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PEREGRINO - APOSTILA N 05 1

SÉRIE PEREGRINO
AULA N 21
COSMOGÊNESE

AS TEOGONIAS
O Princípio Eterno e Imutável, apresentando nas suas grandes linhas o Sistema em que vai
se processar mais uma etapa da Evolução Universal, despertou, para mais uma vez realizar a
Obra da Manifestação.
Vimos que, para realizar o seu trabalho, o Logos Solar saiu das profundidades da
existência Una, daquele princípio inconcebível, eterno, onisciente, onipotente, onipresente e
ilimitado, a que os vedantinos denominam de Parabrahmam ou a Única Realidade.
É Sat, simultaneamente, o Absoluto Ser e o Absoluto Não-Ser, raiz sem causa de todas as
coisas passadas, presentes e futuras, sobre o qual a mente humana nenhuma especulação pode
fazer. É o Espaço abstrato, absoluto, representando a pura subjetividade; e o Movimento
também abstrato e absoluto, representando a consciência incondicionada. Este último aspecto
da Única Realidade é ainda expressivamente simbolizado pelo “Grande Hálito”. Falando dele,
dizia Proclus que era “a Unidade das Unidades para além do primeiro Aditi (imanifestado e
incognoscível)... mais inefável que o Silêncio absoluto; mais oculto que a Essência absoluta...
escondido entre os deuses compreensíveis”.
Temos, pois, como axioma fundamental, esse Um Absoluto e metafísico que as “Estâncias
de Dzian” (ver “Doutrina Secreta”, de Helena Petrovna Blavatsky) chamam de Pai-Mãe
(OEAOHOO) “envolto nas suas vestes para todo o sempre invisíveis”.
Como efeito dessa Causa sempre oculta ou imanifestada, surge o Logos Solar que é, num
Sistema tal como o nosso (Universo), o equivalente a um Deus individual. Já não é o Absoluto,
mas qualquer coisa finita, condicionada, precursora do manifestado, princípio e fim de tudo
quanto existe, e que a desdobra em três aspectos, designados pelos teósofos de
Primeiro,Segundo e Terceiro Logos. É a trindade ou Trimurte a que todas as religiões se referem:
Sat, Chit, Ânanda; Pai, Filho, Espírito Santo; Ichchhâ, Jñâna, Kriyâ; Cochamah, Binah, Keter;
Brahmâ, Vishnu, Shiva; Força, Sabedoria, Beleza; etc...
Resumindo, temos que do Absoluto, da Única Realidade, sai o Logos impessoal e não
manifestado (precursor do manifestado), “o Verbo e a Palavra” em seu sentido metafísico, que
se desdobra em três aspectos: o Primeiro Logos, raiz ou origem do Ser, representando a Vontade
Cósmica; o Segundo Logos manifestando a primeira dualidade, que constitui dois polos da
Natureza, entre os quais se tecerá a trama do Universo, as duas facetas da Única Realidade:
Purusha (Espírito) e Prakriti (Matéria), no dizer dos Vedantinos; o Terceiro Logos ou Terceiro
aspecto relacionando-se com a ideação cósmica, Mahat ou Inteligência, Alma Universal do
Mundo, o Número cósmico da Matéria, a base das operações inteligentes da Natureza,também
denominado de Mahâbuddhi. A esses três aspectos ou hipóstases do Logos denominamos
Teósofos (verdadeiro se não teosofistas) de Vontade, Sabedoria e Atividade.
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É a Divindade imanifestada que se torna tríplice quando se manifesta. Separada de sua


origem,é o Demiurgo ou Logos criador nos seus três aspectos;e, quando consideramos esta
Trindade Universal à Vida Una de que depende, é o Quaternário Cósmico que os hindus
representam pelo Brahma de Quatro Faces, também simbolizado pela tetraktys de Platão;
representado também pelo triângulo indeformável com o olho no centro, encontrado nas lojas
Maçônicas.

PURUSHA E PRAKRITI
No Bhagavad-Gîtâ,o Logos, falando pela boca de Krishna, expõe claramente a doutrina
oculta, ao dizer que há um Âtmâ indestrutível ou Purusha Superior – Puruchottama, e um
Purusha Inferior, destrutível, que é o Âtmâ interior que vibra no homem iluminado (jivâtmâ); e
que esses dois aspectos polares de Âtmâ se confundem em Parabrahm (Além de Brahmâ), o
qual, em verdade, é o único Âtmâ, mantenedor de todas as coisas existentes, apesar de não
participar da criação, nem das mutações que nela se operam. Krishna quis expressar, por esse
modo, o conceito sobre o reflexo, no Homem, do Princípio Único e imanente, causa sem causa da
manifestação, isto é, o Âtmâ Universal, indeterminado, incondicionado, sem qualificação, ou
Brahmâ-Nirguna, correspondendo exatamente ao conceito de Substância Una e Eterna.
A esse mesmo princípio polarizado como Purusha e Prakriti, estando Purusha ou Âtmâ
manifestado, unido indissoluvelmente a Prakriti.
Purusha é incriado, improdutivo, causal, capaz de, por sua simples presença, provocar o
entendimento, a percepção.
Prakriti é incriada e produtiva, sendo-lhe inerente criar formas e aperfeiçoá-las de acordo
com uma Lei Universal, cuja totalidade nenhum Deus Pessoal pode conter.
A Prakriti corresponde, portanto, o produzir, o criar formas, o movimentar-se.
Em outras palavras, o Princípio Único e Incondicionado se polariza em Espírito e Matéria.
Notemos, porém, que esses dois termos não se harmonizam em absoluto com o conceito
ocidental, com o dualismo cartesiano.
Purusha é o princípio daquilo que vai ser o entendimento quando associado ao
substractum a que chamamos de matéria. É, de fato, a essência das coisas, a quintessência, não
tem atributos, não participa da criação ativa, caracteriza-se pela inatividade.
Só podemos entrever-lhe a natureza comparando-a com os corpos que agem, isto é, aos
catalizadores.
Prakriti, a matéria, é, ao contrário disso, o substractum universal das manifestações. É a
substância plástica, ativa, criadora.
Uma famosa alegoria oriental pode, de certa maneira, ajudar-nos a compreender a
associação perene e indissolúvel de Purusha e Prakriti: Uma caravana é assaltada por ladrões.
Todos tratam de fugir e o fazem nas próprias pernas, menos um cego e um paralítico. Diz o
paralítico ao cego: – “Você anda, mas não vê, eu vejo, mas não ando. Associemo-nos”. E assim o
cego pode carregar o paralítico às costas, e o paralítico pode conduzir o cego. Purusha é o
paralítico e Prakriti, o cego.
Podemos depreender que, com a manifestação cíclica do Logos, como lei incoercível no
mundo da manifestação, uma polaridade, como Espírito e Matéria, é o sujeito e o objeto do
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conhecimento.
Na primeira fase da manifestação, expressa pelo ponto no círculo,
(polaridade germinal), o Espírito de Vida fecunda a Matéria virgem criando o germe
da polaridade, o chamado germe no ovo. Depois, na segunda fase, esse ponto, esse
germe se desenvolve e se transforma num diâmetro, que simboliza a polaridade
plenamente desenvolvida e ativa, ou seja, o Logos Dual, Pai/Mãe, Purusha/Prakriti,
Espírito/Matéria.

Na terceira fase o Pai/Mãe, ou Purusha/Prakriti, se unem. O Pai


representado pela linha ativa e vertical, e a Mãe pela linha passiva horizontal,
formando a Cruz do Mundo, a Cruz Mundanal, o Universo Ativo, o Demiurgo, o
Construtor, a Ideação Cósmica com suas legiões criadoras.

Outros atributos de Purusha e Prakriti serão estudados posteriormente.

Bibliografia:
BLAVATSKY, H. P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda., São Paulo, 2.ed., 1991.
O Universo e o Homem - O Logos Solar, p.24-5.
Apostila: Material de Estudo, p. 14-5 e 93.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.
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AULA N 22

ISHWARA COSMOCRATA

No léxico de Filosofia Hindu (Pali, Sânscrito – Tâmul), de Francisco Kastbbeger, a definição:


“ISHWARA – É o Senhor do Céu. É o único SENHOR Pessoal em si. É um dos princípios
fundamentais da YOGA, no qual DEUS é denominado, precisamente, de ISHWARA. No
sistema bramânico é chamado pelos homens, segundo suas inclinações, tendências e
capacidades, o Deus Shiva, tendo como irmão o Deus Vishnu... Na Vedanta insiste-se na
Identidade de ISHWARA com cada alma Individual, dado que os dois não são mais que
manifestações do Único Espírito do todo. O codificador da filosofia loguista, Patanjali, insiste
continuamente num ISHWARA, é uma posição que vai dirigida sobre todo e contra o ateísmo
do Sânkhya”.

É verdade que a figura do Ishwara de Patanjali não é muito sublime, dado que não é mais do
que uma Mônada Espiritual livre “ab-eterno” dos “Mala” e possuindo a onisciência.
Patanjali apoia-se no Upanishads que admite um Ishwara, ainda que isso não se possa
afirmar categoricamente, considerando que os respectivos aforismos de Patanjali alcancem, às
vezes, pontos sublimes de meditação sobre o referido Ishwara que é simbolizado pela sílaba
sagrada “OM”.
Consoante com o Glossário Teosófico, temos outras luzes a respeito do termo ISHWARA. É o
Senhor ou o Deus Pessoal, o Espírito Divino no homem.
Literalmente quer dizer, soberana existência, independente existência, É o título dado aos
Deuses da Índia: Shiva (tendo como complementação Vishnu e Brahmâ).
Shiva é denominado também de Ishwara-Deva Soberano. É o princípio Divino da Natureza ou
condição ativa. É um dos quatro estados de Brahma.
O Senhor ISHWARA é um espírito – PURUSHA – a quem não afeta a dor, as obras e o fruto
delas, nem as impressões. Não é infinita aquela Onisciência que nos demais seres só existem em
Germe. É o instrutor até mesmo dos primitivos instrutores, pois não está limitada... para o tempo.
Sua representação é sua palavra “OM”.
Em sânscrito: é o Senhor; o Supremo Ser, o Logos donde emanam todas as individualidades.
É o centro de consciência imutável que existe no seio da Existência Única.
A palavra ISHWARA pode ser desdobrada em ISH (ou IHS) e SWARA: ter-se-á o HÁLITO DE
“IÓ” ou ISIS, como aspecto feminino da Divindade. A versão vulgarizada não deixa de ter seu ponto
ou núcleo de VERDADE.
Os filósofos e sábios do extremo oriente conceituam a palavra como uma designação de
Deus, Espírito, de Senhor. É alguma coisa que expressa a Divindade.
Poderíamos dizer que ISHWARA ou ÍSIS+WARA é uma expressão bem semelhante à do
ADAM-KADMON. Ambos definem o Homem Cósmico, do Segundo Trono, o Pai-Mãe Cósmicos.
O Professor Henrique José de Souza, dizia:
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- “ISHWARA OU LUZEIRO – é o poder da Vontade do Eterno posto em atividade nos


mundos formais. É o potencial do Segundo Trono, em atividade em baixo, como andrógino
em separado ou desdobrado”.
- “ISHWARA é o Hálito de Isis ou “IO”; ISHWARA é o Varuna (o Varão Celeste).
ISHWARA ou LUZEIRO é o Aspecto feminino da Divindade, isto é, aspecto feminino
externamente e masculino internamente”.
- “Apreciador como sou, de todas as chaves, principalmente a Filológica, fui o único a
revelar o nome próprio ISHWARA (Preste-se atenção às 3 primeiras letras ou ISH-IHS-HIS)
como Hálito de Isis ou “IÓ”: ISIS+SWARA e IS ou ISIS, tomando desse modo a própria
Divindade Central do Universo, um aspecto feminino externo e, masculino ou velado,
interno”.

ISIS + SWARA ou VARUNA


Podemos comparar a Essência do Ishwara com o Sol Central, ou seja, o de coloração amarela,
ladeado pelo azul e vermelho, em relação à Mercúrio (amarelo), Vênus (azul) e Marte (vermelho).
Esses três Planetas representam os primeiro, segundo e terceiro tronos, respectivamente.
Os Ishwaras, como primeiro trono, consciência, manifestam-se através de Maharaja;
consciência psíquica 2o trono; e se objetiva como expressão planetária, consciência física, 3o trono
ou Kumara. O Planetário, portanto, é o espelho do Ishwara do sistema em evolução.
O Ishwara de um Sistema age como Essência, como Sol Central e de modo impessoal. Como
Essência poderá penetrar em tudo e em todos. Basta a presença dessa Suprema Energia –
ISHWARA – para que o mecanismo da Evolução se ponha em movimento, em atividade...

OS ISHWARAS COMO COSMOCRATORESE DIRIGENTES DOS SETE SISTEMAS


ARQUETIPAIS
O Grande Logos é também denominado de Ishwara, o Uno-Trino, e tem como auxiliares
imediatos os Lagos Planetários, como que o Rei e seus vice-reis no vasto império do Sistema,
governando cada um seu próprio departamento. A Teosofia denomina-os de “planetários”, por
terem se identificado com os Sete Planetas Sagrados, que são seus veículos físicos, embora talvez
fosse mais correto denominá-las de Logos de um Sistema ou Cadeia planetária, visto ter cada um
deles, sob a sua responsabilidade, toda série de sete cadeias constituintes de um Sistema de
Evolução.
Assim, cada um desses Logos tem sua própria “casa” e governa seu próprio reino, um
departamento definido do Sistema Solar.
Os Sete Logos provenientes do Logos Solar ou Ishwara são grandes entidades individuais, são
verdadeiros centros de força do corpo do Logos Solar. Cada um desses centros
ocupa uma situação especial ou foco principal no corpo do Sol, bem como um
foco secundário exterior ao Sol. A posição deste foco secundário é sempre
marcada por um planeta físico.
É quase impossível definir claramente, com nossa linguagem, em três
dimensões, a relação exata entre o Logos Solar e o Logos Planetário ou Seus
Centros de Força.
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Podemos, no entanto, imaginar que cada centro possui um campo de influência


praticamente tão extenso como o próprio Sistema Solar. Se tomarmos uma secção deste campo
ver-se-á que ela é elíptica, igual ocorre num átomo qualquer.
Relação dos Planetas com o Sol
Um dos focos de cada elipse se acharia sempre no Sol e o
outro seria constituído pelo Planeta particular, governado por um
dos Sete Logos. O diagrama ao lado procura traduzir esta ideia.
Todos os Planetas físicos acham-se incluídos na porção
comum a todos ovóides, de maneira que cada ovoide que opera
sua evolução, deve ter um segmento em projeção. Embora os
planetas nos apareçam como globos separados há, na realidade,
uma conexão entre eles, possivelmente através da quarta dimensão.
Utilizemos uma analogia que talvez nos, permita compreender essa relação ou conexão dos
planetas entre si e destes com o Sol.
Ponhamos a nossa mão com a palma voltada para cima, de maneira a formar uma copa, mas
com os dedos afastados e, sobre as extremidades digitais, coloquemos uma folha de papel,
imaginando que os círculos, situados nos pontos de contato com os dedos, representem os
planetas físicos, aparentemente isolados uns dos outros.
Na realidade, esses círculos não só estão ligados entre si pela folha de papel, como todos eles
são subdivisões da mão, muito embora a ideia da mão não possa ser compreendida por um Ser de
duas dimensões, que vivesse nos planos formados pelos círculos.
Do mesmo modo, em uma dimensão mais elevada do que aquela em que vivemos, todos os
planetas físicos acham-se em relação uns com os outros, formando um todo único.
Nesse ponto de vista mais elevado, seriam os pontos das pétalas de uma única flor, cujo
coração erguido para o alto seria o pistilo, que nos aparece como o nosso sol físico.
É esta a razão que inspirou os antigos a compararem todo o Sistema Solar a uma flor de lótus.
Podemos melhor entender a relação do Ishwara e os setes dirigentes: assim como cada
marechal tem seus generais, estes têm um corpo especial de oficiais, que forma seu estado-maior e
acham-se sempre prontos a cumprir qualquer determinação; do mesmo modo, o Logos Solar
dispõe de um Estado-Maior, pronto a prestar seus serviços onde quer que seja necessário.
Consagrados exclusivamente ao serviço do Logos, que os emprega em qualquer parte do seu
Sistema, eles são os Seus Mensageiros e não vivem senão para cumprir a Sua Vontade, em toda a
dimensão de seu vasto Sistema.

Bibliografia:
BLAVATSKY,H-P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda.,São Paulo, 2.ed.,1991.
VIDAL, S.V. Série Astaroth, aula no 60.
O Universo e o Homem, p. 28-9, 3-5.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.
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AULA N 23

OS REINOS DA NATUREZA

MINERAL, VEGETAL, ANIMAL E HOMINAL


Muitas vezes os ensinamentos ministrados parecem ser repetitivos, mas sigamos o
pensamento do Professor Henrique José de Souza, que não se cansava de escrever: “Relembrar
é viver”.
Nosso intuito é facilitar a compreensão e não ensinar, procurar orientar para que o leitor
possa ter maior compreensão dos conhecimentos, que às vezes parecem ser áridos, por exigir
muito de nossos neurônios.
A iniciação é uma longa caminhada. O prezado irmão não deve preocupar-se em decorar,
mas sim compreender, sentir. Nosso intento é transmitir os conhecimentos sobre a Obra
Universal a todos, sem preconceito, seja ele qual for. Enfatizamos aqui, que temos o maior
respeito pelos nossos leitores, sobre qualquer ponto de vista.
Esta aula diz respeito aos Reinos da Natureza. Lembremo-nos que a manifestação do
Eterno, como o Grande Arquiteto, projetou-se como Logos, multiplicou-se, estabelecendo os
três mundos: das Causas, das Leis e dos Efeitos. Isto é, da Unidade se fez Trino e em seguida
Sétuplo.
A unidade como mundo das Causas, a trindade como mundo
das Leis e a setuplicidade como mundo dos Efeitos.
A partir do mundo dos Efeitos, notaremos a criação dos Sete
Sistemas, que compõem o nosso Sistema Solar. Em obediência à Lei
Universal, serão apresentados os planos nos quais se realizará a
evolução da vida, os que levaram o Logos a manifestar-se, criando
as várias correntes de vida através dos diferentes Reinos da
Natureza, onde elas nos aparecem divididas e subdivididas.
Devemos ter sempre presente a existência de um princípio fundamental, que
incessantemente repete-se em todos os níveis da manifestação, abrangendo as sete grandes
etapas, em que os Teósofos dividem o caminho da Involução e da Evolução, “Destruens e
Construens”.
Tudo quanto é manifestado, obedecendo a esta Lei Universal, apresenta-se como uma
etapa denominada de Cadeia que, partindo da causalidade Una e Incognoscível, ali volta após
idades sem conta. Os inumeráveis elos dessa Cadeia ou etapa (em número de sete) não passam
de uma sucessão de diferenciações da mesma essência em perpétuo e contínuo estado de
transformação, e cujo progresso obedece a uma ideação do Logos Criador.
Não devemos considerar este Princípio Absoluto, esta Lei da Evolução, como uma força
cega e de movimento inconsciente agindo na matéria bruta, mas como uma Lei inteligente, que
está sujeita à energia universal a que chamamos Vida. Essa energia, que não resulta da matéria,
embora da matéria seja inseparável, emana do Logos e, sob a direção daquelas “multidões” de
Mensageiros Divinos (responsáveis pela objetivação do Grande Trabalho), que agem
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constantemente seguindo a mesma marcha de uma Eternidade ou de um ciclo de vida a outro,


ao longo dos sete planos da Natureza.
Erraríamos, igualmente, se julgássemos que esse trabalho tem por fim realizar somente a
evolução das formas ou dos corpos das criaturas, mas inclui a evolução da essência que nelas
palpita. Já houve quem comparasse esse processo evolutivo ao viajante que, tendo percorrido
vários países de climas e costumes diferentes, regressa ao ponto de partida, enriquecido pelas
experiências colhidas em cada um.
Não importa que esse viajante apresente-se ao longo do caminho com aspectos
diferentes, mais ou menos queimado pelo sol dos areais ou pelas águas dos mares que teve que
cruzar; diferindo da raça, país ou nacionalidade a que ele pertença. Não serão suas
características plásticas, cutâneas ou étnicas que evoluirão, mas sua bagagem intelectual e,
sobretudo, espiritual; isto é, a essência eterna que palpita no seu interior. Do mesmo modo, não
são as formas dos diversos reinos que estão submetidas à Lei da Evolução e que as leva a
transformarem-se em formas dos reinos superiores; quem está sujeito a essa Lei, que da forma
animal, por exemplo, passa à forma humana e evolui progressivamente, enriquecendo-se e
transformando-se, é a essência do animal, são seus princípios genésicos (geração) e sua ideação
primitiva. É a vida que, abandonando uma forma, constrói outra mais apta, ou melhor,
Bem compreendido este princípio fundamental,
verdadeiro Fio de Ariadne no labirinto a que chamamos
Sistema Solar, achamo-nos em condições de estudarmos o
trabalho da Vida Una ao difundir-se por todo o Sistema em
ondas sucessivas, animando todas as formas visíveis e
invisíveis da Natureza, todos os organismos mais ou menos
complexos que enchem o Cosmo manifestado.
Se comparássemos nosso Sistema a um vasto
estabelecimento de ensino que abrangesse todos os graus educativos, desde as escolas de
maternidade e jardins de infância até os cursos mais avançados das grandes universidades,
teríamos que as correntes de vida derramadas em ondas sucessivas pelo Sistema, assemelhar-
se-iam às ondas de estudantes que, concluídos os diversos cursos, espalham-se em seguida pelo
mundo, para nele trabalhar de acordo com os conhecimentos conquistados. O que fazem estas
ondas de estudantes, periodicamente saídas do estabelecimento de ensino, assemelha-se ao
trabalho das vagas de vida que, depois de se fragmentarem em indivíduos, nesse estado,
adquirirem as necessárias experiências, difundem-se por todo o Sistema para cooperar,
conscientemente ou não, na elaboração do Plano idealizado pelo Logos no início do ciclo
evolutivo.
O termo “vagas de vida” é empregado na literatura teosófica moderna em três sentidos
diferentes:
1 – Para indicar as três grandes Efusões (propagações ou expansões) da Vida Divina,
emanadas dos três aspectos do Logos.
A 1a Efusão, saindo do 3o Aspecto e mergulhando diretamente na matéria, a fim de vivificá-
la, construir os átomos e combiná-los em compostos.
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Nessa matéria vivificada, vemos descer a 2a Efusão


de Vida, proveniente do 2o Logos para, depois de atingir o
plano mais denso, remontar com a 1a para o encontro da
3a, emanada do 1o Logos ou 1o Aspecto. As duas primeiras
Efusões de Vida agem nos corpos de todos os seres em
evolução, nos vários reinos da Natureza, até que, pelo
contato com a última ou 3a, as entidades em evolução
atinjam a categoria humana, ou se individualizem pela
aquisição de um ego próprio.
2 – Para designar os impulsos sucessivos de que se compõem a segunda das três grandes
Efusões representadas no gráfico. Esses impulsos de vida, para maior clareza, vamos denominá-
los decorrente de vida.
3 – Para indicar a transferência da vida dê um Planeta para outro, dentro da mesma Cadeia
(com sete Planetas cada), no decorrer das diferentes Rondas (Ciclos).
Depois do processo apontado anteriormente, através das Efusões, ocorre a criação dos
sete reinos:
– primeiro reino: elemental
– segundo reino: elemental
– terceiro reino: elemental
– quarto reino: mineral
– quinto reino: vegetal
– sexto reino: animal
– sétimo reino: hominal
Estes sete reinos da Natureza são as manifestações ou expressões da mesma vida da Vida
Una do Logos, proveniente do seu segundo aspecto quando, como já vimos, a matéria
primordial achava-se animada pela 1 Efusão proveniente do 3 Logos. Esta segunda Efusão
efetua-se por uma série de vagas sucessivas, como as vagas do mar, e são elas que originam os
sete reinos ou as sete correntes de vida.
Dos sete reinos em que está dividida a Vida Una, os três primeiros acham-se no arco
descendente da curva da evolução, significando que a Vida ou Espírito mergulha cada vez mais
profundamente na matéria, para depois retomar com os resultados das experiências recolhidas
no processo evolutivo do Logos.

Bibliografia:
BLAVATSKY, H. P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda., São Paulo, 2.ed., 1991.
O Universo e o Homem, p. 36-9.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.
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AULA N 24

O HOMEM COMO UNIDADE E COMO TERNÁRIO

A ciência, baseada na observação direta, dá-nos conceitos sobre a formação do Universo,


sua evolução e sobre a vida organizada, mas esbarra com problemas insolúveis, quais sejam os
das causas primeiras e das causas finais.
Os mistérios da origem e do destino da criação Universal a ciência não decifrou, pois não
diz quem criou, para que e de que fez a criação.
Contudo, o homem irá decifrando esses enigmas à medida que for se aproximando
daquele estado crístico no qual poderá repetir; “Eu e o Pai somos UM”.
Isso, entretanto, exige conhecimento das Leis Universais e esforços incessantes de
aperfeiçoamento interior que preparam o Ser para o despertar dos poderes nele latentes.
Não renegamos a ciência e nem desprezamos os conceitos por ela emitidos, pois a
Teosofia caminha de mãos dadas com a mesma, porém ultrapassa os limites onde ela se detém.
O conhecimento, como tudo o que possa existir, estava antes no seio de Deus.
De forma que, o conhecimento obtido pelo homem é que vem constituir as artes, as
ciências, as filosofias e as religiões, é uma chispa de luz emitida pela Sabedoria Divina e chegou
até o homem pela maravilhosa simbologia, utilizada muito pela maçonaria, “escada de Jacó” ou
pelos diversos planos da Consciência Divina.
Nas remotas eras da infância da humanidade, em que o homem tinha apenas lampejos de
pensamento, porém nâo raciocinava, os deuses estavam presentes amparando, guiando,
instruindo e preparando o homem para o seu radioso futuro: o da aquisição da individualidade
ou da consciência, através das experiências.
Essa Sabedoria Divina, inerente à consciência espiritual, interiorizou-se no homem,
quando ele recebeu a consciência mental, isto é, a faculdade de raciocinar.
Mas a Sabedoria Divina transmitida aos homens não se perdeu, porque em todas as
épocas sempre houve seres que pelo esforço próprio, alcançaram estágios evoluídos, mais
elevados, emergidos assim da massa da humanidade: são chamados de elites espirituais.
Essas elites espirituais, apuradas em cada raça, no final dos Ciclos evolutivos, são as
detentoras do Conhecimento Divino, transmitido pelos Deuses e que foi ocultado em linguagem
simbólica para preservar a sua essência divina, e que hoje forma o precioso e inesgotável
patrimônio cultural da Teosofia.
Assim sendo, a Teosofia é a pedra angular onde se apóia todo o conhecimento humano,
distribuído pelos diversos ramos das ciências, artes, filosofias e religiões.
A Teosofia nasceu justamente quando o homem começou a receber dos deuses, o
conhecimento transcendental das Leis Universais.
Muito mais tarde, quando o homem, de posse da mente racional, voltou-se para a
investigação das Leis da Natureza, é que surgiram as ciências.
A teosofia, englobando o conhecimento humano, guardado no simbolismo das lendas e
tradições, desvela todos os mistérios e responde a todas as perguntas que a ciência não pode
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responder. É por isso a fonte para onde devem dirigir-se todos aqueles que decidiram romper os
véus da ignorância que sentem dentro de si, o verdadeiro anseio de evolução. Mas não devemos
nos esquecer de que a Teosofia é o conhecimento transcendental que exige algo mais que a
razão.
Teosofistas todos podem ser, porém, teósofos poucos o serão.
O teósofo vivenda o que aprende e por isso desperta em si os atributos de sua natureza
divina, e assim se capacita para entender o conhecimento transcendente.
A teosofia ensina que, sendo Deus o Princípio Criador, tudo o que existe no Universo é
semelhante a Deus em princípio.
As tradições religiosas de todas as épocas afirmam que existe um Deus verdadeiro e três
pessoas distintas. Afirmam também que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus.
Vejamos então como a teosofia nos apresenta esse assunto:
No Universo tudo nasce da Unidade, se expande e volta à Unidade.
O Deus Absoluto, fonte da vida e origem de tudo, está fora de qualquer cogitação, porque
sendo incognoscível, transcende a toda idéia ou conceito que dele se possa fazer. Para que Ele
criasse o Universo, era preciso que desse a si mesmo o Aspecto de Pai e de Mãe, a fim de que o
Universo pudesse surgir como produto desses dois aspectos. Temos assim a Trindade de todas as
religiões, que ocultam em seu simbolismo essas três condições cósmicas ou três aspectos da
Divindade. O Deus Verdadeiro e as três pessoas distintas que na Trindade cristã recebem o nome
de Pai, Espírito Santo e Filho; sendo que o Espírito Santo identifica-se com o Princípio a que
chamamos Mãe Divina.
Deus Uno e sua tríplice manifestação:
PAI: .................... SOL.............................DEUS..............................CAUSA
MÃE: ..................LUA...................... ......LEIS.................................LEIS
FILHO:................MARTE.......................DIABO.............................EFEITOS
Deus é energia cósmica; Diabo é energia telúrica; temos aí a Polaridade: bem e mal, dia e noite.
No Mundo das Causas, Tudo é. Tudo é uno, absoluto, eterno, infinito, imutável;
preponderando a inteligência, faculdade que permite conhecer, sem usar o raciocínio, a análise
ou a investigação. O ser sabe por que sabe.
O Mundo das Leis é o plano das transformações, onde se geram todas as formas de vida
que posteriormente surgirão no plano físico.
O Mundo dos Efeitos é o Universo, onde tudo é transitório; tudo nasce, cresce, declina e
morre, para surgir novamente em forma superior. E o único mundo que a nossa razão abrange.
O homem, sendo feito à imagem e semelhança de Deus, corresponde a trindade; vejamos
como:
Espírito – Pai – Causa
Homem (Deus) Homem (Deus) Alma – Mãe – Leis
Corpo – Filho – Efeitos
O Espírito é uma centelha da Consciência Cósmica e representa a consciência espiritual
que se interiorizou, quando o homem recebeu o mental ou a faculdade de raciocinar.
Há um lugar no coração do homem que está em todos os lugares: é a Câmara de Brahmâ
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(Deus).
A Alma é o veículo onde se processa a evolução. É a sede de todos os fenômenos e
transformações. Encerra em si dois princípios: mente discursiva (raciocínio) e emoção (astral). É
na alma que se cria a base para a manifestação da consciência individual; é nela que se constrói o
ser, isto é, ela faz do homem um ser integral: homem-Deus e Deus-homem. A Alma é o veículo de
atuação das leis no homem.
O corpo físico é o suporte da evolução e surge como produto da Vontade do Espírito
(Causa) e da atuação das leis.
Há, portanto, uma grande diferença entre a consciência individual e a espiritual. A
consciência individual (personalidade) atua apenas no plano do mental inferior (razão), isto é,
em relação ao plano físico, ao Mundo dos Efeitos. Por isso é que dizemos: “a razão não entende o
conhecimento transcendente”. A Verdade deve ser alcançada e não trazida à mente inferior
(razão). Quando a trazemos à razão, defraudamo-la, criamos dogmas.
A Verdade só pode ser alcançada através da consciência espiritual ou mente superior.
O iniciado, sendo aquele que alcançou o plano do Mental Superior, entende e fala a
mesma linguagem do espírito; enquanto que o homem fala a linguagem da Mente inferior
(raciocínio).
Quando se busca a Verdade, o importante é ouvir e meditar, pois a desvelação vem do
interior do discípulo.
A discussão não é proveitosa porque, geralmente, nela pontifica o egoísmo, mas os
comentários que se faz equilibradamente facilitam em muito a compreensão da Verdade.
Por isso o teósofo ouve, não discute: não afirma nem nega; mas pensa e descobre a
Verdade pela meditação.
No coração do homem há a Câmara de Brahmâ, que é o sacrário que guarda o espírito.
este é a causa, a origem do ser.
Quando o homem recebeu o mental, a Consciência Divina interiorizou-se. O objetivo da
evolução é justamente despertar essa consciência latente que se acha envolta nos densos véus
da matéria dos planos inferiores.
Na dança dos 7 Véus, a bailarina vai despindo os véus sucessivamente. Isso é a
representação simbólica da descoberta gradativa da Verdade.
A coroa de louro, ou laurel, dada aos vitoriosos nas olimpíadas, esotericamente está
ligada à laurenta, Arcano 22 (será estudado posteriormente), que simboliza vitória do homem
sobre si mesmo.
Alcançar Deus é estabelecer uma série de equilíbrios internos.
Deus e diabo são estados de consciência que exprimem energias com as quais o homem
se sintoniza. Quando a consciência do homem está sintonizada com as energias divinas, o
homem age bem; mas, ao contrário, ao sintonizar-se com as energias diabólicas, o homem age
mal.
Para melhor compreensão, iremos comentar sobre o homem como unidade e ternário, de
maneira diferente.
A mente humana é propensa a dar forma a tudo; e, como consequência disso, fomos
PEREGRINO - APOSTILA N 05 13

impelidos a dar forma a Deus e, esquecemo-nos ou desconhecemos que tudo que tem forma é
finito e mutável.
Os textos sagrados referem-se a uma relação entre o homem e o Universo, entre o homem
e Deus. É por isso que é comum ouvirmos:
– “O homem é feito à imagem e semelhança de Deus ”.
Mas o resultado desse conceito é que a humanidade reproduziu um Deus à imagem e
semelhança do homem; porque a mente humana, não entendendo o transcendental e,
habituada a funcionar em termos de forma, nome, cor, sabor, som etc... acabou por
antropomorfizar a Deus. E vem daí o Deus antropomórfico dos vários movimentos religiosos: o
Deus com aparência e consciência humana; o Deus vingativo, paternal, discriminativo, que
condena uns e absolve outros etc... Enfim, um Deus tipicamente criado pela mente humana.
A teosofia diz:
– “O homem contém em si tudo o que contém o Universo, quer no aspecto criado, quer no
aspecto criador”.

Já Hermes dizia:
– “Aquilo que está em cima, está também em baixo”.

A lógica nos ensina que, para entendermos o todo, devemos conhecer cada parte que
forma o todo; e, da união das partes conhecidas, passamos a ter conhecimento do conjunto ou
do todo. Razão pela qual devemos estudar as partes que compõem o homem, para melhor
entendermos o homem como um todo.
Se Deus é uma unidade e um todo, o homem é também uma unidade e um todo.
Mas, do estudo que fizemos até agora, ficou uma pergunta a ser respondida: de onde
Deus tira a criação?
Na realidade, não há diferença ou separação entre o Criador e a criação. O que existe é um
aspecto duplo da mesma coisa, ou seja, uma dualidade do próprio Uno, ou uma polarização do
Criador. O yoguim reconhece em todas as coisas a manifestação de Deus, ou Deus em todas as
coisas (mesa Deus, cadeira Deus, luz Deus etc...).
Semelhante a Deus que tem dois aspectos – o Criador e o criado – o homem também tem
dois aspectos: o subjetivo (Superior) e o objetivo (Inferior).
Entretanto o homem comum só conhece o seu aspecto objetivo, que é o corpo físico e, em
virtude disso, tudo ele atribui ao físico. Quando o homem se olha ao espelho e pronuncia a
palavra Eu, ele pensa que ele é o próprio corpo físico refletido no espelho. Quando o homem se
emociona, sente desejos, ou quando pensa, julga que tudo isso é produto de seu cérebro físico,
desconhecendo a existência e as funções dos outros veículos, tais como o vital, o astral e o
mental.
Se o homem comum é feliz ou se sofre, se uma angústia o atormenta, ele não sabe explicar
o porquê disso, pois desconhece o seu mundo subjetivo; mundo esse que nem as religiões e nem
a ciência explicam.
É interessante observarmos que não só para o homem comum, mas para todos, sempre
14 PEREGRINO - APOSTILA N 05

existem mistérios a serem desvendados. Mas, por que existem mistérios?


Será que tudo não poderia ser claro? O mistério também faz parte da evolução, porque
atrai o homem para a conquista de novos conhecimentos, e assim ele evolui.
Tudo no mundo é dual, tem dois aspectos. E justamente por não saber jogar com esses
dois aspectos é que a humanidade atrapalha-se.
Ao yoguim, através das várias posições apresentadas pela yoga (Hatha-yoga), onde se faz
exercícios das posições, e não exercícios físicos como querem alguns. Essas posições permitem
um cruzamento de energias que vão formar diagramas, idênticos aos que Shiva fez ao dançar. E o
objetivo do yoguim com suas posições é ir se identificar com Shiva (Mundo dos Efeitos).
É interessante observarmos que todos os enviados celestes para esclarecimentos da
humanidade, como Antúlio, Anfion e Rama na Atlântida; Krishna e Budha na Índia; Confúcio,
Lao-tsé e Fo-Hi na China; Hermes no Egito; Orfeu na Grécia; Zoroastro na Pérsia (Irã); Jesus na
Palestina e outros, todos ensinaram aos homens a mesma coisa, mas em linguagem e épocas
diferentes. Daí a aparente diversidade nos seus ensinamentos.
Vamos apresentar novamente algumas relações através do esquema abaixo:

Causa – Brahma – Pai – Osíris – O criador do Mundo das Causas


Deus Deus Leis – Vishnu – Espírito Santo – Isis – Os Kabires no Mundo das Leis
Efeitos – Shiva – Filho – Hórus – O Universo criado

Espírito Trindade
Subjetivo
Homem
Alma do
Objetivo

Corpo Homem
Desse esquema compreendemos que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus,
porque Deus é Trino e o homem também o é.
No homem a alma é que evolui; a alma é que sofre transformações à medida que o homem
vai se burilando intimamente; à medida que ele vai transformando suas emoções e desejos em
sentimentos elevados; à medida que ele vai se auto-conhecendo e se auto-educando. A alma é a
ferramenta da evolução.

Exemplo: Conhecemos uma pessoa e notamos nela seus defeitos e qualidades; muitos
anos depois tornamos a encontrar com a mesma pessoa e surpresos verificamos o quanto essa
pessoa mudou no sentido do bem.

Agora perguntamos:
O que se modificou para melhor?
Foi o corpo?
Foi o espírito?
– Não. Foi a alma.
PEREGRINO - APOSTILA N 05 15

Nós sabemos que o corpo é apenas veículo de locomoção, é o sustentáculo da alma no


plano físico; portanto, não é o corpo que se modificou. Será que foi o Espírito que se modificou?
Nós sabemos que o Espírito não evolui, porque ele é a causa e é a meta; é a origem e é o fim da
evolução. Portanto, o que de fato modificou-se foi a alma que passou da faixa das emoções
inferiores para a faixa das emoções superiores, ou dos sentidos elevados. A alma é o centro da
evolução.
É claro que o físico sofre consequências da evolução da alma. E o conjunto mente inferior –
astral (alma) é que vai dar as características do corpo físico; e nesse jogo atuam energias
chamadas samskâra que vão produzir o caráter com reflexo imediato no corpo. Quando estamos
no corpo físico, a nossa consciência está no físico; mas, quando perdemos o físico, ela transfere-
se para a alma.
Dentro de algumas décadas, os homens serão diferentes: altos, loiros, olhos azuis, pele
bronzeada. Mas como poder-se-á alterar em poucos anos a nossa pigmentação e os nossos
caracteres hereditários? É que haverá uma interferência na humanidade de seres que se
preparam para isso. Mas essa modificação só será feita depois da separação do joio, do trigo. E
essa civilização está se formando no Brasil.

Bibliografia:
BLAVATSKY, H. P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda., São Paulo, 2.ed.,1991.
Série Peregrino, Depto.de São Paulo.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.
16 PEREGRINO - APOSTILA N 05

AULA N 25

O HOMEM COMO TERNÁRIO E COMO SETENÁRIO

O princípio hermético – “o que está em cima é como o que está em baixo” é a chave
que abre todas as portas do conhecimento iniciático.
A Teosofia, baseada nele, apresenta o homem constituído analogamente ao
Universo e faz o estudo comparativo.
Ensinam as tradições que o Uno, em sua atividade cósmica, manifesta-se sob três
aspectos distintos, simultâneos e que, em cada língua e religião, recebe uma denominação
diferente.
É a Unidade na Trindade e vice-versa.
Entre os chineses taoístas é: Sing, Chib e Chi; entre os filósofos hindus é Sat, Chit e
Ânanda; para os antigos egípcios: Osíris, Isis e Hórus; na Cabala judaica:
Chochmah, Keter e Binah; entre os religiosos hindus: Brahma, Vishnu e Shiva; para os
cristãos: Pai, Espírito Santo e Filho; na maçonaria simbólica, as três colunas: Força,
Sabedoria e Beleza ou Altíssimo, Grande Geômetra e Grande Arquiteto. Associados à trina e
divina atividade estão os sete Espíritos Ante o Trono, isto é, os sete Espíritos governantes
planetários que também são chamados, como já citamos anteriormente, de Prayates,
Elohins, Kabires, etc... São os construtores mantenedores do Universo.
O Universo é formado de sete planos interpenetrados, cada um, constituído de uma
matéria diferente, análoga à do Kabire que a emitiu de si mesmo. Os sete dias da criação, de
que fala a Bíblia, é a representação simbólica desses sete planos.
Os três primeiros planos são manifestações das energias Âdi (7 o ), Anupâdaka (6 o ) e
Âkasha (5 o ) e as matérias resultantes são ainda inconcebíveis para os seres humanos. Os
quatro Kabires seguintes, criaram os planos de matéria mental, emocional, vital e física.
Os elementos prithivi, âpas, tejas e vâyu formam a matéria. Prithivi está ligado ao
físico e corresponde ao reino mineral. Âpas está ligado ao vital (duplo etérico) e
corresponde ao reino vegetal. Tejas está ligado à emoção (astral) e corresponde ao reino
animal. Vâyu está ligado à mente inferior (raciocínio) e corresponde ao reino hominal.
O elemento âkasha está ligado à mente superior (inspiração) e corresponde ao reino
dos titãs (super-homens). Anupâdaka está ligado a buddhi (intuição) e corresponde ao
reino dos semideuses. Âdi está ligado a Atmã (essência divina) e corresponde ao reino dos
deuses.
Vamos apresentar um esquema, para melhor entendermos a relação entre a
constituição unitária, ternária e setenária do homem.
PEREGRINO - APOSTILA N 05 17

Os três princípios superiores são de natureza divina, portanto pertencentes ao espírito.


Partindo da premissa de que Deus e o homem assemelham-se, temos ambos manifestados
como unidade, dualidade, trindade e setenário. Convém notar que a semelhança entre Deus e o
homem faz-se em princípio e não em forma.
Vejamos isso analogamente. Deus é o todo de onde tudo se origina. Pela polaridade Ele se
manifesta sob as múltiplas formas no Universo, isto é, Deus e sua natureza oposta: o diabo.
A trindade é a manifestação da tríplice atividade divina, que deu origem aos três mundos
tradicionais: das Causas, das Leis e dos Efeitos.
Em correspondência temos o homem, tal como se apresenta, como um todo, regido pelo
Espírito; é o aspecto unitário. Como dualidade o homem é formado de Corpo e Alma. No aspecto
trino, apresenta- se constituído de Corpo, Alma e Espírito.
Na manifestação setenária temos o Corpo desdobrado em veículo físico e vital; a Alma, em
corpo emocional (astral) e mental (raciocínio); e o Espírito em três princípios: mental superior
(supra mental), búdico (intuição) e átmico (essência divina).
Depreendemos daí que o homem é um Universo em miniatura, isto é, sendo o Universo o
Macrocosmo, o homem é o Microcosmo; confirma, portanto, a famosa frase de Sócrates:
“Conheça a ti mesmo, e conhecerá o Universo”.
18 PEREGRINO - APOSTILA N 05

O Corpo está animado pela Alma; e o Espírito é o senhor que está presente e a tudo rege,
mas é independente, porque é eterno e imutável; é o aspecto unitário, princípio e fim, a fonte
geradora que impulsiona à vida.
Como dualidade, o homem apresenta-se com dois princípios: o objetivo, ligado a tudo
que constitui sua natureza humana, o ser terreno; o subjetivo, referente aos seus princípios
espirituais, do Espírito, ao ser divino.
Vamos comentar sobre os veículos rúpicos físico, vital, astral e mental:
– No reino mineral, o físico é formado pelos elementos atômicos que constituem o veículo
de todos os minerais existentes. Esse veículo é a forma mais rudimentar que encontramos na
Natureza, pois apesar de não possuir movimento, sensações ou pensamentos individualizados,
é organizado por princípios ou essências comuns. Como exemplo, temos os vários tipos de
minerais que isoladamente constituem os elementos químicos (hidrogênio, oxigênio, ferro,
cobalto, molibdênio, potássio etc.) e em conjunto, as classes de minerais: sal (NaCl), aço (FeC),
água (H2 O) Tc.

– No reino vegetal já encontramos essas classes de minerais com um princípio


organizacional muito mais elevado, com o veículo etérico muito mais desenvolvido do que os
elementos do reino mineral. Assim encontramos as várias espécies de vegetais que
conhecemos, desde o musgo mais simples à mais complexa árvore frutífera. Vemos, neste reino,
o início do caminho para a individualização da consciência, pois já notamos o princípio de vida,
isto é, nascimento, crescimento, reprodução e morte, num caminho cíclico, de espécie a
espécie, até o próximo reino.

– O reino animal possui como característica básica o movimento, oriundo do


desenvolvimento do veículo emocional ou astral, dotando este reino das sensações emocionais
(amor, ódio, carinho, raiva etc.).
– O reino hominal (homem do sânscrito = manas, com o significado de mente, isto é,
homem = que possui mente) como o próprio termo o diz, alcança o desenvolvimento do veículo
mental, determinando o estabelecimento da consciência individualizada (egoidade) e
possibilitando o domínio sobre os demais veículos ou aspectos da Mônada em evolução.

Vejamos cada um desses aspectos:


Físico: o homem é um Universo em miniatura. Os átomos formam as moléculas; estas, as
células. As células constituem os órgãos e estes formam os aparelhos e sistemas, e tudo isso vem
a constituir o corpo humano que é animado pela Alma.
No corpo físico encontramos as glândulas de secreção interna, e é conhecido da ciência
que estuda e o analisa anatômica, fisiológica e patologicamente.
O primeiro veículo físico é visível e com duas características: forma e mobilidade. Tem
como função principal a manifestação das reações emocionais e da vontade do mental no
mundo físico; é o suporte da vida da consciência, portanto, o sustentáculo da evolução.
PEREGRINO - APOSTILA N 05 19

Vital: o veículo vital começa agora a ser admitido pela ciência. Sua existência foi
comprovada por meio das fotos Kirlian. Ele é constituído de matéria etérica, portanto não
sensibiliza os órgãos dos sentidos e não pode ser submetido à investigação científica tradicional,
por não existir ainda aparelhos ou instrumentos apropriados que atendam às especulações de
caráter científico, muito embora já se tenha observado a presença de uma energia desconhecida
nos seres animados.
A existência do veículo vital ou duplo etérico, bem como dos demais veículos sutis do
homem, nos é dada pelas tradições orientais.
Embora sejam interpenetrados, os veículos físico e vital são independentes. Quando
ocorre o fenômeno da morte, o veículo vital transforma-se numa névoa, em forma de pião, que
paira verticalmente sobre o cadáver por algum tempo.
No veículo vital, reside o segredo da conservação milenar das múmias e do mal que elas
causavam aos profanadores, como contam as lendas. Confirmando as lendas, a história registra
a morte em circunstâncias inesperadas do arqueólogo, egiptólogo e demais pessoas que direta
ou indiretamente participaram da remoção do sarcófago do faraó Kunaton para o Museu
Britânico. No Egito o veículo vital era conhecido por Ka e, nos processos de mumificação, através
de rituais, era fixado no corpo do morto, que dessa forma ficava vitalizado, tornando-se
imperecível; sendo ele responsável pela forma do corpo físico, que sem o veículo vital ficaria
pulverizado.
Os hebreus chamavam-no de habal de garmin, ou seja, “o espírito dos ossos”; no Oriente é
conhecido por prânamaya-kosha, ou seja, o veículo e os olhos de prâna.
Os textos hindus dizem que o veículo vital é uma verdadeira teia de aranha envolvendo o
corpo físico. O veículo vital, intrinsecamente ligado ao corpo físico, é o elo de ligação deste com o
astral (componente da Alma).
Quando o corpo físico se mostra cansado, sem forças e sem vitalidade, é porque algo de
anormal ocorre no veículo vital.
Este é formado de matéria etérica, como já foi mencionado, e está ligado ao Kabire
correspondente. O veículo vital tem a função de absorver prâna, transformá-lo e enviá-lo aos
centros de força e daí para os órgãos físicos. O veículo vital está intimamente ligado à respiração.
Na yoga, o prânâyâma é o controle da energia prâna, através da respiração, podendo curar
doenças. O veículo vital é visível a quem possui clarividência.

Emoção ou Astral: o veículo astral (emocional) é formado de matéria astral ou cósmica.


Quando em nosso corpo físico se dá uma lesão, imediatamente sentimos a sensação de dor. Mas
sentimos a dor, não na parte física lesada, mas no veículo emocional ligado à parte lesada.
Portanto, a lesão se dá no corpo físico e no veículo emocional. É o mesmo que dizer: a lesão é
física, mas a dor é anímica (pois o astral compõe a Alma). Por exemplo: um susto é manifestação
emocional, que instantaneamente atua no vital e provoca uma reação no físico (palidez, disparo
no coração, dor estomacal, etc...). As pessoas emotivas sentem um descontrole no coração,
porque a sensação, refletindo-se do emocional ao vital, vai atuar no centro de força cardíaco e
daí se irradia ao coração, órgão físico.
20 PEREGRINO - APOSTILA N 05

O enfarto é próprio das criaturas intensamente preocupadas; para muitas pessoas, um


impacto emocional determina disenteria e altera o ritmo cardíaco.

Manas ou Mental Inferior: o veículo mental é a sede do pensamento. Nós pensamos,


raciocinamos, temos idéias, porque temos o veículo Mental. O animal não pensa, porque só tem
três veículos desenvolvidos: o físico, o vital e o emocional. Com o veículo mental devemos:
pensar, raciocinar, duvidar, questionar, indagar etc... O ato de duvidar ou questionar é muito
importante, porque força o raciocínio e leva ao pensamento lógico.
É preciso questionar e pesquisar para que haja evolução. Vem daí a semelhança entre o
fanático e o cético: o fanático é aquele que não evolui porque não duvida, aceitando tudo como
verdade, sem passar pelo crivo da razão; o cético é aquele que também não evolui porque não
pesquisa; não liga, não procura; só duvida, não acredita. Dos dois, o pior é o fanático.

Bibliografia:
BLAVATSKY, H. P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda., São Paulo. 2.ed.. 1991.
Série Peregrino, p. 59-66, Depto. São Paulo.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.

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