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SÉRIE PEREGRINO
AULA N 21
COSMOGÊNESE
AS TEOGONIAS
O Princípio Eterno e Imutável, apresentando nas suas grandes linhas o Sistema em que vai
se processar mais uma etapa da Evolução Universal, despertou, para mais uma vez realizar a
Obra da Manifestação.
Vimos que, para realizar o seu trabalho, o Logos Solar saiu das profundidades da
existência Una, daquele princípio inconcebível, eterno, onisciente, onipotente, onipresente e
ilimitado, a que os vedantinos denominam de Parabrahmam ou a Única Realidade.
É Sat, simultaneamente, o Absoluto Ser e o Absoluto Não-Ser, raiz sem causa de todas as
coisas passadas, presentes e futuras, sobre o qual a mente humana nenhuma especulação pode
fazer. É o Espaço abstrato, absoluto, representando a pura subjetividade; e o Movimento
também abstrato e absoluto, representando a consciência incondicionada. Este último aspecto
da Única Realidade é ainda expressivamente simbolizado pelo “Grande Hálito”. Falando dele,
dizia Proclus que era “a Unidade das Unidades para além do primeiro Aditi (imanifestado e
incognoscível)... mais inefável que o Silêncio absoluto; mais oculto que a Essência absoluta...
escondido entre os deuses compreensíveis”.
Temos, pois, como axioma fundamental, esse Um Absoluto e metafísico que as “Estâncias
de Dzian” (ver “Doutrina Secreta”, de Helena Petrovna Blavatsky) chamam de Pai-Mãe
(OEAOHOO) “envolto nas suas vestes para todo o sempre invisíveis”.
Como efeito dessa Causa sempre oculta ou imanifestada, surge o Logos Solar que é, num
Sistema tal como o nosso (Universo), o equivalente a um Deus individual. Já não é o Absoluto,
mas qualquer coisa finita, condicionada, precursora do manifestado, princípio e fim de tudo
quanto existe, e que a desdobra em três aspectos, designados pelos teósofos de
Primeiro,Segundo e Terceiro Logos. É a trindade ou Trimurte a que todas as religiões se referem:
Sat, Chit, Ânanda; Pai, Filho, Espírito Santo; Ichchhâ, Jñâna, Kriyâ; Cochamah, Binah, Keter;
Brahmâ, Vishnu, Shiva; Força, Sabedoria, Beleza; etc...
Resumindo, temos que do Absoluto, da Única Realidade, sai o Logos impessoal e não
manifestado (precursor do manifestado), “o Verbo e a Palavra” em seu sentido metafísico, que
se desdobra em três aspectos: o Primeiro Logos, raiz ou origem do Ser, representando a Vontade
Cósmica; o Segundo Logos manifestando a primeira dualidade, que constitui dois polos da
Natureza, entre os quais se tecerá a trama do Universo, as duas facetas da Única Realidade:
Purusha (Espírito) e Prakriti (Matéria), no dizer dos Vedantinos; o Terceiro Logos ou Terceiro
aspecto relacionando-se com a ideação cósmica, Mahat ou Inteligência, Alma Universal do
Mundo, o Número cósmico da Matéria, a base das operações inteligentes da Natureza,também
denominado de Mahâbuddhi. A esses três aspectos ou hipóstases do Logos denominamos
Teósofos (verdadeiro se não teosofistas) de Vontade, Sabedoria e Atividade.
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PURUSHA E PRAKRITI
No Bhagavad-Gîtâ,o Logos, falando pela boca de Krishna, expõe claramente a doutrina
oculta, ao dizer que há um Âtmâ indestrutível ou Purusha Superior – Puruchottama, e um
Purusha Inferior, destrutível, que é o Âtmâ interior que vibra no homem iluminado (jivâtmâ); e
que esses dois aspectos polares de Âtmâ se confundem em Parabrahm (Além de Brahmâ), o
qual, em verdade, é o único Âtmâ, mantenedor de todas as coisas existentes, apesar de não
participar da criação, nem das mutações que nela se operam. Krishna quis expressar, por esse
modo, o conceito sobre o reflexo, no Homem, do Princípio Único e imanente, causa sem causa da
manifestação, isto é, o Âtmâ Universal, indeterminado, incondicionado, sem qualificação, ou
Brahmâ-Nirguna, correspondendo exatamente ao conceito de Substância Una e Eterna.
A esse mesmo princípio polarizado como Purusha e Prakriti, estando Purusha ou Âtmâ
manifestado, unido indissoluvelmente a Prakriti.
Purusha é incriado, improdutivo, causal, capaz de, por sua simples presença, provocar o
entendimento, a percepção.
Prakriti é incriada e produtiva, sendo-lhe inerente criar formas e aperfeiçoá-las de acordo
com uma Lei Universal, cuja totalidade nenhum Deus Pessoal pode conter.
A Prakriti corresponde, portanto, o produzir, o criar formas, o movimentar-se.
Em outras palavras, o Princípio Único e Incondicionado se polariza em Espírito e Matéria.
Notemos, porém, que esses dois termos não se harmonizam em absoluto com o conceito
ocidental, com o dualismo cartesiano.
Purusha é o princípio daquilo que vai ser o entendimento quando associado ao
substractum a que chamamos de matéria. É, de fato, a essência das coisas, a quintessência, não
tem atributos, não participa da criação ativa, caracteriza-se pela inatividade.
Só podemos entrever-lhe a natureza comparando-a com os corpos que agem, isto é, aos
catalizadores.
Prakriti, a matéria, é, ao contrário disso, o substractum universal das manifestações. É a
substância plástica, ativa, criadora.
Uma famosa alegoria oriental pode, de certa maneira, ajudar-nos a compreender a
associação perene e indissolúvel de Purusha e Prakriti: Uma caravana é assaltada por ladrões.
Todos tratam de fugir e o fazem nas próprias pernas, menos um cego e um paralítico. Diz o
paralítico ao cego: – “Você anda, mas não vê, eu vejo, mas não ando. Associemo-nos”. E assim o
cego pode carregar o paralítico às costas, e o paralítico pode conduzir o cego. Purusha é o
paralítico e Prakriti, o cego.
Podemos depreender que, com a manifestação cíclica do Logos, como lei incoercível no
mundo da manifestação, uma polaridade, como Espírito e Matéria, é o sujeito e o objeto do
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conhecimento.
Na primeira fase da manifestação, expressa pelo ponto no círculo,
(polaridade germinal), o Espírito de Vida fecunda a Matéria virgem criando o germe
da polaridade, o chamado germe no ovo. Depois, na segunda fase, esse ponto, esse
germe se desenvolve e se transforma num diâmetro, que simboliza a polaridade
plenamente desenvolvida e ativa, ou seja, o Logos Dual, Pai/Mãe, Purusha/Prakriti,
Espírito/Matéria.
Bibliografia:
BLAVATSKY, H. P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda., São Paulo, 2.ed., 1991.
O Universo e o Homem - O Logos Solar, p.24-5.
Apostila: Material de Estudo, p. 14-5 e 93.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.
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AULA N 22
ISHWARA COSMOCRATA
É verdade que a figura do Ishwara de Patanjali não é muito sublime, dado que não é mais do
que uma Mônada Espiritual livre “ab-eterno” dos “Mala” e possuindo a onisciência.
Patanjali apoia-se no Upanishads que admite um Ishwara, ainda que isso não se possa
afirmar categoricamente, considerando que os respectivos aforismos de Patanjali alcancem, às
vezes, pontos sublimes de meditação sobre o referido Ishwara que é simbolizado pela sílaba
sagrada “OM”.
Consoante com o Glossário Teosófico, temos outras luzes a respeito do termo ISHWARA. É o
Senhor ou o Deus Pessoal, o Espírito Divino no homem.
Literalmente quer dizer, soberana existência, independente existência, É o título dado aos
Deuses da Índia: Shiva (tendo como complementação Vishnu e Brahmâ).
Shiva é denominado também de Ishwara-Deva Soberano. É o princípio Divino da Natureza ou
condição ativa. É um dos quatro estados de Brahma.
O Senhor ISHWARA é um espírito – PURUSHA – a quem não afeta a dor, as obras e o fruto
delas, nem as impressões. Não é infinita aquela Onisciência que nos demais seres só existem em
Germe. É o instrutor até mesmo dos primitivos instrutores, pois não está limitada... para o tempo.
Sua representação é sua palavra “OM”.
Em sânscrito: é o Senhor; o Supremo Ser, o Logos donde emanam todas as individualidades.
É o centro de consciência imutável que existe no seio da Existência Única.
A palavra ISHWARA pode ser desdobrada em ISH (ou IHS) e SWARA: ter-se-á o HÁLITO DE
“IÓ” ou ISIS, como aspecto feminino da Divindade. A versão vulgarizada não deixa de ter seu ponto
ou núcleo de VERDADE.
Os filósofos e sábios do extremo oriente conceituam a palavra como uma designação de
Deus, Espírito, de Senhor. É alguma coisa que expressa a Divindade.
Poderíamos dizer que ISHWARA ou ÍSIS+WARA é uma expressão bem semelhante à do
ADAM-KADMON. Ambos definem o Homem Cósmico, do Segundo Trono, o Pai-Mãe Cósmicos.
O Professor Henrique José de Souza, dizia:
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Bibliografia:
BLAVATSKY,H-P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda.,São Paulo, 2.ed.,1991.
VIDAL, S.V. Série Astaroth, aula no 60.
O Universo e o Homem, p. 28-9, 3-5.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.
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AULA N 23
OS REINOS DA NATUREZA
Bibliografia:
BLAVATSKY, H. P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda., São Paulo, 2.ed., 1991.
O Universo e o Homem, p. 36-9.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.
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AULA N 24
responder. É por isso a fonte para onde devem dirigir-se todos aqueles que decidiram romper os
véus da ignorância que sentem dentro de si, o verdadeiro anseio de evolução. Mas não devemos
nos esquecer de que a Teosofia é o conhecimento transcendental que exige algo mais que a
razão.
Teosofistas todos podem ser, porém, teósofos poucos o serão.
O teósofo vivenda o que aprende e por isso desperta em si os atributos de sua natureza
divina, e assim se capacita para entender o conhecimento transcendente.
A teosofia ensina que, sendo Deus o Princípio Criador, tudo o que existe no Universo é
semelhante a Deus em princípio.
As tradições religiosas de todas as épocas afirmam que existe um Deus verdadeiro e três
pessoas distintas. Afirmam também que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus.
Vejamos então como a teosofia nos apresenta esse assunto:
No Universo tudo nasce da Unidade, se expande e volta à Unidade.
O Deus Absoluto, fonte da vida e origem de tudo, está fora de qualquer cogitação, porque
sendo incognoscível, transcende a toda idéia ou conceito que dele se possa fazer. Para que Ele
criasse o Universo, era preciso que desse a si mesmo o Aspecto de Pai e de Mãe, a fim de que o
Universo pudesse surgir como produto desses dois aspectos. Temos assim a Trindade de todas as
religiões, que ocultam em seu simbolismo essas três condições cósmicas ou três aspectos da
Divindade. O Deus Verdadeiro e as três pessoas distintas que na Trindade cristã recebem o nome
de Pai, Espírito Santo e Filho; sendo que o Espírito Santo identifica-se com o Princípio a que
chamamos Mãe Divina.
Deus Uno e sua tríplice manifestação:
PAI: .................... SOL.............................DEUS..............................CAUSA
MÃE: ..................LUA...................... ......LEIS.................................LEIS
FILHO:................MARTE.......................DIABO.............................EFEITOS
Deus é energia cósmica; Diabo é energia telúrica; temos aí a Polaridade: bem e mal, dia e noite.
No Mundo das Causas, Tudo é. Tudo é uno, absoluto, eterno, infinito, imutável;
preponderando a inteligência, faculdade que permite conhecer, sem usar o raciocínio, a análise
ou a investigação. O ser sabe por que sabe.
O Mundo das Leis é o plano das transformações, onde se geram todas as formas de vida
que posteriormente surgirão no plano físico.
O Mundo dos Efeitos é o Universo, onde tudo é transitório; tudo nasce, cresce, declina e
morre, para surgir novamente em forma superior. E o único mundo que a nossa razão abrange.
O homem, sendo feito à imagem e semelhança de Deus, corresponde a trindade; vejamos
como:
Espírito – Pai – Causa
Homem (Deus) Homem (Deus) Alma – Mãe – Leis
Corpo – Filho – Efeitos
O Espírito é uma centelha da Consciência Cósmica e representa a consciência espiritual
que se interiorizou, quando o homem recebeu o mental ou a faculdade de raciocinar.
Há um lugar no coração do homem que está em todos os lugares: é a Câmara de Brahmâ
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(Deus).
A Alma é o veículo onde se processa a evolução. É a sede de todos os fenômenos e
transformações. Encerra em si dois princípios: mente discursiva (raciocínio) e emoção (astral). É
na alma que se cria a base para a manifestação da consciência individual; é nela que se constrói o
ser, isto é, ela faz do homem um ser integral: homem-Deus e Deus-homem. A Alma é o veículo de
atuação das leis no homem.
O corpo físico é o suporte da evolução e surge como produto da Vontade do Espírito
(Causa) e da atuação das leis.
Há, portanto, uma grande diferença entre a consciência individual e a espiritual. A
consciência individual (personalidade) atua apenas no plano do mental inferior (razão), isto é,
em relação ao plano físico, ao Mundo dos Efeitos. Por isso é que dizemos: “a razão não entende o
conhecimento transcendente”. A Verdade deve ser alcançada e não trazida à mente inferior
(razão). Quando a trazemos à razão, defraudamo-la, criamos dogmas.
A Verdade só pode ser alcançada através da consciência espiritual ou mente superior.
O iniciado, sendo aquele que alcançou o plano do Mental Superior, entende e fala a
mesma linguagem do espírito; enquanto que o homem fala a linguagem da Mente inferior
(raciocínio).
Quando se busca a Verdade, o importante é ouvir e meditar, pois a desvelação vem do
interior do discípulo.
A discussão não é proveitosa porque, geralmente, nela pontifica o egoísmo, mas os
comentários que se faz equilibradamente facilitam em muito a compreensão da Verdade.
Por isso o teósofo ouve, não discute: não afirma nem nega; mas pensa e descobre a
Verdade pela meditação.
No coração do homem há a Câmara de Brahmâ, que é o sacrário que guarda o espírito.
este é a causa, a origem do ser.
Quando o homem recebeu o mental, a Consciência Divina interiorizou-se. O objetivo da
evolução é justamente despertar essa consciência latente que se acha envolta nos densos véus
da matéria dos planos inferiores.
Na dança dos 7 Véus, a bailarina vai despindo os véus sucessivamente. Isso é a
representação simbólica da descoberta gradativa da Verdade.
A coroa de louro, ou laurel, dada aos vitoriosos nas olimpíadas, esotericamente está
ligada à laurenta, Arcano 22 (será estudado posteriormente), que simboliza vitória do homem
sobre si mesmo.
Alcançar Deus é estabelecer uma série de equilíbrios internos.
Deus e diabo são estados de consciência que exprimem energias com as quais o homem
se sintoniza. Quando a consciência do homem está sintonizada com as energias divinas, o
homem age bem; mas, ao contrário, ao sintonizar-se com as energias diabólicas, o homem age
mal.
Para melhor compreensão, iremos comentar sobre o homem como unidade e ternário, de
maneira diferente.
A mente humana é propensa a dar forma a tudo; e, como consequência disso, fomos
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impelidos a dar forma a Deus e, esquecemo-nos ou desconhecemos que tudo que tem forma é
finito e mutável.
Os textos sagrados referem-se a uma relação entre o homem e o Universo, entre o homem
e Deus. É por isso que é comum ouvirmos:
– “O homem é feito à imagem e semelhança de Deus ”.
Mas o resultado desse conceito é que a humanidade reproduziu um Deus à imagem e
semelhança do homem; porque a mente humana, não entendendo o transcendental e,
habituada a funcionar em termos de forma, nome, cor, sabor, som etc... acabou por
antropomorfizar a Deus. E vem daí o Deus antropomórfico dos vários movimentos religiosos: o
Deus com aparência e consciência humana; o Deus vingativo, paternal, discriminativo, que
condena uns e absolve outros etc... Enfim, um Deus tipicamente criado pela mente humana.
A teosofia diz:
– “O homem contém em si tudo o que contém o Universo, quer no aspecto criado, quer no
aspecto criador”.
Já Hermes dizia:
– “Aquilo que está em cima, está também em baixo”.
A lógica nos ensina que, para entendermos o todo, devemos conhecer cada parte que
forma o todo; e, da união das partes conhecidas, passamos a ter conhecimento do conjunto ou
do todo. Razão pela qual devemos estudar as partes que compõem o homem, para melhor
entendermos o homem como um todo.
Se Deus é uma unidade e um todo, o homem é também uma unidade e um todo.
Mas, do estudo que fizemos até agora, ficou uma pergunta a ser respondida: de onde
Deus tira a criação?
Na realidade, não há diferença ou separação entre o Criador e a criação. O que existe é um
aspecto duplo da mesma coisa, ou seja, uma dualidade do próprio Uno, ou uma polarização do
Criador. O yoguim reconhece em todas as coisas a manifestação de Deus, ou Deus em todas as
coisas (mesa Deus, cadeira Deus, luz Deus etc...).
Semelhante a Deus que tem dois aspectos – o Criador e o criado – o homem também tem
dois aspectos: o subjetivo (Superior) e o objetivo (Inferior).
Entretanto o homem comum só conhece o seu aspecto objetivo, que é o corpo físico e, em
virtude disso, tudo ele atribui ao físico. Quando o homem se olha ao espelho e pronuncia a
palavra Eu, ele pensa que ele é o próprio corpo físico refletido no espelho. Quando o homem se
emociona, sente desejos, ou quando pensa, julga que tudo isso é produto de seu cérebro físico,
desconhecendo a existência e as funções dos outros veículos, tais como o vital, o astral e o
mental.
Se o homem comum é feliz ou se sofre, se uma angústia o atormenta, ele não sabe explicar
o porquê disso, pois desconhece o seu mundo subjetivo; mundo esse que nem as religiões e nem
a ciência explicam.
É interessante observarmos que não só para o homem comum, mas para todos, sempre
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Espírito Trindade
Subjetivo
Homem
Alma do
Objetivo
Corpo Homem
Desse esquema compreendemos que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus,
porque Deus é Trino e o homem também o é.
No homem a alma é que evolui; a alma é que sofre transformações à medida que o homem
vai se burilando intimamente; à medida que ele vai transformando suas emoções e desejos em
sentimentos elevados; à medida que ele vai se auto-conhecendo e se auto-educando. A alma é a
ferramenta da evolução.
Exemplo: Conhecemos uma pessoa e notamos nela seus defeitos e qualidades; muitos
anos depois tornamos a encontrar com a mesma pessoa e surpresos verificamos o quanto essa
pessoa mudou no sentido do bem.
Agora perguntamos:
O que se modificou para melhor?
Foi o corpo?
Foi o espírito?
– Não. Foi a alma.
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Bibliografia:
BLAVATSKY, H. P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda., São Paulo, 2.ed.,1991.
Série Peregrino, Depto.de São Paulo.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.
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AULA N 25
O princípio hermético – “o que está em cima é como o que está em baixo” é a chave
que abre todas as portas do conhecimento iniciático.
A Teosofia, baseada nele, apresenta o homem constituído analogamente ao
Universo e faz o estudo comparativo.
Ensinam as tradições que o Uno, em sua atividade cósmica, manifesta-se sob três
aspectos distintos, simultâneos e que, em cada língua e religião, recebe uma denominação
diferente.
É a Unidade na Trindade e vice-versa.
Entre os chineses taoístas é: Sing, Chib e Chi; entre os filósofos hindus é Sat, Chit e
Ânanda; para os antigos egípcios: Osíris, Isis e Hórus; na Cabala judaica:
Chochmah, Keter e Binah; entre os religiosos hindus: Brahma, Vishnu e Shiva; para os
cristãos: Pai, Espírito Santo e Filho; na maçonaria simbólica, as três colunas: Força,
Sabedoria e Beleza ou Altíssimo, Grande Geômetra e Grande Arquiteto. Associados à trina e
divina atividade estão os sete Espíritos Ante o Trono, isto é, os sete Espíritos governantes
planetários que também são chamados, como já citamos anteriormente, de Prayates,
Elohins, Kabires, etc... São os construtores mantenedores do Universo.
O Universo é formado de sete planos interpenetrados, cada um, constituído de uma
matéria diferente, análoga à do Kabire que a emitiu de si mesmo. Os sete dias da criação, de
que fala a Bíblia, é a representação simbólica desses sete planos.
Os três primeiros planos são manifestações das energias Âdi (7 o ), Anupâdaka (6 o ) e
Âkasha (5 o ) e as matérias resultantes são ainda inconcebíveis para os seres humanos. Os
quatro Kabires seguintes, criaram os planos de matéria mental, emocional, vital e física.
Os elementos prithivi, âpas, tejas e vâyu formam a matéria. Prithivi está ligado ao
físico e corresponde ao reino mineral. Âpas está ligado ao vital (duplo etérico) e
corresponde ao reino vegetal. Tejas está ligado à emoção (astral) e corresponde ao reino
animal. Vâyu está ligado à mente inferior (raciocínio) e corresponde ao reino hominal.
O elemento âkasha está ligado à mente superior (inspiração) e corresponde ao reino
dos titãs (super-homens). Anupâdaka está ligado a buddhi (intuição) e corresponde ao
reino dos semideuses. Âdi está ligado a Atmã (essência divina) e corresponde ao reino dos
deuses.
Vamos apresentar um esquema, para melhor entendermos a relação entre a
constituição unitária, ternária e setenária do homem.
PEREGRINO - APOSTILA N 05 17
O Corpo está animado pela Alma; e o Espírito é o senhor que está presente e a tudo rege,
mas é independente, porque é eterno e imutável; é o aspecto unitário, princípio e fim, a fonte
geradora que impulsiona à vida.
Como dualidade, o homem apresenta-se com dois princípios: o objetivo, ligado a tudo
que constitui sua natureza humana, o ser terreno; o subjetivo, referente aos seus princípios
espirituais, do Espírito, ao ser divino.
Vamos comentar sobre os veículos rúpicos físico, vital, astral e mental:
– No reino mineral, o físico é formado pelos elementos atômicos que constituem o veículo
de todos os minerais existentes. Esse veículo é a forma mais rudimentar que encontramos na
Natureza, pois apesar de não possuir movimento, sensações ou pensamentos individualizados,
é organizado por princípios ou essências comuns. Como exemplo, temos os vários tipos de
minerais que isoladamente constituem os elementos químicos (hidrogênio, oxigênio, ferro,
cobalto, molibdênio, potássio etc.) e em conjunto, as classes de minerais: sal (NaCl), aço (FeC),
água (H2 O) Tc.
Vital: o veículo vital começa agora a ser admitido pela ciência. Sua existência foi
comprovada por meio das fotos Kirlian. Ele é constituído de matéria etérica, portanto não
sensibiliza os órgãos dos sentidos e não pode ser submetido à investigação científica tradicional,
por não existir ainda aparelhos ou instrumentos apropriados que atendam às especulações de
caráter científico, muito embora já se tenha observado a presença de uma energia desconhecida
nos seres animados.
A existência do veículo vital ou duplo etérico, bem como dos demais veículos sutis do
homem, nos é dada pelas tradições orientais.
Embora sejam interpenetrados, os veículos físico e vital são independentes. Quando
ocorre o fenômeno da morte, o veículo vital transforma-se numa névoa, em forma de pião, que
paira verticalmente sobre o cadáver por algum tempo.
No veículo vital, reside o segredo da conservação milenar das múmias e do mal que elas
causavam aos profanadores, como contam as lendas. Confirmando as lendas, a história registra
a morte em circunstâncias inesperadas do arqueólogo, egiptólogo e demais pessoas que direta
ou indiretamente participaram da remoção do sarcófago do faraó Kunaton para o Museu
Britânico. No Egito o veículo vital era conhecido por Ka e, nos processos de mumificação, através
de rituais, era fixado no corpo do morto, que dessa forma ficava vitalizado, tornando-se
imperecível; sendo ele responsável pela forma do corpo físico, que sem o veículo vital ficaria
pulverizado.
Os hebreus chamavam-no de habal de garmin, ou seja, “o espírito dos ossos”; no Oriente é
conhecido por prânamaya-kosha, ou seja, o veículo e os olhos de prâna.
Os textos hindus dizem que o veículo vital é uma verdadeira teia de aranha envolvendo o
corpo físico. O veículo vital, intrinsecamente ligado ao corpo físico, é o elo de ligação deste com o
astral (componente da Alma).
Quando o corpo físico se mostra cansado, sem forças e sem vitalidade, é porque algo de
anormal ocorre no veículo vital.
Este é formado de matéria etérica, como já foi mencionado, e está ligado ao Kabire
correspondente. O veículo vital tem a função de absorver prâna, transformá-lo e enviá-lo aos
centros de força e daí para os órgãos físicos. O veículo vital está intimamente ligado à respiração.
Na yoga, o prânâyâma é o controle da energia prâna, através da respiração, podendo curar
doenças. O veículo vital é visível a quem possui clarividência.
Bibliografia:
BLAVATSKY, H. P. Glossário Teosófico, Editora Ground Ltda., São Paulo. 2.ed.. 1991.
Série Peregrino, p. 59-66, Depto. São Paulo.
Aula pesquisada por Wilson José Medeiros de Oliveira.