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Luiz Felipe Lopes Soares

Estratigrafia e modelo deposicional da


Formação Carapebus baseado na
correlação de poços petrolíferos do
Campo de Marlim – Bacia de Campos

Orientador: Prof. Dr. Alessandro Batezelli

Campinas
Dezembro de 2015.
LUIZ FELIPE LOPES SOARES

ESTRATIGRAFIA E MODELO DEPOSICIONAL DA FORMAÇÃO CARAPEBUS


BASEADO NA CORRELAÇÃO DE POÇOS PETROLÍFEROS DO CAMPO DE
MARLIM – BACIA DE CAMPOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto de
Geociências da Universidade Estadual
de Campinas como requisito para a
obtenção do título de Bacharel em
Geologia.

Orientador: Profº. Drº. Alessandro Batezelli

Campinas
2015
Dedicatória / Agradecimentos

Gostaria de expressar toda minha gratidão aos professores e funcionários do


Instituto de Geociências da Unicamp, pelo apoio recebido nesses cinco anos de
graduação. Em especial ao professor doutor Alessandro Batezelli por ter aceitado
me orientar na execução do presente trabalho de conclusão de curso.
Também gostaria de agradecer a Agencia Nacional de Petróleo, Gás e
Biocombustiveis (ANP) pelo fornecimento dos dados utilizados para a execução do
presente trabalho.
Por fim, agradeço a minha família, em especial aos meus pais, por todo apoio
dado nesses anos de graduação e meus amigos de curso, que ajudaram a
pavimentar o caminho até esse momento tão especial.
Resumo

A análise de fácies é fundamental para o desenvolvimento de um bom estudo


sedimentar, já que permite identificar as relações paleoambientais e as
características deposicionais de um determinado local. Nos estudos de geologia de
petróleo, a determinação das fáceis é ainda mais importante, já que permite a
identificação de camadas reservatório que podem conter importantes reservas de
hidrocarbonetos.
Para a análise foram utilizados três poços fornecidos pela Agencia Nacional
de Petróleo, Gás e Biocombustiveis (ANP), que foram analisados para a extração
de dados que permitissem a construção das colunas estratigráficas da área. Essas
colunas mostram que a área apresenta sedimentação de material carbonático,
como calcarenitos, calcilutitos, calcissiltitos e de material clástico, como argilitos,
folhelhos e arenitos, além de margas.
A partir da determinação das colunas estratigráficas da área foram
modeladas as fácies locais e os sistemas deposicionais para a área, a partir da
classificação propostas por Bruhn et al. (1998) para depósitos de águas profundas.
Os elementos arquiteturais compõem outra importante ferramenta para a
análise estratigráfica, já que permitem a reconstrução paleoambiental da área. Para
a análise arquitetural do presente trabalho foi utilizado o modelo proposto por
Haugthon (2006). A partir das análises foi possível estabelecer que os poços
apresentam depósitos lamíticos de águas profundas com poucas lentes turbidíticas
na base, seguida de depósitos de canais não confinados ricos em areia e lama na
parte intermediária e depósitos de canais não confinados ricos em areia e de
complexos de canais ricos em cascalho e areia no topo, indicando um processo de
redução do nível no mar durante o processo de deposição.
A correlação entre os poços e os modelos de Bruhn et al. (1998) e Haughton
et al. (2006) permitiram o estabelecimento de um modelo estratigráfico e geológico
para a área de estudo.

Palavras-chave: Bacia de Campos, Formação Carapebus, Turbidítos.


Sumário
Dedicatória / Agradecimentos................................................................................................... 9
Resumo ................................................................................................................................... 10
1. Introdução ......................................................................................................................... 9
2. Motivação e Estado da Arte............................................................................................ 11
3. Objetivos ......................................................................................................................... 11
4. Métodos e Técnicas de Pesquisa..................................................................................... 12
5. Revisão Bibliográfica e Conceitual. ............................................................................... 15
5.1 Bacias Brasileiras.................................................................................................... 15
5.2 Bacia de Campos..................................................................................................... 17
5.2.1 Modelo Evolutivo .......................................................................................... 18
5.2.2 Enquadramento Tectônico e Estrutural da Bacia de Campos........................ 20
5.2.3 Enquadramento Estratigráfico ....................................................................... 24
5.3 Campo de Marlim ................................................................................................... 25
5.4 Depósitos de Ambiente marinho profundo ............................................................. 26
5.4.1 Geometria e Classificação dos Turbiditos ..................................................... 32
6. Fácies e associações de fácies......................................................................................... 34
6.1 Poço 01.................................................................................................................... 34
6.1.1 Análise de Fácies ................................................................................................... 34
6.1.2 Correlação entre as fácies e as formações da área ................................................. 39
6.2 Poço 02.................................................................................................................... 40
6.2.1 Análise de Fácies ................................................................................................... 40
6.2.2 Correlação entre as fácies e as formações da Área ................................................ 45
6.3 Poço 03.................................................................................................................... 46
6.3.1 Análise de Fácies ................................................................................................... 46
6.3.2 Correlação entre as fácies e as formações da Área ................................................ 52
7. Correlação de poços com os modelos arquiteturais........................................................ 53
8. Modelos........................................................................................................................... 59
8.1 Modelo Estratigráfico da área de estudo................................................................. 59
8.2 Modelo Geológico da Área de estudo..................................................................... 61
9. Conclusão........................................................................................................................ 65
10. Referencias Bibliográficas .......................................................................................... 66

Lista de Figuras
Figura 1: Mapa da área de estudo, com destaque para os três poços utilizados para os
trabalhos.................................................................................................................................. 10

Figura 2: Modelos arquiteturais de depósitos de água profunda (adaptado de Haughton et al.,


2006). ...................................................................................................................................... 14

Figura 3: Mapa do Brasil com destaque para as bacias sedimentares brasileiras (Milani et al.,
2007) ....................................................................................................................................... 17

Figura 4: Seção de sísmica de reflexão do Campo de Marlim, Bacia de Campos (modificado


de Candido e Corá, 1990) ....................................................................................................... 26

Figura 5: Tipos de fluxos gravitacionais e suas características principais, (adaptado de


Haughton et al., 2006)............................................................................................................. 27
Figura 6: Esquema da dinâmica do sistema de deposição em águas profundas. Na parte
superior destaque para os canais deltaicos com alto poder erosivo com a deposição de
conglomerados na parte proximal (canais profundos). Médio poder erosivo e deposição de
areia na parte central (canais rasos) na parte intermediária. E de baixo poder erosivo e
deposição de material fino na parte distal (lobos). Na imagem inferior destaque para a
concentração de material fino em suspensão, esse material decanta em toda a extensão
deltaica, aumentando da parte proximal para a parte distal (Adaptado de Haughton et al.,
2006). ...................................................................................................................................... 28

Figura 7: Modelo esquemático de uma corrente de turbidez, notar as subdivisões (cabeça,


corpo e cauda) e a existência de dois fluxos diferentes, o primeiro na base (laminar) e o
segundo no topo (turbulento) (Adaptado de Postma et al.,1983). .......................................... 29

Figura 8: Sequência de Bouma Típica (Adaptado de Haughton et al., 2006). ....................... 30

Figura 9: Coluna estratigráfica típica dos turbidítos divididos pelo tipo de canal. (A)
Complexo de canais discretos, (B) Complexo de canais amalgamados e (C) Complexos de
lobos (Moraes et al., 2006). .................................................................................................... 33

Figura 10: Coluna estratigráfica entre 2694 e 2454 metros de profundidade, a granulometria é
fina e registram-se folhelhos com margas (Fmf) e camadas esparsas de calcarenitos (Fcar). 35

Figura 11: Coluna estratigráfica entre 2013 e 1740 metros de profundidade, a granulometria é
fina, registrando predomínio de folhelho com quantidades menores de marga (Fmf) e duas
camadas de calcarenitos (Fcar). .............................................................................................. 36

Figura 12: Coluna estratigráfica entre 1740 e 1360 metros de profundidade, a litologia
apresenta intercalação de calcarenitos e arenitos (Fac) no topo e de calcarenitos e folhelhos
(Faf) na base, formando um sistema de lobos ricos em areia e lama (SML).......................... 37

Figura 13: Coluna estratigráfica entre 1360 e 1250 metros de profundidade, notar que a
litologia é formada basicamente por areia de média a fina (Fafm) com quantidades
subordinadas de calcarenito, formando um sistema de lobos não confinados ricos em areia
(Sluc)....................................................................................................................................... 37

Figura 14: Coluna estratigráfica entre 1250 e 1030 metros de profundidade, notar o
predomínio de arenitos médios a grossos (Famg) e de argilito (Farg) na parte central,
formando um sistema de complexos de canais ricos em areia (CC)....................................... 38

Figura 15: Coluna estratigráfica entre 1030 e 519 metros de profundidade, notar o
predomínio de calcarenitos (Fcar) no topo e de arenitos médios (Fam) na base, formando um
sistema de lobo não confinado rico em areia (Sluc). .............................................................. 39

Figura 16: Coluna estratigráfica entre 2850 e 2400 metros de profundidade, nota-se a
predominância de material fino (folhelhos, margas e calcissiltitos), tipicos da fácies FMar-
Class. Esse intervalo não corresponde a nenhum sistema turbidítico proposto por Bruhn et al
(1998)...................................................................................................................................... 41

Figura 17: Coluna estratigráfica entre 2300 e 2100 metros de profundidade, nota-se uma
intercalação de material carbonático fino a grosso (FRtmCar) com camadas clásticas
(arenosas) subordinadas, consistindo num sistema de lobos ricos em lama e areia (SML). .. 42
Figura 18: Coluna estratigráfica entre 1880 e 1650 metros de profundidade, observa-se uma
intercalação entre calcarenitos e margas (FRtmCar) com material clástico subordinado,
indicando um sistema de lobos ricos em areia e lama (SML) ................................................ 43

Figura 19: Coluna estratigráfica entre 1200 até 952 metros de profundidade, a deposição é
predominantemente carbonática (Flcar-Csi), contudo, são registradas camadas subordinadas
de material clástico, indicando um sistema de lobos ricos em lama e areia (SML). .............. 43

Figura 20: Coluna estratigráfica até 952 metros de profundidade onde se observa uma
intercalação de calcarenitos (Fcar) e material carbonático fino (Flcar-Csi), indicando um
sistema de lobos ricos em areia e lama (SML). ...................................................................... 44

Figura 21: Coluna estratigráfica entre 2924 e 2790 metros de profundidade, é possível
observar um espesso pacote de arenitos grossos (Fag) com quantidades menores de folhelhos,
sendo classificado como um sistema complexo de canais ricos em areia e cascalho (CC).... 46

Figura 22: Coluna estratigráfica entre 2790 e 2250 metros de profundidade, onde se registra
um espesso pacote de material fino, de margas (FMar) no topo e folhelhos (Ffol) na base. O
material mais fino, sem indícios de depósitos turbiditico pode ser classificado como um
“depósito lamítico distal”........................................................................................................ 47

Figura 23: a) Coluna estratigráfica entre 1925 e 1590 metros de profundidade, onde
predomina material fino, como margas (FMar) com arenitos finos (Faf) na base. b) Coluna
estratigráfica entre 2250 e 1925 metros de profundidade, onde predominam folhelhos e
margas (FMar) com arenitos médios (Fam) na base. As duas colunas estratigráficas
representam um sistema de lobos não confinados ricos em areia e lama (SML). .................. 49

Figura 24: Coluna estratigráfica entre 1590 e 1270 metros de profundidade, observa-se um
espesso pacote de arenito médio a grosso (Famg), típico de sistemas complexos de canais
ricos em cascalho e areia (CC)................................................................................................ 50

Figura 25: Coluna estratigráfica entre 1270 e 960 metros de profundidade, onde predominam
arenitos grossos (Fag) e quantidades subordinadas de calcarenitos e areia fina, formando um
sistema de lobos não confinados ricos em areia (Sluc)........................................................... 51

Figura 26: Coluna estratigráfica entre 960 e 775 metros de profundidade, o topo apresenta
sedimentação clástica com intercalação de arenito (Fag) e argilito (Farg) e a base apresenta
deposição de calcarenito (Fcar), indicando um sistema de lobos não confinados ricos em
areia......................................................................................................................................... 51

Figura 27: Coluna estratigráfica entre 775 e 510 metros de profundidade, onde ocorre uma
intercalação de espessas camadas de arenito e calcarenito (Fac), típica de sistemas complexos
de canais ricos em cascalho e areia (CC)................................................................................ 52

Figura 28: Legenda para as correlações de poços.................................................................. 55


Figura 29: Correlação entre a coluna estratigráfica do poço 01 e dos elementos arquitetônicos
para ambientes profundos. Adaptado de Bruhn et al. (1998) e Haughton et al. (2006). ........ 56

Figura 30: Correlação entre a coluna estratigráfica do poço 02 e dos elementos arquitetônicos
para ambientes profundos. Adaptado de Bruhn et al. (1998) e Haughton et al. (2006). ........ 57
Figura 31: Correlação entre a coluna estratigráfica do poço 01 e dos elementos arquitetônicos
para ambientes profundos. Adaptado de Bruhn et al. (1998) e Haughton et al. (2006). ........ 58

Figura 32: Modelo de deposição da área de estudo, o poço 01 apresentou predomínio de


carbonatos, indicando menor influencia de fontes clásticas de sedimento. Já o poço 02 está
situado próximo a um lobo arenítico, onde a deposição varia de clástica a carbonática,
dependendo das condições ambientas. Por fim o poço 03 está situado junto a um lobo
arenítico, de modo a prevalecer a deposição clástica. ............................................................ 60

Figura 33: Perfil Sísmico da área de estudo, em amarelo, rosa e verde estão os horizontes
crono-estratigráficos (entre a linha amarela e a roxa está a camada arenítica de interesse). Em
vermelho estão desenhadas as principais falhas. Notar em verde uma área de falha com
grande deslocamento, gerando uma área de armadilha estratigráfica ideal para a acumulação
de hidrocarbonetos (Correia, 2015). ....................................................................................... 61

Figura 34: Modelo sísmico dos turbiditos (Correia, 2015)..................................................... 62

Figura 35: Modelo geológico da área de estudo. .................................................................... 64

Lista de Tabelas
Tabela 1: Coordenadas e numeração dos poços utilizados no trabalho................................ 12

Tabela 2: Código das Fácies utilizadas para a análise dos poços. ........................................ 13

Tabela 3: Relação entre os sistemas deposicionais turbidíticos e fácies (Adaptado de Bruhn


et al. 1998). ............................................................................................................................. 14

Tabela 4: Modelos de litofácies de Miall (Miall, 1978) ......................................................... 31

Índice de Anexos

Anexo I: Coluna Estratigráfica Completa da Bacia de Campos............................................ 71


9

1. Introdução

A indústria do petróleo, graças à sua importância econômica e estratégica,


sempre esteve na vanguarda do desenvolvimento científico e tecnológico, contudo,
os métodos tradicionais de análise e pesquisa são de suma importância para o
desenvolvimento do conhecimento dos reservatórios de hidrocarbonetos. Nesse
contexto as atividades de descrição, análise e correlação das características
litológicas, estratigráficas e estruturais dos reservatórios são fundamentais para o
desenvolvimento de modelos para exploração de óleo e gás.
A correlação de perfis de poços permite reconstruir as arquiteturas
estratigráficas que ajudam a visualizar o comportamento das unidades em uma
porção da bacia. Dessa forma, é possível ter idéia da dimensão (em duas
dimensões) de corpos reservatórios, elaborando assim modelos de evolução para
bacia. Embora apresente limitações, uma vez que não permite cálculos
volumétricos, as seções estratigráficas baseadas em correlação de perfis de poços
são os primeiros passos para a calibragem entre os dados da sísmica de reflexão e
dados geológicos reais.
A Bacia de Campos (Figura 1), localizada a margem continental sudeste do
Brasil entre o Alto de Vitória e o Alto de Cabo Frio, é a bacia de maior produção de
hidrocarbonetos pós-sal do país. Seus principais reservatórios são compostos por
arenitos profundos, formados entre o Albiano e o Mioceno, durante a fase
divergente da bacia (Fetter et al., 2009).
Foram confeccionadas seções colunares a partir de dados adquiridos junto a
Agencia Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP). A associação de fácies
e sua correlação possibilitaram a visualização das arquiteturas estratigráficas para
vários intervalos de profundidade, permitindo a elaboração de um modelo de
evolução geológica.
A partir das classificações de sistemas deposicionais de Bruhn et al. (1998) e
dos modelos de elementos arquitetônicos para depósitos profundos de Haughton et
al. (2006), foi possível identificar que a área apresentou processos de deposição de
águas profundas (depósitos lamíticos distais), com posterior diminuição do nível do
mar e a formação de depósitos ricos em arenitos médios e argilitos de sistemas de
canais ricos em areia e lama. O nível do mar continuou aumentando, permitindo a
10

deposição de arenito grosso a médio e calcarenitos no topo dos poços, indicando


um sistema de canais amalgamados e diques ricos em areia.
A abordagem dos elementos arquitetônicos permite a descrição de modo
sistemático dos sistemas sedimentares, fornecendo importantes informações
paleoambientais. Essa abordagem tem se tornado bastante popular para o estudo e
classificação dos sistemas fluviais e de águas profundas complexas (Allen, 1983;
Sprague et al, 2002). Segundo Hampton et al. (2006), o principal argumento para se
estudar a arquitetura deposicional em águas profundas é que este melhora o
desempenho das buscas e da produção de hidrocarbonetos.
A comparação dos dados aqui apresentados e dos dados da literatura
mostram que os depósitos do Terciário da área de estudo são constituídos por
arenitos e pelitos típicos de ambientes de águas profundas, possivelmente
associados ao Trato de Sistemas de Mar Alto, durante o estágio de deriva
continental (Moriak, 2003).

Figura 1: Mapa da área de estudo, com destaque para os três poços utilizados para os
trabalhos.
11

2. Motivação e Estado da Arte

A Bacia de Campos é, historicamente, a bacia brasileira mais estudada e


explorada para hidrocarbonetos. As sequências turbiditicas possuem muitos
estudos, principalmente, pelo sucesso na descoberta de grandes volumes de
hidrocarbonetos com grande produtividade (Guardado et al., 1990), o que a torna
um importante modelo para exploração de campos situados em lâminas d'água
profundas.
Todavia, estudos estratigráficos de áreas específicas dessa bacia, bem como
estudos relacionados às condições de formação e evolução ainda são carentes e
podem contribuir para o melhor entendimento das arquiteturas deposicionais de
unidades reservatórias, bem como na busca de novos campos produtores
ampliando as reservas.
Geologicamente a região apresenta lacunas sobre a gênese dos depósitos
turbiditicos. Alguns estudos sugerem que estão ligadas aos períodos de diminuição
do nível do mar, ocorrendo o retrabalhamento dos sedimentos da plataforma
continental, todavia, estudos mais recentes indicam que a maior parte dos
reservatórios turbidíticos foram formados durante períodos de nível marinho mais
elevado (Fetter et al., 2009).

3. Objetivos
O trabalho teve como objetivo desenvolver e ampliar o entendimento da área
do Campo de Marlim, através da correlação de poços perfurados na Bacia de
Campos a partir de dados fornecidos pela Agencia Nacional de Petróleo, Gás e
Biocombustiveis (ANP), com modelos arquiteturais para depósitos profundos.
Esse melhor entendimento é de suma importância para o desenvolvimento
da exploração de óleo e gás da área, bem como que áreas e bacias semelhantes.
Para isto, foram construídas as colunas estratigráficas detalhadas de cada poço, a
separação em fácies e a correlação com os elementos arquitetônicos típicos de
águas profundas. Também foram feitos estudos quanto à sedimentologia dos
poços, que permitiram a construção de um modelo geológico/estratigráfico dá área.
Os métodos de estudo propostos para a área são considerados clássicos,
com essência sedimentar e estratigráfica, contudo, são métodos básicos para o
melhor entendimento a cerca dos processos de geração e acumulação de
12

hidrocarbonetos da área, que são de suma importância nos estudos que envolvem
a dinâmica da indústria do petróleo.
Por fim, os resultados observados podem ser correlacionados com estudos
geofísicos, principalmente de cunho sísmico, presentes em trabalho como o de
Correia (2015), permitindo a interpretação mais fidedigna possível da área de
estudo.

4. Métodos e Técnicas de Pesquisa.


Inicialmente foi feita a pesquisa bibliográfica e a coleta de dados. Foram
feitas pesquisas sobre as bacias brasileiras, principalmente a Bacia de Campos e
os turbiditos da Formação Carapebus, junto aos arquivos da CPRM, da Agência
Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustivel - ANP e dos Boletins de Geociências
da Petrobrás, além de teses de conclusão de curso, mestrado, doutorado, pós-
doutorado e artigos científicos, que estão devidamente citados e referenciados no
trabalho.

Os dados de poço perfurados pela Petrobras S.A. foram disponibilizados pela


Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustivel - ANP. A partir desses dados,
principalmente as descrições de testemunho e calha presentes nos relatórios, foi
possível a familiarização com a área de estudo e a confecção das colunas
estratigráficas e da correlação estratigráfica dos poços. Foram identificadas fácies e
a associação de fácies seguindo critérios propostos por Bruhn et al. (1998) para
águas profundas. As fácies e associações permitiram identificar processos
sedimentares subsidiando as interpretações sobre ambientes deposicionais. Para
melhor entendimento do trabalho os poços foram renomeados de forma numérica
(Tabela 1).

Tabela 1: Coordenadas e numeração dos poços utilizados no trabalho


13

As colunas estratigráficas individuais foram confeccionadas com o uso de


software de processamento de imagem, no presente trabalho foi utilizado o software
Corel Draw X7®, em seguida esses poços foram comparados permitindo a obtenção
da correlação de sua estratigrafia com os modelos para águas profundas de
Haughton et al. (2006).

A partir dos dados de descrição de testemunho e de amostra de calha foi


feita a individualização das diferentes fácies presentes na área. Para a classificação
das fácies foi utilizada a nomenclatura presente na Erro! Fonte de referência não
encontrada. baseada em Bruhn et al. (1998).

Tabela 2: Código das Fácies utilizadas para a análise dos poços.

Bruhn et al. (1998) propõem uma classificação para os diferentes corpos


turbidíticos que podem ser formados numa bacia. Essas classificações são
baseadas nas diferentes associações de fácies de cada sistema de deposição
turbiditica, de modo que os sistemas proximais serão formados por fácies de maior
granulometria (Fag, Fam, Fcar), enquanto os sistemas distais serão formados por
fácies de menor granulometria (Faf, Fmar, Ffol, Farg). Para a análise das fácies do
presente trabalho foi proposta um sistema adicional, formado por turbidítos
depositados em sistemas lamíticos distais, conforme Erro! Fonte de referência
não encontrada..
14

Tabela 3: Relação entre os sistemas deposicionais turbidíticos e fácies (Adaptado de Bruhn


et al. 1998).

Para a classificação dos poços no presente trabalho foi utilizada a


classificação de elementos arquiteturais proposta por Haughton et al. (2006), onde
os locais de deposição são classificados a partir das características básicas das
fácies, como a sedimentologia, a presença de gradações (normais ou inversas), a
geometria e a bioestratigrafia, gerando os modelos arquiteturais da Figura 2.

Figura 2: Modelos arquiteturais de depósitos de água profunda (adaptado de Haughton et


al., 2006).

No modelo de Haughton et al. (2006) a deposição é separada entre


depósitos proximais: com fluxo de alta energia, com alto poder erosivo e
deposição de material grosso (conglomerado e areia grossa), o fluxo é confinado
em canais profundos formando depósitos de canais amalgamados e diques
marginais (levees). Depósitos intermediários: com fluxo de média energia e médio
poder erosivo, ocorre deposição de areia média a fina e o fluxo ainda é confinado,
porém em canais mais largos e rasos, formando os depósitos de canais planos,
camadas plano-paralelas e camadas onduladas. Depósitos distais: o fluxo é de
baixa energia e baixo poder erosivo, ocorre a deposição de material fino como
15

argilas, margas, folhelhos, calcissiltito e calcilutito, o fluxo não é confinado


ocorrendo os depósitos de lobos (spray) e lamíticos distais.

5. Revisão Bibliográfica e Conceitual.

5.1 Bacias Brasileiras

O Brasil é o quinto maior país do mundo, totalizando uma área de 8.510.000


km2, dessa área 6.436.000 km2 são cobertos por rochas sedimentares e
sedimentos, que podem ser divididos em bacias interiores e bacias costeiras. As
bacias interiores, ou seja, localizadas em terra compõem 4.880.000 km2, com
destaque para as bacias do Acre, Amazonas, Marajó, Parnaíba, Araripe, Paraná e
São Francisco. São bacias formadas no Proterozóico, Paleozóico, Cretáceo e
Terciário, boa parte ainda carece de um estudo mais criterioso quanto a formação,
composição e potencial mineral. Já as bacias costeiras, ou seja, localizadas da
plataforma continental até o alto mar, totalizam 1.550.000 km2, com destaques para
as bacias de Santos, Campos, Espírito Santo, Recôncavo, Tucano (Sul, Central,
Norte e Jatobá), Sergipe, Alagoas, Ceará e Potiguar. São bacias sedimentares
Cretáceo-Terciárias de margem Atlântica, que chegam a profundidades batimétricas
próximas a 3.000 metros. Levando-se em conta somente a região de águas
profundas pertencentes ao Brasil (profundidades entre 400 e 3000 metros) há uma
área de 780.000 km2 propicias a pesquisa e exploração mineral (Milani et al., 2000).
A partir do trabalho de correlação entre as bacias estratigráficas brasileiras, é
possível estabelecer padrões geotectônicos que favorecem ou não a formação de
bacias sedimentares. São reconhecidas diversas supersequências, unidades que
materializam a seção sedimentar acumulada durante um determinado estágio de
sua evolução tectônico-sedimentar. Para as bacias da margem continental, as
supersequências Pré-Rifte, Rifte, Pós-Rifte e Drifte constituem o arcabouço
fundamental para a formação da maioria das bacias sedimentares brasileiras (Milani
et al., 2007).
A primeira fase do processo de evolução bacinal é a fase Pré-Rifte, que
representa o estágio precoce da evolução das bacias marginais em que fenômenos
de subsidência flexural foram induzidos pelo processo de estiramento litosférico
que, adiante, culminaria na separação continental. Em seguida, é estabelecida a
Fase Rifte, que ocorre a partir de processos de falhamento e rotação de blocos,
16

formando relevos de horts & grábens, que alojam grandes depocentros


sedimentares (Milani et al., 2007). Esse processo é marcado por falhas normais de
grande extensão, que muitas vezes podem ser classificadas como falhas lístricas. O
principal fenômeno ligado a esse processo, nas bacias brasileiras, foi a abertura do
Oceano Atlântico, que provocou um processo de falhamente basicamente leste-
oeste.
A atividade de rifteamento cessa quando os processos tectônicos diminuem,
havendo a intensificação de fenômenos de subsidência térmica, que se manifestam
no desenvolvimento de uma segunda bacia com geometria sag, com a persistência
de algumas poucas falhas normais. Nesse ponto entra em ação a Fase Drifte, que
no Brasil foi marcada pela instalação da crosta oceânica e da efetiva separação dos
continentes. Havendo por fim uma fase de basculamento da bacia e seu posterior
preenchimento sedimentar.

Segundo Milani et al. (2007) pode-se dividir as bacias brasileiras (Figura 3) em:

Bacias Paleozócias: Solimões, Amazonas, Parnaíba e Paraná.

Bacias Cenozóicas (Margem Distensiva): Pernambuco-Paraíba, Sergipe,


Alagoas, Araripe, Jacuípe, Camamu, Almada, Jequitinhonha, Mucuri, Curumuxatiba,
Espírito Santo, Campos, Santos, e Pelotas.

Bacias Cenozóicas (Margem Transformante): Foz do Amazonas, Pará-


Maranhão, Barreirinhas, Ceará, Potiguar, Tacutú, Marajó, São Luís/Bragança-
Viseu/Ilha Nova, Recôncavo, Tucano.
17

Figura 3: Mapa do Brasil com destaque para as bacias sedimentares brasileiras (Milani et
al., 2007)

5.2 Bacia de Campos

A Bacia de Campos se localiza próxima à costa dos estados do Rio de


Janeiro e Espírito Santo, possui orientação N-S e área de 120.000 km2, desses 500
km2 na porção terrestre e o restante na marinha. A bacia é limitada a sul pelo Arco
de Cabo Frio, a norte pela Bacia do Espírito Santo e a Oeste pelos terrenos
quaternários e terciários presentes na região da Lagoa Feia (Schaller, 1973;
Carminatti, 1987), atingindo uma profundidade máxima de 3.400 metros (Rangel et
al., 1994). Representa 72% da produção petrolífera nacional, comportando
importantes campos como o de Roncador, Vermelho, Cachalote, Jubarte e Marlim.
A exploração petrolífera da Bacia de Campos data de 1977, no Campo de
Enchova, então explorado a partir de uma plataforma flutuante, com capacidade de
10 mil barris por dia (ANP, 2002). Desde 1977 até a atualidade a área da Bacia de
18

Campos foi reconhecida como um dos grandes laboratórios a céu aberto para o
desenvolvimento de projetos e tecnologias voltadas a exploração petrolífera em
laminas de água entre 600 e 2000 metros (alta-profundidade) e superiores a 2000
metros (ultra-profundidade). Atualmente a região conta com 48 campos produtores,
totalizando 1,8 milhões de barris de óleo e 30,50 m3 de gás por dia, representando
pouco mais de 72% do óleo extraído no país (ANP, 2014).
Os principais sistemas petrolíferos da área apresentam reservatórios
arenosos, localizados em águas profundas com idades que variam entre o Albiano e
o Mioceno. Esses arenitos são classificados como turbiditos, gerados por processos
de fluxo turbulento de sedimento durante eventos de grandes tempestades (Fetter
et al., 2009) e representam cerca de 80% das reservas de hidrocarbonetos pós-sal
do país (Bruhn et al., 2003).
Segundo os dados de exploração nota-se que os principais campos
petrolíferos da área são de composição turbidítica, o primeiro campo gigante de
composição turbiditica foi identificado em 1984, com a descoberta do Campo de
Albacora (Milani et. al., 2007). Essa característica fica ainda mais evidente ao se
analisar o Campo de Marlim, alvo do presente estudo, com área superior a 500 km2
(Rangel et. al., 1998).

5.2.1 Modelo Evolutivo

A Bacia de Campos apresenta evolução geotectônica e estratigráfica dividida


em quatro estágios de preenchimento, típicos para as demais bacias de leste
brasileiro e oeste africano, são eles o estágio Pré-rifte (continental), Rifte
(continental), Proto-oceânico (transicional evaporítico) e Drifte (marinho), que estão
correlacionados com a ruptura do supercontinente de Gondwana, desde a fase de
separação continental até a evolução para fase marinha.
A bacia também pode ser dividida em três compartimentos (proximal,
intermediário e distal). O compartimento proximal situa-se desde a linha de costa
até profundidades próximas a 100 metros. O intermediário localiza-se entre 100 e
2.000 metros de profundidade e o distal ocorre numa faixa entre 2.000 e 3.400
metros (Figueiredo & Martins, 1990).
A fase Pré-Rift é constituída por rochas vulcânicas do Cretáceo inferior
seguido de sedimentação Neocomiana/Barremiana, posteriormente afetada por
intensa atividade ígnea, relacionada com o processo de rifteamento continental, que
19

gerou extenso derrame de basaltos toleíticos e intrusões de diabásio, de natureza


alcalina da Formação Cabiúnas. Durante o rifteamento formaram-se estruturas de
alto ângulo e baixa rotação, com a geração de falhas sintéticas e antitéticas, alem
de diápiros e muralhas de sal.
Acima dos basaltos ocorre o Grupo Lagoa Feia, uma megassequência
transicional de sedimentação lacustre, composta por conglomerados, arenitos,
siltitos, folhelhos e coquinas. As coquinas podem alcançar até 400 metros de
espessura, compondo a Formação Coqueiros, que corresponde a depósitos
bioclásticos de pelecípodes associados a altos estruturais e são considerados bons
reservatórios de hidrocarbonetos (depósitos carbonáticos da Bacia de Campos),
compondo os reservatórios da fase Rifte. Já os depósitos clásticos do Grupo Lagoa
Feia são recobertos por camadas de evaporitos, principalmente halita e anidrita,
indicando um ambiente marinho extremamente árido. (Figueiredo & Martins, 1990;
Milani et al., 2000)
No Albiano, graças ao baixo fluxo de material clástico, houve o
desenvolvimento de uma ampla rampa carbonática, composta por calcarenitos e
calcirruditos correspondentes ao Grupo Macaé. A rampa carbonática avançou até o
Cenomaniano, quando houve a elevação do nível do mar, que cessou o
desenvolvimento da rampa carbonática e intensificou o processo de halocinese da
bacia, onde foram depositados calcilutos, margas e os folhelhos da “Seção Bota”,
que representa a fase transgressiva da sedimentação da Bacia de Campos.
Concomitante a esse processo foram depositados os demais membros do Grupo
Macaé, compostos pelos conglomerados e arenitos proximais e pelos sedimentos
turbidíticos (Milani et al., 2000).
Recobrindo, de forma discordante o Grupo Macaé, há o Grupo Campos, que
compõem a fase final da subsidência térmica e do basculamento do substrato para
leste da bacia. O Grupo Campos é dividido em duas Formações, um proximal, com
sedimentos arenosos, conglomeráticos e carbonáticos, denominado de Membro
Emborê e outro, distal, com folhelhos e margas, denominado Formação Ubatuba,
intercalado com esses folhelhos e margas ocorrem arenitos de origem turbidítica,
que recebem o nome de Formação Carapebus (Milani et al.,2000).
Para o contexto do presente trabalho são de extrema importância os
folhelhos orgânicos de origem lacustre do Grupo Lagoa Feia e os arenitos
turbidíticos da Formação Carapebus, que representam, respectivamente, as rochas
20

geradoras e o reservatório do sistema petrolífero da área (Milani et al.,2000). O


aprisionamento do óleo ocorre a partir de condições de controle estrutural, com
destaque para sistemas de falhas e dobramentos, e da presença de controles
estratigráficos, composto por camadas impermeáveis de folhelho (Figueiredo &
Martins, 1990).

5.2.2 Enquadramento Tectônico e Estrutural da Bacia de Campos

Os preceitos para o enquadramento estrutural das bacias costeiras, como é o


caso da Bacia de Campos, foram propostos por McKenzie (1978). Segundo esses
estudos é admitido um estiramento litosférico seguido de um afinamento da crosta e
da litosfera, durante a fase rifte, havendo, posteriormente, uma fase de subsidência
termal associada ao resfriamento da anomalia térmica da astenosfera. Esse
processo resultou no afinamento crustal e na subida do manto. Para a Bacia de
Campos esse processo foi identificado a partir de refletores profundos imageados
na base da crosta (Mohriak et al. 1995b).
Segundo Mohriak et al. (1990) esse afinamento crustal é bem calibrado por
dados sísmicos e por métodos potenciais. Os dados de anomalia free-air mostram
uma faixa de anomalias gravimétricas positivas (até 80 mGal) na região da
plataforma continental da margem sudeste, próximo ao limite pré-Aptiano das
bacias de Campos e Santos. Essas feições coincidem com feições antiformais na
base da crosta que são associadas com o afinamento litosférico e a subida do
manto ou com o aprisionamento de material ultrabásico na base da crosta
(underplating).
Os refletores imagiados na base da crosta inferior ou na interface entre
crosta média e crosta inferior, marcam um forte contraste de impedância, indicando
superfícies de descolamento para as grandes falhas do rifte, que provavelmente
estão associadas a mudanças de comportamento geológico, com transição de
crosta rúptil para crosta dúctil (Meissner, 2000). Esse processo de estiramento
litosférico levou à ruptura do Gondwana e à formação do Atlântico Sul (Müller et al.
1997).
O Marco finalizador dos falhamentos da fase rifte é notado pela discordância
da ruptura continental do Gondwana, trata-se de uma discordância freqüentemente
designada como break-up unconformity (Falvey, 1974; Falvey e Middleton,1981) e
marca o início da fase de “quiescência tectônica”, baseada na ausência de atividade
21

expressiva das falhas envolvendo o embasamento e na reduzida atividade


sintectônica controlando deposição de sedimentos pré-sal.
O desenvolvimento da Bacia de Campos pode ser dividido em cinco
megassequências. A primeira é a Megassequência Pré-Rift, que representa a fase
intracratônica do Supercontinente Gondwana, precedendo o rifte do Atlântico Sul e
formando amplas e suaves depressões que foram preenchidas por sedimentos de
águas rasas (Milani e Zalán, 1999). Durante o desenvolvimento da megassequência
há o registro de depressões regionais correlatas ao estiramento litosférico inicial
que precedeu a fase principal de rifteamento e formou uma grande bacia que é
designada como “depressão afrobrasileira” (Garcia, 1991).
Já a Megassequencia sin-rifte é composta por ambiente continental (fluvial
e lacustrino), ocorrendo durante o rifteamento crustal associado à movimentação
divergente entre as placas sul-americana e africana, principalmente no Jurássico
Superior a Cretáceo Inferior (Cainelli e Mohriak, 1998). O rifte da margem leste
brasileira estende-se por cerca de 3.500 km, sendo em geral limitado a oeste por
falhas normais sintéticas com rejeitos variáveis (chegando a 2.000 m). O limite
oeste da megasseqüência sin-rifte é controlado por um processo de flexura no
embasamento ou por um sistema de falhas normais com mergulho predominante
para leste (falhas sintéticas). As fácies mais proximais das bordas dos riftes por sua
vez são dominadas por conglomerados e arenitos, comumente com fragmentos de
rochas vulcânicas básicas. Já as Litologias de fácies mais distais, com
granulometrias mais finas, foram depositadas nas áreas de depocentro dos lagos,
onde as condições anóxicas são extremas e permitiram a deposição e a
conservação de folhelhos negros e carbonáticos ricos em matéria orgânica, que
constituem a principal rocha geradora de hidrocarbonetos da Bacia de Campos
(Guardado et al. 1989; Mohriak et al. 1990a; Mello et al. 1994).
Em seguida registra-se a Megassequência Transicional, marcada pela
sucessão litológica com siliciclásticos do Aptiano Inferior e sedimentos evaporíticos
(predominantemente halita, com anidrita subordinada). Esses evaporitos constituem
na principal camada selante para os hidrocarbonetos da megasseqüência sinrifte. A
tectônica salífera também exerce controle na migração e distribuição de
hidrocarbonetos para os reservatórios superiores por meio de falhas lístricas
formadas durante a abertura da bacia (Figueiredo e Mohriak, 1984).
22

A movimentação do sal iniciou-se entre o Albiano e o Aptiano, criando uma


série de falhas lístricas que se propagam para a seção sedimentar mais nova,
criando uma estruturação complexa associada à tectônica salífera, com almofadas
de sal, cascos de tartaruga, diápiros de sal, muralhas de sal, falhas extensionais e
compressionais, também controlando a deposição sedimentar em calhas
associadas à evacuação do sal (Figueiredo e Mohriak, 1984). A fase evaporítica da
bacia se caracteriza por uma série de domínios tectônicos: os compartimentos
extensionais com almofadas de sal, os compartimentos com diápiros de sal e a
região de muralhas de sal com grandes empurrões e dobramentos, localmente
invertendo as mini-bacias (Mohriak e Nascimento, 2000; Meisling et al. 2001). Na
Bacia de Campos, a maior parte das falhas normais relacionadas à tectônica de sal
possui rejeito com orientação sintética (mergulho do plano de falha na direção da
bacia e rotação dos blocos na direção do continente), possibilitando a formação de
cunhas de sedimentos para oeste (Duval et al. 1992).
A compressão observada na região de muralhas de sal, em águas profundas
é balanceada pela extensão sedimentar nas zonas de falhas da plataforma
continental (Cobbold et al. 1995). Já a falha antitética de Cabo Frio resultou de
progradação clástica dos sedimentos siliciclásticos do Albiano Médio a Terciário
Inferior, associados a soerguimento da Serra do Mar e Serra da Mantiqueira
(Mohriak et al. 1995b). A sobrecarga sedimentar resultou em mobilização da massa
de sal, cujo fluxo foi controlado por grande falha de rejeito antitético (provavelmente
associada a reativações de falhas de embasamento), formando leques submarinos
em águas profundas que estão altamente rotacionados devido à expulsão do sal
subjacente. Essas sucessivas progradações resultaram na movimentação do sal na
direção de águas profundas, criando um imenso vazio de estratos sedimentares
albianos (Mohriak et al. 1995b) na área da Bacia de Campos.
A passagem da Megasseqüência Transicional (evaporítica) para a
Megasseqüência Pós-Rifte ou marinha (carbonática a siliciclástica) é gradacional
(Cainelli e Mohriak, 1998). O decaimento temporal da anomalia térmica gerada
durante a fase de estiramento litosférico (McKenzie, 1978) e o progressivo
movimento da placas sul-americana e africana, afastando-se do centro de
espalhamento ativo na cordilheira meso-oceânica, resultou no resfriamento e
contração da litosfera e, como conseqüência, isostática, no aumento da subsidência
termal na direção da bacia profunda. A subsidência contínua resultou na dissipação
23

das barreiras de restrição no proto-oceano, com o ambiente tornando-se marinho


aberto. Essas mudanças permitem dividir a megasseqüência pós-rifte ou marinha
em duas super-seqüências, uma transgressiva e outra regressiva (Cainelli e
Mohriak, 1998).
A super-sequência marinha transgressiva compreende espessa seção
sedimentar mais restrita, carbonática (ambiente marinho raso na plataforma e
marinho profundo na bacia). Já a super-sequência marinha regressiva inclui
espessa seção sedimentar siliciclástica, em ambiente marinho aberto (Koutsoukos,
1984). Na Bacia de Campos, os turbiditos albo-cenomanianos da super-sequência
marinha transgressiva formam extensos lençóis arenosos, enquanto os turbiditos do
Cenomaniano–Turoniano estão confinados em calhas mais estreitas, controladas
por falhas durante uma fase de intensa halocinese (Guardado et al. 1989).
Durante o Cretáceo Superior e Terciário Inferior, a região entre a Bacia de
Santos e a Bacia do Espírito Santo foi intrudida por vários focos magmáticos
alcalinos, tanto na região de crosta oceânica como na região de crosta continental,
atingindo principalmente a região de Cabo Frio (Cainelli e Mohriak, 1998),
notadamente ao longo de zonas de fraturas e lineamentos oceânicos e continentais,
como, por exemplo, o lineamento Cruzeiro do Sul, que se estende numa direção
NW desde o Alto do Rio Grande até a borda oeste da Bacia de Campos, no alto de
Cabo Frio (Souza et al. 1993).
Durante o Terciário, o maior aporte sedimentar numa área com cada vez
menor espaço de acomodação resultou numa cunha progradante bem definida
entre a plataforma e o talude, alcançando espessuras de mais de 4.000 m na
margem leste brasileira (Cainelli e Mohriak, 1998). Estabeleceu-se na margem uma
plataforma mista clástica-carbonática, com arenitos costeiros e plataformais
gradando para carbonatos na direção do talude. Depósitos turbidíticos ocorrem
extensivamente no Terciário Inferior a Médio, particularmente acima de uma
discordância regional do Eoceno Médio (Rangel et al. 1994). Um amplo complexo
turbidítico estabeleceu-se entre o Eoceno Médio e o Oligoceno nas bacias de
Campos, Santos, Espírito Santo e Sergipe–Alagoas.
A tectônica salífera, particularmente na região de diápiros e muralhas de sal,
resultou em depressões acentuadas, formando calhas de subsidência, grábens de
evacuação e minibacias, nas quais se empilharam sucessivamente diversos
sistemas turbidíticos que se amalgamaram verticalmente e coalesceram
24

lateralmente, formando cunhas espessas que algumas vezes apresentam inversão


de depocentros (chamado efeito gangorra, causado por movimentação halocinética
entre diápiros adjacentes). Registram-se espessas sequências de turbiditos no
Maastrichtiano, no Eoceno Médio e no Oligoceno, várias delas com acumulações
gigantes de hidrocarbonetos (Guardado et al. 1989; Mohriak et al. 1990a; Rangel et
al. 1998). Subsequentemente, mais de 1.000 m de sedimentos pelíticos do Mioceno
cobriram o complexo turbidítico do Oligoceno, resultando em nova sobrecarga
sedimentar sobre a camada de sal e no desenvolvimento de grandes falhas lístricas
que estruturaram os turbiditos do Oligoceno e criaram caminhos de migração para a
acumulação de óleo nos reservatórios superiores (Guardado et al. 1989; Pessoa et
al. 1999).

5.2.3 Enquadramento Estratigráfico

A Bacia de Campos apresenta em sua porção basal camadas com até 650
metros de rochas vulcânicas básicas, principalmente basaltos toleíticos, seguidos
por uma cobertura com espessuras de ate 8.450 metros de carbonatos lacustres,
evaporitos e carbonatos marinhos, sendo sobreposto por uma camada superior de
até 13.000 metros de material siliciclástico fino e turbiditos, totalizando até 22.000
metros de preenchimento sedimentar (Winter et al, 2007), os dados gerais quanto a
estratigrafia da Bacia de Campos foram retirados a partir do modelo estratigráfico
completo, proposto pela Petrobrás (Anexo 01).
Existem cinco megassequências cronoestratigráficas principais na área. A
primeira megassequência é considerada continental, caracterizadas por três fases
distintas, a primeira composta por depósitos eólicos, a segunda por leques aluviais,
e a terceira por material carbonático (coquinas, calcarenitos e calcilutitos) e
folhelhos. A segunda megassequência é caracterizada pela fase transicional
evaporítica, com deposição de conglomerados e arenitos. A terceira
megassequência mostra avanço no processo transicional, aumento do aporte
hídrico e formação de plataforma carbonática rasa, com deposição de carbonatos e
calcários de água rasa. A quarta megassequência apresenta característica marinha
transgressiva, composta por calcilutitos, margas, folhelhos e turbidítos. Por fim, a
quinta megassequência representa ambiente marinho regressivo, com deposição de
material clástico proveniente de deltas e fluvio-deltas intercalados com leques de
turbidítos rasos (Winter et al, 2007).
25

5.3 Campo de Marlim


O Campo de Marlim é um dos mais importantes campos petrolíferos do país,
sua reserva de óleo é de 1,7 bilhão de barris (Bruhn et al. 1996) e sua produção
atingiu pico em 2002, quando foi registrada a produção de 500.000 barris por dia. O
campo foi descoberto em 1985 a partir do poço pioneiro 1- RJS-219ª, perfurado
numa lâmina d’água de 835 metros. O campo de Marlim está localizado junto ao
Complexo de Marlim, que conta com os campos de Marlim, Marlim Leste e Marlim
Sul, totalizando uma área de 380 km2 onde ocorre volume de óleo in place da
ordem de 14 bilhões de barris (Tigre et al. 1990), representando a maior
acumulação pós-sal já descoberta no país.
A descoberta do campo ocorreu a partir de uma anomalia de amplitude
sísmica causada por um leque arenoso de idade oligocênica, com cerca de 150 km2
de área e espessura de 73 m, saturado por óleo de 19o API e situado entre as cotas
batimétricas de 500 e 1.100 m (Milani et al., 2007). O sistema petrolífero do local
possui reservatório siliciclástico, composto essencialmente por arenitos turbidíticos
numa série de lobos submarinos coalescentes, não-confinados, resultando em
vasto corpo arenoso maciço e relativamente homogêneo, de granulometria média a
fina e porosidade da ordem de 25%, com espessura média de 47 m, praticamente
inconsolidados. As rochas selantes do Campo são compostas basicamente por
folhelhos, com trapa estratigráfica no sentido oeste, norte e sul, dada pelo pinch out
dos reservatórios contra a rocha selante. A migração do óleo por sua vez se deu a
partir de uma falha normal lístrica, que interligou o reservatório com as rochas
geradoras do Grupo Lagoa Feia (Tinoco e Corá, 1991).
O óleo do Campo de Marlim apresenta densidade entre 17o e 21o API, sendo
boa parte biodegradado. A composição dos arenitos revela uma composição rica
em feldspatos potássicos (cerca de 30%), recebendo assim a classificação de
arenito arcósio. Essa característica permite uma diminuição dos níveis de
argilominerais que prejudicariam na permeabilidade do reservatório.
Por fim, os reservatórios do campo apresentam geometria alongada nas
porções oeste e noroeste, ligados a canais alimentadores dos lobos distais. Esses
reservatórios apresentam fácies com arenito fino a médio, maciço; interlaminados,
síltico-arenosoargiloso, bioturbado; e arenitos muito finos com ripples, típicos de
turbiditos, localizados a cima da camada de sal, conforme a Figura 4 (Guardado et
al. 1989).
26

Figura 4: Seção de sísmica de reflexão do Campo de Marlim, Bacia de Campos (modificado


de Candido e Corá, 1990)

5.4 Depósitos de Ambiente marinho profundo

As lentes areníticas da Formação Carapebus compõem os principais


reservatórios petrolíferos clásticos da Bacia de Campos, são camadas encontradas
em profundidades superiores a 1.000 metros (águas profundas), em áreas a baixo
do nível base das ondas de tempestade, não havendo interação entre as ondas e o
fundo marinho, onde se depositam materiais em suspensão, de litologia
predominantemente fina, composta por folhelhos, lamas carbonáticas e margas
(D`Avila & Paim, 2003).
Nos ambientes marinhos profundos é comum a deposição de materiais como
argilas, margas, folhelhos ou calcilutitos, já que a energia é baixa, mesmo que em
momentos de tempestade. Já os grãos maiores, que não são transportados por
suspensão há a necessidade de processos de transporte gravitacionais para a
deposição de material. Esses processos podem ser divididos em processos de fluxo
de detritos, formado de material coeso de maior granulometria, em especial
conglomerados matriz suportados. Por fluxos co-genéticos, compostos por
conglomerado matriz suportado e areia. Por fluxos de lama, compostos por areia e
argila, e pelas correntes de turbidez (turbiditos), que podem ser de alta ou baixa
densidade (Figura 5).
27

Figura 5: Tipos de fluxos gravitacionais e suas características principais, (adaptado de


Haughton et al., 2006).

Historicamente se acreditava que nessas porções de maior profundidade


havia apenas deposição de material argiloso, essa idéia mudou a partir de estudos
de batimetria do fundo oceânico entre 1870 e 1880, onde se descobriram nódulos
de manganês e material mais grosso em regiões onde se imaginava apenas a
presença de argilas. Outro impulso para os estudos dessas áreas ocorreu a partir
de 1950, com a necessidade da indústria do petróleo avançar suas fronteiras para
áreas marinhas, demandando estudos para o posicionamento correto dos
equipamentos submarinos, longe de áreas sujeitas a grandes movimentos de
massa, correntes de turbidez ou correntes de fundo, havendo com o tempo a
percepção da existência de acumulações de hidrocarbonetos nos arenitos desses
locais (Miall, 1985; D`Avila & Paim, 2003; Haughton et al., 2006).
Os depósitos turbidíticos estão relacionados a fluxos gravitacionais de
turbidez gerados no colapso do sedimento presente no talude oceânico ou por fluxo
de detritos advindos de grandes tempestades junto à linha de costa. Os principais
fatores que controlam o processo são de origem interna (onde o fluxo dominante
interage com volume, forma, quantidade relativa de areia-folhelho e conglomerados)
e externa (como a natureza do sedimento local, a declividade do talude, a
configuração da bacia e a variação do nível do mar). Esse tipo de depósito poder
ser formado a partir do fluxo de detritos, de fluxos fluidizados, de fluxos de grãos, de
28

fluxos turbulentos densos ou leves, conforme esquema da Figura 6 (Lowe, 1982 e


Mutti, 1992).

Figura 6: Esquema da dinâmica do sistema de deposição em águas profundas. Na parte


superior destaque para os canais deltaicos com alto poder erosivo com a deposição de
conglomerados na parte proximal (canais profundos). Médio poder erosivo e deposição de
areia na parte central (canais rasos) na parte intermediária. E de baixo poder erosivo e
deposição de material fino na parte distal (lobos). Na imagem inferior destaque para a
concentração de material fino em suspensão, esse material decanta em toda a extensão
deltaica, aumentando da parte proximal para a parte distal (Adaptado de Haughton et al.,
2006).

Os fluxos de detritos são originados a partir de sedimentos de baixa seleção,


com sedimento matriz suportado maciço, que não desenvolvem estruturas como
ripples, dunas ou estratificações cruzadas. São fluxos ricos em sedimento clástico,
altamente saturados em água e elevada densidade, depositando principalmente
areia e argila em camadas maciças. Já os fluxos de grãos transportam material em
suspensão se associando a fluxos de turbidez de alta densidade, são
característicos de ambientes subaéreos ou subaquosos, formando depósitos ora
maciços ora de gradação inversa, ricos em arenitos e conglomerados e pobres em
matriz argilosa (Haughton et al., 2006).
29

Os fluxos fluidizados são dispersões muito concentradas, com grãos minerais


mantidos em suspensão graças a elevada pressão de poro gerada a partir do
movimento ascendente do fluxo. Quando o suporte dos grãos do fluxo é parcial ele
recebe o nome de fluidizado, quando esse suporte é total, a densidade do fluxo
diminui, ficando mais aquoso e recebendo o nome de fluxo liquefeito (Lowe, 1982).
Já os fluxos turbulentos são considerados fluxos bipartidos, formado por uma parte
basal, de maior granulometria, transportada basicamente por arrasto ou por
saltação e uma parte superior, transportada em suspensão e de alta turbulência. O
fluxo de turbidez pode ser dividido em três partes principais: a parte frontal
(cabeça), de alta velocidade e alta espessura (até duas vezes mais espesso que o
restante do fluxo), com movimento fortemente turbulento e erosivo, a parte central
(corpo), de fluxo quase uniforme e a parte final (Cauda), formada por material muito
fino, principalmente argila, com rápido adelgaçamento da espessura, Figura 7.

Figura 7: Modelo esquemático de uma corrente de turbidez, notar as subdivisões (cabeça,


corpo e cauda) e a existência de dois fluxos diferentes, o primeiro na base (laminar) e o
segundo no topo (turbulento) (Adaptado de Postma et al.,1983).

Em 1962 Keunen Bouma propôs uma sequência básica para a deposição


padrão de turbiditos (Figura 8). Na base são registrados arenitos de médio a grosso,
com estrutura maciça e deposição rápida, seguida de uma camada de arenito fino,
com laminação paralela, as duas camadas são formadas em alto regime de fluxo,
que não permite a formação de estruturas mais complexas. O regime do fluxo
diminui permitindo a deposição de arenito fino com marcas de onda (climbing
ripples), seguido de laminas pelíticas e camadas de argila pelágicas ou
hemipelágicas (Haughton et al., 2006).
30

Figura 8: Sequência de Bouma Típica (Adaptado de Haughton et al., 2006).

Posteriormente foram introduzidos os critérios de “proximal” e “distal” por


Walker (1967), dando maior ênfase às variações laterais e verticais destas fácies.
Trabalhos subsequentes mostraram que os turbiditos são parte de um fluxo
continuo que é “dirigido” pela gravidade (Middleton & Hampton, 1973). Em 1972
Mutti propôs a primeira classificação para as fácies turbidíticas em ambiente de
águas profundas, baseada em observações nos afloramentos dos Apeninos,
italianos. Em 1985 Mutti desenvolveu um modelo para a evolução dos sistemas de
leques aluviais durante a variação do nível do mar que incorpora as feições dos
leques classificados como sistema de alta eficiência e de baixa eficiência. Esses
três tipos podem se desenvolver tanto de forma independente como de associada a
grandes sistemas de deltas, a depender da variação do nível do mar. Quando o
nível diminui, ocorre a desestabilização de grandes volumes de sedimentos da
frente deltaica, gerando processos gravitacionais turbidíticos que formam erosão
retrogradante do sistema. Os sedimentos dessas correntes são depositados na
parte distal do sistema formando extensos corpos areníticos turbiditicos.
Miall propôs em 1978 uma classificação baseada no tamanho dos grãos,
onde a 1ª letra corresponde à granulometria dos mesmos e a 2ª, à sua estrutura,
com significado genético (Tabela 4).
31

Tabela 4: Modelos de litofácies de Miall (Miall, 1978)

De acordo com as litofácies definidas por Miall é possível determinar o grau


energético associado a cada uma, dessa forma os ambientes de alta a média
energia são compostos por litofácies Gt, sP e Sh. Já os ambientes de menor
energia são compostos por litofácies Sr, Fl e Fm. O esquema foi aperfeiçoado em
1985, onde Miall passou a relacionar os depósitos turbidíticos com elementos
arquitetônicos típicos de ambientes fluviais que podiam ser Associados ao
preenchimento de canais por barras arenosas ou associados ao transbordo
localizado ou generalizado.
Os sistemas se diferem principalmente em termos do local onde são
concentrados os sedimentos. Primeiramente se formam camadas de arenito com
base plana (em seção vertical, estes corpos se alternam com os lobos e formam
32

unidades com centenas de metros de espessura), correspondem a leques de alta


eficiência e são classificados como Tipo I, por Mutti (1985). Conforme se diminui o
volume das correntes turbidíticas, ou com o aumento do nível do mar, as areias não
são mais transportadas para regiões distantes na bacia, acumulando-se na parte
distal dos canais distributários e em pequenos lobos imediatamente à frente dos
canais, formando leques de baixa eficiência, com lobos ricos em areia (Normark,
1970), classificados como sistemas do Tipo II por Mutti (1985) . Por fim, com o
aumento do nível do mar há a deposição de lama na superfície do leque. O maior
volume deste sedimento está associado à deposição de overbank dos canais. Essa
lama produz, através de escorregamentos, discordâncias angulares múltiplas,
formando depositos do tipo III.
Quanto à composição básica do fluxo, é possível dividi-lo em fluxos
turbulentos de baixa densidade, constituídos de granulometria que varia de argila
até areia média, onde a deposição é dada pela diminuição da velocidade do fluxo. E
em fluxos turbulentos de alta densidade, onde a granulometria varia de argila até
conglomerado, a sedimentação ocorre a partir de ondas de sedimentação, ou seja,
conforme a energia do sistema cai os grãos de maior densidade são depositados,
gerando a diminuição da densidade do fluxo, de modo que a velocidade cai
novamente, reiniciando o processo varias vezes, depositando faixas de
granulometria decrescente conforme se evolui o fluxo. Nesse processo o volume de
sólidos é alto (pelo menos 25% do volume), os depósitos podem ter gradação
inversa basal e não há preservação da base do canal, uma vez que o fluxo de alta
densidade possui alto poder erosivo (Lowe, 1982; Miall, 1999; Haughton et al.,
2006).

5.4.1 Geometria e Classificação dos Turbiditos

Os depósitos turbidíticos são classificados quanto a sua geometria, de três


maneiras: canais discretos, canais amalgamados, canais distributários e lobos
(Moraes et al., 2006) conforme a Figura 9, sendo que, os três tipos podem ser
encontrados na Bacia de Campos:
Canais discretos: Corpos alongados concomitantemente a direção de
deposição dos canais, de significativa variação lateral, são reservatórios de boa
33

conectividade geral e de alta proporção arenito/folhelho. Estão presentes no campo


de Albacora na Bacia de Campos.
Canais Amalgamados: Corpos de elevada migração lateral, gerando canais
rasos de boa continuidade lateral, há justaposição lateral em detrimento ao
empilhamento vertical. Possuem extensos corpos tabulares areníticos. São
reservatórios constituídos por camadas de arenito pouco estratificadas e boa
conectividade lateral, contudo, a continuidade vertical é baixa, gerando depósitos de
elevada área e baixa espessura. Estão presentes nos campos de Namorado,
Marimbá, Espadarte e Roncador na Bacia de Campos.
Canais distributários e lobos: Canais distributários rasos, de menor
energia, associados a lobos de barreira lateral, que alimentam lobos frontais com
grande extensão lateral. Há pouca erosão durante o processo de turbidez,
mantendo-se as camadas pelíticas pré-existentes, o que diminui a permeabilidade e
a continuidade vertical do reservatório, contudo, são canais de grande extensão e
boa conectividade lateral. Estão presentes nos campos de Albacora, Marlim e
Marlim Sul na Bacia de Campos.

Figura 9: Coluna estratigráfica típica dos turbidítos divididos pelo tipo de canal. (A)
Complexo de canais discretos, (B) Complexo de canais amalgamados e (C) Complexos de
lobos (Moraes et al., 2006).

Os turbiditos também podem ser classificados conforme sua granulometria


(Mutti, 1979). Nessa classificação existem os leques de alta eficiência de transporte,
caracterizados por sedimento de lobos turbidíticos finos, ricos em pelito e alta razão
34

arenito-folhelho. Os leques de baixa eficiência de transporte, em que os sedimentos


arenosos se acumulam nos canais, havendo pouco ou nenhum pelito no depósito e
alta razão arenito-folhelho.
A evolução da classificação foi proposta por Mutti em 1985, em que se
separam os depósitos a partir das variações do nível do mar, que seriam
responsáveis pelo controle da distribuição dos sedimentos. Nessa classificação a
profundidade do talude em relação à linha de costa indicará qual o tipo de turbidito.
O primeiro tipo de turbidito (I) é chamado de distal, corresponde ao modelo de
leques de alta eficiência, definido por camadas de areia de grande extensão lateral
e baixa espessura, depositados em lobos, nas áreas mais externas do sistema
deposicional. Possuem geometria tabular e elevada continuidade lateral se
comparado com a continuidade vertical. O segundo sistema (II) é considerado
transacional, com extensos corpos canalizados que passam gradativamente a lobos
arenosos, correspondem ao modelo de leques de baixa eficiência. O último sistema
(III) é composto por canais preenchidos de areia fina a média, dentro de uma
sequência predominantemente argilosa, indicando a porção proximal do sistema
deposicional. São comparados aos complexos de canais e diques marginais
modernos (Haughton et al., 2006).
Outro método para classificação se baseia no tamanho dos grãos nos fluxos
gravitacionais, ou seja, na razão areia-lama e na origem dos sedimentos (Reading &
Richards, 1994). Os turbiditos são divididos em quatro tipos: ricos em cascalho,
ricos em areia, mistos de areia e lama e ricos em lama.

6. Fácies e associações de fácies.

A partir dos dados de descrição de testemunho e de amostra de calha foi


feita a individualização das diferentes fácies presentes na área, baseado em Bruhn
et al. (1998).

6.1 Poço 01
6.1.1 Análise de Fácies

O poço 01 foi perfurado na área da Bacia de Campos, nas coordenadas


(657.600,00m E / 7.547.639,00 m S), em lâmina de água com 3.400 metros de
profundidade.
35

O poço 01 apresenta 2914 metros de profundidade. Entre 2914 e 2895


metros de profundidade são registrados folhelhos (Ffol) e quantidades menores de
marga. Entre 2895 e 2454 metros de profundidade há o registro de uma
intercalação de margas com folhelho (Fmf) (Figura 10). A partir desses dados é
possível concluir que a área ainda contava com deposição lamítica distal (DLD).

Figura 10: Coluna estratigráfica entre 2694 e 2454 metros de profundidade, a granulometria
é fina e registram-se folhelhos com margas (Fmf) e camadas esparsas de calcarenitos
(Fcar).

Entre 2454 e 2013 metros de profundidade não foram encontrados dados de


descrição de poço, porem foi possível inferir, a partir da análise estratigráfica
existente na área e dos dados de poço fornecidos pela Petrobrás, a continuidade da
deposição de material fino, intercalando camadas de margas com camadas de
folhelho.
A partir de 2013 até 1740 metros de profundidade registra-se material
argiloso, composto por margas intercaladas com folhelhos (Fmf). Essa intercalação
indica um processo cíclico. Inseridas nessa sequência ocorrem duas camadas com
aproximadamente 9 metros de calcarenito (Fcar) (Figura 11). Essa intercalação de
material fino não se enquadra em nenhum sistema turbiditos proposto por Bruhn et
al. (1998), de forma que foi utilizado o termo Depósito Lamítico Distal (DLD) para
indicar o sistema que ocorre no local. Essa característica indica que a área ainda
apresenta alta profundidade, onde ocorrem estruturas argilosas planares (Haughton
et al.,2006).
36

Figura 11: Coluna estratigráfica entre 2013 e 1740 metros de profundidade, a granulometria
é fina, registrando predomínio de folhelho com quantidades menores de marga (Fmf) e
duas camadas de calcarenitos (Fcar).

O pacote sedimentar ocorre até 1740 metros (Figura 12). Essa intercalação
de material clástico (areia e folhelho) com calcarenitos indica um processo de
aumento da granulometria dos sedimentos, que segundo o modelo de Bruhn et al.
(1998), seria de lobos ricos em areia e lama (SML), típicos de áreas mais distais,
contudo, já dentro do leque submarino, onde os canais não são confinados e a
deposição ocorre através do mecanismo de “spray” (Haughton et al., 2006).
A partir de 1600 metros de profundidade nota-se o aumento da concentração
de material carbonático, registrando-se uma faixa com cerca de 3 metros de margas
seguidos por uma intercalação de calcarenito, em camadas que variam de 3 a 20
metros de espessura, intercalado por camadas de arenito médio a grosso (Fac).
São 10 camadas de folhelhos em detrimento a areia média, formando uma
intercalação entre calcarenitos e folhelhos (Faf). Conforme se avança para o topo
da camada a granulometria do material siliciclástico aumenta e são registradas 24
camadas principais de calcarenito sem indício de material clástico e 23 camadas
onde há predomínio de areia média com quantidades menores de argila.
37

Figura 12: Coluna estratigráfica entre 1740 e 1360 metros de profundidade, a litologia
apresenta intercalação de calcarenitos e arenitos (Fac) no topo e de calcarenitos e
folhelhos (Faf) na base, formando um sistema de lobos ricos em areia e lama (SML).

Entre 1360 e 1290 metros há a ocorrência de arenitos finos a médios (Fafm),


intercalados com calcarenitos subordinados (Figura 13). A partir de 1250 metros a
granulometria diminui e registra-se uma camada de 32 metros de areia média (Fam)
seguido por uma camada de calcarenito (Fcar). A grande quantidade de areia indica
que o ambiente era formado, segundo classificação de Bruhn et al. (1998), por
lobos não confinados ricos em areia (Sluc).

Figura 13: Coluna estratigráfica entre 1360 e 1250 metros de profundidade, notar que a
litologia é formada basicamente por areia de média a fina (Fafm) com quantidades
38

subordinadas de calcarenito, formando um sistema de lobos não confinados ricos em areia


(Sluc).

A partir de 1150 metros há uma diminuição progressiva na granulometria


onde se depositaram areia média e uma camada de 15 metros de argilito (Farg).
Após a camada de argilito há um progressivo aumento na granulometria até
predominar, novamente, arenito grosso (Figura 14). Entre 1030 e 1150 metros de
profundidade, a granulometria do arenito passa de médio para grosso (Famg). A
partir dessas características é possível indicar que a deposição passou a contar
com maior nível energético e aumento do aporte sedimentar, que segundo a
classificação de Bruhn et al. (1998), são típicos de áreas de complexos de canais
ricos em areia e cascalho (CC), que se enquadram junto ao canal confinado do
leque submarino, contudo, numa área não tão próxima a margem continental, uma
vez que não são registradas quantidades significativas de cascalho (Haughton et
al., 2006).

Figura 14: Coluna estratigráfica entre 1250 e 1030 metros de profundidade, notar o
predomínio de arenitos médios a grossos (Famg) e de argilito (Farg) na parte central,
formando um sistema de complexos de canais ricos em areia (CC).

A quantidade de material fino aumenta gradualmente, havendo registro de


argila (Farg) entre 1010 e 1000 metros de profundidade (Figura 15). Entre 1040 e
950 metros de profundidade são registradas camadas de arenito intercaladas com
finas camadas de argilito (Farg). Entre 900 e 770 metros o arenito apresenta
quantidades menores de calcarenitos. A partir de 630 metros de profundidade a
deposição deixa de ser exclusivamente carbonática e são registrados sedimentos
arenosos clásticos. O topo do poço apresenta uma camada de 111 metros de
calcarenitos (Fcar) com baixa cimentação carbonática.
O predomínio de arenitos médios (Fam) intercalados com calcarenitos (FCar)
indica que a área apresentou, segundo a classificação de Bruhn et al. (1998),
39

deposição a partir de lobos não confinados ricos em areia (Sluc), típicos de áreas
intermediárias a distais do delta submarino (Haughton et al., 2006).

Figura 15: Coluna estratigráfica entre 1030 e 519 metros de profundidade, notar o
predomínio de calcarenitos (Fcar) no topo e de arenitos médios (Fam) na base, formando
um sistema de lobo não confinado rico em areia (Sluc).

6.1.2 Correlação entre as fácies e as formações da área

O local estava inicialmente numa área de maior profundidade em que


predominavam depósitos finos que raramente recebia material de maior
granulometria, ocorrendo sistema de depósitos lamíticos distais (DLD). Nesse
momento a profundidade diminuiu, contudo, a deposição ainda era
predominantemente fina com maior quantidade de registros de eventos turbidíticos
a partir de lobos não confinados (sluc). O mar continuou a recuar e a deposição
tornou-se marginal, com sistemas complexos de canais ricos em areia e cascalho
(CC), por fim, o mar voltou a avançar e o sistema predominante, segundo a
classificação de Bruhn et al (1998), voltou a ser o de lobos não confinados (sluc).
40

A partir da descrição acima é possível identificar e individualizar as principais


litologias da área, baseado em Winter et al, (2007). No topo da estratigrafia ocorrem
fácies típicas da Formação Emborê. Na parte mais rasa ocorrem calcarenitos (Fcar)
cor creme esbranquiçado a claro, de granulometria grossa a média, bioclástico,
arenoso, desagregado e compacto, ligados aos lobos não confinados ricos em areia
(Sluc), que pode ser relacionado com a Fácies Grussaí. Entre 650 e 1530 metros
de profundidade são registrados arenitos grossos (Fag), hialino a amarelado,
subarredondado a subangular, quartzoso, desagregado, intercalado de calcarenito
cinza esbranquiçado (Fcar), muito fino a médio, quartzoso, glauconítico, compacto,
argilito cinza claro, siltico, micáceo, que correspondem, segundo a classificação de
Bruhn et al (1998), a sistemas complexos de canais ricos em areia e cascalho (CC),
que podem ser correlacionados com a Fácies Clástica.
Em seguida ocorrem fácies típicas do Grupo Campos. Entre 1530 e 1680 e
entre 1710 e 2530 metros de profundidade ocorre a predominância de folhelhos
intercalados a margas (Fmf) e subordinadamente ocorrem camadas finas de arenito
e calcilutito, típicos de sistemas de “deposição lamítica Distal” que se correlacionam
com a Formação Ubatuba. Por fim ocorrem depósitos típicos da Formação
Carapebus, que pode ser dividida em duas faixas temporais, a primeira é a
Formação Carapebus Eocênico (entre 1680 e 170 metros de profundidade) e a
segunda a Formação Carapebus Oliogo-Miocênico (2530 a 2915 metros de
profundidade), caracterizados por lentes de arenito hialino, grosseiro a médio,
subarredondado a arredondado, quatzoso, desagregado intercalado com folhelho
cinza escuro a esverdeado, síltico, micáceo, fossilífero, carbonático, semiduro
intercalados por folhelhos e margas, que correspondem, pela classificação de Bruhn
et al. (1998), a sistemas de lobos não confinados ricos em areia (sluc) .

6.2 Poço 02
6.2.1 Análise de Fácies

O poço foi perfurado na área da Bacia de Campos, nas coordenadas


(330000.00 m E / 7487786.00 m S), em lamina de água com 890 metros de
profundidade.
O poço 02 apresenta 1850 metros de profundidade. Na base do poço foi
registrada uma espessa camada de margas, seguida por uma intercalação de
41

camadas de margas com folhelhos (Figura 16). A ocorrência, quase que total, de
material fino não se enquadra em nenhum sistema turbiditos proposto por Bruhn et
al. (1998), indicando que a área apresentava uma espessa lamina de água (alta
profundidade), inviabilizando a formação de depósitos a partir de fluxos turbidíticos,
essa área pode ser classificada como um depósito lamítico distal (DLD), típicos de
áreas distantes da costa, onde raramente chegam materiais mais grossos, advindos
de fluxos turbulentos (Haughton et al., 2006).
Entre 2540 e 2380 metros de profundidade registraram-se materiais finos de
origem siliciclástica intercalados com margas (FMar-Class).

Figura 16: Coluna estratigráfica entre 2850 e 2400 metros de profundidade, nota-se a
predominância de material fino (folhelhos, margas e calcissiltitos), tipicos da fácies FMar-
Class. Esse intervalo não corresponde a nenhum sistema turbidítico proposto por Bruhn et
al (1998).

Entre 2300 e 2100 metros foram registradas camadas carbonáticas


intercaladas com camadas areníticas subordinadas (FRtmCar), intercaladas com
camadas de folhelhos (Ffol). Cabe aqui o registro de uma camada espessa
(próxima a 50 metros de espessura), composta por arenitos grossos (Fag) bem
selecionados, propício ao acumulo de hidrocarbonetos (Figura 17), formando,
42

segundo a classificação de Bruhn et al. (1998), um sistema de lobos ricos em areia


e lama (SML).

Figura 17: Coluna estratigráfica entre 2300 e 2100 metros de profundidade, nota-se uma
intercalação de material carbonático fino a grosso (FRtmCar) com camadas clásticas
(arenosas) subordinadas, consistindo num sistema de lobos ricos em lama e areia (SML).

Entre 2080 e 1880 metros predominam a deposição de material fino. A partir


de 1880 até 1680 metros o conteúdo carbonático é registrado junto com os
sedimentos clásticos finos (margas). Entre 1680 e 1480 metros há deposição de
calcarenitos intercalados com folhelhos, que indicam um processo de avanço e
recuo da linha de costa. Entre 1480 e 1200 metros há predominância de marga com
material siliciclástico, ora composto por arenito fino, ora por folhelhos, intercalados
com camadas de calcarenitos, indicando a presença de um sistema rítmico entre
2080 e 1200 metros, com a intercalação de camadas de calcarenito com camadas
de material mais fino, e dentro desse ciclo também foi identificado um ciclo mais
amplo, com duas variações onde o material era constituído de margas e duas onde
o material mais fino era constituído de folhelhos (Figura 18), essa sequência indica
um processo deposicional rítmico típico, composto por material carbonático que
varia de fino (calcilutito) a grosso (Calcarenito) (FRtmCar), com camadas
subordinadas de arenitos e folhelhos, típicos, segundo a classificação de Bruhn et
al. (1998), de lobos ricos em lama e areia (SML).
43

Figura 18: Coluna estratigráfica entre 1880 e 1650 metros de profundidade, observa-se
uma intercalação entre calcarenitos e margas (FRtmCar) com material clástico subordinado,
indicando um sistema de lobos ricos em areia e lama (SML)

A partir de 1200 até 952 metros de profundidade inicia-se o registro de


camadas de calcarenitos intercalados com carbonatos finos, principalmente
calcissiltito (FICar-Csi). Subordinadamente aos carbonatos são registradas
camadas de areia grossa (Fac), num processo de oscilação energética, que formou
intercalações de material fino e material grosso (Figura 19). A ocorrência de
calcarenito intercalado com lamas carbonáticas indica a continuidade, a partir da
classificação de Bruhn et al. (1998), do sistema de lobos ricos em lama e areia
(SML).

Figura 19: Coluna estratigráfica entre 1200 até 952 metros de profundidade, a deposição é
predominantemente carbonática (Flcar-Csi), contudo, são registradas camadas
subordinadas de material clástico, indicando um sistema de lobos ricos em lama e areia
(SML).
44

O topo do poço, por fim, apresenta espessa intercalação formada por


camadas de calcarenito bioclástico (Fcar) de cor bege claro com matriz argilosa,
formada por calcilutitos e calcissiltitos, intercalado com camadas de calcarenitos
(FICar-Csi). A intercalação formou um espesso pacote sedimentar
(aproximadamente 400 metros de espessura). As camadas variam de 4 a 28 metros
nos calcarenitos e de 2 a 12 metros nos calcissiltitos e calcilutitos (Figura 20). A
intercalação de material carbonático fino (Flcar-Csi) com calcarenitos (Fcar) e
quantidades subordinadas de areia indicam, segundo o modelo de Bruhn et al.
(1998), a deposição num sistema de lobos ricos em lama e areia (SML), que
indicam que a área estava localizada na parte intermediária/distal do leque
submarino, onde ocorre a deposição de material fino ainda com predomínio de areia
média/fina (Haughton et al., 2006).

Figura 20: Coluna estratigráfica até 952 metros de profundidade onde se observa uma
intercalação de calcarenitos (Fcar) e material carbonático fino (Flcar-Csi), indicando um
sistema de lobos ricos em areia e lama (SML).
45

6.2.2 Correlação entre as fácies e as formações da Área

O local estava inicialmente localizado numa área de alta profundidade e


predominava a deposição de sedimentos finos por decantação e raros eventos
turbidíticos, num sistema de deposição lamítica profunda (DLD). O mar começou a
recuar e diminuiu-se a profundidade da área, permitindo uma maior interferência
continental da sedimentação. Essa característica permitiu a deposição de material
fino intercalado com material de maior granulometria, em especial calcarenitos,
havendo registros subordinados de material turbiditico, formando, segundo a
classificação de Bruhn et al. (1998), um sistema típico de lobos não confinados ricos
em areia e argila (SML).
Em comparação com o poço 01 percebe-se a diminuição do conteúdo
clástico, em especial de arenitos de médio a grosso e a ausência de um sistema
complexo de canais ricos em areia e cascalho (CC), o que pode indicar que
enquanto o poço 01 localiza-se numa área de maior influência clástica, o poço 02
localiza-se numa área de maior influência carbonática, ou seja, com a ocorrência de
turbiditos ricos em clastos de composição carbonática.
A partir da descrição acima é possível identificar e individualizar as principais
litologias da área, com base em Winter et al, (2007). No topo da estratigrafia
ocorrem calcarenitos intercalados com material fino (calcilutitos e argila), indicando,
segundo a classificação de Bruhn et al. (1998), a ocorrência de um sistema de lobos
não confinados ricos em lama e areia (SML), que pode ser correlacionado com as
litologias típicas da Formação Emborê, em especial do Membro Siri, caracterizado
por calcarenito bioclástico de cor creme-claro (Rangel et al., 1994). No perfil
analisado o membro Siri apresenta camadas de calcarenito bioclástico puro na base
e no topo e intercalações de calcarenitos com argilas e calcissiltitos na porção
central, que indicam um processo de oscilação do nível do mar, em que se
depositam carbonatos em ambiente de plataforma carbonática rasa (bancos algais)
intercalados a sedimentos mais finos, comuns a área de mar profundo. Também foi
registrada a ocorrência do Membro Gruassaí, composto de sedimentos clásticos
finos, indicando uma mudança de ambiente deposicional, onde a plataforma
carbonática regride e a deposição clástica, de origem deltaica ou estuarina, ganha
importância.
46

Entre 190 e 400 metros e 1120 e 1200 metros de profundidade, foram


localizados folhelhos intercalados majoritariamente por margas e quantidades
subordinadas de calcilutito intercalados a folhelhos que indicam um sistema de
deposição lamitica distal (DLD), que pode ser correlacionado a Formação Ubatuba.
Entre 1200 e 2030 metros de profundidade ocorre a deposição de material
fino (predominam folhelhos com quantidades menores de margas e calcilutitos),
com lentes turbiditicas areníticas finas, relacionadas, segundo Bruhn et al. (1998),
aos lobos não confinados ricos em lama e areia (SML), típicos da Formação
Carapebus.

6.3 Poço 03
6.3.1 Análise de Fácies

O poço foi perfurado na área da Bacia de Campos, nas coordenadas


(368.057,00 m E / 7.551.168,00m S), em lamina de água com 65 metros de
profundidade.

O poço 03 apresenta 2924 metros de profundidade. Na base, até 2790


metros foi registrada deposição siliciclástica, com arenito grosso (Fag) e camadas
subordinadas de folhelhos (Ffol) e arenito médio (Fam) (Figura 21), formando,
segundo Bruhn et al. (1998), um sistema complexo de canais ricos em areia e
cascalho (CC).

Figura 21: Coluna estratigráfica entre 2924 e 2790 metros de profundidade, é possível
observar um espesso pacote de arenitos grossos (Fag) com quantidades menores de
folhelhos, sendo classificado como um sistema complexo de canais ricos em areia e
cascalho (CC).

A partir de 2790 metros de profundidade registram-se folhelhos (Ffol) com


quantidade subordinada de margas (Figura 22). Entre 2500 e 2250 metros
47

registraram-se espessas camadas com aproximadamente 250 metros de espessura


composta por marga com quantidades menores de folhelho (FMar). A intercalação
marga/folhelho representa uma sequência sem depósitos turbiditicos, não se
enquadrando na classificação de Bruhn et al. (1998).

Figura 22: Coluna estratigráfica entre 2790 e 2250 metros de profundidade, onde se
registra um espesso pacote de material fino, de margas (FMar) no topo e folhelhos (Ffol) na
base. O material mais fino, sem indícios de depósitos turbiditico pode ser classificado como
um “depósito lamítico distal”.

Entre 2250 e 1590 metros de profundidade, a granulometria continua fina,


porem as camadas turbiditicas ficam mais espessas, indicando a diminuição do
nível do mar. Dentro desse intervalos destacam-se entre 1615 e 2790 metros de
profundidade onde a deposição carbonática predomina, havendo intercalações de
camadas de margas e quantidades menores de folhelhos e camadas de folhelhos
com quantidades menores de margas, com a ocorrência de lentes de arenito
(FMar). Entre 1740-1730 metros e 1925-1860, foram registradas duas camadas de,
respectivamente, 10 e 85 metros de arenitos finos (Faf). Por fim entre 1730 e 1620
48

metros foram registras duas camadas de folhelhos intercalados com uma de marga,
ocorrendo quantidades menores de material arenoso (Figura 23).
Entre 2250 e 2175 foi encontrada uma camada com 75 metros de arenito
médio (Fam) com quantidades menores de folhelho e marga. Por fim entre 2175 e
1925 metros predominam margas (FMar), com uma camada de folhelhos com 34
metros de espessura, próximo ao topo da camada e outra com 14 metros. (Figura
23).
A partir do observado é possível concluir que os pacotes sedimentares entre
1730-1590 metros e 2175-1925 metros são compostos predominantemente por
margas (FMar) constituindo um sistema de “depósitos lamíticos distais”, onde não
há registros de turbiditos. Entre 1925-1730 e 2250-2175 há a ocorrência de
camadas de arenitos turbidíticos finos (Faf) e médios (Fam), respectivamente,
típicos, segundo a classificação de Bruhn et al. (1998), de sistema de lobos não
confinados ricos em areia e lama (SML).
49

Figura 23: a) Coluna estratigráfica entre 1925 e 1590 metros de profundidade, onde
predomina material fino, como margas (FMar) com arenitos finos (Faf) na base. b) Coluna
estratigráfica entre 2250 e 1925 metros de profundidade, onde predominam folhelhos e
margas (FMar) com arenitos médios (Fam) na base. As duas colunas estratigráficas
representam um sistema de lobos não confinados ricos em areia e lama (SML).

Foi registrada uma camada de 102 metros de arenito grosso, na


profundidade de 1450 metros, divididos em 62 metros de arenito grosso puro no
topo da camada e de arenito grosso com camadas de argila na parte basal (Famg).
Essa camada está a cima de uma camada com 54 metros de arenito fino com argila
50

(Figura 24). Esse intervalo indica, segundo a classificação de Bruhn et al. (1998),
um de sistemas complexos de canais ricos em cascalho e areia (CC).

Figura 24: Coluna estratigráfica entre 1590 e 1270 metros de profundidade, observa-se um
espesso pacote de arenito médio a grosso (Famg), típico de sistemas complexos de canais
ricos em cascalho e areia (CC).

Na profundidade de 1390 metros há uma faixa de 180 metros sem dados


coletados. A partir das informações obtidas no próprio relatório e pela continuidade
dos arenitos após a faixa sem dados, é possível concluir que nessa área o material
é arenoso, gradando de fino a grosso, com elevada quantidade de argila, o que
ajudou na perda do material durante a perfuração.
A partir de 1210 metros de profundidade a deposição carbonática cessa em
detrimento a deposição siliciclástica, com predomínio de areia grossa (Fag) com
quantidades subordinadas de areia fina (Figura 25), indicando, segundo a
classificação de Bruhn et al. (1998), um sistema de lobos não confinados ricos areia
(Sluc).
51

Figura 25: Coluna estratigráfica entre 1270 e 960 metros de profundidade, onde
predominam arenitos grossos (Fag) e quantidades subordinadas de calcarenitos e areia
fina, formando um sistema de lobos não confinados ricos em areia (Sluc).

Em seguida ocorre uma camada bastante espessa (aproximadamente 105


metros) de calcarenitos (Fcar) com quantidades subordinadas de arenito e argilito,
seguido de duas camadas de arenitos com quantidades menores de calcarenitos.
Entre 1200 e 775 metros foram registradas duas camadas de argilito (Farg) com
quantidades menores de arenito, intercaladas por uma camada de arenito grosso
(Fag). (Figura 26). Essa caracterização indica que o sistema continua sendo,
segundo Bruhn et al. (1998), um sistema de lobos não confinados ricos em areia
(Sluc).

Figura 26: Coluna estratigráfica entre 960 e 775 metros de profundidade, o topo apresenta
sedimentação clástica com intercalação de arenito (Fag) e argilito (Farg) e a base
apresenta deposição de calcarenito (Fcar), indicando um sistema de lobos não confinados
ricos em areia.
52

Entre 960 e 510 metros de profundidade ocorre intercalações de material


clástico (arenito médio a grosso) com material carbonático (calcarenito de médio a
grosso), que compõe a Fácies Arenito-Calcarenito (Fac), que formam, segundo
Bruhn et al. (1998), um típico de sistemas complexos de canais ricos em cascalho e
areia (CC) (Figura 27).

Figura 27: Coluna estratigráfica entre 775 e 510 metros de profundidade, onde ocorre uma
intercalação de espessas camadas de arenito e calcarenito (Fac), típica de sistemas
complexos de canais ricos em cascalho e areia (CC).

6.3.2 Correlação entre as fácies e as formações da Área

Inicialmente foi registrada a deposição de material grosso (areia média a


grossa), típica, segundo a classificação de Bruhn et al. (1998), de sistemas de
complexos de canais ricos em areia e cascalho (CC), indicativo da existência de um
amplo depósito de sedimentos de origem turbiditica intercalado a material fino,
típico de sistema de deposição lamítica distal (DLD). Em seguida o nível do mar
recuou, aumentando a quantidade de depósitos tempestivos intercalados a material
fino, formando, segundo a classificação de Bruhn et al. (1998), um sistema de lobos
não confinados ricos em areia (Sluc). O nível do mar diminui ainda mais, permitindo
a sedimentação de camadas de areia grossa típicas, segundo a classificação de
Bruhn et al. (1998), de sistemas de complexos de canais ricos em areia e cascalho
(CC). A partir desse momento começa um processo cíclico (ate o final do poço), que
pode ser caracterizado a partir da classificação de Bruhn at al. (1998), em um
sistema rico em sedimentos mais grossos, típicos de complexo de canais ricos em
53

areia e cascalho (CC), ora de material mais fino e calcarenitos, típicos de lobos não
confinados ricos em areia (Sluc).
É possível identificar e individualizar as principais litologias da área, a partir
de Winter et al, (2007). No topo são encontradas camadas referentes à Formação
Emborê. Inicialmente foram observados calcarenitos (Fcar) cor creme claro, de
granulometria média, bioclástico, arenoso, desagregado e compacto, típicos,
segundo a classificação de Bruhn et al. (1998), de sistemas de lobos não
confinados que podem ser correlacionados ao Membro Grussaí. E arenitos (Fam)
de aspecto hialino, de granulometria média, intercalado com argilito cinza micáceo e
calcarenito creme fino, típicos, segundo a classificação de Bruhn et al. (1998), de
sistemas de lobos não confinados ricos em areia (Sluc), que podem ser
correlacionados ao Membro Clástico da Formação Emborê.
Entre 1500 e 1870 metros e entre 2345 e 2760 metros, foram encontrados
folhelhos e argilitos intercalados por margas e camadas finas de arenito
intercaladas ao folhelho, típicas de sistemas de “deposição lamitica distal”. Por fim
foram encontradas lentes de arenito médio (Fam), hialino, quartzoso, intercalado
com folhelho cinza escuro a esverdeado, micáceo, fossilífero, que segundo a
classificação de Bruhn et al. (1998) trata-se de um sistema de lobos não confinados
ricos em areia (Sluc).

7. Correlação de poços com os modelos arquiteturais.

A partir das classificações de Bruhn et al. (1998) e Haughton et al. (2006), foi
elaborado, a coluna estratigráfica para o poço 01, com seus respectivos elementos
arquitetônicos (Figura 29).
Na base e em parte da porção intermediária ocorre deposição de material
fino (margas e folhelhos), com poucas ocorrências turbidíticas, formando depósitos
lamíticos distais e de lobos (spray), mostrando que a área se localizava em águas
profundas (cauda do depósito). A granulometria do depósito aumenta, destacando-
se intercalações de calcarenito e arenito médio com folhelhos, que formam
camadas plano-paralelas, em seguida aumenta a deposição de arenitos de médio a
grosso, intercalado com calcarenitos, indicando a formação de depósitos de canais
planos e camadas onduladas, que sugerem a diminuição do nível do mar, que fez
com que o local passasse a sofrer maior influencia de ambientes continentais,
54

aumentando o registro de turbidítos (corpo do depósito). Por fim, o topo é composto


por material sedimentar de granulometria média a grossa ocorrendo depósitos de
canais planos, diques marginais e canais amalgamados.
Também foi elaborada a coluna estratigráfica, com seus respectivos
elementos arquitetônicos, para o poço 02 (Figura 30). A partir das classificações de
Bruhn et al. (1998) e Haughton et al. (2006).
O poço apresenta em sua base predomínio de material fino (folhelho, marga
e calcissiltito), compondo depósitos com camadas plano-paralelas e depósitos
lamíticos distais, indicando que a área encontrava-se em águas profundas,
formando depósitos turbidíticos distais (cauda). Na parte intermediária aumenta a
granulometria e são registrados arenitos grossos intercalado a calcarenitos típicos
de canais planos e intercalações de calcarenitos com folhelhos e margas advindas
de depósitos em camadas plano-paralelas, ainda na parte intermediária foram
registradas intercalações de calcarenitos com camadas mais grossas de margas e
folhelhos, formadas em lobos (spray) e camadas plano-paralelas, na parte superior
desse intervalo foram identificados arenitos formados em canais planos. Esse
intervalo mostra uma diminuição do nível do mar, se comparado com a base,
permitindo a formação de depósitos turbidíticos intermediários (entre o corpo e a
cauda do depósito). Por fim o topo apresenta intercalação de calcarenitos com
calcilutitos, advindos de depósitos plano-paralelos e um pacote extenso com arenito
e calcarenito formando depósitos de canal plano-paralelos, de forma que o mar
continuou o processo de diminuição de seu nível, permitindo a deposição de areia
média, contudo, os depósitos ainda são intermediários (corpo do depósito
turbidítico).
Por fim também foi elaborada a coluna estratigráfica, com seus respectivos
elementos arquitetônicos, para o poço 03 (Figura 31). A partir das classificações de
Bruhn et al. (1998) e Haughton et al. (2006).
Na parte inferior da base do poço ocorre uma espessa camada de arenito de
médio a grosso, típico de depósitos em camadas plano-paralelas e camadas
onduladas, seguida de um espesso pacote formado por folhelhos e margas advindo
de um depósito lamítico distal, indicativo de que a área estava localizada em águas
profundas compondo depósitos turibidíticos distais (cauda). Na parte intermediária
aumenta a quantidade de lentes turbíditicas compostas por arenitos de finos a
médios intercalados a espessas camadas de margas e folhelhos, indicando um
55

sistema de lobos (spray). Em seguida a granulometria aumenta para arenitos de


médio a grosso formando inicialmente depósitos em camadas onduladas, seguidas
de depósitos de canais planos, diques marginais e canais amalgamados. O
aumento da granulometria e da espessura das lentes turbidíticas indica que o nível
do mar diminuiu, formando depósitos turbidíticos de proximais a intermediários
(cabeça/cauda). No topo a granulometria continua alta, contudo, aumenta o teor
carbonático do poço, que passa a apresentar intercalação de arenitos de médio a
grosso com calcarenitos, compondo depósitos de canais planos, diques marginais e
canais amalgamados.
Para as correlações dos poços utilizar a legenda da Figura 28.

Figura 28: Legenda para as correlações de poços


56

Figura 29: Correlação entre a coluna estratigráfica do poço 01 e dos elementos


arquitetônicos para ambientes profundos. Adaptado de Bruhn et al. (1998) e Haughton et al.
(2006).
57

Figura 30: Correlação entre a coluna estratigráfica do poço 02 e dos elementos


arquitetônicos para ambientes profundos. Adaptado de Bruhn et al. (1998) e Haughton et al.
(2006).
58

Figura 31: Correlação entre a coluna estratigráfica do poço 01 e dos elementos


arquitetônicos para ambientes profundos. Adaptado de Bruhn et al. (1998) e Haughton et al.
(2006).
59

8. Modelos
8.1 Modelo Estratigráfico da área de estudo

A partir do resultado da correlação dos poços com os elementos


arquitetônicos é possível reconstituir o modelo deposicional da bacia no período
compreendido entre a base e o topo dos poços.
O poço 01 apresenta predomínio de calcarenitos, indicando que na área
predominou a deposição de carbonatos de mar raso (plataforma carbonática).
Quanto aos turbiditos o poço apresentou poucas lentes, com predomínio, segundo a
classificação de Bruhn et al. (1998), para o sistema de lobos não confinados ricos
em areia e lama (SML), ocorrendo, de forma subordinada, uma área com depósito
de sistema de complexos de canais ricos em areia e cascalho (CC).
Já o poço 02 apresenta equilíbrio entre a deposição de carbonatos e
sedimentos clásticos, indicando a existência de uma área de delta ou foz de rios
efêmeros, em que se depositava material arenoso na época de cheia (maior
contribuição fluvial na deposição) e carbonatos nas épocas mais secas (maior
contribuição do mar na deposição). Nesse poço foram identificadas oito camadas
com lentes turbidíticas formada a partir de lobos não confinados ricos em areia e
lama, que segundo Haughton et al. (2006) representam a parte média (corpo) a
distal (cauda) do depósito, onde a granulometria é constituída de arenito médio.
Também foi identificada uma camada rica em arenito depositados a partir de lobos
não confinados ricos em areia (Sluc) e uma depositada a partir de complexos de
canais ricos em areia e lama (SML) (Bruhn et al., 1998), que, segundo o modelo de
Haughton et al. (2006) representa a parte frontal (cabeça) do depósito turbidítico.
Por fim foram identificadas duas lentes junto à parte mais fina (base do poço), que
indica a parte distal (cauda) do depósito turbiditico.
Por fim o poço 03 apresenta deposição clástica, com poucas camadas
carbonáticas, indicando uma área com lobos areníticos, típicos de áreas de
descarga fluvial ou estuarina (Haughton et al., 2006). A parte superior do poço
apresentou um espesso pacote sedimentar grosso, onde foram registrados arenitos,
que segundo a classificação de Bruhn et al. (1998), são de complexos de canais
ricos em areia e cascalho (CC) e de lobos não confinados ricos em areia (Sluc),
que indicam a parte frontal a intermediária (cabeça/corpo) do depósito turbiditico,
60

trata-se de uma região propicia a formação de rochas reservatório com ótima


continuidade vertical (Haughton et al., 2006).
O poço 01 apresenta composição predominantemente carbonática,
principalmente da Fácies Fcar (calcarenitos) e da Fácies FlCar-Csi (calcarenitos,
calcissiltitos e calcilutitos), com quantidade subordinadas de sedimentos clásticos
da Fácies Farg (argilito) e da Fácies Fam (arenito médio). Essa litologia, segundo,
Stow & Mayall (2000) indica a deposição a partir de uma rampa carbonática. Já os
poços 02 e 03 apresentam predomínio de material clástico, principalmente da
Fácies Fam (arenito médio), Fácies Fag (arenito grosso), Fácies Ffol (folhelho),
Fácies Farg (argilito), com quantidades subordinadas da Fácies Fmar (marga) e da
Fácies Fcar (calcarenito). Desse modo podemos segundo a classificação de
Haughton et al. (2006) propor o modelo estratigráfico presente na Figura 32.

Figura 32: Modelo de deposição da área de estudo, o poço 01 apresentou predomínio de


carbonatos, indicando menor influencia de fontes clásticas de sedimento. Já o poço 02 está
situado próximo a um lobo arenítico, onde a deposição varia de clástica a carbonática,
dependendo das condições ambientas. Por fim o poço 03 está situado junto a um lobo
arenítico, de modo a prevalecer à deposição clástica.
61

8.2 Modelo Geológico da Área de estudo


A partir dos dados obtidos pela análise individual e da correlação dos poços
foi possível determinar que a região apresenta empilhamento estratigráfica normal,
onde as camadas mais jovens se sobrepõem as camadas mais antigas, exceto, em
áreas próximas as camadas de sal, onde a tectônica salina compõem um
importante vetor de tensões estruturais, criando estruturas anticlinais e sinclinais,
fazendo com que os depocentros da bacia coincidem com estas estruturas
deformadas (Mohriak, 2004).
Para a formação de um bom modelo geológico é necessário a utilização dos
dados obtidos a partir do empilhamento das camadas sedimentares (obtidas a partir
da correlação dos poços) e de métodos sísmicos, que permitam a observação das
principais superfícies em subsuperficie.
Os dados referentes à geofísica foram obtidos a partir dos trabalhos de
Correia (2015), onde é possível observar a presença de importantes falhas, que
variam de antitéticas a lístricas. Esses sistemas de falhas apresentam tanto falhas
com pouco deslocamento relativo, como falhas de grande deslocamento (Figura
33).

Figura 33: Perfil Sísmico da área de estudo, em amarelo, rosa e verde estão os horizontes
crono-estratigráficos (entre a linha amarela e a roxa está a camada arenítica de interesse).
Em vermelho estão desenhadas as principais falhas. Notar em verde uma área de falha
com grande deslocamento, gerando uma área de armadilha estratigráfica ideal para a
acumulação de hidrocarbonetos (Correia, 2015).
62

Outro ponto importante foi a observação, a partir de feições sismo-


estratigráficas, de importantes estruturas turbidíticas (Figura 34), trata-se de
estruturas na forma de canais, com até 10.000 metros de espessura lateral (Correia,
2015). Esses dados complementam e corroboram com a análise obtida a partir da
correlação dos três poços do trabalho, onde foram encontradas camadas areníticas
com grande continuidade lateral. Na Figura 34 é possível observar a presença de
depósitos turbidíticos na forma de canais arenosos, indicando a parte mais proximal
dos depósitos turbidíticos dos poços estudados.

Figura 34: Modelo sísmico dos turbiditos (Correia, 2015).

Dessa forma é possível criar um modelo geológico simplificado da área


(Figura 35), onde se observa a presença de uma plataforma carbonática rasa, com
sedimentação de calcarenitos bioclásticos, intercalados a lobos e depósitos de
canais entrelaçados de conteúdo arenoso, esses depósitos chegam a locais de
sedimentação fina através de eventos ocorridos no continente que causando o
deslocamento de sedimentos formando turbiditos, como os da Formação
Carapebus. Com o aumento da profundidade a deposição afina (margas e
folhelhos). Nesse contexto, se formam falhas normais (antitéticas a lístricas) que
podem deslocar as camadas sedimentares, formando armadilhas estruturais, que
aliadas às armadilhas estratigráficas (camadas pouco porosas, como folhelhos,
63

margas, argilitos e evaporitos) vão proporcionar boas trapas para os depósitos da


Formação Carapebus.
64

Figura 35: Modelo geológico da área de estudo.


65

9. Conclusão
A partir da análise e da correlação, entre os poços e os elementos
arquitetônicos, percebe-se que os sedimentos da Formação Carapebus, alvo
do estudo, apresentam intercalações de arenito com granulometria média a
grossa, em depósitos não-estratificados com turbiditos de granulometria finas
com maiores conteúdos de folhelhos e lamitos. Esses depósitos são
homogêneos e de grande extensão lateral, gerados a partir de grandes
processos de fluxo gravitacional. Esses turbiditos estão localizados junto aos
lobos proximais e distais encontrados nas áreas de maior deposição silicilástica
da Bacia de Campos, que sobrepõem os calcarenitos e calcilutitos depositados
nas plataformas carbonáticas da área.

A conjunção de fatores sedimentares como a granulometria arenosa e


a boa seleção dos grãos, de fatores estratigráficos como a homogeneidade
composicional das camadas, a grande continuidade lateral e a presença de
camadas de material mais fino (argilitos, folhelhos, margas e calcilutito) torna
os arenitos da Formação Carapebus em excelentes rochas reservatório e de
fatores estruturais, como a presença de falhas antitéticas e lístricas, que alem
de formar armadilhas estruturais, são o conduto dos hidrocarbonatos entre as
rochas geradoras e o reservatório. Dessa forma, podem-se definir os folhelhos,
ricos em matéria orgânica como as geradoras do sistema petrolífero. Esse
hidrocarboneto migra para os arenitos da Formação Ubatuba, através das
falhas e fraturas da área, esses hidrocarbonetos são bloqueados por
armadilhas estratigráficas e estruturais, sendo as rochas finas da Formação
Ubatuba as rochas selantes do sistema.

Por fim, fica claro que os turbiditos da Formação Carapebus estão


relacionados, em sua parte proximal, a canais amalgamados, diques laterais e
canais planos, em sua parte intermediaria, a camadas plano-paralelas e
onduladas, e na parte distal a lobos (sprays) e lentes areníticas junto à
depósitos lamíticos distais.
66

10. Referencias Bibliográficas


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Anexo I: Coluna Estratigráfica Completa da Bacia de Campos.

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