e doutor em Direito pela Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), graduado em Direito pela UFMG/Universidade de Wisconsin
(EUA) e Promotor de Justiça no Estado de São Paulo.
E-mail: rafaelcosta22000@gmail.com.
(QGHUHoRSUR¿VVLRQDO)yUXP2VFDU8OVRQ5XD%HUQDUGLQRGH&DPSRVQ
Centro, Leme, SP – CEP: 13610-901.

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